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22 DE MARÇO DE 2011

005ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: ROBERTO MORAIS, CARLÃO PIGNATARI, JOOJI HATO, BARROS MUNHOZ, VINICIUS CAMARINHA e ALEX MANENTE

 

Secretário: ULYSSES MARIO TESSINARI

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - ROBERTO MORAIS

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - ITAMAR BORGES

Relata que sua experiência mais profícua no exercício da Prefeitura de Santa Fé do Sul foi referente à Santa Casa. Solicita a criação de uma Frente Parlamentar em apoio às Santas Casas. Ressalta a importância destas entidades hospitalares na vida da comunidade. Pede esforço conjunto das Prefeituras e Estado em nome da citada entidade filantrópica.

 

003 - SIMÃO PEDRO

Comenta a visita a esta Casa realizada pelos estudantes da UNE, que visam à aprovação da PEC nº 09, que pede a destinação de 50% dos recursos do Pré-Sal oriundos do Estado de São Paulo à Educação. Menciona também visita dos alunos da USP - Leste, que reivindicam melhorias no ensino. Informa que relatório do Reitor da Universidade informava modificações nos cursos sem que houvesse discussão com a comunidade acadêmica. Solicita debate nesta Casa acerca da Educação.

 

004 - JOÃO ANTONIO

Condena a política do Governo Estadual a respeito da Segurança Pública. Afirma que os profissionais desta área são os mais mal pagos da Federação. Informa que 279 delegacias foram fechadas no Estado de São Paulo. Comenta acerca do aumento da violência no governo do PSDB. Critica a falta de alternância de Poder no Governo Estadual.

 

005 - Presidente ROBERTO MORAIS

Cancela a sessão solene convocada para 25/03, às 20 horas, em "Homenagem à Pastoral Carcerária", a pedido do Deputado Simão Pedro.

 

006 - OLÍMPIO GOMES

Informa que o Distrito Federal e outros oito Estados brasileiros já adotaram, através de legislação estadual, a PEC 300, que estabelece piso salarial para os profissionais da Segurança Pública. Solicita apoio dos demais parlamentares em relação ao conteúdo desta PEC. Lastima as condições de trabalho dos policiais civis e militares no Estado de São Paulo. Relata que há déficit de seis mil profissionais na Polícia Militar e quatro mil na Polícia Civil.

 

007 - GERSON BITTENCOURT

Agradece aos seus eleitores, em especial na região de Campinas. Relembra sua trajetória política. Comenta notícia a respeito da construção de Corredor Noroeste na região de Campinas e sobre a implantação do Bilhete Único na Baixada Santista. Considera que as obras comentadas serão positivas, no entanto, apenas terão início em 2013/2014. Defende a tarifa única dentro e fora dos municípios metropolitanos e demais melhorias no transporte coletivo.

 

008 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Comenta matéria jornalística da rede "Brasil Atual" acerca da saúde pública no Estado de São Paulo. Reflete sobre a aprovação de Lei que estabelece o uso de 25% dos leitos dos hospitais públicos para convênios particulares, pois esta retorna a esta Casa para regulamentação.

 

009 - CARLÃO PIGNATARI

Assume a Presidência.

 

010 - TELMA DE SOUZA

Reflete sobre a questão da mulher na política. Comenta a visita do Presidente dos EUA ao Brasil. Faz histórico de sua vida política. Diferencia a visão feminina da masculina nas questões políticas e ressalta a importância da primeira.

 

011 - JOSÉ CÂNDIDO

 Lê e comenta texto a respeito do "Dia Mundial da Água". Considera inadmissível o uso dispendioso da água. Reflete acerca do problema, especialmente na região do Alto Tietê.

 

012 - ORLANDO JOSÉ BOLÇONE

Considera acerca dos problemas de sua região, São José de Rio Preto. Afirma que espera poder contribuir com os temas da Segurança Pública e Desenvolvimento Sustentável através de sua experiência política. Informa que o desenvolvimento tecnológico e científico deverá ser o foco de sua atuação.

 

GRANDE EXPEDIENTE

013 - RITA PASSOS

Lê artigo e tece comentários sobre o Dia Mundial da Água. Fala da importância de mudanças de hábitos para a preservação deste item básico. Cita informações úteis visando a economia de água. Aconselha a população a ter atitudes voltadas para a redução, reposição e reutilização da água.

 

014 - Presidente CARLÃO PIGNATARI

Registra a presença de alunos da Escola Estadual Ministro Alcindo Bueno de Assis, de Bragança Paulista, acompanhados dos professores Miguel Vieira Ferreira Prado e Alaíde de Lima Pinheiro, a convite do Deputado Edmir Chedid.

 

015 - MARCOS MARTINS

Discursa sobre o Dia Mundial da Água. Tece críticas sobre os serviços prestados pela Sabesp. Combate o desperdício de água gerado pela empresa. Defende a participação da população na preservação e controle da qualidade da água. Menciona perigos do amianto para a saúde.

 

016 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

017 - ALENCAR SANTANA BRAGA

Agradece os eleitores pelos votos recebidos. Cita reunião ocorrida entre o Governador Geraldo Alckmin e a Presidente Dilma Rousseff. Elogia a atitude da Presidente pelo tratamento dispensado a representante de oposição. Sugere que Geraldo Alckmin dê a mesma atenção à Minoria desta Casa. Parabeniza o Prefeito de Guarulhos pelos investimentos realizados no tratamento de água e esgoto. Fala sobre o Dia Mundial da Água. Apoia a manifestação de alunos da USP Leste contra a redução de vagas naquele campus.

 

018 - ANTONIO MENTOR

Retoma discussão sobre o caso ocorrido na semana passada para registro de CPIs. Defende a instalação de CPI para fiscalizar os preços praticados pelas praças de pedágios. Comenta critérios do Supremo Tribunal Federal no sentido de conceder direitos iguais aos parlamentares da situação e oposição. Acusa a base governista de inscrever CPIs, cujos teores não são objetos para investigação de Comissão Parlamentar.

 

019 - OLÍMPIO GOMES

Para comunicação, lamenta a postura da Assembleia no caso mencionado pelo Deputado Antonio Mentor. Cita a lista de CPIs protocoladas, cujos temas repudia.

 

020 - GERALDO CRUZ

Relata sua frustração diante dos critérios desta Casa para protocolar CPIs. Sugere aos demais deputados a visita a bairros pobres de suas cidades. Comunica a falta de água em bairro de Itapecerica da Serra. Critica a Sabesp pelo atraso na realização de obras fundamentais. Propõe transparência nos atos do Legislativo e do Executivo.

 

021 - CARLOS GIANNAZI

Pelo artigo 82, fala de audiência ocorrida no Ministério Público para discutir denúncias contra o Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo. Afirma que inquérito foi aberto para apurar possíveis irregularidades. Combate a discriminação para com professoras concursadas, impedidas de ingressar em seus cargos devido à obesidade. Informa que um disque-denúncia foi criado para a manifestação dos que se sentem prejudicados. Lê principais denúncias investigadas pela Promotoria.

 

022 - Presidente JOOJI HATO

Anuncia a visita do ex-Deputado estadual Hatiro Shimomoto.

 

023 - PEDRO BIGARDI

Pelo art. 82, relata a presença de estudantes, hoje, nesta Casa. Informa que pediam pela aprovação de PEC que obriga o Estado a destinar 50% das verbas obtidas com o Pré-Sal para a educação. Destaca a importância da medida. Dá conhecimento de ato, a realizar-se amanhã, no auditório Paulo Kobayashi pelo aniversário de 89 anos do PCdoB.

 

024 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência.

 

025 - DONISETE BRAGA

Pelo art. 82, relata participação em reunião do Consórcio Intermunicipal do ABC. Cita temas debatidos na ocasião. Fala da necessidade de investimentos no transporte da região. Comenta desdobramentos da aprovação da lei da Represa Billings.

 

026 - SIMÃO PEDRO

Para comunicação, parabeniza o Deputado Fernando Capez por seu aniversário.

 

027 - SIMÃO PEDRO

Pelo artigo 82, menciona obras que devem ser realizadas em Itaquera visando a abertura da Copa do Mundo. Destaca o orgulho da Zona Leste por abrigar a abertura do evento. Propõe a criação de comissão destinada a acompanhar problemas da USP Leste. Lamenta a extinção de cursos da universidade.

 

028 - VINICIUS CAMARINHA

Assume a Presidência.

 

029 - CARLOS GIANNAZI

Para comunicação, informa que, dia 24 do corrente, deve realizar audiência pública para discutir crise na Universidade de São Paulo. Adianta temas que devem ser tratados na ocasião. Destaca o caráter público da instituição. Combate medidas do reitor João Grandino Rodas.

 

030 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência.

 

031 - CARLOS GIANNAZI

Requer a suspensão dos trabalhos, por cinco minutos, por acordo das lideranças.

 

032 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido e suspende a sessão às 16h52min; reabrindo-a às 16h58min..

 

033 - JOSÉ BITTENCOURT

Pelo art. 82, solicita a criação de mais varas de justiça especializadas em comarcas do interior, especialmente Leme. Lamenta a falta de funcionários do Poder Judiciário. Menciona projeto que cria 600 vagas para servidores da Justiça.

 

ORDEM DO DIA

034 - Presidente BARROS MUNHOZ

Coloca em votação e declara aprovado requerimento, do Deputado Enio Tatto, no qual propunha a criação de comissão de representação, com sete membros, para acompanhar possíveis mudanças nos cursos da USP Leste, até a instalação da Comissão permanente de Educação. Coloca em votação requerimento, do Deputado Samuel Moreira, de alteração da ordem do dia.

 

035 - ENIO TATTO

Encaminha a votação do requerimento de alteração da ordem do dia, em nome do PT.

 

036 - CARLOS GIANNAZI

Encaminha a votação do requerimento de alteração da ordem do dia, pelo PSOL.

 

037 - Presidente BARROS MUNHOZ

Coloca em votação e declara aprovado o requerimento de alteração da ordem do dia. Coloca em discussão o PL 30/11.

 

038 - DONISETE BRAGA

Discute o PL 30/11.

 

039 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

040 - CARLOS GIANNAZI

Discute o PL 30/11.

 

041 - VINICIUS CAMARINHA

Para comunicação, refere-se a temas abordados pelo Deputado Carlos Giannazi. Pleiteia a aprovação da PEC 29 no Congresso. Fala dos limites de gastos em relação à Saúde para os municípios, acrescentando que o mesmo não ocorre com a União.

 

042 - ALEX MANENTE

Assume a Presidência. Registra a presença dos vereadores de São Bernardo do Campo, Estevam Camolese, Otávio Manente, Marcelo Lima, Vandir Mognon e Pastor Ivanildo Santana.

 

043 - ANTONIO MENTOR

Discute o PL 30/11.

 

044 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

045 - FERNANDO CAPEZ

Discute o PL 30/11 (aparteado pelo Deputado João Antônio).

 

046 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência.

 

047 - MARCOS MARTINS

Discute o PL 30/11.

 

048 - CAUÊ MACRIS

Discute o PL 30/11.

 

049 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Discute o PL 30/11.

 

050 - Presidente BARROS MUNHOZ

Cumprimenta o Deputado Rui Falcão, que ocupa, interinamente, o cargo de presidente nacional do PT. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 23/03, à hora regimental, com ordem do dia. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Roberto Morais.

 

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O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MORAIS - PPS - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Ulysses Mario Tassinari para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - ULYSSES MARIO TASSINARI - PV - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MORAIS - PPS - Tem a palavra o primeiro orador inscrito nobre Deputado Rui Falcão. S. Exa. desiste da palavra. Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges.

 

O SR. ITAMAR BORGES - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobre Deputado Roberto Morais, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, aproveito a oportunidade para registrar que esta Casa tem conduzido algumas bandeiras com muita competência. Quero me referir, em particular, às frentes parlamentares propostas por bancadas ou pelos deputados.

Tenho a honra e a alegria de dizer que depois da minha experiência como Prefeito que fui de Santa Fé do Sul, uma das experiências que julgo das mais importantes foi a relação com a Santa Casa e quero aqui reforçar o pedido às Sras. Deputadas e aos Srs. Deputados para que possamos retomar os trabalhos da frente parlamentar em apoio às Santas Casas, tão importante para o atendimento à Saúde nos pequenos municípios.

Na grande maioria dos municípios paulistas, praticamente o único hospital que atende à cidade e às vezes até a região - muitas Santas Casas atendem três, cinco, dez cidades da região - são estas entidades filantrópicas, que precisam do suporte e da parceria do Poder Público local, da participação da comunidade e muito do Governo do Estado e do próprio Ministério da Saúde.

Tivemos algumas experiências exitosas com a ajuda do Governo do Estado, qual seja, o governo apura os déficits existentes nas Santas Casas - eu vivi isso quando prefeito - e divide 50% para o Poder Público local e 50% ele assume. Num período de dois a três anos temos o saneamento e o trabalho de profissionalização, ou seja, é o caminhar com as próprias pernas. Isso tem sido importante.

Com a retomada dos trabalhos da Frente Parlamentar das Santas Casas, sugestão que apresentamos juntamente com outros deputados, a proposta será ouvir essas entidades, chamar e alertar para essa divisão de responsabilidades envolvendo prefeituras e o Governo para que os nossos hospitais, em particular nos pequenos municípios e regiões mais distantes dos grandes centros, possam ter o suporte para a melhoria do serviço prestado. Esse apoio é fundamental para estas entidades que prestam serviço voluntariamente atendendo a população mais carente na sua grande maioria. Portanto, venho reforçar a importância da Frente Parlamentar das Santas Casas, reforçar o apoio às entidades filantrópicas.

É importante que os colegas parlamentares se somem a esse esforço e com o apoio da Mesa possamos iniciar o mais rápido possível essa discussão, contribuindo para a melhoria das Santas Casas.

 

O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MORAIS - PPS - Tem a palavra a nobre Deputada Leci Brandão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, público que nos acompanha das galerias, hoje é um dia especial para a Assembleia Legislativa. Quero me referir à visita que tivemos da juventude do movimento estudantil, que fez um ato desde a Paulista até a porta da Assembleia na parte da manhã.

Depois essa juventude, representada pela União Nacional dos Estudantes - esteve aqui o seu Presidente o Augusto - União Estadual dos Estudantes, União Paulista do Estudante Secundarista, União dos Alunos de Pós-Graduação e pelo presidente do Conselho Nacional da Juventude, foi recebida pelo Presidente Barros Munhoz.

O que vieram reivindicar? Que se coloque na pauta - e aprove - a PEC nº 9, que determine a utilização dos recursos que ficarão com o Estado de São Paulo a partir dos royalties do pré-sal em Educação. Que 50% desses recursos sejam investidos em Educação.

Há um debate nacional nesse sentido que teve início no ano passado quando o Presidente Lula encaminhou ao Congresso Nacional o novo plano nacional de Educação, estabelecendo algumas metas. Uma delas, investimento de 7% do PIB em Educação e o Estado de São Paulo não pode ficar alheio a esse debate.

Como todos sabem, o Estado de São Paulo vai ser muito beneficiado com os recursos do pré-sal e não podemos desperdiçar essa chance, é uma dívida social que Estado de São Paulo tem para com a nossa juventude, para com os alunos e apoiamos esta iniciativa protocolizada nesta Casa no ano passado. Tenho certeza de que vamos contar com a simpatia e o apoio de todos os deputados desta Casa para aprovarmos essa iniciativa. A grande comissão que está no plenário é de alunos da USP - Leste, sobre a qual já me manifestei há 15 dias dizendo que a universidade precisa investir para transformar aquela unidade da USP na zona leste num verdadeiro campus para potencializar os cursos. Mas os alunos, a sociedade, a comunidade acadêmica da zona leste foram pegos de surpresa quando vazou um relatório produzido pelo professor diretor da USP - Leste Jorge Boueri.

O ex-reitor da USP, professor Adolfo Melfi, em cuja gestão foi construído o campus da zona leste, sob encomenda do novo reitor, João Rodas, vazou um relatório propondo a extinção do curso de obstetrícia, que é um ramo da enfermagem que forma profissionais na área de enfermagem mas voltados ao campo de parto humanizado, por exemplo, sendo que há grande demanda social nessa área. Propôs a redução de vagas nos demais cursos como gestor de políticas públicas e demais cursos que funcionam naquele campus e a implementação de mais 2 cursos novos.

Chama-nos atenção a falta de debates, de diálogo. É preciso que a USP se abra. Uma instituição tão importante como essa é fechada. Ela nomeia um diretor para elaborar uma proposta e enfia isso goela abaixo sem discutir com as lideranças, sem ver se tem a ver com a vocação, com as demandas da região, sem discutir com a comunidade acadêmica. Por que fechar o curso de obstetrícia? Porque o Conselho Federal de Enfermagem não aceita esses profissionais na sua profissão dentro da área de enfermagem? Para V.Exas. terem uma ideia, Srs. Deputados, o Coren - Conselho Regional de Enfermagem - exigiu que para acolher esses profissionais na área de enfermagem eles teriam de fazer novas disciplinas. Todos os estudantes já formados tiveram de voltar á sala de aula por um semestre. Então tem acordo com o Coren de São Paulo e falta à USP enfrentar esse debate, chamar a sociedade, a comunidade acadêmica, os parlamentares. A bancada do PT, hoje, tomou a iniciativa de protocolar um pedido para aprovar uma comissão especial de representação desta Assembleia para dialogar com a USP, com os estudantes e com os professores, ou seja, com todos os interessados para encontrar uma solução para essa crise que novamente se instala em relação à USP - Leste.

Sejam bem-vindos. Este é um momento especial para debater educação, os rumos da universidade e os nossos dilemas sobre qual o papel da universidade na nossa sociedade. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MORAIS - PPS -Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, venho a esta tribuna hoje para falar de uma área que não é a minha, que é a de segurança pública. Vejam V.Exas., entra governo e sai governo tucano a situação na segurança pública no Estado de São Paulo é a mesma. Ou seja, um caos, um desastre. O cidadão comum está completamente jogado para os marginais; a polícia do Estado de São Paulo, os profissionais da segurança pública, em que pesem os 16 anos dos tucanos, são os mais mal pagos na federação. Um profissional da segurança pública em São Paulo ganha menos do que o profissional do estado do Acre, do Sergipe, de Alagoas.

O que estamos vendo nesse início de governo é na cúpula da Segurança Pública um acusando o outro, levando nome de alguns para a imprensa, por disputa de cargo, de espaço na Secretaria de Segurança Pública. Vejam que situação no Estado de São Paulo: secretários tendo suas casas assaltadas. Neste final de semana um deputado desta Casa foi assaltado na cidade de Diadema. E qual é a grande diretriz desse governo nessa área? Fechar delegacias. Mas não delegacias em qualquer cidadezinha. A ‘Folha de S. Paulo’ noticiou que a Delegacia de Mulher de São João da Boa Vista, cidade com 83 mil habitantes, está sendo fechada por esse governo. Serão fechadas delegacias em 279 municípios deste estado. Recentemente foi noticiado que em uma cidade foi fechada a delegacia num dia e no outro a casa em frente foi assaltada.

Essa a realidade da segurança pública. O crime organizado neste estado nasceu, surgiu no governo tucano e cresceu e se consolidou no governo tucano neste estado. E não há desculpa, pois são 16 anos do mesmo governo neste estado. Entra governo, sai governo, e profissionais mal pagos, os que travam o combate na rua são mal pagos. Se não fizerem um bico nos finais de semana não levam o leite para a casa. Essa a realidade dos profissionais de segurança pública neste estado. Somos abordados sempre, nas ruas, sobre isso.

Srs. Deputados, a Assembleia tem responsabilidade e temos que assumir a nossa responsabilidade. Não basta dizer amém ao chefe do Executivo paulista. Temos que dizer a ele que 16 anos é tempo suficiente para pagar melhor os profissionais da segurança pública e dar um jeito no caos completo que se instalou neste estado no que diz respeito à segurança pública.

 

O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MORAIS - PPS - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, atendendo solicitação do nobre Deputado Simão Pedro, esta Presidência cancela a Sessão Solene convocada para o dia 25 de março de 2011, às 20 horas, com a finalidade de homenagear a Pastoral Carcerária.

Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Bezerra Júnior. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adilson Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton vieira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, quero cumprimentar o nobre Deputado João Antonio, que muito experiente na política, mas recém-chegado nesta Casa, vem a essa tribuna para manifestar uma realidade inconteste em relação ao descalabro da segurança pública no Estado de São Paulo.

Quero complementar algumas informações e pedir, implorar aos colegas deputados que ajudem na tomada de atitudes desta Casa em relação à pleitear e a exigir em nome da população o merecido tratamento do governo em relação à segurança pública.

Quero dizer que o Distrito Federal e mais oito estados brasileiros já adotaram através de legislação estadual - a última foi a Assembleia da Paraíba em 2011 - e estabeleceram o contido na PEC 300, com a criação de um piso para os profissionais da segurança pública. Faltam 19 estados. Será que o Estado de São Paulo será o último? Será a nossa Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo a mais subserviente dentre os legislativos? Devo dizer que nos 26 estados e no Distrito Federal o governo local tem maioria na Assembleia.

