02 DE FEVEREIRO DE 1999

  SESSÃO ORDINÁRIA DO PERÍODO ADICIONAL DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA, DA 13ª LEGISLATURA

 

Presidência : FLÁVIO CHAVES, CHICO BEZERRA E EDMIR CHEDID

Secretário:   ROSMARY CORRÊA


 

O SR. PRESIDENTE – FLÁVIO CHAVES - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido a Sra. Deputada Rosmary Corrêa para , como   2ª Secretária “ad hoc” para  proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

A SRA. 2ª SECRETÁRIA – ROSMARY CORRÊA - PMDB  procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

O SR. PRESIDENTE – FLÀVIO CHAVES - PMDB - Convido a Sra. Deputada Rosmary Corrêa  para, como 1ª Secretária “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

A SRA. 1ª SECRETÁRIA – ROSMARY CORRÊA - PMDB  procede à leitura da matéria do Expediente publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

 

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O SR. PRESIDENTE - FLÁVIO CHAVES - PMDB - Srs. Deputados, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Engler. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afanasio Jazadji. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcelo Gonçalves. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Terezinha da Paulina. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Pivatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Wagner Lino.

 

O SR. WAGNER LINO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, gostaria de comentar, neste instante, como vem se desenvolvendo a luta dos trabalhadores da “Ford” e o que representa essa luta para os trabalhadores brasileiros, tanto da cidade, como do campo, contra o desemprego. Nesta última madrugada, assim como ontem, participamos de uma assembléia na porta da “Ford”, quando outras manifestações foram feitas pelos trabalhadores da indústria automobilística e de autopeças em solidariedade à luta dos companheiros da “Ford do Brasil”. Esperamos que, na assembléia de amanhã, possamos chegar a um acordo que leve a suspensão das duas mil e 800 demissões dessa fábrica.

O que repudiamos é atitude da “Ford” em demitir 41% de seus trabalhadores, na véspera de Natal, através de telegrama. Quase metade dos trabalhadores de uma fábrica com sete mil empregados são colocados na rua, de uma hora para outra, sem sequer ser consultado o sindicato, sem sequer serem consultados os trabalhadores e sem que tivessem aberto um processo de demissão voluntária.

O fato de se demitir os trabalhadores às vésperas de Natal denuncia o caráter anti-social de grande parte das empresas, preocupadas, simplesmente, com seu lucro. Não existe a preocupação da “Ford do Brasil” em saber da situação dos seus trabalhadores e de suas famílias. Queremos dizer que o ânimo dos trabalhadores da “Ford” vem de uma grande comissão de mulheres e crianças, organizada em nosso sindicato,  para dar força à família de cada trabalhador demito e daqueles outros, que lutam para permanecer dentro da produção.

O que ocorre na “Ford” é o reflexo do que ocorre em toda economia brasileira. Estamos vendo várias fábricas, onde o empresário larga tudo e some. É o caso da “Materiais Roland”, com 200 trabalhadores, também localizada em São Bernardo do Campo, onde o empresário sumiu devendo três meses de salário mais o 13o. A Eletropaulo cortou a luz da fe os trabalhadores ficaram sem condições de receber e produzir.

A responsabilidade principal é do governo que temos em nosso País. É um governo que engana a população com a ajuda dos seus aliados: os meios de comunicação, a imprensa falada e escrita ganham a eleição, iludindo os trabalhadores ao se dizer a eles que vai haver estabilidade, iludindo a classe média.

Batemos um recorde.  Certamente, na história do Brasil ainda não houve um episódio como esse em que o presidente do Banco Central fosse trocado após 18 dias de sua nomeação.  O que, aliás, coloca o Senado numa situação vexatória, pois acabou por sabatinar aquele que foi referendado e indicado pelo Poder Executivo para a presidência do Banco Central, e agora terá de sabatinar um outro presidente.  Nos outros países, demora-se oito anos para trocar o presidente do Banco Central, enquanto que no Brasil nem 20 dias.  Isso tudo dá a sensação de que o Presidente e sua equipe econômica perderam o controle da economia do País, deixando-nos atônitos diante de uma situação de instabilidade sem precedentes em nossa história.         Eu não poderia deixar de fazer este depoimento.  Acabo de ver agora que o novo presidente do Banco Central é aquele executivo que assessorava e segurava a pasta do Sr. George Soros, um dos maiores investidores internacionais, exatamente a banda podre do capital financeiro internacional, o chefe do cassino, aquele que mais jogou este tempo todo no mundo inteiro.  E é aquele que segurava a pasta desse senhor que agora vai tomar conta do nosso Banco Central.

O que é isso?  É a raposa para cuidar do galinheiro?  Será que foi a contrapartida do FMI, que agora vai monitorar semana a semana, mês a mês a economia brasileira?  Não temos mais, praticamente, motivos para eleger nossos governantes, porque seremos monitorados - viramos um verdadeiro “quintal” do Fundo Monetário Internacional, dos banqueiros e da agiotagem internacional.  E o Sr. Francisco Lopes cai exatamente no momento em que ele estava defendendo o controle dos investimentos internacionais.  Vejam bem a gravidade da situação que estamos atravessando.

Outro dia, estava lendo nos jornais que o Brasil parou de crescer, que está “ladeira abaixo”, e agora estão dizendo que vai ter um crescimento negativo de dois a três por cento ao ano.  O crescimento demográfico do Brasil é 1,4% ao ano.  A população economicamente ativa cresce 2,4% ao ano - isso quer dizer que, por ano, 1,5 milhões de pessoas batem às portas do mercado de trabalho.  Apenas para absorver esse crescimento vegetativo da mão-de-obra, o Brasil precisaria aumentar seu PIB sete por cento ao ano.  Mas no entanto, em 1994, o Brasil cresceu seis por cento em 1995,  quatro por cento, em 1996, 3,2%, em 1997, 1,9%, em 1998, ainda não se sabe, e, em 1999, o crescimento será negativo.

Estamos caminhando para uma grande crise, sem dúvida nenhuma.  Espero, como disse o Lula na entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, que aqueles que hoje ateiam fogo ao País não nos peçam depois para sermos os bombeiros da crise.

Muito obrigado, Sr. Presidente e Srs. Deputados.

 

     O SR. PRESIDENTE - FLÁVIO CHAVES - PMDB -   Tem a palavra o nobre Deputado Sidney Cinti.  (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza.  (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Salvador Khuriyeh.  (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Jamil Murad.          

 

   O SR. JAMIL MURAD - PCdoB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, gostaria de inicialmente registrar aqui a presença na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo das seguintes ilustres lideranças estudantis nacionais e do nosso Estado: Jonas Nunes, Presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas; Emerson Martins, Presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas; Renato Meireles, Tesoureiro da UBES; Felipe Maia, Tesoureiro da União Nacional dos Estudantes; Anderson Marques, Presidente da União Estadual dos Estudantes do Estado de São Paulo.

