Propostas apontam modelo de transição para economia de baixo carbono

Debate foi promovido pela Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas do Congresso
29/08/2014 15:57 | Da Redação

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Jean Charles Hourcade, diretor de pesquisa do Centro Internacional de Pesquisa sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2014/fg164872.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Especialistas e parlamentares acompanham a exposição de Jean Charles Hourcade<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2014/fg164873.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Emilio La Rovere<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2014/fg164874.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

É possível criar uma moeda do clima? E como articular os bancos centrais do diversos países para atuar com essa moeda? Essas foram algumas das questões postas em discussão na audiência pública regional realizada nesta sexta-feira, 29/8, na Assembleia Legislativa, pela Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas, presidida pelo deputado federal Alfredo Sirkis (PV/RJ).

"Precisamos criar uma Bretton Woods [conferência mundial que em 1944 definiu parâmetros para a economia internacional] do baixo carbono", comparou Sirkis. "A grande discussão atual é como criar um pano de fundo favorável à transição para a economia de baixo carbono no âmbito do sistema financeiro internacional."

Propostas como a criação de taxas sobre a emissão de gases de efeito estufa e a aposta de uma solução de mercado, com os certificados negociáveis de redução de emissões, enfrentaram reações ou trouxeram resultados limitados, ponderou Emilio La Rovere, professor do Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Para atingir a meta consensual de limitar o aumento da temperatura do planeta a dois graus acima do nível de base anterior à Revolução Industrial e restringir a emissão de gases de efeito estufa a 450 ppm (partes por milhão), envolvendo nesse objetivo o sistema financeiro internacional, uma das propostas apresentadas pela comunidade científica europeia é a criação de um valor social para o carbono, transformando-o em instrumento monetário, informou La Rovere.

Essas propostas consideram o contexto de que, assim como o ouro em determinado momento histórico foi definido como lastro para a emissão de moeda, o mesmo pode ser feito com a redução de gases, que teria um valor econômico conversível adotado pelos bancos centrais nacionais.

O aporte de capital lastreado em ativos de carbono legitimaria a injeção de liquidez em projetos de energia limpa e renovável, que em princípio têm custos iniciais de implantação maiores, ponderou o professor. Ele destaca ainda que esses projetos se pagariam, e portanto não seriam inflacionários nem formariam bolhas economicamente preocupantes, como aquela que originou a recessão mundial em 2008 e 2009, cujos reflexos ainda estão presentes no mercado.

A formulação de um novo pacto econômico-ambiental foi abordada em exposição feita pelo professor Jean Charles Hourcade, diretor de pesquisa do Centro Internacional de Pesquisa sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cired, na sigla em francês). Também participaram do encontro, entre outros, o professor Michele Stua, da Universidade de Sussex (Reino Unido), e Everton Lucero, chefe da Divisão de Clima, Ozônio e Segurança Química do Ministério das Relações Exteriores.

alesp