22 DE MARÇO DE 2002

4ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM À ORDEM DE SÃO BENTO

 

Presidência: JOSÉ CARLOS STANGARLINI

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 22/03/2002 - Sessão 4ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: JOSÉ CARLOS STANGARLINI

 

HOMENAGEM À ORDEM DE SÃO BENTO, E COMEMORAÇÕES DO CENTENÁRIO DO COLÉGIO SÃO BENTO E DO QÜINQUAGÉSIMO ANIVERSÁRIO DA ABADIA DE SÃO GERALDO

 

001 - JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades. Anuncia que a sessão foi convocada pela Presidência da Casa por solicitação do Deputado ora na Presidência com a finalidade de homenagear a Ordem de São Bento; dar início às comemorações do Centenário do Colégio São Bento e do Qüinquagésimo Aniversário da Abadia de São Geraldo. Convida todos a ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - GERALDO GONZÁLEZ Y LIMA

Na qualidade de vice-Reitor do Colégio Santo Américo e Subprior da Abadia de São Geraldo, cumprimenta os Deputados e demais autoridades. Apresenta um pouco da vida monástica a partir de sua comunidade da Abadia de São Geraldo.

 

003 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia um número musical.

 

004 - ADRIANO BELLINI

Reitor do Colégio São Bento, cumprimenta os Deputados e dos demais presentes. Fala da proposta beneditina de formar cidadãos participantes e transformadores da sociedade, através da fundação do Colégio São Bento.

 

005 - JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia uma encenação artística.

 

006 - ERNESTO LINKA

Abade da Abadia de São Geraldo cumprimenta o Presidente José Carlos Stangarlini e demais autoridades. Historia a Abadia de São Geraldo, que faz 50 anos.

 

007 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia um número de canto.

 

008 - LUÍS CÉSAR DE PROENÇA

Abade do Mosteiro de São Bento de São Paulo, saúda o Presidente José Carlos Stangarlini e demais autoridades. Narra as vicissitudes encontradas por d. Miguel Kruse na construção do Colégio S. Bento.

 

009 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Homenageia postumamente a d. Miguel Kruse, aos pioneiros da Abadia São Geraldo e do Colégio Santo Américo. Anuncia número musical. Entrega certificados a d. Abade Joaquim Arruda Zamith; D. Cândido Padim; ao corpo docente  do Colégio S. Bento, na pessoa do Professor Abraão Arid Netto; ao ex-Governador Franco Montoro, na pessoa do filho, Paulo Guilherme Franco Montoro; a Antônio Castilho de Alcântara Machado d' Oliveira, na pessoa de sua sobrinha, Susana Macedo Soares; a d. Ernesto Linka; a d. Geraldo González y Lima; a d. Gabriel Zsolt Tróffy: a Veremundo Toth; e a d. Paulo de Souza e Silva. Traça a biografia de S. Bento. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

* * *

 

- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Dr. Paulo Lebes Bonfim, representando o Presidente do Tribunal de Justiça, que muito nos honra com sua presença, Srs. Deputados, senhoras e senhores, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Walter Feldman, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de homenagear a Ordem de São Bento e dar início às comemorações do Centenário do Colégio de São Bento e do 50º aniversário da Abadia de São Geraldo.

Convido a todos os presentes para, de pé, ouvirem, pelo Coral da Polícia Militar do Estado, o Hino Nacional.

 

* * *

 

- É entoado o Hino Nacional.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Esta Presidência agradece ao Coral da Polícia Militar.

Vamos conceder a palavra a d. Geraldo González y Lima, vice-Reitor do Colégio Santo Américo e Subprior da Abadia de São Geraldo.

 

O SR. GERALDO GONZÁLEZ Y LIMA - Excelentíssimos Srs. Deputados, caros irmãos na Ordem de São Bento, prezados senhores e senhoras, nosso pai, d. Abade Ernesto, pediu-me que apresentasse nossa vida monástica e vou fazê-lo a partir de nossa comunidade concreta da Abadia de São Geraldo, mantenedora do Colégio Santo Américo.

Envolvo a todos os meus irmãos, os que já estão no coro da eternidade, e também os nossos seniores aqui presentes, mesmo os mais jovens, com quem convivo.

Escolhi como tema um pequeno trecho do Salmo 33.15: “Busca a paz e segue-a”.