Quero dizer que nossa subserviência, a nossa prostração, nos colocarmos de joelhos diante do Palácio dos Bandeirantes, simplesmente fazermos manifestações que apoiamos a Polícia Civil e a Polícia Militar com os piores salários brasileiros não está justo, não está próprio e não é do tamanho e da grandeza que a população espera que o legislativo paulista tenha.

Temos hoje a polícia dos dirigentes que alimenta o governo com informações dizendo que o ânimo nunca esteve tão elevado nas corporações policiais. E quem faz a polícia é o profissional que está na ponta da linha de atendimento à população e que está no desespero, acabando com a sua saúde nos bicos para tentar complementar a renda ou desesperado estudando para ir para qualquer outra profissão e deixar o serviço policial.

Vejo aqui vários parlamentares que são de cidades do interior de quem ouvi manifestações mais do que amistosas do quanto admiram o trabalho realizado pela Polícia Civil e pela Polícia Militar. Mas temos de manifestar essa admiração em atitudes concretas, levando ao governo o verdadeiro anseio da população. Não dá para ficarmos nos omitindo tentando propalar meias verdades que são difundidas pela mídia oficial, dizendo para a população que a segurança pública está sob controle no Estado de São Paulo. E o cidadão sendo assaltado, sendo morto, sendo sequestrado; a saidinha de banco matando.

É preciso apontar as responsabilidades, é preciso ter a coragem de dizer que hoje temos um grande déficit de profissionais de segurança pública no Estado de São Paulo. Faltam 6 mil PMs e 4 mil policiais civis. Declarei isso numa matéria da revista “Carta Capital” deste domingo e a Secretaria de Segurança Pública informou que não havia déficit de profissionais. Estou desafiando para um debate porque temos um déficit de 6 mil PMS na corporação. Nas solenidades dizemos que temos 94 mil policiais militares para servir a corporação. Não é verdade. Hoje temos 88 mil PMs.

Não dá para imputar a responsabilidade ao Governador Geraldo Alckmin, mas essa herança maldita tem nome, endereço e data: José Serra, Av. Morumbi, 4500, no dia 1º de janeiro de 2007, na sua posse, quando assinou um ato cancelando todos os editais de concursos públicos para a polícia.

Naquele momento, oposição, situação e os profissionais de segurança disseram: “Governador, pelo amor de Deus, com a polícia, não!”. Saem da Polícia Militar do Estado de São Paulo dois mil policiais por ano porque morrem, porque são aposentados, pedem baixa, são expulsos. Na Polícia civil, também. Então, ficamos com um buraco de seis mil homens na Polícia Militar do Estado de São Paulo e quatro mil homens na Polícia Civil do Estado de São Paulo.

Não adianta fazer reestruturação, remelexo ou outras questões. Não tem os profissionais por irresponsabilidade administrativa do estado. Logo mais eu volto para complementar as informações.

 

O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MORAIS - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alencar Santana Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Gerson Bittencourt, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. GERSON BITTENCOURT - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público presente no plenário, telespectadores da TV Assembleia, é a primeira que assomo à tribuna e quero agradecer pelos meus 90 mil votos. Pela primeira vez fui candidato pelo Partido dos trabalhadores e consegui um êxito bastante importante, uma votação substancial, especialmente na região de Campinas, mais especificamente na cidade de Campinas, onde tive a oportunidade, por mais de seis anos, de comandar a Secretaria de transportes e a Empresa Municipal de Desenvolvimento. Então, quero iniciar fazendo esse agradecimento não só aos eleitores da região e da cidade de Campinas, mas também aos eleitores das 335 cidades em que tive votação.

Quero aqui fazer um comentário. Hoje o jornal “Correio Popular”, de Campinas, traz uma entrevista com o Secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes; secretário que tem conhecimento na área, competente, um colega de muito tempo e de muitas discussões nos últimos nove anos quando tive oportunidade ser o secretário de Transportes na gestão Marta Suplicy e ser durante quase três anos o presidente da São Paulo Transportes. Então, venho de uma atuação importante não só no transporte coletivo, mas no transporte público, sobretudo.

A notícia do jornal aborda dois temas: em primeiro lugar, a decisão do governo do estado de continuar o corredor de ônibus noroeste, que liga as cidades de Campinas, Hortolândia e Sumaré. E agora sua extensão vai chegar até Santa Bárbara D’Oeste, Nova Odessa e Americana. Vimos essa notícia com bons olhos, no sentido de poder, com essas intervenções, melhorar não só o transporte coletivo da Cidade de Campinas, mas de toda a Região Metropolitana de Campinas, atendendo mais de 500 mil usuários todos os dias que fazem seus deslocamentos entre os municípios da região metropolitana.

A segunda informação foi relativa aos estudos e à implantação do Bilhete Único Metropolitano, não só na região de Campinas, mas na Região Metropolitana de São Paulo e da Baixada Santista.

Essas duas notícias, por si só, já seriam elementos importantes de comemoração e de aplauso dos deputados e da sociedade. Mas o que está por trás dessas duas informações nos deixa bastante preocupado. Em primeiro lugar a conclusão do Corredor Noroeste chegando até essas outras três cidades, que aqui fez referência, está preparada para 2013, 2014. Nem concluímos a metade do ano de 2011 e as previsões para o início e conclusão desse importante corredor estão pautadas para 2013/2014. É importante dizer que nos Governos dos tucanos, seja do Geraldo Alckmin ou de José Serra, tivemos essa obra paralisada por quase quatro anos. E quando foi concluída entre Sumaré, Hortolândia e Campinas ainda assim não foi concluída. Então a primeira preocupação é o tempo para a conclusão dessa importante intervenção.

Em segundo lugar, o Bilhete Único, que tivemos a oportunidade de implantar aqui na Capital e na Cidade de Campinas, entendemos que com a consolidação das regiões metropolitanas, onde as cidades cada vez mais ficam e estão conurbadas, é importante essa articulação metropolitana, mas é importante sobretudo que o transporte coletivo, principalmente o transporte público, seja o elemento estruturante da consolidação dessas regiões metropolitanas. Se o transporte coletivo ou o transporte público não for o elemento estruturante da consolidação dessas regiões metropolitanas, vamos continuar vendo cada vez mais congestionamentos, uma perda muito grande de recursos em função desses congestionamentos e, obviamente, cada vez mais poluindo o meio ambiente, com os carros parados horas e horas nesses congestionamentos, principalmente nas médias e grandes cidades.

Queremos ser um parceiro na implantação do Bilhete Único, até porque essa foi uma bandeira do PT já há muito tempo. E incorporado isso, é bom, é positivo por grande parte de vários prefeitos de todos os partidos.

Se o nome é Bilhete Único, Bilhete Único Metropolitano é o que menos importa. O importante é fazer essa integração. E costumo dizer que temos três opções de fazer a implantação do Bilhete Único. A primeira delas é aquilo que chamo de tarifa do engana bobo: faz a integração entre os municípios de uma determinada região metropolitana, mas não traz ao usuário qualquer benefício na qualidade do serviço prestado e, sobretudo, não traz benefício naquilo que é crucial, que é o pagamento da tarifa do transporte público.

Em segundo lugar, podemos fazer aquilo que é o sonho, aquilo que se pratica quase que no mundo inteiro, onde o transporte coletivo é o elemento estruturante, uma tarifa única que todos possam fazer deslocamento nos seus municípios e entre os municípios da região metropolitana num determinado período, pagando apenas uma tarifa.

E uma terceira, que poderia ser intermediária, seria uma tarifa que fizesse a soma das duas tarifas, a municipal e a metropolitana, e trouxesse um desconto no transporte coletivo com a racionalização do sistema. Com a atração de mais passageiros e com a melhoria do sistema, isso traria mais passageiros e nós poderíamos concretamente, pelo menos, dar um desconto nesses deslocamentos entre 30, 40, podendo chegar até 50%. Tendo a participação do Estado, dos municípios, no sentido de contribuir nos subsídios, assim como os municípios fazem, e assim como o próprio Estado faz quando contribui corretamente no serviço de transporte sobre trens, seja da CPTM, seja do Metrô.

Então quero trabalhar, Sr. Presidente, nesse período de atuação parlamentar, evidentemente discutindo todos as questões que esta Casa vai tratar. Mas quero trabalhar pela minha experiência nesses quase 10 anos nesses dois Executivos, da Capital e de Campinas, no tema da mobilidade urbana e ajudar para que nosso Estado tenha de fato Bilhete Único Metropolitano nas três regiões constituídas, mas também naquelas outras que não são metropolitanas legalmente constituídas, mas que pode haver a integração do transporte. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MORAIS - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Cezar da Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, quero hoje repercutir um debate que vem sendo uma série especial na Rede Brasil Atual, das 7 às 8, na Rede Terra, referente a um problema sério de Saúde no Estado de São Paulo, e trazer aqui uma reflexão para os deputados.

Nos próximos dias iremos debater a regulamentação de um projeto de lei aprovado em relação aos 25% dos leitos dos hospitais públicos para convênios médicos particulares, que na minha avaliação não deveria ter sido aprovado no ano passado, mas que volta agora para esta Casa para sua regulamentação.

A Rede Brasil Atual está fazendo uma série de debates, denominado “Ferida Aberta”, justamente para apresentar para a população do Estado de São Paulo o grave problema da Saúde no nosso Estado. E tenho aqui alguns exemplos: Dona Sílvia entrou na fila do Hospital São Paulo com o número 900. Em outubro do ano passado ela já alcançava o número 259. Em janeiro deste ano continuava ainda com o mesmo número, quer dizer, nesse período ninguém no hospital foi operado de vesícula, a cirurgia que ela precisava fazer. No início a pedra da vesícula era de sete milímetros, mas chegou, pela demora da cirurgia, a 15 milímetros. E finalmente, no dia 18 de fevereiro, ela conseguiu ser operada, e o médico coloca que essa demora não só prejudicou o problema da paciente, como ela corria risco de vida em virtude da demora no atendimento. Agora pasmem: ela só foi operada porque houve uma interferência do Ministério Público Estadual.

Temos um outro caso, o de Juscelino Ferraz Pereira, muito dramático. Ele sofreu esmagamento da coluna em duas vértebras, num acidente de moto. Colocou implante metálico de 39 centímetros, ficou paraplégico e com reabilitação voltou a andar. Há três anos sente dores por conta da cirurgia e não consegue consulta com um neurocirurgião. Também tenta realizar exames como tomografia e polissonografia, mas não consegue. E, caso não faça cirurgia, poderá ficar paralítico.

Trago dois casos, dentre vários apresentados pela Rede Brasil Atual, para mostrar que há muitas pessoas hoje no Estado de São Paulo, no atual regime, que não consegue fazer as cirurgias necessárias para manter a sua vida normal. Muitos deles acabam morrendo na fila: temos casos de até 24 meses de espera.

O que é importante para nós desta Casa? Muitos de nós temos visto debate no Governo Federal em relação à reforma política, e muitos reclamam. A Justiça começa a legislar em relação ao processo eleitoral, muitas vezes por falta de um envolvimento, de um debate interno dos parlamentares para terem uma proposta que dialogue sobre legislação eleitoral.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlão Pignatari.

 

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Esse caso não a diferente. O Ministério Público Estadual começa a criar a condição para que muitas pessoas sejam atendidas por falta, muitas vezes, de um ordenamento, de um acompanhamento, de uma fiscalização ou de uma vontade política para que as pessoas de fato possam ser atendidas nos hospitais da rede pública do Estado.

 Faço um chamamento aos Srs. Deputados e às Sras. Deputadas. Esse debate volta agora nos próximos dias, a regulamentação dos 25% dos leitos para convênios médicos e para particulares. Penso que é um grave equívoco: a partir do momento em que já é difícil o atendimento à população do Estado de São Paulo, criar a condição de os leitos de hospitais passarem tanto para os convênios médicos como serem usados por particulares.

Hoje temos que debater seriamente a questão da Saúde no Estado de São Paulo e o caminho não é abrindo leitos para os convênios médicos no Estado de São Paulo. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado André Soares. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Bigardi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Telma de Souza.

 

A SRA. TELMA DE SOUZA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esta é a primeira vez que ocupo a tribuna desta Casa de leis.

Fui eleita deputada em 1986, atuei em 87 e 88 e depois me tornei prefeita de Santos. Fico bastante feliz por estar novamente podendo contribuir com as leis do nosso Estado. A mim, que venho de uma trajetória no Governo Federal, antes de mais nada uma trajetória que me colocou no Governo de Fernando Henrique, no primeiro e segundo mandatos, e no primeiro mandato do Presidente Lula, tenho a dizer que nesta primeira fala, embora eu quisesse falar sobre as delegacias que estão sendo fechadas, sobre a questão do aumento da passagem - os estudantes fizeram agora uma manifestação aqui em frente da nossa Assembleia -, eu gostaria de me colocar de uma maneira singela neste início, sobre a questão da mulher na política.

Tenho para mim que o fato de sermos uma expressão nova dentro da estrutura política, e vejo algumas poucas deputadas, somos apenas dez neste plenário, independentemente inclusive de a Presidenta do Brasil ser uma mulher, eu que tive essa experiência, entendo que nós, mulheres, temos ainda um longo e, eu diria, por vezes pesado e cruel caminho a transcorrer.

Tenho uma questão de fundo que eu gostaria que os companheiros homens pudessem me ajudar. Como é efetivamente o poder exercido por uma mulher, afinal nós já somos tão poderosas! Nós somos as mães, nós somos as professoras, nós somos as assistentes sociais, nós somos as psicólogas, enfim, na margem de assuntos educacionais em relação à criança, a maternidade tem dado o tom de todas as atividades que temos tido durante as nossas vidas.

Hoje acabamos de receber o Presidente dos EUA, possivelmente o homem mais poderoso do mundo. E vimos o respeito como ele tratou nossa Presidenta, e vimos a presença da primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, e também das duas filhas do casal.

Fiquei a pensar na minha casa, eu que tenho dois filhos homens, como é que se dá essa relação do poder da mulher na política. Não é algo fácil de se dizer. Passei muito tempo da minha vida imitando os homens. Eu falava com a voz mais carregada. Eu usei terninhos confortáveis - Deputado Marcolino dá risada, mas não deixo de usá-los -, e ainda me pego me fazendo como que um modelo mal acabado do poder masculino. É isso que eu quero trazer para esta Casa: como efetivamente se dá o olhar feminino nas questões da política. Não é só porque nós podemos fazer a decoração, ou sabemos qual é a melhor macarronada do fim-de-semana. É que nós, senhores, nós viemos para ficar. E quanto mais os senhores vierem para a nossa seara, quanto mais os senhores nos ajudarem nas lides da casa, que são terríveis e muito mal reconhecidas por maridos, namorados, parentes, especialmente filhos, melhor será.

Faço uma fala piegas? Possivelmente. Mas tenho para mim, depois de 31 anos de política, com pai e mãe que foram vereadores na cidade de Santos, meu pai foi Presidente da Câmara e foi cassado em 1964, na ditadura militar, eu digo que temos que ter definitivamente um marco moderno no século XXI, não por causa da Presidenta Dilma, não por causa da Leci, não por causa da Vanessa, não por causa da Célia, e de outras Deputadas da Casa, mas porque o olhar feminino, além de ser 180° e polivalente, ele repercute e potencializa aquilo que os senhores culturalmente - não acho que isso seja algo proposto pela espécie, pelo gênero -, a questão do foco que os senhores têm. Voltaremos ao assunto.

Haverei de escrever um livro. Já fiz a plantação de uma árvore, já tive filhos, falta o livro. E o livro, senhores, teremos que definitivamente construir esse poder sob a ótica feminina. É uma tarefa fácil? Com certeza não, mas nós haveremos de fazê-la com a ajuda dos companheiros homens que cada vez estão menos ameaçados por nós, e cada vez serão mais companheiros na jornada e na harmonia da vida. Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Muito bem, Deputada Telma de Souza, principalmente neste mês de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher. Parabéns.

Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Cruz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga.

Srs. Deputados, esgotada a lista de inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar. Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Cândido.

 

O SR. JOSÉ CÂNDIDO - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público presente, funcionários, trago um documento que contribuirá para o tema do dia de hoje. Passo a ler este documento intitulado “Dia Mundial da Água”, na íntegra, para conscientizar a população paulista, a população brasileira e a população do mundo todo:

Dia mundial da água

Hoje comemoramos o dia mundial da água. Para este ano, a ONU - Organização das Nações Unidas - definiu como tema para a água: "Água para as cidades: responder ao desafio urbano, incentivar os governos, organizações, comunidade e indivíduos a participarem ativamente na resolução do desafio da gestão das águas urbanas".

Sabemos que serão grandes os desafios para as cidades em função do aumento populacional e a não existência de infra estrutura adapatada para isso.

Ao mesmo tempo que o tema deste ano chama a atenção do mundo pelo rápido crescimento urbano, tecnológico e industrial, existem também muitas incertezas ocasionadas pelas mudanças climáticas, além de desastres naturais que comprometem os sistemas hídricos urbanos.

Portanto, devemos fazer um esforço em conjunto para a defesa dos recursos hídricos. Somente com mais planejamento, políticas públicas voltadas ao tema da água e educação ambiental, poderemos ter a superação dos problemas que enfrentaremos, se não cuidarmos corretamente da gestão das águas urbanas.

Para algumas pessoas, dizer que a água vai acabar soa algo apocalíptico. Porém, é preciso entender que isso não significa que os mananciais vão secar, mas à medida que os rios vão ficando cada vez mais poluídos, é maior a necessidade de "potalização", ou seja, de tornar a água própria para consumo.

O problema é que esse processo custa dinheiro, exigindo investimentos pesados dos governos, que serão repassados para o consumidor por meio da cobrança mais cara da água e até do fornecimento restrito.

Por conta disso, o consumo consciente desse recurso natural e finito, é essencial para o bem-estar da natureza e da sociedade.

70% da água doce mundial vai para a agricultura e mais da metade da produção agrícola alimenta os animais. A quantidade de dejetos produzidos pelos bichos criados para consumo é lançada sem tratamento na terra e na água, contaminando lençóis freáticos, rios e mares, e o processo de abate também consome água em abundância. Por isso, os defensores dessa ideia acreditam que o vegetarianismo é a forma mais eficiente de economizar água.

Mudança de atitude e água para todos de acordo com o instituto Akatu, hoje, são mais de 20 milhões de brasileiros sem acesso à água tratada, o que provoca doenças, principalmente nas crianças, e impede o desenvolvimento social e econômico das pessoas e comunidades afetadas pela falta de água de boa qualidade.

Por isso, mudanças simples nos hábitos cotidianos de consumo têm um impacto enorme. Se não conseguir fazer tudo que está listado neste texto, faça pelo menos um deles e contribua para que um recurso natural tão precioso como a água possa chegar a todos.

História do dia mundial da água

O dia mundial da água foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas), no dia 22 de março de 1992. O dia 22 de março, de cada ano, é destinado a discussão sobre os diversos temas relacionados a este importante bem natural.

Mas porque a ONU se preocupou com a água se sabemos que dois terços do planeta Terra é formado por este precioso líquido? A razão é que pouca quantidade, cerca de 0.008 %, do total da água do nosso planeta é potável (própria para o consumo). E como sabemos, grande parte das fontes desta água (rios, lagos e represas) estão sendo contaminadas, poluídas e degradadas pela ação predatória do homem. Essa situação é preocupante, pois poderá faltar, num futuro próximo, água para o consumo de grande parte da população mundial. Pensando nisso, foi instituído o dia mundial da água, cujo objetivo principal é criar um momento de reflexão, análise, conscientização e elaboração de medidas práticas para resolver tal problema.

No dia 22 de março de 1992, a ONU também divulgou um importante documento: a "Declaração Universal dos Direitos da Água". Este texto apresenta uma série de medidas, sugestões e informações que servem para despertar a consciência ecológica da população e dos governantes para a questão da água.

Mas como devemos comemorar esta importante data? Não só neste dia, mas também nos outros 365 dias do ano, precisamos tomar atitudes em nosso dia-a-dia que colaborem para a preservação e economia deste bem natural. Sugestões não faltam: não jogar lixo nos rios e lagos; economizar água nas atividades cotidianas (banho, escovação de dentes, lavagem de louças etc); reutilizar a água em diversas situações; respeitar as regiões de mananciais e divulgar ideias ecológicas para amigos, parentes e outras pessoas.

Declaração Universal dos Direitos da Água

Art. 1° - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.

Art. 2° - A água é a seiva do nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, cultura ou a agricultura. O direito á água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do art. 3 ° da declaração dos direitos do homem.

Art. 3° - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade. precaução e parcimônia.

Art. 4° - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente, para garantir a continuidade da vida sobre a terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.

Art. 5° - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores: ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

Art. 6° - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

Art. 7° - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.

Art. 8° - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo estado.

Art. 9° - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem economica, sanitária e social.

Art. 10° - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a terra.

São milhões e milhões os litros de água tratada e utilizada nas descargas de banheiro. É inadmissível que continuemos com isso a vida toda. É muita água potável desperdiçada para lavar carros ou molhar calçadas. A conscientização não deve acontecer depois que a água acabe ou quando ela esteja totalmente poluída.

Foi feita uma exposição em praça pública, em Suzano, sobre a gestão ambiental da Região do Rio Tietê. Cada segmento apresentou um tema e os meus assessores montaram uma barraca para mostrar a água poluída. Eles colheram amostra da água de todos os rios da minha cidade e da região. Pasmem, Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, não há um rio com água potável, ou que tenha peixe e tenha oxigênio.