   Sejam bem-vindos e que tenham proveito na sua estada aqui, porque a juventude do nosso Estado é sempre muito bem recebida aqui na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

   Sr. Presidente, Srs. Deputados, é da mais alta relevância o debate sobre a questão nacional, que afeta duramente a vida do povo brasileiro, seja da juventude, seja dos aposentados, seja dos trabalhadores da ativa ou que recebem salários de fome ou que estejam desempregados, atinge duramente o nosso País, que vê seu patrimônio entregue de maneira criminosa pelos governantes; portanto, a cada dia o País está se empobrecendo mais, vendo a intromissão criminosa, ilegal de membros do governo norte-americano e membros do Fundo Monetário Internacional nas mais altas instituições de República. Ontem ainda perguntava eu aqui, Srs. Deputados, o seguinte:  o senhor permitiria que um vizinho seu entrasse na sua casa e fosse à sua dispensa para ver quantos quilos de feijão existem, quantos quilos de arroz existem, que preço o senhor pagou, que olhasse e pedisse o seu talão de cheques, ficasse olhando no canhoto para ver quanto dinheiro tem, quanto foi gasto, onde foi gasto e começasse a dar opinião que não deveria ser gasto em tal lugar, mas que deveria  ser reservado para outra esfera de atividade? Certamente a sua resposta é a resposta de todo brasileiro: ninguém permite que se faça isto na sua casa. Mas o governo brasileiro fez exatamente isto: recebeu aqui a missão do Fundo Monetário Internacional, acompanhada de representantes do governo americano para vasculhar as contas do Brasil, para decidir num fórum internacional, que é o fórum do FMI, onde mais eles vão, e verificar quanto vão cortar do orçamento da República. O único local que eles não cortam é no pagamento de juros para eles. Além disso, eles determinam altas taxas de juros em cima da nossa economia, que tem feito a falência das empresas, diminuído o consumo, colocado o País na recessão, levando o povo ao desemprego, levando a juventude, que tem seus legítimos representantes nesta galeria, a perder a perspectiva. Muitas vezes os jovens vêem seus  irmãos ou seus pais, formados até mesmo em nível universitário, desempregados. Portanto, eles também ficam sem estímulo de perder seu sábado, domingo, levantar de madrugada e estudar um pouco mais para fazer uma prova, porque acham que não vai dar resultado nenhum.

O que o Presidente Fernando Henrique está fazendo com o Brasil é de uma gravidade que não tem medida. Ele ainda diz que, diferente do Churchill - que exigia sangue, suor e lágrimas -, ele exigiria apenas suor e lágrimas. Não dele, porque nunca trabalhou; mesmo quando o Brasil estava entrando em derrocada, ele saiu de uma praia do Sergipe e foi para a sua fazenda. Quando voltou, encontrou a vaca, não a da sua fazenda, mas a vaca de leite de ouro que é o Brasil, atolada até o pescoço. Não podemos admitir a continuidade desse modelo econômico-social perverso que quebra a nossa soberania, sacrifica o nosso povo e não traz nenhuma perspectiva de melhora para a nossa gente. Por isso o PC do B defende que, em vez de nós pensarmos numa unidade nacional como o vice-Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, falou, queremos uma ampla unidade do povo brasileiro, das lideranças, dos partidos políticos, das organizações sociais ou religiosas, que queiram defender o Brasil, que queiram um novo rumo, com juro baixo, com desenvolvimento, com progresso social, com defesa do nosso País e com defesa da Petrobrás, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, porque são nessas instituições que os parasitas internacionais já estão de olho.

Como o governo brasileiro não é transparente nas suas ações, não sabemos se ele já tem algum acordo secreto para, no transcorrer da crise, entregar a organismos internacionais essas instituições. Não podemos admitir isto.

O ano de 1999 será de muita luta contra o desemprego, como estão fazendo os trabalhadores da Ford contra o fechamento de escolas, por melhores salários, em defesa da soberania do Brasil, da Petrobrás, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica, do povo brasileiro e da sua pátria.

Estaremos juntos nessa grande batalha, na primeira fileira. Estarão lá membros do PC do B, junto com o PSB, o PT, o PDT, os democratas, os nacionalistas e os religiosos que querem defender o nosso País, formando uma ampla corrente para tirar o País do atoleiro e colocar no rumo da esperança, num rumo de progresso. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - FLÁVIO CHAVES - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Campos Machado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Carlos Tonin. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Cândido Galvão. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Cecília Passarelli. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dráusio Barreto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Dallari. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Renato Simões.

 

O SR. RENATO SIMÕES - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente e Srs. Deputados,  quero registrar  uma importante reunião acontecida hoje de manhã, nesta Casa, do Comitê Nacional Promotor da  2ª Sessão do Tribunal Internacional Contra o Trabalho Infantil que acontecerá aqui em São Paulo nos dias 21, 22 e 23 de maio deste ano, no Memorial da América Latina,  que reunirá delegados de vários países do mundo e de vários estados do Brasil para discutir o avanço do trabalho infantil nestes anos em que as políticas de ajuste  implementadas no País por determinação externa do grande capital e das suas instituições, tornaram precárias e de forma acelerada as relações de trabalho, fazendo com que a economia lançasse mão desta força de trabalho representada por crianças e adolescentes, contrariando não só a nossa legislação, como também as normas internacionais de proteção à infância e à juventude. Nesta reunião estabelecemos um calendário para a preparação desta 2ª Sessão do Tribunal Internacional Contra o Trabalho Infantil. Estaremos realizando no próximo dia 11 a reunião ordinária da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo para oficializar a nossa participação enquanto instituição na organização desta importante reunião internacional. Mais do que isto, estaremos dirigindo um apelo à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos deputados e a todas as comissões legislativas de direitos humanos do País para que encampem em seus estados e municípios a preparação desta sessão do tribunal Internacional, especialmente fazendo com que  o diagnóstico da atual situação do trabalho infantil no País possa ser de conhecimento de todos os países do mundo nesta grande conferência internacional.

O objetivo deste trabalho  que será realizado no mês de abril em todos os estados do País será preparar a audiência nacional preparatória que se realizará no começo de maio em Minas Gerais com a participação decisiva da Assembléia Legislativa daquele estado, quando se definirá o tema do Brasil a ser apresentado neste Tribunal Internacional Contra o Trabalho Infantil.

Estamos dirigindo um apelo a todas as entidades nacionais do campo democrático e popular para que encampem a participação no Comitê Nacional Promotor através de reuniões que serão realizadas  ao longo de fevereiro com suas direções nacionais. A Central Única dos Trabalhadores, a Central Nacional, o Movimentos dos Sem Terra, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a Ordem dos Advogados do Brasil, o Ministério Público Federal e as várias organizações do Ministério Público Estadual  pelos estados da Federação, todas estas organizações serão convidadas a cerrar fileiras contra este verdadeiro câncer do desenvolvimento capitalista mundial que é a utilização da mão de obra de crianças e adolescentes que a partir da aprovação da Emenda Constitucional no. 20, fica proibida em qualquer situação para os menores de 16 anos.

No contexto da reforma da Previdência Social, a aprovação deste novo dispositivo abre caminho, no nosso entendimento, para a ratificação pelo Brasil da Convenção 138 da OIT, que realizará este ano sua reunião anual sob o signo da proposta de restruturação das Nações Unidas, que buscará eliminar  o caráter deliberativo e tripartite desta organização que reflete as questões do trabalho no plano internacional.

