A Mãe Preta dos paulistanos no Paissandu


29/07/2008 15:46

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Mãe Preta<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/07-2008/maepreta.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Desde sua inauguração, há 50 anos, o monumento à Mãe Preta do Largo do Paissandu se transformou em local privilegiado para as comemorações pela libertação dos escravos, no dia 13 de maio e, mais recentemente, também pelo Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro. Manifestações artísticas e religiosas ocorrem ao redor da estátua da mulher negra que amamenta a criança branca, relembrando as amas de leite no período da escravidão.

O movimento negro pretendia erigir um monumento à Mãe Negra no Rio de Janeiro, então capital federal, no final dos anos 20, e trabalhava na divulgação da proposta. Os governos federal e estaduais iriam contribuir com verbas, mas, com a Revolução de 1930, a mobilização foi abandonada.

Membros do Clube 220, entidade que congregava agremiações negras do Estado de São Paulo, retomaram idéia no começo dos anos 50, e se empenharam na construção de um monumento à Mãe Preta em São Paulo. A Câmara Municipal e os jornais Diário da Noite, Diário de São Paulo e Correio Paulistano mantiveram um longo e acalorado debate. A discussão resultou em projeto de autoria do vereador Elias Shammas que, aprovado na Câmara, deu origem a um concurso público de maquetes para a construção do monumento, instituído pelo prefeito Jânio Quadros em 1953. O trabalho vencedor foi o de Júlio Guerra, dada sua simplicidade e realismo, conforme avaliação da comissão julgadora e da imprensa.

Essas qualidades se transformaram em defeitos aos olhos do militante negro José Correia Leite. Os traços modernos da escultura não o agradaram, pois esperava ver a Mãe Preta imortalizada em linhas acadêmicas: mucama bonita e bem arrumada como costumavam ser as amas de leite, e não uma figura "deformada" como a do Paissandu.

A inauguração ocorreu em 23 de janeiro de 1955, como parte das comemorações de encerramento do IV Centenário da Cidade de São Paulo. A escolha do Largo do Paissandu para acolher a homenagem à Mãe Preta se deveu à presença da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e de ser aquele largo, desde a construção da igreja no começo do século XX, um ponto de referência para a comunidade afro-descendente de São Paulo.

O bronze da Mãe Preta ganhou foros de entidade religiosa, integrando rituais católicos e afro-brasileiros. Tornou-se comum a deposição de velas e oferendas como flores, bebidas, comidas e pedidos em pedacinhos de papel. Em 2004, com base em pedido encaminhado pela Irmandade do Rosário dos Homens Pretos e da comunidade local, o monumento à Mãe Preta foi tombado pelo Conpresp, reconhecendo seu valor cultural para a cidade de São Paulo.



Fonte: site do Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura Municipal de São Paulo

alesp