Essa é uma preocupação da Região do Alto Tietê, mas deveria ser de todo o planeta. Era isso, Sr. Presidente.

 

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Orlando José Bolçone.

 

O SR. ORLANDO JOSÉ BOLÇONE - PSB - Sr. Presidente, Deputado Carlão Pignatari - tenho a honra de ser seu amigo há muitos anos, desde a sua primeira candidatura para prefeito de Votuporanga -, a região do oeste paulista foi primeiramente colonizada por italianos, japoneses e árabes, e chegaram depois os nossos irmãos nordestinos. Assumimos o nosso mandato há exatamente uma semana e muito ouvi dos deputados. Este é o meu primeiro pronunciamento oficial. Fui recebido primeiramente pelo nobre Deputado Marcos Martins, que foi muito gentil, e depois falei com o nobre Deputado José Cândido, de quem tenho muito a aprender. A nossa região tem a tradição de ter grandes lideranças políticas. Como exemplo, temos o nobre Deputado Roque Barbiere. Ontem tive contato muito feliz com o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino - que já o conhecia - e a nobre Deputada Telma - fomos contemporâneos quando eu era Secretário de Planejamento de São José do Rio Preto e ela Prefeita de Santos, com o saudoso David Capistrano como Secretário da Saúde.

Venho com muita humildade para aprender com os mestres. Quero pontuar um assunto que creio ser de interesse geral, embora entendamos a importância dos problemas conjunturais que nos agridem todos os dias. Tivemos o testemunho ontem do nobre Deputado Jooji Hato, do nobre Deputado Olímpio Gomes que falou sobre a segurança. No meu modesto discurso, quero falar um pouco do que aprendi atuando como Secretário de Planejamento de São José do Rio Preto, cidade relativamente bem sucedida, durante 19 anos. Mas a cidade tem os seus desafios.

Quero falar de um tema que já discuti com alguns colegas da bancada do PV, Deputado Ulysses e Deputada Regina. A questão da conurbação, como foi tratada, passa essencialmente pela questão de desenvolvimento sustentável, passando necessariamente nas áreas da ciência, da tecnologia e da inovação. E os temas que serão discutidos são exatamente da própria mensagem que veio do Sr. Governador sobre a criação de cerca de 20 parques tecnológicos. É um tema que acredito possa mudar o futuro deste Estado servindo de exemplo para este País, a ciência, a tecnologia e a inovação, juntando a universidade, o setor público, através das assembleias e dos governos, e dos governos municipais em especial, e também junto às empresas, nós podemos conseguir o desenvolvimento científico, tecnológico, que é o grande desafio deste Século XXI, sem esquecer em hipótese alguma, do desenvolvimento sustentável. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

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- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Tem a palavra a nobre Deputada Rita Passos.

 

A SRA. RITA PASSOS - PV - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias do plenário, funcionários.

O Dia Mundial da Água foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) no dia 22 de março de 1992. Todo ano esse dia é destinado para debater sobre este importantíssimo bem natural. Essa data foi marcada justamente para que as pessoas pudessem refletir sobre a questão da água.

Este precioso líquido que temos em abundância em nosso planeta vem sendo contaminado, poluído e degradado pelo homem, e também a quantidade de água potável nesta Terra é pouca, cerca de 0,008% do total da água do nosso planeta. O objetivo principal da ONU foi criar um momento de reflexão, conscientização e elaboração de medidas práticas para resolver tal problema, e todos nós podemos ajudar participando e colaborando com essa questão.

O consumo da água triplicou de 1950 para cá, porque cada vez mais nascem pessoas, a população vai aumentando e com isso vai aumentando também a quantidade de uso da água. Estima-se que nos próximos 20 anos o homem vai usar 40% a mais de água do que usa agora. Então, precisamos preservar esse bem natural, reaproveitando a água que nós utilizamos. Mesmo sendo o Brasil primeiro país em disponibilidade hídrica do mundo, a poluição e o uso inadequado comprometem esse recurso em várias regiões.

Mudanças simples nos hábitos cotidianos de consumo têm um impacto enorme. É incrível que cada pessoa pode fazer diariamente e o quanto isso pode melhorar essa questão, porque, se usarmos menos água, se soubermos utilizá-la de maneira adequada, nós vamos ter mais água.

Conheça algumas mudanças que você pode adotar no seu cotidiano:

1. Banho rápido. Há pessoas que ficam um tempão embaixo do chuveiro, de repente até dormem no chuveiro. Isso não pode acontecer. O chuveiro ligado e a água indo embora. Então, o banho tem de ser rápido. Entrou no banho, ensaboou, repassou, acabou. Não precisa ficar um tempão embaixo do chuveiro. Banho rápido, com certeza vai ajudar bastante.

Se em um município de 100 mil habitantes, a metade diminuísse o banho de 15 para 5 minutos, a água economizada em um ano seria suficiente para abastecer todos os moradores do município durante cerca de sete meses.

2. Dentes limpos com a torneira fechada. Não precisa escovar os dentes com a torneira aberta. O mesmo serve para fazer a barba, com a torneira aberta. Chega a dar uma aflição. Abre, molha a escova, coloca a pasta, escova, enxagua. É um desperdício muito grande deixar a torneira aberta. A água vai embora. Imaginem o quanto vocês vão economizar se ficarem com a torneira fechada. Só abrir na hora certa.

Se uma única pessoa sempre fechar a torneira nas três vezes que escovar os dentes no dia, durante 73 anos, vai economizar quase um milhão de litros de água! Vejam o quanto cada indivíduo pode fazer para cooperar.

3. Lavando louça. Não há necessidade de deixar a torneira aberta enquanto você lava a louça.

Se cinco famílias reduzirem o tempo da torneira ligada de 15 para 5 minutos, porque pelo menos dois terços do tempo que você lava a louça, a água foi desperdiçada à toa, nas três vezes que lavam louça no dia, durante vinte anos, seriam poupados 17,5 milhões de litros de água. A quantia é suficiente para suprir todas as necessidades de água de cinco pessoas durante toda a vida. E se todos reduzirem, não vai faltar.

4. Da máquina de lavar roupa para a calçada! Temos de aproveitar essa água.

Uma máquina de lavar roupa com capacidade de 5 quilogramas que usa 135 litros de água por lavagem, se uma família usá-la duas vezes na semana, gastará 270 litros de água. Imagina-se que usamos muito mais do que isso.

O que pouca gente faz é utilizar a do enxágue em outros pontos da casa que não precisam de água totalmente limpa, como a lavagem da calçada da sua casa. Se você fizer isso uma vez na semana, poupará 14 mil litros de água por ano. É incrível como medidas cotidianas podem contribuir.

Outra possibilidade é usar essa água para lavar motos e carros, bicicletas, utilizando balde, em vez da mangueira, reaproveitando essa água.

Com essas mudanças devemos ter em mente os três erres (Rs): Reduzir, Repor e Reutilizar são as três medidas que nós podemos fazer e desse modo não vamos tomar um banho mal tomado, ou os dentes vão ficar mal escovados. Não. Vamos escovar os dentes direito, vamos tomar banho direito, a louça vai ser bem lavada, a roupa vai ser bem lavada, mas de maneira consciente, sem desperdício.

Mudança de atitude e água para todos!!!!! Contribua para que um recurso natural tão precioso como a água possa chegar a todos. Hoje, 22 de março, Dia Mundial da Água. Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Hoje, temos a honra de receber os alunos da Escola Estadual Ministro Alcindo Bueno de Assis, do município de Bragança Paulista, acompanhados pelos Professores Miguel Vieira Ferreira do Prado e Alaíde de Lima Pinheiro, a convite do nobre Deputado Edmir Chedid.

 Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins, por permuta de tempo do nobre Deputado Adriano Diogo, por 10 minutos regimentais.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, aqueles que nos acompanham das galerias, ouvi atentamente colegas que abordaram sobre a questão da água.

Hoje, vindo para cá, pequei o jornal que estava sendo distribuído, o jornal “Metro”, que publicava justamente que menos de 1% da água do planeta pode ser bebida. Uma em cada oito pessoas no mundo não tem acesso à água. Quarenta e seis por cento da população mundial não têm água encanada em casa. Em 15 anos, 1,8 bilhões de pessoas enfrentarão escassez de água.

Então, é uma constatação e em cima disso temos que também não perder de vista a grande responsável aqui no nosso Estado pelo abastecimento de água, desperdício e poluição, que é a Sabesp.

Ontem, passando na rua central de Osasco, às 8 horas da manhã, vi uma rede de água aberta, quase em frente à delegacia de polícia. Eu, chegando ao escritório, liguei para a Sabesp. O funcionário que me atendeu, disse: “Ah! Passei em frente porque é meu caminho também. Já estou encaminhando para que seja reparado.”

Quando foi aproximadamente meio dia, passo lá em frente, e eles estavam colocando as fitas para iniciar o serviço. Uma rede não é um cano de água. Quantas horas ficaram jorrando, desperdiçando a água limpa?

Um terço da água que a Sabesp recolhe é desperdiçado aqui no Estado de São Paulo. Na grande maioria dos municípios a Sabesp tem contrato para fornecer a água, fazer a coleta e o tratamento de esgoto. Mas a maioria dos esgotos é jogada nos córregos mais próximos, poluindo o meio ambiente.

Então pedimos à população fechar a torneira ao escovar os dentes, ao dar a descarga. É importante que a população participe também do controle, do combate ao desperdício e à poluição. Não podemos fechar os olhos para responsabilidade da Sabesp. Não basta criar o flutuador e ficar medindo para fazer propaganda na televisão, incriminando os prefeitos por não tratar o esgoto da sua cidade. A grande maioria tem contrato com a Sabesp. A Sabesp é a responsável para fazer o tratamento da água. As prefeituras têm a obrigação também, mas se tem o contrato com a Sabesp, de quem é a responsabilidade? É do prefeito ou da Sabesp?

A maioria do contrato é por 30 anos e a Sabesp vai sucateando, terceirizando seus serviços e os reparos ficando cada vez piores. Cada vez mais aumenta o número de vazamento e demora para fazer o reparo que, quando é feito, é de péssima qualidade porque acaba afundando o asfalto. Aí, vêm reclamações. As prefeituras fazem o recapeamento, mas, em seguida, estoura o cano e acontece o vazamento. A rede que leva água para as residências já está comprometida. A vida útil da maioria já está vencida.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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Quero dizer que uma parte da rede é feita de amianto. Todos sabem que o amianto é cancerígeno. Sou autor da lei que proíbe o uso do amianto no Estado de São Paulo porque uma parte dos tubos que levam água para residências é de amianto. A Sabesp precisa trocar essa rede. Como se não bastasse ser de amianto, a rede é velha, comprometida, que desperdiça mais de um terço da água captada. Aí, temos problema, é verdade, no mundo e não apenas em São Paulo. Mas, como Deputado Estadual de São Paulo, nós temos que olhar para o nosso nariz e cobrar do Governador, da Secretária, da Presidente Dilma, da Sabesp.

Não podemos fazer de conta que, fazendo orientação à população nessa data em que se comemora o Dia Mundial da Água, a população vai aceitar quando vê a água sendo desperdiçada porque quem tem que cuidar é a Sabesp, que é uma empresa gerenciadora, que executa o serviço de coleta, a distribuição da água e o tratamento do esgoto, que não é feito.

Andando por aí, vemos os córregos poluídos. A Sabesp precisa melhorar os seus serviços. Ela não pode mais tratar as cidades como vem fazendo, abrindo buracos como bem entende e fazendo reparos quando e como bem entende. Não é possível continuar assim.

A Sabesp fez propaganda em outros estados, no período mais próximo das eleições. Recebi o e-mail de uma pessoa de Minas Gerais, dizendo: “Deputado, por que essa empresa está fazendo propaganda em Minas Gerais, sendo que a empresa que faz o abastecimento de água aqui é outra?” Não dá para aceitarmos isso.

A quantidade de sucateamento, o problema do funcionalismo, a terceirização tudo isso se reflete diretamente na população. O “Dia Mundial da Água” precisa ser lembrado com toda responsabilidade que cada um tem, mas não podemos perder de vista porque quem mais tinha que dar exemplo, a responsabilidade maior é a empresa estatal, do Governo do Estado de São Paulo, que deixa a desejar no fornecimento de água, no reparo de vazamento, no desperdício de água.

Um terço da água captada é desperdiçada. Então, na adianta fazer essa propaganda na televisão: “Use, mas não abuse”. A Sabesp precisa dar exemplo. E uma forma de dar o exemplo é parar de poluir os córregos e fazer o fornecimento da água do jeito que a população tem direito.

Ouvi pelo rádio também que há falta permanente de água em alguns bairros aqui de São Paulo. Na região de Osasco, Morro do Socó, Portal do Oeste é permanente a falta de água para beber. Então, se o quadro é esse de que só temos menos de 1% da água do globo para beber e se 46% da população mundial não têm água encanada em casa e temos aqui um grande potencial em água dos rios a empresa estatal, a Sabesp, não pode mais continuar do jeito que está. Ela precisa assumir o seu papel.

A Presidente da Sabesp vem a esta Casa para dar informações de como estão os serviços da Sabesp, a qualidade da água. No litoral tem havido muita reclamação de água contaminada, enfim, para que a gente possa começar com bastante responsabilidade a lidar com o problema da água no Estado de São Paulo e assim contribuirmos com a água existente no Planeta.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Alencar Santana Braga.

 

O SR. ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, público presente, quero aproveitar esta oportunidade para agradecer a votação que tive no Estado de São Paulo, em especial na Cidade de Guarulhos, nas cidades do Alto Tietê, no eixo Cantareira, na região de Presidente Prudente, em Santo André, dentre outras.

Mas, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, semana passada tivemos um grande exemplo do que é fazer política.

O Governador do Estado foi recebido pela nossa Presidenta Dilma Rousseff para tratar de investimentos no Estado de São Paulo. Cito a liberação de um bilhão e meio para a construção do trecho norte do Rodoanel e investimentos para a compra de novos trens da CPTM, financiamento de um bilhão pelo BNDES. O que este exemplo demonstra? Que o Governo Federal está agindo republicanamente no País.

A nossa Presidenta Dilma, seguindo o trabalho do nosso ex-Presidente Lula, está dando atenção a todos os estados. Só que precisamos ter o mesmo tratamento do Governador em relação às cidades do nosso Estado, olhando com sensibilidade para os seus problemas e garantindo os investimentos necessários para que elas possam crescer e se desenvolver.

Infelizmente não é o que temos observado nos últimos anos. Vou dar o exemplo da Cidade de Guarulhos. Nesta mesma cidade que o Governo do Estado recebeu recursos para o trecho norte do Rodoanel, protocolizamos documentos extraídos de audiências públicas realizadas ali apontando problemas ambientais - nos níveis dos reservatórios de água - e problemas sociais - segregação de bairros, remoção de famílias. Há bairros que ficarão isolados. De um lado estarão integrados à cidade, de outro estarão espremidos entre a Serra da Cantareira e o Rodoanel. E o que esperamos do Governador? Sensibilidade para ouvir a população da Cidade de Guarulhos; sensibilidade para ouvir a população da Cidade de São Paulo, que sofre com o mesmo problema na região da zona norte; sensibilidade para ouvir o nosso Prefeito Sebastião Almeida, que montou um grupo de estudo para acompanhar tudo isso de perto e elencou um conjunto de problemas decorrentes da obra e sua solução.

Então, se o Governador está feliz por ter recebido investimentos da nossa Presidenta, que ele tenha também a sensibilidade de ouvir os prefeitos e lideranças políticas, sem ver cor partidária, porque estamos aqui para defender o Estado de São Paulo e seu povo.

Quero também aproveitar esta ocasião para falar do dia mundial da água. Como disse o meu colega Deputado Marcos Martins, talvez não tenhamos tantos motivos para festejar, porque o Governo do Estado deveria agir com mais cuidado nessa área.

Tive a felicidade de no último sábado acompanhar, na Cidade de Bragança Paulista, um evento da Unicidades, onde um conjunto de lideranças locais foi chamar a atenção para a importância da preservação das represas naquela região. Sabemos da importância daquela região, uma cidade que vive do turismo. Se aquelas represas são importantes para o turismo, também são importantes para o abastecimento de água de toda a região metropolitana. Portanto, foram lá cobrar medidas de limpeza.

No domingo, minha assessoria esteve na Cidade de Santa Isabel acompanhado também um ato público de lideranças locais, populares e empresariais pedindo a limpeza da represa. E o Governo do Estado tem de estar atento a isso, porque o Governo Federal garantiu investimentos, num conjunto de cidades, nessa área do saneamento. Prova disso, mais uma vez, é o Município de Guarulhos, onde o Prefeito Sebastião Almeida, em conjunto com a nossa Presidenta, está garantindo o tratamento de esgoto. Antes não tinha. Já inauguramos uma estação de tratamento de esgoto e até meados do ano iremos inaugurar mais uma, beirando 50% de esgoto tratado na cidade. Queremos chegar até o final do mandato a 70 por cento.

Da mesma maneira que o Governo Federal está garantindo qualidade de vida, preservação ambiental, promoção da Saúde com investimento em saneamento básico, queremos também que este investimento venha do Governador Geraldo Alckmin. Estamos falando do maior estado do País, um estado rico e que tem condições de fazer isso. Como disse o nosso colega Deputado Marcos Martins, há regiões da capital de São Paulo em que moradores ficam vários dias sem água. Às vezes são obrigados a utilizar quase de violência física para garantir a água, sem o que não vivemos.

Temos condições, sim, de abastecer todo o País. Desse um por cento da água potável do mundo, o Brasil detém uma grande parcela, mas temos de garantir investimentos no tratamento de esgoto e evitar o desperdício no abastecimento de água. Se se fizer uma gestão de qualidade na Sabesp, vamos reduzir em muito o desperdício de água.

Gostaria de comentar também o ato dos estudantes aqui na Assembleia Legislativa, que vieram dizer do absurdo de se fechar vagas na USP/Leste. Isso demonstra que o Governador não quer investir na juventude, na Educação. Sabemos da importância da USP/Leste seja para aquela região de São Paulo, seja para a região metropolitana de São Paulo, que garante acesso ao ensino superior, um ensino que tem de ser de qualidade. O Governador deveria discutir mais investimentos e não reduzir o número de vagas, e não fechar cursos. Isso demonstra a falta de sensibilidade do Governador.

Nós, deputados da região do Alto Tietê, sabemos que a região não tem uma universidade pública. O que temos é um campus da Unifesp sediado na Cidade de Guarulhos inaugurado em 2006 pelo ex-Presidente Lula. A região do Alto Tietê precisa de uma universidade pública para garantir acesso ao ensino superior, para garantir o desenvolvimento daquela região heterogênea, que tem desde municípios com preponderância rural a municípios industriais e alguns setores de comércio. Mas infelizmente o Governador está andando na contramão.

Nós esperamos que ele tenha sensibilidade de rever essa posição tomada em relação à USP/Leste para que esta juventude não tenha negado seu direito à Educação, para que não tenha negado seu direito ao ensino superior. Espero que os colegas deputados também apóiem este movimento dos estudantes universitários. Sabemos da tradição da tradição da USP, da importância dessa universidade para nosso país e não podemos permitir que ela feche vagas num campus que atende a uma região importante e que tem um cunho social de transformação da nossa sociedade muito forte. È isso que queremos que fique registrado nesta tarde. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor.

 

O SR. ANTONIO MENTOR - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, assomo a esta tribuna para recuperar tema que foi objeto de grande debate na semana passada e que ainda não se esgotou. Não se esgotou porque as manifestações havidas durante a semana passada não convenceram a minoria oposicionista desta Casa, na medida em que feriram princípios constitucionais e agrediram a lógica do protocolo desta Casa impedindo que a minoria se expressasse de modo a exercer seu legítimo poder fiscalizador, seu legítimo papel de acompanhamento da execução orçamentária para que esta Casa não seja acusada, lá na frente, de se omitir quanto a suas obrigações constitucionais.

A decisão do Supremo Tribunal Federal que determinou que esta Casa implantasse as CPIs, Sr. Presidente, traz em seu bojo algumas manifestações, especialmente do Ministro Lewandowsky, quando afirma que não é permitido a nenhum tipo de obstrução ao exercício do direito da minoria; que não é possível aceitar nenhuma falcatrua que impeça o exercício pleno, democrático, constitucional do direito da minoria exercitar a sua função.

É nesse sentido, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, e aqueles que nos assistem pela TV Assembleia, que queria comentar o vergonhoso episódio do dia 16 de março, em que a oposição foi literalmente impedida de protocolizar um requerimento de instalação de CPI que tinha como objetivo investigar uma das questões mais latentes, que mais preocupa o povo paulista que é essa profusão de praças de pedágio instaladas em todas as esquinas do Estado de São Paulo com preços alarmantes que significam, na verdade, uma obstrução, uma veemente obstrução ao desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo, das relações culturais, das relações sociais, ao direito de ir e vir do povo paulista.

E para que essa possibilidade de investigação não se concretizasse o que fez a base governista? Inscreveu 11 CPIs sobre temas que por mais importantes que possam ser não espelham objeto para comissão parlamentar de inquérito. Ora, na legislatura passada o governo implantou nesta Casa entre outras a CPI da gorjeta. Investigar gorjeta; saber se há problema em relação à gorjeta, como se fosse obrigação dar tanto ou quanto de gorjeta, tivesse institucionalizado isso nesta Casa. Isso é vergonhoso para esta Casa.

