07 DE MARÇO DE 2008

005ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AO “DIA INTERNACIONAL DA MULHER”

 

Presidência: CÉLIA LEÃO

 

 

 

RESUMO

001 - CÉLIA LEÃO

Assume a Presidência e abre a sessão. Informa que a Sessão Solene foi convocada pela Presidência Efetiva com a finalidade de comemorar o Dia Internacional da Mulher. Convida os presentes para, de pé, ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - OLÍMPIO GOMES

Deputado Estadual, recorda a votação do projeto que cria a Secretaria Estadual da Pessoa com Deficiência Física e elogia a nomeada para a pasta, Linamara Rizzo. Destaca a importância deste Legislativo em votar projetos de interesse das mulheres. Elogia a atuação da Deputada Célia Leão. Enaltece o trabalho da mulher militar e recorda que a Constituição não reconhece a dupla jornada que enfrentam.

 

003 - Presidente CÉLIA LEÃO

Dá conhecimento de várias mensagens alusivas à efeméride. Presta homenagem, com entrega de placa, a dez mulheres.

 

004 - JOÃO BARBOSA

Deputado estadual, faz louvação às mulheres, com citações bíblicas. Elogia as Deputadas desta Casa, bem como as funcionárias, na pessoa da Senhora Yeda Villas Boas.

 

005 - MYRYAM ATHIE

Vereadora por São Paulo, registra a presença de comitivas. Elogia a carreira de Linamara Rizzo. Faz reflexão sobre a participação das mulheres na atividade política. Discorre sobre os sentimentos femininos e o instinto familiar. Informa homenagem na Câmara Municipal e anuncia o grupo "Amor Perfeito".

 

006 - LINAMARA RIZZO BATTISTELLA

Nomeada Secretária de Estado da Pessoa com Deficiência Física, recorda a Lei do Ventre Livre e destaca o valor da vida. Faz histórico sobre a data que originou o Dia Internacional da Mulher, a instituição do voto feminino no Brasil e a atuação das mulheres no Congresso. Ressalta a importância da diversidade e do respeito aos direitos humanos, no que tange aos deficientes físicos.

 

007 - VANESSA DAMO

Deputada estadual, afirma que, ainda que minoritárias, as mulheres têm atuação significativa nos espaços que ocupam.

 

008 - Presidente CÉLIA LEÃO

Destaca os princípios de justiça e igualdade para o usufruto dos benefícios sociais, bem como a conquista do direito à felicidade, fatores que devem unir homens e mulheres. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.


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-  Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Célia Leão.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Quero cumprimentar todos os presentes e dar como aberta a Sessão Solene desta manhã, dia que certamente ficará marcado nesta Casa, que comemora o dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. É uma data importante para todas nós e para aquelas que possam interagir com esta sessão, seja através do Diário Oficial, seja através da TV Assembléia que está conosco, as nossas assessorias, funcionários dos nossos gabinetes, enfim, todos que podem estar conosco para homenagear aquela que tem feito a diferença na vida e na sociedade, não só de São Paulo, mas do Brasil e da América Latina.

É comum nesta Casa que as Sessões Solenes sejam abertas pelo presidente efetivo da Casa, Deputado Vaz de Lima, um grande homem, que tem respeitado todos os segmentos da sociedade, particularmente as mulheres. Nesta manhã, o Deputado Vaz de Lima nos deixou um abraço afetuoso, carinhoso; mais do que um pedido de desculpas, a justificativa por não estar presente. Mas disse que de forma espiritual, através do seu coração, do seu compromisso não só com a Casa, mas com as mulheres do Estado de São Paulo, estaria presente através da nossa pessoa e através da nossa Presidência.

Além de cumprimentar todas as pessoas presentes, cumprimento todas as pessoas que fazem parte deste Parlamento e que de alguma forma estão conosco nesta manhã.

Fazem parte da Mesa a nossa Vereadora Myryam Athie, figura ímpar, singular, uma pessoa que tem feito muito por São Paulo como vereadora da Capital, e tem feito como mulher para toda a sociedade. Muito obrigada pela presença, que muito honra nossa Casa. Uma salva de palmas para a vereadora Myryam Athie, que além de companheira, é amiga de primeira hora. (Palmas.)

Também quero registrar e agradecer a presença da Dra. Linamara Rizzo Battistella, que está conosco, esta médica que faz a diferença, hoje, na medicina não só de São Paulo e do Brasil. Se alguém de vocês tiver tempo e possibilidade de pesquisar o nome da Dra. Linamara na internet, por certo precisará de mais de uma hora para ler os seus feitos com competência, sabedoria, cultura, sobretudo, com a sociedade, não só médica, mas que busca alternativa e socorro nas mãos dessa pessoa maravilhosa que está à minha esquerda. Uma salva de palmas para ela. (Palmas.)

Além de tudo, teve o governador José Serra a sabedoria, mais uma vez, e a sensibilidade, em nome do Estado de São Paulo, de convidá-la a assumir a Secretaria de Estado de Direitos da Pessoa com Deficiência, a primeira do gênero criada no Brasil. Podem aplaudir a Secretaria, podem aplaudir o Governador e a futura Secretária. (Palmas.) Ela teve a grandeza, a humildade de aceitar este cargo porque, com certeza, os 24 milhões de pessoas deficientes do Brasil, cinco ou seis milhões em São Paulo, terão uma vida diferenciada doravante. Muito obrigada, Dra. Linamara.

Queremos, ainda, registrar a presença da Sra. Elizabeth Abi Chedid, secretária-geral do PTB Mulher, representando aqui o nosso grande líder, Deputado Campos Machado. Queremos agradecer, também, à Sra. Brígida Sacramento, que está representando o Secretário Estadual de Relações Institucionais, Dr. José Henrique Reis Lobo. Nosso abraço e nosso carinho a ele.

Queremos registrar a presença do Deputado Olímpio Gomes, este grande homem, que tem grande parte do coração - como falamos carinhosamente - como coração de mulher, e que nunca se furta a estar conosco nos nossos trabalhos, nas nossas solenidades. Muito obrigada, Deputado Olímpio Gomes.

Queremos, ainda, registrar e agradecer se não a presença física, a presença no trabalho, a presença efetiva no compromisso, de mulheres maravilhosas desta Casa, que são as nossas Deputadas Estaduais: Ana do Carmo e Ana Perugini, do PT; Analice Fernandes, do PSDB; Dárcy Vera, do DEM; Haifa Madi, do PDT; Maria Lúcia Amary, líder do PSDB nesta Casa; Maria Lúcia Prandi, do PT, 4ª Secretária da Casa - e muito nos honra ter uma mulher como S. Exa. na Mesa diretora da Casa; Patrícia Lima, líder do PR, que estava se organizando para estar conosco, mas como está grávida 8 meses e meio - vai ter seu primeiro bebê, que é uma menina - pediu que eu transmitisse a todos o seu carinho e a sua alegria de ser mãe e mulher; e Rita Passos, líder do PV, grande deputada e grande mulher.

