14 DE MARÇO DE 2003

3ª SESSÃO SOLENE DO PERÍODO ADICIONAL EM HOMENAGEM AO JUBILEU DE PRATA DA COMUNIDADE CANÇÃO NOVA

 

Presidência: CELINO CARDOSO e JOSÉ CARLOS STANGARLINI

 

Secretário: JOSÉ CARLOS STANGARLINI

 

 

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 14/03/2003 - Sessão 3ª S. SOLENE - PER. ADICIONAL  Publ. DOE:

Presidente: CELINO CARDOSO/JOSÉ CARLOS STANGARLINI

 

HOMENAGEM AO JUBILEU DE PRATA DA COMUNIDADE CANÇÃO NOVA.

001 - Presidente CELINO CARDOSO

Abre a sessão. Nomeia as autoridades. Anuncia que a sessão foi convocada pela Presidência por solicitação do Deputado José Carlos Stangarlini, para comemorar o jubileu de prata  da comunidade Canção Nova. Convida todos a ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Assume a Presidência.

 

003 - SALVADOR ZIMBALDI

Deputado Federal, saúda o Padre Jonas Abib, cita  e reflete sobre o capítulo sexto, versículo nono, do "Livro dos Provérbios": "O coração do homem dispõe o seu caminho, mas é o Senhor que dirige os seus passos".

 

004 - REINALDO BEZERRA DOS REIS

Presidente da Renovação Carismática Católica do Brasil, historia os primeiros passos do Padre Jonas na espiritualidade de Renovação Carismática. Parabeniza a Comunidade Canção Nova pelos seus 25 anos de existência.

 

005 - LUZIA SANTIAGO

Co-fundadora da Comunidade Canção Nova, manifesta sua gratidão a Deus pela Canção Nova, como obra de evangelização. Faz votos pela perseverança dessa obra do Espírito Santo na Igreja.

 

006 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia um número musical.

 

007 - ÁLVARO FURTADO

Anuncia o nome da canção: "O Amor Vencerá", em homenagem ao Padre Jonas e também para manifestação pela paz. Homenageia, com placas comemorativas, Luzia Santiago, Padre Carlos Alberto Vital, representando o Sr. Wellington Silva Jardim, e o Padre Jonas Abib.

 

008 - JONAS ABIB

Presidente e fundador da Comunidade Canção Nova, apresenta sua biografia. Historia os inícios da "Canção Nova" e a filosofia de vida do movimento.

 

009 - NELSON CORREIA

Anuncia um número musical em homenagem ao Padre Jonas Abib.

 

010 - FERNANDO ANTÔNIO FIGUEIREDO

Bispo, Presidente da Regional Sul I, da CNBB, do Estado de São Paulo, parabeniza o Presidente José Carlos Stangarlini pela iniciativa de homenagear  o Padre Jonas e a Canção Nova.

 

011 - GABRIEL CHALITA

Secretário da Educação do Estado, saúda cada uma das autoridades, em especial o Padre Jonas, de quem elogia a coragem e a ousadia. Rememora algumas dificuldades, encontradas pelo homenageado, e lhe augura progresso e sucesso crescentes.

 

012 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Homenageia o Padre Jonas Abib e Luzia Santiago, co-fundadora da Canção Nova. Anuncia um número musical. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CELINO CARDOSO - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado José Carlos Stangarlini para, como 2º Secretário "ad hoc", proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CELINO CARDOSO - PSDB - Gostaria de saudar e agradecer a presença do Pe. Jonas Abib; Prof. Gabriel Chalita, Secretário de Estado da Educação; Dom Fernando Figueiredo, Bispo da Diocese de Santo Amaro; Reinaldo Bezerra dos Reis, Presidente do Conselho Nacional da Renovação Carismática Católica.

Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão foi convocada por este Presidente, atendendo à solicitação do Deputado José Carlos Stangarlini, com a finalidade de comemorar o jubileu de prata da comunidade Canção Nova.

Gostaria de registrar a alegria, e o faço em nome de toda a Assembléia Legislativa de São Paulo, por termos essa rica oportunidade de estar homenageando e comemorando os 25 anos da Comunidade Canção Nova. Gostaria também de parabenizar o Pe. Jonas Abib e dizer que é uma alegria muito grande, não só para este Presidente, mas para todos os Deputados desta Casa, atender ao pedido do grande cristão, religioso e leal que é o companheiro Deputado José Carlos Stangarlini.

A Assembléia Legislativa sente-se honrada por esta oportunidade que temos de estar homenageando a sua comunidade. Parabéns, que Deus continue usando grandemente a sua vida.

Convido todos para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, que será executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

* * *

 

- É executado o Hino Nacional.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CELINO CARDOSO - PSDB - A Presidência agradece à Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo na pessoa do 2º Tenente Davi Severo Cruz, músico do Corpo Musical da Polícia Musical, Tenente Davi Sereno da Cruz. Muito obrigado. Agora, com muita alegria gostaria de transmitir a Presidência dos trabalhos ao meu amigo, grande Deputado José Carlos Stangarlini(Palmas.)

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. José Carlos Stangarlini.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Gostaria de registrar ainda presença do Sr. Deputado Federal Salvador Zimbaldi; Deputado Miguel Martini; Dom Emílio Pignoli, Bispo da Diocese de Campo Limpo; Sr. João José Mabtum, Presidente Estadual da Renovação Carismática Católica; Dom Diógenes Silva Mathes, Bispo da Diocese de Franca; Dom Manuel Parrado Carral, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, Região Episcopal Sé; Dom Odilo Pedro Scherer, Bispo Auxiliar de São Paulo, Região Episcopal Santana; Sra. Luzia Santiago, co-fundadora da Comunidade Canção Nova; Pe. Alberto Gambarini, do Programa Encontro com Cristo e Presidente da Associação Kyrios; Diácono Nelsinho Corrêa; Pe. Carlos Alberto e também o Dunga.

Passamos a palavra ao Deputado Federal Salvador Zimbaldi.