A reunião de hoje decidiu desencadear uma campanha nacional de assinaturas pela ratificação desta Convenção 138 da OIT pelo Brasil, no Congresso Nacional. Este tema será objeto de uma audiência com o Presidente da República ao final deste Tribunal Internacional; estaremos dirigindo ao Presidente Fernando Henrique Cardoso uma exigência da sociedade civil brasileira, para  que  o Brasil ratifique este importante instrumento internacional de defesa dos direitos da infância e da juventude.

   Passo a ler  o boletim sobre a Segunda  Sessão do Tribunal Internacional Contra o Trabalho Infantil:

segue leitura

 

   O SR. PRESIDENTE - FLÁVIO CHAVES - PMDB  - Tem a palavra o nobre Deputado Djalma Bom.(Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reynaldo de Barros Filho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ricardo Trípoli. (Pausa.)  Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Elói Pietá.

 

   O SR. ELÓI PIETÁ - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR -   Sr. Presidente e Srs. Deputados, caríssimos estudantes e Srs. policiais militares aqui presentes, queremos fazer uma observação na seqüência do que têm feito outros deputados desta tribuna hoje, utilizando-nos de um  pouquinho  da história recente para entender o que está acontecendo com a mudança súbita do presidente do Banco Central que, referendado pelo Senado no final da semana passada, praticamente foi presidente efetivo do Banco Central durante  um fim de semana apenas.

   Temos que nos lembrar de alguns outros fatos, por exemplo quando foi  mudada a política cambial em vigor nos últimos quatro anos, quando o Sr. Pedro Malan, Ministro da Fazenda, imediatamente partiu para os Estados Unidos, naquele fim de semana tumultuado em que o Brasil acabava de saber que a política de câmbio havia sido modificada. Portanto, uma das âncoras do Plano Real havia sido tirada e, ao invés de estar aqui discutindo com os brasileiros, o Sr. Pedro Malan estava lá nos Estados Unidos junto com esse que por alguns dias havia sido o presidente do Banco Central, discutindo com o Fundo Monetário Internacional  qual seria a nova política econômica para o Brasil. Não estava sequer discutindo com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Estava lá nos Estados Unidos  de um sábado a terça feira, discutindo com o Fundo Monetário Internacional e com o governo dos Estados Unidos qual seria a nova política econômica aqui para o Brasil. 

Todos também leram nos jornais que a vinda desta equipe do Fundo Monetário Internacional que está  em Brasília serviria para definir qual será a nova política do Banco Central em relação à moeda brasileira e sua relação com a moeda americana. Então, vejam, o Fundo Monetário Internacional vem aqui dizer qual a política que tem ser feita pelo Banco Central. E os telefonemas do presidente Clinton ao presidente Fernando Henrique Cardoso foram evidentemente  no sentido de impor uma determinada política econômica.

   Logo após a eclosão desta grave crise  que vivemos e  começa a afetar todos os brasileiros de qualquer parte do País,  o vice-presidente do Fundo Monetário Internacional, Stanley Fischer, foi à Suíça representar o Sr. Pedro Malan, o Ministro da Fazenda do Brasil, em um  debate em que se está discutindo a política monetária internacional e a política econômica mundial.

Vejam, o vice-presidente do Fundo Monetário Internacional, um norte-americano, representa o Ministro da Fazenda brasileiro na discussão sobre a política econômica.

Naquela oportunidade,  entre as várias intervenções havidas naquele evento,  foi  ressaltada pela grande imprensa   uma  das afirmações provenientes do empresário Antônio Ermírio de Moraes, que não é petista, mas que aceitou o convite do Partido dos Trabalhadores  e dizia naquela oportunidade que a moeda brasileira, o Real, já estava sobrevalorizado em relação ao dólar  algo em torno de 16 a 18%. Aconselhava então o empresário naquela oportunidade que o governo brasileiro deveria tomar medidas urgentes, no sentido de propor em caráter preventivo uma desvalorização lenta e gradual do Real para que a economia brasileira não fosse pega de surpresa, tendo que desvalorizar abruptamente no futuro a nossa moeda, colocando em pânico, inclusive, o próprio mercado produtivo e o mercado consumidor brasileiro.

               Dizia ele então, numa teoria bastante divulgada depois pela grande imprensa,  que o governo brasileiro, na sua visão de empresário, deveria adotar uma política de desvalorização   algo em torno de 0,8% ou 1% a cada bimestre, e ao cabo de 8 a 10 meses nós teríamos o Real equiparado em seu valor real à valorização efetivamente real do dólar. Mas, como se avizinhava um momento eleitoral e todos nós acompanhamos, debatemos aqui desta tribuna, inclusive enfatizamos a necessidade de correção do rumo do Real, já que ninguém em sã consciência torcia para o fim da estabilidade econômica, para o fim do controle inflacionário. Os partidos de oposição, a esquerda de uma maneira geral, fazia eco com aqueles que discursavam pela correção dos rumos do Real. Mas nada foi feito e o governo brasileiro, mais exatamente na figura do Presidente Fernando Henrique Cardoso, sempre que tinha oportunidade de vir a público, inclusive pelos grandes meios de comunicação, tentava dizer ao povo brasileiro que nenhum motivo havia para que houvesse alguma alteração nos rumos da economia brasileira e portanto  nada seria alterado em relação à política vigente no País.

               Obviamente que com isso tentando passar pelo processo eleitoral, sem mexer no câmbio, sem mexer no Real e, portanto, sem nenhuma adaptação à realidade que era denunciada já, não só pelos partidos de esquerda mas também pelos empresários e por economistas inclusive de outras vertentes ideológicas e não apenas  da esquerda. Fato é que passamos pelo processo eleitoral, findo o processo eleitoral tudo aquilo que se preconizava veio à tona e agora o governo está aturdido, perdido como barata tonta. Num momento libera o câmbio, faz com que o câmbio flutuante siga  a mesma filosofia do mercado livre e determinou o câmbio livre, a evasão de receita, a evasão de divisas, do fundo de reservas que o Brasil tinha, que chegou a ser mais de 70 bilhões de dólares e  de repente se evadisse rapidamente do país. Então, o alerta que nós fazíamos de que esses recursos, ou seja, que o capital volátil  rapidamente, num ataque especulativo, se evadiria do país, acabou se efetivando na prática. Hoje, vemos o Governo ora liberando o câmbio, deixando-o flutuante, ora correndo, desesperadamente, para novamente fixar o câmbio na tentativa de impedir a evasão dessas divisas para fora do País. E o que vimos é que nenhuma dessas medidas resultou em algo que desse tranqüilidade à população brasileira, sobretudo ao mercado produtivo. Portanto, estamos diante desse impasse. Propostas alternativas, oriundas inclusive da esquerda, não faltaram. Acho que o Governo deveria  ter ouvido essas forças que se dispuseram a ajudá-lo a corrigir os rumos do Real. Agora, desesperadamente, o Governo recorre não a essas forças interessadas na  estabilidade da economia do Brasil, mas aos pensadores e mentores intelectuais do FMI no sentido de tentar corrigir a política interna, os mesmos mentores que subordinaram o Brasil aos seus interesses e que hoje fazem com que a nau brasileira da economia faça água  por todos os lados.