Essas mulheres estão conosco de alguma forma. Hoje é sexta-feira, dia de grande atividade para os parlamentares, dentro ou fora desta Casa. Cada uma mora em uma região: Itu, Guarujá, Mauá, Sorocaba. Todas estão viajando para atender os reclamos, os pedidos, as reuniões em suas regiões. Por isso as deputadas não estão fisicamente presentes, mas estão presentes de coração, de forma carinhosa, aplaudindo cada mulher que aqui está recebendo a homenagem, e também todas as participantes.

Peço desculpas, mas quero registrar, com muito orgulho também, a Deputada Vanessa Damo, do PV, a deputada mais jovem desta Casa. Tive o privilégio de ser deputada na mesma época do Deputado Leonel Damo, pai da Vanessa, que hoje é prefeito do município de Mauá. Ela ia ao meu gabinete junto com o senhor seu pai, quando era muito jovem, menina. E me recordo de muitas vezes ter-lhe oferecido bombons ou chocolate. Brinco com ela dizendo: Deputada, aqui a senhora pode me chamar do que quiser - ela não faz oposição, mas se tiver algum projeto, tem toda liberdade de fazer oposição - mas não pode me chamar de tia. Já fizemos esse bom acordo. A Deputada Vanessa Damo é ainda muito jovem, mas uma grande mulher.

Convido todos para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do 1º Tenente Músico PM Clébio de Azevedo.

 

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-  É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Esta Presidência agradece, muito, a presença da Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Muito obrigada, senhor regente e todos os membros da Banda, todos os policiais militares.

Permita-me fazer uma rápida saudação, dizer aos senhores que São Paulo agradece vossa presença no Estado, pelo vosso trabalho, pela força, e coragem, da Polícia Militar.

Uma salva de palmas. Pode aplaudir fortemente a nossa Polícia Militar, formada por homens e mulheres. São cerca de cem mil homens e mulheres, que integram esta corporação.

Quero aproveitar, e deixar na pessoa do nosso tenente músico, o Sr. Azevedo, essa nossa gratidão.

A Polícia Militar do Estado de São Paulo é uma das grandes, fortes, e respeitadas, e tem que ser, instituições do nosso Estado. São homens e mulheres, tenente, que suas vidas colocam, diariamente, literalmente falando, o peito à frente de nossas vidas, para cuidar, para organizar e sobretudo, para defender nossa população.

E já que estamos hoje comemorando o “Dia Internacional da Mulher”, não poderia deixar de chamar também a boa atenção para as mulheres que estão na nossa Polícia Militar, que até pouco tempo atrás era formada somente por homens, assim como o nosso Exército Brasileiro.

E, hoje, as mulheres também fazem a diferença.

Mas agora, sem dizer homem ou mulher, mas dizendo corporação, registrar o papel sério desta nossa instituição, que muitas vezes, tenente, confundido por alguns dos membros que por ali passaram, ou entraram, de forma equivocada ou criminosa, e que não atuam de acordo com a farda, e a honradez que merece a polícia, alguns que fazem coisas erradas ou criminosas, e acabam maculando e manchando o manto sagrado que a Polícia Militar tem que cobrir todos os dias.

Quero aqui dizer que nós, mulheres, entendemos o papel, respeitamos, e aqueles que não souberam honrar essa instituição não eram policiais militares. Eles apenas, por alguma dificuldade naquele momento, acabaram tendo a permissão de usar a farda, e não souberam honrá-la. 

Mas a policia, enquanto instituição, é um dos grandes institutos que merecem nosso respeito.

Portanto, mais do que a beleza do Hino Nacional, que faz com que todos nós paremos um pouco para pensar o que significa a nossa pátria, a nossa bandeira, o nosso hino, mais do que isso, todas as vezes que a Polícia Militar, através do senhor, ou de outros, entoa o Hino Nacional com música, vemos também a sensibilidade do coração dos policiais.

O policial é ostensivo. É obrigação; está na lei. Mas ele também é ser humano, ele também respeita, também tem sentimentos, e também sabe amar.

Uma salva de palmas à nossa Polícia Militar, e parabéns. (Palmas.)

Queremos agora, com muita honra, convidar o nosso nobre Deputado Olímpio Gomes para fazer uso da palavra. Uma salva de palmas ao Deputado Olímpio Gomes, que é um grande homem, e que falará aqui em nome de todos os Deputados desta Casa.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PV - Minha grande amiga e espelho nesta Casa, Deputada Célia Leão, minha amiga também, Vereadora Myryam Athie, grande lutadora, literalmente, na nossa Câmara Municipal, onde já tive oportunidade, até, de ser ouvido em comissões de temas extremamente agudos, vi o quanto esta Vereadora é independente, e lutadora. Dra. Linamara, os meus respeitos, os meus cumprimentos. E que a senhora tenha toda a sorte nessa empreitada histórica no nosso país, mas que o Governo teve a sensibilidade de buscar alguém, realmente, profissional e comprometida há tantos anos, quanto a senhora, na luta pela dignidade da pessoa deficiente.

Esta Casa, alguns dias atrás, nada mais fez que a sua obrigação de aprovar a criação da Secretaria da Pessoa Portadora de Deficiência. Mas a concretização disso, a estruturação dessa Secretaria requer força, espírito e luta, que tenho certeza absoluta, são requisitos que V. Exa. tem de sobra para conduzir esse trabalho.

Às mulheres aqui presentes, às mulheres que acompanham a TV Assembléia neste momento, aos senhores aqui presentes, não poderia deixar de comparecer  a esta solenidade que a minha amiga Deputada Célia Leão teve a felicidade de convocar para esta Casa, por algumas razões, e nenhuma delas de ordem política pessoal, mas razões de reconhecimento de fato.

Comecei o dia hoje tomando bronca de uma mulher às 5 horas e 45 minutos, quando fui acordar minha filha, Mariana, de 13 anos, para ir à escola, depois da mãe, e assim por diante, pessoas que realmente fazem com que a minha vida tenha sentido. Mas ao me lembrar do papel da mulher, e aqui no Parlamento, não poderia deixar de lembrar o quão distante nosso país ainda está de dar à mulher a igualdade de condições, em todos os aspectos da vida social. Na participação política, no mercado de trabalho, nas atividades sociais.

Vi um dado, com muita tristeza esses dias, sobre a participação da mulher no Brasil, proporcionalmente ainda é menor do que no Iraque, para nossa tristeza. Onde temos a mulher atuando, na participação política, como nesta Casa, onde temos 11 Deputadas hoje, sentimos exatamente a condição, a força, a abnegação ao trabalho, a responsabilidade, que muitas vezes sentimos falta em companheiros do sexo masculino.

Mas não poderia deixar de vir aqui prestigiar um evento da nobre Deputada Célia Leão, na pessoa de quem não tenho a menor dúvida, não por presidir esta solenidade, não por ser a pessoa pública que é, mas que representa, na minha visão, a mulher brasileira, a mulher paulista, a mulher no Parlamento. E digo isso sem espírito de bajulação. Durante o recesso parlamentar, eu que sou Deputado de primeiro mandato, estou aprendendo as coisas nesta Casa, vinha, nas minhas atividades de atendimento ao público, ou de acompanhamento de projetos, e raras vezes, encontrei Deputados nesta Casa durante o recesso parlamentar. E na maioria das vezes encontrava a Deputada Célia Leão na Casa, atendendo pessoas.

