Instituições que realizam o parto humanizado foram homenageadas em sessão solene realizada na Assembleia Legislativa nesta sexta-feira, 12/9, em cerimônia que reforçou o direito de as mulheres gestantes serem protagonistas na decisão sobre como gostariam que seus filhos nascessem. Proponente da solenidade, deputada Sara Munhoz (PCdoB), que também é enfermeira obstetra e trabalha há mais de 35 anos na área da saúde, entende que essa "humanização" compreende a gestação e o parto como eventos fisiológicos perfeitos, cabendo à obstetrícia apenas acompanhar o processo e não interferir de forma a "aperfeiçoá-lo". O médico obstetra Jorge Khun criticou o alto índice de partos cesáreos realizados no Brasil, inclusive em hospitais públicos. Para ele, as campanhas publicitárias que incentivam o parto natural são importantes, mas a conscientização da mulher sobre os benefícios dali advindos é que fará com que ela seja mais firme nessa escolha. "Espero que no futuro tenhamos índices menos vergonhosos de cesáreas no país", finalizou Khun. José Roberto Ferraro, médico superintendente do Hospital São Paulo, frisou que entende ser o parto um processo natural, e afirmou que os índices de partos cesáreos naquela instituição têm diminuído. Ferraro declarou que o hospital apoia integralmente a realização de partos humanizados, mas ponderou a necessidade de formação de profissionais que possam oferecer "apoio técnico" a essa prática. Adalberto Kiochi, representando o secretário municipal de São Paulo, afirmou que o modelo atual "industrializado" oferece resistência, mas o parto cesáreo deveria ser apenas quando houvesse risco para a mãe ou o bebê. Nesse sentido, a professora titular da Escola Paulista de Enfermagem, Janine Shirmer, ponderou que não é qualquer pessoa que pode assistir à parturiente: "a mulher também não pode correr risco", declarou. Ela entende que as medidas governamentais não têm sido eficazes na reversão desse quadro. Janine disse que a Assembleia Legislativa ocupa papel importante nesse debate, podendo propor novas políticas públicas para o tema. A necessidade de se repensar a formação de novos profissionais, assistentes e gestores, com uma visão menos intervencionista, foi abordada pela enfermeira obstetra Rosemeire Sartori de Albuquerque, que preside a Abenfo-SP (Associação Brasileira de Enfermeiros Obstetras de São Paulo). Durante a solenidade foram apresentados vídeos sobre partos humanizados. Num deles, Kátia Barga, presente à solenidade juntamente com a filha Alice, declarou a emoção única de dar à luz num ambiente familiar e acolhedor. Ao final, Sara Munhoz entregou comendas a várias instituições envolvidas com o parto humanizado.