FuncionAL - Com vocês, Mônica.


13/07/2017 16:20 | Léo Martins - Foto: Maurício G. de Souza

Compartilhar:

Mônica Cristina Araújo de Lima Horta<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2017/fg205225.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Mônica Cristina Araújo de Lima Horta<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2017/fg205228.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Mônica Cristina Araújo de Lima Horta<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2017/fg205223.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Mônica Cristina Araújo de Lima Horta<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2017/fg205227.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Professora. Mestre. Doutora. Pós-doutora. Mônica Cristina Araújo de Lima Horta, de 48 anos, entrou na Assembleia Legislativa de São Paulo em 2010.

"A Casa tem uma história singular em São Paulo e no Brasil". Por meio dos documentos, encantou-se com a história da maior cidade do país e a estudou profundamente.

As estrofes de Manuel Bandeira, os versos de Carlos Drummond de Andrade e os livros de José Saramago enchem os seus olhos. Histórias de períodos ainda mais antigos também merecem a sua atenção. "Li as cartas que Dom Pedro mandava, existe toda uma história política por trás delas. E conhecer o lado humano dessas figuras históricas é impressionante", diz.

O seu escritor preferido, porém, é outro: "de longe é o Machado de Assis. Até hoje ninguém o superou".

Rodeada pela política

Viver cercada de livros não era uma opção para Mônica. A família da historiadora sempre foi politizada e grande parte atuava no meio jurídico. "Eu cresci em um meio no qual discussões políticas pautavam os almoços de domingo."

Na infância viveu um período em que a "sociedade estava com muito medo": vigorava no Brasil a ditadura militar. Ela lembra com lucidez desses momentos. "Nós escondíamos na minha casa algumas pessoas que estavam sendo perseguidas e meus avós só me falavam para não contar a ninguém."

Nesta época, ela cursava o Ensino Fundamental e conta que a partir daí passou a ter contato com as manifestações políticas. "Eu ouvia sem parar um "buchicho" vindo dos meus professores. Era o período das Diretas. Foi aí que conheci o papel da Assembleia Legislativa", conta. "Eu era muito nova e participava das manifestações para dar volume". Futuramente, essa participação acabou levando-a para a área de História. "Fui influenciada pelo período, pelas Diretas Já, pela redemocratização do Brasil".

Mônica nasceu em São Paulo, no bairro da Lapa, mas foi na Pompeia que passou a maior parte da vida " "um lugar mais do que especial", diz. "Eu cresci e vivo lá até hoje, passo pela minha antiga escola, pelos lugares que eu sempre frequentei. O bairro tem um apelo emotivo muito grande."

A construção do Sesc Pompeia foi algo marcante. “Eu acho que foi o primeiro Sesc da cidade. Saíamos da escola e íamos a pé para lá. Tinham jogos, revistas, uma série de coisas que a gente adorava, isso foi fundamental para a nossa formação."

História por amor

Durante a vida inteira, orgulha-se por ter estudado sempre em escolas públicas. "Era outra época, os professores moravam no mesmo bairro em que ficava a escola. A qualidade do ensino era bem diferente que a de hoje."

A paixão pela leitura é compartilhada pela família de Mônica. "Infelizmente isso não é da cultura atual, mas eu ganhava livros de presente e a minha escola era uma das poucas que tinham biblioteca."

Ela lembra que era elogiada pelos professores que a consideravam uma ótima aluna e com aptidão para lecionar. A primeira profissão? "Resolvi fazer o antigo Magistério e tornei-me professora. Depois de lá, muitos anos de USP me aguardavam."

Quando precisou decidir o curso da faculdade, Letras e Filosofia eram opções atraentes. "Eu gostava muito de ler, lia a filosofia existencialista e acompanhava a feminista Simone de Beauvoir, mas escolhi História porque era o que o momento do nosso país pedia."

A escolha pelo curso de História não era bem vista pelos familiares. "Fui teimosa em optar por essa área, nunca foi vontade da minha família. Eles queriam que eu fosse para algo mais estruturado e consolidado - na visão deles". Mônica não seguiu os passos da família, mas a filha, sim. Danielle tem 24 anos e estuda Direito na PUC-SP.

USP e Alesp

Mônica passou mais de uma década estudando na USP. Começou cursando História, em 1989. Seis anos depois, fez parte de um programa ligado à reitoria da universidade, criado por Franco Montoro, em 1985. O estudo tinha como foco a América Latina.

Estudando lá, participou de muitos movimentos. "Militei em favor da Educação e da Cultura". Atuou primeiro como aluna e depois como professora, chegando a participar de várias reuniões e encontros ligados aos temas - muitos dos quais aconteciam na Assembleia Legislativa. "Lotava o estacionamento, não cabia todo mundo dentro do Hall Monumental."

Nas visitas à Alesp, conheceu o acervo histórico. "Ele sempre me chamou muito a atenção". A abertura de um concurso público fez com que ela chegasse até lá, há sete anos. "O cargo era voltado para minha área e eu tinha acesso a um acervo muito importante. Sem contar que morava perto da Assembleia. Todos os aspectos estavam sendo positivos". Aprovada na seleção, tornou-se uma funcionária efetiva da Casa.

Acervo Histórico

Mônica já havia trabalhado como professora e analista de Cultura quando entrou na Assembleia. "Trabalhei na prefeitura de São Bernardo do Campo durante quatro anos".

No Parlamento paulista, tinha ciência da importância do acervo e acreditava que ele pudesse ser explorado de uma maneira melhor. "A história de São Paulo está documentada na Assembleia Legislativa. É muita pesquisa, são muitos documentos e arquivos. Para me especializar e cuidar de toda essa documentação resolvi me aprofundar e fazer uma pós-graduação em Gestão Arquivística."

O Acervo Histórico da Assembleia conta com documentos desde 1828, época da instalação do Conselho da Província de São Paulo. A estimativa é que existam mais de 150 mil fotos desde a década de 1950, 80 mil páginas sobre a Província paulista imperial, 250 mil da República Velha, 35 mapas ferroviários, além de obras de arte, ilustrações, livros e revistas.

"Além da importância econômica, São Paulo tem um caldo de cultura imenso, que não existe em outros lugares. Aqui se tem uma série de coisas interessantes", afirma.

Para ela, são os documentos que comprovam fisicamente como São Paulo foi construída e se consolidou. "Preservarmos essa memória é fundamental e a minha missão é que isso se concretize e se organize da melhor forma, para que as pessoas tenham acesso a todas essas informações."

alesp