15 DE MARÇO DE 2002

2ª SESSÃO SOLENE DE LANÇAMENTO DO PROJETO JOVEM VOLUNTÁRIO - ESCOLA SOLIDÁRIA

 

Presidência: WALTER FELDMAN

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 15/03/2002 - Sessão 2ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: WALTER FELDMAN

 

LANÇAMENTO DO PROJETO JOVEM VOLUNTÁRIO-ESCOLA SOLIDÁRIA

001 - Presidente WALTER FELDMAN

Abre a sessão. Nomeia as autoridades. Informa que esta sessão solene foi convocada pela Presidência com a finalidade de lançar o Projeto "Jovem Voluntário - Escola Solidária". Convida todos os presentes para, de pé, ouvir o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

002 - MILÚ VILLELA

Presidente do Faça Parte - Instituto Brasil Voluntário, apresenta sua trajetória dentro do voluntariado. Explica as origens e propósitos do Projeto Jovem Voluntário - Escola Solidária. Anuncia a  exibição de um filme que ilustra o projeto.

 

003 - LUIS NORBERTO PASCOAL

Coordenador estratégico do Faça Parte - Instituto Brasil Voluntário, detalha o Projeto Jovem Voluntário - Escola Solidária. Coloca o protagonismo juvenil e o voluntariado como estratégia educacional do Brasil.

 

004 - AUGUSTO MOREIRA SANCHES

Aluno da Escola Superior de Propaganda e Marketing, fala de sua atuação como voluntário.

 

005 - DANIELE PEREIRA SILVA

Aluna da Escola Panamericana de Artes, fala de sua atuação como voluntária.

 

006 - LUIS NORBERTO PASCOAL

Afirma que a escola tem de ser a âncora das transformações da sociedade rumo ao estágio de igualdade e democracia.

 

007 - GUILHERME RAMOS

Universitário, fala de sua atuação como voluntário.

 

008 - RÔMULO AUGUSTO GOMES DANTAS

Estudante de Comunicação, fala de sua atuação como voluntário.

 

009 - JULIANA

Estudante, fala de sua atuação como voluntária.

 

010 - LUIS NORBERTO PASCOAL

Discorre sobre os resultados pretendidos pelo Projeto Jovem Voluntário - Escola Solidária.

 

011 - GABRIEL CHALITA

Secretário de Estado da Juventude, Lazer e Esporte, afirma que o jovem naturalmente tem um portencial para o voluntariado. Considera que a mudança de uma nação só se dá pela revolução das idéias, não da força.

 

012 - ESTER GROSS

Deputada Federal, Presidente da Comissão de Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados, sustenta que o que precisamos na Escola é a construção de pensamentos, que não pode prescindir do voluntariado.

 

013 - Presidente WALTER FELDMAN

Defende que qualquer proposta de construção de uma identidade nacional deve levar em conta que o Brasil é um país multirracial. Destaca a necessidade de propostas práticas a favor dos jovens e do voluntariado, como o Parlamento Jovem desta Casa. Agracede a todos os que colaboraram para o êxito desta solenidade. Encerra a sessão.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos, dando por lida a ata da sessão anterior. Quero registrar e agradecer as presenças do acadêmico Paulo Bonfim, nosso poeta, representando o Exmo. Sr. Desembargador Sérgio Nigro, Presidente do Tribunal de Justiça, da Exma. Sra. Ester Gross, nossa Deputada Federal do PT pelo Estado do Rio Grande do Sul, Presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, nosso amigo, jovem, Gabriel Chalita, Secretário de Estado da Juventude, Lazer e Esporte, nossa queridíssima Milú Villela, Presidente do Faça Parte do Instituto Brasil Voluntário. A Milú merece uma salva de palmas. (Palmas.) Todos os que estão aqui merecem uma salva de palmas, mas a Milú representa a todos nós.

Quero agradecer ao Sr. Luis Norberto Pascoal, coordenador estratégico do Faça Parte do Instituto Brasil Voluntário, nosso amigo, ao Reverendo Frei Betto, do Planejamento Estratégico do Faça Parte do Instituto Brasil Voluntário.

Srs. Deputados, minhas senhoras e senhores, esta sessão solene foi convocada por este Deputado, com a finalidade de lançar o Projeto “Jovem Voluntário - Escola Solidária”.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar, na figura do seu maestro, Sargento Ismael Alves de Oliveira, da 2ª Sessão da Banda do Corpo Musical da Polícia Militar. Quero agradecer ainda as presenças do Sr. Cláudio Damasceno, neste ato, representando nosso amigo Secretário de Estado da Cultura, Deputado Marcos Mendonça, do Sr. Angelo Oswaldo de Araujo Santos, Secretário de Cultura do Estado de Minas Gerais; nosso amigo Coronel Aliomar Martins Gago, neste ato, representando o General Albuquerque, Comandante Militar do Sudeste; Sra. Malú Montoro, do Colégio Santa Cruz, em nome de quem quero cumprimentar toda a Família Montoro.

Agradeço também as presenças da nossa amiga e artista, Sra. Patricia de Sabrit, Sra. Alcione Helena Bonner Campos, assessora do Secretário Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social, Sr. Valdir Cimino, do Viva e Deixe Viver Faça Parte.

Convido, neste momento, a Sra. Milú Villela, Presidente do Faça Parte - Instituto Brasil Voluntário, para fazer a exposição inicial deste evento.

 

A SRA. MILÚ VILLELA - Bom dia a todos. Amigo e Deputado Walter Feldman, Presidente desta Casa, Sr. Paulo Bonfim, grande amigo de velhos tempos, colega do meu tio, Sra. Ester Gross, que veio especialmente de Brasília, Secretário e amigo Chalita, companheiro de luta nos vários programas de juventude, Secretário de Cultura Angelo Oswaldo, vindo de Minas especialmente para este evento, autoridades presentes, amigos do Faça Parte, estrategistas Sr. Norberto Pascoal, Sra. Maria Lúcia e Frei Betto, todos amigos do Faça Parte, é com muito orgulho que estamos aqui nesta Casa Legislativa, a casa do Povo, para lançar uma nova etapa da luta pela cultura voluntária em nosso país.

Tenho um sonho desde criança que está em meu coração: ajudar a reconstruir este país, transformá-lo e amá-lo profundamente, com os exemplos deixados pela minha avó com várias obras sociais, pelo meu pai que pensava num Brasil grande, fazendo sempre projetos em todas as áreas, pela minha mãe que trabalhava ajudando várias associações.

Discutindo outro dia com nosso amigo Chico Pinheiro em como resolver o problema do Nordeste, lembrei-me de um padre que minha mãe ajudava dizendo como se fazia cisterna no Nordeste para resolver o problema da água. Foi nesse caminho de exemplos da minha escola, dos meus pais, da minha avó, que entrei nesse jornada de fé de construir um Brasil melhor, de participar, de estar engajada.

Formei-me em Psicologia Educacional pela PUC e, logo após, abrimos a Escola Caracol, introduzindo o método Piaget em São Paulo. Em parceria com a Prefeitura, abrimos o Centro de Juventude do Jardim Miriam e a Creche Despertar no Parque Dorotéia, onde trabalhamos há nove anos com muito afinco e paixão. Há cinco anos estamos no Centro de Voluntariado de São Paulo, com uma maravilhosa equipe já formada: Rose, Maria Amália, Adelaide, entre outras.