 

O SR. SALVADOR ZIMBALDI - Gostaria de cumprimentar o Presidente desta sessão e autor do requerimento desta homenagem, Deputado José Carlos Stangarlini; o Pe. Jonas Abib, que é o homenageado desta noite, juntamente com a comunidade; a Malu; o Wellington não está, mas está aí o Nelsinho, o Dunga, e enfim toda a comunidade aqui presente, Dom Fernando Figueiredo, o Secretário Gabriel Chalita também compondo esta Mesa; Reinaldo, coordenador nacional da Renovação Carismática; João José Mabtum, coordenador estadual; Padre Carlos Alberto; Padre Francisco Zeno; Srs. bispos Dom Emílio Pignoli, Dom Manuel Parrado Carral, Dom Odilo Pedro Scherer, Dom Diógenes Silva Mathes e demais presentes, é sempre uma alegria muito grande quando nos encontramos em momentos como este para homenagear alguém que faz, que faz principalmente na transformação dos corações, tocando no profundo do nosso ser.

Numa homenagem que fizemos na Câmara Federal, coloquei ao Padre Jonas a motivação que me foi dada através de uma oração que ele fez por mim no início da minha caminhada como Deputado federal, e a palavra de Provérbios 16:9: “ O coração do homem dispõe o seu caminho, mas é o Senhor que dirige os seus passos.” Foi a partir desta palavra que começamos uma caminhada na vida pública, particularmente, como Deputado Federal. Eu disse que desejava e diria esta mesma palavra ao Padre Jonas e retomo aqui esta palavra: “O coração do homem dispõe o seu caminho, mas é o Senhor quem dirige os seus passos.”

Num determinado momento de sua caminhada, Deus tocou o coração do Padre Jonas e o inspirou para formar uma comunidade, mas foi o Senhor realmente que dirigiu os seus passos. Acho que nem Padre Jonas, nem nenhum de nós poderia imaginar que esta comunidade se transformaria no que é hoje, com os frutos que ela vem dando e a transformação de tantos e tantos corações.

Às vezes, as pessoas imaginam: “Ah! Mas é porque tem a televisão.” Não. A televisão é recente, a televisão é de agora e assim como o rádio é um mero instrumento para levar a Palavra de Deus às pessoas. Mas, é a comunidade e a oração que têm transformado realmente as vidas.

Portanto, nesta sessão solene, quero novamente parabenizar o Deputado José Carlos Stangarlini, meu amigo, meu irmão, meu companheiro e particularmente, a nossa dobrada, porque temos sempre procurado trabalhar juntos. Quero parabenizá-lo realmente por esta homenagem maravilhosa, agradecer a Deus por este momento e por esta homenagem. E agradecer a Deus pela vida do Padre Jonas Abib, por cada um que iniciou, ou ainda está iniciando nesta comunidade para que ela possa ter a continuidade. A Lu, que aqui está, junto com o Padre Jonas foi o esteio e o início de toda esta comunidade.

Portanto, dizer que é a televisão, não. A televisão é um mero instrumento. O rádio é um mero instrumento de evangelização. A força transformadora desta comunidade é uma força que vem de Deus e é irradiada para todo o povo.

Assim, Padre Jonas, como este instrumento que o senhor tem sido de Deus, de transformação de vidas, damos não apenas os parabéns, mas pedimos a Deus realmente que continue abençoando esta comunidade para que ela possa continuar transformando a vida de cada um de nós.

Que Deus abençoe a todos! (Palmas).

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Obrigado, Deputado Salvador Zimbaldi, meu amigo e companheiro, pelas palavras elogiosas. Concedo a palavra ao Presidente da Renovação Carismática Católica do Brasil, Sr. Reinaldo Bezerra dos Reis.

 

O SR. REINALDO BEZERRA DOS REIS - Cumprimento com alegria o Deputado José Carlos Stangarlini pelo ensejo de nos proporcionar, a todos, esta oportunidade de homenagearmos esta expressão tão linda da igreja do Brasil. Cumprimento o Padre Jonas e na sua pessoa toda a comunidade de Canção Nova homenageada nesta sessão. Cumprimento todos os nossos bispos já citados, os nossos sacerdotes, todos os irmãos e as irmãs amados de nosso Senhor Jesus Cristo aqui presentes.

Tive a feliz graça de acompanhar os primeiros passos do Padre Jonas nesta espiritualidade de Renovação Carismática Católica do Brasil, aliás, tive o privilégio de acompanhar o primeiro passo. Sei, experimentei, pude observar e ver especialmente a fidelidade deste padre à vocação que Deus lhe conferiu dentro da grande graça da Renovação Carismática Católica. A Renovação, que teve um evento fundante, logo se ramificou em múltiplas expressões de espiritualidade carismática em comunidades, em institutos, em editoras, em projetos pessoais missionários, em congregações.

Há 25 anos o Padre Jonas, num momento ainda muito incipiente do estabelecimento do movimento eclesial da renovação no Brasil, teve a coragem de assumir uma postura diferenciada, corajosa, no anúncio da Boa Nova para o povo do Brasil, como uma grande expressão dentro da grande graça da Renovação Carismática Católica.

Em 98, naquele grande encontro dos movimentos e das novas comunidades, o Papa João Paulo II dizia que o Espírito Santo, quando entra na história, sempre que intervém, ele nos deixa maravilhados. Ele suscita eventos que chamam a atenção e que desafiam as nossas posições, e desafiam de maneira teológica, de maneira cultural, de maneira pastoral. Acho que isso se aplica muito à Comunidade Canção Nova.

A Comunidade Canção Nova é uma expressão desse maravilhamento que o Espírito Santo faz dentro do coração do seu povo e isto devemos sem dúvida alguma à coragem, ao denodo, à ousadia do Padre Jonas Abib e de seus companheiros de fundação.

Nesta noite, eu queria louvar e bendizer ao Senhor, nosso Deus, juntamente com todos os senhores e senhoras, por essa novidade corajosa e uma maneira de ser igreja que o Padre Jonas e a Comunidade Canção Nova iniciaram no Brasil.

