07 DE MARÇO DE 2003

2ª SESSÃO SOLENE DO PERÍODO ADICIONAL EM HOMENAGEM AO "DIA INTERNACIONAL DA MULHER"

 

Presidência: ROSMARY CORRÊA e MÔNICA BECKER

 

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida Ata da sessão anterior.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Esta Presidência dá por lida a ata da sessão anterior e gostaria de nomear as autoridades presentes: Deputada do PMDB, Mônica Becker, minha colega; Maria Aparecida de Laia, Presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina; Tereza Cristina Sobral Bonilha, professora; Coronel PM Laudinea Pessan de Oliveira, representando o Comandante-Geral da Polícia Militar, Coronel PM Alberto Silveira Rodrigues; Dra. Maria Tereza Gonçalves Rosa, Delegada titular da 1ª DDM; Sra. Francisca Bittonti Corrêa, minha mãe; Sra. Urânia Becker, mãe da Deputada Mônica Becker; Sra. Neusa Mary Rossi, advogada; Sr. José Ferreira da Cunha, vereador à Câmara Municipal de Caçapava; Vereadora Reinalma Montalvão, vereadora de Caçapava; Sra. Maria Irene Mangini, Presidente da Associação dos Voluntários do Hospital do Mandaqui; Sra. Aparecida Bacarine Lobato, esposa do Presidente do Rotary Club de São Paulo-Norte, meu clube rotário; Sra. Jane Batista, Associação de Jornalistas e Escritoras; Sra. Geni Pires de Camargo Prado, Associação de Jornalistas e Escritoras; Sra. Maria de Lourdes de Faria Marcondes, representando a Presidente da Associação Cristã Feminina, futura presidente dessa entidade; Sra. Marines Campos, Jornalista; Sra. Ieda Villas Boas, nossa querida e sempre adorada funcionária, nosso braço direito da Assembléia Legislativa; 1ª Tenente Heloísa representando o Centro Odontológico da Polícia Militar do Estado São Paulo; Sra. Marina Figueiredo Freitas, Sr. Washington Teles de Freitas e minha amiguinha Bárbara Figueiredo Freitas, que vocês vão conhecer ao final e que também são rotarianos.

Convido todos os presentes para, em pé, ouvirmos e cantarmos o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É entoado o Hino Nacional.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORREA - PMDB - Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar.

Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Celino Cardoso, atendendo a solicitação minha e da Deputada Mônica Becker, com a finalidade de comemorar o Dia Internacional da Mulher que vai acontecer amanhã.

Este mês de março para nós, mulheres, é uma data muito importante. Talvez muitas nem tenham ainda conhecimento do significado desse dia, por que é que se comemora o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.

Eu gostaria de, rapidamente, dizer a vocês que, em 1857, algumas operárias de uma fábrica têxtil em Nova York, resolveram fazer um movimento para reivindicar melhores condições de trabalho e também um salário mais digno para elas. E fizeram então, pela primeira vez, uma movimentação de mulheres, para exigirem os seus direitos. O que aconteceu, então? O dono dessa fábrica trancou essas mulheres - cerca de 150 -, dentro da fábrica e ateou fogo à fábrica. E essas mulheres morreram queimadas dentro da fábrica. E esse foi o primeiro movimento reivindicatório feminino.

Mais tarde, se não me falha a memória, em 1922, numa convenção de mulheres que acontecia também nos Estados Unidos, resolveu-se criar um Dia Internacional da Mulher. E foi lembrado esse fato trágico acontecido com essas primeiras mulheres que ousaram reivindicar melhores condições de trabalho e salários mais dignos. Foi estabelecido então que o Dia Internacional da Mulher seria o dia 8 de março.

Esse é o motivo da comemoração, no dia 8 de março, do Dia Internacional da Mulher. É uma lembrança triste, sem dúvida, mas é muito emblemática, muito simbólica, pois ela acaba lembrando do primeiro movimento reivindicatório feminino. E nós temos que ter sempre isso na lembrança porque nós, mulheres, sabemos das dificuldades que enfrentamos no nosso dia-a-dia e na nossa carreira profissional. Sabemos dos obstáculos que temos que ultrapassar a cada dia, dentro de nossa própria casa, muitas vezes, e quando resolvemos alçar vôos mais altos, tendo uma profissão, saindo para o espaço público, para conquistar o nosso emprego, a nossa ascensão profissional.

Hoje eu diria que temos, sim, muito a comemorar. Eu ouço, nessa época, várias pessoas porque a mídia se preocupa neste momento com a comemoração do Dia Internacional da Mulher, e muitas mulheres são entrevistadas. Eu ouço muitas mulheres dizendo que nós não temos nada para comemorar, que a nossa luta continua, que nós continuamos na mesma situação de muitos anos atrás.

Eu não concordo com isso. O simples fato de estarmos reunidas, o simples fato de podermos estar discutindo os nossos problemas e as nossas dificuldades já é uma demonstração de uma vitória, de um progresso, de uma evolução. Há que se dizer, reconhecer a evolução da mulher nesses anos todos. Hoje a mulher é a que mais se forma nos bancos universitários. Muito mais do que os homens, as mulheres acabam tendo um diploma de curso superior, mercê da sua luta, da sua persistência, da sua vontade de sempre procurar estar dentro da sociedade, estar sempre se aperfeiçoando e se evoluindo.

Temos hoje, principalmente no tocante à violência contra a mulher, mecanismos que, se não estão como gostaríamos que estivessem, dando a resposta à altura do que as mulheres necessitam, existem e são sem dúvida o canal oficial aberto para que as mulheres possam fazer suas denúncias e encontrar ajuda: a Delegacia de Defesa da Mulher.