O Centro capacita e faz a ponte entre os que querem ser voluntários e as ONGs que deles necessitam. O time do Faça Parte brilhou no Ano Internacional do Voluntário, quando fizemos uma grande jornada pelo Brasil, percorrendo capitais, o interior, fomentando e difundindo esse trabalho voluntário. O Ano Internacional da ONU contou com 123 países e qual não foi a nossa surpresa quando lá fomos apresentar os resultados e vimos que o Brasil foi o país mais coberto pela mídia, o país que trabalhou com maior consistência e pedagogia.

Chegamos ao final do ano passado com conquistas extremamente importantes nessa nossa luta. Segundo pesquisas do IBOPE, passamos de um patamar de 20 milhões para 30 milhões de voluntários. Pesquisas da Datafolha dizem que 83% das pessoas acreditam que o voluntariado é uma arma estratégica importantíssima, fundamental, para o nosso país. Contribuímos muito para o amadurecimento de nossa vocação social neste país que tanto nos orgulha por nossa natureza privilegiada de norte a sul, de leste a oeste, e pelo nosso povo tão sofrido, combativo, sempre na esperança de um Brasil mais justo e mais eqüitativo.

Encerrada essa primeira fase de trabalho, estamos agora diante de um grande desafio, que é o de estimular a década do voluntariado, começando este ano pelos jovens voluntários. Minha presença hoje aqui tem o propósito de apresentar essa idéia central para uma mobilização, ao longo dos próximos meses, que terá êxito se contarmos com o apoio de todos vocês aqui presentes e dos não presentes, jovens, professores, diretores, ONGs, autoridades. O objetivo é contar com todos os segmentos da sociedade.

O Faça Parte elegeu os jovens como o foco central da iniciativa deste ano. O Projeto Jovem Voluntário Escola Solidária nasceu a partir da Carta de Foz de Iguaçu, onde estivemos, juntamente com 500 educadores, discutindo educação e assistindo relatos emocionantes e maravilhosos de jovens que faziam protagonismo juvenil, transformando suas comunidades. Isso nos levou a uma enorme emoção - até choramos - porque vimos a quantidade de pessoas fazendo tanta coisa.

Essa Carta de Foz se transformou numa verdadeira plataforma de estímulo e fomento ao trabalho solidário, envolvendo estudantes desde o ensino fundamental até o universitário. Contamos hoje com 80 milhões de brasileiros com menos de 25 anos no país. Um grande potencial em que vale a pena investir. Se conseguirmos aglutinar uma pequena parcela em torno de ações voluntárias, vocês imaginaram a mudança que haveria neste país? Esses jovens engajados em causas e lutando pela melhoria do país, transformando-se em adultos mais conscientes do seu papel social e preparados para se tornarem cidadãos do futuro.

Junto às escolas, o nosso papel é, simplesmente, estimular a difusão de conhecimento, oferecendo ferramentas, como textos, cartilhas, vídeos, promoção de seminários, debates e outras atividades, para viabilizar a idéia. O trabalho de transformar os jovens em agentes voluntários é uma missão de todos nós, direta ou indiretamente. Não podemos mais conviver com esse modelo de exclusão social que até aqui tem pautado a realidade do nosso país. Há mais de 50 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha de pobreza.

Colocando nossos jovens diante dessa realidade e motivando-os a lutar por transformações, estaremos abrindo um caminho para nova dimensão da cidadania neste país. Para dizer a verdade, é um resgate da cidadania. Isso vai influenciar muito na auto-estima de cada um, e esse projeto tem tudo para dar certo.

Não temos dúvidas de que o trabalho voluntário deixou de ser um simples ato de mera benemerência, como era no passado, para preencher o tempo. O ato voluntário veio para se transformar, efetivamente, em um instrumento de luta pelo resgate social, com amplo impacto político. Somos responsáveis pelo país em que vivemos. Cada um de nós tem o dever de fazer a sua parte.

Agora, quero convidar a todos para assistir a alguns minutos de um filme que ilustra o Jovem Voluntário Escola Solidária e nos traz importante depoimento do professor Antônio Carlos Gomes da Costa, um dos maiores educadores do nosso país que está nesse projeto conosco. Muito obrigada. (Palmas.)

 

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- É exibido um vídeo sobre Escola Solidária - Jovem Voluntário.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Muito bonito. Espero que todos tenham gostado. Quero anunciar ainda as presenças da Sra. Eloísa Coelho, Rio Voluntário; Sra. Roseli Cassia Ventrela e Sr. Rui Esteves Moreira, representando a Diretoria de Ensino Centro-Oeste; representantes do Colégio Augusto Laranja do Bom Vilares; Monja Koin, da comunidade zen-budista. A monja nos ajudou a colocar esse quadro pela paz, que ficará por definitivo na Assembléia.

Anunciamos também a presença dos representantes da Igreja Messiânica, o Johei, os jovens que, voluntariamente, fazem a energização com as mãos; representantes da Seicho-no-Ie; José Olintho de Tuero Vidofo, conselheiro do Portal Terra Networks.

Peço, agora, ao Luis Norberto Pascoal, coordenador estratégico do Faça Parte - Instituto Brasil Voluntário, que apresente o projeto. Em seguida, ele fará a apresentação dos jovens que darão seus depoimentos.

 

O SR. LUIS NORBERTO PASCOAL - Caro Deputado, quero parabenizá-lo pela sessão e cumprimentar todas as autoridades. É um prazer enorme dividir com vocês esse sonho, como bem a Milú falou, um sonho grande, um sonho que era utópico, mas não é mais, porque está tornando-se realidade na medida em que temos a participação de uma quantidade enorme de pessoas - jovens, crianças, pessoas simples, diretores de escola, políticos, autoridades.

Hoje, ouvindo o Deputado na coletiva que demos, foi muito emocionante observar que a sua própria história tem uma relação enorme com o que estamos falando, isto é, a questão da bandeira, da causa, a causa com alma; a alma que nos engrandece, que nos motiva, que nos energiza. Isso é muito bom.

Essa cerimônia, que teve uma participação enorme da Milú, do Frei Betto, na sua estratégia, na sua montagem, tem na minha vida, aos 55 anos, um peso extraordinário. É um marco, onde muitos dos meus sonhos podem-se realizar pela união de todos por essa causa, por essa idéia que veio justamente a pedido de uma escola nova que já se modifica no Brasil, no Tocantins, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Minas Gerais, que já vem dando o exemplo há muito tempo.

Nós não vamos fazer nada, a não ser - vocês terão oportunidade de ver - pedir àquela pessoa na sociedade que está com o projetor de luz, aquele grande holofote que colocamos nas pessoas que queremos, mude um pouco de direção e coloque a luz no jovem, naquele que faz a diferença, naquele que modifica a sociedade. Não vamos ensinar ninguém. Gostaria de dizer que nós nos aceitamos como eternos alunos, permanentes, como aquele que não tem luz, que precisa aprender todo dia para continuar sabendo alguma coisa. E aqui é um processo desse tipo. Vamos passar o primeiro slide.