Louvo ao Senhor por essa iniciativa e pela presença do Deputado José Carlos Stangarlini, como disse o Presidente, é um Deputado cristão e religioso. Quero louvar ao Senhor, nosso Deus, pela fidelidade do Padre Jonas. O Jubileu de Prata combina bem com os cabelos do Padre Jonas, uma coisa tem muito a ver com a outra. Sei - e sei de fato - de uma grande parte do que esses 25 anos de caminhada significaram para os cabelos do Padre Jonas. Admiro e louvo sempre a Deus pela fidelidade dele a esta vocação. A fidelidade dele honra o Senhor, nosso Deus. E o Senhor, nosso Deus, tem honrado essa sua fidelidade, engrandecendo a sua obra no nosso meio.

Parabéns, Padre Jonas! Parabéns, Comunidade Canção Nova! Que Deus possa continuar derramando bênçãos de ousadia e de coragem para levar adiante esta obra que tem atingido o coração de tantas e tantas pessoas. E, literalmente, se cumprindo aquilo que o Papa pedia: que o Evangelho fosse anunciado de cima dos telhados.

Deus os abençoe profundamente! (Palmas).

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Obrigado, Reinaldo, por tudo que você manifestou pelo Padre Jonas e por mim também. Obrigado mesmo e que Deus te abençoe! Passo a palavra agora a Sra. Luzia Santiago, co-fundadora da Comunidade Canção Nova.

 

A SRA. LUZIA SANTIAGO - É da mulher ser sensível, e quero expressar aqui a minha sensibilidade, a minha gratidão, meu louvor por este dia. Olhando o Padre Jonas e pensando que ele veio da periferia de São Paulo, um menino que sai de Elias Fausto, com dois aninhos, quatro anos, vindo para a cidade de São Paulo de hoje, eu só posso agradecer a Deus, agradecer a V.Exa., Deputado Stangarlini, que foi tão sensível - sua personalidade é assim, e a todos os outros; olhando o Gabi, o Chalita, que por sinal é da nossa cidade, Cachoeira Paulista, onde a Canção Nova nasceu, a Diocese de Lorena. Eu só posso dar glória a Deus.

A Canção Nova, como uma obra de evangelização, uma obra de Igreja, só pode dar graças a Deus, porque em uma Casa como esta, onde todos os dias há decisões importantes, onde as leis nascem, ela é reconhecida. Para nós, é o cumprimento da palavra que nos tem seguido. Isso é obra do Senhor e milagre aos nossos olhos.

Quero agradecer profundamente a Deus, a todos que aqui vieram, àqueles que mantêm a Canção Nova no ar - não posso esquecer, os mais de 330 mil associados que fazem acontecer a obra cada dia, assim como à igreja aqui representada. Fiquei emocionada ao ver o número de bispos presentes. É admirável.

É a Igreja de São Paulo, é a Igreja do Brasil dizendo: “Canção Nova, você é abençoada.” É esta Casa dizendo: “Canção Nova, é isso mesmo. Continue, porque essa missão precisa perseverar.” A missão de semear o bem. A missão de fazer uma nova sociedade. A missão de construir bons cidadãos. E é essa a nossa alegria. Eu quero agradecer a Deus e a cada um.

Espero que os 25 anos que estamos vivendo de Canção Nova sejam sementes para muita gente nascer para Deus e para uma civilização do amor aqui nesta cidade de São Paulo e por todo o mundo. Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Assistiremos agora a um número musical.

 

O SR. ÁLVARO FURTADO - Esta canção também é do Padre Jonas e tem muito a ver com a Luzia. O seu nome é “O Amor Vencerá”. Em um ano que estamos juntos buscando a paz, com tantas manifestações, fazendo com que Presidentes recuem de suas posições tão radicais em nome da guerra. Que esta canção possa também, via satélite, ir para todo o Brasil, via Internet para todo mundo, para toda Portugal, para todo mundo. Que esta canção que homenageia o Padre Jonas Abib também seja a manifestação pela paz. Quem souber a música, vamos cantar juntos.

Dentro do nosso coração, fique um pedido e um manifesto pela paz no mundo. Não parece, mas essas pequenas e também as grandes manifestações estão fazendo recuar a opinião radical de tantos homens que lutam para que a guerra aconteça.

 

* * *

 

- É executado um número musical, “O Amor Vencerá”, pelo Sr. Francisco José dos Santos.

 

* * *

 

O SR. ÁLVARO FURTADO - Neste momento, o Deputado José Carlos Stangarlini prestará homenagem a importantes figuras da Comunidade Canção Nova. Está convidando agora Dona Luzia Santiago, co-fundadora da Comunidade Canção Nova para receber uma placa que significa a homenagem da Assembléia Legislativa ao seu papel preponderante na vida e na história da Canção Nova. (Palmas.)

Convidamos agora o Padre Carlos Alberto Vital, representando o Sr. Wellington Silva Jardim, Vice-Presidente da Fundação João Paulo II, que também está sendo homenageado neste momento. (Palmas.)

A nossa principal homenagem agora é para este santo homem, Padre Jonas Abib, fundador da comunidade Canção Nova e Presidente da Fundação João Paulo II. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Tem a palavra o padre Jonas Abib, Presidente e fundador da Comunidade Canção Nova.

 

O SR. JONAS ABIB - Como a Luzia recordou, sou paulista, nascido em Elias Fausto, uma cidade tremendamente politizada. Elias Fausto ainda é uma cidade pequena, mas é sede de município por causa de Itu e da política republicana de Itu, o antigo PRP, a ponto de Elias Fausto ter sido dividida na metade entre a parte de baixo da cidade, próximo à estação de ferro, que era ponto de comunicação, onde ficava o pessoal do PRP, e a cidade de cima, onde ficavam os do outro partido, por isso havia a “banda de baixo” e a “banda de cima”, o salão de baile de baixo e o salão de baile de cima, o cinema de baixo e o cinema de cima.

Naqueles tempos, a igreja de baixo e a igreja de cima tinham as festas do padroeiro de baixo e de cima, uma rivalidade tremenda. E o mais importante para a cidade, que era uma questão de honra: os pais proibiam que os rapazes e moças que eram de baixo, portanto do PRP, namorassem os do outro lado, só que acontecia exatamente ao contrário: o maior número de namoros e de casamentos acontecia entre os de baixo e os de cima, justamente por causa da disparidade.