Os 50 anos de nossa Abadia fazem parte de um mosaico histórico e espiritual muito mais amplo e antigo.

Há quatro séculos, os monges beneditinos velam pelo Brasil. Há dez séculos, fazem o mesmo pela Hungria, terra de nossos fundadores e há quinze séculos nosso pai São Bento nos ligou, através da sua regra tendo como guia o Evangelho, esse caminho de busca de Deus e de encontro com o bom, o belo e o bem. Aos homens e às mulheres de hoje, pós-modernos, o que nós, monges e monjas beneditinos, podemos oferecer-lhes em nossas vidas com nossa oração.

Vivemos em comunidades, porque sabedores de nossas fragilidades, debilidades e limitações, conjuntamente pedimos a graça e a misericórdia de Deus e necessitamos ser formados, com o auxílio de muitos irmãos e irmãs, para encontrá-lo, pois sozinhos nos perderemos.

Como dom dos dons sempre teremos um abade pai ou uma abadessa mãe a velar pelas nossas vidas e pelas nossas famílias monásticas na vivência da regra, do amor fraterno e da reconciliação.

Juntos professamos os votos de obediência no amor, estabilidade na liberdade e conversão dos costumes na verdade, sempre solicitando a Deus a graça da perseverança e a alegria da fidelidade.

Nos dias que nos são dados para nossa conversão realizamos o “ora e o labora”, o trabalho e a oração, tão distintos e diversos, mas sempre transformando o mundo com arte e transcendendo a vida pelo irmão.

Em nossas hospedarias e parlatórios, tendo sido acolhidos uma vez com graça e perdão, acolhemos agora em espírito e com compaixão. De solitários a solidários em Cristo, somos amados e amantes por Cristo, transformando a miséria em misericórdia com Cristo.

Na liturgia das horas, nas missas e demais celebrações, cantamos nossas vidas e também vivemos as nossas canções. Cantamos a dor e alegria, o erro e a vitória, a angústia e a salvação. Cantamos razões de vida e de esperança pela humanidade que nos necessita, mesmo que o mundo não nos compreenda, pois a palavra o Cristo, se fez carne; o espírito sopra aonde quer; a igreja nos inspira e Deus nos espera.

De geração em geração, de tradição em tradição, buscamos essa verdade que liberta e a liberdade, que é o espaço do amor, no caminho da paz.

De uma forma muito simples e singela hoje queremos transmitir, com alegria a todos os presentes, o convite que um dia nos foi feito e sinceramente professamos: busquem a paz e sigam-na. Vale a pena!

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Assistiremos agora a algumas apresentações musicais pela cantora Camila Titinger, aluna do Colégio Santo Américo.

 

* * *

-

São feitas as apresentações musicais.

 

* * *

           

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Esta Presidência agradece a brilhante participação da Camila. Obrigado.

Tem a palavra d. Adriano Bellini, Reitor do Colégio de São Bento.

 

O SR. ADRIANO BELLINI - Excelentíssimos Srs. deputados, prezados senhores e senhoras, meus caros irmãos de hábito e meus estimados alunos do Colégio São Bento e Santo Américo, ao lermos a Regra Beneditina surpreende-nos o fato de encontrarmos em São Bento um grande pedagogo, conseqüência da sua grande humanidade e de sua sensibilidade para compreender o mais essencial do ser humano.

Seguindo o seu exemplo, os monges beneditinos durante séculos mantêm, cultivam e difundem a cultura para os mais diversos povos.

A educação cristã nos mosteiros está sempre ligada à evangelização, de modo que o principal objetivo de uma escola beneditina é formar integralmente seus alunos, proporcionando-lhes ao mesmo tempo uma profunda experiência humana e uma veemente experiência religiosa do encontro com Deus.

A proposta beneditina é formar cidadãos participantes e transformadores de nossa sociedade a partir dos valores cristãos vivenciados na regra de nosso Pai São Bento.

O principal motivo que leva alguém a tornar-se monge é o desejo de manter uma vida de íntima união com Deus e com os irmãos.

O trabalho que realiza depende de sua leitura dos sinais dos tempos, identificando qual é a necessidade atual e real; qual o melhor serviço que pode ofertar para a construção da sociedade civil e da comunidade religiosa, visando contribuir para a realização do reino de Deus entre os homens.