Agora, as 11 CPIs que foram pedidas pelo governo, em que pese a importância dos temas, não são objeto para CPI. Absolutamente não são. Como se pudéssemos discutir aqui o sebo do boi, a finalização da gordura, para onde é destinado isso. É importante? Claro que pode ser do ponto de vista da saúde pública, ambiental, mas não objeto de CPI. É verdade? Estou viajando? Não. Estou falando o que corresponde às preocupações do povo paulista. O povo quer saber para onde foi o dinheiro da propina que a Alstom pagou para dirigentes do Metro e da CPTM. O povo paulista quer saber por que o pedágio deste estado é o mais caro do mundo. Vamos ver que o ambiente econômico, no momento em que foram assinados os contratos de concessão das principais rodovias deste estado é completamente diferente do momento que vivemos hoje. Na época a taxa Selic passava dos 265; hoje a taxa Selic é de 11. O dólar, naquele momento, era mais de 3,50 e hoje é 1,70. O ambiente internacional é outro na relação do Brasil. Imaginem que o risco pelo aumento ou diminuição do fluxo de veículos nas praças de pedágio pode ser em benefício ou prejuízo da concessionária. Ora, não tem cabimento.

Não tem a menor explicação manter uma situação como essa, sabendo-se que o Brasil cresceu durante o governo do Presidente Lula, em números chineses, e que o fluxo de veículos nas rodovias também aumentou nessa mesma proporção ou mais, trazendo, na verdade, uma tarifação muito mais forte e maior para as concessionárias. Isso não impacta o equilíbrio financeiro do contrato. Deveria impactar a favor do usuário, na diminuição do valor da tarifa e isso não acontece. A taxa interna de retorno, a chamada TIR, que é o lucro que a concessionária tem, na época foi estabelecida entre 21, 22 e 23%. Hoje o próprio governo do estado estabeleceu em 8 e 9%. Por que não revermos a taxa interna de retorno em 1998, para que pudesse beneficiar o usuário, para impactar no preço da tarifa, para reduzir o custo do Estado de São Paulo para alavancar o nosso desenvolvimento, a geração de emprego e a distribuição de renda que todos queremos?

Isso que queríamos investigar. Esse tema que precisamos levantar nesta Casa para cumprir a nossa obrigação enquanto parlamentares representantes do povo paulista. Precisamos saber é por que esses números se mantêm elevados a esse ponto; precisamos saber por que em 2006 esses contratos foram prorrogados em 3, 4, 5, 6, 7, 8 anos no apagar das luzes, sem ninguém ficar sabendo, às escondidas. Isso nunca foi demonstrado para o povo deste estado, nunca ninguém ficou sabendo. Foram prorrogados por decreto, no finalzinho do mandato, por um governador que estava ali por um período curto e depois revelou que assinou sem saber. O ex-Governador Claudio Lembo deu uma declaração dizendo que não sabia que tinha prorrogado os contratos das concessionárias. Deputado Marcos Martins, V.Exa. assinaria um documento dessa envergadura sem saber o que está assinando? Não é possível, não tem cabimento uma coisa dessas.

Agora, queríamos, na verdade, cumprir nossa obrigação e garantir o nosso direito, enquanto minoria desta casa, que conquistamos sim as 32 assinaturas necessárias para a inscrição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. E não fizemos isso barganhando absolutamente nada. Não fizemos isso com nenhuma reciprocidade. Apenas porque os deputados sabem da importância do tema, da necessidade de investigar essa questão.

Lamentavelmente houve a manobra da fila de 11 - a manobra do relógio de protocolo. Agora o relógio do protocolo vai ficar do lado de fora da Casa, não vai mais ficar do lado de dentro da Casa. A fila não começa mais aqui. Quero que todo mundo agora vá do lado de fora e pergunte se pode entrar para protocolar o documento. Antes de se apresentar na porta não pode entrar nem protocolar nada.

Deputado major Olímpio, as coisas são utilizadas de uma maneira absolutamente casuística. Lamentavelmente, uma Casa que deve se pautar pelo cumprimento do seu Regimento Interno para garantir os direitos que foram conquistados. Não foi sem luta que se conquistou a democracia neste país. Não foi sem luta que se conquistou o direito que as minorias devem ter de exercer a sua função neste parlamento. Não foi sem luta que conseguimos esse ambiente que nos possibilita hoje vir à tribuna fazer nossa manifestação e nosso pronunciamento.

Não podemos jogar isso na lata do lixo. Não podemos aceitar que uma manobra mesquinha possa nos impedir de exercer nosso papel, nossa tarefa, enquanto deputados representantes do maior estado da federação.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - PARA COMUNICAÇÃO - Acompanhava atentamente a manifestação do deputado Antonio Mentor, a quem cumprimento pela explanação, para que a população tome conhecimento vou citar as CPIs que foram protocoladas pela situação para que a nossa tristeza com essa postura governamental seja também a da população.

São as seguintes as CPIs apresentadas: 1ª - CPI da TV por assinatura; 2ª - CPI da remuneração irrisória paga aos médicos pelas operadoras de planos de saúde. Deputado Antonio Mentor, o número do requerimento é bastante próprio - 171, de 2011: investigar as causas e consequências do consumo abusivo do álcool. 4ª - Apuração do ensino superior praticado pelas instituições particulares - que têm controle pela Capes, do Ministério Federal, nada na área de observação da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Vejam a importância disso, senhores que nos acompanham: CPI do implante dentário. 6ª - CPI da reprodução assistida. Como já disse, será que vamos trazer Roger Abdelmassih, que está preso, para falar sobre reprodução assistida? 7ª - CPI para investigar a prática adotada por lojas que vendem a prazo sem juros no chamado parcelamento sem juros. 8ª - CPI para investigar a cartelização do mercado de autopeças. 9ª - CPI para investigar a pesca predatória. 10ª - CPI para investigar as empresas de telemarketing. 11ª - CPI para investigar o consumo da gordura hidrogenada e da gordura trans. 12ª - CPI para investigar o desaparecimento de pessoas.

Por isso propus a realização da CPI do fim do mundo. Possivelmente os demais deputados da ala governista topem assinar para perdermos bastante tempo nesta Casa discutindo o fim do mundo. Literalmente, esses 12 temas são o fim do mundo. Aos cidadãos que quiserem saber, estou disponibilizando no meu site todos os deputados que foram signatários dessas CPIs.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Cruz, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. GERALDO CRUZ - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, em primeiro lugar quero agradecer a Deus por neste momento assomar à tribuna pela primeira vez.

Tive uma trajetória política com três mandatos de vereador na cidade de Embu das Artes e dois mandatos de prefeito. Quero registrar isso, deputado Antonio Mentor, que estava criticando as CPIs, porque na primeira sessão minha no Legislativo de São Paulo, que considero o mais importante do Brasil e da América Latina, a minha expectativa era grande ao chegar no meio de tantos homens intelectuais, com experiências políticas de muitos anos. Foi um choque presenciar uma sessão em que o relógio do protocolo parece ser móvel, parece ir ao local que interessa na hora que interessa. Realmente fiquei muito triste com esse acontecimento. Mais ainda, percebi que através de um ofício à direção da Casa ela coloca dá preferência como primeiro. Foi isso que o presidente justificou, dizendo que recebeu um comunicado oficial da bancada do PSDB dizendo que estaria protocolando e o rapaz estava esperando na porta.

Estou aqui para aprender muita coisa, mas confesso que quando presenciei isso senti esta Casa tão distante do povo que quero fazer um convite a todos os deputados.

Visitem os bairros das cidades em que vocês moram. Se for muito longe, vão aqui em São Paulo mesmo visitar as muitas favelas abandonadas, com esgoto a céu aberto. Será que a realidade que V.Exas. estão votando aqui é compatível com a da população? Votaram um projeto recentemente - o Partido dos Trabalhadores votou contra - abrindo a possibilidade de convênio médico para as poucas vagas públicas para a população. Esse é um ponto que queria registrar. Anteontem morreu o pai de um policial amigo nosso do Embu. Ele estava esperando uma vaga no Hospital Pirajussara, não conseguiu ser internado e veio a falecer no pronto-socorro. Deveria ser o contrário, não é senhores? Por que não fazer um projeto que o Hospital São Luiz deva atender todo mundo que utiliza o SUS? Vamos fazer o governo mandar um projeto sobre esse assunto?

Acho que precisamos refletir melhor sobre o papel desta Casa. Estou certo de que tenho muitos sonhos, senti em muitos companheiros uma vontade de transformação muito grande e quero somar a elas.

Neste Dia Mundial da Água poderia falar tanta coisa bonita, talvez como o folder que a Sabesp tem feito gastando tanto dinheiro com um papel bonito, mas ela esquece da população que deveria ser a sua preocupação principal. Quero trazer aqui o reclamo da população da nossa região. Itapecerica da Serra tem bairro que está sem água há 60 dias. Estamos no século XXI. A propaganda da Sabesp diz que ela é a maior empresa da América Latina, em algum lugar diz que ela é a melhor do mundo, e temos ainda bairros na Cidade de São Paulo que não é beneficiado com água da Sabesp.

Então, nesse Dia Mundial da Água, poderíamos comemorar muita coisa, mas infelizmente temos que reclamar de coisas que a Sabesp deixa de fazer. Mas cobrar, ela cobra bem; pagamos uma taxa cara de esgoto que não recebe tratamento. Na nossa cidade, Embu, conseguimos uma verba do PAC, do Governo Lula, para fazer tratamento de esgoto. O dinheiro está no banco, liberado para a Sabesp desde 2006, mas até hoje a Sabesp não começou ainda a obra de tratamento. Mas a população paga taxa de esgoto para que ele seja jogado a menos de 100 metros, muitas vezes a 20 metros da porta de sua casa. Esta é a Sabesp que temos aqui no Estado de São Paulo, não só com a falta de água, mas com a falta de respeito com a população.

Sr. Presidente, infelizmente a falta de respeito que o serviço público tem com a população muitas vezes reflete em alguns colegas deputados. E isso me deixa até desanimado. Venho do Executivo, uma vida diferente do Parlamento; mas aprendi e levei ao Executivo muitas coisas da Câmara Municipal de Embu. E vejo que há coisas muito parecidas com as da Assembleia Legislativa. De repente, quem sabe, V. Exas. podem me surpreender com atitudes positivas para que possamos refletir um pouco sobre nosso papel. Mas poderíamos pensar melhor nosso papel se tivéssemos um contato melhor com a população. As CPIs que queríamos fazer não eram para ser contra o Governador Geraldo Alckmin. Pelo contrário: todos nós torcemos para que o Governo seja bom. Não se fala em transparência? Vamos fazer transparência, vamos dar transparência dos nossos atos nesta Casa; vamos dar transparência dos atos do Governo para que possamos ter mais credibilidade e diminuir cada vez mais a resistência da classe política com a população.

Quero lamentar esses atos aqui. Espero que possamos avançar para melhorarmos muito mais o serviço público. Há tanta coisa boa do Governo do Presidente Lula; a Presidente Dilma continua por esse caminho. Quem sabe podemos pegar algum exemplo para colocarmos em prática no Estado de São Paulo também. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, está esgotado o tempo destinado ao Grande Expediente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente, telespectadores da TV Assembleia, acabei de chegar de um encontro no Ministério Público com a Promotoria de Direitos Humanos, Área de Inclusão Social. Nosso mandato esteve reunido com o Dr. Eduardo Ferreira Valério, 2º promotor de Justiça de Direitos Humanos.

Discutimos uma denúncia que o nosso mandato tem feito aqui exaustivamente, utilizando a tribuna da Assembleia Legislativa, acionando o próprio Ministério Público, a imprensa, fazendo diligências inclusive no local do Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo, que é considerado hoje, pelos servidores, a casa dos horrores, um verdadeiro inferno.

Hoje, qualquer servidor que passe por esse departamento será vítima, com certeza, de assédio moral, de mau atendimento, vai ter seus documentos perdidos, vai ser humilhado pelos médicos. Isso vem acontecendo já há muitos anos e nada foi feito até agora, mesmo com nossas exaustivas denúncias, diligências, audiências públicas. A situação é a mesma, mesmo com as denúncias feitas pela grande imprensa. Recentemente assistimos pelo “Fantástico”, pelos principais jornais, professoras obesas sendo discriminadas, pessoas que já eram professoras da rede estadual de ensino, que foram aprovadas no concurso público de provas e títulos. E eram impedidas de ingressar em outros cargos na rede estadual de ensino.

Já havíamos procurado o Ministério Público, até porque, infelizmente, a Assembleia Legislativa não implantou aqui a nossa CPI do Departamento de Perícias Médicas, que há muito tempo tentamos aqui implantar, para fazer uma devassa nesse departamento, conhecido como a casa dos horrores.

Então fomos, logicamente, ao Ministério Público Estadual e ele tem tomado providências. Há em curso uma investigação, um inquérito civil, o IC nº 11/2009, aos cuidados do Dr. Eduardo Ferreira Valério, já investigando o Departamento de Perícias Médicas.

Nosso encontro de hoje foi no sentido de levar a ele as denúncias que nós estamos recebendo aqui na Assembleia Legislativa. Criamos o Disque-Denúncia contra o Departamento de Perícias Médicas do Estado. Temos aqui milhares de denúncias dando conta de irregularidades, de assédio moral, de perda de documento, de falta de publicação das perícias médicas que vêm afetando, praticamente, todos os servidores de todas as Secretarias do Estado de São Paulo. São professores, servidores da Segurança Pública, da saúde, do Judiciário.

Passo a ler o Inquérito Civil nº 11/2009 do Ministério Público:

Ministério Público do Estado de São Paulo

IC n°ll/09

01. Na tarde de 16 de fevereiro de 2010, no Gabinete desta Promotoria de Justiça de Direitos Humanos, realizou-se reunião de trabalho com a Doutora Andréa Mônaco Janotti, Assessora Técnica de Gabinete do Senhor Secretário de Estado de Gestão, a quem fora delegada as atribuições e competências pertinentes ao DPME.

Foram discutidas longamente as várias questões relativas ao funcionamento daquele órgão, em especial as graves deficiências noticiadas nestes autos. Foram também aventadas algumas eventuais iniciativas do Poder Público no sentido de saná-las ou mitigá-las.

02. A Senhora Assessora da Secretaria de Estado mostrou-se grande conhecedora da estrutura e das agruras do DPME; detém preciso diagnóstico dos problemas que aqui estão sendo investigados, voltando sobre eles agudo e profissional olhar crítico.

Por conta destas suas virtudes e predicados, faz-se factível consultar o Governo Estadual, por seu intermédio, acerca das principais questões postas, aquilatando eventuais propósitos ou intenções efetivas e concretas de enfrentamento dos problemas.

Afinal, se é verdade que algumas questões demandam grandes esforços, outras quiçá possam se solucionar com a mera edição de um ato administrativo.

Por outro lado, a consulta ao Governo Estadual não há de ser feita, ao menos neste momento, ao Senhor Secretário ou ao Senhor Diretor do DPME, mas, sim, na pessoa da Senhora Assessora, já que o Secretário de Gestão, por intermédio da Resolução SGP n° 07, de 03 de março de 2010, avocou para seu Gabinete as atribuições e competências pertinentes ao DPME e as delegou àquela dedicada servidora pública.

03. Neste sentido, expeçam ofício nos termos abaixo à Dra. Andréa Mônaco Janotti, Assessora Técnica de Gabinete do Senhor Secretário de Estado de Gestão, fazendo-o acompanhado de cópia da portaria inaugural do procedimento e deste despacho.

Prezada Senhora:

Como é do conhecimento de Vossa Senhoria, tramita por esta Promotoria de Justiça de Direitos Humanos, Área de Inclusão Social, inquérito civil destinado a apurar as condições de funcionamento e a qualidade do serviço público prestado pelo Departamento de Perícias Médicas do Estado.

Como resultado de reunião de trabalho realizada no Gabinete desta Promotoria de Justiça na tarde do último dia 16 de fevereiro, sirvo-me deste para consultar o Governo Estadual, em sua pessoa, acerca de eventuais propósitos ou intenções de enfrentar com efetividade os problemas noticiados.

A consulta é feita a Vossa Senhoria porque, como obviamente é de seu conhecimento, o Secretário de Gestão, por intermédio da Resolução SGP nº 07, de 03 de março de 2010, avocou para seu Gabinete as atribuições e competências pertinentes ao DPME e as delegou a Vossa Senhoria que, em consequência, mostrou-se, no curso daquela reunião, deter preciso diagnóstico dos problemas que aqui estão sendo investigados, voltando sobre eles agudo e profissional olhar crítico.

Assim, numa apertada síntese, pode-se resumir as questões postas sob investigação em dois grandes grupos: a qualidade do atendimento e do serviço público prestado aos servidores em geral; os critérios utilizados nos exames de aptidão dos candidatos ao ingresso no serviço público.

I.                   No primeiro grupo, estão, num resumo superficial:

a)                      a existência cotidiana, diária e habitual de longas filas de servidores (muitos doentes ou acidentados) e de candidatos, muitas vezes na rua, num local notoriamente perigoso;

b)                      a marcação de horário único para atendimento de todos, sempre às 7 horas da manhã, sendo que os atendimentos se estendem durante todo o dia e as pessoas, em consequência, lá permanecem durante longo tempo, não poucas vezes até o final da tarde;

c)                       a descortesia e extrema falta de urbanidade por parte dos médicos e do pessoal administrativo;

d)                      os comentários humilhantes e grosseiros de médicos;

e)                      a falta de identificação clara dos médicos que fazem os atendimentos aos usuários;

f)                       a longa demora na publicação dos resultados das perícias no Diário Oficial, deixando os periciandos e as unidades administrativas em que prestam serviços sem informações acerca de sua condição funcional;

g)                      a longa demora na marcação de datas para perícias, o que gera especial prejuízo aos servidores doentes ou acidentados;

h)                      a falta de resposta da Ouvidoria da Secretaria Estadual de Gestão (porque no DPME não há ouvidoria) quanto às reclamações eventualmente registradas pelos usuários.

Aventa a Secretaria, como possível solução para tais problemas, a descentralização para o interior, ora em curso. No entanto, ao que consta, as unidades descentralizadas se encarregariam tão somente da realização da perícia (o que já se constitui, sem dúvida, em grande vantagem, na medida em que dispensa o deslocamento do servidor para a Capital do Estado), não detendo atribuições para referendar as perícias. Há perspectiva de corrigir distorção, na busca de efetiva agilidade na resposta final?

No mais, no tocante ao rol de problemas relativos à prestação do serviço público, indaga-se a Vossa Senhoria quais são as intenções dessa Secretaria em adotar providências para saná-los, encarecendo que os projetos e iniciativas sejam apresentados de modo objetivo e acompanhados do cronograma de implantação.

Dentre as tais providências, encontram-se a criação de cargos de médico-perito e a criação de plano de carreira? Entende a Secretaria que tais medidas seriam relevantes para aquele almejado resultado?

Ainda no âmbito das providências tendentes à melhoria dos serviços, essa Secretaria considera adequado o prédio atualmente utilizado? Cuida-se de próprio do Governo Estadual?

II. No que concerne aos critérios utilizados nos exames de aptidão dos candidatos a ingresso no serviço público, sabe Vossa Senhoria da celeuma que recentemente envolveu o DPME, inclusive com larga repercussão na grande imprensa, acerca da inaptidão atribuída às obesas que se candidatavam ao cargo de professores da rede pública.

O assunto já vinha sendo investigado neste inquisitório e, a seu respeito, já se conta, nos autos, com alentadas explicações da direção do DPME, inclusive quanto à obesidade mórbida.

No entanto, ainda com o propósito de se aferir a ocorrência ou não de discriminação no episódio, indago a Vossa Senhoria (que poderá, à evidência, valer-se de informações dos senhores peritos para as respostas):

a)                      O mesmo tratamento - de inaptidão - que se dá aos obesos mórbidos, é dado aos portadores de alguma outra moléstia ou aos candidatos que se incluam em grupos cujo prognóstico seja, do mesmo modo, tendente a ocorrências mais frequentes de licenças e eventual aposentadoria precoce (tais como fumantes, diabéticos, hipertensos, cardiopatas, pessoas com antecedentes familiares de câncer etc.)?

b)                       O governo do Estado dispõe de dados concretos e objetivos a demonstrar que obesos mórbidos efetivamente gozam mais frequentemente que outros servidores de licenças-saúde? Ou se que se aposentam mais precocemente que os outros? Pede-se a remessa de cópias de tais estudos.

Independentemente de se aceitar ou não as deliberações do DPME pela inaptidão dos obesos mórbidos, indaga-se dessa Secretaria se há intenção de se tornar públicos os balizamentos e critérios adotados para a aferição da aptidão dos candidatos, independentemente da apreciação específica de cada caso.

Trata-se de se incluir nos editais dos concursos públicos ou de se editar prévio ato administrativo que permita aos candidatos terem prévia ciência dos casos que objetivamente ensejarão inaptidão física ou mental para o exercício da função, evitando-se a frustração daquele que se submeteu a todas as fases anteriores do concurso e deparou-se, no final do processo, com o laudo destaque inaptidão.

