Opinião - "Pedrão": um presente para Ribeirão!


19/06/2017 16:43 | Deputado Welson Gasparini

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Ribeirão Preto comemorou 161 anos no último dia 19/6, mas ganhou, nove dias antes (no dia 10), um presente de valor inestimável: a doação do imóvel representado pelo Theatro Pedro II para o município. E quem formalizou essa doação foi o governador Geraldo Alckmin, que fez questão de se deslocar para a "Sala dos Espelhos" daquela casa de arte e cultura para " ao lado do prefeito Duarte Nogueira " assinar a escritura na qual transferiu aquela propriedade para a comunidade ribeirão-pretana.

O "Pedrão" (conforme a criançada que frequentava os seus matinês, durante o período decadente no qual foi transformado em cinema de baixa categoria pelos seus mantenedores, o denominava) finalmente é de Ribeirão. Na verdade, nunca deixou de sê-lo!

Sua história é uma história bonita que sempre merece ser lembrada e da qual, em minha terceira administração como prefeito de Ribeirão Preto, tive oportunidade de participar ao obter do então governador Orestes Quércia o compromisso de adquiri-lo pelo Estado e devolvê-lo ao município, inclusive liberando verba para o início do processo de sua restauração, iniciada ainda naquele meu governo e concluída em agosto de 1996.

Tudo começou no início da década de 20, quando alguns velhos prédios na esquina das ruas Duque de Caxias e Álvares Cabral, bem como outros terrenos localizados em frente à Praça XV de Novembro, até a esquina com a rua General Osório, foram adquiridos pela Cia Cervejaria Paulista com a finalidade de construir um conjunto arquitetônico composto por um hotel, o teatro e um edifício de escritórios, posteriormente conhecido como "Quarteirão Paulista". Inaugurado em 8 de outubro de 1930, sua designação homenageia o último imperador do Brasil, D. Pedro II, escolhido pela própria população, através de um concurso feito pelo jornal A Cidade; entre as décadas de 50 e 70, o subsolo do teatro foi transformado em salão de bailes de carnaval; fora do período carnavalesco, era transformado em sala de jogos.

Na década de 70, o prédio foi arrendado por uma companhia exibidora de filmes, e o prédio passou por uma reforma que o descaracterizou: vários elementos decorativos foram destruídos, a plateia foi reduzida e placas de madeira encobriram camarotes, frisas e galerias laterais para transformá-lo em cinema. Dos seus 2.000 lugares restaram apenas 800. Em 15 de julho de 1980, um incêndio destruiu a cobertura, o forro do palco e grande parte do interior, incluindo-se o teto. Graças a uma grande mobilização da sociedade local, no dia 7 de maio de 1982 o prédio foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo).

O restauro das características arquitetônicas originais recuperaram o Pedro II e ampliaram suas funções, transformando-o no segundo maior teatro de ópera do país em capacidade de público, ficando atrás apenas do Teatro Municipal de São Paulo. Em sua nova configuração após a reforma, ocorreram várias melhorias e foi ainda criada e instalada uma nova cúpula pela artista plástica Tomie Ohtake, mas todos os demais detalhes do Teatro Pedro II foram reconstruídos e restaurados de acordo com as plantas e demais dados arquitetônicos originais tornando-se, efetivamente, um orgulho para Ribeirão Preto, São Paulo e o próprio Brasil!

Welson Gasparini é deputado estadual pelo PSDB e ex-prefeito de Ribeirão Preto

alesp