   Voltaremos, durante o Grande Expediente, a abordar essa questão, porque acreditamos que isso seja importante como um aquecimento, agora na volta às atividades da Assembléia Legislativa, para um debate que hoje se faz em todas as rodas sociais, inclusive nas filas dos bancos e supermercados e o Parlamento do Estado de São Paulo não pode ficar de fora.

 

O SR. PRESIDENTE - FLÁVIO CHAVES - PMDB  - Tem a palavra o nobre Deputado Junji Abe.

 

O SR. JUNJI ABE - PFL - Sr. Presidente, passo a ler, para que conste dos Anais da Casa, dois registros que faço: o primeiro, com muita saudade e tristeza, em  homenagem póstuma ao ex-Vereador Mário Osassa, falecido no último dia 27 de dezembro e o segundo em homenagem ao 39º aniversário de fundação da grande empresa fabricadora de tratores e implementos da minha cidade de Mogi das Cruzes, a antiga Valmet, hoje  Valtra do Brasil.

Eis a íntegra:

  

O SR. JAMIL MURAD - PC do B - Sr. Presidente, Srs. Deputados, passo a ler o documento “Hospital Público é Viável”, lançado por ocasião do 43º aniversário do Hospital Ipiranga. Este Deputado participou do evento e é com satisfação que posso dizer que o Hospital Ipiranga se transformou num exemplo de hospital público, sem as adaptações  privatizantes ocorridas em tantos outros lugares, demonstrando ser possível um hospital dirigido pelo Poder Público funcionar com honestidade, competência, dedicação e  servir à sua finalidade, qual seja, o público da nossa sociedade.

   Eis a íntegra do documento:

 

   O SR. CESAR CALLEGARI - PSB - PELO ARTIGO 82 - Sr. Presidente,  este Deputado no começo da tarde, juntamente com os Deputados Zarattini e Paulo Teixeira, prestou solidariedade ao Diretor de Escola Santo Siqueira, com quase 30 anos  de carreira no Magistério, que se encontra no  sétimo dia de greve de fome acampado na frente da Secretaria Estadual da Educação protestando, com muita justiça, contra a arbitrária punição da qual foi vítima. Ontem, fizemos aqui na Assembléia um apelo ao nobre Líder do Governo, Deputado Vanderlei Macris, no sentido de interceder junto às autoridades do Governo do  Estado a fim de que essa punição fosse imediatamente revogada. Ele foi vitimado com a punição de suspensão, por três meses, de seu salário pelo pecado que cometeu, há dois anos, por ter lutado e feito uma mesma greve de fome exigindo que o Governo construísse três salas de aula para atender à sua comunidade, a comunidade do Município de Cotia. Este homem, que já pela segunda vez toma um ato extremo de valentia, aliás, ambos absolutamente justos, agora está sendo vitimado por mais uma arbitrariedade da Sra. Secretária de Educação, que estréia o ano letivo dando essa demonstração de falta de diálogo, de insensibilidade e estamos aqui solicitando à Mesa Diretora -conversamos ontem com o Presidente Vaz de Lima - que interceda junto às autoridades do Governo para a abertura imediata de diálogo entre os representantes do Diretor e a Secretaria Estadual de Educação, revogando-se este ato que está levando a essa greve de fome de um homem de meia idade, que já está há sete dias sem se alimentar, na Praça da República, portanto, já colocando em risco a sua própria saúde.

Acho que nenhum de nós quer que a Educação de São Paulo inicie o ano letivo de 1999 com este quadro desolador, o que, na realidade, denuncia a falta de sensibilidade, a falta de atenção das autoridades da Pasta da Educação para com o povo de São Paulo, particularmente em relação aos educadores.

   Gostaria que os Deputados - esta a razão do nosso pronunciamento - se  inteirassem deste caso porque, na realidade, não é um ato pessoal para um assunto pessoal do Diretor. Na realidade, este ato extremo que o leva a fazer uma greve de fome é uma denúncia, é uma verdadeira aula de cidadania a todos aqueles que acreditam que a Educação seja, talvez, um dos mais importantes caminhos para o desenvolvimento, para a democracia e para a justiça social. Muito obrigado.         

 

O SR. PRESIDENTE - FLÁVIO CHAVES - PMDB - Esta Presidência registra a manifestação de V. Excelência.

   Esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

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- Passa-se ao

 

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - FLÁVIO CHAVES - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Renato Simões.

  

O SR. RENATO SIMÕES - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, queremos utilizar, pela primeira vez neste ano, o espaço do Grande Expediente para falar da indignação que nos causa o rumo da política econômica brasileira, que cada vez mais é menos política e menos brasileira. Menos política porque o Plano Real acabou, fracassou, está sendo enterrado enquanto proposta pelo Governo que o criou, jogando o Brasil aos ventos dos interesses do grande capital financeiro internacional, sem qualquer elo de ligação com aquilo que presidiu a administração da economia nacional durante o primeiro mandato do Presidente Fernando Henrique. E é também cada vez menos brasileira porque fica evidente, a toda sociedade brasileira neste momento, aquilo que denunciávamos durante todo o primeiro Governo do Presidente Fernando Henrique, ou seja, o fato de que estamos diante de um Governo que apenas implementa aquilo que é determinado por centros de poder externo ao interesse nacional, vinculados fundamentalmente às grandes potências capitalistas e ao sistema financeiro internacional. É lamentável que, mais uma vez, o povo brasileiro tenha sido induzido, pela farsa do Plano Real, a sufragar um Governo que construiu, sob a mentira, a ilusão, a mistificação, a manipulação da opinião pública, a sua campanha eleitoral, permitindo assim a sua reeleição, o seu segundo mandato, mandato este que, aliás, se encerrou mesmo antes de começar. Hoje, o Governo Fernando Henrique está desmoralizado interna e externamente, pelos erros que cometera durante a sua primeira gestão, ao abandonar de forma nítida qualquer projeto nacional para este País.

O Brasil foi transformado, durante o Governo Fernando Henrique, naquilo que já era de interesse das elites conservadoras brasileiras, atreladas ao grande capital internacional, desde o 2o turno das eleições presidenciais em 1989, quando Fernando Collor foi escolhido dentre as várias opções, para combater a candidatura Lula, a candidatura democrática popular naquele momento, implementando uma agenda de interesse desse grande capital. Foi a resistência dos setores organizados da sociedade brasileira, do movimento sindical, do movimento popular e dos partidos políticos de esquerda, que atrasaram durante a ex-gestão Collor de Mello as reformas constitucionais e o processo de privatização somente retomado neste governo que se instalou em 1994.

   A luta pelo “impeachment” do ex-Presidente Collor, a instabilidade política daquele governo que não logrou como o atual regime uma base parlamentar solidamente constituída na fisiologia das relações tramadas no troca-troca da política nacional, foi naquele governo que pela primeira vez levantou-se a idéia de desregulamentação da economia brasileira, para permitir a abertura do País, sem qualquer tipo de obstáculo, à troca de mercadorias e de capitais no plano internacional. Foi também o ex-Governo Collor que apresentou uma série de propostas de retirada da Constituição de 1988, dos dispositivos que preservavam algum caráter nacional à ordem econômica. Foi nele também que iniciou-se a destruição do serviço público, do patrimônio público representado pelas nossas empresas e que se transformaram, pelo programa de privatização, em meros ativos para troca e venda, ao sabor dos interesses internacionais.

