08 DE ABRIL DE 2002

5ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AOS MOVIMENTOS LEIGOS DA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA

 

Presidência: JOSÉ CARLOS STANGARLINI

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 08/04/2002 - Sessão 5ª S. SOLENE Publ. DOE:

Presidente: JOSÉ CARLOS STANGARLINI

HOMENAGEM AOS MOVIMENTOS LEIGOS DA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA

 

001 - JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Assume a Presidência e abre a sessão. Cita as autoridades presentes. Anuncia que a sessão foi convocada pelo Presidente da Casa, Walter Feldman, por solicitação do Deputado ora na Presidência a fim de homenagear os Movimentos Leigos da Igreja Católica Apostólica Romana. Convida todos a ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - OLÍVIO PEREIRA DE OLIVEIRA JÚNIOR

Cumprimenta o Presidente interino, Deputado José Carlos Stangarlini, e demais autoridades. Lê carta do papa João Paulo II por ocasião do 20º aniversário da Fraternidade de Comunhão e Libertação.

 

003 - EMÍLIO PIGNOLI

Bispo da Diocese de Campo Limpo, cumprimenta as autoridades. Relata seus vários contatos com os movimentos novos da Igreja Católica e seu trabalho pastoral em Mogi das Cruzes e em Campo Limpo.

 

004 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia dois números musicais.

 

005 - FERNANDO ANTÔNIO FIGUEIREDO

Bispo da Diocese de Santo Amaro e Presidente da CNBB, Regional Sul 1 do Estado de São Paulo, saúda as autoridades. Sublinha o significado da homenagem da sessão, ou seja, evocar a importância da ação dos movimentos, das comunidades na formação cultural, espiritual e social do povo do Estado.

 

006 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia um número musical. Ato contínuo anunciou a entrega de certificados aos Bispos Dom Fernando Figueiredo e Dom Emílio Pignoli, e aos representantes dos Movimentos Leigos homenageados. Faz depoimento, evocando a importância da atuação dos Movimentos Leigos Católicos na formação religiosa, cultural e social do povo paulista. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Srs. Deputados, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Walter Feldman, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de homenagear os Movimentos Leigos da Igreja Católica Apostólica Romana.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirem o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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- É executado o Hino Nacional.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB -  Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar, através do seu Maestro 2º Tenente PM Jassen, Secção Especial do Corpo Musical.

Esta Presidência deseja anunciar a presença de Dom Fernando Antônio Figueiredo, Bispo da Diocese de Santo Amaro e Presidente da CNBB - Regional Sul 1 do Estado de São Paulo - e de Dom Emílio Pignoli, Bispo da Diocese de Campo Limpo.

Ouviremos agora a leitura, pelo Sr. Olívio Pereira de Oliveira Júnior, de um texto do Movimento Comunhão e Libertação.

 

O SR. OLÍVIO PEREIRA DE OLIVEIRA JÚNIOR - Sr. Presidente, Srs. Bispos, companheiros dos movimentos aqui presentes, prezado público, em nome do Movimento de Comunhão e Libertação, temos a grande satisfação de ler uma carta que recebemos do nosso querido papa João Paulo II, no dia 11 de fevereiro de 2002, Festa de Nossa Senhora de Lourdes, por ocasião do 20º aniversário da Fraternidade de Comunhão e Libertação. Ficamos extremamente tocados, porque é como se esta carta trouxesse uma grande mensagem não somente aos amigos do nosso movimento, mas a todos vocês aqui presentes. Por esse motivo, julgamos que a leitura desta carta neste momento solene seria a melhor forma de homenagear a presença de todos e nos encorajar nessa grande tarefa da nova evangelização:

“É com imensa satisfação que me uno à alegria da Fraternidade de Comunhão e Libertação no 20º aniversário do seu reconhecimento pelo Conselho Pontifício dos Leigos enquanto Associação de Fiéis de Direito Pontifício.

Já em 1954, caríssimo Monsenhor Giussani (fundador do nosso Movimento) V. Sa. tinha dado origem em Milão ao Movimento de Comunhão e Libertação que, em seguida, se difundiria por outras partes da Itália e por outros países do mundo. Desse Movimento, a fraternidade constitui o seu fruto maduro.