Foi numa cidade assim que nasci e vivi até os meus dois anos. Tive de sair de Elias Fausto com apenas dois anos vindo para São Paulo porque, pequenino, tive uma doença nos olhos e uma complicação. A doença, curada inicialmente com remédios caseiros, depois com remédios de farmácia, depois com oculista, mas era tão grave que meus pais contam que eu chorava dia e noite. Foi quando meu avô disse a papai: “Pegue o menino e leve ao Dr. Penido Bournier, porque é a única solução”. Todos conhecem quem foi o velho Dr. Penido Bournier. Meu pai disse que não tinha dinheiro. Meu avô, muito sério, o velho Pacheco, de origem portuguesa, disse: “Eu empresto o dinheiro” - e papai entendeu bem o que significava “eu empresto o dinheiro” - mas leve o menino e faça a consulta e a cirurgia. Foi isso que o papai fez.

Dr. Penido me consultou, ficou muito bravo e disse: “Por que deixaram o menino chegar nesta situação? Operação amanhã, às sete horas da manhã.” Hoje, eu vejo por causa disso. Papai teve de deixar o interior, papai era pedreiro, e enfrentar São Paulo para pagar os olhos do menino, porque lá no interior não teria como. Papai veio para São Paulo para trabalhar duramente na capital para pagar os olhos do menino.

Morei na Barra Funda, depois mudei para o Bairro do Limão, depois mais tarde fui para Cachoeirinha, meu último momento naquele tempo em São Paulo, tudo por conta disso. Foi ali que as irmãs da Providência de Capri me pegaram menino, foram as minhas primeiras educadoras, elas me encaminharam para os padres salesianos que me receberam com a paternidade de D. Bosco.

Eu, como menino pobre, filho de pedreiro, fui encaminhado para as escolas profissionais. E aí foi o bonito. Eu me tornei profissional. Fiz artes gráficas, comecei na encadernação e depois entrei por todo o campo de tipografia e impressão e daí foi um passo para ir para o seminário. No seminário todo, até chegar à teologia, eu ainda era tipógrafo, nunca deixei de ser trabalhador, mesmo dentro do seminário. Quando cheguei à teologia, como não havia mais tipografia, fui trabalhar na biblioteca. Trabalhei o tempo todo. Isso já era uma indicação de Deus. O que fizeram por mim, eu precisava fazer para muitos outros.

Como padre salesiano tive a graça de uma forte experiência com Deus no ano de 1964, ainda cursando a teologia. Aquela foi a grande guinada da minha vida. Todos sabem o que significa o encontro pessoal com Cristo. Foi o que aconteceu comigo naquele momento, mas não ficou só aí. Um pouco depois, já como padre, fui a um cursilho de cristandade e lá tive o meu envio missionário. De todas aquelas palestras próprias do cursilho, foi na primeira da manhã do último dia, que se chamava “Cristandade em ação”, que senti tudo o que Deus tinha investido em mim e o quão pouco eu tinha devolvido para Deus e aquilo me pôs em movimento. Entrei naquilo que era “Cristandade em ação” e não parei até hoje.

Justamente por causa disso comecei os encontros de jovens. A partir daquele cursilho, Deus me deu inspiração. Estou vendo faixas falando em Jundiaí e foi em Jundiaí, justamente uma semana onde passei meio de castigo substituindo um padre que veio fazer o retiro dos salesianos, onde elaborei todo o esquema do encontro de jovens. Sentia que aquela graça que tive precisava passar para muitos outros jovens. Graças a Deus foi isso que aconteceu.

Entreguei-me durante dois anos inteiros aos encontros de jovens e vi os jovens mudando radicalmente de vida, vi aqueles jovens tendo também seu encontro pessoal com Cristo, vi aqueles jovens dando uma guinada na sua vida, vi muitos daqueles jovens que tinham uma vida nas drogas, uma vida já prostituída, transformarem-se. Vi jovens, que naqueles tempos - isso aconteceu em 1967, 1968, 1969 - militavam no Partido Comunista, fazerem uma reviravolta na sua vida, até correrem risco de vida quando deixaram o partido. Eu tinha de acolhê-los também. Vi jovens se transformarem.

Deus indicava para mim que era preciso construir homens novos para um mundo novo. Eu então me entreguei, talvez até em demasia. Com isso, acabei ficando tuberculoso e fui para o sanatório em Campos do Jordão. Lá promovemos um grande Natal com os doentes. Encontrei no sanatório cerca de 200 tuberculosos, eu era um. Setenta por cento eram jovens que estranhavam por que um padre estava ali. Desculpem expressar-me assim, eles diziam “Estamos aqui por causa da nossa vida. Por que o senhor padre está aqui?” Tive de explicar para eles não com palavras, mas com vida, por que estava ali. Tanto assim que além de fazermos um grande Natal, onde quase 200 rapazes cantavam a plenos pulmões naquela capela, enchendo todo aquele sanatório. Um pouco depois, estávamos enchendo todo aquele sanatório, mas um pouco depois fazíamos um encontro de jovens dentro do sanatório. Quando o médico cuidava de mim, chamou o meu superior e disse: “Ou o senhor tira o Padre do sanatório, ou não tem o Padre curado”.

Com isso tive que também deixar o sanatório, de onde fui para Lorena, mas aquele fogo dentro de mim não me deixava parar. Foi quando, graças a Deus, encontrei a renovação carismática através do Padre Aroldo Ham. Passei também por uma segunda experiência, que chamamos no meio católico de a Graça do Batismo no Espírito Santo. Complementou tudo aquilo que eu havia vivido com o meu primeiro encontro pessoal no Mariápolis, o meu envio missionário no cursilho e agora o meu batismo no Espírito Santo. E, um pouco depois, porque também a cidade de Lorena pegou fogo com os encontros de jovens. O nosso bispo, Dom Antônio Afonso de Miranda, me chamou. Pensei que também ele fosse dar-me um pito, porque a cidade estava literalmente em fogo com os encontros de jovens e com aquilo que introduzi, ‘A Bíblia foi escrita para Você’, onde ensinei os jovens a ler a Bíblia com um método que era inovador. Os próprios párocos ficavam espantados, porque os pais iam lhes dizer: ‘Os nossos filhos vão ficar loucos, porque os vemos de madrugada estudando a Bíblia. Passam horas inteiras estudando-a ou então quando voltam à noite, depois do trabalho, depois das aulas, pegam a Bíblia, estando na cozinha ou no próprio quarto, até a madrugada, lendo e estudando a Bíblia.’