 

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- É feita a exibição do slide.

 

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O SR. LUIS NORBERTO PASCOAL - O ano de 2001 semeou para 2002 algumas coisas importantes, como, por exemplo, uma nova significação da palavra “voluntário”. Hoje, muitos dizem que fazem parte de uma associação, que são voluntários em tal obra, em tal igreja. Isso não era uma coisa tão forte há dois anos.

Tivemos o apoio, e preciso deixar registrado, da mídia como um todo, ou seja, jornalistas, entrevistadores, cameramen, editores. É uma coisa gratificante. Houve jornais para os quais não pedimos nada que deram páginas o ano todo sobre a questão voluntária. Há um jornal que foi à procura de questões voluntárias para destacar, e só pudemos agradecer no final do ano, porque descobrimos depois que isso estava acontecendo.

É importante dizer que todas as autoridades ligadas à área da educação foram extraordinárias e nos ofereceram no final do ano esse Encontro de Foz, mencionado pela Milú, de onde saiu a Carta de Foz que coloca protagonismo juvenil e voluntariado como estratégia educacional do Brasil.

Temos de dizer também que o nosso Ministro da Educação, Paulo Renato, tem feito um trabalho nessa linha. Ele já estava atuando nessa área quando começamos e hoje nos dá uma declaração de adesão pessoal e do Ministério. Obviamente, o grande momento em dezembro foi quando todos os educadores juntos, de pé, participando de uma eleição coletiva, deram total apoio à Carta de Foz e ao que ela propõe, que é uma escola solidária, um jovem voluntário.

Nosso sonho não modifica. Quando a ONU teve a idéia do Ano do Voluntário o sonho era o mesmo, ou seja, que cada brasileiro - e aqui gostaria de fazer uma ressalva, não é o Faça Parte que vai fazer isso, é cada brasileiro; vamos acabar com a idéia de agente ativo, agente passivo, de paternalismo, do líder à criança mais simples, seja parte ativa da construção da nação que todos queremos, uma nação sem exclusão. Não temos mais como acreditar no futuro se não incluirmos todos.

O problema da pobreza, da miséria, não uma questão apenas estatística ou somente humana. É uma questão de nação, de sociedade, de orgulho. Como poderemos ser orgulhosos de uma nação que deixa 50 milhões excluídos? Temos de ter vergonha. Se todo brasileiro, com alguma chance de mudar, tiver vergonha na cara por essa exclusão, poderemos começar a encontrar saídas.

A missão também não mudou: promover a cultura do voluntariado em todas as esferas sociais privadas e públicas. Então, a escola vem, não muda nada e agrega? Que bom.

Continuemos. As convicções também não mudaram, mas ampliaram-se. O trabalho voluntário é importante para a transformação do Brasil. Provado por estatística. As instituições de ensino também têm sido grandes aliadas e mostraram que são parceiras fundamentais, estratégicas. Na mãos das nossas escolas passam os nossos jovens, que hoje precisam da escola mais do que no passado.

No passado, a mulher era dona de casa, era professora de todo dia. Hoje, a mulher tem de trabalhar, tem uma vida ativa, tem de ajudar no orçamento. Quem complementa os valores para essa criança? É a escola. Então, a escola também percebe que precisa mudar, precisa expandir, crescer. Aí, ela vem ao encontro desse objetivo e nos traz de presente essa máquina brasileira que tem hoje nas suas mãos 58 milhões de alunos.

O futuro está no jovem consciente e voluntário protagonista. Essa frase veio dos educadores do Brasil para nós. Educadores como Antônio Carlos e muitos outros que têm dito o seguinte: “Não se esqueçam. Não teremos uma nação se os jovens de hoje não se transformarem em protagonistas em pouco tempo.” Sem dúvida, depois de pesquisas de que 83% de todo Brasil acreditam que voluntariado é uma saída, todos querem fazer parte. Ninguém quer dizer que não é parte da nação. Todos querem ser parte do que dá certo. E nós queremos que todos façam parte daquilo que sonhamos.

Não vamos deixar de lado o que foi construído. Queremos fazer a década, por decorrência, a fé no voluntariado, um trabalho coordenado brilhantemente pelo Frei Betto, com todas nossas confissões religiosas. Tivemos oportunidade de ouvir pessoas brilhantes. A prova é a Monja dando uma demonstração extraordinária. Eram quase 10 mil pessoas no ginásio, durante várias horas, jovens. Saímos de lá com o coração leve, porque eles passaram uma grande energia pelo apoio que deram às pessoas que foram falar, pelo aplauso, pela disciplina.

Foi um evento marcante na nossa história e mostrou que a igreja, qualquer que seja, só vai adiante se tiver grandes jovens voluntários, que possam transformar a nossa crença em algo real. Como o Frei Betto recentemente escreveu, precisamos saber fazer acontecer, precisamos fazer acontecer as transformações. E o jovem é o grande energizador desse fazer acontecer.

Com relação ao meio ambiente - neste ano temos a questão ecológica, muita séria, aqui está o nosso vice-Presidente Roberto Klabin, é muito importante cuidar dele. Quando falamos em meio ambiente, pensa-se na Floresta Amazônica, mas eu pergunto: as nossas enchentes em São Paulo não são meio ambiente? O meio ambiente está ao nosso lado, na nossa casa, na nossa rua. É uma consciência, uma cultura de preservação, de desenvolvimento, da nossa vida, através de uma ecologia saudável, de uma ecologia protegida.

ProBono é uma idéia simples. A OAB concordou e hoje é a grande articuladora de outros ProBonos, que é uma instituição como a OAB, como a engenharia, a odontologia, cujo objetivo é construir mecanismos para que seus profissionais doem horas através de uma instituição e sejam agentes integrados na sociedade por meio das suas competências. Se tenho competência em odontologia, não adianta eu querer dar aula de Direito para a criança jovem, mas posso esclarecer sobre higiene e proteção bucal. ProBono pode expandir-se pelo Brasil todo.

Saúde. Não existe saúde sem educação, não existe educação sem saúde. Temos aqui também o nosso vice-Presidente o Valdir, que faz um trabalho lindo de leitura nos hospitais.

Qual é nosso grande tema, o projeto principal do ano? É o jovem voluntário, uma escola solidária. Essa escola solidária é a escola que vai crescer, que se vai tornar o centro das atenções da nossa sociedade. Não vamos fazer nada além do que a escola já faz, que é educar, mas vamos pedir que a sociedade dê à escola as atenções necessárias, a fim de que o jovem também tenha espaço para se transformar em um líder, desde os sete anos, desde a creche. Por que não essa troca de lideranças dentro da escola, acabando com a idéia de agente ativo e agente passivo? O professor se torna orientador e o aluno, professor.

Os conceitos do Faça Parte são simples. São jovens voluntários em uma escola solidária com pais e comunidade integrados a esse esforço, criando uma sociedade autônoma, democrática e cidadã. O jovem, nesse caso, não é o fim, mas sim o maior instrumento de uma sociedade moderna e democrática. Que esses jovens sejam os melhores profissionais, os melhores técnicos, os nossos melhores políticos, pois sem política não há democracia; sem democracia não há sociedade autônoma, não há cidadania.