Revisitando, com a memória, a vida e as obras da Fraternidade e do Movimento, o primeiro e mais marcante aspecto é a disponibilidade em colocar-se sempre à escuta das necessidades do homem de hoje. O homem nunca cessa de buscar, seja quando é marcado pelo drama da violência, da solidão e da insignificância, seja quando vive na alegria e na serenidade. Essa busca não cessa jamais. A única coisa que o pode apaziguar nessa procura é aquilo que lhe vem do encontro com aquilo que está na fonte de seu ser e fazer.

O Movimento, portanto, quer apontar não um caminho, mas o caminho para chegar à solução desse drama existencial. Quantas vezes o afirmou V. Sa. é Cristo. Ele é a verdade, o caminho e a vida. E chega a cada pessoa em seu cotidiano, nas particularidades da sua existência. A descoberta desse caminho normalmente nos vem graças à mediação de outros seres humanos. É mediante o dom da fé advinda do encontro com o Redentor que os fiéis são chamados a se tornarem eco do acontecimento de Cristo, a tornarem-se cada um acontecimento.

O cristianismo, antes de ser um conjunto de doutrinas ou uma regra de salvação é, portanto, o acontecimento de um encontro. É justamente essa a intuição e a experiência que V. Sa., durante tantos anos, transmitiu a tantas pessoas que aderiram ao Movimento. Comunhão e Libertação, bem mais do que oferecer coisas novas, visa a fazer redescobrir a tradição e a história da Igreja para exprimi-la em modos e maneiras capazes de fazê-la falar e interpelar o homem do nosso tempo.

Na mensagem aos participantes do Congresso Mundial dos Movimentos Eclesiais e novas comunidades de 27 de maio de 1998, escrevi que a originalidade do carisma de cada movimento não tem, nem poderia ter, a pretensão de acrescentar fosse o que fosse à riqueza do “depositum fidei” salvaguardado pela Igreja com apaixonada fidelidade. Tal originalidade, no entanto, constitui um poderoso sustento, um sugestivo e convincente chamado a viver de modo pleno, com inteligência e criatividade: a experiência cristã. Nisso reside o pressuposto para encontrar respostas adequadas aos desafios e às solicitacões dos tempos e das circunstâncias históricas sempre adversas.

É preciso voltar ao Cristo, Verbo de Deus encarnado para salvação da humanidade, Jesus de Nazaré, que viveu a experiência humana como ninguém mais poderia ter vivido. É por isso mesmo o ponto de chegada de toda aspiração humana. Só através dele o homem pode vir a conhecer plenamente a si mesmo.

A fé surge, portanto, como uma autêntica aventura do conhecimento, não como um discurso abstrato ou como um vago segmento religioso, mas como um encontro pessoal com Cristo, capaz de dar novo sentido à vida. A obra educativa, que no âmbito das atividades e comunidades do Movimento tantos pais e mestres têm buscado desenvolver, consiste precisamente em acompanhar irmãos, filhos e amigos na descoberta, dentro dos liames afetivos do trabalho e das mais diferentes vocações, daquela voz que leva cada um ao encontro definitivo com o verbo feito carne.

É somente no Filho Unigênito do Pai que o homem poderá encontrar plena e definitiva resposta às suas mais íntimas e fundamentais aspirações.

Ao longo desses mesmos 20 anos, a Igreja viu surgir em seu seio muitos outros movimentos, comunidades e associações.

A força do Espírito Santo não cessa nunca de superar, quase de romper, os esquemas e as formas sedimentadas da vida precedente, de modo a urgir o surgimento de inéditas modalidades de expressão.

Nessa urgência, está o sinal da vivacidade da missão da Igreja, na qual o rosto do Cristo se delineia através dos traços pertinentes aos rostos dos homens de todas as épocas e de todos os lugares em que se desenrola a história humana.

Como deixar de maravilhar-se ante tais prodígios do Espírito Santo? Ele cumpre prodígios e a aurora de um novo milênio leva o fiel a fazer-se ao largo, rumo a fronteiras sempre mais avançadas na construção do reino.

Anos atrás, por ocasião do 30º aniversário do nascimento de Comunhão e Libertação, tive a oportunidade de dizer-vos: ‘Ide pelo mundo inteiro a levar a verdade, a beleza e a paz que se encontram no Cristo Redentor. Roma, 29 de setembro de 84.