Foi assim que nos idos de 1903 d. Miguel Kruse e a comunidade monástica sentiram a necessidade de construir um colégio católico que pudesse oferecer, além de excelente qualidade na formação acadêmica, uma formação humana bem-estruturada e uma identidade cristã bem-estabelecida.

Com sacrifício e perseverança, esses veneráveis monges construíram, pouco a pouco, o prédio que hoje conhecemos.

Hoje, o Colégio de São Bento continua preocupado em construir um ambiente que seja propício para a efetivação de seus objetivos.

Aos cem anos o nosso Colégio está passando por uma completa reformulação para que cada vez mais possa oferecer uma educação atual e consistente que marque a vida de cada um dos nossos alunos, formando-os para um futuro promissor tanto no que diz respeito à realização profissional como na realização pessoal.

Nossos alunos devem ser capazes de, consciente e ativamente, trabalhar para a construção de um mundo onde reinem a justiça, a paz, a caridade e a esperança.

Aos cem anos, a marca atual de nosso corpo docente e discente é a alegria e a expectativa de buscar, a cada dia, a perfeição no trabalho, a deferência mútua e a amizade. Enfim, aquele bom zelo do qual fala São Bento na regra.

Esse bom zelo parece ser a principal característica de um colégio que adquiriu experiência e um grande potencial para servir a Deus, a sociedade e a cada um dos seus alunos, em particular.

Portanto, queremos muito agradecer a cada um dos nossos professores e funcionários, aos pais e responsáveis que diariamente, com incansável fervor, participam ativamente da vida do Colégio de São Bento, ajudando-nos a manter e desenvolver o nosso trabalho e a atingir nossos anseios.

A comunhão e a partilha de ideais entre todos têm sido o sinal de que se tem cumprido aquela máxima de Nosso Senhor de que todos sejam um. Pois se o maior apetite do homem é o desejar ser, isto é realizado em nosso colégio a partir de um acolhimento fraterno e sincero através do ensino do bem e do belo que deverá levar os alunos a buscar a plenitude da vida e não se conformar com as quimeras que muitas vezes a ilusão pode oferecer.

O amor é o fio condutor que faz a união entre todos e que nos permite ver o mundo com olhar diferente, isto é, com olhar amoroso e cheio de ternura com que Deus nos fita.

Trabalha-se o ser de cada aluno com base no amor, pois Deus é amor e Ele é o mestre do Colégio de São Bento.

Portanto, nesta Casa de Deus não pode haver desânimo, nem demora, mas tudo deve ser feito com um imenso gáudio e entusiasmo, sob o prisma do eterno bem.

Esta homenagem é feita não somente a nós, mas a todos os homens e mulheres que dedicaram suas vidas em favor do próximo, comprometidos com a educação e a edificação da pessoa humana.

A todos os senhores, nosso coração agradece com profundo respeito e estima. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Assistiremos agora uma encenação artística pelos alunos do Colégio São Bento.

 

* * *

- É feita a encenação artística.

 

* * *

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Agradecemos a encenação artística feita pelos alunos do Colégio São Bento.

Na seqüência, assistiremos uma apresentação de violino por John Mesquita, aluno do Colégio Santo Américo.

 

* * *

-         É feita a apresentação musical.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - A Presidência agradece a apresentação do John Mesquita.

Ouviremos agora d. Ernesto Linka, abade da Abadia de São Geraldo.

 

O SR. ERNESTO LINKA - Excelentíssimo Sr. Presidente desta sessão solene, Deputado José Carlos Stangarlini, demais autoridades presentes, meus caríssimos irmãos em São Bento, prezados senhores e senhoras, na qualidade de abade do Mosteiro São Geraldo agradeço, em nome dos membros desta comunidade monástica, esta homenagem que está sendo prestada.

Cinqüenta anos não parece significativo perante a história humana, mas em nossos tempos coincide com a explosão do progresso brasileiro, em particular com o incrível desenvolvimento e crescimento da cidade de São Paulo.

O primeiro beneditino húngaro chegou nesta cidade em 1931 para dar assistência espiritual a recém-chegados imigrantes húngaros, apoiado durante vários anos pelo Mosteiro de São Bento.