Benefícios para o jovem. Como muito bem colocado pelo Professor Antônio, queremos um jovem consciente, autônomo, crítico e pró-ativo. Um jovem que faz parte, um jovem que possa fazer parte, que venha a fazer parte de tudo aquilo que seja parte do seu próprio futuro.

Para a escola, a melhoria do ambiente escolar, a conquista do respeito da sociedade, a valorização do educador. Quem não se lembra dos educadores que nos fizeram chegar aqui hoje? Quem estaria nesta sala não tivesse tido educadores especiais que extraíram competência que tínhamos e não sabíamos? Portanto, valorizar o educador e a escola como centro de referência do nosso país, melhorando a auto-estima dos mais idosos, dos líderes e da nossa sociedade.

Quem ganha com isso? A comunidade e os pais, porque todos esses movimentos aproximarão a escola da comunidade, os pais da escola, os pais dos alunos, e assim por diante. Isso construirá um novo olhar entre pais e filhos, e comunidade; pais e comunidade com formas e processos participativos; pais e comunidades juntamente com os jovens. É uma ponte de várias frentes, onde todos estarão juntos para construir uma comunidade melhor, ajudar o pai a aprender a ler e escrever, talvez; ajudar o pai a contar como se tornou um poeta, contando histórias no bar, sem saber ler e escrever; voltar o folclore que vem de baixo, que vem de Paulo Freire, que vem da realidade de cada jovem, da realidade dos medos de cada jovem. Que esses medos sejam levados para a classe de aula e que sejam debatidos para saber como consertá-los, eliminá-los ou trabalhá-los, por meio das próprias crianças. Pais e comunidade integrados nesse sonho, que também é nosso sonho.

Quero, neste momento, antes de passar para o benefício do Brasil, pedir que o Augusto Moreira Sanches, da ESPM, e Daniele Pereira Silva, da Escola Panamericana de Artes, viessem aqui para dar seus testemunhos nessa fase de comunidade-pais. Eles, alunos, falando para nós, ensinando-nos, e nós como alunos.

 

O SR. AUGUSTO MOREIRA SANCHES - Bom dia a todos. Eu me sinto tão nervoso quanto feliz, por estar contribuindo de alguma forma com a nossa pequena experiência. Eu trabalho no meio universitário, e lá podemos perceber que reflete bem o que está acontecendo com a juventude em geral.

Hoje em dia, a juventude tem conhecimento da exclusão social que impera em nossa cidade, sente-se indignada, portanto, motivada e disposta a ajudar. Nesse sentido, o Faça Parte entra como um caminho que aponta para uma solução viável.

 

O SR. LUIS NORBERTO PASCOAL - Fale do coração, esqueça o protocolo. Diga a energia que você tem.

 

O SR. AUGUSTO MOREIRA SANCHES - No começo, o que vi foram uma ou duas pessoas numa faculdade que, por impulso ou desejo, trabalharam no sentido de tentar mudar a realidade. O que é muito difícil no início. Com o tempo, vieram mais quatro, e hoje são 50 pessoas. Isso nos faz acreditar que, se cada um for a semente que o vento espalha, o sonho pode-se tornar realidade um dia, o sonho de construir um Brasil mais justo socialmente e que cada um de nós possa fazer parte desse processo de transformação. Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. DANIELE PEREIRA SILVA - Nosso instinto ativista vem desde o berço, quando aprendemos que cada um é responsável pelo seu próprio ato, ou seja, jamais coloque sua responsabilidade nas mãos do outro. Começamos a participar de grupos teatrais, de conselhos de escola até que nos envolvemos com o Grêmio Estudantil. Na época, o sentimento que pairava era que precisávamos mudar, criar, opinar. Nada mais justo.

Assim, começamos a nos portar como realistas e ativistas, propondo ao pessoal que cidadania é inclusão. Vimos então a necessidade de nos organizar melhor e fundamos a UJA - União dos Jovens em Ação - e, juntamente com outros jovens, a maioria também gremista, começamos a trabalhar com o intuito principal de conscientizar, levando em conta os objetivos político-culturais.

Por fim, adotamos a postura de que tudo que não é usado atrofia e desaparece. E não é isso que queremos. Resolvemos, então, colocar a mão na massa, ou seja, se você quer, você pode e você faz. (Palmas.)

 

O SR. LUIS NORBERTO PASCOAL - Aqui estão a Jackie e a Daniele. É muito bom receber essa energia. O que é o medo de nos enfrentar! Vamos ficando velhos e, realmente, vamos ficando amedontradores. Nós recusamos os jovens, esquecendo que nós também fomos jovens e seremos velhos. Está o exemplo. Esses jovens que falaram não deram para todos nós uma energia? É uma energia única que só pode vir de quem tem, de quem quer fazer.

Acredito que a chance de ter ouvido vocês foi maior do que qualquer outra. É reconfortante saber que nosso futuro, quando estivermos velhinhos, vai estar nas suas mãos. Vocês serão os nossos guias, as nossas estrelas-guias, como hoje a Milú é estrela-guia do Faça Parte, o Frei Betto é estrela guia da nossa fé, da nossa estratégia de todas as questões religiosas, o Dr. Walter, nosso querido Deputado, Dr. Chalita. Queremos ser guiados e vamos precisar ser guiados por vocês.

Benefícios para o Brasil. Uma nova realidade para a nossa educação. Aqui temos um problema. Estamos trabalhando com a escola e criticando a educação? Não. Ao contrário. Nós só estamos dizendo que ela tem de ser a nossa grande âncora. Um foguete para subir para o espaço não precisa daquele enorme facho de calor embaixo? Nós queremos ser essa energia. Só isso. Não queremos mudar a nossa escola. Queremos dar a ela a dimensão que merece. Queremos trabalhar esse processo em quatro dimensões.

A dimensão da escola pela escola, a escola como centro, a escola como construção, a escola como espaço público, a escola como espaço de respeito. O jovem crescendo, ajudando a escola e a comunidade. É a segunda dimensão.

A comunidade crescendo e ajudando a escola e o jovem. A última e maior das dimensões, a partir dessas três, seria todo o Brasil, todas as autoridades, ajudando a escola, o jovem e a comunidade, através de grandes leis, como as que são feitas nesta Casa, grandes projetos para que o Brasil se alinhe com as demandas da modernidade, as demandas em tecnologia, em valores, em ação comunitária, que sabemos ser fundamentais.

Como foi dito pelo Deputado, sabemos que o “apagão” jamais teria dado certo não fosse a sociedade participar. A dengue jamais será eliminada se não houver um processo educativo de todos. Com faremos isso sem a escola? Uma nova realidade para a nossa educação significa uma nova força estratégica em cima da escola.