Pois bem, este programa do ex-Presidente Collor de Melo é retomado em 1994, com a âncora do Plano Real e da estabilização econômica, gerando um governo que nestes quatro anos aplicou literalmente este programa neoliberal a nossa sociedade. Foram as reformas constitucionais que desregulamentaram a ordem econômica prevista na Constituição de 1998, que eliminaram o conceito de empresa brasileira de capital nacional, que abriram caminho para a quebra dos monopólios estatais do petróleo, das telecomunicações, da navegação, enfim, de monopólios essenciais a um projeto nacional de desenvolvimento autônomo e sustentável, diante dos interesses do capital internacional. Mais do que isso, foi através deste processo de constituição de uma sólida maioria parlamentar, que possibilitou-se a aprovação de emendas constitucionais com o quorum de três quintos dos votos de Deputados Federais e Senadores, que o governo Fernando Henrique instalou uma ditadura civil sobre este País, ditadura essa que contou com a omissão silente dos grandes meios de comunicação de massa, que apesar de todas as oportunidades de alerta feitas pela oposição, escondeu ao povo brasileiro o caráter do Plano Real e da manutenção artificial da política econômica de câmbio fixo, que levou o Brasil à necessidade da manutenção de uma política de juros escorchantes que comprometeram a economia e a produção nacional, induziram a um processo de substituição do produto nacional pelo produto importado e desestruturaram a base industrial e produtiva, inclusive a agrícola, do País. Além disso, através da entrega do nosso patrimônio, da venda da Vale do Rio Doce, de empresas estatais fundamentais ao desenvolvimento nacional, abriram caminho para a internacionalização dessa base produtiva, inclusive no sistema financeiro em que grandes bancos transnacionais vêm  se implantando no Brasil nos últimos quatro anos, fazendo com que o sistema financeiro nacional esteja à beira da destruição.

   A entrega do Banespa ao Governo Federal abre, agora, o caminho para a destruição do sistema financeiro dos estados  e para as exigências, cada vez mais gulosas, do capital financeiro internacional.

 

   O SR. PRESIDENTE - FLÁVIO CHAVES - PSDB - Nobre Deputado Renato Simões, esta Presidência solicita a anuência do orador para anunciar a presença entre  nós do ex-Deputado e atual prefeito de Sorocaba, Sr. Renato Amary, que faz uma visita a esta Casa, da qual já participou.

   A S.Exa. as homenagens do Poder Legislativo. (Palmas.)

A Presidência  agradece e devolve a palavra ao orador que se encontra na tribuna.

 

   O SR. RENATO SIMÕES - PT - Como dizia, Sr. Presidente, o apetite do Sistema Financeiro Internacional agora se volta até mesmo para a Caixa Econômica ou Banco do Brasil que foram apresentados neste período de crise que estamos vivendo como as novas metas de privatização do Fundo Monetário Internacional e do Sistema Financeiro Internacional.

   Portanto, Sr. Presidente, não nos surpreendeu que o Brasil,  ao primeiro ataque especulativo que sofreu poucos dias depois da eleição em que o Sr. Fernando Henrique ganhou novamente a chance de  continuar administrando o Brasil por mais quatro anos levou o País ao Fundo Monetário Internacional., desde então, tivesse transferido definitivamente para Washington a condução da política econômica nacional.

   Estamos passando, hoje, pelo vexame de vermos os últimos mecanismos simbólicos de afirmação da soberania nacional serem retirados pelo Governo do Sr. Fernando Henrique.

   Diz o colunista José Simão, que hoje é um dos mais argutos observadores da política farsante do governo federal, que o Sr. Pedro Malan perguntou ao Sr. Presidente  Fernando Henrique se  haveria algum obstáculo para a implantação de um escritório de nível superior do Fundo Monetário Internacional no nosso País. O Sr. Presidente disse que , evidentemente, não tinha nada contra. Ao que então o Sr. Ministro da Fazenda teria perguntado se o Sr. Presidente já tinha, então, onde instalar-se  pois o Sr. Presidente cada vez mais apita pouco na política econômica do País a ponto de vermos hoje também, como vários Srs. Deputados se manifestaram anteriormente na tribuna, a nomeação de um especulador internacional como o presidente do Banco Central brasileiro. É um vexame que, depois de tudo aquilo que George Soros significou no fracasso econômico da Rússia tenhamos um seu assessor direto comandando a política monetária brasileira e instalado no Banco Central. Temo que o Senado Federal, se tiver um mínimo de  altivez, poderá barrar,  pela rejeição, o nome de Armínio Fraga Neto para a presidência do Banco Central. Portanto, Sr. Presidente, Srs. Deputados, vivemos um período em que essa crise econômica anunciada pela oposição pelos constantes alertas contra a irracionalidade e o caráter antinacional e antipopular das medidas do Governo do Sr. Fernando Henrique. Essa crise econômica prepara-se para desembocar em uma grave crise política pela inviabilização dos estados e municípios que são colocados, agora, perante a opinião pública como os novas algozes da economia brasileira, como se fez, anteriormente, com o servidor público que foi escrachado durante anos por esse governo e como se fez, recentemente, com os aposentados e pensionistas do serviço público que foram transformados em bola da vez da política econômica do governo federal. Agora os estados e os municípios são os alvos. A inviabilização dessas unidades da Federação coloca o Brasil diante da possibilidade de uma crise institucional, a continuar essa política irresponsável do Governo Federal.

Querem transformar os Estados de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul em objetos de denúncia internacional de quebra de acordos de financiamento, inclusive já estabelecidos com instituições financeiras internacionais, quebrando a resistência daqueles estados que se colocam na linha oposta de raciocínio da linha do Governo Federal. Por isso, somos solidários à ação desses estados e lamentamos que o Governo do Estado de São Paulo mantenha a mesma postura silente com que se conduziu durante todo o primeiro mandato do Governador Covas e do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Queremos que as forças políticas de oposição coloquem claramente à opinião pública a necessidade não apenas de mudança dessa política econômica, como também a necessidade de mudança do governo que a promove. Não será possível uma nova política econômica com o Governo Fernando Henrique Cardoso. Já se ouvem vozes na oposição, às quais queremos neste momento nos  somar, que coloca claramente a necessidade de mobilizações populares para que o mandato do Presidente Fernando Henrique Cardoso seja diminuído e para que o Brasil tenha  oportunidade de se colocar diante de alternativas reais de poder, juntando-se a um verdadeiro projeto nacional alternativo à globalização neoliberal. Não podemos permitir que a nação brasileira seja destruída, que recursos públicos da ordem de mais de 40 bilhões de reais tenham-se esvaído nestas últimas semanas, comprometendo o nosso desenvolvimento, sem que a oposição apresente claramente uma alternativa de governo e uma alternativa de programa para essa crise. Programa que se escuda na necessidade de um projeto nacional, na necessidade de entendermos o Brasil não como um elo subalterno, submisso à globalização neoliberal, mas como um país com potencialidades riquíssimas de desenvolvimento econômico e de distribuição dos bens e das riquezas aqui produzidas. Um outro governo será necessário para fazer com que essa tarefa seja constituída. Não será Fernando Henrique Cardoso, não serão os agentes do Fundo Monetário Internacional, não serão os títeres do capital financeiro capazes de mudar o rumo do Brasil e de colocar o País a salvo da crise econômica gerada pela ganância do capital especulativo.