Pensei que Dom Antônio fosse me dar um pito, mas eles estava com o Evangelho anunciante na mão me dizendo: “Padre Jonas, esse documento é muito importante. Recebi da Santa Sé em primeira mão e preciso colocá-lo em prática, porque os batizados não são evangelizados. Faça alguma coisa e faça com os jovens, porque com eles é mais fácil”. Aquelas palavras foram as palavras fundantes da Canção Nova: “Os batizados não são evangelizados, comece pelos jovens porque com eles é mais fácil”. Disse ao Dom Antônio que iria rezar e fazer. E, realmente, graças a Deus, rezei e fiz. Apresentei o esquema a ele. Começamos o que chamamos de catecumenato.

Hoje, o Secretário da Educação participou desses tempos viu, viveu junto conosco isso o que o Governador do Estado tinha vivido antes nos encontros anteriores. O Governador Geraldo Alckmin participou de um dos nossos encontros de jovens lá em Campos do Jordão.

Começávamos ali o catecumenato. Aquilo que Dom Antônio me apresentou do Evangelho Anunciante aconteceu ao pé da letra. Ali dizia que para evangelizar, um dos meios era um catecumenato de jovens e adultos, para que, apaixonados por Cristo, esses jovens resolvessem entregar a sua vida a Deus. É o número 44 do documento.

Aconteceu literalmente, porque depois de dois anos do que chamamos de catecumenato, vi que o campo estava maduro para dizer àqueles jovens: “Quem está maduro? Quem está disposto a deixar sua família e sua casa, seus estudos, seu trabalho, até mesmo seu namoro para viver em comunidade, para realizar isso que realizo com vocês?”

Não sabia definir para eles o que íamos fazer, mas para fazer com muitos outros jovens o que faço com vocês. Aliás, essa é uma característica. Era preciso formar homens novos para um mundo novo.

A minha maneira de formá-los era estar junto com eles e fazer junto com eles. Foi assim que os salesianos fizeram comigo - assistência salesiana, um sistema preventivo. E, é só assim que eu sabia fazer com aqueles jovens. E eu fiz.

E, a nossa pergunta, quando começamos a viver em comunidade: “Será que Deus quer reunir-nos em comunidade e deixarmos tudo, só para vivermos em comunidade?” A resposta veio, imediata: “Deus colocando nas nossas mãos objetos de comunicação.”

Um duplicador de cassetes, que fazia com que as palestras dadas no encontro, rapidamente fosse duplicadas e já oferecidas para as pessoas ouvirem. E, as pessoas podiam levar para a casa por um preço muito módico aquelas palestras, que saíam, digamos, quentinhas ali, dentro daquele encontro. Deus colocava nas nossas mãos, com gravador profissional.

Eu me lembro bem, um Akai 2000-DB, que era última linha naquele momento em gravadores. Deus deu nas nossas mãos um programa de rádio. Depois esse programa de rádio gerou outros três programas de rádio.

Com a aparelhagem que nós tínhamos recebido, começamos a gravar programas em casa para três diferentes emissoras. Um pouco depois, nós comprávamos - meu Deus do céu - com cara e coragem, sem ter dinheiro!

Na Rádio Bandeirantes, de Cachoeira Paulista, onde quando começamos as nossas emissões, tínhamos um programa chamado “Cantinho da Criança”, onde um menino, Gabriel Chalita, de início participou por telefone. Depois veio para o estúdio com muito receio, e foi recebido pelas tias para que participasse do programa. Ele de tal maneira se inteirou da equipe. E era um daqueles com quem nós convivíamos, que não tinha outro meio para ir o Colégio Salesiano e receber toda a formação que recebeu para hoje ser o Secretário de Educação do Estado de São Paulo.

Olhando tudo isso, e parando um pouquinho por aí, eu vejo que não apenas ajudei Deputados chegarem ao Congresso Nacional em Brasília. Não apenas ajudei Deputado estadual estar aqui, nesta Assembléia, hoje presidindo a esta sessão. Mas tive a graça de fazer o mesmo com Deputados em outros Estados - da Bahia, por exemplo, Valmir, que hoje é Deputado. Ter o secretário de Educação, e de certa maneira também ter contribuído na formação, na sua juventude, no governo deste Estado.

Não dá mais para voltar. Sim! Nessas andanças todas, eu precisava sair de São Paulo. Foi onde conheci Miguel Martini. Foi de Miguel Martini como salvador, ele veio me consultar a respeito de caminhar pelos caminhos da política. Eu dei a orientação e disse a ele: “Vá ao seu bispo”. E, é interessante, ele foi a Dom Serafim. Ele pensava que justamente Dom Serafim pudesse dizer “Não, meu jovem. Desista disso porque a política não é uma coisa boa para um jovem católico, idealista.” Foi justamente o contrário. Dom Serafim disse a ele: “Será um problema de consciência para você, se não abraçar tenazmente esta causa.” E disse: “Se você se sente vocacionado para a política, precisa dar suas lágrimas de sangue para a política.”

Vejo que até aí nos ajudou o Senhor. Mas, ao mesmo tempo, neste trabalho todo, Deus nos empurrou para os meios de comunicação. Mas os meios de comunicação não eram simplesmente fazer rádio de início. Não era simplesmente fazer televisão oito anos apenas depois, pois essa rádio cresceu, e cresceu tanto que gerou a televisão.