Ao iniciar-se o milênio cristão, terceiro milênio da era cristã, com força e gratidão volto a confiar-vos o mesmo mandato. Exorto-vos a colaborar conscientemente com a missão das dioceses e das paróquias, ampliando corajosamente a ação missionária até os extremos confins do mundo.

Que o Senhor vos acompanhe e faça fecundar vossos esforços. Que Maria, Virgem fiel e estrela da nova evangelização, seja vosso sustento e vosso guia no caminho de uma sempre e mais audaz fidelidade evangélica.

É com esses sentimentos que, de bom grado, vos dou, Monsenhor Giussani, extensivo a vossos colaboradores e a todos os membros da Fraternidade, assim como aos aderentes do Movimento, uma bênção apostólica.

Vaticano, 11 de fevereiro de 2002. João Paulo II.” (Palmas.)

É com esse sentimento que estamos presentes nesta noite, unidos a todos vocês, sob a orientação dos nossos bispos, para renovar esse ardor que nos impulsiona na aurora deste novo milênio.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB -  Contamos com a presença também do Monsenhor Calazans, do Movimento Emaús; do Dr. João Mabtum, Presidente do Conselho Estadual da Renovação Carismática Católica; do Sr. Olívio Pereira de Oliveira Júnior, Comunhão e Libertação; do Sr. José Luiz Ferraz Luz, da equipe de Nossa Senhora; da Sra. Marta Silvia Bhering, representando a Sra. Heloísa Pereira, da Confederação Nacional de Planejamento Natural da Família; do Sr. Conde Giuseppe Farine, representando o Embaixador Dino Samaja, da Ordem da Associação dos Cavaleiros de Malta e da Sra. Adéle Madallozza, da Sociedade São Vicente de Paulo.

Esta Presidência concede a palavra a Dom Emílio Pignoli, Bispo da Diocese de Campo Limpo.

 

O SR. EMÍLIO PIGNOLI - Caríssimo Irmão Dom Fernando Figueiredo, caríssimo Deputado Stangarlini, caríssimos irmãos em Cristo aqui reunidos, representando essa vitalidade da Igreja que, através dos movimentos, tanto tem colaborado para essa renovação que vem se observando há anos graças ao dom do Espírito Santo, que foi suscitando tantos e tantos movimentos, associações e expressões religiosas para reflorescer a Igreja.

Eu quero, em primeiro lugar, dar um testemunho pessoal. Quem me motivou a deixar a Itália e vir ao Brasil como missionário foi o Movimento por um Mundo Melhor.

Pio XII, logo após a Grande Guerra, percebeu que havia uma grande divisão de forças, que a própria ação católica estava em crise. O Papa Pio XII dizia: “Todo mundo que saiu dessa guerra é uma humanidade que se tornou selvagem. É preciso que encontre o seu destino humano e, através do humano, o divino.”

Padre Ricardo Lombardi, o grande incentivador desse movimento, percorreu grandes concentrações, tanto na Itália como em outras partes da Europa, despertando os cristãos para um momento novo na Igreja para responder a esse pedido do Papa. Foi o próprio Padre Ricardo Lombardi que pregou o retiro espiritual na diocese de origem, Cremona, e motivou todos os seminaristas a assumirem mais intensamente a nossa formação religiosa, sacerdotal e a abrir também horizontes, porque na Itália ainda existiam muitas vocações e ele sabia que na América Latina, na África e em tantos países havia uma grande carência de missionários e vocações. Aquilo nos motivou, ficou no coração de cada um. Depois é que veio o apelo de um bispo do Brasil, de Ribeirão Preto, Dom Luiz do Amaral Mousinho, muito ligado ao Movimento por um Mundo Melhor. Foi um movimento que motivou a passagem de um continente para outro e toda uma vida se engajou no Brasil.

Quando sacerdote, trabalhei em Ribeirão Preto cuidando, primeiro, da Congregação Mariana, das Filhas de Maria, da Ação Católica, da JEC, os movimentos que havia na época; preguei retiro para as conferências vicentinas - tive sempre uma admiração pelos vicentinos - e trabalhei principalmente em favor das vocações sacerdotais e religiosas, porque o objetivo era esse.