Quando a Deputada disse da distância das Deputadas, que não estão presentes, mas estão presentes de espírito, a Deputada Célia Leão, na sua humildade, só não disse que é a Deputada que mora mais distante, mas que está sempre presente em todos os atos da vida parlamentar, ou dando, realmente, um suporte que faz com que, o papel da mulher seja motivo de orgulho para a mulher brasileira.

Quando a nobre Deputada disse a respeito do papel da Polícia Militar, não foram palavras de um discurso, são ações que ela pratica o tempo todo, como me dizem o tempo todo policiais, principalmente da região de Campinas, que é a região da Deputada Célia Leão. E até dizer, minha cara Deputada Célia Leão, demais Deputadas, mulheres, mesmo o nosso Estado ainda tem muito preconceito a romper em relação à mulher.

E esta Casa pode ter um papel importante. Vocês no papel de líderes, aonde possam estar, na área política, social, econômica, encontram preconceitos que precisam ser quebrados. Votamos no final do ano passado nesta Casa um projeto de lei encaminhado pelo Governo que migrou, mudou algumas vagas do quadro masculino de oficiais tenentes da Polícia Militar para o quadro feminino. Somente 25 vagas, porque o quadro de oficiais de polícia feminina ficou parado ao longo do tempo por questões eivadas muitas vezes de preconceitos.

A minha organização, Polícia Militar, precisa abrir também a legislação de forma completa a uma participação mais igualitária da mulher. Hoje já temos, no quadro da Polícia Militar, oito mil policiais femininas e apenas três coronéis de polícia feminina diante de um quadro de 51 homens.

Temos na Constituição do Estado, quando trata da segurança pública, uma previsão, ao meu ver preconceituosa, que só pode ser comandante geral da Polícia Militar, ou chefe da Casa Militar, oficiais do quadro de oficiais de Polícia Militar, ou seja, homens, vedando a oficiais do quadro de polícia feminina, um preconceito hoje descabido na modernidade, na capacidade e até no desempenho da mulher em todas as funções e atividades.

Então nesse dia vamos comemorar algo que deveria ser respeitado em todos os dias do ano. Nesta Casa Legislativa, pensemos exatamente em quebrar preconceitos, aprimorar a legislação. Assim como o Estado de São Paulo, de forma inédita, cria a Secretaria da Pessoa Deficiente Física, também deveria buscar modificações no nosso texto constitucional em relação ao papel da mulher policial, da carreira da mulher policial. Aliás, a nossa Constituição entendeu de não reconhecer mais a dupla jornada da mulher policial, aumentando o tempo mínimo de passagem para a inatividade da mulher policial, conservando a condição especial em algumas categorias profissionais, como da Educação. Precisamos também lutar para restaurar essas falhas porque em alguns momentos, pensando-se mais em economia de recursos previdenciários, não se deu à mulher policial a mais justa e igual condição de outras categorias profissionais.

Desejo então, pensando em todas as senhoras e senhoritas, que realmente cada vez mais se amplie o número de dias que possam ser motivo de comemoração como um dia dedicado à mulher. Saibam que nesta Casa, na figura da Presidente destes trabalhos, vocês e a sociedade têm uma defensora, símbolo de luta para tudo. Acompanhei pari passo a luta da Deputada Célia Leão para fazer com que esta Casa deixasse de lado questiúnculas político-partidárias e fizesse votar essa necessária criação da Secretaria. Como mulher, como mãe, como parlamentar, como deficiente física um exemplo de vida a todos nós.

Parabéns a todos vocês, parabéns pela iniciativa, Célia. Que Deus abençoe vocês e que vocês continuem fazendo pela sociedade paulista simplesmente o que já fazem.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Obrigada, nobre Deputado Major Olímpio. Recebemos as palavras de V. Exa. com muita emoção, com muita honra, com muita alegria, principalmente vindo de um homem como o senhor. Sabemos que não é somente uma fala, mas um compromisso com as mulheres.

Muito obrigada. E convidamos V. Exa. a permanecer conosco para nos auxiliar na entrega das homenagens.

Antes de fazer as homenagens, que não vai demorar muito porque nossa sessão tem horário para terminar, várias pessoas têm compromisso, inclusive nossa grande, maravilhosa Vereadora Myryam Athie que tem depois um compromisso com uma rede de televisão, gostaríamos aqui de dizer que a sociedade é feita por todos, homens e mulheres, brancos e negros, ricos e pobres, gordos e magros, enfim por todas as pessoas, de todas as classes sociais. Ficamos muito felizes quando podemos participar com plenário e galeria basicamente cheios nesta Casa numa sexta-feira de manhã porque sabemos que os parlamentares têm suas obrigações de trabalho e de compromisso nas diversas regiões do Estado. Sabemos também que as senhoras e os senhores as têm e deixaram por um tempo essas obrigações para estarem conosco nesta homenagem.

Então queríamos aqui registrar com muita honra, também de forma indireta mas dizer que esteve conosco em toda a preparação, o Deputado Davi Zaia que justifica a sua ausência; Deputado João Caramez, desta Casa; Deputado Rafael Silva, um grande batalhador e que inclusive foi um dos grandes incentivadores e que tinha um projeto de lei também de criação da Secretaria da Pessoa com Deficiência, em que a Dra. Linamara estará à frente; Deputado João Mellão; todos os 14 líderes da Casa que justificaram suas ausências; e ainda aqui no nosso plenário, com muita honra, a presença de um grande grupo de mulheres que merece o nosso carinho, o nosso respeito, um grupo que veio de Guaianazes para estar conosco junto com nosso grande líder, Paulinho; também uma equipe de Ferraz de Vasconcelos que está sempre presente, junto com o Sr. Ismael de Oliveira, um grande líder de Guaianazes e de Ferraz de Vasconcelos (Palmas.) que merece o nosso aplauso, nosso agradecimento porque se as cidades estão melhores têm a mão e o coração dessas pessoas.

Dando continuidade, então, aos nossos trabalhos, deixem-me ser muito justa e honesta como sempre buscamos ser na vida: esta sessão solene, num primeiro momento, ia ser convocada por todas as parlamentares da Casa. Mas depois, por uma série de atividades que cada uma foi assumindo, houve uma certa dificuldade. Aí a Deputada Maria Lúcia Amary, que é da região de Sorocaba, também havia feito esta convocação. Mas ela teve uma dificuldade na data de hoje para poder manter o convite e nos pediu que então fizéssemos esta sessão. Conversando com a nossa assessoria e nossa Secretaria, e particularmente com a Vereadora Myryam Athie, assumimos este evento, que mais do que um evento é um marco na história da Assembléia, na história de São Paulo.

