Médico explica a CPI impacto do consumo de bebidas alcoólicas em atos de violência

Universidades têm de ser corresponsabilizadas por delitos cometidos fora do campus, diz Dr. Bartô
05/03/2015 20:18 | Da Redação: Keiko Bailone Marcos Cardelino

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 Pediatra e pneumologista João Paulo Becker Lotufo, conhecido como dr. Bartô<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg168017.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> João Paulo Becker Lotufo e Adriano Diogo <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg168018.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Reunião desta quinta-feira, 5/3, da CPI que apura a violação dos direitos humanos nas universidades paulistas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg168019.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Adriano Diogo e Marco Aurélio<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg168020.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O pediatra e pneumologista João Paulo Becker Lotufo, conhecido como dr. Bartô, apresentou nesta quinta-feira, 5/3, à CPI que apura a violação dos direitos humanos nas universidades paulistas, resultado de pesquisa mostrando que 60% das crianças que experimentaram álcool aos dez anos de idade, aos 17 anos já estão bebendo diariamente.

O presidente da CPI, deputado Adriano Diogo (PT), convidou dr. Bartô a participar da CPI para mostrar os resultados desse estudo, já que todas as situações de violência vivenciadas pelos primeiranistas nas universidades paulistas envolveram o consumo exagerado de álcool.

Realizada em 2013, com 6.500 jovens e adolescentes entre dez e catorze anos que estudam em dez escolas municipais e estaduais do entorno da USP, a pesquisa coordenada por dr. Bartô revela outros dados: 25% dos fumantes estão na faixa etária de 17 anos; 27% fazem uso de maconha; e 5% experimentaram crack antes dos 17 anos. "O álcool é o que mais preocupa, enfatizando o percentual de 60% de jovens que consomem essa droga". Ele desenvolve um projeto junto aos alunos dessas escolas há 14 anos, desde a morte do estudante Edison Tsung Hsueh, por afogamento, na piscina da Associaão Atlética da Faculdade de Medicina da USP.

Consumo começa na infância

Ao alertar que álcool, maconha e tabaco passaram a ser doenças pediátricas, dr. Bartô defende a tese de que a prevenção contra essas drogas deve começar ainda na infância.

Observou que medidas eficazes adotadas no combate ao cigarro poderiam ser adotadas em relação ao álcool, incluindo o aumento de impostos. Para o médico, as chamadas festas "open bar" deveriam ser proibidas.

Ao se referir ao caso de Bauru, onde um estudante de Engenharia Elétrica morreu por ingestão excessiva de álcool, dr. Bartô chamou a atenção para a corresponsabilidade da sociedade, questionando o fato de a culpa recair somente sobre quem consumiu e não sobre quem forneceu a bebida. Da mesma forma, no seu entender, as universidades têm de ser corresponsabilizadas por casos de violência ocorridos por abuso de álcool fora do campus.

De posse de gráficos estatísticos, dr. Bartô anunciou que "o Brasil é o país campeão do mundo em casos de morte causada pelo álcool". Também observou o uso de qualquer droga, quando iniciado antes dos 21 anos, tem maior probabilidade de criar dependência.

Além disso, o pediatra explicou que quem consome álcool tem quase 40% de chance de partir para outras drogas, enquanto quem não bebe, corre apenas 2% desse risco. "A prevenção contra o uso de outras drogas está implícita na prevenção contra o álcool".

Ato de violência na Ufscar

O presidente Adriano Diogo leu aos outros deputados presentes à reunião - Marco Aurélio (PT) e Dr. Ulysses (PV) - matéria publicada no jornal Metrô News sobre violência praticada contra uma socióloga, no último dia 2/3, por estudantes da faculdade de Estatistica da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). Eles promoviam, em uma república, o evento "Lei dos Bixos". Em dado momento, começaram o "leilão das bixetes", em que primeiranistas são incentivadas a se despirem. Ao saber que uma garota de 17 anos encontrava-se em situação constrangedora, tirando apenas os sapatos enquanto estudantes gritavam "quanto vale", a socióloga, integrante de um movimento feminista, se dirigiu ao local e começou a filmar com seu celular. Foi surpreendida e, ao resolver deixar o local, foi cercada pelos estudantes que a impediram de sair. Ao tentar escapar acabou se machucando. Fez boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher de São Carlos.

CPI quer ouvir alunos da Unicamp

Diogo informou que os estudantes convocados para depor nesta quinta-feira, 5/3, serão reconvocados para a audiência que se realizará na Câmara Municipal de Campinas, no próximo dia 9/3, às 9h. São eles: Daniel Porto, Tiago Henrique de Souza, Lucas Furtado, Daniel Aslun Cirino, Daniel Moreira Pacca, Marcelo Taricani, José Antonio Hersan Nadal, Rodrigo Gonzalez Bocos, Juliane Fugikava Oba, Felipe Patocs Tavares e Vitor Yuzo Inada.

Eles não compareceram nesta quinta-feira, 5/3, sob a alegação de que não houve tempo hábil para constituir advogado e inteirar-se do conteúdo dos inquéritos. Alegaram, também, que a convocação teria de ser feita em carta enviada por correio, por carta precatória à Comarca de Campinas, ou por oficial de justiça. A CPI havia feito a convocação por meio eletrônico, 72 horas antes.

alesp