Em 1939, a pequena comunidade beneditina húngara - três padres pela nova paróquia, numericamente 69 na arquidiocese de São Paulo - entrou nessa circulação pastoral da cidade.

Um pouco mais tarde, nos anos 40, a chegada de outros monges húngaros amplia o campo do trabalho, ora na colônia húngara, já bem organizada, ora abrindo novos caminhos na sociedade paulistana pelo Colégio Santo Américo e pelas obras sociais.

Pelo colégio já passaram mais de 9.000 alunos aproximadamente em 50 anos.

Aproximadamente 2.000 jovens participam, anualmente, nas obras sociais. Três centros comunitários abrigam crianças de zero a 18 anos: Vila Morse, Paraisópolis e Monte Kamel, em regime de gratuidade, oferecendo assistência desde o berçário até o profissionalizante, atingindo 6.000 famílias.

Pelas duas paróquias, São Bento, no Morumbi, fundada em 1970, e Nossa Senhora do Paraisópolis, fundada em 1986, a abadia penetra em todas as camadas sociais.

Assim, podemos constatar que conforme a antiga tradição beneditina, os monges ajudaram a criar a Europa Medieval.

Queremos também contribuir com a sociedade moderna paulistana para o crescimento humano, patriótico e cristão.

Terminando meu pronunciamento, quero deixar o profundo respeito e agradecimento aos doze monges pioneiros que já estão na eternidade.

Muito obrigado. (Palmas)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Assistiremos agora à apresentação do Coral Infantil do Colégio de São Bento.

 

A SRA. CECÍLIA SEVÍLIO - Os alunos da 4ª série do ensino fundamental e o aluno Pedro, do ensino médio, apresentarão a canção indígena Nhamandu da Aldeia, do Morro da Saudade, do Projeto Memória Viva Guarani, cantada em tupi-guarani.

 

* * *

- É feita a apresentação musical.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Tem a palavra d. Luís César de Proença, abade do Mosteiro de São Bento, São Paulo.

           

O SR. LUÍS CÉSAR DE PROENÇA - Excelentíssimo Sr. Deputado José Carlos Stangarlini, demais autoridades, irmãos e irmãs, no ano de 1900 chegava em São Paulo, vindo da Bahia, o Reverendo d. Miguel Kruse, alemão de nascimento, mas que viera ao Brasil, já padre, para se tornar monge beneditino. Deparou-se com uma situação bastante complicada no Mosteiro de São Bento. Lá chegando não encontrou nenhum monge, pois o abade havia falecido há poucos dias da sua chegada. Encontrou um prédio às ruínas, uma situação administrativa completamente desorganizada e confusa.

Dom Miguel arregaçou as mangas e pôs mãos à obra. Não havia muito o que pensar, era preciso trabalhar.

Apesar de tudo, d. Miguel encontrava-se na Congregação Beneditina do Brasil, cujos mosteiros tinham 300 anos de tradição.

No período que antecedeu a sua chegada, vários papas já haviam incentivado as comunidades monásticas brasileiras a fundarem escolas, conforme longa tradição beneditina de ensino das abadias da Europa.

Era preciso educar os adolescentes e jovens brasileiros, mostrando-lhes o caminho da verdade.

Assim, em meio a tantas dificuldades, d. Miguel Kruse iniciou, em 1903, mais efetivamente, os trabalhos do Colégio de São Bento, ainda no prédio do antigo mosteiro, demolido em 1910.

Nessa época, já havia alguns outros monges com ele que muito colaboraram para que fizesse funcionar o Colégio.

Assim, chegamos ao seu 100º ano de trabalho. Quantos alunos e alunas foram formados durante todos estes anos? Mais ou menos 60 mil brasileiros, solidamente. Mas é preciso dizer também que os tempos mudaram. Parte da grande transformação que houve em São Paulo no Século XX já fora prevista por d. Miguel.

Nas últimas décadas, houve períodos negros para o Centro da capital paulista. Ele fora totalmente esquecido e até desprezado em suas riquezas arquitetônicas e serviços, não havendo uma política de recuperação ou preservação. O nosso Centro foi-se transformando em lugar perigoso, deteriorado, abandonado, sujo, traído pelos seus próprios senhores e guardiões.