Mas tudo isso existia, um sistema foi se delineando e criou-se realmente um sistema que só podíamos chamar ‘Canção Nova’ porque tínhamos também uma filosofia de vida e de ação. Chamamos então o sistema Canção Nova de Comunicação, mas ele só tinha um objetivo, que era formar homens novos para um mundo novo, porque eu não podia sair sozinho para aquela grande aventura de evangelizar os batizados.

Foi Deus mesmo quem foi me dando cada vez mais filhos. Hoje temos mais de 600 que se consagraram dentro da Comunidade Canção Nova e muitos outros que se dedicam integralmente a isso, sem estar dentro da casa, que se sentem da casa, que se sentem da família, que se sentem formados por ela. E muitos deles estão aqui. Já uma dezena de padres. Já quase meio cento de seminaristas estão caminhando conosco. Nós temos muitíssimos casais formados na Canção Nova, vivendo na Canção Nova. Temos uma infinidade de pessoas que hoje são nossa família espalhados pelo Brasil.

Mas como Deus não pára, ele nos levou também para o outro lado do oceano. Estamos em Roma, estamos em Portugal. A Canção Nova está lá. É como a canção diz: não dá mais para voltar. Ainda mais quando o Papa João Paulo II diz que é preciso ir mar adentro e lançar as nossas redes em mares mais profundos. É preciso continuar essa labuta.

Eu completei 66 anos. Preciso chegar pelo menos aos 99. (Palmas.) Obrigado. (Palmas.) Porque o Fusca 66 foi o melhor que apareceu até agora. (Risos.) Então eu começo agora, neste ano, como Fusca 66 para chegar até lá, por quê? Porque há muitos batizados ainda no Brasil, pelo menos 100 milhões de pessoas que não foram evangelizadas, que são batizadas. Agora, quando completamos 25 anos, Deus nos deu uma ordem maior, que nós não apenas estejamos nessa faina para evangelizar os batizados, mas que nos tomemos o desafio de ir "ad gentes".

Meus bispos que estão aqui, que nos honraram tanto com a sua presença, entendem bem o que queira dizer agora receber uma missão "ad gentes". Assim que nós recebemos a missão "ad gentes" de ir também para aqueles que estão longe da Igreja e fora da Igreja, o bispo de São Tomé e Príncipe, que já esteve na nossa Casa em Portugal e me mandou uma carta, está requerendo que estejamos lá. Ele quer nos confiar uma rádio lá, nesse país pequenininho, porque se depender de Portugal, um país missionário, um país necessitado de evangelização, ele tem toda a aparelhagem de uma rádio, mas não tem quem a conduza, e nos chama para lá, o que para mim é um sinal evidente de que não podemos parar no Brasil.

Quando Deus nos envia "ad gentes", um bispo nos convoca e diz "venham para cá". Para nós vai ser um ensaio de trabalho missionário num pequeno país. Nós não podemos nos negar a isso, porque preciso formar homens novos para um mundo novo.

Deputado, por sua iniciativa de sermos homenageados hoje, esta Casa não faz uma homenagem para nós, não são parabéns para nós, mas parabéns para todos aqueles que têm a ousadia de dedicar sua vida, de gastar suas lágrimas e sangue para formar homens novos para um mundo novo. E nos tempos difíceis, sem esperança, que estamos vivendo, há esperança de dias melhores. Não somos desesperançados, embora vejamos um mundo sem esperança, porque existem muitos que estão trabalhando para construir homens novos para um mundo novo.

Uma homenagem nesta Casa é um compromisso para nós, da Canção Nova, de não pararmos de fazer aquilo que é nossa missão: construir homens para um mundo novo. E, ao mesmo tempo, é um convite para que aqueles que já estão nessa faina não parem, que eles não se desalentem, pelo contrário, que, como diz o Papa João Paulo II, caminhem cada vez mais para mares mais profundos e lancem suas redes nessas águas mais profundas, mas também que muitos entrem conosco nessa luta, porque ela não é inglória, mas, ao contrário, quando chegarmos lá, diante do Senhor, teremos a surpresa de ver o Senhor de braços abertos a nos receber e a nos dar os parabéns, dizendo: "Venha, servo bom e fiel, porque foste fiel no pouco, eu te constituo no muito, porque fizeste aquilo que eu te mandei fazer, fazer homens novos para um mundo novo. Entra, portanto, neste mundo novo que você ajudou a construir."

Está aqui o convite para que muitos entrem conosco, porque realmente mais do que nunca nos tempos de hoje é preciso construir homens para um mundo novo. Os meios são apenas meios. O que é preciso é que haja pessoas capazes e ousadas de dar a vida para que isso aconteça. Eu sou muito recompensado por dar a vida a esta causa.

Muito obrigado pela homenagem. Muito obrigado a esta Casa. Muito obrigado por todos aqueles que estão presentes. Muito obrigado por aqueles que honram a Canção Nova e honram aquele que nos chamou para esta presença tão linda na noite de hoje. Deus lhes pague. (Palmas.)

 

* * *

 

- É feita apresentação musical.

 

* * *

 

O SR. NELSON CORREIA - Esta música eu fiz nos anos 80, mas desde os 15 anos acompanho o Padre Jonas. Esta música não é mais minha - eu só a compus, inspirado neste homem. Quando eu tinha 15 anos, eu vi esse homem. Ele me ensinou a tocar violão, me ensinou a cantar, me ensinou a ser de Deus. Não consegui ser santo como ele ainda, mas espero um dia chegar lá. Esta música é sua, padre. Eu só a compus. O senhor é que a inspirou. Então canta com a gente. (Fim da gravação.)

 

* * *

 

- É executado o número musical.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Neste momento, passamos a palavra a Dom Fernando Antônio Figueiredo, Presidente do Regional Sul I, da CNBB, do Estado de São Paulo. ( Palmas.)

 

O SR. FERNANDO ANTÔNIO FIGUEIREDO - Depois de um testemunho como este do Padre Jonas, o que poderia um ínfimo mortal dizer? Um vermezinho, diria São Francisco. Não sei se Dom Bosco estaria de acordo, mas São Francisco dizia sempre: “Pobre vermezinho, ínfimo mortal.”