Por que o Brasil não tem vocações? Vamos semear, vamos motivar a juventude. E graças a Deus, surgiu o seminário de Brodosqui, onde tivemos a formação de vários sacerdotes. Depois, tivemos o seu fechamento, mas hoje ele está florescendo. Dom Arnaldo tem conseguido fazer daquilo um primor de seminário.

Nessa época, surgiu também o Cursilho de Cristandade. E com Dom Angélico, participei do Cursilho, tendo sido diretor espiritual em vários Cursilhos em Ribeirão Preto. Depois, soube que tinha um tal de TLC para jovens. Fui a Três Córregos, na Diocese de São Carlos, para conhecer como se podia aplicar o Cursilho a jovens a fim de motivá-los. Graças a Deus aquilo foi muito bom e trouxemos para Ribeirão, Franca, Orlândia, enfim, em todo lugar onde pude trabalhar e tenho hoje, na minha diocese, ajudado a despertar muitos jovens em conflito com sua fé, com sua família, que abandonaram o estudo, alguns drogados, que deixam a droga. Tem sido um momento de despertar. Não é uma pastoral, mas um despertar para, se de fato houver grupos de formação, desencadear um processo muito bom.

Quando pároco em Orlândia, peguei a paróquia numa situação desastrosa, pois o sacerdote que abandonara o ministério deixou dívidas adoidadas. Foi preciso ganhar a confiança do povo e através do Cursilho, de lideranças e do TLC conseguimos colocar a paróquia numa situação melhor, mas quem me ajudou mesmo a entrar numa nova evangelização foi o neocatecumenato.

Tive oportunidade de receber a primeira equipe que veio ao Brasil. Não conhecíamos bem o movimento. Dom Diógenes, bispo de Franca, meu colega de estudo, e eu trabalhamos juntos: eu como coordenador da pastoral da diocese. Como precisávamos muito de uma nova evangelização, com essa equipe começamos a experiência, que deu bons frutos, tanto na renovação de muitas pessoas, no assumir a vida cristã, como no despertar vocacional. Graças a esse despertar, muitos jovens foram seguindo a vocação.

Quando o Papa Paulo VI me chamou para ser bispo de Mogi das Cruzes, substituindo a Dom Paulo Rolim Loureiro que tinha falecido num acidente aqui em São Paulo, vim sem conhecer nada da periferia e da diocese de São Paulo, que também tinha passado por crise. Estava com poucos sacerdotes, havia aquela universidade que surgiu por meio de um ex-padre que arrebanhava outros padres mais para fazer a faculdade do que para trabalhar para a Igreja. Foi uma situação difícil, mas encontrei o Cursilho de Cristandade, o Encontro de Casais com Cristo, depois entrou a Renovação Carismática Católica, colocamos ali o neocatecumenato logo depois de dois anos que eu estava lá.

Assim, também em Mogi floresceu o seminário e vários movimentos: Legião de Maria, equipes de Nossa Senhora, Pastoral da Juventude, CEBs - Comunidades Eclesiais de Base, os Focolares também tinham um bom grupo que dava o seu testemunho, o Fraterno Auxílio Cristão, que junto com a Cáritas procurava coordenar as obras sociais.

Quando pensei que terminaria minha missão em Mogi, porque estavam chegando os cabelos brancos, o Papa nomeou-me para Campo Limpo, Dom Fernando para Santo Amaro, Dom Legal para São Miguel e Dom Francisco Vieira para Osasco. Ali estamos há quase 13 anos. Não foi fácil falar em movimentos, porque havia um círculo fechado. Aqui a prioridade são as CEBs. Os movimentos são coisa importada, eles não entendem a nossa linguagem. Foi uma batalha realmente brava no começo, mas fiz a visita pastoral em todas as sedes - quatrocentas e poucas. Foi uma peregrinação forçada, todo dia com uma comunidade.