Do mesmo modo, é preciso que se garanta, aos candidatos tidos como inaptos, plena e imediata ciência dos motivos técnicos que fundamentam a decisão de sua inaptidão, assegurando-se a necessária transparência do processo de admissão ao serviço público, ao mesmo tempo em que se lhe dê condições de buscar os recursos administrativos ou judiciais hábeis a modificá-la.

Afinal, não há decisão administrativa imotivada ou secreta.

Por derradeiro, cumpre-me solicitar que as solicitações e indagações aqui formuladas sejam respondidas em 30 dias.

04. Ainda para boa instrução do procedimento e atendendo ao seu pedido e com o propósito de se conhecer os resultados obtidos com o disque-denúncia por ele instalado, designo a terça-feira, 22 de março de 2011, às 14h 30, para ouvida, neste Gabinete, do Senhor Deputado Estadual, Professor Carlos Giannazi. Expeça ofício convidando-o.

05. Expeçam ofício à Corregedoria-Geral da Administração solicitando-se cópias das principais peças do Processo n° CGA n° 167/08, em especial dos relatórios relativos às apurações realizadas por aquele órgão correcional. De se solicitar atendimento em 30 dias.

São Paulo, 17 de fevereiro de 2011.

Eduardo Ferreira Valério

2° Promotor de Justiça de Direitos Humanos

É um descaso generalizado. É uma humilhação para o servidor público o que vem acontecendo no Departamento de Perícias Médicas, e por isso continuaremos insistindo para que haja a instalação da CPI. Vamos aqui abastecer com todas as denúncias e informações o Ministério Público Estadual para que possamos resolver de fato essa situação. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - A Presidência tem a grata satisfação de anunciar a presença do nobre Deputado estadual, Hatiro Shimomoto, que honrou esta Casa por muitas e muitas legislaturas. A S. Exa. as homenagens do Poder Legislativo. (Palmas.)

 

O SR. PEDRO BIGARDI - PCdoB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, gostaria de registrar a presença hoje de vários movimentos estudantis: a União Nacional dos Estudantes - UNE, a União Estadual dos Estudantes, a União Paulista dos Estudantes Secundaristas e outras entidades ligadas à juventude e ao movimento estudantil.

Eles foram recebidos pelos Deputados e pelo Presidente da Casa, Deputado Barros Munhoz, a quem agradecemos pela forma como os estudantes foram recebidos. Não poderíamos esperar outra coisa da Presidência da Casa.

A discussão que trouxe os estudantes à Casa é exatamente a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional, que tive a oportunidade de apresentar, por iniciativa do próprio movimento estudantil, e com o apoio do Deputado Simão Pedro.

Essa PEC propõe que os recursos provenientes do pré-sal, essa riqueza descoberta no País, sejam aplicados, no caso do Estado de São Paulo, num fundo de desenvolvimento social, e que nesse fundo pelo menos 50% dos recursos sejam disponibilizados para a Educação, Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente.

É uma antiga reivindicação do movimento estudantil, para que possamos dar um passo adiante na questão da Educação do País e do Estado de São Paulo. Quero utilizar as palavras do presidente da UNE, Augusto Chagas, que disse: “uns dizem que existe dinheiro para Educação, mas o que falta é gestão pública; outros dizem que falta dinheiro para Educação”.

Na verdade, entendo que sejam as duas questões: falta dinheiro e falta gestão, e daí termos dificuldade nas escolas no Estado de São Paulo. Apenas cerca de 13% das escolas têm bibliotecas, e aproximadamente 22% das escolas têm laboratórios, além das outras dificuldades todas: salariais, valorização do profissional, capacitação, etc.

Esse recurso do pré-sal é um passo adiante na possibilidade de avançarmos na Educação, na formação do indivíduo. Essa é a nossa expectativa. Se essa Proposta de Emenda Constitucional for aprovada nesta Casa, será a primeira do Brasil a ser aprovada por um Estado. Portanto, poderemos ter essa iniciativa pioneira no Brasil, e acreditamos muito nessa aprovação. Da antiga legislatura 43 Deputados assinaram a Proposta de Emenda Constitucional, e agora estamos na expectativa de sua aprovação.

Quero registrar também o nosso agradecimento ao Deputado Celso Giglio, que colabora com esse movimento, dando parecer favorável à Proposta de Emenda Constitucional, e também ajudou a receber os estudantes hoje nesta Casa.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Barros Munhoz.

 

* * *

 

Por último, amanhã teremos nesta Casa o ato político em comemoração aos 89 anos do PCdoB. Convidamos todos os líderes, todos os Deputados para comparecerem a esse ato, que será realizado às 19 horas no Auditório Paulo Kobayashi. O PCdoB retorna a esta Casa com dois Deputados, eu e minha companheira Leci Brandão, que dispensa apresentação, pela sua luta histórica, pelos movimentos sociais, pela cultura, enfim, uma trajetória belíssima. Estamos aqui na Casa para representar o PCdoB.

Teremos a presença de outros deputados que passaram pela Casa: Jamil Murad, Nivaldo Santana, Ana Martins, Denis Carvalho e outros. Enfim, comemoraremos o aniversário do partido e o retorno do PCdoB à Assembleia Legislativa. Muito obrigado.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, servidores desta Assembleia, telespectadores da TV Assembleia, ontem participamos de uma importante discussão, organizada pelo Consórcio Intermunicipal de prefeitos do Grande ABC, que reúne os municípios de São Caetano, Santo André, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, São Bernardo e Diadema.

Esse consórcio é hoje presidido pelo então Deputado estadual Mário Reali, hoje Prefeito de Diadema. Nossa colega Ana do Carmo esteve presente ontem, juntamente com demais Deputados que representam a região do ABC paulista, assim como também deputados federais da região.

Foram discutidos vários assuntos de interesse dos sete municípios da região do ABC. Essa forma de fazer política, de caráter regional, é um instrumento fundamental para a discussão de problemas relacionados às políticas públicas, seja do Governo do Estado, seja também do Governo Federal. Discutimos temas relacionados à Saúde, a questão da macrodrenagem, até em função das enchentes que provocaram vários problemas para a região do ABC paulista, especialmente para Mauá.

Discutimos a questão do monitoramento do trânsito, para facilitar o trânsito na região metropolitana e também na região do ABC paulista.

Tramita aqui nesta Casa um projeto que cria oficialmente a região metropolitana do Estado de São Paulo. É um projeto de 2005 que penso ser fundamental para a Região Metropolitana que agrega 39 municípios e podermos discutir políticas em relação aos transportes metropolitanos e aos investimentos de infraestrutura, já vislumbrando a questão da Copa do Mundo quando teremos jogos no nosso Estado São Paulo.

Quero louvar a iniciativa do Prefeito Mário Reali, quero cumprimentar o Prefeito Luiz Marinho de São Bernardo do Campo que esteve presente, o Prefeito Oswaldo Dias de Mauá, o Prefeito Clóvis Volpi de Ribeirão Pires, e o vice-Prefeito Walter Figueira que, naquele evento, representou o Prefeito Auricchio de São Caetano do Sul. É fundamental que as regiões se reúnam para pensar em discutir soluções de forma regional.

Um tema que debatemos muito na reunião de ontem do Consórcio Intermunicipal foi sobre os desdobramentos da Lei Específica da Represa Billings. É uma lei que aprovamos na Assembleia Legislativa pelos 94 Deputados. Os telespectadores sabem da importância que representa esse manancial, como também o de Guarapiranga. São quase 2,5 milhões de pessoas que moram nesses dois importantes mananciais. Aprovamos a lei que já foi regulamentada e sancionada, e aguardamos, por parte das prefeituras de São Paulo do ABC e dos cartórios, o processo de registro para regularizar a parte fundiária das pessoas que moram há muito tempo no entorno dessas duas importantes represas. Mais do que isso, aguardamos os instrumentos importantes para coibir a ocupação desordenada desses mananciais. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, hoje é o aniversário do nosso colega e Deputado Fernando Capez. Gostaria de solicitar uma salva de palmas desejando a ele muita saúde, que continue sempre combativo como o maior jurista desta Casa. Sucesso, saúde e muita sorte. (Palmas.)

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente desta sessão e desta Assembleia, nobre Deputado Barros Munhoz, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos acompanha nas galerias, telespectadores da TV Assembleia, fiz uma proposta que penso ser a minha primeira iniciativa para ser aprovada pelo plenário nesta legislatura. É a criação de uma comissão deste Parlamento para acompanhar uma obra que terá grande repercussão no Estado de São Paulo e na Cidade de São Paulo. Isso exigirá investimentos do Governo do Estado nas áreas de Segurança e de Transportes com a construção do Estádio de Corinthians em Itaquera. Tenho orgulho de lá ter morado por 31 anos. A minha militância política se iniciou ali. Essa obra vai além da nossa preferência por times, pois ela tem a previsão, após a sua construção, de abrigar a abertura da Copa do Mundo.

Não é então qualquer coisa. Receber uma Copa do Mundo no Brasil já foi um feito maravilhoso, graças ao empenho do nosso Presidente Lula, do Ministro de Esportes, com todas as garantias que o Brasil deu de que iremos fazer uma grande Copa do Mundo. E fazer a sua abertura em São Paulo é muito importante porque aqui é a porta de entrada do Brasil. Vossas Excelências não imaginam o orgulho que a população da zona Leste sente por poder abrigar a abertura da Copa. As obras estão para serem iniciadas. Há toda uma equação financeira, todo um trabalho a ser feito.

O Governo do Estado já deu a garantia, junto com a prefeitura, de que vai fazer investimentos e dar todas as condições para que essa obra seja feita. Teremos de votar orçamento, vamos discutir iniciativas legislativas se for o caso, teremos de discutir políticas públicas para que esse estádio deixe um legado positivo para o futuro não só como Estádio do Corinthians. A Copa terá investimentos e pelo que percebemos 98% dos investimentos serão públicos. Nada melhor então do que esta Assembleia nomear uma comissão até que possamos compor as comissões permanentes. Esta Casa deu um passo importante, que é de manter a Comissão de Esportes. Certamente, essa comissão terá de se debruçar sobre o tema, mas isso vai levar um ou dois meses. Até então, podemos já dar tratativas a esse tema e dialogarmos com o Governo do Estado, com a prefeitura, com a CBF e com o próprio Corinthians.

A outra proposta é a constituição de uma comissão para acompanhar a crise da USP Leste. A USP vazou na imprensa esta semana que pretende fazer uma reformulação dos seus cursos. São 10 cursos criados a partir de 2005 e lembro-me que a primeira medida desta Assembleia, em 2003, foi criar uma Comissão Especial para acompanhar a implantação da USP Leste. Este Parlamento teve um papel fundamental para garantir o orçamento e para fazer audiências públicas. Foi uma conquista daquela grande região, e agora está passando por uma crise com o anúncio de mudanças pelo Governo.

Os estudantes estão aqui e os professores já nos procuraram. Teremos uma assembleia no próximo sábado e um ato público nesta quinta-feira. A nossa ideia é institucionalizar essa representação abrindo um diálogo com o reitor e com o secretário de Estado que acompanha as universidades. E a nossa proposta é criarmos duas comissões para dois temas importantes. Quero pedir a atenção dos líderes e dos demais deputados para que aprovemos essas duas comissões. Nobre Deputada Heroilma que representa a população de Itaquaquecetuba e também a Região do Alto Tietê, que faz parte da zona Leste e tem oito milhões de habitantes, para se ter uma ideia 45% dos alunos que ingressaram na USP Leste este ano são oriundos das escolas públicas. Não podemos fechar os nossos olhos para a extinção do curso de Obstetrícia, à criação de novos cursos e à extinção de vagas. Teremos deputados do PT e do PSOL para dialogarmos com o reitor, de forma oficial, fazermos a intermediação e encontrarmos uma solução que seja boa para a nossa região.

São duas propostas simples que debatemos no Colégio de Líderes e que queremos vê-las aprovadas nesta tarde para ajudarmos essa população.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Vinicius Camarinha.

 

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O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, gostaria de aproveitar a oportunidade ao que disse o nobre Deputado Simão Pedro sobre a crise na Universidade de São Paulo, e ao fechamento de cursos na USP Leste. Quero informar a todos que estaremos realizando no próximo dia 24, às 14 horas e 30 minutos, no Plenário Franco Montoro, para discutir sobre a crise na Universidade de São Paulo, o processo de criminalização do movimento estudantil, do movimento sindical. Temos inúmeros processos, estudantes que se manifestaram contra a Reitoria estão sendo processados, respondendo processo administrativo, há inclusive funcionários na mesma situação. Temos um processo de terceirização dos serviços, que vêm piorando, sem contar o processo de privatização que é feito de forma disfarçada, através das famosas fundações de caráter privado que utilizam a história, a marca, os funcionários da USP, e são fundações que têm inclusive lucro. É um absurdo o que vem acontecendo, sem contar a estrutura autoritária, o autoritarismo do Reitor João Rodas.

A nossa audiência pública tem como foco central discutir essa crise, essa estrutura autoritária e é muito importante que essa comissão seja formada, porque a Assembleia Legislativa tem que interferir, tem que atuar em defesa da comunidade acadêmica, em defesa dos alunos, dos professores e dos servidores, porque o atual reitor que para nós é um interventor foi colocado lá pelo ex-Governador José Serra, nem foi o mais votado na lista tríplice. Então, a Assembleia Legislativa tem obrigação de sair em defesa da comunidade acadêmica.

É por isso que estamos realizando essa audiência pública, no próximo dia 24, quinta-feira, às 14 horas e 30 minutos, e é importante que todos os Deputados e Deputadas participem. Nós teremos a presença de várias entidades que defendem a gestão democrática da universidade pública para que não ocorra mais isso, sobretudo, o fechamento autoritário de cursos na USP Leste, a transferência, por exemplo, de vários setores da administração para áreas externas da Universidade de São Paulo. O reitor está tirando vários departamentos da Cidade Universitária. Está gastando mais dinheiro do erário. É um absurdo o que vem acontecendo. Essa audiência pública é fundamental para que nós possamos começar a reverter essa situação. Muito obrigado.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos por cinco minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado Carlos Giannazi e suspende a sessão por 05 minutos.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 16 horas e 52 minutos, a sessão é reaberta às 16 horas e 58 minutos, sob a Presidência do Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. JOSÉ BITTENCOURT - PDT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, temos no Estado várias varas já criadas por lei, por esta Casa, faltando apenas a instalação efetiva dessas varas. Eu tenho a convicção de que cada Deputado na sua região, na comarca onde mora, é abordado pelos seus concidadãos, pelos seus amigos, até mesmo pela direção dos fóruns dessas comarcas, a respeito da necessidade de concretamente se cumprir a legislação do Estado quanto à criação de varas judiciais.

Não estou falando de varas especializadas, Sr. Presidente, porque a sociedade avança tão rapidamente e os temas são discutidos pela sociedade com tanta velocidade, que se faz necessária a instalação de varas especializadas em diversas comarcas no Estado, principalmente em grandes comarcas. Por exemplo, vara especializada do meio ambiente ou da questão do direito ambiental, vara especializada para tratar da questão da criança, do adolescente e do idoso, e assim por diante.

Refiro-me aqui à dificuldade que tem o Tribunal de Justiça do Estado, o Poder Judiciário de efetivamente instalar essas varas por falta de pessoal. Às vezes, o prefeito tem a iniciativa. Há vários deputados aqui que foram prefeitos, têm essa experiência e de em até ceder a estrutura, o computador, até funcionário para que efetivamente ajude nos serviços burocráticos no fórum para que se tenha, de fato, uma prestação jurisdicional para o cidadão que se socorre do Judiciário. Mas, estamos vendo a falta de pessoal no Tribunal de Justiça, principalmente em relação ao quadro de juízes, assistentes judiciais, servidores qualificados para preencherem essas vagas e serem lotados nessa ou naquela vara já criada por lei nesta Casa.

Quero dizer, Deputado Junji Abe e Deputada Heroilma, que temos aqui um Projeto de Lei 41/09, que cria 600 cargos para o Judiciário. Acho que seria oportuno pautar isso aqui na reunião de Colégio de Líderes. Amanhã estarei fazendo essa menção no Colégio de Líderes.

O projeto está pronto para ser deliberado. Está na Ordem do Dia para ser deliberado. O Deputado Campos Machado já fez o pedido de urgência e já foi aprovado esse projeto de modo que está pronto para ser deliberado.

Encaminharei o projeto de lei, amanhã, ao Presidente do Colégio de Líderes e ao Presidente efetivo desta Casa, Deputado Barros Munhoz, para que, quem sabe, num acordo de liderança, como tem sido nas questões aqui do Poder Judiciário e da cidadania de São Paulo, possamos votá-lo.

É importante para o Tribunal de Justiça instalar essas varas já criadas e cobradas por diversos juízes e diretores de fóruns do nosso Estado. A cidade de Leme tem três varas: varas cíveis e cumulativas, mas tem uma quarta vara já criada que precisa do funcionário, do servidor, do magistrado para essa vara.

Sr. Presidente, esta a nossa manifestação em nome da Bancada do PDT. Tenho certeza que encontro eco na receptividade por parte das lideranças de bancadas, dos Srs. Deputados para, quem sabe, num acordo, já que o projeto está pronto, maduro, debatido e desde 2009 se encontra nesta Casa, dar uma resposta positiva, possibilitando ao Poder Judiciário, ao Tribunal de Justiça instalar essas varas que são úteis para o atendimento da cidadania e para prestação jurisdicional.

 

O SR. PRESIDENTE BARROS MUNHOZ - PSDB - Vamos passar à Ordem do Dia.

 

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- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, há sobre a mesa o seguinte requerimento:

“Requeiro nos termos do Art. 35, da XIII Consolidação do Regimento Interno, a constituição de uma Comissão de Representação, composta por sete membros, com a finalidade de acompanhar possíveis mudanças e alterações nos cursos de graduação da Escola de Artes, Ciências e Humanidade, da USP Leste, até a constituição da Comissão Permanente de Ciência, Tecnologia e Informação”.

Assina o requerimento o nobre Deputado Enio Tatto, com o número regimental de assinaturas.

Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem favoráveis queiram conservar-se como se encontram. (Pausa.) aprovado.

Requerimento nos seguintes termos: “Requeiro, nos termos regimentais, que o item 536 do Projeto de Lei nº 30/11, constante na presente Ordem do Dia, passe a figurar como item 1, renumerando-se os demais”.

Requerimento assinado pelo nobre Deputado Samuel Moreira e demais líderes do Colégio de Líderes.

Em votação.

Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto para encaminhar a votação.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos assiste, acho que existe uma preocupação de todos os Deputados desta Casa, principalmente dos novos Deputados, que estão começando a sua legislatura, de ver a Casa funcionar. Essa preocupação também se refletiu hoje no Colégio de Líderes. Acho que é uma unanimidade de que a Casa tem que funcionar. Afinal estamos aqui para corresponder à confiança e ao voto que todos recebemos da população.

Quero deixar bem claro, em nome da Bancada do PT, que esta Casa funciona não só colocando em plenário os projetos do Executivo, tentando jogar goela abaixo com pouca discussão e de forma atropelada. Esta Casa funciona quando funciona como um todo.

Uma das prioridades desta Casa, nesse início da legislatura, é formar as comissões temáticas. As comissões temáticas são importantes porque é o espaço mais apropriado para discutir de forma profunda os projetos de Deputados e também do Executivo.

Nós, da Bancada do PT, pedimos para que não demore como na legislatura passada que teve comissão que demorou três meses para ser instalada e ninguém consegue discutir. Como, por exemplo, a Comissão de Educação, Saúde, Habitação, Transporte, Meio Ambiente, etc.. Uma das nossas prioridades é constituir essas comissões.

A Bancada do PT vai encaminhar - tudo indica - até a semana que vem todos os seus membros das comissões para que ela seja instalada imediatamente.

Outra coisa, nós achamos que têm propostas que não cabe a discussão e que deveria ser uma lógica aprovar. Por exemplo, isso que aconteceu agora ninguém obstruiu. Ninguém votou contra. Foi por unanimidade.

A Comissão de Ciência e Tecnologia não está instalada e tem algo emergente, que é a diminuição da vagas nos cursos da USP/Leste ou até mesmo a extinção de cursos - e olha que lutamos para ter mais cursos -, inclusive, a Reitoria da USP muda o estatuto para que possa ter cursos semelhantes no Município de São Paulo. Imagine obstruir e não votarmos um projeto para criar uma comissão, que é a reivindicação da população.

Recebemos hoje um grupo de estudantes preocupados com essa situação e está preste a acabar ou diminuir os cursos. Então foi aprovado e é dessa forma que queremos.

Deputado Simão Pedro, já que a Comissão de Esportes não está constituída, não está funcionando, apresentamos um pedido de Comissão de Representação para acompanhar nesse período, enquanto não estiver funcionando a Comissão de Esporte, toda organização que está havendo em torno da Copa de 2014. Aliás, o Estado de São Paulo está atrasado. O Deputado Pedro Bigardi também participou, juntamente com o Deputado Vicente Cândido e outros Deputados desta Casa, da Comissão de Esportes. Foi uma grande discussão no Estado de São Paulo a respeito da Copa do Mundo. Então, essa comissão, que não vai ser votada hoje - espero que seja votada amanhã -, é de suma importância para que esta Casa possa acompanhar junto com a Federação Paulista de Futebol, junto com a CBF e até mesmo com a Fifa para realizar realmente essa Copa do Mundo com todo êxito, trazendo os benefícios que ela traz para o Estado de São Paulo.