Os movimentos, o Conselho Estadual da Condição Feminina, cuja presidente se encontra aqui ao meu lado, têm um trabalho maravilhoso em todos os segmentos profissionais da vida da mulher. Nossa luta, nosso trabalho, nosso atendimento na área da saúde, a nossa inserção na política. E hoje vocês vêem aqui duas deputadas estaduais desta Casa e eu caminhando para o meu quarto mandato, já há 12 anos nesta Casa, caminhando para mais quatro anos. Isso nós podemos dizer que é uma vitória. Nós temos que nos sentir vitoriosas. Nós temos que nos alegrar nas comemorações do dia 8 de março.

Existe um bordão muito usado, às vezes, pelas mulheres: o ideal, vai ser muito bom o dia que nós não tivermos que comemorar o Dia Internacional da Mulher. Mentira, gente! Nós temos que comemorar, sim, o Dia Internacional da Mulher. É um momento em que eles se lembram de nós. E eu vou ficar muito feliz o dia em que comemorarmos o Dia Internacional da Mulher com aquela galeria lotada de homens, que venham aqui para discutir conosco as nossas dificuldades e os nossos sucessos. Nós temos que fazer um movimento no sentido de não discutirmos mais os nossos problemas e os nossos progressos apenas no nosso ambiente feminino.

Temos que discutir porque conhecemos os nossos fracassos e os nossos sucessos e não precisamos discutir entre nós. Queremos inserir os homens nessa discussão e que eles discutam conosco os nossos fracassos e os nossos sucessos, que eles sejam os nossos parceiros nas vitórias e nas lutas para que, juntos, homens e mulheres, possamos construir um futuro melhor.

Então, eu queria dar as boas-vindas a todas as nossas amigas presentes e dizer que para mim e para a Deputada Mônica é um prazer contar com vocês aqui, neste dia, tão importante para nós. Não nos importa a quantidade, mas a qualidade das amigas que temos aqui, formadoras de opinião, pessoas que vão levar a nossa mensagem para as outras áreas, para as outras plagas, que vão estar aqui comemorando este dia maravilhoso de alma e de coração juntamente conosco.

Obrigada a vocês por terem vindo. A Deputada Mônica e eu esperamos que vocês se sintam em casa e que gostem desta singela homenagem que esta Assembléia Legislativa quer prestar a todas vocês.

Muito obrigada.( Palmas).

Gostaria de anunciar também as seguintes presenças: da médica Dra. Albertina Takiuti; do deputado estadual eleito Bispo Gê; da Sra. Anita Schuartz, membro da Comissão Estadual Parlamentar das Comunidades Estrangeiras; da D. Márcia Cristina Chake Avedisian, da Comunidade Armênia, vice-presidente social do Conscre; de Katerina Siliverstov, Secretária da Comunidade Russa; Ekaterina V. Bernasovkaya Pronin, secretária do Círculo Cultural Russo Nadejda; D. Rita Blasioli Costa, diretora-secretária do Comitê dos Italianos no Exterior. Sejam muito bem-vindos, é um prazer recebê-los em nossa solenidade.

Quero que fiquem registrados os nossos agradecimentos ao maestro da 2ª Seção da Banda do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo, 2º Tenente Músico PM Davi Serino da Cruz. Muito obrigada a V. Sa. e a todos os músicos que nos brindaram com o nosso Hino Nacional.

No decorrer da solenidade, iremos anunciar os nomes de companheiras e amigos que nos visitam hoje na Assembléia Legislativa. Gostaria de dizer também que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela nossa TV Assembléia.

Prometo que depois arrumarei uma fita gravada para que vocês possam assistir com tranqüilidade a nossa sessão solene, que está sendo transmitida ao vivo a todos os telespectadores. Queremos mandar o nosso abraço muito carinhoso principalmente às nossas telespectadoras que estão nos assistindo e felicitá-las pelo Dia Internacional da Mulher.

Concedo a palavra à minha companheira, nobre Deputada Mônica Becker.

 

A SRA. MÔNICA BECKER - PMDB - Quero agradecer e parabenizar a presença de todas as mulheres presentes e dos homens também em nome da Deputada Rosmary que me tem dado uma força muito grande. Estou assumindo a Assembléia por 45 dias e ela foi uma das poucas mulheres que me deu muito carinho e ensinou-me muitas coisas. Ela já foi deputada com meu marido e me acolheu realmente como mulher e amiga, pois são poucas as que fazem isso hoje. Então, quero parabenizá-la e agradecer-lhe.(Palmas).

Usei poucas vezes esta tribuna e às vezes até por medo, porque ocupei vários cargos mas é o meu primeiro cargo eletivo. Fui eleita em 1998 com 39 mil votos, mas não pude assumir. Hoje estou aqui num dia que acho muito importante, o Dia das Mulheres. Homenagearei algumas mulheres que acredito serem muito importantes e que me ajudaram a chegar aqui. Antes gostaria de deixar uma palavrinha que saiu do meu coração para todas as mulheres aqui presentes:

"Metade vítimas. Metade cúmplices, como todo mundo".

Com esta frase, o filósofo Jean-Paul Sartre epigrafou o livro: O Segundo Sexo, escrito por sua companheira Simone de Beauvoir. E, talvez, como ninguém, ele traduziu aquilo que, na minha opinião, acontece com a Mulher, na sociedade de hoje.

Não há como negar que boa parte de nós procura, cada uma em sua atividade, agir em favor de mais igualdade jurídica, social e individual para essa histórica "Vítima" da sociedade masculina.

Graças a essas lutas cotidianas, são cada vez mais raros os episódios como aquele do trágico assassinato das trabalhadoras, no dia 8 de março de 1857, em Nova York. Entretanto, assassinatos menos espetaculares, mas igualmente cruéis, continuam a acontecer.