Acabei tendo o privilégio, além de conduzir, de também convocar e organizar junto com nossas assessorias esta sessão solene, porque sem elas esta sessão não sairia. Portanto, hoje para mim é um presente. Não sou eu quem está dando ou fazendo homenagens. Na verdade, tenham a certeza todos vocês de que sou eu quem está sendo a maior homenageada, aquela que tem recebido desta Casa e hoje com vocês este grande momento.

Faremos agora as nossas homenagens. Algumas homenageadas não estão presentes, por razões já sabidas, mas queremos da mesma forma fazer esta homenagem porque são pessoas que fazem a diferença no nosso Estado de São Paulo.

Vou chamar a representante, a Sra. Sônia Maria Carneiro, que vem receber em nome da Dra. Mariazinha - talvez vocês aqui da Capital não a conheçam. Nascida em Bebedouro, estabeleceu-se em Campinas definitivamente em 1939. Faz parte da Cruzada das Senhoras Católicas; coordenou a Campanha para a construção da nova maternidade de Campinas. Iniciou as campanhas para a Casa da Criança Paralítica; em conjunto com Dr. Domingos Aldemar Boldrini, Celina Duarte e Dr. Jamil Abrahão e pessoas da sociedade formaram a equipe "Tudo é Brasil" e o famoso "Livro de Ouro", existente até hoje sob seu comando. Atuou em prol do Hospital Álvaro Ribeiro, creches e a favor dos patrulheiros. Foi homenageada com a medalha "Ana Nery da Sociedade Brasileira de Educação" e eleita "Mulher do Ano" com o General Gustavo Moraes Rego Reis em Campinas, em 1977, Prêmio Andorinha e Vice-Procuradora na Catedral de Campinas.

  Trabalha com crianças e adolescentes. O currículo dela é muito extenso. Quero, embora ela não esteja presente fisicamente, dizer que a Dra. Mariazinha está com 95 anos. Ela caminha e tem um trabalho até hoje nas comunidades. Ela cuida de crianças em creches. É uma mulher respeitadíssima na nossa cidade.

Por causa da viagem até São Paulo, num trânsito de sexta-feira, que hoje está com 158 quilômetros de congestionamento nas nossas Marginais, nós poderíamos levar a homenagem a ela, mas aqui recebemos com muito carinho a vinda de uma mulher que faz a diferença. (Palmas)

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - O Deputado Olímpio Gomes vai ter que sair porque tem um programa de rádio. Nós entendemos e agradecemos.

A próxima convidada justificou a sua ausência, mas ficou muito honrada em receber. Fico feliz porque esta Sessão é suprapartidária. Com certeza todos vocês já perceberam isto. As nossas 11 parlamentares, de diversos partidos, já foram nomeadas, e portanto não têm conotação político-partidária as mulheres.

Essa mulher que vai receber o prêmio agora fez uma história para São Paulo. Teve um trabalho muito importante, não só o seu nome, mas o seu gesto. Chamamos o Sr. Sílvio Lino, assessor do Gabinete da Deputada Rita Passos, para receber, com muita honra, a homenagem que fazemos na Assembléia para a Sra. Ika Fleury - esposa do ex-Governador de São Paulo, esposa do Deputado Federal Luiz Antonio Fleury Filho -, vice-Presidente voluntária da AACD e Conselheira do Conselho Consultivo da Fundação Dorina Nowill, onde também é Diretora Voluntária.

Chamamos o Sr. Sílvio, para levar esta homenagem a ela, com os nossos aplausos. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Todas as mulheres homenageadas aqui sintetizam um pedacinho, ou um pedação, do valor das mulheres do nosso Estado de São Paulo. De forma indireta, estamos homenageando todas as mulheres. Mas a Assembléia tinha que pinçar algumas, porque não há como fazer com 40 milhões de habitantes, sendo 25 milhões de mulheres no Estado de São Paulo, esta homenagem. Então, as convidadas são algumas que marcam a história de São Paulo, a história do Brasil, a história da nossa sociedade.

Fico muito honrada e emocionada. Microfone para mim é uma coisa comum. Vivo no Parlamento há quase 20 anos e com muita honra estamos cumprindo nosso sexto mandato de vida parlamentar. Mas é como se hoje fosse a minha primeira sessão, porque somos tomados pela emoção ao vermos um plenário repleto de pessoas comprometidas com esta causa.

E são pessoas que fizeram a história, pessoas que nos são mestras, que nos orientam e nos ensinam, a qualquer tempo. Convido essa mulher, que é especial, pela sua trajetória, porque até hoje continua lutando, porque acredita na sua força interior, que todas nós temos. Ela é especial porque ela nos mostra, com gestos e trabalhos, que dificuldades não podem ser a justificativa de a mulher não fazer alguma coisa, ou muita coisa.

Estou falando de uma mulher que nasceu em São Paulo, em 1919. O fato de ela ter ficado cega não mudou a sua vida. Com a participação de outras normalistas da Escola Normal “Caetano de Campos”, percebendo a carência de livros em Braille no Brasil, criou a Fundação do Livro para o Cego no Brasil, desde 1990. Fez inúmeras palestras. Orientou mestres, professores e doutores na área de pessoas com deficiência, particularmente na visual. Além de ser a Presidente de honra da Fundação Dorina Nowill, é Emérita, uma das fortes militantes no trabalho. Ela não é uma Presidente que vai lá vez por outra; é uma pessoa presente, que trabalha diuturnamente por uma sociedade melhor.

Se tivermos que fazer honra a uma mulher forte e corajosa, destemida e vencedora, não podemos pensar em outra que não na Profª Dra. - ela não gosta que seja chamada assim - então, na nossa amiga Dorina Dowill. (Palmas.) O plenário está repleto, bonito, de mulheres sempre coloridas, perfumadas e de batom. O plenário está de pé, recebendo a nossa Professora amiga, o que muito nos honra neste momento, na Presidência dos trabalhos.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Ela é sempre uma emoção, uma beleza. Muito obrigada, Dorina.

A assessoria me perguntou agora por que não tínhamos colocado a Dorina aqui em cima, para facilitar. Eu disse: “mas se nós podemos complicar, para que facilitar?” É exatamente com esse objetivo: mostrar que barreiras, seja de distância, seja de escada, mesmo para alguém que não enxerga, podem ser superadas. Já superou tantas barreiras na vida, vitoriosa que foi, supera também para receber os seus méritos.

Chamamos agora, para receber, em nome de uma outra grande mulher, a Sra. Ana Maria, para receber a homenagem, em nome da Sra. Celina Coutinho, que é formada em Direito pela PUC/SP, e na área Técnica em Contabilidade, possui 27 anos de experiência no gerenciamento das áreas contábil e fiscal. Diretora Social do Sindicato dos Contabilistas, Coordenadora da Comissão Mulher Contabilista, instituída pelo CRCSP - Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo, trouxe para São Paulo a Comissão Nacional da Mulher Contabilista, onde atua como Coordenadora. Conselheira e Vice Presidente de Registro do CRCSP Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo, sendo a primeira mulher eleita, ainda é Juíza Contribuinte do Tribunal de Impostos e Taxas de São Paulo e também indicada, em 2008, para representar o Conselho Regional de Contabilidade no CODECON - Conselho Estadual de Defesa de Contribuinte.