É com muita alegria que estou aqui, para parabenizar o nobre Deputado José Carlos Stangarlini, pela iniciativa de prestar esta homenagem ao Padre Jonas e à Canção Nova. Por esse testemunho, vimos algo que nos tocou profundamente o coração de cada um de nós.

Padre Jonas, quando vemos o senhor, já com dois anos de idade, talvez não enxergando bem, mas com os olhos do coração abertos para Deus, porque ali Deus já estava agindo. Como diz São Paulo: “Antes mesmo que o senhor nascesse, Deus já estava presente nos seus planos, a seu respeito.” Por isso, nós nos alegramos por tudo isso. E ele correspondeu. A Canção Nova, igualmente, e a ação de Deus se fizeram presentes.

Sabemos que essa ação de Deus, pelo Espírito Santo, dignifica a Igreja nas suas instituições. Mas o Espírito Santo é também derramado nos corações de todos os fiéis. E vemos que eles, Canção Nova e Padre Jonas, correspondendo à ação do Espírito Santo, levam adiante a mensagem do Senhor.

Digo com toda segurança que temos um itinerário de fé e de testemunho cristão. Por isso, Padre Jonas, desejamos que o Espírito de Deus derrame seus carismas e seus dons de modo cada vez mais abundante sobre todos. Carismas, sabemos que são para o bem comum, portanto, para a igreja, em benefício dela, na sua edificação e em benefício da sociedade. Por isso, toda essa grande obra não é apenas para uma pessoa, mas para a sociedade inteira. E que a igreja seja sempre mais, graças à ação maravilhosa do Espírito Santo, na vida dos senhores. Que esta obra seja sempre para a edificação, construção e solidificação da própria igreja.

Padre Jonas, Canção Nova, coração aberto para essa maravilhosa ação do Espírito Santo de Deus. Parabéns, Padre Jonas, parabéns Canção Nova. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Tem a palavra o Sr. Secretário de Educação, Professor Gabriel Chalita. (Palmas.)

 

O SR. GABRIEL CHALITA - Exmo. Sr. Presidente José Carlos Stangarlini, que preside esta sessão, meu querido Padre Jonas Abib, hoje homenageado e que marca a história de cada um de nós, que marca a história da igreja e deste País, quando eu era Vereador em Cachoeira, presenciei o senhor ser homenageado em Cachoeira, uma cidadezinha pequena. Hoje, o senhor está sendo homenageado na Assembléia Legislativa de São Paulo, e ainda haverá muitas outras homenagens, porque de 1966 para 1999 tem uma longa jornada, mas de 1999 para cá, ainda é pouco.

Meu querido Dom Fernando Figueiredo, bispo extraordinário, que tem um carisma enorme, uma proximidade imensa com as pessoas, um bispo que sorri, que vibra, que tem entusiasmo, em seu nome quero cumprimentar a todos os bispos presentes. Gostaríamos de cumprimentar o Bispo Reinaldo Bezerra dos Reis, Presidente do Conselho Nacional da Renovação Carismática; o nosso querido Deputado Federal Salvador Zimbaldi, que orgulha a todos os paulistas pela postura ética, digna e respeitável no Congresso Nacional; o Deputado Estadual Miguel Martini, por Minas Gerais; minha querida Luzia Santiago, uma mulher que passou por aqui para que as mulheres estivessem bem representadas, co-fundadora da Canção Nova, uma pessoa também iluminada; Sr. João José Mabtum, Presidente Estadual da Renovação Carismática Católica; senhores membros da comunidade Canção Nova.

É muito bonito ver nesta Casa de Leis, na Casa do povo de São Paulo, pessoas cantando músicas tão singelas, pessoas cantando uma Canção Nova: “Quero transformar uma canção em juras de amor por Ti, meu Deus! Virgem do silêncio, vivia sempre silenciosa. Oh, Maria!”

Num mundo em que existem tantas guerras, tanta violência, tanto ódio, tanta agressividade e tanto desamor, é preciso uma Canção Nova. É essa Canção Nova que forma uma nova mulher, que forma um novo homem.

Passei minha adolescência embalado por essas músicas da Canção Nova. Quantas pessoas se formaram com essa coragem que teve o Padre Jonas, e essas pessoas que começaram a lutar pela Canção Nova.

Quando ouvimos a história do Padre Jonas, parece que foi tudo tão lindo. Realmente foi tudo lindo, mas quantas pedras estiveram no meio desse caminho, quantas dificuldades, quantas pessoas não entenderam muito bem essa missão no início, não entenderam muito bem esse plano de Deus, mas o Padre Jonas persistiu. Os barcos estão seguros quando permanecem nos portos, criando limo e craca no casco, mas os barcos não foram feitos para isso. Não dá mais para voltar. O barco está em alto mar. Esta coragem, essa ousadia, essa paixão, que marca aliás, toda a história da salvação. Imaginem quanta inquietação teve aquele povo na época de Abraão. Imaginem quanta dúvida teve aquele povo com Moisés, com os profetas que surgiam dizendo coisas que as pessoas não entendiam muito bem. Imaginem quanto medo daqueles primeiros cristãos, mas a coragem e a fé inabalável fizeram com que nos momentos de maiores dificuldades da história houvesse mulheres e homens com coragem, amor e esperança.

O Padre Jonas deixa e constrói um grande legado. Quem viu o comecinho, na Rádio Bandeirantes, os primeiros programas, e hoje enxerga Canção Nova. Onde vou as pessoas falam: “Você é de Cachoeira Paulista, terra do Padre Jonas.” Padre Jonas nem é da terra de Cachoeira, mas virou da terra de Cachoeira, isso é motivo de muita satisfação. Quanto bem o senhor faz para milhares de pessoas! Isso significa tocar no coração das pessoas, construir um novo homem, uma nova mulher.

Lembro-me, ainda adolescente, do senhor dando palestras e dizendo como é que se dá a revolução do mundo. A gente vai revolucionar o mundo para revolucionar o homem, ou revolucionar o homem para revolucionar o mundo? A grande mensagem de Cristo é essa revolução interna que toca nas pessoas, que acredita no ser humano, que permite que novos vôos sejam dados. E a missão é muito grande, porque há muito o que fazer. Isso às vezes nos deixa um pouco entristecidos na iminência de uma guerra com tanto preconceito, com tanto medo.