Percebi que estava faltando a eclesialidade. Havia grupos que brigavam pelo esgoto, pelo transporte, por isso, por aquilo, mas faltava a palavra de Deus, a vivência espiritual. Outra coisa: viviam separados da paróquia, portanto, faltavam os elementos da Igreja, ou seja, a palavra de Deus, a comunhão com o pastor, a eucaristia, os sacramentos. Dando tempo ao tempo, fizemos um relatório de como a situação estava. Não foi fácil na assembléia diocesana mostrar que tínhamos de caminhar como Igreja, com a CNBB. Elaboramos, então, um gráfico mostrando as seis dimensões da pastoral orgânica e como deveríamos organizar a diocese. Demorou um pouco, mas graças a Deus o plano da pastoral de conjunto começou a criar corpo e hoje são 42 - esse número é entre pastorais e movimentos. O que não falta é serviço. Nenhum católico pode dizer que não sabe o que fazer. É só saber qual é o carisma, qual é o jeito, que pode entrar nessa grande empreitada.

A preocupação foi criar novas paróquias para integrar essas comunidades. Eram apenas 24 paróquias, hoje, são 70; eram 42 padres, hoje, são 113; eram seis seminaristas, hoje, são 65. Graças a Deus vemos que os movimentos integrados no plano da pastoral de conjunto não são atrasos de vida, nem são importados, prejudicando a pastoral local. Cabe integrá-los, colocá-los dentro das dimensões pastorais. Vejo que podemos, com alegria, acatar o que o santo padre acaba de constatar, ou seja, essa floração de movimentos foi uma das expressões mais belas que manifestaram aquele pronunciamento profético do Papa João XXIII quando, ao convocar o Concílio, pedia que a Igreja rezasse para um novo Pentecostes, para uma primavera na Igreja.

O Papa concluiu, naquele encontro que teve dos movimentos em Roma, que essa floração da primavera na Igreja está evidente nesses movimentos internacionais que ajudaram na renovação da Igreja, mas não podemos ficar na primavera. Temos de passar para o verão, para amadurecer os frutos e não ficar apenas nas folhas e nas flores. Agora é hora dos frutos. Para integrar essas forças novas é preciso que haja a integração dos planos da pastoral de conjunto.

Agradeço a Deus por ter vivido, ao longo destes 45 anos como padre, tantos movimentos, por ter ajudado tantas equipes, tantas expressões eclesiais e ver que nenhuma delas prejudicou, ao contrário, enriqueceu a nossa Santa Igreja. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB -  Ouviremos, pelo Movimento Apostólico de Schöenstatt, a música “Canto da Mãe Peregrina”, tocada pelas Irmãs Diná e Saldete.

 

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- É executada a música.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB -  Queremos registrar a presença do Sr. Reinaldo Bezerra dos Reis, Presidente Nacional da Renovação Carismática Católica; da Sra. Maria Cristina Calicchio, do Movimento Focolares Feminino; do Sr. Ney Francisco Bourroul, do Encontro Fé e Luz; de Ana Maria e José Nelson Ferreira, do Encontro de Casais com Cristo; do Sr. Nelson Sanches Moreno Júnior, do Caminho Neocatecumenal; da Sra. Gabriela Yara Soares de Araújo, da Associação e Oficinas de Santa Rita da Cássia e do Sr. Professor Antônio Boing da Associação de Educação Católica de São Paulo.

Assistiremos agora a apresentação do Coral do Movimento dos Focolares com as músicas ‘Outra Humanidade’ e ‘Canção América, América’, sob a regência de Heliomar Ferreira.

 

O SR. HELIOMAR FERREIRA - O Movimento dos Focolares tem a sua espiritualidade centrada na unidade, no Testamento de Jesus: que todos sejam um.

As duas músicas que cantaremos querem expressar que é possível construir uma nova humanidade, tendo como base os valores evangélicos.

 

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- São executadas as músicas.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB -  Desejamos registrar a presença do Sr. Sebastião Furlan, Coordenador da Renovação Carismática Católica da Arquidiocese de São Paulo; do Sr. Cláudio Lustosa da Silva, representando o Sr. Antônio Brito Marques da Obra Kolpin do Brasil; do Sr. Maurício Antunes da Silva, da Legião de Maria; do Padre Antônio Marcos Girardi, do Movimento de Orientação Familiar; da Irmã Maria Diná, do Movimento Apostólico de Schöenstatt, representado pelo casal Jorge e Vânia Santa Cruz; do Sr. Antônio Carlos Mousteikis, do Movimento de Cursilho de Cristandade do Brasil.