Havia projetos para toda a cidade, porém, a palavra de ordem para o coração da cidade era abandoná-lo. Ainda hoje o Colégio de São Bento sofre diretamente as conseqüências dessa lamentável política.

Graças a Deus, há dez anos foi fundada a Associação Viva o Centro, que tem feito, não sem grande esforço, reverter este quadro. Mas as conseqüências trágicas revertem-se a passos lentos.

Se o Colégio de São Bento influenciou diretamente a vida de tantos brasileiros, fazendo-os crescer em estatura intelectual, moral e espiritual, hoje ele necessita ser reconhecido como um lugar possível ainda de bons serviços à coletividade.

Dentre todos os ex-alunos, alguns foram e são brasileiros de destaque. Desejo citar alguns nomes de memória, porém, não quero ser injusto, esquecendo outros.

Cito a memória do grande Franco Montoro, Alcântara Machado, Sérgio Buarque de Holanda, Prestes Maia, Sérgio Cardoso, Raul Cortez, Cândido Padin, Joaquim Zamith, Marcelo Rossi e outros.

Sendo eu também ex-aluno, posso dizer que com o coração agradecido recordo de tantos monges que dedicaram suas vidas ao Colégio de São Bento, muitos dos quais não mais se encontram entre nós: d. Bedha Nedel; d. Bernardo Botelho Nunes; d. Henrique Weber; d. Bonifácio Wolfert; d. Anselmo Denzel; d. Domingos Lourenço; d. Matias Marshal; d. Afonso Nissel; d. Estanislau Ausenka; d. Rafael Hipenhauff; d. João da Cruz de Almeida de Abreu e outros.

Glória ao Senhor dos Séculos. A Ele os devidos agradecimentos.

Sou também portador do agradecimento de toda a comunidade beneditina de São Bento a esta Casa.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Nesta sessão solene convocada em homenagem e honra à Ordem de São Bento, vai homenagear, postumamente, o fundador do Colégio de São Bento d. Abade Miguel Kruse e convida para receber a placa de prata evocativa d. Adriano Bellini, Reitor do Colégio São Bento.

 

* * *

- É feita a entrega da placa.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Igualmente será entregue a d. Ernesto Linka uma placa de prata que presta uma homenagem póstuma aos pioneiros da Abadia São Geraldo e do Colégio Santo Américo.

 

* * *

- É feita a entrega da placa.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Assistiremos agora a uma apresentação de Cânticos Gregorianos pelos monges do Mosteiro de São Bento.

 

* * *

- É apresentado o Te Deum, agradecendo ao Senhor por todos os bens que Ele nos tem concedido.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Agradecemos aos monges do Mosteiro de São Bento pela apresentação e em seguida, presta algumas homenagens com entrega de certificados.

O primeiro certificado será entregue ao Presidente da Congregação Beneditina do Brasil, d. Abade Joaquim Arruda Zamith.

 

* * *

- É feita a entrega do certificado.

* * *

A seguir será homenageado abade Cândido Padim, Bispo emérito da Diocese de Bauru, educador, homem de cultura, um marco da presença beneditina no Brasil.

 

* * *

- É feita a entrega do certificado.

* * *

 

A homenagem ao corpo docente do Colégio São Bento se fará na pessoa do Professor Abraão Arid Netto, que ensina naquela modelar instituição de ensino há 44 anos.      

 

* * *

- É feita a entrega do certificado.

* * *

 

Prestaremos, a seguir, duas homenagens póstumas. A primeira delas a um dos brasileiros mais notáveis, um dos homens públicos mais brilhantes que este País já teve, um modelar exemplo de formação católica na família, na educação e na política, o ex-Governador André Franco Montoro.

Seu filho Paulo Guilherme Franco Montoro receberá o certificado.

 

* * *

- É feita a entrega do certificado.

* * *

 

Será homenageado também, postumamente, o jornalista famoso, de notável presença no meio da imprensa, Antonio Castilho de Alcântara Machado d’Oliveira, que como o Prof. Franco Montoro, também foi ex-aluno do Colégio de São Bento.

Sua sobrinha Susana Macedo Soares receberá o certificado.

 

* * *

- É feita a entrega do certificado.

* * *

 

A próxima homenagem é ao abade da Abadia de São Geraldo, d. Ernesto Linka.

Nesta homenagem, a Assembléia e o Deputado José Carlos Stangarlini estão homenageando também a presença da colônia magiara, em São Paulo.