Às vezes nós pensamos: meu Deus, veio a televisão, veio a internet, o homem chegou à Lua, conheceu o macro e o microcosmos. A medicina evoluiu. E a gente ainda discute os nossos problemas com guerra. A gente ainda fala em violência, ainda discrimina um ao outro. Mas isso não pode nos desanimar. Aí vem a grande missão das mulheres e dos homens corajosos.

Não é o Padre Jonas que está de parabéns, Deputado Stangarlini. É esta Casa que está de parabéns. É a Assembléia Legislativa que hoje está abençoada. Esta Casa que toma decisões tão importantes para a história das pessoas hoje está iluminada por essa graça de Deus. Por esse homem que, como diz Dom Fernando, já começou a enxergar, pequenino, de forma diferente, a mensagem que Deus colocava para ele. E nós, que somos fruto disso, todos nós que estamos aqui e mais milhares de pessoas que não estão aqui, que receberam um pouco dessa herança, desse grande pai, desse grande mestre, que tem mais de Dom Bosco que de São Francisco, mas tem um pouco de cada um, de pessoas que tiveram essa paixão e essa coragem de lutar por uma nova história.

O mundo é feito por gente assim, por gente que não tem medo. Às vezes as coisas são tão complicadas! Aliás, Cecília Meireles, num poema lindo, diz isso: “algumas pessoas olham pelas janela, vêem as rosas murchas, ficam tristes e começam a chorar. E ponto. Outras pessoas chegam na janela, olham as rosas murchas e ficam felizes, porque são capazes de ver a semente”. O senhor viu a semente e vê a semente dessa geração, dessas crianças, desses jovens, desses adolescentes, dessa humanidade. Nós precisamos enxergar a semente. Se não a enxergarmos, será um desperdício, porque a roseira está inteira aí, para dar flores lindas. E às vezes essas flores perdem a oportunidade de desabrochar. Vamos enxergar a semente, jogar água, ver a rosa florescendo, e se encantar. Se nós acreditamos em Deus, e temos a certeza de que ele nos deu essa missão, é preciso ir adiante.

Parabéns, Padre Jonas. Que Deus o abençoe muito e parabéns a todos nós que temos a honra e o privilégio de conviver com esse santo homem. (Palmas).

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Srs. Deputados aqui presentes, parte da comunidade Canção Nova, e também aqueles que nos prestigiam através dos lares e da Televisão Canção Nova, estamos em festa para comemorar os 25 anos da Comunidade Canção Nova e reverenciar o seu criador, o Padre Jonas Abib e também Luzia Santiago, que é co-fundadora.

Impossível falar da Cancão Nova sem lembrar da mensagem de Jesus, que nos foi transmitida pelo evangelista Marcos: “ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.” Este com certeza é um dos mais importantes versículos do Evangelho. Tendo ressuscitado, Jesus, antes de ascender aos céus, ordenou aos seus discípulos que empreendessem esforços no sentido de que seus ensinamentos se tornassem conhecidos em todas as partes do mundo. Aqueles que se colocam à disposição de Deus e da Igreja, nem sempre no primeiro momento vislumbram a dimensão de sua missão, ou até onde o seu trabalho vai chegar. Certamente assim se deu com os santos apóstolos, homens simples e quase sem formação.

Dias atrás, li um texto escrito pelo Padre Jonas, onde testemunhava justamente esse mistério: despojar-se da própria vontade para servir os projetos de Deus. Pelo nosso querido amigo Padre Jonas Abib e por todos os integrantes da Comunidade Canção Nova, quero verter louvores a Deus. Nossa Senhora disse sim a Deus e Jesus foi gerado para o mundo. Vocês também disseram sim e a palavra de Deus continua sendo gerada para o mundo.

Este é o último dia deste meu primeiro mandato. Amanhã, com a graça de Deus estarei sendo empossado já no segundo mandato, minha caminhada como representante do povo católico na Casa do Legislativo paulista. Há exatamente quatro anos tendo dito sim a Deus, aqui mesmo neste plenário, começava uma nova fase da minha vida: representar a Igreja e os valores do Evangelho nesta Casa.

Cheguei com muitas propostas, várias idéias mas apenas com uma certeza, de que Deus nunca me faltaria. E realmente Ele permaneceu comigo, dando-me forças, coragem e determinação para cumprir, sem nunca faltar com a fidelidade ao meu chamado. Foi certamente com isso que consegui aprovar projetos de lei importantes, dos quais destaco aquele que instituiu o ensino religioso nas escolas estaduais, aspiração do episcopado e do povo católico. Nesses quatro anos sempre valeram-me os ensinamentos e lições do Padre Jonas, de quem em momentos difíceis sempre recebi orientação e apoio.

Vejam como Deus sempre nos surpreende. Esta sessão solene, último ato da legislatura e do mandato 1999/2003, não poderia ser mais feliz para mim, pois ao homenagear a Canção Nova e o seu criador, o Padre Jonas evoca a difusão do Evangelho e o compromisso que é de todos nós de servir a Deus e de viver de acordo com os ensinamentos de Seu Filho, Jesus Cristo. A missão de representar e de servir ao povo de nosso Estado recomeça amanhã, reforçada por este momento, e pelas preces e intenções de todos os nossos amigos, que nos agraciam com o prestígio de sua presença.

Parabéns, Canção Nova, Luzia Santiago, Wellington, Padre Jonas. Vida longa e muita luz, porque não dá mais para voltar. Obrigado. (Palmas).

 

* * *

 

- É executado um número musical.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Esta Presidência dá por aprovada a ata desta sessão, a última do período adicional e desta Legislatura. Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades e àqueles que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade, e convida a todos para nos confraternizarmos no Hall Monumental, onde será oferecido um coquetel. Está encerrada a presente sessão.

 

* * *

 

- Encerra-se a sessão às 22 horas e sete minutos.

 

* * *