Esta Presidência concede a palavra a Dom Fernando Antônio Figueiredo, Bispo da Diocese de Santo Amaro e Presidente da CNBB, Regional Sul 1 do Estado de São Paulo.

 

O SR. FERNANDO ANTÔNIO FIGUEIREDO - Minhas saudações fraternas a Dom Emílio Vignoli, Bispo de Campo Limpo - hoje pela manhã estivemos juntos numa reunião com outros bispos - ao nosso Deputado José Carlos Stangarlini e aos representantes dos diversos movimentos, comunidades e associações que aqui se encontram. É uma grande alegria esta reunião, este encontro e agradeço de coração, como Presidente da CNBB e em nome de todos os movimentos leigos católicos, esta homenagem, uma homenagem que quer evocar a importância da ação dos movimentos, das comunidades na formação cultural, espiritual e social do povo do Estado de São Paulo.

Gostaria de destacar uma frase, aliás já citada, do nosso Santo Padre o Papa no encontro que teve no dia 27 de maio de 1998 em Roma, quando fala dos movimentos eclesiais como fruto significativo dessa primavera da Igreja prenunciada no Concílio Vaticano II. Diria que os movimentos levam ao coração do mundo uma grande riqueza educativa, missionária e espiritual.

Poderia dizer que os movimentos são realidades da Igreja, realidades suscitadas pelo Espírito Santo de Deus. Esses movimentos se compõem predominantemente de leigos, que são convocados e dão resposta a essa inspiração do Espírito Divino para que marquem o mundo, a sociedade no seu testemunho cristão e na sua fé de vida cada vez mais presente. Por isso não esqueçamos jamais: a Igreja tem necessidade dos movimentos, diz o Santo Padre, e o mundo não pode desconhecer isso. E a repercussão positiva na sociedade gerando uma maior visão fraterna, justa, eqüitativa está justamente nos movimentos.

Nesta noite, neste nosso encontro, não queremos somente agradecer, mas queremos que este momento seja uma revitalização em todo o Estado de São Paulo dos movimentos, das associações e dessas comunidades. O Santo Padre recorda que nós todos estamos convocados a rezar pela paz. Vamos, portanto, colocar no programa nosso de cada dia esta oração pela paz no Oriente Médio. Mas que reine a paz verdadeira do Senhor Jesus.

Também quero recordar que no Estado de São Paulo, há três, quatro anos, constituímos a Comissão Regional das Pastorais e incluímos os movimentos, porque vimos que os movimentos estão no interior da própria Igreja, na realidade dinâmica dessa Igreja que se torna organizada através da CNBB. Nós temos movimentos significativos que estão muito presentes nas dioceses do Estado de São Paulo. Por isso, foi algo muito positivo o reconhecimento não só das pastorais, como também dos movimentos.

A Igreja, sabemos muito bem, tem duas dimensões. A dimensão institucional pelo próprio Senhor Jesus assim constituída: os sacramentos, a hierarquia, a realidade da própria Igreja e a dimensão carismática, como chamamos, dos carismas, dos dons, dons esses concedidos por Deus. A grande pergunta que muitas vezes fazemos é: por que isso, por que esses movimentos, por que esses dons, por que esses carismas?

Quantas vezes fui interrogado ao longo do meu ministério episcopal. Dom Emílio deu um testemunho belo de toda sua vida sacerdotal e episcopal.

Nessa presença dos movimentos, como disse o Papa - e aqui acentuado na primeira intervenção - o essencial está na revelação plena no Senhor Jesus Cristo. Nessa revelação, nesse patrimônio, nesse “depositum fidei”, temos no interior essa realidade dos carismas. Por quê? A resposta está no coração e na mente de cada um de vocês. É que temos necessidade de que aquilo que é essencial na Igreja seja ressaltado, seja avivado, seja testemunhado.

Assim, o Espírito Divino vai suscitando movimentos, associações, comunidades eclesiais vivas em toda Igreja. Por isso, o movimento não se fecha sobre si mesmo. No momento em que fechar sobre si mesmo, estará fadado à destruição, a desaparecer. O movimento existe enquanto uma resposta a essa inspiração de Deus pelo Espírito Santo que reavive na Igreja toda - portanto, em seu próprio benefício - essa realidade presente, destacada, ressaltada por aquele determinado movimento. Isso foi algo que se tornou presente não só no fundador, mas também em cada membro desses movimentos.