O Supremo Tribunal da Nigéria acaba de ratificar a sentença de morte por apedrejamento da nigeriana, Amine, alterando a data da pena para daqui a um par de meses como "permissão do aleitamento" ao seu filho. Mais tarde, será enterrada até ao pescoço e apedrejada até a morte.

Entre nós, cristãos e civilizados, a cada fim de mês, milhões de mulheres, que cumprem religiosamente duras jornadas de trabalho fora de casa, são sentenciadas a receber menos 30% do que recebem seus colegas de trabalho do sexo masculino, apenas por serem mulheres. Essa porcentagem aumenta, quando as trabalhadoras pertencem a etnias diferentes daquela das elites,

Fora do dia-a-dia do trabalho, dentro dos seus lares, milhares de esposas e companheiras são espancadas.

Não resta dúvida, nem ao mais míope dos observadores, que essas mulheres são, de fato, vítimas da sociedade injusta que ainda prevalece em todo o mundo, mesmo as estatísticas mundiais revelando, como estão, que as mulheres já são maioria, em inúmeras sociedades, a nossa inclusive.

Entretanto, nos partidos políticos, nos cargos de chefia, nos parlamentos, nós ainda representamos tristes minorias. Aqui, dos 94 deputados, apenas 7 são mulheres. E, nesse caso, não há como negar a cumplicidade. Porque não militamos politicamente. Não nos aperfeiçoamos profissionalmente. Não disputamos tão maciçamente eleições.

Nada nos impede de participar, apenas não participamos. Ou nos submetemos ao que determinam os maridos e companheiros, os chefes e os partidos políticos.

Concordar é ser cúmplice! Ou é a admissão de uma inferioridade que não existe, a não ser nos códigos do machismo.

Não faço nenhuma pregação contra os homens – até porque boa soma deles é também vítima e cúmplice do status quo.

Faço, sim, um apelo à tomada de consciência da mulher, para que participe mais dos movimentos e instituições que lutam pela igualdade social. Que se prepare para a disputa. Que não aceite as premissas machistas, muitas das quais utilizam o falso endeusamento da mulher, para subjugá-la ou colocá-la em plano inferior.

Façamos, pois, deste 08 de março de 2003, o dia-a-dia da mulher. Deus nos deu o dom da maternidade, a sabedoria da condescendência e a força do amor, para que cheguemos a um relacionamento mais igualitário com nossos irmãos, os homens.

Usemos essa santíssima trindade. Em nome da nova mulher e da nova sociedade.

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Gostaria de anunciar as presenças da Sra. Ana Patrícia Carleto, coordenadora da Juventude, representando o Secretário de Estado Juventude Esporte e Lazer, Lars Grael, da Dra. Míriam Batista Ferreira, que representa o Delegado-geral da Polícia, Dr. Marco Antônio Desgualdo. Dra. Míriam, peço-lhe que suba até a Presidência. Gostaria de mandar um beijo e anunciar a presença da minha amiga, Elisa Guerra Malta Campos, do Comitê Internacional da Paz, que atua junto à ONU. Com certeza precisamos muito de paz agora. Muito obrigada pelas suas presenças.

Gostaria de fazer um intervalo musical porque nós, mulheres, merecemos. Somos sensíveis e gostamos de coisas belas, de músicas belas e de belas apresentações. Belas apresentações, com certeza, nós teremos agora, com o coral que está sempre aqui conosco, em todas as solenidades, sob a regência do maestro Marcelo Recski, que vai entrar agora, e nos brindar com algumas músicas. Peço uma grande salva de palmas para os nossos amigos. (Palmas.)

Serão apresentadas as músicas "La Madre Tierra", folclore do Peru; "Eimini", folclore da Irlanda; "Coro das Maçadeiras Vinho", folclore de Portugal; "Clara e Ana", arranjo do maestro Marcelo Recski; "Pela Luz dos Olhos Teus", de Vinícius de Moraes, também arranjo do maestro e Watashi, de autoria de Gerard Ganbus.

 

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- São feitas as apresentações musicais.

 

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O SR. MARCELO RECSKI - Sra. Presidente, é a segunda vez que estamos na Assembléia - estivemos aqui no ano passado - e é muito bom, principalmente no dia de um ser tão especial que é a mulher. Fizemos este programa somente para vocês mulheres: a primeira música é Mãe Terra, a segunda, Einini, uma música irlandesa; a terceira, uma música de trabalho portuguesa, as duas seguintes, são brasileiras, e a última, um sambinha japonês.

Queremos agradecer pelo convite e, sempre que nos chamarem, viremos.

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Maestro, o seu coral não pode faltar nunca, em nenhuma solenidade que esta deputada presida nesta Casa. O senhor é parte integrante das nossas sessões solenes. Eu agradeço de todo coração a presença de vocês. Vocês são donos desta Casa, e queremos que vocês estejam sempre aqui conosco. Tivemos momentos maravilhosos, graças a vocês.

Todas vocês merecem homenagem, mas não seria possível falar de cada uma porque o tempo não permitiria. Assim, Dra. Mônica e eu escolhemos algumas mulheres para representá-las. Homenageando essas mulheres, quero que cada uma se sinta homenageada.

A Deputada Mônica falará sobre a primeira homenageada.

 

A SRA. MÔNICA BECKER - PMDB - Eu pediria à Tereza que se levantasse para que todos soubessem quem estou homenageando.

Minha querida Tereza Cristina, pensando em homenageá-la neste Dia Internacional da Mulher, procurei, nos exemplos das grandes mulheres da História, uma com quem eu pudesse compará-la.

Encontrei muitas que haviam sido bravas guerreiras, como Anita Garibaldi, hoje popularizada numa série de televisão. Encontrei companheiras de grandes homens, como Eleonor Roosevelt, a primeira-dama dos Estados Unidos, nos tempos de reconstrução daquele país e da democracia no mundo. Encontrei outras que exerceram papel importante nas Ciências, como Madame Curie. E tantas outras.