Cidadãos preparados para fazer sua parte. Uma sociedade autônoma, democrática e cidadã, como vocês já perceberam. Qual é o problema maior do Brasil? Somos obrigados, às vezes, a ouvir críticas internacionais pela nossa falta de realização, pela nossa falta de determinação, pela nossa falta de capacidade de independência. Sabe por que isso acontece? Porque somos todos cúmplices de um país que compra coisas dos outros sem valorizar as suas. Nós valorizamos o vizinho e não nos valorizamos. Falamos bem da escola do outro sem dar atenção a nossa. Usamos o blusão da universidade americana, mas não usamos o blusão daquela que nos deu o ensino e a sabedoria.

Nós não estamos valorizando este país nem o nosso jovem. É hora de reverter esse processo, é hora da cultura do nosso sem xenofobia, da cultura do nosso bom, só colocando o holofote na beleza, no brilho, na nossa cultura educacional, na nossa cultura jovem.

Chamo agora Guilherme Ramos e Rômulo Augusto Gomes Dantas.

 

O SR. GUILHERME RAMOS - Tenho 21 anos, estou fazendo faculdade e trabalhando, além de realizar um trabalho voluntário. Parei por uns dois anos, porque não sou daqui, mas agora voltei. No tempo em que fiquei parado, não me senti muito bem, porque já havia começado alguma coisa e vi que precisava mudar. Eu, realmente, não me estava contentando com a situação. Está meio vergonhoso e eu não quero sentir vergonha. Eu quero sentir que posso fazer alguma coisa, e eu sei que posso isso. O pouco que eu fizer vai refletir nas outras pessoas e vai ser muito.

Estou trabalhando agora com jovens numa associação chamada ASA - Associação Santo Agostinho - na parte de computação. É interessante que eu vou para ensinar e aprendo muito com eles. Quando eu vou falar, eles começam a falar e eu fico escutando. Isso é tão gratificante que aquela hora que você doa parece que transforma o seu dia no melhor que você já viveu, não só com a crianças que estão lá como com as pessoas envolvidas, os funcionários. Eles o abraçam, na verdade. Se cada um fizer um pouco, poderemos andar de cabeça erguida. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. RÔMULO AUGUSTO GOMES DANTAS - Bom dia. Tenho 20 anos e sou estudante de Comunicação. Sou voluntário há mais ou menos sete anos e, há quatro, faço parte de uma instituição centenária aqui em São Paulo, Associação Cristã de Moços. Junto com outros jovens, desenvolvemos trabalhos na área de recreação, educação, de campanhas, como, por exemplo, agasalho, alimento. Visitamos creches e outras coisas do gênero.

Eu acredito que a sociedade é o que se constrói para si. Olho para o Brasil hoje e vejo que, apesar de alguns avanços, continuamos muito desiguais, muito injustos, e isso é vergonhoso. Eu olho para um jovem com a mesma idade que eu, com as mesma potencialidades que eu, mas, provavelmente, não terá as mesmas oportunidades que eu tive. Fico muito triste quando vejo uma criança com um saco de cola na rua ou puxando a bolsa de uma senhora. Vou fazer o quê? Esperar o Super Homem ou o Nacional Kid vir nos salvar? Não vamos, não é? Vamos colocar a mão na massa e mostrar que, com nosso trabalho, com nosso exemplo, podemos mudar essa sociedade para melhor.

Agradeço a oportunidade de estar aqui hoje no lançamento desse projeto, porque é possível enxergar uma forma de tantos outros trabalhos, como o desses jovens que vieram aqui, espalharem-se por todo Brasil em diferentes locais, em diferentes comunidades. O grupo do qual participo, por exemplo, foi fundado há 156 anos em Londres pela vontade dos jovens em mudar a situação em que viviam.

Desejo a todos que façam algum tipo de trabalho voluntário que se sintam tão felizes e realizados como eu. Obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. JULIANA - Bom dia. Eu realizo trabalho voluntário desde que me entendo por gente, pois o que entendo como trabalho voluntário são as nossas atitudes conscientes. A transformação começa aqui e se multiplica pelo mundo, na nossa comunidade.

Espero que todos procurem transformar suas idéias e multiplicá-las para construir e acreditar que podemos mudar a nossa realidade. Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. LUIS NORBERTO PASCOAL - Quero aproveitar essas falas para dizer uma coisa que esquecemos. Quando vemos hoje a Inglaterra com uma situação social positiva em boa parte, esquecemos que, há 150 anos, a Inglaterra vivia uma das suas piores fases sociais, pois a industrialização havia trazido as pessoas do campo para cidade; foram construídos guetos, havia situações inaceitáveis, problemas terríveis. E foi com um movimento de jovens, como ele bem mencionou, que começou essa transformação.

Por incrível que pareça, não foram os líderes que entenderam a mudança necessária, mas um grupo de jovens comandados por um líder que fez a grande transformação. A Inglaterra era um lixo. Tinha poder econômico, mas, socialmente, estava mal, e, recentemente, nos anos 60, trouxe, para a nação inglesa e para o mundo, fantásticas transformações, a partir do jovem, novamente.

É importante lembrar que as revoluções são feitas por jovens, as mudanças são feitas por jovens, e nós, líderes e adultos, sempre esquecemos que é por eles e com eles que vamos construir o futuro. Não precisa ser grande para ser voluntário, não precisa ser especial. É preciso ser somente alguém que quer melhorar o seu próprio futuro. Não há egoísmo nisso. Quem não tiver vontade de viver melhor e ser feliz não está saudável. Ser voluntário é querer ser melhor, é querer viver melhor, é querer um dia mais contente, é querer ser mais capaz, é querer vencer na vida de maneira melhor, ajudando aos outros e ajudando a si mesmo.

Como vamos realizar esse sonho? Temos poder para fazer alguma coisa de verdade? Mudar o Brasil? Qual é o único poder que temos realmente nas mãos? A nossa maior força é estimular as pessoas para o caminho certo. Primeiro, no mundo atual, ninguém obedece a ninguém a não ser que haja um problema de força. No mundo atual, precisamos consultar o respeito a uma idéia.

No Faça Parte, todos nós não queremos nada e não podemos nada exceto uma coisa: estimular. Estimular a mídia, estimular o jovem. Como estimular? Como fazer o sonho se tornar realidade? Aí, sim temos instrumentos de estimulação, mas nenhum verbo impositivo pode ser usado, porque tudo que você recebe de cima você rejeita por natureza, se você é um protagonista. Se você é um protagonista, você tem suas idéias. O que aceitamos sempre é aquela pessoa dizendo: “Vamos lá comigo. Eu estou fazendo um trabalho. Vamos juntos. Foi legal. Eu estou feliz.” É estimular. Esse é o nosso verbo estratégico. É mostrar as coisas bem feitas.

O nosso próximo slide é mapear e destacar os casos de jovens e escolas que são fantásticas nessa questão voluntária. Mapear por quê? Às vezes, descobrimos pessoas do nosso lado que fazem e nunca soubemos. É preciso destacar, sensibilizar o poder público, escolas, empresas, sociedade civil. Estimular a imprensa a ser a nossa aliada. Ela descobrindo. Eles não podem nos ligar pedindo que nós relatemos algum caso. A mídia tem uma ramificação enorme, uma capilaridade enorme de jornalistas, pessoas. Descubram vocês coisas bonitas e mostrem. É só um processo de pôr luz em quem faz e faz bem, que a sociedade per si irá mudar e se construir da maneira que gostaríamos e esperamos.

