A Assembleia Legislativa promoveu nesta terça-feira, 8/4, por iniciativa da deputada Beth Sahão (PT), audiência pública para debater a onde de abusos sexuais praticados nos trens da CPTM e nos vagões do Metrô de São Paulo, incentivada em redes sociais. Beth informou que esses abusos são cometidos há muito tempo, mas a divulgação de recentes casos chamou a atenção da sociedade, o que incentivou a realização do debate. A parlamentar observou que recente pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada mostrou que grande parcela da sociedade acredita que a forma como a mulher se veste pode incentivar o estupro. Beth declarou que, embora a pesquisa tenha tido os números corrigidos, ela trouxe dados importantes sobre horários e grupos. "São apenas 78 quilômetros de trilhos no Metrô. É muita superlotação nos trens, o que facilita a ação desses abusadores", disse Beth lamentando a falta de punição aos homens que molestam as mulheres no transporte público. Vagão exclusivo Janaina Leslão Garcia, representante do Conselho Regional de Psicologia, disse que a solução desse problema passa pela discussão de um "transporte público de qualidade". Sobre os vagões exclusivos, ela acredita ser um sistema segregacionista. Janaina defende adoção de campanhas educacionais. A deputada Leci Brandão (PCdoB) reforçou que o problema é antigo. Ela testemunhou abuso sofrido num trem do Rio de Janeiro em 1967. Leci defendeu mais campanhas educacionais no combate a esses abusos e aproveitou a oportunidade para alertar sobre abusos sexuais sofridos também por enfermeiras e empregadas domésticas. O representante da CPTM, Marcos Biancardi, disse que cerca de 6 milhões de pessoas utilizam os trens da CPTM e do Metrô diariamente, e que dentro de um universo muito grande de pessoas, há muitos que demonstram desvios de comportamento e falta de educação. Vivian Mendes, da Secretaria municipal de Políticas para Mulheres, observou que as mulheres sofrem uma dupla humilhação, o ato em si e o descaso quando querem reclamar. Não sabem se o fato é tipificado como crime e têm receio de serem perseguidas pelo agressor, de serem desrespeitadas nas delegacias, e até de serem acusadas pela conduta do infrator. Ao final, Beth Sahão, questionou o representante da CPTM sobre maior fiscalização, implantação de campanhas educativas e treinamentos para os funcionários diante dessas situações. Biancardi observou que há fiscalização por funcionários e câmeras, mas que encaminhará as propostas apresentadas na audiência pública.