Muitos homens pensam que não, mas a mulher também entende de números. Sabe fazer a coisa contábil, sabe cuidar da questão fiscal. Portanto, a Dra. Celina Coutinho recebe a homenagem agora, na pessoa da nossa querida Ana Maria. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Muito obrigada à Dra. Celina, que vai receber através da nossa representante, a Ana Maria.

Chamo agora, para receber a sua homenagem, a Sra. Sileni Monteiro de Arruda Rólla, socióloga, atuou como Conselheira e Presidente da Diretoria Executiva do Clube Paineiras do Morumby, Vice-Presidente de Comunicação da ACESC - Associação de Clubes Esportivos e Sócio-Culturais de São Paulo, Membro do Movimento Mulheres de Verdade e da Liga das Mulheres Eleitoras do Brasil – LIBR, (Palmas.) Podem aplaudir porque isto aqui é só um pouquinho do currículo do que essas mulheres podem e têm feito por São Paulo e pelo Brasil.

Obrigada, Sileni Monteiro Arruda. Venha receber esta homenagem da Assembléia Legislativa pela sua atuação na sociedade de São Paulo.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Pediremos que a nobre Vereadora Myryam Athie, uma grande mulher, faça a entrega da homenagem à Dra. Adelina Silveira de Alcântara Machado, uma grande lutadora.

É bem verdadeiro o que diz o ditado: “Não existe ninguém tão pobre que não tenha nada a dar, e ninguém tão rico que não tenha nada a receber”. Na nossa sociedade todos têm de estar junto para construirmos uma sociedade melhor. As pessoas têm de participar.

A Dra. Adelina Silveira de Alcântara Machado é uma grande mulher. Nasceu no Rio de Janeiro, cursou Sociologia e Política na PUC/RJ. Empresária do ramo de jóias, jornalista e editora de várias colunas em diversos jornais. Atuando como Presidente, Diretora e Conselheira de várias Associações e Federações, entre elas, Abracos (Associação Brasileira dos Colunistas Sociais), Fiesp, Ciesp, Rotary, Fundação Dorina Nowil, BPW Brasil (Business Professional Women of Brasil), Associação Comercial de São Paulo, Liname (Liga Nacional das Mulheres Eleitoras), OBME (Organização Brasileira de Mulheres Empresárias), OPS Alcântara Machado Publicidade Virtual, recebeu no ano de 2006, da ONU, o título de Embaixadora da Paz no Brasil.

Quero dizer que tenho um grande orgulho em poder chamar essa grande mulher, Dra. Adelina, de minha grande amiga.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Convidamos a Dra. Linamara Rizzo Battistella, para que faça a entrega da homenagem à Sra. Deise Benedito, Presidente da ONG FALA PRETA, que tem por objetivo promover o desenvolvimento humano sustentável e lutar contra todas as formas de discriminação e violência, especialmente a racial e de gênero. A ONG trabalha dando apoio e orientação ao bem estar físico e mental das mulheres negras da periferia de São Paulo.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - As homenageadas foram escolhidas a dedo, no sentido de mostrar o que é possível uma mulher fazer. Gostaríamos, como disse, de homenagear todas as mulheres, mas não é possível. No entanto, essas representam a altura e a grandeza da mulher.

A próxima homenageada é uma pessoa incansável. Não sei o que ela faz na vida a não ser trabalhar. Eu a conheço há alguns, e sei que ela trabalha em prol das pessoas, do desenvolvimento da sociedade, através do trabalho da vida pública e de seus municípios.

Dalva Christofoletti nasceu em Rio Claro, é formada em Pedagogia e com inúmeros outros cursos no Brasil e no exterior, foi professora universitária por muitos anos, lecionando Psicologia, Administração e Recursos Econômicos, dentre outras matérias, especializando-se em gestão pública municipal.  Presidente da ABRAMAPOS - Associação Brasileira de Mulheres de Ação Política e Social - e faz parte da Confederação Nacional de Municípios.  Membro do Conselho Consultivo da ADVB - Associação de Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil.

Mais do que isso, nossa querida Dalva Christofoletti é reconhecida como uma das mulheres que muito contribuem para o desenvolvimento do Estado de São Paulo. Quem não conhece Dalva Christofoletti tem de conhecê-la com urgência, e quem a conhece sabe o que estou falando. Dalva Christofoletti está como secretária na Associação Paulista de Municípios há 50 anos, ou seja, desde o início da Associação. Se a APM deu certo foi porque contou com 90% da competência, coração, consciência, luta e trabalho de Dalva Christofoletti.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Quero dizer que talvez as senhoras e os senhores não percebam certas coisas que nós, aqui de cima, temos o privilégio de sentir: mão transpirando, braço arrepiado, voz embargada, olhos lacrimejando, às vezes, até um soluço.

Como disse a Vereadora Myryam Athie, é isso que faz a diferença. É a sensibilidade, o coração, além de inteligência, competência, cultura. Essa emoção - não estou aqui para falar dos homens -, a mulher tem muito mais que o homem, até porque Deus assim o fez. Qualquer reclamação tem de ser feita no departamento ao lado, com Deus. 

Chegando ao final das homenagens, quero dizer que as coisas não acontecem sozinhas. Deus abençoa tudo sempre. Como Ele é Deus, não é humano, perdoa coisas que nós, humanos, jamais perdoaríamos: violência, crime. O único pecado que Deus não perdoa é o da omissão, como consta na Bíblia. Mas Deus, na sua grandeza, não faz as coisas sozinho. Ele permitiu que hoje na terra vivessem 6,5 bilhões de pessoas, de todas raças, etnias, profissões de fé, culturas, mas é a mão humana que age, que transforma.

As coisas não acontecem sozinhas. Não temos competência física, capacidade mental e espiritual, porque vivemos 100 anos, quando lá chegamos. Não temos condições temporais de estar perto de todas as mulheres e conhecê-las por inteiro. Perdemos muitas coisas, mas algumas temos o privilégio de estar perto, sorte de cruzar o caminho.

Se alguém me perguntar como a conheci, não sei dizer. Onde a conheci, não lembro. Como foi? Vou ter de inventar. Como não gosto de mentir ... Só, de vez em quando, umas mentirinhas bem pequenas que não fazem mal a ninguém. Mas a verdade é que eu tive esse privilégio. Nunca a vi - e sei que ela tem problemas, como todos temos - sem um sorriso no rosto, nunca a vi despreparada para qualquer momento. Nunca a vi deselegante, desanimada, triste por certas vezes estava, mas nunca demonstrou. Trabalhando sempre por tudo e todos, ajudando aqueles que precisam de ajuda, enaltecendo aqueles que merecem e brigando com aqueles que precisam ser chamados à atenção. É uma mulher fantástica. Se me perguntarem agora, perdoem-me o atual momento, a minha ignorância até por emoção, não sei o partido político dela, não me faz diferença. Digo que ela nunca pode concorrer ao cargo que eu concorrer, pois periga eu votar nela e não em mim. Tenho essa preocupação.