Formar uma rede de educadores e lideranças que farão a conexão. Vocês são parte dessa rede. Ninguém está aqui hoje se já não se sentisse integrado nessa rede. A senhora veio de Brasília para isso, porque trabalha nessa área. Não fazem parte da rede o Antônio Carlos, o Deputado, nosso querido Gabriel, todos nós? Isso é uma rede. Um rede viva, uma rede virtual, uma rede psicológica, uma rede filosófica? Não importa. Ela vai ganhando adeptos e crescendo na sua força de estimulação.

Os resultados pretendidos. Diretores que multipliquem o conceito de voluntariado na escola. Uma equipe escolar que estimule ações de voluntariado. Alunos que participem e treinem ações voluntárias. Famílias que motivem seus filhos. Comunidades e ONGs que interajam com a escola, que façam parte, que se sintam próxima e um poder público que construa pontes, que crie condições para que o voluntariado aconteça.

Um bom exemplo é a escola fechada no final de semana. A escola tem de ser aberta. Vai custar caro? Vai. Vai precisar de alguma melhoria, de algum outro controle, mas vamos negociar isso com a comunidade. É preciso que o poder público construa mecanismos onde a comunidade seja agente desse processo. Esta é a Casa, junto com o governador, que também tem feito coisas nessa linha, como Parceiros da Escola, Parceiros do Futuro. Não precisa alterar o orçamento, gastar mais dinheiro. É colocar o espaço mais adequadamente ocupado para que essa educação solidária aconteça.

Temos uma brincadeira que é a seguinte: a nação é uma grande engrenagem, complexa, com dentes. A escola também é. A escola é um desafio terrível e árduo. Como é que vamos fazer a nação e a escola girarem na mesma direção? Aí entra uma engrenagenzinha que somos nós, somos os “Edu-Comunicadores”, para fazer com que as duas grandes engrenagens virem na mesma direção, através da solidariedade e do trabalho.

Plano de ação: alianças macropolíticas como esta que está acontecendo hoje, que atingem o Brasil todo, o Estado todo, todos os nossos homens públicos que voluntariamente... se vocês pensarem no número de horas que o homem público trabalha e pelo que ele ganha, ele é muito mais voluntário do que profissional. Se você falar: “Ah, mas tem gente que não faz!” Tem gente que não faz e não vai ser eleito, quem faz vai ser reeleito porque trabalha muito e uma grande parte do trabalho é voluntária. Temos que fazer o micropolítico, eventos, mídia, casos, cidades, regiões, criar embaixadores em todos os meios, criar agentes de estimulação permanente, como se isso fosse o fogo da tocha olímpica; um fogo que não se apaga, o fogo da educação, o fogo do voluntariado, o fogo do protagonismo. E obviamente molecular, seriam os educadores que querem isso, fizerem uma rede e essa rede virar uma rede de edu-comunicação, seguramente nossas religiões também estarão envolvidas, nossos empresários estarão envolvidos porque ninguém quer ter vergonha como às vezes a gente passa. Todo mundo quer ser parte da construção e aí a gente consegue essa rede. Todos somos edu-comunicadores. A comunicação por uma educação de qualidade e de inclusão. O Faça Parte está na Paulista, mas está no Brasil. Qualquer pessoa que faz parte faz parte do Faça Parte. O nosso projeto é um sonho que agora tem todos vocês como nossos parceiros desta conquista que será, acreditamos todos, uma conquista para a Nação. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Tem a palavra o nosso jovem Secretário Gabriel Chalita.

 

O SR. GABRIEL CHALITA - Gostaríamos de cumprimentar o nobre Deputado Walter Feldman, Presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, a nobre Deputada Ester Gross, a nossa querida Milú Villela, Presidente e grande voluntária que vem articulando com muita garra e muita paixão todo esse trabalho em prol da construção de um país melhor, Paulo Bonfim e as demais autoridades presentes, Sr. Norberto, os alunos, os jovens, os líderes religiosos e educadores. O processo de solidariedade, o processo de voluntariado é algo fundamental para que cada um possa perceber a grandeza que possui e a necessidade de partilhar essa grandeza. E, o jovem naturalmente tem um potencial para isso, o jovem é aquele que não banaliza as coisas ruins que o cercam. É natural às vezes que as pessoas cheguem em um certo momento da vida e fiquem acostumadas com a paisagem ruim que vislumbram. A paisagem ruim pode ser a paisagem da miserabilidade, do analfabetismo ou da exclusão. E, as pessoas acabam se acostumando um pouco de tanto verem essas coisas. O jovem não. O jovem tem uma rebeldia própria de quem quer mudar o mundo, tem o sonho a flor da pele, tem paixão, tem luz, tem entusiasmo. É claro que têm pessoas que chegam aos 70 ou 80 anos e não perdem a juventude, continuam com essa mesma luz, com essa mesma vontade de transformação, com essa mesma crença do que podem fazer na construção de melhores dias. Como dizia Guimarães Rosa, alguns vivem de lamúrias e queixumes, acordam e reclamam de tudo, criticam, olham para a vida e olham para o mundo e não encontram muitas perspectivas do que fazer. Outros se lançam, outros olham para si mesmos e percebem o potencial que têm e como podem realizar esse sonho e esse projeto. E quando o voluntariado entra na escola, começa a grande revolução de idéias. A mudança de um mundo, de um país, de uma nação só se dá por meio de uma revolução. A revolução armada é uma possibilidade, só que ela corre o risco de tirar um ditador e colocar um outro ditador, a revolução de idéias é perene, é duradoura, porque ela transforma, comove, mobiliza, desenvolve e a escola não pode ficar à mercê disso. Se tivermos ainda a ilusão de que a escola existe para passar a informação, para passar conhecimento, ela pode ser substituída pelo computador; não tem mais a menor finalidade, a informação está toda disponibilizada. A escola é aquela que forma gente, com habilidade social, com habilidade emocional, com capacidade, com vontade de lutar, viver e desenvolver. A escola forma esta maiêutica com que sonhava Sócrates. Não é correto aquele mestre que acha que é o detentor do saber e despeja o seu saber sobre o seu discípulo, a maiêutica socrática era aquele parto de idéias que precisava desenvolver para que cada um pudesse colocar o que havia de melhor, a chamada educação significativa, a educação que leva as pessoas a um processo de enriquecimento por meio daquilo que ela faz, por meio do que ela desenvolve.

Está de parabéns este projeto. Acredito que escolas públicas e particulares precisam participar desse processo não só por aqueles que serão ajudados, mas para que possamos formar alunos com uma nova visão de mundo, uma nova visão de sociedade, uma nova visão dele mesmo, senão a gente corre o risco de ter algumas escolas até como centros de excelência, mas redomas de vidros fechadas, em que esse aluno não está preparado para a vida, não está preparado para conviver com a realidade, não está preparado para o sonhar e para o fazer. A escola, ao se transformar, transforma a nação. Parece discurso comum, mas não há nada que possa mudar um país, que possa mudar o estado, a não ser a educação, o processo da base. E dentro disso, o professor assumindo essa postura de voluntário também, essa crença de que professor como alma da escola transforma em vida a mente do ser do campo. Um grande abraço ao Presidente desta Casa, por abrir este espaço, por esta sessão, à nossa querida Milú, que vem fazendo uma peregrinação missionária neste País, na crença de que é preciso fazer parte do processo. Que todos façamos parte! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Este é Gabriel Chalita. Tem a palavra a nobre Deputada Ester Gross.