Mas faltava à biografia dessas valorosas mulheres um cotidiano de simplicidade, de bondade, de amor ao próximo - gestos que marcam sua vida desde quando me lembro por gente, a quem sua simplicidade, sua bondade e seu amor tanto me ajudaram.

Por isso, minha querida Tereza, neste Dia Internacional da Mulher, fecho as páginas dos grandes registros e abro meu coração, para homenageá-la, sem outras comparações.

Obrigada por existir.

Obrigada por ser a mulher simples, amorosa e solidária, que você sempre foi e continua sendo.

Muito obrigada Tereza por tudo que você fez por mim. Você representa a mulher, a bondade, a dona de casa, a professora. Aprendi muito com você.

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Tereza, venha receber sua placa e tirar fotografia. Chorando, é mais bonito ainda.

 

A SRA. MÔNICA BECKER - PMDB - Nós somos assim. É preciso chorar, colocar as emoções para fora. A mulher, às vezes, é dura, mas, às vezes, chora.

Isto aqui, Tereza, é uma lembrança minha e da Deputada Rose por tudo que você é e representa para as mulheres.

 

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- É entregue a lembrança.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Agora, eu gostaria de fazer a minha homenagem a uma mulher que considero uma profissional brilhantíssima. Ela formou-se na Universidade São Paulo e trabalha há 17 anos no “Jornal da Tarde”.

As suas reportagens são sempre na área investigativa e ela sempre procura ver o cotidiano da mulher em todas essas áreas. Uma vez, ficou “presa” na carceragem de um Distrito Policial por uma semana, para participar e ver como era a vida no dia a dia das presas.

Já vestiu também uma farda da Polícia Militar e saiu em ronda, durante uma semana, nas viaturas para também conhecer o cotidiano da mulher policial, que deixa seus filhos em casa e tem suas atribuições familiares. Aqui fora, envergam essa farda, da qual têm muito orgulho, desenvolvendo todas as atividades para dar maior segurança a nossa população.

Para fazer suas matérias, já foi a favelas, bairros de periferia, procurando entender o que leva, principalmente, a garota da periferia a sentir-se tão poderosa quando namora o grande traficante ou ladrão da área. Ela freqüentou esses lugares para conhecer de perto e colocar nas suas matérias esse cotidiano.

É uma mulher que sempre se pautou pelos padrões éticos no jornalismo, coisa que está faltando na imprensa em geral. A nossa homenageada sempre se pautou por esses padrões.

Ela não se lembra de determinado fato, mas vou dizer a ela agora.

Em 1985, quando a primeira Delegacia da Mulher começou a funcionar - só funcionava de segunda a sexta-feira -, uma das nossas investigadoras foi agredida pelo marido. A imprensa, que cobria todo o trabalho da Delegacia da Mulher, logo tomou conhecimento e começou a telefonar para saber por que ela foi agredida e não foi à Delegacia da Mulher. Era um sábado e a Delegacia da Mulher não funcionava. Marinês me ligou e disse: “Dra. Rose, eu soube disso. O que aconteceu?” Eu falei: “Marinês, o pessoal não está lembrando que a Delegacia da Mulher não trabalha aos sábados e domingos. Foi só por esse motivo que essa nossa companheira não foi a uma Delegacia da Mulher para fazer a sua queixa.” Marinês disse: “Está bem. Não vou fazer esta matéria. Não vou publicar nada.”

Desde há muito conheço a Marinês, a sua forma de ser, a sua maneira de ser. É uma pessoa que admiro muito como profissional, como mulher, como amiga. Gostaria de chamar para receber a nossa homenagem - minha e da Deputada Mônica Becker - a jornalista do Jornal da Tarde Marinês Campos. (Palmas.)

 

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- Assume a Presidência a Sra. Mônica Becker.

 

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A SRA. PRESIDENTE - MÔNICA BECKER - PMDB - Bem, agora vou homenagear. As minhas homenageadas foram todas surpresa. A única foi a Dra. Albertina, que tivemos que convidá-la, mas a Neusa não sabia. A Neusa é uma grande amiga, batalhadora, advogada que sempre nos deu força. É uma mulher alegre, feliz e vou tentar relatar, em poucas palavras, o que ela significa. É realmente o símbolo da mulher que lutou sozinha na vida e luta até hoje.

A cada ano, o Dia Internacional da Mulher vem ganhando novos significados, na medida em que a mulher amplia o espectro de sua atuação na sociedade. A Dra. Neusa Mary Rossi, a quem homenageio, resume bem o que significa a mulher ampliando sua atuação na sociedade. Professora primária, dedicada, Neusa Rossi não se bastou no exercício do magistério. Formou-se advogada, atuando nas áreas cível, administrativa e tributária. Sua aplicação lhe valeu a cadeira de Direito e Legislação no curso de Secretariado e Contabilidade das Escolas Padre Anchieta. Vocacionada para a vida pública, atuou como assessora jurídica nas Prefeituras de Jundiaí, Campo Limpo e, atualmente, Várzea Paulista. Seu espírito alegre, porém, extrapola os severos limites do exercício profissional, razão por que Neusa Rossi, deixando de lado as posses oficiais, é também uma mulher alegre, apreciadora dos prazeres de uma roda de amigos, onde se destaca, inclusive, como cantora. É a essa mulher, polivalente, que presto minha homenagem, certa de que homenageio um ícone da mulher dos novos tempos. (Palmas.)