Outra coisa, os projetos que o Governo quer aprovar. Tem um projeto aqui urgente, que é o novo mínimo regional do Estado de São Paulo. Esse projeto tem inúmeras emendas. Por isso que queremos debater. Sabemos da urgência, da necessidade de aprovarmos até o final do mês para entrar em vigor a partir de 1º de abril. Agora, o Governo teve tempo para mandar antes. Se só hoje começamos a discutir, não é culpa da oposição. Queremos discutir este projeto. Vamos nos inscrever, tem acordo para discutir uma hora e meia hoje e amanhã também. Por quê? Porque queremos discutir as emendas apresentadas pelo PT. Temos categorias que queremos incluir nesse novo mínimo do Estado de São Paulo; queremos discutir o valor desse mínimo. Discutiu-se tanto o mínimo nacional na campanha eleitoral por que não discutir agora o valor do mínimo em São Paulo? Não é simplesmente aceitar aquilo que o Governo propõe. Queremos contribuir com essa discussão. A mesma coisa em relação à criação da Região Metropolitana de Sorocaba e do Vale do Paraíba, já atrasadas no Estado de São Paulo. Como queremos discutir as que foram criadas e não funcionam: a região metropolitana da Baixada Santista e de Campinas. Queremos cumprir o papel de legisladores para aperfeiçoar os projetos, bem como as iniciativas dos deputados.

Queremos formar logo as comissões para termos a tramitação dos projetos, caso contrário tudo vai ser na base do afogadilho: Governo manda projeto para esta Casa, aprova-se regime de urgência, faz-se congresso de comissões e não se tem o debate nas comissões pertinentes. Queremos iniciar a nova legislatura com a forma adequada na condução dos trabalhos. No mais, vamos indicar nossos deputados para as comissões que esperamos ver constituídas já neste mês, para que em abril possamos apreciar os projetos tanto do Executivo como dos parlamentares.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Continua em votação.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, peço a palavra para encaminhar a votação pela Liderança do PSOL.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi para encaminhar a votação pelo PSOL.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, público presente, mais uma vez estamos acompanhando o mesmo procedimento da Assembleia Legislativa em ser pautada pelo Executivo.

Temos na pauta dos nossos trabalhos mais de quatro mil projetos de deputados prontos para serem votados, projetos estratégicos para o Estado de São Paulo na área da Educação, da Saúde, da Segurança Pública, da habitação, projetos de interesse dos servidores públicos, no entanto iniciamos o ano legislativo discutindo e votando projetos do Executivo.

Temos aproximadamente quinhentos vetos para serem derrubados, vetos também a projetos de deputados e ao que tudo indica haverá continuidade desse tipo de comportamento político do Palácio dos Bandeirantes em pautar não só as CPIs - como o fez - como também o processo de votação, prova disso é que vamos iniciar uma discussão em torno de um projeto do Governo.

Temos de garantir a nossa autonomia a nossa independência. A Assembleia Legislativa tem de existir de fato e para tanto ela tem de ter autonomia e independência. Ela tem de legislar, mas não só para o Executivo. Também para o próprio Legislativo. Ela tem de minimamente discutir porque nem discussão há sobre os projetos dos deputados. Ela tem de fiscalizar, mas não há fiscalização. Temos diligências feitas individualmente por um deputado ou outro, mas no geral não temos uma fiscalização efetiva nos atos da administração. A Assembleia Legislativa não investiga o Poder Executivo, a não ser através do trabalho isolado de alguns poucos deputados desta Casa. Isso é grave. Temos de fazer com que a Assembleia Legislativa exerça a sua função, a sua prerrogativa de legislar, de fiscalizar e de representar os verdadeiros interesses da população do nosso Estado. Nesse sentido, estamos cumprindo a nossa função, a nossa parte estamos fazendo enquanto mandato parlamentar eleito com o voto popular, que fiscaliza, que apresenta propostas, que representa a população, a propósito, hoje estivemos fazendo diligências em algumas escolas de São Paulo para encaminhar as reivindicações e denunciar também o abandono das escolas estaduais.

Hoje pela manhã estivemos nas Escolas Estaduais Júlia della Casa Paula e Lauro Pereira Travassos. As duas escolas pertencem à Sul 1 da Capital. Lá constatamos novamente o caos, o abandono da rede estadual de ensino, inclusive fotografamos estas escolas. Eu gostaria de rapidamente mostrar as fotos que fizemos do abandono que atestam a Secretaria da Educação e a Fundação de Desenvolvimento do Ensino.

A Escola Júlia Della Casa Paula está há dois anos sem aulas de Educação Física porque a FDE fez a cobertura da quadra, mas com pilares dentro da quadra, como os senhores podem ver pelas fotos que fizemos hoje pela manhã, colocando em risco a segurança e a vida de crianças e adolescentes. Isso é inconcebível. Parece que não há engenheiro para construir cobertura de quadras no Estado de São Paulo. Esta escola está há dois anos sem aulas de Educação Física por conta da incompetência, leviandade e irresponsabilidade da FDE, que construiu várias quadras, não só estas. Tem várias coberturas de quadras com os pilares dentro das quadras, colocando em risco a segurança e a vida de crianças e adolescentes. Esta escola, por exemplo, não tem a menor condição de ter aulas de Educação Física porque muitos alunos já se machucaram, inclusive é um modelo criticado por engenheiros, por professores de Educação Física. Nós já denunciamos exaustivamente esse modelo de construção aqui da tribuna, já mandamos ofícios, requerimentos para a FDE, para a Secretaria da Educação, no entanto nada foi feito.

Espero que o atual Secretário da Educação, que está fazendo uma peregrinação pelas diretorias de ensino ouvindo professores, diretores, supervisores, o pessoal do quadro de apoio, que já recebeu essas reclamações, tome providências e mude esse projeto de cobertura de quadras nas escolas da Rede Estadual de Ensino. Educação Física é disciplina obrigatória pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, ela compõe a grade curricular. As fotos mostram o abandono da escola, a falta de investimento. Embora a direção da escola tenha já oficializado à diretoria de ensino, à Secretaria de Educação e à FDE, a escola continua sem reforma e sem condições de oferecer aulas de Educação Física.

Assim, queremos aproveitar a oportunidade, já que não há fiscalização, já que a FDE não funciona, já que a Secretaria de Educação também não funciona, para cobrar o Governador do Estado, o Secretário da Educação e o presidente do FDE para que tomem providências e façam uma reforma geral nestas duas escolas da zona sul de São Paulo, escolas de Diretoria 1. Gostaria, até, que a liderança do governo, Deputado Samuel Moreira, que tem encaminhado as denúncias, por intermédio de sua assessoria encaminhasse o pedido de reforma dessas duas escolas: Escola Estadual Julia della Casa Paula e Escola Estadual Lauro Pereira Travassos, Diretoria Sul 1, praticamente abandonadas pela Secretaria Estadual de Educação. E as escolas dependem dessas duas instituições, pois, por si só não têm recursos para fazer reformas. As verbas que as diretoras recebem estão muito aquém das necessidades. Então, só através de uma intervenção, mesmo, de Fórum de Desenvolvimento Econômico, e da Secretaria da Educação que vamos viabilizar a reforma dessas escolas e permitir que as aulas de educação física sejam dadas para os alunos. Só a Lauro Travassos tem quase 2 mil alunos matriculados, são escolas com um contingente muito grande. No entanto esses alunos estão sendo privados dessa disciplina importante.

Fica aqui o nosso apelo ao governador, ao secretário estadual de Educação, ao presidente de FDE e também à liderança do governo, porque estamos tornando público. As escolas ficam escondidas na periferia. Ninguém vê; a imprensa não registra, então estamos trazendo ao conhecimento de todos os deputados, da opinião pública, do telespectador da TV Assembleia para que todos saibam como está a rede estadual de ensino. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem favoráveis queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

1 - Discussão e votação - Projeto de lei nº 30, de 2011, de autoria do Sr. Governador. Revaloriza os pisos salariais mensais dos trabalhadores que especifica, instituídos pela Lei nº 12.640, de 2007. Com 8 emendas. Parecer nº 167, de 2011, do Congresso das Comissões de Justiça, de Relações do Trabalho e de Finanças, favorável ao projeto e contrário às emendas. (Artigo 26 da Constituição do Estado).

Inscrito para discutir a favor, tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - Caro Sr. Presidente, nobres pares, telespectadores da TV Assembeia, em relação ao Projeto de lei 30, de 2011, ora em discussão, de autoria do governo do estado, antes de me referir às emendas apresentadas pela bancada do PT, eu não poderia deixar de fazer um importante registro sobre a forma como o Presidente Lula estabeleceu um amplo diálogo com as principais centrais sindicais do nosso país. O processo foi importante porque havia sempre, na data base dos trabalhadores, uma grande polêmica, uma grande mobilização das principais empresas.

Eu sempre participei das lutas na região do ABC, nas montadoras. Várias delas, hoje, agregam o PIB da região do ABC, do Estado de São Paulo e do Brasil. O presidente Lula, de maneira inteligente e com grande sensibilidade, até porque presidiu o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos do ABC, pode na condição de presidente não só reconhecer os direitos dos trabalhadores, mas, acima de tudo, estabelecer uma política importante com relação ao salário mínimo do nosso país. Hoje, verdadeiramente os trabalhadores fazem jus a um salário digno e conseguem ter uma qualidade de vida com relação à cesta básica e, acima de tudo, tem uma importante referência na questão do ganho do salário mínimo. Não tenho a menor dúvida de que a Presidenta Dilma Rousseff dará sequência a essa política. Ela já fez isso em relação à aprovação do mínimo. É verdade que queremos cada vez mais que os trabalhadores tenham salários melhores.

Nobre Deputado Marcolino, V.Exa. preside uma categoria importante, a dos bancários deste estado; entendemos que os trabalhadores brasileiros, além de ter um salário digno, para pagar suas contas e comprar sua cesta básica possam ter acesso a teatro, a cultura, a lazer e que haja igualdade de direitos a todos os cidadãos. Não queremos um Brasil desigual; não queremos um estado desigual.

Quando nossa bancada do PT nesta Casa apresenta algumas emendas não é porque somos irresponsáveis quanto ao Orçamento. É porque sabemos do potencial econômico, pois atuamos e moramos no estado mais rico da federação. O Estado de São Paulo poderia melhorar ainda mais a proposta do piso que é apresentado hoje, meu líder Enio Tatto. Apresentamos uma emenda de 700 reais para os trabalhadores domésticos, serventes, e trabalhadores agropecuários e florestais. Outra, de 710 reais, para os trabalhadores de implementos agrícolas e florestais e também da construção civil e 720 reais para os administradores agropecuários.

Que com essas emendas possamos fazer aqui um amplo debate sobre o potencial econômico do Estado de São Paulo. Sabemos, hoje, que as principais empresas do país e de São Paulo, Deputado Geraldo Cruz, e V.Exa. que foi prefeito de Embu durante 8 anos pode perceber quanto o Presidente Lula inovou na questão da geração de emprego e renda e hoje as empresas querem contratar e não existe mão de obra qualificada para ingressar nessas empresas.

Mais do que nunca é tarefa e dever do Estado reconhecer o potencial da sua riqueza, da sua economia. Queremos fazer o debate com relação ao piso regional no momento em que nossa bancada apresenta essas emendas e outras dos colegas desta Casa. Que o governo estabeleça uma política de capacitação, de formação para os trabalhadores deste estado. Que possamos melhorar a proposta apresentada hoje pelo governo.

Certamente ouviremos manifestações do líder do governo, Samuel Moreira, do líder da bancada, Orlando Morando sobre a justificativa do piso regional apresentada pelo governo do estado. Mas ainda acho que é tímida a proposta do governo, eis que vemos nos principais índices de economia as empresas contratando, a mão de obra cada vez mais sendo solicitada pelas principais empresas e indústrias deste estado.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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Faço, então, essas considerações com relação a essas emendas apresentadas pela minha bancada, e gostaria, ainda, de dizer que comemoramos hoje o Dia Mundial da Água no Planeta. É importante salientar que a questão do saneamento básico é fundamental para garantir melhores condições de saúde para as pessoas, evitando a proliferação de doenças e ao mesmo tempo garantindo a preservação do meio ambiente no nosso estado.

Hoje a Sabesp presta serviço de fornecimento de água e esgoto, coleta e tratamento, em 364 municípios do nosso estado. E o que percebemos é que não há por parte da Sabesp um padrão de atendimento com relação a esse serviço crucial e importante para o Estado de São Paulo.

É o que se vê, por exemplo, com relação a Francisco Morato. Há informações sobre ligações, redes adutoras, estações de tratamento de água, poços profundos, minas, estações elevatórias, reservatórios, capacidade de abastecimento e tratamento, índices de abastecimento e coleta, enquanto em outras cidades, como Barueri, constam apenas informações sobre a quantidade de ligações e extensão da rede de distribuição e seus reservatórios.

Sobre muitos municípios as informações sequer tratam dos serviços afetos à coleta e ao tratamento do esgoto, restringindo-se às ligações da rede de abastecimento de água, como é o caso, por exemplo, de Ferraz de Vasconcelos, de Jandira, do município de Rio Grande da Serra, do município de Vargem Grande Paulista, de Taubaté e também Biritiba Mirim.

No caso específico de Adamantina, a situação piora. Adamantina, que está localizada na região da Alta Paulista, pois conta apenas a história da cidade e como se deu o processo de assunção dos serviços da Sabesp, sem inclusão de nenhum indicador. Sobre ás águas, por exemplo, de São Pedro de Queiroz, de Dourado e de Lucélia.

Acho que é importante relacionar esses municípios até no sentido de que há um grande clamor por parte dos prefeitos com relação a uma padronização no atendimento, especialmente nos investimentos nesses municípios que hoje são atendidos pela Sabesp no Estado de São Paulo.

Não poderia deixar de fazer esse registro e também dizer que estamos protocolizando uma indicação ao governo do Estado de São Paulo para que determine a padronização das informações sobre água, esgoto, saneamento e serviços prestados pela Sabesp do Estado de São Paulo.

Esse requerimento, não tenho dúvida alguma, que além de esclarecer e de cobrar investimentos da Sabesp, ao mesmo tempo é um processo para dar qualidade ao trabalho e ao atendimento à questão do saneamento básico do Estado de São Paulo.

Na minha intervenção anterior dizia sobre essa lei importante que aprovamos na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que foi a Lei Especifica da Represa Billings e da represa do Guarapiranga. Demorou-se muito tempo para que esse parlamento pautasse matérias tão importantes e tão cruciais.

Lembro-me do deputado Enio Tatto que travou uma grande luta e realizou um grande trabalho na sua região, que é vizinha à Guarapiranga. Aprovamos essa lei e depois de muitos anos aprovamos a Lei Especifica da Represa Billings. E queremos avançar ainda mais, não só no processo da regulação fundiária, mas acima de tudo de cobrar um processo de monitoramento, um processo de investigação para melhorar a questão dos mananciais no Estado de São Paulo.

Sabemos do potencial da importância desses dois mananciais. É fundamental uma política de gestão compartilhada que envolva as prefeituras de São Paulo e as prefeituras da região que margeia a Guarapiranga para não mais permitir o depósito de esgoto in natura para que recuperar o potencial dessas duas importantes represas do Estado de São Paulo.

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo deve prestar essa homenagem nesse Dia Mundial da Água, pois é um poder importante, que tem debatido os temas da questão do meio ambiente, da questão dos recursos hídricos. Não podemos furtar a esse debate.

Não poderia deixar de fazer esse registro e, mais do que nunca, garantir os investimentos e a fiscalização e, assim que constituirmos a Comissão de Meio Ambiente, realizar debates e seminários para discutir a questão dos recursos hídricos do Estado de São Paulo, discutir a importância dos nossos mananciais. Essa é uma tarefa crucial desse parlamento. Não tenho dúvida alguma de que é uma política convergente dos 94 deputados e deputadas da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo para qualificar o debate e assim garantir esse bem da vida para as próximas gerações.

Como morador da região do ABC, como parlamentar que discute muito a questão do meio ambiente, não poderia deixar de fazer esse registro sobre essa riqueza, sobre esses patrimônios que são a represa de Guarapiranga e a represa Billings. Nesse Dia Mundial da Água quero fazer esse registro e reiterar o nosso trabalho e a nossa luta. Com os demais pares desta Casa iremos debater a questão do meio ambiente e focar o debate para preservar esse bem tão importante para a natureza que é a água. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Para discutir contra o PL 30/11 tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobre Deputado Jooji Hato, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público aqui presente, telespectador da TV Assembleia, gostaria de dizer que em relação a essa discussão do piso salarial regional ou estadual de São Paulo continuamos batendo na mesma tecla e mantendo a nossa coerência histórica. O que defendemos é o piso nacional do Dieese, que é o nosso grande objetivo. Acho que todos os governos, toda a sociedade brasileira tem de buscar como meta central atingir o piso do salário mínimo do Dieese que é de 2194 reais. Temos de ter esse parâmetro quando discutimos o piso nacional de salário mínimo, também do ponto de vista regional.

Muitos dizem que isso não é possível. Dizemos que sim porque historicamente falando isso já foi possível em outros momentos da historia. No governo Juscelino Kubitschek tivemos um piso salarial que equivaleria hoje a 1600 reais. Tivemos em alguns momentos da história do Brasil um salário mínimo muito maior do que o atual.

Então a discussão que fazemos do salário mínimo é rebaixada por si só na sua própria essência, é uma discussão conformista. E acompanhamos agora no Congresso Nacional, tanto na Câmara dos Deputados como no Senado Federal, a discussão da aprovação do salário mínimo nacional. A nossa bancada do PSOL, tanto na Câmara dos Deputados como no Senado Federal, apresentou propostas, alternativas ao projeto do governo e também ao projeto da própria oposição de direita, oposição conservadora, ou que chamamos de falsa oposição, capitaneada pelo PSDB, pelo DEM e por outros partidos, como o PPS; partidos satélites dessa falsa direita, dessa falsa oposição, que chamamos de oposição conservadora, oposição de direita. Tanto é que vive numa crise imensa. Ontem mesmo o Prefeito Gilberto Kassab lançou um partido político cooptando alguns parlamentares desse grupo.

Apresentamos uma alternativa no Congresso Nacional, uma emenda aos dois projetos, tanto da Câmara dos Deputados como do Senado, com um salário mínimo de pelo menos 700 reais, até porque estamos vivendo a volta da inflação, o aumento da cesta básica. Aqui em São Paulo, por exemplo, já tivemos o aumento das passagens de ônibus intermunicipais, tanto é que há uma crise aqui na Cidade de São Paulo. Quase que toda semana há uma manifestação de setores da sociedade contra o aumento abusivo acima da inflação da passagem de ônibus da Capital e agora do Metrô, dos trens da CPTM e também dos ônibus intermunicipais.

Já vivemos aí a volta da inflação, o aumento do custo de vida. Não estou inventando aqui, tanto é que a própria Presidente Dilma fez um corte, um ajuste fiscal, cortando 50 bilhões de reais do Orçamento, atingindo várias áreas estratégicas, uma delas a Educação. A Educação perdeu três bilhões de reais nesse ajuste fiscal, e esse ajuste é contra a população, contra os trabalhadores, porque na verdade é para canalizar o dinheiro público para o pagamento dos juros de amortização da dívida pública.

O Brasil está pagando anualmente, alimentando essa ciranda financeira, aproximadamente 300 bilhões de reais para enriquecer os especuladores e os rentistas da dívida pública. É isso que vem acontecendo. Então o ajuste fiscal feito pela Presidente Dilma é contra os trabalhadores, contra a população do Estado de São Paulo que paga impostos altíssimos, que não tem acesso à Educação pública de qualidade, à Saúde pública de qualidade. Vivemos uma crise imensa e quem paga a conta é a própria população.

E no meio de tudo isso o Governo Federal enviou o projeto de 545. Colocamo-nos contra, apresentamos a nossa proposta e estamos mantendo essa coerência aqui também na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Apresentamos uma emenda ao Projeto de lei do Governo do Estado, o Projeto de lei nº 30 de 2011, com as propostas idênticas às apresentadas pelo PT, de 700 reais e três faixas salariais - 700, 710 e 720 -, pelo menos para cobrir a inflação e as perdas salariais dos últimos anos.

Então estamos nos colocando contra a proposta do Governo e a favor das emendas que aumentam esses patamares nas três faixas de salários do Estado de São Paulo. O que nos chama a atenção é que nesse projeto o salário mínimo apresentado pelo Governo, de 600 reais, não é extensivo aos servidores públicos do Estado de São Paulo. É engraçado; parece que o Governo quer fazer uma festa, mas com o dinheiro dos outros. Como dizia o ex-Governador Leonel Brizola, tem gente que faz festa com o chope alheio, como também fez o ex-Governador José Serra quando enviava anualmente o projeto de lei estipulando o salário mínimo regional.