 

A SRA. ESTER GROSS - Cumprimentando carinhosamente a Mesa e os demais presentes, confesso a vocês que os convites são tantos em Brasília, que num primeiro momento pensei: “Será que devo mesmo ir a São Paulo?” E neste momento vejo que realmente deveria ter vindo aqui, porque acho que tem tudo a ver com o trabalho que venho fazendo e sobretudo a responsabilidade que assumo agora como Presidente da Comissão de Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados, durante 2002, para poder me associar a este trabalho e trazer uma contribuição a partir do que a gente vem elaborando a respeito da escola.

Indiscutivelmente a escola pode ajudar muito a sociedade, mas não a escola que temos. Realmente já pinto o cabelo de outras cores para dizer que por dentro da cabeça tenho idéias de muita mudança. (Palmas.) Na maioria das escolas existem professores que realizam trabalhos muito interessantes, mas a escola como instituição está ultrapassada. Quando o Gabriel dizia: “A escola não pode ser só transmissora de conhecimentos.” Em primeiro lugar, informação não é conhecimento. O computador realmente só dá elementos, mas o que precisamos na escola é a construção de pensamentos. Agora, a construção de pensamentos não existe sem afeto, sem desejo, sem voluntariado. Agora, essa escola que temos aí, realmente é uma escola que está ignorando conquistas fantásticas desse nosso milênio ou do final do século passado e a mais importantes delas e que é absolutamente revolucionária, é de que ninguém nasce inteligente, que a gente fica inteligente aprendendo e que todos podem aprender. O que vi de mais sensacional na comemoração dos cem anos de Piaget e Vigot, foi a demonstração cabal de que não há doença que impeça aprendizagens. Lesionados cerebrais sindrômicos genéticos, autistas, psicóticos, todos estão conseguindo aprender nas escolas e chegando até as universidades e pós-graduações. E o que farão então as pessoas que não têm esse tipo de comprometimento? Mas, que podem aprender se o ensino for modificado, se o ensino for uma provocação ou uma estimulação e não uma transmissão de conhecimento para que o aluno absorva, fixe e depois despeje na prova ou nos exames vestibulares ou o que seja. Conhecimento é realmente alguma coisa de muito forte e que dá sentido, dá tesão à vida e evidentemente que implica numa adesão da pessoa com tudo que ela tem de energia. Relembro das três etapas desse voluntariado na minha própria vida. Com 13 anos, havia umas senhoras da Ação Católica, em Santa Maria, que faziam um trabalho de saúde na Vila da Lapa, que ficava atrás do cemitério. Aos domingos elas iam trabalhar com as mães e as crianças não deixavam que trabalhassem. Então, elas nos pediram se não queríamos brincar com as crianças, que eram muitas, enquanto elas trabalhavam com as mulheres. E foi e passei lá não sei quanto tempo, todos os domingos, fazendo esse tipo de trabalho. Tenho certeza de que quem mais aprendeu e quem mais se beneficiou fui eu mesma. Mas esse é um trabalho extraordinário. Eu saio do meu ambiente e vou para um outro ambiente. Depois tive contato na Itália com a Escola de Barbiana, onde havia um apadrinhamento. Os alunos grandes eram padrinhos de um pequeno. Eram padrinhos para quê? Para ensinar. Uma vez por semana o grande se encontrava com o pequeno, para ensinar alguma coisa que o pequeno desejasse aprender. E nós instituímos isso em Porto Alegre, quando fui Secretária de Educação, alunos de 5ª a 4ª séries, que assumiam um apadrinhamento não só dos pequenos de 1ª a 4ª séries, mas de escolas infantis e do coração da própria escola para ensinar aquilo que a escola está se propondo a ensinar, mas mais do que isso, como na minha lide diuturna de pesquisadora da área da educação e construtora de propostas pedagógicas, hoje me dou conta que a escola ou tem um voluntariado dentro da sala de aula ou ela não ensina. Se os alunos não se percebem como um grupo e um grupo é como um corpo que precisa de todas as partes. Não tem essa de que uma parte é mais importante do que a outra. E se falta uma parte, todo o corpo sofre. É como se arrancasse o braço e não é só aquele braço que vai secar, mas o corpo todo perde sangue, perde vitalidade. E a aprendizagem é organizada pelo professor, para que os alunos interajam entre si e não o professor é que ensine a cada um dos alunos. Não vou fazer nenhuma ilusão, isso é um leve começo. Ainda precisamos caminhar muito para que efetivamente a escola seja esse lugar de voluntariado onde a aprendizagem se dá porque os alunos incitados a participar se organizando em pequenos grupos nas salas de aula a partir de uma eleição de líderes e de uma constituição de grupo, onde o que é convidado para vir ao grupo também aceita ou não aceita lá estar. A escola nunca vai ser a solução para todos os problemas sociais. Temos consciência de que ela é um pedaço do encaminhamento de soluções para resolução dos problemas da sociedade, mas a sua parte só poderá fazer se transformar-se radicalmente. E agora um detalhe bem prático. Fui Secretária de Educação e gostaria de dizer que abrir as escolas aos domingos para a sociedade não é uma solução. Agora, como Deputada, fiz várias emendas de orçamento para municípios que construíram ginásios de esporte, centros comunitários e tenho ido a essas comunidades e visto o quanto isso é importante. Construir um grande galpão com alguns recursos para esporte em que a comunidade tenha durante toda a semana e no fim de semana a possibilidade de se reunir e de crescer culturalmente como um grupo. Como secretária, eu quis abrir as escolas para a comunidade e o que acontece? Na segunda-feira, às oito horas da manhã, a escola tem que estar limpa, para os alunos começarem a estudar. Por outro lado, há tarefas que a escola deve desempenhar, desde a alfabetização de adultos, aprendizagem de adultos, outros tipos de aprendizagem de tipo escolar que ela poderá vir a fazer aos sábados e domingos, mas promover a reunião da comunidade, esporte na escola. Tínhamos ginásios de esportes ótimos, para onde as pessoas iam praticar esporte e fazer festas. Em primeiro lugar, a diretora não tem as atribuições de coordenar a escola, a não ser como diretora. Então, acrescentar ao trabalho da diretora mais uma responsabilidade de estar aos sábados e aos domingos - porque se ela não estiver a quem ela vai delegar o acompanhamento dessas atividades lá dentro. Concretamente, o que acontecia na segunda-feira? Os banheiros tinham seringas, camisinhas usadas, a escola realmente não estava preparada para a atividade escolar, além de uma série de outras dificuldades. É preciso que haja uma associação, como nesses centros comunitários que mencionei, que realmente coordenam essas atividades para toda comunidade. Sinto-me no dever de passar essa experiência, porque todas as pessoas acham que é um horror a escola ficar fechada aos sábados e domingos. Em primeiro lugar, ela pode se abrir e ela tem o que fazer na escola como atividade escolar, por conta das iniciativas dos próprios alunos, mas dou um depoimento de que há um equívoco em achar que a solução é abrir escolas para a comunidade no fim de semana, porque se a escola cumprir com o seu papel, ela já estará realmente aglutinando aquela comunidade. Por outro lado, sou amplamente favorável. Com qualquer cem mil reais as comunidades criam centros comunitários, ginásios de esporte, que desempenham durante todo tempo uma função muito importante nessa área. É claro que tenho toda uma bagagem de muitos anos nessa trajetória, mas em nome da Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Câmara, gostaria de estender as mãos ao Projeto Faça Parte e que possamos, em parceria, estudar concretamente como podemos ser úteis e eficazes. Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - O meu amigo Gabriel Chalita está dizendo que o Estado de São Paulo está construindo mais de mil quadras, exatamente para abrir a participação da comunidade.