 

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- Assume a Presidência a Sra. Rosmary Corrêa.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Nasceu em São Paulo, passou a infância e a adolescência na Vila Maria, é casada há 38 anos, tem quatro filhos e cinco netos. Pinta maravilhosamente bem. Adora fazer palavras cruzadas e também adora literatura espírita. O marido dela, Valdir Marino Lobato, que é Presidente do meu Rotary Club, fez questão que se dissesse aqui que ela é PHD na cozinha. Ele não abre mão, nunca, do PHD que ele tem na cozinha. E mandou uma mensagem que, com certeza, também expressa o nosso sentimento: ele a ama muito. Queria chamar Aparecida Bacarine Lobato, para receber a nossa homenagem. (Palmas).

 

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- Assume a Presidência a Sra. Mônica Becker.

 

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A SRA. PRESIDENTE - MÔNICA BECKER - PMDB - Para falar da minha homenageada e do seu currículo, ficaria o dia inteirinho e não terminaria: Dra. Albertina Duarte. (Palmas.) Uma mulher, uma amiga, uma companheira. Às vezes, pelo caminho da vida, temos algumas desavenças, mas quando o amor é verdadeiro sempre permanece ativo. Vou expressar o que sinto, em poucas palavras, e o que a Dra. Albertina significa como mulher, tudo o que ela fez pela minha vida e pela vida de muitas pessoas. O sonho que juntas sonhamos, na ânsia de contribuir para que a adolescência fosse mais bem compreendida e encontrasse abrigo onde desabrochar da forma mais feliz possível, é hoje uma realidade. Para que isso acontecesse, as orientações dadas pela amiga foram e continuam sendo a alma da instituição. É justo, portanto, que no Dia Internacional da Mulher, prestemos essa homenagem à eminente médica e sensibilíssima mulher, que ajudou a dar à luz a Casa do Adolescente de Várzea Paulista e a minha filha. Obrigada. (Palmas.)

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- Assume a Presidência a Sra. Rosmary Corrêa.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Os senhores e as senhoras sabem que sou Delegada de Polícia. Quero, na pessoa a quem vou fazer homenagem, homenagear todas as minhas colegas Delegadas. Vejo aqui a Dra. Iraci Medeiros, que é a Delegada titular do 89º Distrito do Portal do Morumbi e está nos prestigiando. Sentimos não ter a presença de outras companheiras, mas a Dra. Iraci e a Dra. Maria Tereza me disseram que os nossos convites acabaram não chegando e muitas colegas não os receberam. Sentimos muito porque gostaríamos de ver aqui muitas mais colegas nossas. Quero, também, nessa homenagem, dizer do carinho especial que tenho pela Dra. Maria Tereza Gonçalves Rosa, a quem peço que fique de pé porque quero que todos a vejam.

Maria Tereza faz parte de uma família de policiais. (Palmas.) É uma delegada brilhante. Hoje, atua na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher, a Delegacia em que iniciei. É uma pessoa dedicada, que exerce a sua profissão com a alma, com o coração e com a razão. Não preciso nem dizer como é, vocês podem ver pela emoção da Maria Tereza o quanto essa moça luta e o quanto gosta daquilo que faz, no seu dia-a-dia, atendendo dezenas de mulheres com problemas, que precisam, muitas vezes, mais de um ombro amigo do que de uma policial. E a Maria Tereza é tudo isso. Assim, na pessoa da Maria Tereza Gonçalves Rosa, minha querida amiga, companheira, Delegada de Polícia e irmã querida que está comigo há muito tempo, quero homenagear todas as minhas companheiras policiais, Delegadas de Polícia. Tereza, você merece. (Palmas.)

Quero registrar a presença de uma das primeiras Investigadoras de Polícia que a Polícia Civil do Estado de São Paulo já teve. Quando não se pensava em mulher na Polícia, de jeito nenhum, minha amiga Elsa, que está ali, conhecida como Pimentinha nos meios policiais, ultrapassou essas barreiras e foi uma da primeiras Investigadoras de Polícia do Estado de São Paulo. Elzinha, você merece. (Palmas.)

 

A SRA. MÔNICA BECKER - PMDB - Vou fazer uma homenagem, em nome de minha mãe, a todas as mães presentes, porque se não fosse ela não estaria aqui hoje. Não existem palavras para dizer o que uma mãe significa. Pediria à minha mãe que se levantasse, embora saiba da sua dificuldade, para que todos a vissem. (Palmas)

O que está escrito aqui, pensei não só para mim, mas para todas as mães que estão aqui.

“Essência do simples, misto de Deus, pelo poder do amor e de anjo, pelo poder da proteção. Forte, quando somos fracos. Guerreira, diante do perigo. Frágil diante de minha dor. Matemática, pois só ela sabe dividir. Não importa quantos filhos tenha. Sabe multiplicar o nada e somar o tudo. Diminuir, jamais. Mágica por natureza. Transforma o pouco em muito. Sábia porque me conduz com clareza, mesmo no escuro. Grande, porque sempre me faz criança. Generosa, sempre me estendendo as mãos. Minha paz, meu acalanto, minha amiga e confidente. Digna, capaz e única. Só agora entendo o escolher do Senhor. Escolheu você mulher para conceber e dar à luz, simplesmente ser mãe.” Obrigada mamãe. (Palmas)

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Vou pedir à Mônica que me substitua na Presidência, pois para prestar homenagem a esta mulher, tenho que ficar de pé.

 

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- Assume a Presidência a Sra. Mônica Becker.

 

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A SRA. ROSMARY CORRÊA - PMDB - A coisa mais importante da minha vida é a minha mãe. Minha mãe é uma pessoa simples. Nasceu em Santa Mariana, no Paraná. Seus pais trabalhavam numa fazenda de café. E ela, desde cedo aprendeu a carpir café na roça. Saiu de lá, veio para Bonfim Paulista e depois para a capital de São Paulo. Foi operária numa fábrica, de onde saiu para se casar. Casou-se e teve três filhos. Conseguiu incutir nos seus três filhos os padrões de família, os valores de família, de amor, de respeito e, com certeza, conseguiu transformá-los em pessoas úteis para a sociedade.