   Sr. Presidente, Srs. Deputados, concluo este meu pronunciamento dizendo que precisamos ocupar esta tribuna para falar sobre os problemas nacionais. Lamentamos novamente a omissão das bancadas governistas que se fazem ausentes deste debate, que não vêm à tribuna para apresentar alternativas à crise que o seu próprio governo criou e para criar um espaço de denúncia e de discussão dos rumos nacionais nesta Assembléia Legislativa, preservando as  grandes potencialidades econômicas e sociais do nosso País.

   Convido os Srs. Deputados da situação para  transformar o Pequeno e  o Grande Expediente em oportunidade de debate político e de politização, na busca de alternativas para  desenvolvimento do País.

   Muito obrigado, Sr.  Presidente e Srs. Deputados.

 

   O SR. PRESIDENTE - FLÁVIO CHAVES - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Jamil Murad.

 

   O SR. JAMIL MUDAD - PC do B - Sr. Presidente, cedo cinco minutos do meu tampo ao nobre Deputado Paulo Teixeira.

 

   O SR. PRESIDENTE - FLÁVIO CHAVES - PMDB -  Tem a palavra, por cessão de tempo do nobre Deputado Jamil Murad, o nobre Deputado Paulo Teixeira, por cinco minutos.

 

   O SR. PAULO TEIXEIRA - PT  -  Agradeço ao nobre Deputado Jamil Murad a cessão de tempo.

Sr. Presidente e Srs. Deputados, quero me posicionar sobre um episódio ocorrido no dia de hoje.

 Face ao ataque especulativo que houve ao Brasil nesses meses, face à fuga de dólares que aconteceu em razão da irresponsabilidade da política econômica do Governo Fernando Henrique, hoje caiu o Presidente do Banco Central, Sr. Francisco Lopes, e foi nomeado novo Presidente George soros, que é representante do maior especulador mundial.

   Parece-me que o Presidente Fernando Henrique, como em uma situação em que os criminosos controlam a área, passou a fazer um acordo com o crime organizado para conviver com esse tipo de prática em determinada área. O que o Presidente Fernando Henrique, frente ao ataque especulativo orquestrado pelos grandes especuladores mundiais, entre eles o Sr. George Soros, fez foi um acordo com os especuladores, nomeando um dos seus altos funcionários para reger o Banco do Brasil. É como colocar uma raposa para tomar conta do galinheiro.

   O Sr. George Soros coordenou o ataque especulativo à Tailândia, ao sudeste asiático, à Russia, onde foi um dos maiores beneficiários,  desarticulou  a estabilidade da moeda no Brasil e recebe como prêmio, por essa atitude criminosa, a Presidência do Banco Central.

Anunciando essa medida, quero protestar, veementemente, com o governo que mentiu para o povo brasileiro, que se elegeu vendendo a idéia da estabilidade econômica,  esse governo que hoje desvaloriza sua moeda. Aliás,  uma atitude que deveria ter acontecido no passado, o faz no momento mais tardio. Perde grandes quantias da sua reserva, a inflação retorna para o cenário econômico brasileiro,  e agora uma  medida extremamente arriscada, uma medida contrária aos interesses da nação brasileira, nomeando o representante do megaespeculador para Presidência do Banco Central.

Muito obrigado, Sr. Presidente e Srs. Deputados.

 

O SR. PRESIDENTE - FLÁVIO CHAVES - PMDB - Tem a palavra pelo tempo restante o nobre Deputado Jamil Murad.

 

O SR. JAMIL MURAD - PC do B -   Sr. Presidente, Srs. Deputados, quero insistir na minha opinião,  na do Deputado Nivaldo Santana, na do meu partido, na da minha Bancada na Assembléia Legislativa,  de que o Fernando Henrique é o responsável pela crise. Inicialmente, ele quis jogar a culpa no Itamar Franco, na situação internacional.  Mas o Fernando Henrique Cardoso é o responsável pela crise. Em poucos dias, o Brasil perdeu muitos bilhões de dólares em uma teimosia criminosa de manter o Real artificialmente equiparado ao Dólar.   

   Srs. Deputados, vejam por quem o povo está sendo governado. O Gustavo Franco, Presidente do Banco Central, saiu de repente. Agora, ainda hoje, inúmeros Deputados tem vindo à tribuna registrar  que o substituto do Gustavo Franco também foi demitido e foi nomeado para o cargo um assessor do Sr. George Soros que a imprensa o trata como “o megaespeculador”.  Então, o Sr. Gustavo Franco,de repente, pós ter entregue para os banqueiros internacionais muitos bilhões de dólares, que eqüivalem  pelo menos a três companhias do Vale do Rio Doce, que queimou dinheiro que daria para construir milhões de casas populares para teimosamente tentar manter o real, ou esse dinheiro daria para entregar um salário mínimo para milhões de trabalhadores desempregados, vítimas desta política neoliberal que coloca o país a serviço dos banqueiros e das multinacionais. Então, devido a uma política errada, uma política de compromisso com os banqueiros internacionais e não com o Brasil,o Governo sacrifica o nosso povo e deixa o Brasil mais pobre. O ministro da Fazenda, Pedro Malan, nas primeiras 48 horas de crise do real, em vez de se reunir com os setores produtivos do país, com os trabalhadores, com intelectuais, com economistas brasileiros, o que ele fez? Viajou para Washington para receber novas orientações do governo americano e do Fundo Monetário Internacional, e este fundo representa os interesses do grupo dos sete países mais ricos do mundo denominado G7. E Pedro Malan tem uma postura de office boy diante do FMI pela sua subserviência às determinações desse organismo internacional. O Presidente Fernando Henrique, que é o comandante dessa equipe, estava de férias numa praia em Sergipe, alienado como sempre dos problemas que vivíamos. De repente voltou de férias. Mas ao invés de ficar em palácio, pelos riscos que o país corria, o que ele fez? Correu para a sua fazenda. E quando foi chamado a vaca de leite de ouro chamada Brasil já tinha se atolado até o pescoço. Aí, Srs. Deputados, o Presidente, com seus arroubos de intelectualidade, lembra um pensamento de Churchill , que na ocasião da II  Guerra Mundial dizia: “ nós temos que dar sangue, suor e lágrimas.” Fernando Henrique, covarde como sempre, disse que agora o povo brasileiro tem que se preparar para dar mais suor e mais lágrimas. É fácil falar isso, porque dele são lágrimas de crocodilo, pois as verdadeiras lágrimas são as do povo, que passa fome, perde o emprego, vê seu filho cair na marginalidade, vê o filho morrer por falta de assistência, vê seus pais aposentados ficarem doentes e sem condições de ter um fim de vida digno como ser humano. Então, lágrimas são as lágrimas do povo. E suor, ora, Fernando Henrique, até como Presidente ele só ficava viajando. Ele fingia que governava mas na verdade ele só passava a assinatura para corroborar, para confirmar as orientações do Fundo Monetário Internacional. O povo brasileiro não agüenta mais os descaminhos desse modelo político, econômico e social que já colocou mais de 10 milhões de trabalhadores no desemprego, que já levou à falência milhares de empresas, que já desnacionalizou nossa economia, que acabou com o rico patrimônio público brasileiro, que deixou nosso País inteiramente dependente do capital internacional, particularmente do capital especulativo externo, do qual o Brasil depende totalmente, como um viciado em heroína depende desta mesma droga para continuar sobrevivendo.