O Papa nesse encontro disse a todos: “Abri-vos com docilidade aos dons do Espírito Santo...” - isto é, abrir o coração, não colocando obstáculos, não colocando dificuldades - “... abri-vos com docilidade aos dons do Espírito. Acolhei com gratidão e obediência aos carismas que o Espírito não cessa de dispensar à Igreja.”

Eu, nesta noite, só posso rogar aos céus dizendo: acolham esse dom. Que esses carismas, esses dons de Deus estejam presentes na vida de cada um de vocês, no movimento, em todos os seus membros. Que esses dons e carismas se solidifiquem e dêem frutos, frutos em benefício da Igreja, em benefício de toda sociedade e em benefício do nosso Estado de São Paulo. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB -  Ouviremos agora, pelo Coral do Movimento Caminho Neocatecumenal, a música ‘Hino ao Jubileu dos Movimentos’, sob a regência de Lígia Moreno.

 

A SRA. LÍGIA MORENO - Fazendo nossas as palavras de Dom Fernando, é uma alegria nesta noite, para nós do Caminho, poder rever nossos irmãos tão queridos de outros movimentos, de outras comunidades e reviver o trabalho que fizemos no Jubileu dos Movimentos.

Convido a todos a cantarem conosco esse hino dos movimentos, que é nosso, irmãos, e a palavra de São João diz: “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi.” Então não fomos nós que escolhemos estar neste movimento ou noutro, nesta comunidade ou noutra, mas o Senhor que nos colocou aqui e ali segundo a sua preciosa vontade, para que déssemos frutos em favor da Igreja, frutos na evangelização, entregando a nossa vida em favor da Igreja.

Podemos cantar agora com alegria esse hino, que é nosso, obedecendo ao Santo Padre, estando em comunhão com ele, com toda nossa arquidiocese, com o mundo.

 

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- É executada a música.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB -  Faremos agora uma homenagem aos representantes dos movimentos.

 

O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - Antes de entregarmos os certificados alusivos a esta festa, os Movimentos querem homenagear Dom Emílio Pignoli e Dom Fernando Antônio Figueiredo entregando-lhes um certificado desta sessão solene.

Para entregar o certificado a Dom Fernando Antônio Figueiredo, convidamos o Sr. Reinaldo Bezerra, Presidente da Renovação Carismática Católica do Movimento Nacional.

 

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- É feita a entrega do certificado.

 

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Para entregar o certificado a Dom Emílio Pignoli, Bispo Diocesano de Campo Limpo, convidamos o Sr. João Mabtum, Presidente da Renovação Carismática Católica do Estado de São Paulo.

 

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- É feita a entrega do certificado.

 

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Chamaremos, agora, os representantes de cada movimento aqui presente, uma vez que vários justificaram a ausência ou preferiram não receber neste momento o seu certificado alusivo.

Chamamos o Professor Antônio Boing para receber o diploma em nome da Associação de Educação Católica de São Paulo;

- Sra. Gabriela Yara Soares de Araújo, pela Associação e Oficinas de Santa Rita de Cássia;

- Sr. Nelson Sanches Moreno Júnior, pelo Caminho Neocatecumenal;

- Irmã Marta Silvia Bhering, pela Confederação Nacional de Planejamento Natural da Família;

- Sr. Olívio Pereira de Oliveira Júnior, pelo Movimento Comunhão e Libertação;

- Sr. Henrique Luiz Levy, pela Confederação das Famílias Cristãs;

- Sr. Ney Francisco Bourroul, pelo Movimento Encontro Fé e Luz;

- O casal José Luiz Ferraz Luz e Rosemari Ferraz Luz, pelas Equipes de Nossa Senhora;

- Sra. Terezinha Garduzi, pela Federação Mariana Feminina;

- Sr. Maurício Antunes da Silva, pela Legião de Maria;

- Srs. Jorge Santa Cruz Neto e Vânia Maria Macedo Santa Cruz, pelo Movimento Apostólico de Schöesnstatt;