            Eu e minha cunhada, que está aqui, a Elita, não poderíamos nunca deixar de prestar esta homenagem hoje para minha mãe. Nunca fiz isso. É a primeira vez, em 12 anos na Assembléia, que estou prestando uma homenagem para minha mãe. (Palmas) Ela sabe que a homenageio todos os dias, com o meu carinho e com o meu amor. Esta mulher, na sua simplicidade, é uma fortaleza. Tem um coração enorme. É generosa. Está sempre pronta a ajudar a todas as pessoas que precisam dela. Viúva desde os 50 anos, ainda hoje é apaixonada pelo marido, que morreu há mais de 20 anos. Esta mulher maravilhosa, que eu amo, que é a coisa mais importante da minha vida, é a D. Francisca Bittonti Corrêa, Dona Chiquinha. É a minha mãe. (Palmas).

 

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- Assume a Presidência a Sra. Rosmary Corrêa.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Para terminar as nossas homenagens, não poderia deixar de homenagear a mulher mais importante desta Assembléia. Muito mais importante do que as Deputadas, do que os Deputados, do que as diretoras-gerais e do que os diretores-gerais. Esta mulher, pequenina, é a D. Yeda, a quem peço que se levante. Um metro e meio de altura e é uma fortaleza. (Palmas).

D. Yeda é a nossa mestra, nossa amiga e nossa orientadora. É uma pessoa pela qual todos nós temos um carinho especial. Ela não queria, de jeito nenhum, ser homenageada. Disse a ela que seria homenageada em nome de todas as funcionárias da Assembléia Legislativa. Ela me disse que não gosta disso. Disse-me ainda, que gosta muito de mim, mas que não precisa disso. Pois eu lhe disse que havia mandado fazer uma placa para ela, que tinha gasto o meu salário e como ela não iria, então, ser homenageada? Só com esse argumento é que ela aceitou vir aqui para ser homenageada. Ela sabe que mora no nosso coração. É uma pessoa maravilhosa. Dentro desse um metro e meio existe três metros de carinho, de amor e de competência. Ela é a funcionária mais antiga da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Desta forma, na pessoa da D. Yeda, queremos homenagear a todas as queridas funcionárias desta Casa. (Palmas)

Ainda bem que as homenagens terminaram, porque senão as nossas lágrimas já estariam correndo pelo plenário e teríamos aqui uma enchente pior do que aquelas que a chuva faz em São Paulo.

Neste momento, quero dividir a Presidência com a Mônica, que vai assumi-la. Antes da Mônica assumir, gostaria de chamar, para falar em nome das homenageadas, a minha querida Dra. Albertina Takiuti. (Palmas).

 

A SRA. ALBERTINA TAKIUTI - Bom dia a todas. Bom dia Dia da Mulher. Acredito que hoje temos muita coisa a comemorar. Em 1975 não podíamos falar. Era perigoso falar em direitos, em igualdade, em paz, e principalmente que queríamos um mundo melhor. Foram 27 anos em que houve muitas mudanças. Hoje estão aqui mulheres como a D. Francisca, D. Urânia, D. Tereza, D. Yeda, D. Maria Tereza, D. Aparecida, D. Marinês - acredito que não me esqueci de ninguém - delegada, professora, mãe, todas elas homenageadas e pelas quais estou falando.

Acho que é uma vitória, nós, mulheres de todas as profissões, podermos estar aqui. Há jornalista, professora, delegada, mãe, todas mulheres fortes. A Aparecida do Rotary. A Yeda, que está aqui. É uma felicidade.

Na platéia temos mulheres de todas as raças. Temos aqui mulheres negras, japonesas, de todas as idades. Está faltando uma mulher indígena. Precisamos ter ainda esta conquista. Mas, temos uma mulher latino-americana, que lutou também pela possibilidade da igualdade, no tempo em que o Chile viveu um momento de muitas ameaças aos direitos humanos. Então, temos várias mulheres aqui.

Na questão da saúde, temos que comemorar muita coisa, muitos avanços. São Paulo foi o primeiro a ter o programa da saúde da mulher e do adolescente. A Mônica, que homenageou aqui a D. Urânia, foi a responsável pela primeira casa do adolescente do Brasil.

Temos aqui a Maria Aparecida de Laia, a primeira mulher negra Presidente de um Conselho da Condição Feminina (Palmas) O Conselho da Condição Feminina fez parte do primeiro conselho do Brasil.

Temos aqui a Presidente desta Casa, desta sessão. D. Francisca, que honra a senhora ter como filha a primeira delegada de uma delegacia da mulher. Que luta foi. Que força foi essa. (Palmas)

Gostaria que esta Casa continuasse fazendo leis que não permitam que as conquistas das mulheres voltem para traz. Conquistas como licença à gestante, condição de trabalho, enfim, todos os direitos conquistados, que não voltem para traz. Os programas de saúde da mulher, a carteira da gestante, a carteira da mulher, o programa do adolescente, o direito ao acesso aos exames, a questão da reconstrução mamária, prevenção de câncer, enfim, tudo que temos direito. É uma indignidade as mulheres continuarem morrendo neste País com câncer de mama ou de colo de útero. Que tenhamos acesso nas campanhas e fora delas. Que continuemos tendo anestesia no parto. Que possamos ter o direito de nascer e dar à luz sem morrer, com pré-natal digno. Que possamos ter saúde do adolescente em todas as fases da vida. Que a casa do adolescente “exemplo”, que a Mônica fez, continue em todos os municípios de São Paulo. E, que as delegacias da mulher, que esta heroína também fez, possam continuar cada vez mais, seja aos sábados, domingos, de madrugada, para que as mulheres não sejam violentadas.