   O Brasil acabou com o setor produtivo nacional, seja do campo ou da cidade.  Com essa política do Fernando Henrique e com seus novos cortes de verba - já escassas - nas instituições públicas fundamentais para a sociedade, o Brasil está aniquilando nossas universidades, nossos institutos de pesquisa, nosso sistema público de saúde, e até mesmo nosso sistema público de ensino fundamental e médio,

   Mais suor e lágrimas, Sr. Presidente Fernando Henrique, é impossível suportar.  Os compromissos do Presidente Fernando Henrique com o FMI e com o Governo Americano são muito fortes.  Mas é fundamental nesta hora, hora gravíssima para o futuro da Nação Brasileira e para a sobrevivência de nosso povo, que fortaleçamos um movimento cívico em defesa do Brasil.Não é hora de vacilações.  Não é hora de composição com o mesmo governo que levou o País à crise e ao risco de desmoronamento total.  Em defesa da Nação, da melhoria das condições da existência da população, da ampliação da democracia, do desenvolvimento econômico e social, deve-se desenvolver um amplo movimento cívico de oposição a Fernando Henrique Cardoso e à sua política neoliberal, um movimento exigindo a imediata mudança do modelo econômico com redução drástica das taxas de juros, um movimento em defesa do pacto federativo, que garanta aos Estados e municípios meios para atenderem às necessidades da população e para implementar uma política de desenvolvimento de geração de empregos e de reforma agrária, um movimento que aponte para a ampliação da democracia e possibilite a efetiva participação popular na definição de novos rumos para o País, um movimento que envolva os partidos políticos, entidades populares e democráticas, personalidades comprometidas com a defesa da democracia e da nação.

O Governo Fernando Henrique, com sua política neoliberal, é o responsável  pela grave situação econômica e social vivida pelo País.  Cabe à oposição desmascará-lo e apontar um novo modelo democrático, soberano e com justiça social para o Brasil.

Srs. Deputados, é lamentável vermos, como vimos recentemente e à medida que a crise aumenta, figuras tenebrosas virem aos meios de comunicação, exigindo mais traição ao nosso País e mais entreguismo de nossas autoridades.  Dizem que agora, para salvar o Brasil, é necessário entregar a Petrobrás, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, porque assim estaríamos dando um passo fundamental para controlarmos a inflação, para buscarmos no futuro um desenvolvimento sustentado.  Mentira!  Falsidade!  Cinismo!  Eles disseram essas mesmas coisas quando entregaram a Companhia Vale do Rio Doce, as hidrelétricas, as ferrovias, as rodovias, e quando entregaram patrimônios públicos fundamentais para o desenvolvimento da Nação.

   Pergunto, Srs. deputados: se o Brasil tivesse de comprar todo o petróleo que ele consome a cada dia, em que situação estaria? O Brasil já teria quebrado, só não quebrou porque a Petrobrás, essa empresa tão caluniada, tão perseguida, produz 60% do petróleo necessário ao sustento da nossa economia,  da nossa sociedade. Por isso, Srs. deputados, é hora de dizer basta a Fernando Henrique e sua política, basta ao entreguismo. Não podemos admitir que o nosso povo sofra ainda mais com o desemprego, com o  arrocho de salários, com a  destruição do nosso patrimônio. Por isso, companheiros e companheiras, nós  temos a necessidade de cultivar, de trabalhar pela unidade dos nossos partidos. Felizmente o PT, o PDT, o PC do B e o  PSB já se reuniram novamente na busca de novos caminhos para salvar o Brasil e seu povo, mas isto ainda não basta. É necessário se unir a todos aqueles setores que queiram um Brasil soberano, com desenvolvimento econômico e social e melhores dias para seus filhos. Obrigado.

  

O SR. PRESIDENTE - CHICO BEZERRA - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Reynaldo de Barros Filho. (Pausa). Tem a palavra o nobre Deputado Roque Barbiere (Pausa). Tem a palavra o nobre Deputado Salvador Khuriyeh. (Pausa). Tem a palavra o nobre Deputado Contes Lopes. (Pausa). Tem a palavra o nobre Deputado Duarte Nogueira Jr. (Pausa). Tem a palavra o nobre Deputado Elói Pietá.

 

   O SR. ELÓI PIETÁ - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, quero começar saudando o Deputado Lucas Buzato, que durante oito anos aqui esteve como deputado da Assembléia Legislativa e que como primeiro suplente do Partido dos Trabalhadores assumiu mandato nesse período em substituição ao Deputado Federal Luiz Carlos da Silva.

   Quero aqui expressar toda a minha admiração pelo Deputado Lucas Buzato, pela sua capacidade de representar o povo paulista e também pela sua capacidade específica de representar os interesses dos bancários do Estado de São Paulo, e do Estado de São Paulo  na questão bancária, em especial quando aqui tivemos aquela CPI a respeito do Banespa, onde o companheiro Lucas Buzato teve um  papel importante como Relator daquela CPI. Nossa saudação ao grande companheiro do Partido dos Trabalhadores, ao grande Deputado Lucas Buzato, nossa satisfação em tê-lo aqui novamente conosco.

   Quero agora prosseguir  com algumas considerações que eu vinha fazendo no Pequeno Expediente sobre a crise econômica brasileira e sobre a necessidade de a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo não ficar ausente deste debate, porque  a tragédia que vivemos aqui em São Paulo da doença do Sr. Governador do Estado tem  levado a uma ausência do Estado de São Paulo no cenário nacional neste momento de crise. Portanto, a  Assembléia legislativa, como um dos poderes deste Estado que  deve falar em nome do povo paulista, precisa neste momento erguer mais sua voz, inclusive em relação aos problemas que temos em nível do governo, na medida em que  está sendo afetado pela doença do Sr. Governador do Estado. Eu estive aqui no dia da posse do Governador Mário Covas, no dia 10 de janeiro, e um momento do seu discurso que foi bastante aplaudido por todo plenário desta Assembléia Legislativa, que estava lotado, foi quando disse que havia a necessidade de baixar os juros para retomar o crescimento e o desenvolvimento da economia e do emprego. Ora, isso foi no dia 10 de janeiro. O que tem acontecido hoje, dia 02 de fevereiro, em relação aos juros? Eles têm crescido depois do discurso do Governador Mário Covas. E o Fundo Monetário Internacional está propondo que os juros sejam elevados até 70% aqui no Brasil, quando os Estados Unidos estão com juros de 4,25%.