Como a nobre Deputada Ester Gross abriu para uma brincadeira sobre o seu cabelo, gostaríamos de dizer que a Deputada Ester Gross é o Brasil e que o Brasil é a Deputada Ester Gross. O Brasil é multicolorido, multifacético, multicultural. (Palmas.) E, exatamente por causa disso nós criamos na Assembléia o Conselho das Comunidades de Raízes e Culturas Estrangeiras, que funciona, tem um museu com exposição de muitas obras. O Estado de São Paulo e o Brasil é um caleidoscópio, ele só existe porque muitas comunidades vieram para cá e deram a sua enorme contribuição, com toda sua visão de mundo, sua cultura, sua experiência, sua educação. Então, qualquer proposta de construção de uma identidade nacional tem que entender que temos uma origem indígena, negra, mas também de centenas de comunidades que precisam ser incluídas nessa nova compreensão, nessa nova identidade cultural. Então, continue com esse cabelo, porque V. Exa. nos representa muito bem.

Uma pesquisa divulgada ontem pelo Estado de S. Paulo fala que o Brasil é um país exuberante, alegre e solidário. Existe um convívio muito adequado com as comunidades. Concordo com isso, pois o Brasil é um exemplo de convívio multirracial, multi-étnico, multi-religioso. No Brasil, não há conflitos desse tipo. Somos o maior laboratório de experiência de convívio para um mundo. Temos muitas qualidades, não somos mais o país do carnaval, do samba e das mulheres bonitas - temos muitas - mas temos também outras qualidades. Hoje, o Brasil é um país estratégico, que planeja, que investe, que compreende o papel da educação. Como disse um jovem muito há a se fazer, mas muito já foi feito. Vamos seguir o caminho da construção coletiva e solidária.

Queria fazer algumas propostas práticas. Acho que Gabriel Chalita pode nos ajudar muito. Fazemos nesta Casa o Parlamento Jovem, que é um concurso feito nas escolas públicas e privadas. Os jovens apresentam um projeto de lei, 94 jovens em todo estado são escolhidos e em um dia eles se transformam em Deputados mirins. Eles falam, elegem o Presidente, discutem, debatem e os 94 projetos são votados e aprovados ou não. Queria combinar com vocês para virem, oficialmente, em novembro, para fazer uma exposição da escola solidária no Parlamento Jovem que nós vamos fazer no final do ano, para que possamos aumentar o estímulo dessa construção.

Gostaríamos ainda de fazer nesta Casa, neste ano, o Parlamento da Juventude. Escolheríamos 94 Deputados, com todas as entidades ligadas à juventude no Estado de São Paulo, para que possamos, durante um dia do ano, discutir as políticas públicas com a juventude no Estado de São Paulo. Com essa proposta, incluindo a Secretaria do Estado da Juventude e todo esse sistema de integração que estamos fazendo, daríamos um estímulo, um foguete muito grande para que muito mais gente participasse desse projeto. Vamos pensar nisso. Tenho discutido muito com Gilberto Dimenstein, que é uma figura extraordinária e que também defende a idéia dos créditos. Ele chegou a falar sobre isso, na sua entrevista, em Pernambuco. Essa idéia dos crédito poderia ser um adicional de estímulo muito bem pensado para que não seja apenas um instrumento em si, mas que também estimule a juventude a participar mais.

Gostaria que todos pensassem nessas propostas práticas, para a gente pensar já a partir desta sessão solene. Do contrário, fica uma coisa bonita, nobre, mas que não cria novos estímulos e novos instrumentos para o nosso crescimento.

Vou pedir mais cinco minutos. Cometi um desatino de escrever um pensamento, o qual gostaria de ler, pois me parece que está muito condizente com a sessão que estamos realizando.

“Ao analisar a sociedade contemporânea que acabava de nascer sobre as cinzas da tirania, o pensador e diplomata francês Alex, que o Presidente Fernando Henrique gosta muito, enxergou dois problemas estruturais das sociedades democráticas que poderiam no futuro trazer de volta o despotismo agora sob uma nova máscara. A primeira contradição em tela do sistema democrático, era uma resistência numa tendência ao individualismo.” E isso foi escrito há um bom tempo atrás. Escreve ele em um dos capítulos finais da democracia na América: “Procuro descobrir sob que traços novos o despotismo poderia ser produzido no mundo. Vejo uma multidão inumerável de homens semelhantes e iguais que sem descanso voltam-se sobre si mesmos à procura de pequenos e vulgares prazeres com os quais enchem a sua alma.” Mais adiante: “Cada um deles, afastado dos demais, é como que estranho ao destino de todos os outros. O restante de seus concidadãos está ao lado deles, mas não os vê, toca-os, mas não os sente, existe apenas em si e para si. Esta é a primeira contradição estrutural de natureza fatal que o diplomata Alex vê nos regimes democráticos. A outra é que, ao destruir a aristocracia transformada em oligarquia, a democracia teria se privado de pessoas fortes, cuja autoridade e poder não dependem do estado, mas existem independente dele. Uma nação não pode ficar muito tempo forte quando cada homem é individualmente fraco. Enxergava na organização da sociedade civil um sucedâneo da aristocracia, sem os seus inconvenientes, injustiças e privilégios, ao se associarem, os cidadãos formavam entidades, que tal como a velha aristocracia, não poderiam ser oprimidas com facilidade, nem em segredo pelo estado e reforçariam as vozes dos indivíduos, fazendo com que elas fossem ouvidas pela nação. Uma associação política industrial, comercial, mesmo científica ou literária é um cidadão esclarecido e poderoso que não se conseguiria se curvar à vontade, nem oprimir as ocultas e que, ao defender seus direitos particulares contra as exigências do poder, salva as liberdades comuns.”

Esta é uma compreensão antiga do presente. Vivemos exatamente isso. O voluntariado não é uma opção a mais para a juventude, mas a saída para a construção de uma sociedade poderosa, democrática e forte.

Quero agradecer a presença de todos, convidá-los para um coquetel e dizer ao Luis Norberto e à Milú Villela, em nome de todos os Deputados estaduais desta Assembléia, muito obrigado. (Palmas.)

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 11 horas e 57 minutos.

 

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