Mas neste dia gostaria que essas conquistas pudessem existir. Que continuássemos com o Conselho da Condição Feminina, que toma posse nesta tarde. Neste momento eu pediria que todas nós, que temos o dom de gerar vidas, disséssemos ‘Pela paz. Não à guerra!’ Estamos na iminência de uma guerra. Vejam o que se gasta com mísseis, com tanques de guerra. Pensemos nos soldados que vão; quanto analfabetismo poderia ser erradicado; quantas casas poderiam ser construídas; quantas Casas do Adolescente poderiam existir, quantos exames gratuitos poderíamos fazer. Que a África e América Latina, tão injustiçadas, possam dizer ‘Analfabetismo zero! Miséria zero para sempre!

Esta é a minha mensagem. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - MÔNICA BECKER - PMDB - Tem a palavra a Sra. Maria Aparecida de Laia, Presidente do Conselho da Condição Feminina.

 

A SRA. MARIA APARECIDA LAIA - Bom-dia a todos, à nossa querida amiga e parceira no Conselho da Condição Feminina, Deputada Rose, na pessoa de quem eu saúdo todas as nossas amigas e homenageadas.

Estamos no Século XXI, um novo século que nos aguarda com seus imprevistos.

 Podemos falar que a década que findou foi marcada pelos avanços das conquistas femininas em todo o mundo, inclusive no nosso país. Conquistamos novos espaços públicos, nossa presença é obrigatória nos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, o mesmo acontecendo nas áreas não institucionais, como sindicatos, associações e partidos políticos.

 Hoje, fala-se sobre a mulher, pesquisa-se sobre a mulher tentando descobrir tudo aquilo que nela parece mistério.

Não exageramos quando falamos que a mulher emerge no mundo de hoje como um dos mais importantes fenômenos políticos de nossa época. Saiu do anonimato e da invisibilidade. Mas se é verdade que avançamos muito, também é verdade que não avançamos a ponto de diminuir sensivelmente a distância que nos separa dos homens. Ainda temos uma longa caminhada para conquistar nossa participação em todas as estâncias do poder lutando contra o fim da discriminação profissional e cultural, contra o racismo, dentre outras formas de discriminação contra as mulheres.

O cenário mostra que este novo século nos alerta para a defesa e o respeito aos direitos e necessidades das mulheres.

Oito de março é para nós um dia de grande significado na luta pela transformação de nossa condição de vida, por nossos direitos e por um mundo de paz.

Neste dia podemos refletir sobre a luta das 129 tecelãs nova-iorquinas que em 1857 terminou em tragédia: a morte das mesmas.

Renovam-se, a cada ano, as lutas das nossas avós, das nossas mães, de todas as mulheres que nos antecederam.

Hoje, se somam novas formas de lutas e experiências que enriquecem essa bela e heróica história de luta que tem passado a cada geração o orgulho de ser mulher, de mudar e afirmar o direito das mulheres como direitos humanos.

Que este século de desafio se transforme em conquistas para um Brasil com justiça, igualdade e paz. Que as mulheres possam acordar sem violência, sem machismo e sem racismo.

Para finalizar, quero aproveitar este momento para informar a nossa nova publicação, a reflexão sobre a condição das mulheres deficientes e os direitos reprodutivos (Palmas) como forma de homenagear todas as mulheres, em especial as portadoras de deficiência, que continuam no anonimato e na invisibilidade fora das estâncias de poder, mulheres que são discriminadas num dos seus direitos básicos que é a sua saúde reprodutiva.

Quero dizer a essas mulheres que olhar um futuro sem barreiras é entender que além de lutarmos contra todas as formas de discriminação contra as mulheres, teremos ainda de lutar pelo direito à saúde reprodutiva, que ainda as impede de concorrer em condições de igualdade com as mulheres não portadoras de necessidades especiais.

Quero também aproveitar para passar à mão da Deputada não só a nossa publicação, como também o nosso “boton”, o “boton” de 20 anos do Conselho, como uma forma de homenageá-la e homenagear todas as mulheres aqui presentes. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - MÔNICA BECKER - PMDB - Gostaria de chamar agora o conhecido Bispo Gê, deputado que assumirá uma cadeira nesta Casa no dia 15, quando estarei saindo. Mas tenho certeza de que esta Casa ficará em boas mãos, seja em relação à Deputada Rose, seja em relação ao Bispo Gê.

Passo a palavra para o único deputado que participou desta solenidade. Espero que o Bispo Gê continue participando e prestigiando os nossos eventos.

 

O SR. BISPO GÊ - É um prazer e uma alegria muito grande estar aqui. Quero agradecer às Deputadas Rosmary Corrêa e Mônica Becker, à Sra. Maria Aparecida Laia, à Coronel Laudinea, à Sra. Albertina Takiuti e a todas as mulheres presentes por esta oportunidade.

Sempre uso uma figura da Bíblia para representar os valores importantes que temos na vida. E uma das mulheres que marcam bem aquilo que é a mulher brasileira é a figura de Ruth. Ruth perdeu seu marido. Ela e sua sogra foram para uma terra estranha e ali começaram sua vida praticamente colhendo migalhas, mas tinham a facilidade, diante dos golpes da vida, de se erguer.

Essa mulher batalhadora, guerreira, que nunca se dobrou, se transformou na avó do Rei Davi. Uma mulher caída, de repente se torna não só a avó do Rei Davi, mas também alguém que pertencia à genealogia do Nosso Senhor Jesus Cristo.