Agora que não existe mais a âncora cambial, a âncora para manter a estabilidade da moeda tem que ser aquela que atrasa, diminui, sufoca a produção brasileira e o emprego. Está sendo discutido aqui - e isso eu digo aos deputados do PSDB e aos deputados do governo, que aplaudiram aqui o discurso do Governador Mário Covas, com toda a platéia, no momento em que ele dizia que São Paulo se ergueria para que uma das medidas tomadas em nível federal fosse a queda dos juros.

Os deputados do PSDB, os deputados do governo precisam articular junto conosco um movimento nacional no sentido de que não seja adotada a proposta do Fundo Monetário Internacional de elevar os juros, que já vem sendo aplicada pelo Ministro Pedro Malan.

Outra questão discutida pelo Governador Mário Covas, aqui aplaudida, foi o estímulo à produção e aos empregos. Se o Governo Federal tomar as medidas que pretende por decisão do Departamento do Tesouro norte-americano e dos grandes bancos representados no Fundo Monetário Internacional, a recessão vai crescer ainda mais e esta parte do discurso do governador, não vai ser posta em prática na economia e na vida nacional.

Esta Casa, através de deputados de alguns partidos, congregando e ampliando com a presença de outros partidos - sejam governistas ou não - tem que colocar alternativas para a situação nacional. Uma delas é a centralização do câmbio, pela qual a saída de divisas não deve ser impedida como se tenta fazer agora, através do aumento dos juros,  mas sim através do controle efetivo da saída de capitais porque o capital especulativo e de investimento não está vindo e continuarmos sacrificando o povo brasileiro, a produção, o desenvolvimento e o emprego para tentar segurar os juros e a saída de dólares  pela receita  de elevação de juros. É necessário que avancemos na linha da centralização do câmbio e no controle das importações.  Na Argentina alguns setores do Governo querem transformar a moeda  argentina na moeda americana; seria o primeiro passo para transformar depois a bandeira argentina na bandeira com listras e estrelas, como a americana. A Argentina está fazendo restrições às importações do Brasil; temos que ter um processo de restrição de importações para estimular  o desenvolvimento da indústria nacional e o emprego.

 

   O SR. JOSÉ PIVATTO - PT - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR-  Nobre Deputado,  gostaria de corroborar com o discurso de V.Exa. e com o do nobre Deputado Jamil Murad que de forma inteligente vem a esta tribuna mais uma vez colocar aquilo que denunciamos  nos últimos quatro anos e reforçar  o que V. Exa. coloca.  Acho que o Pais  não pode continuar se submetendo aos interesses do capital financeiro internacional, às diretrizes políticas do FMI. O País não pode estar sujeito às trapalhadas da equipe econômica que leva mais uma vez o País em direção ao caos, em nome de solucionar a crise que se agrava a cada momento. Não podemos continuar vendendo e privatizando o patrimônio nacional. Agora querem privatizar a Petrobras, a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil para atender aos interesses do FMI. V. Exa disse muito bem: não podemos caminhar na mesma trilha que caminhou a  Argentina, que vendeu  a autonomia e a soberania nacional, teve um comportamento de “republiqueta” de segunda categoria. O Brasil não é uma “republiqueta” de segunda categoria e não pode se submeter  aos interesses do capital financeiro internacional e às diretrizes políticas do FMI. Como disse V. Exa., precisamos priorizar o investimento no capital produtivo, na produção e geração de emprego e no desenvolvimento social do nosso país. Muito obrigado.

 

   O SR. ELÓI PIETÁ - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR -  Nobre Deputado José Pivatto, agradeço seu aparte e concordo integralmente com suas considerações. Aproveito para abordar um tópico do seu aparte: a questão da ameaça de  privatização da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Vejam a insanidade desta proposta! Já se viu que a privatização da Vale do Rio Doce, das energéticas, das ferrovias, todas as privatizações realizadas não resolveram  o problema da dívida externa brasileira, do descompasso do orçamento entre os gastos e a arrecadação, o problema do déficit fiscal e agora querem  jogar empresas estratégicas como a Petrobrás nas mãos das grandes empresas internacionais de petróleo que submetem e dominam  a maior parte da produção petrolífera  mundial. É uma insanidade neste momento repetir o erro ! E isto ,apesar de ser tão insano, aparece nas propostas feitas, inclusive nos  editoriais do  “Estadão” e   da  “Folha de S. Paulo” defendendo as privatizações daquilo que resta de empresas de importância fundamental para o País e para a soberania  do Brasil. Então, a gravidade que vivemos está representada inclusive por propostas desse tipo. E a gravidade que vive a Argentina está representada  na proposta de   transformar o dólar norte-amenricano na moeda nacional do povo argentino. Então, nobres Deputados José Pivatto e Milton Flávio - uma grande liderança do PSDB - temos que efetivamente  aproveitar esta retomada dos trabalhos da Assembléia Legislativa para falarmos ao povo paulista e para o povo do País em nome do Estado de São Paulo, fazendo com o nosso esforço que as dificuldades devido  à doença do governador  sejam em parte supridas aqui pela atuação e presença da Assembléia Legislativa de São Paulo.

   Queremos também aproveitar este momento para lembrar  que no discurso do governador Mário Covas ele fez críticas ao governador Itamar Franco, de Minas Gerais, por ter decretado a moratória dos pagamentos de Minas ao governo federal e aos credores internacionais.

   Ora, vejam, estamos vendo nos jornais  que  há uma  possibilidade de que venha a ser adotada pelo governo Fernando Henrique Cardoso  a moratória de nossas dívidas internacionais. Quero ver como é que aqueles que criticaram veementemente o governo Itamar Franco   por não poder pagar  por ter recebido um estado sem condição inclusive de pagar o seu funcionalismo, um estado do porte e da importância histórica de Minas Gerais, com que cara as pessoas que criticam Itamar Franco, com que argumentos têm que admitir que uma das condições possíveis de o Brasil poder prosseguir  atendendo ao seu povo é a moratória, se necessário.

   Sr. Presidente e Srs. Deputados, estava aqui entusiasmado com  a minha fala e indignado com a situação, mas irei encerrar o meu discurso agradecendo a todos. Muito obrigado !

 

   O SR. JOSÉ PIVATTO - PT -  Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos até às 17 horas e 30 minutos para os líderes partidários poderem resolver e encaminhar os projetos a serem discutidos e votados na Ordem do Dia desta sessão.

 

   O SR. PRESIDENTE - CHICO BEZERRA - PMDB -  Tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado José Pivatto e suspende os trabalhos até às 17 horas e 30 minutos.

Está  suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 16 horas e 29 minutos, a sessão é reaberta às 17 horas e 34 minutos, sob a Presidência do Sr. Edmir Chedid.

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O SR. MISAEL MARGATO - PL -  Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - EDMIR CHEDID - PFL -  O pedido de V. Exa. é regimental, antes, porém, a Presidência convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, informando que a Ordem do Dia será a mesma da sessão de hoje.

   Está levantada a sessão.

 

 

* * *

 

   - Levanta-se a sessão às 17 horas e 34 minutos.

 

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