Ela é paulistana, advogada, vereadora pelo PDT - acabei de ler - exercendo o terceiro mandato na Câmara Municipal de São Paulo, tendo ocupado consecutivamente a segunda vice-Presidência e a segunda Secretaria da Mesa Diretora, além de desenvolver um grande trabalho, com uma série de leis já aprovadas e outros projetos de lei apresentados, visando melhoria da qualidade de vida da população paulistana, promovendo a plena cidadania e muito mais feitos que não coloquei no papel: ela é gente, ela é uma mulher fantástica, ela é linda por fora, mas mais do que isso, por dentro, porque ela vive em função do próximo. A vida dela é a vida do ser humano que está ao seu lado. Essa é a nossa Vereadora Myryam Athie, que recebe agora com muita simplicidade um diploma para dizer a grande mulher que ela é. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Estou tendo a alegria de saber que está conosco o Deputado João Barbosa. Seja bem-vindo. (Palmas.)

Myryam Athie, esta homenagem, esta Sessão Solene tem muito a ver com você. Tem seu coração, seu trabalho, seu empenho, até o bolo e o cafezinho. Uma salva de palmas para essa mulher maravilhosa. (Palmas.)

Existe um velho ditado que diz que quem dá bala ao nosso filho adoça a nossa boca. Quero dizer para a Sra. Zeni Athie que essas palavras são do coração, são palavras verdadeiras. A senhora tem uma filha que merece o nosso respeito. Uma salva de palmas para a mãe da Vereadora Myryam Athie, parabéns pela filha! (Palmas.)

Deputado João Barbosa, V. Exa. está sentado ao lado da futura Secretária da Secretaria de Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, Linamara Rizzo Battistella. Deputado, V. Exa. está sentado ao lado de uma grande mulher.

Não havia nem o convite pelo governador, nem o aceite pela própria Dra. Linamara quando a Assembléia pensou em convidar algumas mulheres para receber essa homenagem e o nome da Dra. Linamara foi de pronto pensado e aclamado para que recebesse essa homenagem.

Estou na vida pública há 20 anos, Vereadora Myryam Athie. Estou nesta cadeira de rodas, que não é problema para a minha vida, porque a cadeira é minha amiga, um pedacinho de ferro bonito. (Palmas.) Equipamentos como esse ajudam as pessoas que precisam a ter liberdade. Ter uma deficiência não é a melhor coisa do mundo. Mas também tenho que dizer que não é a pior coisa do mundo. Aprendemos a viver de outras maneiras com as dificuldades que temos, não importa. Ela é médica e fisiatra, cuida e socorre num primeiro momento, das pessoas que têm deficiência. Quero dizer que quando fiquei deficiente fiquei triste, claro. Uma mudança radical de uma situação física entristece a família. Mas Deus existe na nossa vida, Ele é tão presente, tão bom e tão grande, que nunca nos desampara. O grupo de Guaianazes sabe disso, as nossas mulheres que estão aqui sabem disso.

Quando fiquei paraplégica, eu tinha 18 anos. Faz 33 anos. Foi num acidente de automóvel. Tenho que falar isso para fazer essa homenagem. Naquele momento, embora com tristeza e dificuldade, a família, papai, mamãe, meus dois irmãos - só tinha eu de filha - é um momento difícil, mas depois a vida, Deus e os amigos nos ajudam e nos ensinam. Aprendi, minha querida Myryam Athie, que quando perdi a possibilidade de andar, que é legal, é bonito, é rápido, é o natural da vida. Deus nos faz com normalidade. E minha querida Dorina sabe do que estou falando. Enxergar é melhor do que ser cego, é lógico. Ter duas pernas é melhor do que não ter nenhuma. Ouvir é melhor do que ser surdo. Isso até vira brincadeira, mas é verdade.

Mas uma coisa aprendi. E vocês mulheres, cada um tem uma atividade, uma luta pela vida, vão nos ensinando a cada dia. Naquele momento aprendi que perdi só o acessório. Confesso a vocês que esses 33 anos numa cadeira de rodas vão nos ensinando. E ensinam muito. Se vamos a uma festa e colocamos um brinco, vamos mais bonitas para a festa. Mas se não colocamos o brinco, ou porque esquecemos ou porque não temos dinheiro para comprar, não vamos tão enfeitadas, mas também vamos à festa. A festa é o principal, o brinco é o acessório. Se tiver o brinco, vai; se não tiver, também vai. Mas se não tiver a festa, não tem festa. Quando deixei de andar, Dra. Linamara, falo com verdade de coração, aprendi uma coisa, perdi só o acessório, porque ficou o principal. Só deixei de andar, mas o principal ficou, que foi a vida. E essa vida me permitiu inclusive andar de cadeira de rodas. A cadeira de rodas é linda, ela é a liberdade para a vida, ela me permite ser gente, ela me permite ser mulher, tanto que como mulher eu me casei, achei um marido muito bacana - portanto nenhuma de vocês desista nunca. Além disso, Deus é tão maravilhoso que ainda me permitiu ser mãe, e mãe de três filhos maravilhosos. Hoje o Rodrigo tem 20 anos, o Diogo tem 17 e claro, quem manda em casa é uma mulher, que tem 13 anos. Óbvio. E nasceram de partos normais.

Além disso tudo, pude ter o privilégio e a bondade da sociedade, João Barbosa, de poder representar o povo, que só por bondade nos coloca aqui, só por confiança nos coloca aqui como representantes do povo. Hoje ainda cuido da minha mãe com 85 anos. Tenho amigos e amigas. Enfim, eu tenho a vida. Agora, tudo isso só foi possível porque pessoas abnegadas na vida, que estudam muito, que enquanto vamos à praia essas pessoas se debruçam em livros o tempo todo, ficam lendo, aprendendo, fazendo provas, passando em cursos, sendo professores, fazendo mestrado, fazendo doutorado, fazendo pós-doutorado, saindo do Brasil com sacrifício, largando família, aprendendo, tendo mais cultura do que a média da população, tendo mais aprendizado do que a média da população, não para ser mais importante, mas para socorrer as pessoas. Essas pessoas têm de ser reconhecidas. São elas que abnegadamente se vestem de branco para ajudar a sociedade. Costumo dizer, até porque já li e minha religião me permite acreditar nisso, sou cristã, que anjos vivem no céu, mas quero dizer que alguns estão na terra.

A Dra. Linamara Rizzo Battistella é médica fisiatra, professora do Departamento de Medicina Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Diretora da Divisão de Medicina de Reabilitação do Hospital das Clínicas - FMUSP, Vice- Presidente da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação - ABMFR e Presidente da Sociedade Internacional de Medicina Física e de Reabilitação - ISPRM, Membro do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE - e coordenadora do Grupo de Humanização do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Isso é um pedacinho dela.

A verdade é que ela é uma mulher bem casada, com uma família organizada, bem quista na sociedade, reconhecida internacionalmente, e bonita como a minha vereadora e grande líder. Ela é bonita mesmo, é só olharmos para vermos que é bonita. Ela é bonita por fora e por dentro.