Então quero, em primeiro lugar, apresentar meu agradecimento a todas as mulheres. Sei do valor incrível que têm. Temos a visão cristã de que a mulher e o homem se compõem, porque desde o início Deus disse que não era bom o homem estar só. Ele criou tudo bom, mas faltou uma coisa: o reconhecimento do homem pelo valor da mulher. Por isso Deus criou primeiro o homem, para ele entender que não estava tudo bom, que ele precisava de uma mulher.

Glorifico a Deus e agradeço por esta oportunidade.

Que as mulheres que aqui estão sejam como Ruth, Débora, Maria e tantas outras que sempre batalharam, como as que estão aqui hoje, que batalharam para chegar no lugar em que estão. (Palmas.)

 

                                              

 

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- Assume a Presidência a Sra. Rosmary Corrêa.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Antes da apresentação do número da dança do ventre, que vai ser apresentada pela Deputada Mônica Becker, quero fazer uma homenagem à mulher do futuro.

Eu quero chamar aqui uma pessoa que amo demais. Eu a vi crescer na barriga da mãe e venho acompanhando sua infância. Essa garota, a Bárbara, essa menina muito querida, com certeza vai representar a mulher do futuro e na sua adolescência e maturidade vai se lembrar que foi homenageada na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo por todas nós e com certeza irá nos representar muito bem no futuro.

Esta é a nossa mulher do futuro. O que você vai falar?

 

BÁRBARA FIGUEIREDO FREITAS - Parabéns para as mulheres.

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Esta é a nossa mulher do futuro e ela não vai sair daqui sem levar as flores, não é Bárbara? Você vai receber também as suas flores. Você gosta de flores?

 

BÁRBARA FIGUEIREDO FREITAS - Gosto.

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Você gosta de ser mulher?

 

BÁRBARA FIGUEIREDO FREITAS - Gosto.

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Fala comigo de novo: viva o dia da mulher.

 

BÁRBARA FIGUEIREDO FREITAS - Viva o Dia da Mulher.

 

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- Assume a Presidência a Sra. Mônica Becker.

 

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A SRA. PRESIDENTE - MÔNICA BECKER - PMDB - Para terminarmos, gostaria de pedir que a Professora Daniela Bonassi falasse de uma dança que acredito ser de muita importância.

 

Falasse de uma dança que acredito ser muito importante. É a dança da mulher, é a dança do ventre. Ela vai explicar para vocês o que significa essa dança.

Logo após, as meninas da Casa do Adolescente farão uma apresentação.

Por favor, Daniela.

 

A SRA. DANIELA BONASSI - Bom-dia a todas. Vou ler uma mensagem que queremos passar para vocês.

“A mulher quando dança, recria dentro de si todo o universo, podendo representar o lento balé das estrelas, a força com que nasce o sol e todo o mistério da lua.

Pode também expressar emoções humanas, como o amor, o ódio, a alegria e a tristeza.

Pode simbolizar uma deusa ou simplesmente uma sacerdotisa sagrada.

Pode representar e ser mulher, expondo toda a sua sensualidade.

Quando descobre a dança do ventre, a mulher tudo pode e tudo é. Nasce seu momento de realização e crescimento pessoal.

Assim, a dança do ventre, que é tão antiga quanto a civilização humana, atravessou diferentes povos e sobreviveu às guerras e preconceitos. E através de nós, mulheres, continua seu caminho.

Enquanto existirmos haverá celebração à vida, existirá a música, o canto e a dança.

Dançar a dança do ventre é o melhor presente que podemos nos dar e dar aos outros. Não importa a idade nem o físico. O único requisito é ser mulher.”

Esta é nossa homenagem a todas as mulheres. Obrigada. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - MÔNICA BECKER - PMDB - Obrigada Daniela.

Gostaríamos agora de chamar as bailarinas da Primeira Casa do Adolescente de Várzea Paulista. São garotas que participam do programa e tenho certeza que estar aqui hoje é para elas um momento de muita alegria.

 

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- É feita a apresentação da dança.

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A SRA. PRESIDENTE - MÔNICA BECKER - PMDB - Obrigada pela participação de vocês.

Vendo a evolução dessas meninas, lembro que chegaram pequeninas e hoje estão fazendo esta apresentação brilhante. Parabéns à professora e a todos os instrutores que colaboraram para que pudéssemos hoje participar de um momento tão importante.

Chamaria agora a Prof. Daniela e a Prof. Manoela, que têm treze aninhos, é minha filha e hoje também é uma das instrutoras da Casa dos Adolescentes. Elas também vão fazer uma apresentação.

 

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- É feita a apresentação da dança.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Gostaríamos de cumprimentar a todo o corpo de balé. Parabéns. Queremos agradecer mais uma vez a presença de todos, dizer da nossa satisfação em tê-las conosco e convidá-las já para o próximo ano. Queremos todas aqui, trazendo cada uma mais uma amiga para estar conosco no próximo ano. Nossos parabéns às homenageadas, obrigada por terem atendido o nosso convite. Muito obrigada, vocês moram no nosso coração, podem ter certeza disso. E feliz Dia da Mulher para todas nós. (Palmas.)

 

A SRA. MÔNICA BECKER - PMDB - Gostaria também de deixar aqui o meu muito obrigada a todas as minhas amigas companheiras que aqui vieram de Várzea Paulista; também a todas as amigas e representantes de todas as instituições; às amigas da Rose, que também são nossas amigas. Penso que é esta união e participação que nós, mulheres, precisamos sempre ter. Parabéns a todas as homenageadas, parabéns a todas as mulheres e muito obrigada por terem proporcionado este momento tão feliz e tão alegre na minha vida, e acredito que na de vocês também. Parabéns para todas nós. (Palmas.)

Está encerrada a sessão.

 

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-         Encerra-se a sessão às 12 horas e nove minutos.

 

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