Para os servidores do Estado de São Paulo, o Governador enviou um outro projeto de lei, o PLC nº 03/11, que apenas concede uma bonificação. E ao fazer essa discussão sobre a bonificação dos servidores, o Governador, sem perceber, dá um tiro no pé e anuncia, dá transparência a algo que estava enrustido, que nós falávamos aqui que estava encoberto, mas que ninguém acreditava: temos servidores no Estado de São Paulo com salários inferiores a 300 reais, tanto é que no PLC o Governador dá um abono para três faixas de piso salarial do funcionalismo público para que com esse abono a primeira faixa chegue a 315 reais, ou seja, temos servidores com salário base inferior a 315 reais, tanto é que o abono vem nessa direção.

Espero que façamos aqui uma ampla discussão e corrijamos isso na votação do PLC nº 3/2011. Há outro piso salarial inferior a 472 reais, tanto é que no projeto, na segunda faixa, o abono faz com que o salário inferior a esse valor chegue a 472 reais, e a última faixa de 630 reais. Isso é um absurdo total, uma política de bonificação que vai ser reforçada mais uma vez pelo atual Governo. E nós manifestamos já, de antemão, a nossa posição contrária a essa política de bonificação, de gratificação, que tem corroído, destruído os salários dos servidores do Estado de São Paulo, prejudicando não só os servidores da ativa, mas também, sobretudo, os aposentados e pensionistas, que ficam inviabilizados de receber esses valores.

Temos aí aposentados e pensionistas literalmente passando fome hoje no Estado de São Paulo, porque há uma desvalorização crescente dos seus salários. E o Governo insiste em manter essa política salarial de bonificação, gratificação, e agora de mérito. Inventou a meritocracia, que também é contra os trabalhadores e os servidores do Estado de São Paulo. É a falsa meritocracia, a prova de mérito que temos debatido aqui, que foi aprovada inclusive aqui na Assembleia Legislativa sem o nosso voto, mas aprovada pela base do Governo. Mas já acionamos a Justiça, porque é uma proposta inconstitucional, porque fere o princípio da isonomia salarial.

Então, diante desse quadro, apresentamos uma proposta, que não é a ideal, mas na qual pedimos o apoio de todos os parlamentares para que possamos, pelo menos em São Paulo, ter um salário mínimo de 700 reais, na primeira faixa. Não é o ideal porque o nosso objetivo é o piso do Dieese, e tem que ser também a todos os deputados, porque a Constituição Federal é muito clara em relação a isso. Ela diz que o salário mínimo tem que atender as necessidades básicas de sobrevivência e de dignidade dos trabalhadores brasileiros. Então, nem 545 reais, nem 600. Setecentos, talvez, seja algo interessante, mas vamos perseguir aqui o piso salarial.

Então, Sr. Presidente, a proposta da Bancada do PSOL, aqui na Assembleia Legislativa, é a mesma apresentada pela nossa bancada no Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados, no Senado Federal. Espero que possamos avançar e que, ao final dessa discussão, possamos aqui, se essas emendas não forem aprovadas, apresentar uma emenda aglutinativa para que possamos corrigir esse valor.

O Estado de São Paulo tem um PIB superior à média nacional. Tivemos inclusive excesso de arrecadação; podemos aumentar o salário mínimo, inclusive dos servidores públicos do Estado de São Paulo. Há muito dinheiro no Orçamento, no Erário. É possível dar um reajuste, inclusive um aumento salarial e recuperar as várias carreiras dos servidores do Estado de São Paulo, principalmente da Educação, da Segurança Pública, do Sistema Prisional, do Judiciário. A data base salarial, que venceu agora no dia 1º de março, não foi respeitada mais uma vez, nem o Art. 37 da Constituição, que obriga os governos a fazerem a reposição salarial, pelo menos repor as perdas inflacionárias. Mas nada disso aconteceu.

E o Governo ainda apresenta uma proposta de bonificação para os servidores do Estado de São Paulo, mantendo pisos de 315 reais, de 472 reais e de 630 reais para os servidores públicos do Estado de São Paulo. É o salário dos professores, dos servidores do sistema prisional, do Judiciário, da Polícia Civil, da Polícia Militar, de quase todos os servidores do Estado de São Paulo.

Vamos aqui lutar e apresentar propostas para que esse projeto, quando for discutido aqui, para que possamos fazer alterações. Exigimos aqui o respeito à data-base dos servidores do Estado de São Paulo, que já foi no dia 1º de março e até agora o Governo não fez nenhum aceno, não apresentou nenhuma proposta.

O servidor público não quer mais política de bonificação, gratificação e de mérito, porque isso vem destruindo as várias carreiras. A carreira do Magistério está praticamente liquidada, do ponto de vista salarial. Estivemos agora numa audiência com o Secretário, com professores e diretores, e uma das maiores reclamações dos servidores da Educação é o bônus, é a gratificação. Os servidores exigem salários dignos, salários que possam dar a eles dignidade de sobrevivência, porque essa política de bonificação vem destruindo as carreiras dos servidores, vem destruindo a política salarial e prejudicando imensamente os aposentados e pensionistas.

Sr. Presidente, gostaria de pedir o apoio para que possamos votar as emendas apresentadas, não só as nossas do PSOL, mas também as do PT, que tem praticamente o mesmo teor, para que possamos elevar o salário mínimo de verdade aqui no Estado de São Paulo, nas seguintes faixas: de 600 para 700 reais, de 610 para 710 reais e de 620 para 720 reais. Essas são as nossas propostas e esperamos o apoio de todos os partidos, de todos os Deputados. Muito obrigado.

 

O SR. VINICIUS CAMARINHA - PSB - PARA COMUNICAÇÃO - Ouvi atentamente o deputado Giannazi, Líder do PSOL, e quero colaborar com seu discurso. O Deputado disse sobre os problemas do nosso País, a questão orçamentária, os 300 bilhões de dívida que o Governo Federal paga. Sabemos desses números, o quanto gasta com o Bolsa Família, o quanto se paga às 20 famílias com esses 300 bilhões a serviço da dívida externa, a amortização de juros e tudo o mais.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Alex Manente.

 

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Temos um tema que é fundamental, que tramita na Câmara Federal, a emenda 29. Todos nós sabemos que os municípios - e aqui temos ex-prefeitos, ex-vereadores - são obrigados por lei a gastar no mínimo 15% do seu orçamento na Saúde, e ainda há municípios que gastam até mais, aliás, a sua grande maioria investe quase 30% do seu orçamento.

Os Estados da Federação também têm uma obrigatoriedade constitucional em percentual: 12% do seu orçamento. E nós não temos nenhuma obrigatoriedade constitucional quando exemplificamos a União, ou seja, um orçamento gigantesco. A maior arrecadação tributária se concentra no Governo Federal. Há todo um debate em prol da má distribuição tributária no nosso País, e o Governo - e quando digo o Governo não é apenas o Governo, porque é uma luta pluripartidária - o Governo da União não cede um milímetro para nós aprovarmos uma emenda obrigando o investimento na Saúde.

Todos nós, parlamentares dos Estados, vereadores, prefeitos, pagamos um alto preço pela Saúde, quando de fato o problema se encontra na União que, ao invés de pagar os 300 bilhões em juros, em amortização, poderia ser mais generoso na tabela do SUS e repassar ou condicionar um percentual na área da Saúde.

Fica aqui a minha observação ao discurso do Deputado Giannazi, porque é fundamental que aprovemos a emenda 29 no Congresso Nacional.

 

O SR. PRESIDENTE - ALEX MANENTE - PPS - A Presidência tem a grata satisfação de anunciar a presença dos vereadores de São Bernardo do Campo: Estevam Camolese, Otávio Manente, Marcelo Lima, Vandir Mognon e Pastor Ivanildo Santana. A todos as homenagens do Poder Legislativo. (Palmas.)

Tem a palavra, para falar a favor, o nobre Deputado Antonio Mentor.

 

O SR. ANTONIO MENTOR - PT – SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esse tema - salário mínimo e salário mínimo regional - vem sendo objeto de várias discussões nesta Casa, na mídia, com compreensões as mais variadas.

O Governo do Estado de São Paulo é o Estado mais rico da Federação, Estado que tem a maior capacidade produtiva no nosso País. Somos 41 milhões de brasileiros que vivemos no Estado de São Paulo, que tem sido através dos anos indutor do crescimento e desenvolvimento econômico, de geração de empregos no nosso País, por conta da sua história, mesmo com a participação dos últimos 16 anos de uma política absolutamente contrária aos interesses nacionais e aos interesses do Estado de São Paulo e de todos os paulistas; por conta do atendimento ao receituário do Banco Mundial por parte dos últimos governantes, que se submetem às exigências desse projeto nefasto, imposto pelo setor financeiro internacional e que agora, por conta de razões meramente eleitorais, oferece, para fazer mídia, uma possibilidade de estabelecimento do piso regional para o Estado de São Paulo, na ordem de 600, 610 e 620 reais.

No entanto, para os trabalhadores que prestam serviços ao Estado, funcionários públicos, servidores do Estado de São Paulo, aqueles que estão na linha de frente dos serviços públicos mais importantes do nosso Estado, vergonhosamente o Governador Geraldo Alckmin não sugere sequer que esse valor seja equiparado, para também atender àqueles que prestam serviços ao povo do Estado de São Paulo.

Eu trouxe aqui alguns exemplos, para que fique claro. Não estamos fazendo retórica. Estamos falando de dados concretos, porque uma coisa é salário, salário-base do funcionalismo, aquele com o qual o servidor público vai se aposentar, no final da sua carreira, vai viver o final da sua vida recebendo o salário básico do funcionalismo, ou seja, um auxiliar de um laboratório tem como salário-base 186,06 reais, o mesmo de um auxiliar de serviços de saúde. O auxiliar de serviços gerais, que presta serviço ao Estado de São Paulo: 186,06 reais.

Deputado Geraldo Cruz, lá em Embu alguém ganhava isso, prefeito? Vossa Excelência pagava esse salário para alguém? Claro que não.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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É uma vergonha para o Estado de São Paulo ter salário-base. E vai adiante: mecânico de aparelho de precisão, também 186,06 reais, e outras categorias mais. Motorista de ambulância: 206,55 reais é o salário-base. Está aqui. Não sou eu que estou falando. Não é a oposição que está falando. Papel não mente, está aqui. São dados fornecidos pela própria Secretaria de Gestão do Estado de São Paulo.

Agora vêm com essa política generosa de atendimento aos trabalhadores que não têm vínculo sindical, que não têm data base e categorias organizadas para exigir um piso salarial adequado. Então, generosamente, o Governador do Estado estabelece aqui um salário mínimo de 600 reais, de 610 reais e de 620 reais.

Falarmos sobre isso não é suficiente, é preciso que tenhamos como demonstrar a possibilidade real de estabelecer uma política para o salário mínimo nacional, levando em conta as necessidades reais do povo brasileiro: mais de 40 milhões de brasileiros que recebem salário mínimo.

E como é que isso aconteceu? Nos anos do Governo Fernando Henrique Cardoso, anotamos aqui as perdas do salário mínimo de abril de 1995 até abril de 2002. Em abril de 1995 o salário mínimo no Brasil correspondia a 111 dólares; em abril de 2002 houve uma queda para 86 dólares e 21 centavos. Ou seja, durante o Governo Federal do PSDB houve uma perda real no poder aquisitivo do salário mínimo. Aí o Governo do Presidente Lula assume já em 2003 e vamos fazer a mesma comparação, em dólar, para sabermos qual é o resultado na capacidade de compra do trabalhador que ganha salário mínimo. Em 2003, o salário mínimo correspondia a 76 dólares e 92 centavos. Em dezembro de 2010 a 296 dólares e 51 centavos, quatro vezes mais do ponto de vista da capacidade de compras.

É bom que se frise que essa foi uma das razões pelas quais o Brasil se sustentou durante a crise financeira internacional, porque fortaleceu o mercado interno, a nossa capacidade de consumir, e nos deu a oportunidade de manter a nossa produção porque tinha mercado para comprar. Uma das políticas que garantiu isso foi a recuperação do salário mínimo no nosso país. Foi isso que possibilitou que aquele tsunami se tornasse no Brasil uma marolinha. Foi isso que aconteceu no nosso país.

Mas isso não era suficiente. Precisávamos de uma política de médio prazo, combinada, discutida e negociada com as centrais sindicais, trabalhadores e sindicatos, que pudesse garantir a recuperação do poder de compra do salário mínimo durante um período mais longo, dando assim garantia para o próprio trabalhador planejar a sua vida. E foi isso que, ao final de muita discussão e negociação, o Governo do PT, liderado ainda pelo Presidente Lula, estabeleceu uma política através de uma lei que garantia que o salário mínimo seria reajustado pela inflação e mais o crescimento do Produto Interno Bruto dos últimos dois anos.

É assim que está projetado para o futuro, de modo que se o crescimento econômico do Brasil continuasse nesse mesmo ritmo, teríamos nos próximos cinco anos um ganho real do salário mínimo da ordem de 30 por cento. Nunca antes na história desse país se teve uma política adequada para a recuperação do salário mínimo, uma política segura, planejada e que dê ao trabalhador a segurança necessária para ele programar a sua vida.

Tínhamos a data de reajuste do salário mínimo sempre no dia 1º de maio, dia importante e significativo para o trabalhador - o Dia do Trabalhador. O ano não começa no dia 1º de maio, mas no dia 1º de janeiro. Essa política estabelecida pelo Presidente Lula e seus aliados foi, gradativamente, antecipando a data de implantação de reajuste do salário mínimo. Dessa forma, no dia 1º de janeiro de cada ano, o trabalhador que recebe salário mínimo pôde contar com o seu salário já reajustado conforme a inflação e mais o crescimento do PIB dos dois anos anteriores.

É importante estabelecermos essa diferença entre o comportamento de um Governo e outro com os seus trabalhadores. O Governo do Estado de São Paulo vem insistentemente achatando e dilapidando a remuneração dos servidores públicos estaduais em todas as áreas. Na área da Segurança Pública, os delegados de Polícia do Estado de São Paulo recebem o pior salário do Brasil. Acre, Piauí e Sergipe pagam salários maiores do que ganham os delegados de Polícia do Estado de São Paulo. Na Educação os professores e educadores de diversos níveis têm a sua atividade profissional achincalhada pelo Governo do Estado de São Paulo.

Penso que este projeto é importante e que devemos votar. Não dá para votarmos contra. É uma atitude pequena em relação aos trabalhadores, mas gostaríamos que ele fosse extensivo também aos servidores públicos do Estado de São Paulo, que o seu salário base fosse no mínimo de 600 reais, 610 reais e 620 reais. Nada mais justo. Se for possível para a iniciativa privada é possível também para o servidor público. Não é isso que lamentavelmente vem acontecendo no Estado de São Paulo. Os servidores da área da Saúde já estiveram nesta Casa - eles vêm todos os anos aqui. E nós lamentamos profundamente a nossa impotência em relação à demanda salarial do funcionalismo público do Estado, injusta àqueles que cumprem uma tarefa fundamental no atendimento ao povo do Estado de São Paulo na área da Saúde. Como já disse, os profissionais da Segurança Pública e da Educação precisavam ser reconhecidos. São eles que cuidam dos nossos filhos que constroem a história e o futuro deste país. Como é que pode o professor, para poder sobreviver, ter três, quatro empregos? Ele sai de uma escola e vai para outra, depois para outra, sem nenhuma condição de saúde para suportar uma carga como essa.

Voltando ao nosso tema, 610 reais de salário mínimo regional para o Estado de São Paulo é ainda muito pouco para o estado mais importante da Federação. Se for pouco para os trabalhadores da iniciativa privada, imaginem para os servidores públicos do Estado de São Paulo. Alguns deles recebem como salário base um terço dos 600 reais que está programado para esse projeto de lei que certamente será aprovado com o meu voto, com o voto de todos os Deputados desta Casa.

Mas lamentavelmente o Governo do Estado de São Paulo na hora de fazer a bondade o faz só com o chapéu do outro, com o seu próprio chapéu, nada. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez, para discutir contra o PL 30/11.

 

O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB – SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, nós temos ocupado esta tribuna com relativa frequencia para defender que esta Casa Legislativa passe a discutir e votar mais projetos apresentados pelos Deputados.

Um dos ramos de competência mais pujantes na área estadual é a defesa dos direitos do consumidor. Vários projetos nesta área do consumidor pululam na tramitação legislativa, já estão na Ordem do Dia e aguardam a sua votação. São projetos importantes como, por exemplo, aquele que proíbe hospitais de exigirem caução como condição para internar pessoas que chegam em estado de emergência.

Não pode um hospital, pelos princípios básicos do direito civil, exigir de alguém em estado de extrema necessidade, a exigência de uma prestação de caução por cheque, dinheiro, como condição para que ele seja internado.

Outros projetos que aguardam votação, como por exemplo, aqueles que determinam que centros comerciais, shopping centers, hipermercados com mais de 10.000 metros quadrados, destinem uma área obrigatória para a instalação de um centro de atendimento do Procon com a finalidade de atender às reclamações exclusivamente dos consumidores daquele local, minimizando os abusos que tanto ocorrem em shopping centers, aeroportos, portos, centros comerciais com mais de 65 lojas.

Há um projeto importante que determina que se os estádios de futebol dentro do Estado de São Paulo não tiverem todos os lugares numerados, não é autorizado o funcionamento desse estádio para receber jogos de futebol da primeira divisão. E que se um torcedor sentar no lugar do outro, desrespeitando a numeração, tem que pagar uma multa. Foi aprovado, mas foi vetado, e nós aguardamos a oportunidade que esse veto seja levado à discussão.

Nós observamos o que dispõe o Regimento Interno desta Casa, no seu artigo 150, inciso III, que assevera que quando um projeto que tramita em regime de tramitação ordinária, passa por todas as comissões, no prazo de 10 dias deve ser incluído na Ordem do Dia. E observamos que há projetos que estão prontos para a Ordem do Dia, mas não são incluídos na Ordem do Dia. O Regimento Interno fala em incluir na Ordem do Dia. E temos que discutir para esses projetos sejam discutidos e votados.

Esta Casa Legislativa conseguirá ser percebida pela sociedade no momento em que começar a produzir coisas que influenciem na vida das pessoas. Por isso tem que ser uma disposição de todos os membros da Casa, para que o Poder Legislativo legisle, para que produza um material legislativo que possa ser percebido e sentido pela sociedade.

Os projetos que chegam para a Ordem do Dia dificilmente podem ser acoimados de inconstitucionais. Uma coisa que se pode criticar a Comissão de Constituição e Justiça, que tive a honra de presidir na legislatura passada, é de ter sido demasiadamente rigorosa, nunca leniente com projetos que violem a Constituição.

Vários projetos foram rejeitados pela Comissão de Constituição e Justiça, a análise foi técnica, criteriosa, nunca ideológica, e não se olhou o partido do Deputado que apresentou o projeto, mas sempre a sua constitucionalidade. É por essa razão que toda vez que chega um projeto do Governo para ser discutido, é bom lembrar que a Casa Legislativa necessita também prestar atenção nos projetos dos Deputados, independentemente de serem aprovados um, dois ou três, os projetos têm que ser discutidos e colocados em votação.

Ocorre que neste caso, nós temos um projeto interessante que gostaria de trazer à discussão. Gostaria de conceder um aparte ao nobre Deputado João Antonio.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - Deputado Fernando Capez, V. Exa. sabe o respeito que eu tenho para com o senhor, pela sua atuação nesta Casa e também pela sua competência e desenvoltura na área dos operadores do direito. Mas V. Exa. tocou num assunto que eu acho da mais alta relevância para esta Casa. Nós temos um problema no Brasil, que é a força dos executivos. Estamos discutindo em tese. E não se trata de um diálogo entre situação e oposição, de maneira que vejo o seguinte: se os legislativos deste País não se afirmarem como uma Casa verdadeiramente autônoma e que estabelece o equilíbrio nas relações entre os poderes, chamado freios e contrapesos, os legislativos vão cada vez mais se transformar em mera instância, um departamento de péssima qualidade dos poderes executivos.

Eu só pedi este aparte para dizer a V. Exa. que o senhor tem um aliado nesta Casa, independentemente das bandeiras partidárias, mas no sentido de fazer com que a Assembleia Legislativa valorize a produção legislativa que tem origem nesta Casa, propositura dos seus Deputados. Vossa Excelência vai sempre contar com o Deputado João Antonio nessa trincheira, nessa luta para fortalecer esta Casa. Muito obrigado.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB - Muito obrigado, Deputado João Antonio. Não esperava outra postura de Vossa Excelência. E vejo a presença do Presidente da Casa, Deputado Barros Munhoz, e é importante que se faça justiça. O Deputado Barros Munhoz em todos os momentos em que exerceu a Presidência, soube distinguir a posição de integrante do partido da situação e a função de chefe de poder, procurando valorizar a autonomia e a independência dos poderes. E nós pretendemos que nesta legislatura isso se intensifique e que fique clara a posição do Poder Legislativo como um poder independente, e que procura exercitar o seu papel no plano legislativo das propostas de seus Deputados.

Tenho certeza que a sociedade ganharia muito e poderíamos discutir e selecionar projetos importantes para a sociedade, e que independentemente de quem os tenham propostos sejam subscritos por todas as Lideranças. Assim, deixariam de serem projetos dos Deputados, passando a serem projetos da Casa, sem autoria, para que toda a Casa possa participar e dar oportunidade para que esses projetos sejam transformados em lei.