- Sr. Antônio Carlos Mousteikis, pelo Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil;

- Monsenhor Benedito Calazans, pelo Movimento de Emaus;

- Sra. Maria Cristina Calicchio, pelo Movimento dos Focolares;

- Sr. Cláudio Lustosa, pela Obra Kolping do Brasil;

- Conde Giuseppe Farine, pela Ordem dos Cavaleiros de Malta;

- Dona Aparecida de Guadalupe Cafaro, pela Ordem Terceira de São Francisco - Dom Fernando se avocou o direito de entregar, já que franciscano não pode deixar de prestigiar franciscano;

- Sr. Sebastião Furlan, pela Renovação Carismática Católica de São Paulo, Capital;

- Dona Adéle Argente Madalozza, pela Sociedade São Vicente de Paulo;

- Padre Antônio Marcos Girardi, pelo Centro Comunitário Maranatha;

- Sra. Maria Vitória Pinto Ferraz, pela Venerável Terceira Ordem do Carmo, que receberá o diploma das mãos de Dom Emílio Pignoli.

 

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- É feita a entrega dos certificados.

 

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Os demais movimentos leigos estarão recebendo, por meio de seus representantes, um diploma similar a este.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB -  Queremos registrar a presença da Sra. Margarida Nobre, Presidente Regional do Movimento dos Focolares.

Senhoras e senhores, a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, representando sua gente, evoca nesta sessão solene a importância do trabalho dos Movimentos Leigos da Igreja Católica Apostólica Romana na formação social, cultural e, sobretudo, religiosa do povo paulista.

Essa é uma notícia que nos causa extrema alegria pelo simples fato de estarmos colhendo o fruto do nosso empenho na difusão da palavra de Deus.

Quando falo dos Movimentos Leigos da nossa Igreja sempre me lembro do Capítulo 12 da Carta de São Paulo aos Coríntios, onde o apóstolo relata a diversidade dos dons que nos são representados por um único espírito: o Espírito Santo. Fala ainda acerca das diversidades de ministérios, sendo, o Senhor de todos eles, Jesus Cristo.

Embora cada um tenha uma ocupação específica nesse maravilhoso trabalho de evangelização, realizamos nossas tarefas pela moção do Espírito Santo, pois em um só espírito fomos batizados para formar um único corpo, a Igreja, cuja cabeça é Cristo.

A participação da Igreja Católica Apostólica Romana na vida da sociedade paulista tem sido fundamental tanto na evangelização, como na assistência social, que alguns dos nossos movimentos prestam aos mais necessitados.

Lembro-me muito bem de uma ocasião em que reuni nesta Casa o Secretário de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social e as entidades assistenciais ligadas a nossa Igreja.

Ao discursar aos representantes dessas entidades assistenciais, o Secretário agradeceu a participação dos católicos nos trabalhos assistenciais desenvolvidos pelo Estado, sem o que alguns deles não atingiriam seus objetivos.

Além da evangelização e formação de discípulos, mandamento maior deixado por Jesus Cristo aos apóstolos, pelo trabalho dos movimentos que hoje recebem essa homenagem, idosos e crianças abandonadas têm recebido amparo, os casais têm redescoberto o valor do matrimônio e jovens, antes entregues à dependência química, têm recuperado a vida.

Todos esses frutos são capazes em virtude da presença do Espírito Santo e da unidade a que Ele tem-nos conduzido: a unidade na diversidade.

Vivemos unidos pelo Espírito Santo, embora haja diversidade de dons.

Quero agradecer a presença dos nossos bispos que puderam falar com muita propriedade sobre a importância do leigo para o trabalho da Igreja Católica Apostólica Romana.

Agradeço também a presença de cada uma das senhoras e dos senhores, sejam coordenadores ou representantes ou apenas participantes dos movimentos leigos aqui presentes.

A estes quero lembrar que a nossa Igreja precisa de cada um de nós.

Termino com o versículo do Evangelho de São João, onde no Capítulo 15;15 Jesus proclama: “Já não vos chamam servos, chamei-vos amigos.” Muito obrigado. (Palmas.)

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece as autoridades e aqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade.

Está encerrada a sessão.

 

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-         Encerra-se a sessão às 21 horas e 42 minutos.

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