 

* * *

-         É feita a entrega do certificado.

* * *

 

O próximo homenageado é d. Geraldo González y Lima, ex-aluno do Colégio Santo Américo, formado em Direito, pela USP.

Tendo optado pela vida monástica, é atual Subprior da Abadia de São Geraldo, vice-Reitor do Colégio Santo Américo, dirigente espiritual do Movimento Pax e aniversaria na data de hoje.

 

* * *

- É feita a entrega do certificado.

* * *

 

O próximo homenageado é mais um húngaro que marcou a sua presença no Brasil: Dom Gabriel Zsolt Iróffy, Reitor do Colégio Santo Américo.

 

* * *

-         É feita a entrega do certificado.

* * *

 

O próximo homenageado é Veremundo Toth, nascido na Hungria. Notabilizou-se como professor no Colégio Santo Américo, é educador e autor de livros sobre catequese e formação de jovens e de comunidades cristãs, tendo uma marcante atividade pastoral. Fundador da Paróquia de São Bento, do Morumbi, e atual pároco da Igreja Nossa Senhora do Paraíso.

* * *

- É feita a entrega do certificado.

* * *

 

O próximo homenageado é Dom Paulo de Souza e Silva, professor de Teologia e Liturgia. Foi o primeiro monge sacerdote da Abadia de São Geraldo, é o atual Prior da abadia e pároco da Paróquia São Bento, do Morumbi.

 

* * *

-         É feita a entrega do certificado.

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Senhoras e senhores, a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, em nome do povo paulista, associa-se à Igreja Católica Apostólica Romana para homenagear a Ordem de São Bento.

São Bento é, com toda certeza, um dos santos mais conhecidos de nossa igreja. Viveu na Itália por volta do ano 500, tendo criado por inspiração divina as regras que deram novos rumos à vida monástica: a vertical para a espiritualidade e a vida na oração, com relacionamento com Deus e a horizontal para a vida do cotidiano e trabalho, num relacionamento com os irmãos.

Esses dois planos distintos em que se fundava o ensinamento de São Bento revela um equilíbrio perfeito entre a vida contemplativa nos mosteiros e a ação do mútuo material. É o binômio ‘Ora et labora’: reza e trabalha.

Nesta sessão solene, marcamos o início das comemorações do jubileu de duas importantes contribuições dos monges beneditinos para a história do nosso Estado, verdadeiros frutos da espiritualidade ensinados por São Bento.

O Colégio de São Bento comemora o seu centenário e a Abadia de São Geraldo o seu cinqüentenário.

O Colégio de São Bento, fundado em 1903 por Dom Miguel Kruse, à época abade do Mosteiro de São Bento, nasceu da necessidade de continuar a história educacional de São Paulo.

Certamente o Colégio de São Bento é uma instituição imprescindível em nosso cenário educacional, haja vista ter formado, ao longo desses 100 anos, cidadãos competentes e conscientes das suas responsabilidades civis. Isso sem negar os princípios cristãos e adaptando-se às constantes mudanças da ordem estrutural do País.

Esta sessão solene é o marco também do início das comemorações do 50º aniversário da Abadia de São Geraldo, cujas bases foram lançadas pelos monges beneditinos húngaros que aqui chegaram para auxiliar as colônias húngaras que aqui se formavam já antes da 2.ª Guerra Mundial.

A instalação do Mosteiro São Geraldo, de São Paulo, em 1953, reconheceu e consolidou a experiência do apostolado de mais de duas décadas desses monges beneditinos do Brasil.

Não podemos esquecer do Colégio Santo Américo, mantido pela Abadia São Geraldo, cuja história também está intimamente ligada à história recente do nosso Estado.

Esta Assembléia Legislativa não poderia deixar de registrar a importância da Ordem de São Bento para o povo de São Paulo em nome de todos os paulistas.

Na pessoa de d. abade Ernesto Linka e de d. abade Luiz Cesar de Proença, quero agradecer aos irmãos beneditinos pela relevante participação na história do nosso Estado.

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades e aqueles que com suas presenças colaboram para o êxito desta sessão solene.

Está encerrada a sessão.

* * *

 

- Encerra-se a sessão às 11 horas e 38 minutos.

 

* * *