Entrevista com o deputado Paulo Corrêa Jr.


19/05/2017 11:58 | Beatriz Correia - Foto: José Antonio Teixeira

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Como um dos únicos parlamentares representantes da região da Baixada Santista, Paulo Corrêa Jr. (PEN) começou na política cobrando atitudes dos governantes. Com o programa Mesa Redonda, na Rádio Anchieta, Paulo escutava e acompanhava as denúncias da população, passando-as para os políticos e exigindo posições e atitudes para que os problemas da região fossem resolvidos.

A partir da participação na política local, o jornalista e bacharel em Direito foi incentivado por colegas e familiares a se candidatar a deputado federal. Paulo assim o fez, e em 2002 conquistou 62.501 votos, mas não conseguiu se eleger. Em 2014 assumiu seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa e, em dois anos, apresentou 41 projetos de lei. Paulo Corrêa Jr conta, nesta edição do Mandato em Pauta, sobre a importância, segundo ele, da qualidade muito mais que a quantidade na hora de sugerir projetos de lei e os desafios de conquistar melhorias para a Baixada Santista.

Além da atuação parlamentar, o deputado é membro das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus e Ministério Santos. Foi criado nos valores cristãos e preocupa-se em passar aos quatro filhos a importância da família e da educação embasadas nestes pilares. Paulo participa de ações sociais e foca seu trabalho no Parlamento neste setor. O Meio Ambiente e a Sustentabilidade também são as bandeiras do seu partido, o Partido Ecológico Nacional (PEN).



Porto de Santos

Paulo Corrêa tem a lei 16.278 de 2016 que autoriza a criação do Programa Estadual de Educação Ambiental da Zona Portuária do Estado de São Paulo. O objetivo da lei é criar uma cultura de preservação do porto e arredores. "Como os deputados não podem legislar sobre os portos, a única forma de fazer alguma diferença é criando uma cultura de educação ambiental sobre o porto e arredores", explica.

A lei surgiu por conta de dois acidentes na Baixada Santista: o incêndio ocorrido em tanques de combustíveis da Ultracargo, empresa da cidade de Santos, em abril de 2015 e o vazamento de gás da empresa Localfrio, localizada à esquerda do porto, em janeiro de 2016. Os episódios aumentaram a preocupação da população sobre os riscos de contaminação e intoxicação, o que levou o deputado a buscar alguma alternativa para o problema.

Além destes dois acidentes que tomaram grandes proporções e trouxeram muitos prejuízos para os moradores do local, as pequenas ocorrências que impactam principalmente o meio ambiente, foram razões para que o deputado tomasse providências e criasse discussões no Parlamento a fim de se chegar a políticas públicas que resolvam o problema e amenizem as consequências.

Por conta do acidente, suscitaram também as discussões que levaram à criação das frentes parlamentares "Plano de governança, segurança e risco do porto de Santos e São Sebastião" e de "Regionalização do Porto de Santos e Retomada do Desenvolvimento de Empregos", para "inserir a Assembleia Legislativa na discussão sobre a segurança e o desenvolvimento do porto", explica Paulo.

O porto de Santos fica sob a legislação da competência da União, mas o deputado esclarece que pediu uma audiência com o presidente da república, Michel Temer, e aguarda confirmação da agenda. Segundo Corrêa, o presidente visitou a região da Baixada Santista e declarou interesse em formular, até o término de seu mandato, a regionalização do porto.



Bicicleta e Cadeira de Rodas

Um dos projetos de autoria do deputado Paulo Corrêa Jr e que está na Ordem do Dia da Assembleia Legislativa, determina a transformação de bicicletas roubadas e, segundo o deputado, "empilhadas nos pátios das delegacias" em cadeiras de rodas para os deficientes.

O projeto também surgiu de uma demanda do litoral, região de principal atuação do parlamentar. "Eu vivo em uma cidade que é muito úmida, nós temos várias delegacias e grande parte da nossa população anda de bicicleta, muitas delas são roubadas e estocada na polícia", explica Corrêa que ressalta também os problemas trazidos por este armazenamento indevido do objeto "elas enferrujam e acumulam água e isso propicia o desenvolvimento da dengue, um problema seriíssimo da baixada".

O deputado conta que a ação surgiu quando conheceu o projeto "Reconstruindo Sobre Rodas", uma iniciativa e produção dos alunos de administração de uma faculdade de São Vicente, que utilizavam um galpão para adaptar bicicletas doadas para cadeiras de rodas. "Eu achei interessante esse projeto social da UNIBR " Faculdade de São Vicente, e conversando com o reitor, surgiu a ideia de prolongar para as delegacias, onde eu via o pátio cheio de bicicletas", confessa.

O projeto prevê que 50% das cadeiras produzidas sejam doadas para pacientes do Sistema Único de Saúde " SUS que estejam precisando. A outra metade deve ser destinada a atletas deficientes que necessitem de cadeira de rodas para a prática de esportes.

Outro projeto de lei - ligado à Saúde -, e de autoria do deputado Paulo Corrêa, estabelece que os hospitais estaduais realizem exames preventivos periódicos na população. "Fazendo uma análise da minha região, por que ficam cheios os hospitais lá embaixo? Diabetes, hipertensão e doenças do aparelho digestivo. São doenças que poderiam ter sido evitadas, então eu resolvi fazer esse projeto para que a gente tenha primeiro um programa de prevenção e que, em longo prazo, diminua essa fila enorme nos hospitais", explica.

O deputado esclarece a suposição com a qual o projeto trabalha "As pessoas vão acabar se cuidando tendo em mãos o resultado dos exames, vão perceber que para regularizar o nível de diabetes, de hipertensão tem que fazer um exercício físico, mudar alimentação, e todo esse trabalho preventivo vai refletir na saúde mais pra frente". As consequências, informa o deputado, serão tanto na saúde das pessoas, nas lotações dos hospitais, como nos gastos públicos com saúde, pois "os tratamentos custam mais que os métodos preventivos", defende.



Desafios e projeções

Paulo Corrêa declara como maior desafio no exercício da função de parlamentar "conseguir que o governo libere as emendas, porque somos cobrados todos os dias por prefeitos e vereadores. É um trabalho que a gente faz todos os dias para ajudar. Eu estou há dois anos no mandato e só foram liberadas 450 mil emendas parlamentares, que é quando a gente pode ajudar os municípios; dessas, somente 300 mil foram pagas".

Sobre as projeções para seu futuro político o deputado declara "A política hoje é feita de resultados, eu estou apresentando esses produtos do meu trabalho para avaliação da população. Se merecer mais quatro anos com certeza pretendo continuar, gosto do que faço, faço por paixão e porque política é uma vocação, então com certeza colocarei o resultado desse mandato para que a população decida se a gente merece ou não continuar aqui".

alesp