Pergunto: por que uma mulher como ela tem que se dedicar a causas que muitas vezes, Deputado João, as pessoas passam do lado, não dão atenção? Ela me faz lembrar uma pessoa que não está entre nós e que não tive o privilégio de conhecê-la pessoalmente. Essa pessoa cuidava de pobres, cuidava de bêbados, cuidava de hansenianos literalmente apodrecendo nas ruas. Essa senhora foi condecorada mundialmente pela paz e cuidava das pessoas desvalidas, dos bêbados, daqueles que ninguém olhava como gente. E isso é verdade. Um dia, um senhor bem vestido chegou para a Madre Teresa de Calcutá, que limpava as feridas de um homem na rua, e disse-lhe: “É impressionante, Madre Teresa. Eu não faria o que a senhora faz. Todos os dias, a vida inteira, a senhora só fez isso. Eu não faria isso por dinheiro nenhum.” Madre Teresa de Calcutá olhou para ele e disse: “Eu também não.” Assim ela fez. (Palmas.).

Fico-me perguntando, cada uma com a sua missão: “Por que a Dra. Linamara tem que fazer essas coisas? Ela não precisava.” Mas a vida dela é cuidar de gente que precisa, de gente carente, de gente pobre, de um grupo da sociedade que ninguém cuida, talvez hoje um pouco mais, mas como regra ninguém cuidava, que são as pessoas com deficiências. Além de tudo tenho o privilégio de ela ser a minha médica. É verdade que sou a paciente que mais fujo, pois a última vez que fui consultar-me com ela foi há quatro, cinco anos. Nunca mais voltei para ver a minha osteoporose. Levo bronca. Vou voltar, não deu tempo ainda. Mas ela fica em cima daqueles que ela quer ver cuidados, que é a nossa sociedade.

Por tudo isso, Linamara, você não poderia ficar hoje sem receber uma grande homenagem por ser uma grande mulher de São Paulo, do Brasil e do planeta Terra. Parabéns! Receba das minhas mãos, da Myryam Athie e da nossa querida Dorina Nowill essa premiação. (Palmas). Podem aplaudir porque essa é nossa amiga.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Não há dificuldades, não é, minha gente? Quando se quer, a gente faz, não é assim?

Ouviremos, agora, as palavras da minha grande Myryam Athie, do Deputado João Barbosa, que quer deixar um carinho e um abraço a todas nós, e da nossa futura Secretária, Dra. Linamara.

Antes de passar a palavra a eles, quero dizer uma coisinha a vocês. As mulheres que fazem, aparecem. Aparecem porque o jornal faz entrevistas, aparecem porque a televisão faz entrevistas, aparecem porque são homenageadas. Muitas que fazem nesse Plenário, não estão sendo homenageadas agora por falta de tempo, mas também fazem. As mulheres tanto de Guaianazes, como de Ferraz de Vasconcelos, que estão nas galerias são maravilhosas porque lutam por uma sociedade melhor com as dificuldades da sua família, dos seus filhos. Assim como as mulheres do Tatuapé. Uma salva de palmas para Tatuapé! (Palmas.). Vamos saudar também Itaquera, Belém! (Palmas.). Não consigo lembrar de todos os nomes de cabeça, mas daqui a pouquinho me lembrarei.

Assim, Deputado João Barbosa, essas mulheres que fazem, acabam aparecendo por conta da atividade do dia-a-dia. As nossas donas de casa fazem muito o tempo todo: lavam, passam, cozinham, cuidam do marido e dos filhos o dia inteirinho. E chega à noite, o filho, ou o marido diz: “Está cansada? Mas não fez nada. Não trabalhou.” Mas elas trabalham desde às 5 horas da manhã, uma coisa maluca!

As mulheres são maravilhosas e fico feliz porque há homens no plenário, Myryam Athie. Fico feliz, primeiro, pelo respeito dos homens estarem conosco. Precisamos deles também para uma sociedade de justiça e igualdade. Mas fico feliz também porque já sabemos que somos ótimas e maravilhosas, e eles é que precisam ouvir para depois poderem contar lá fora que somos ótimas e maravilhosas. (Palmas).

Muitas dessas mulheres fazem e não aparecem. Vou falar com humildade para contar história e não para contar o meu currículo. Não é isso. Estou nesta Assembléia no quinto mandato. Cada mandato são quatro anos. Há quase 20 anos estou aqui. Entrei e nem sabia bem onde era a porta. Depois, aprendi. Já fui deputada nesta Casa, quando eram três mulheres. Hoje, são 11. Um Parlamento não é fácil, porque é sempre um lugar de homens. Devagarzinho, as mulheres estão mostrando que também têm competência. Está aqui a Myryam Athie para mostrar que na vida pública e política as mulheres têm que participar.

Nós, Assembléia, e, nós mulheres homenageadas - porque eu também fui, e fazer essa Sessão é ganhar todas as homenagens da minha vida - não poderíamos deixar de homenagear uma pessoa que ao longo da sua vida trabalhou e trabalha muito. Esta Casa só funciona não apenas porque os deputados estão aqui dentro. É claro que é preciso a figura dos parlamentares, mas os assessores ajudam, a Casa ajuda. São muitos os deputados e são muitos os funcionários que precisam nos socorrer.

Então, ela está sempre presente nos bastidores, faz tudo e faz muito há muitos anos. Eu não estava aqui e ela já estava. Ela já socorreu muita gente. Ela já ensinou muita gente. Ela já orientou muita gente. Dra. Linamara, Vereadora Myryam Athie, Dalva e todas homenageadas, esta Casa não faria justiça e não faríamos justiça com as mulheres que trabalham, com as mulheres que honram o gênero que tem - porque Deus confiou a força na mulher - se nesta Casa, hoje, não homenageássemos alguém que iniciou os seus estudos na Cidade de Botucatu, formou-se professora, veio para São Paulo e ingressou na Assembléia Legislativa em 1947. Particularmente, eu não tinha nascido. Ela trabalhou sempre na área legislativa. Foi secretária de três presidentes desta Casa. Na Presidência de Jânio Quadros, foi secretária do Deputado Araripe Serpa, então, Subchefe da Casa Civil, e organizou um trabalho junto ao Congresso Nacional. Sempre foi funcionária da Assessoria Técnica da Mesa, que não falha por causa dela. Trabalha agora na Secretaria Geral Parlamentar, que não falha por causa dela. É uma mulher impecável em cultura, inteligência, sensibilidade e educação. Nunca a vimos nesta Casa sem que estivesse cheirosa, bonita, perfumada e inteligente. É uma mulher que ensina a todos nós sermos bons parlamentares, homens, ou mulheres.

Não levanto porque não posso, mas se eu pudesse ficaria de pé. Assim, gostaria que, de pé, recebêssemos D. Yeda Villas Boas, que é a nossa grande mulher desta Casa! Ela não vai me perdoar nunca, mas dessa vez não quero nem o perdão dela, quero que ela seja homenageada como uma grande mulher. A Assembléia homenageia D. Yeda, que merece! (Palmas.).