Mas, no caso presente, nós discutimos um projeto apresentado pelo Poder Executivo que conta com o apoio desta Casa como se percebe. Esse projeto tem por objetivo o compromisso quando da apresentação do projeto de lei que foi convolado na Lei 12.640, de 11 de julho de 2007. Naquela ocasião, a apresentação desse projeto de lei levou à transformação da Lei 12.540, de 11 de julho de 2007.

Esse projeto transformado em lei havia instituído pisos salariais para os trabalhadores. Esses pisos salariais regionais no Estado de São Paulo, para categorias que não são protegidas por acordos coletivos e nem tem piso fixado em lei, passou a dar uma garantia no âmbito do Estado de São Paulo a determinadas categorias profissionais para percepção de um piso salarial.

Quando foi apresentado o projeto e ao final transformado em lei, o Governo daquela época assumiu o compromisso de promover reajustes anuais desses pisos salariais. Então o que estamos discutindo aqui? O reajuste do salário mínimo regional do Estado de São Paulo para determinadas categorias.

O novo piso salarial vai beneficiar os trabalhadores da iniciativa privada que não tem piso definido por lei. Por exemplo, categorias de trabalhadores que serão beneficiadas com o novo piso salarial: empregadas domésticas, garçons, trabalhadores rurais.

Cerca de 1 milhão e 400 mil trabalhadores serão beneficiados com as três faixas de piso salarial. A primeira faixa, que eu passo agora, peço até que nas próximas vezes pudéssemos ter disponível o material para que seja exibido em power point para que os telespectadores possam acompanhar. O primeiro é o piso de 600 reais. Salário mínimo de 600 reais para os trabalhadores domésticos, serventes, trabalhadores agropecuários e florestais, pescadores contínuos, mensageiros, trabalhadores de serviços de limpeza e conservação, trabalhadores de serviços de manutenção de áreas verdes, logradouros públicos, auxiliares de serviços gerais e escritórios, empregados não especializados do comércio, da indústria e de serviços administrativos, cumins, barboys, lavadeiros, ascensoristas, motoboys, trabalhadores de movimentação e manipulação de mercadorias e materiais e trabalhadores não especializados de minas e pedreiras.

Todos estes passam a ter direito ao salário mínimo de 600 reais, se forem trabalhadores dentro do Estado de São Paulo: motoboys, empregados domésticos, serventes, auxiliares de escritórios e outras categorias.

Seiscentos e dez reais passam a ser o salário mínimo para os operadores de máquinas, implementos agrícolas e florestais, de máquinas da construção civil, de mineração e de cortar e lavrar madeira, classificadores de correspondência e carteiros, tintureiros, barbeiros, cabeleireiros, manicures, pedicuros, dedetizadores, vendedores, trabalhadores de costura e estofadores, pedreiros, trabalhadores de preparação de alimentos e bebidas, de fabricação e confecção de papel e papelão, trabalhadores em serviço de proteção, segurança pessoal e patrimonial, trabalhadores em serviço de turismo e hospedagem, garçons, cobradores de transportes coletivos, barman, pintores, encanadores, soldadores, chapeadores, montadores de estrutura metálicas, vidreiros e ceramistas, fiandeiros, tecelões, tingidores, trabalhadores de curtimento, joalheiros, ourives, operadores de máquinas de escritório, datilógrafos, digitadores, telefonistas, operadores de telefone e telemarketing, atendentes e comissários de serviços de transporte e passageiro, trabalhadores da rede de energia e telecomunicações, mestres e contramestres, marceneiros, trabalhadores de usinagem de metais, ajustadores mecânicos, montadores de máquinas, operadores de instalações de processamento químico, supervisores de produção e manutenção industrial.

Todas estas categorias profissionais passam a receber esse salário mínimo regional de 610 reais porque a Assembleia Legislativa vai aprovar esse projeto do Executivo e transformar em lei.

Veja coisas importantes que a Assembleia Legislativa pode proporcionar à sociedade. Seiscentos e vinte reais para administradores agropecuários e florestais, trabalhadores de higiene e saúde, chefes de serviço de transportes e comunicações, supervisores de compras e de vendas, agentes técnicos em vendas, representantes comerciais, operadores de estação de rádio, de estação de televisão, de equipamentos, sonorização e projeção cinematográfica.

Esse, portanto, é um projeto importante, projeto que traz benefícios para a sociedade e que o Governo está se sensibilizando com a categoria dos trabalhadores e nós, aqui na Assembleia Legislativa, estando unidos em torno dele, independentemente de ser um projeto do Poder Executivo. Seja da situação ou da oposição, nós estamos unidos para dar à sociedade a possibilidade de os trabalhadores usufruírem do reajuste anual que é proporcionado por essa lei.

Quero dizer que, para no caso de defender uma posição, colhi assinaturas para pedido de instauração de uma CPI da Seguradora de Saúde. O que me levou a solicitar a instauração dessa CPI não foi intuito de obstruir nenhum trabalho da Casa. O objetivo, quando solicitei a instauração dessa Comissão Parlamentar de Inquérito, é investigar o desequilíbrio entre o que arrecada as seguradoras de saúde, seus lucros gananciosos e o que elas repassam para os profissionais de saúde.

Só para se ter uma ideia, um médico obstreta que faz um parto - não é SUS, é seguro saúde, aquele que está pagando o seguro saúde - percebe 200 reais. Portanto, realizam, às vezes, 10 a 15 partos por dia para poder fazer jus à remuneração - e um anestesista 80 reais. Este foi o motivo que nos levou a pedir a instauração da CPI.

Agradeço aos Deputados que colaboraram subscrevendo. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins, para falar a favor.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, colegas de bancada que estão acompanhando e participando deste debate, ouvimos o nosso colega, Deputado Fernando Capez, que fez aqui um pot-pourri das categorias que vão receber esse piso salarial. Mas eu não ouvi nada dos servidores públicos de São Paulo. Não ouvi nada da saúde, educação. Ouvi aqui sobre piso de centos e poucos reais para algumas categorias aqui no Estado mais rico da Federação. É um reajuste que nós deputados vamos votar contra. Queremos que aumente mais, que melhore. Isso é uma realidade incontestável.

Quase todos os anos os servidores fazem a greve, até a Polícia Civil. Hoje, passou na nossa sala um policial da Polícia Civil, que disse que eles estão chegando no limite, que não dá mais. Para quem assistiu a greve da polícia e aquele desfecho lá no Palácio dos Bandeirantes, não pode subestimar a capacidade de organização e de reação da Polícia Civil. Na Polícia Militar nem se fala. Se o Deputado Olímpio Gomes estivesse aqui diria que eu estou querendo assumir o seu posto de liderança, mas o que eu faço é apenas uma constatação. Na Polícia Militar as leis são mais rígidas. Não pode fazer greve. Sabemos das condições de trabalho. A propósito, não faz muito tempo algumas viaturas ficaram num pátio uns seis meses aguardando o momento de inauguração por parte do Governo para serem entregues para a Polícia Militar. E a Polícia precisando das viaturas, viaturas caindo aos pedaços. Eles se socorrem das oficinas para dar um jeitinho aqui, um jeitinho ali, para continuar rodando. E esse quadro se repete. Condições salariais as mais precárias e esse salário mínimo não vale para os servidores públicos. Eles recebem pela data-base.

Eu falava da Polícia Civil, da transferência de responsabilidade do Governo do Estado para as prefeituras.

Quando o deputado reclamava do Governo Federal quero dizer que como deputado estadual tenho de estar atento ao que o Governo do Estado faz. Refiro-me a aluguel de imóveis para funcionarem delegacias. A maioria paga. Aluguel de imóvel para funcionamento do Fórum. Na Cidade de Osasco são dois imóveis que a prefeitura paga: um para a Vara da Família e outro para guardar os arquivos. A reforma do Fórum, que sofre com as chuvas, que corre risco de perder todos os arquivos, é uma luta antiga. Fez-se a doação de uma área para a construção do Fórum. O diretor do Fórum à época foi até a Câmara Municipal da cidade pedir para agilizar a votação, já que havia recursos e até hoje o prédio não foi concluído. E a prefeitura pagando o aluguel do Fórum!A Secretaria da Justiça do Estado não incluiu a terraplenagem no projeto, o que deu um valor abaixo do estimado e aí teve de fazer um aditamento. E a prefeitura, além do terreno, dando a contrapartida. E esse Fórum continua enroscado. Chegamos a marcar uma audiência com o Secretário da Justiça - o secretário do jurídico, o presidente da OAB da cidade - para cobrar agilidade. Mais de um ano se passou e tudo continua enroscado.

Nós fazemos estas lembranças para que o Estado mais rico da Federação não pense que está fazendo uma caridade ao conceder esse salário mínimo. O Estado de São Paulo tem capacidade para melhorar e a nossa bancada fez algumas emendas pelo menos para melhorar em algumas categorias profissionais.

Tivemos nesta Casa também a presença do pessoal da Sabesp. Há uns sete meses recebemos um grande número de funcionários da Sabesp porque além do salário aviltado e o sucateamento dos serviços, eles corriam risco de serem demitidos. E isso se repete em várias categorias. É impossível trabalhar com as condições oferecidas pelo Estado. Gostaríamos que o Estado cumprisse sua responsabilidade em pelo menos oferecer condições mínimas de estrutura, não transferindo para os municípios aquilo que é sua responsabilidade, inclusive na área da Saúde.

Medicamento de alto custo. O Governo Federal repassa o recurso e o Estado tem de comprar. Muitas vezes nem a decisão dos defensores públicos para a compra do medicamento é respeitada pelo Estado. É lamentável a situação dos trabalhadores públicos do Estado de São Paulo. Precisamos fazer com que o Estado de São Paulo cumpra a sua responsabilidade, a sua tarefa em especial nessas áreas essenciais.

Quantas greves fizeram os professores. Quantos plantões fizeram os professores nesta Casa. Existe um piso salarial nacional, mas longe de receberem. Há falta de professores, há falta de delegados. Tem município do interior que não tem delegado para atendimento quando há algum problema e os professores descontentes com a aplicação de seleção, dos concursados, além dos piores salários do País certamente vão se manifestar, assim como o pessoal da área da Saúde, que já está se manifestando, porque 25% do que existe na estrutura da Saúde passar para os convênios significa duas portas na Saúde pública: uma para os que têm convênio e outra para quem não tem convênio, é a porta estreitinha, onde tem de passar de banda.

Então, o quadro que encontramos aqui no estado referente ao reajuste salarial é lamentável. Quanto á data base nem se fala. Ela normalmente não é respeitada. Sequer há diálogo com as categorias, com as entidades profissionais.

Hoje vamos votar. Como diz o ditado, é melhor pingar do que faltar. E os trabalhadores vão receber essas migalhas a partir do dia 1º de abril. Fica aqui o registro. Apresentamos algumas emendas para melhorar um pouco, fazer com que o projeto atenda minimamente algumas categorias. O Estado de São Paulo, o governo tucano precisa melhorar as condições de trabalho dos servidores públicos do estado e os serviços oferecidos à população em todas as áreas: saúde, segurança pública - ou insegurança pública, que é o que a população sente, apesar dos índices apresentados pelo governo, de melhora nos latrocínios etc. A população sente-se insegura neste estado. Pode perguntar para qualquer transeunte para saber que a preocupação com segurança é enorme. Na educação o estado é o 10º na avaliação nacional. O estado mais rico da federação perde para estados pobres do nordeste nessa área.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Cauê Macris, para falar contra.

 

O SR. CAUÊ MACRIS - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, em primeiro lugar, antes de debater um pouco mais esse projeto do governo, queria dizer da minha satisfação de estrear na Assembleia Legislativa como deputado com apenas 27 anos de idade. Já fui vereador por 2 mandatos em Americana. Presidi a Câmara Municipal da cidade onde nasci na região metropolitana. Tenho essa grata satisfação depois de o meu pai estar aqui por 7 mandatos, tendo presidido esta Casa e poder usar esta tribuna pela primeira vez.

Cumprimento todos os deputados em nome dos deputados do meu município: Antonio Mentor, Chico Sardelli. Americana é no estado a cidade que tem o maior número de parlamentares pelo número de habitantes - são apenas 200 mil e tem 3 deputados. É uma honra muito grande poder ser um desses 3 representantes do nosso município.

Estudei com atenção o Projeto de lei nº 30 de 2011 que institui o novo piso salarial para a iniciativa privada deste estado. Começo a lembrar do momento em que no Congresso Nacional pude acompanhar atentamente a votação do projeto do mínimo nacional. Naquele momento assomou à tribuna da Câmara dos Deputados o Deputado Vicentinho, que já foi deputado aqui. Lá também as galerias estavam lotadas com os membros das centrais sindicais e, quando o Deputado defendeu o novo mínimo de 545 reais vimos uma cena pouco comum: os integrantes das centrais que não concordavam com o mínimo de 545 vaiaram o relator do projeto, Vicentinho, por não conseguir unir os interesses das centrais naquele momento.

Foi um momento marcante, porque, o Vicentinho que representa a luta sindical, provava das vaias de todos os membros das centrais que protestavam contra o mínimo de 545. A discussão foi longa.

O PSDB propôs um mínimo de 600 reais e tem mantido essa coerência seja no Congresso Nacional, seja na campanha pela presidência da república com o candidato José Serra que defendia a viabilidade econômica e financeira do governo federal para adotar o mínimo de 600 reais. Fomos vencidos por esmagadora maioria no Congresso.

Neste momento, neste estado, o governador Geraldo Alckmin apresenta projeto de lei estabelecendo o novo mínimo regional para o nosso estado partindo da base de 600 reais. São 600, 610 e 620 para as categorias já mencionadas aqui pelo Deputado Fernando Capez.

Esses valores vão muito além de um estudo; são de interesse da comunidade, da população, principalmente dos que serão beneficiados que são 1.4 milhões de trabalhadores; 1.4 milhões de habitantes serão beneficiados pelo novo mínimo regional.

Fico mais feliz ainda ao ver que aqui na Assembleia há um consenso no sentido de se aprovar o projeto. Discordo da posição de alguns deputados e bancadas de aumentar o valor porque isso geraria um reflexo negativo no nosso sistema financeiro. Muitos estudos forma feitos para chegar a esse valor.

Vejo alguns colegas, aqui, citando a problemática do funcionalismo público. O governador gostaria, sim, de colocar nesse mesmo projeto o aumento do mínimo para o funcionalismo, mas por uma questão legal os deputados da área jurídica sabem que não é possível e foi protocolado o Projeto de lei Complementar nº 03 de 2011, sobre o qual ninguém falou, e que estabelece o novo mínimo do servidor público. O valor é de 630 reais. A maioria dos parlamentares tem argumentado como que o governo força a iniciativa privada a dar aumento de 600, 610 e 620 reais e não dá aumento para o servidor público.

Vamos votar aqui o salário de 630 reais para o servidor público, mostrando que o governo faz a sua parte e dá muito mais para o servidor público do que a iniciativa privada para os seus trabalhadores.

Tem que ficar registrada nesta Casa a importância desse projeto. Como disse, são 1.4 milhões de trabalhadores que serão beneficiados e 33 mil servidores públicos beneficiados pelo novo mínimo do Projeto complementar nº 03 de 2011 que esta Casa ainda irá apreciar. O impacto que isso vai gerar na folha do governo do estado vai ficar em 21,6 milhões de reais para darmos esse aumento.

É o que gostaria de deixar registrado nesta Casa. Vejo muitos parlamentares na tribuna desfocando as discussões, desfocando aquilo que é de interesse da população paulista e aquilo que é de interesse do nosso povo e da nossa gente.

Temos sim de assomar à tribuna, temos sim de mostrar os fatos reais e fazer aquilo que a população de são Paulo espera de todos nós.

A população do Brasil esperava um salário mínimo de 600 reais. Infelizmente, o governo federal agiu com rolo compressor e não deixou ser aprovado o salário mínimo de 600 reais para todos aqueles que ganham pouco.

O Governador Geraldo Alckmin fez a parte dele. Mandou o projeto de lei a esta Casa. Todos os parlamentares estão debatendo e sendo favoráveis. Por que não foram favoráveis ao novo piso do mínio nacional?

Essa é a indagação que gostaria de deixar registrada. Gostaria de ouvir os nobres colegas deputados nesta tribuna para podermos discutir essa ação. O papel desta Casa é discutir, é colocar o preto no branco, é mostrar a verdade à população; aqueles que nos acompanham pela TV Assembleia e aqueles que estão nas galerias. Também devemos apresentar os números reais. Não devemos desvirtuar, não devemos falar valores que não existem nem falar sobre situações que não devem ser discutidas. É nesse sentido que gostaria de deixar minhas considerações.

Gostaria de falar sobre uma CPI que protocolei que visa investigar o alcoolismo na sociedade paulista. Vi muitos deputados virem a esta tribuna criticar as CPIs que estão sendo apresentadas pelo governo. Deputados que são da base aliada, mas não devem ser desmerecidos.

Todas as famílias brasileiras conhecem ou pelo menos têm uma pessoa com problemas com excesso e abuso de álcool. Muitos dos senhores têm filhos adolescentes que vão a bares, restaurantes e supermercados e estão consumindo álcool. Temos de trazer esse assunto para ser discutido nesta Casa. É uma CPI extremamente importante. Por que não criar uma frente parlamentar? Se não tivermos um mecanismo mais forte para agir em cima desses fatos dificilmente vamos coibir os problemas com alcoolismo que estamos presenciando no Estado de São Paulo, e em todas as casas das famílias brasileiras. Faço um desafio. Todos aqui conhecem pelo menos uma pessoa que tem problema com álcool. Temos de investigar quais são as verdadeiras causas do envolvimento cada vez maior com o consumo do álcool.

São as considerações que quero registrar. Quero agradecer a todos os deputados pela oportunidade. Se Deus quiser, vamos continuar debatendo esse tema. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Pelo restante do tempo da sessão, tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esse debate é muito importante não só em relação ao valor do salário mínimo, mas o que o reajuste representa para o crescimento do Estado de São Paulo. Foi essa reflexão que fizemos quando começamos a discutir com o governo federal a proposta do salário mínimo permanente.

Eu, quando estava na presidência do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopes Feijó, iniciamos um debate sobre a necessidade da correção do salário mínimo. Nas primeiras negociações entre os bancários e metalúrgicos, debatemos não só a correção da tabela do imposto de renda como também a importância de um projeto de correção permanente do salário mínimo para os trabalhadores de todo o Brasil.

Por que esse debate? Porque fizemos um levantamento e concluímos que apenas 6% dos trabalhadores assalariados do Brasil pagavam imposto de renda. Em contraposição, 60 milhões de pessoas no Brasil recebiam um salário mínimo ou menos. A partir daí iniciamos um debate com o governo federal sobre a importância de ter um salário mínimo corrigido todos os anos, a partir do crescimento do país.

Foi tão importante esse debate com o governo federal que essa recomposição ao longo dos últimos anos criou não só um debate sobre a correção permanente do salário mínimo, como também um olhar com uma perspectiva de desenvolvimento nacional.

Quanto maior a renda do trabalhador, quanto maior a renda da população, maior é o consumo. Foi com base nisso que conseguimos construir essa política permanente do salário mínimo.

Iniciamos o debate com apenas dois sindicatos, incorporamos as centrais sindicais ao longo dos anos seguintes, e hoje esse tema passou a ser um debate nacional entre as centrais sindicais.

O nobre deputado Fernando Capez fez aqui uma relação de várias categorias, foram apresentados vários segmentos que hoje têm representação sindical.

O que propomos para o debate do salário mínimo regional para o Estado de São Paulo é que tem de ser feito o mesmo caminho que foi construído em relação ao governo federal: ouvir as centrais sindicais, chamar a CUT, a força sindical, a CGTB, CTB, para que façam um debate com o governo do Estado de São Paulo sobre o salário mínimo regional. É importante ouvir as centrais sindicais porque estamos ouvindo também os trabalhadores.

Passamos a pautar proposições que têm a ver com as necessidades dos trabalhadores. Hoje cada trabalhador gasta no mínimo 150 reais com condução levando o preço da passagem de ônibus na cidade de São Paulo.

Estamos em outro patamar. As relações de trabalho e o mundo do trabalho mudaram. É necessário um processo de diálogo. Do mesmo jeito que vamos dialogar com as centrais sindicais, é necessário dialogar com o funcionalismo.

Temos a data base do servidor público estadual, que é 1º de março. Assumimos nosso mandato no dia 15 de março e esta Casa ainda não debateu o reajuste do salário dos servidores públicos da Saúde, da Educação, da Segurança Pública. Chegamos quase no final do mês e ainda não foi feito o debate no Estado de São Paulo.

Sr. Presidente, concluo por hoje e continuo minha fala no dia de amanhã.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência assegura ao nobre Deputado Luiz Cláudio Marcolino o tempo de 10 minutos e 25 segundos.

Antes de encerrar a sessão, esta presidência gostaria de dizer do orgulho e da satisfação de termos entre nós o presidente nacional do PT. O deputado Rui Falcão, vice-presidente, assume no lugar do presidente que se afasta por 15 dias, por problema de hipertensão - torcemos que seja simples e volte logo. É uma honra para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo ter o nobre Deputado Rui Falcão ocupando um cargo de tamanha importância e de nível nacional. (Palmas.)

Sras. e Srs. Deputados, esgotado o tempo da sessão, esta presidência, antes de dar por encerrados os trabalhos, convoca V.Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia. Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 19 horas.

 

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