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Estávamos programados para terminarmos às 12 horas, acho que vamos conseguir encerrar no nosso prazo. Quero passar a palavra, com muita honra, ao nosso Deputado João Barbosa, que nos honra por estar na nossa Sessão Solene, e é um grande homem. Por favor, deputado.

 

O SR. JOÃO BARBOSA - DEM - Exma. Sra. Deputada Célia Leão; Mesa que compõe essa homenagem gloriosa: Sra. Dorina Nowill; Vereadora Myryam Athie, tão prestigiada pelos seus trabalhos numa Casa tão difícil, como é a Câmara Municipal de São Paulo; Secretária que abrilhanta a Secretaria das Pessoas Especiais, numa tarefa gloriosa e que não podia ser diferente nas mãos de uma mulher, pois a grandeza da mulher não está no tamanho - ela é de estatura baixa -, mas no seu interior; Sra. Linamara Rizzo Battistella. É com muita alegria e prazer que homenageio esta Mesa bonita, e também a todas as mulheres presentes.

Quero primeiro agradecer a Deus pela existência das mulheres; pela minha mãe que, aos 82 anos, tem uma vida saudável e bonita. De vez em quando, ela ainda me dá uns tapas e puxões de orelha, graças a Deus, e fico muito feliz por tê-la viva e forte; pela esposa maravilhosa que está na jornada comigo - completaremos 24 anos de casados no próximo dia 10, e já nos conhecemos há 26 anos. Ela é uma pessoa fantástica e maravilhosa, e peço a ela desculpas em público, pois ainda não tive forças para falar. No dia 1º ela sofreu duas intervenções cirúrgicas e nem pude estar com ela devido a grandes atividades que tive. Ela teve de se deslocar ao estado vizinho para realizar essa cirurgia. É uma grande mulher, forte, e surpreendeu toda a equipe de médicos. Após duas cirurgias, ela recebeu alta no dia seguinte. A previsão era de voltar na quinta-feira, mas voltou na terça-feira. Ela já está em casa, e nem quer ficar deitada - deveria repousar - porque quer me servir alguma coisa, e nós temos de segurá-la na cama.

O que vocês, mulheres, podem explicar a nós, homens, sobre esse poder sobrenatural que emana da mulher? Que força é essa que a mulher tem? Salomão, na sua sabedoria, disse “Mulher virtuosa, quem a achará?” Será que ele diria isso hoje, depois de tantos anos de luta e conquistas femininas? Mas digo a todos vocês a outra parte do provérbio, com a virtude e o poder da mulher que sobrepuja a tudo. Ele disse “Mulher virtuosa, quem a achará?” O valor da mulher sobrepõe as mais finas jóias, excede a tudo. Não existe um grande homem se não tiver uma grande mulher. A maior virtude deste planeta se chama mulher. Um dia, se vocês puderem, gostaria que me ensinassem um pouco esse poder sobrenatural que há dentro de vocês.

Agradeço mais uma vez a Deus pela existência de todas as mulheres, e pedir ao nosso bom Deus, grande e poderoso, para que seja muito generoso com as nossas mulheres. Elas são violentadas, estupradas e agredidas de uma forma estúpida e covarde. Segue também um aviso a todos os homens que se dizem machão e agridem as mulheres. Esses não são homens, coisa nenhuma. Eles deveriam ter um grande respeito a todas as mulheres, principalmente as do Brasil.

Faço parte de um Parlamento maravilhoso: temos 11 deputadas. Passamos momentos difíceis, mas passando pelos corredores desta Casa, sempre ganho um beijo da Sra. Yeda, um monstro de mulher, uma coluna desta Casa, sempre sorridente, dócil e meiga. Sempre que posso, vou lá tomar benção dela. É para mim uma benção ter uma pessoa tão forte nesta Casa.

Neste plenário, nos momentos difíceis de conturbação e tal, eu olho para a Deputada Célia Leão. Quando a vejo enfrentar tudo nesta Casa com elegância, as minhas forças se renovam. Quem convive com esta mulher no dia-a-dia sabe das coisas grandes e valiosas que estão no seu interior. É quase impossível ouvi-la durante duas ou três horas e dizer coisas repetidas. Do seu interior, fluem rios de água viva, minha linda. Que Deus te abençoe, te fortaleça.

Em nome da Deputada Célia Leão, quero cumprimentar a todas as deputadas desta Casa e, em nome da Sra. Yeda, a todas as funcionárias desta Casa, as policiais militares que prestam serviço e a todas que trabalham nesta Casa. Que Deus abençoe a todas as mulheres. Que um dia, se possível, elas governem este país. Isso será grandioso porque o seu poder é maravilhoso. Deus as abençoe. Obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Obrigada, Deputado João Barbosa pela sua presença, participação e palavras carinhosas que vêm do fundo do seu coração. Fico feliz que a sessão esteja caminhando como sonhamos e pensamos, com convidados de várias regiões e municípios, amigos, homens e mulheres. O meu coração fica apertadinho porque daqui a pouco vai terminar. A vida é assim, fazemos as marcas e vamos vivendo o que vamos construindo. Esta sessão é também um pedaço grande da nossa construção para uma sociedade justa e igualdade com as mulheres.

Embora já no final da sessão, convido a nossa Exma. Vereadora Myryam Athie para fazer uso da palavra, na tribuna desta Casa, que a recebe com a honra que V.Exa. merece.

Tem a palavra a Vereadora Myryam Athie. (Palmas.)

 

A SRA. MYRYAM ATHIE - Bom dia a todas. Deputada Célia Leão, pensava que iria ser muito mais fácil. Costumamos fazer as homenagens no Parlamento e dificilmente somos homenageadas, principalmente no Dia Internacional da Mulher. Gostaria, portanto, de dizer que, pela primeira vez na tribuna desta Assembléia Legislativa, embora acostumada com o microfone, quando aqui chegamos sentimos o peso da responsabilidade no que vamos falar. É impossível não nos emocionar.

Agradeço, primeiro, a você, Deputada Célia Leão, e a todos os deputados da Assembléia Legislativa que nos permitiram estarmos aqui para comemorar o Dia Internacional da Mulher, dia esse que entendo que são todos os dias. Quero em seu nome, Deputada Célia Leão, cumprimentar a todas as deputadas, e em nome do nosso Deputado João Bosco e do querido Deputado João Barbosa cumprimentar a todos os deputados. Gostaria de agradecer muito a presença de todos.

A Deputada Célia Leão não falou eventualmente dos grupos que vieram nos acompanhar, talvez por falha da nossa assessoria, mas principalmente porque ela tenha, talvez, reservado este momento para que pudéssemos agradecê-las pessoalmente. Agradeço muito ao Amor Perfeito, de Itaquera. (Palmas.) É um grupo que tem nos acompanhado em todos os lugares aonde vamos. Ao final da nossa fala, o grupo fará o canto de guerra. Agradeço muito às mulheres do Tatuapé, do Projeto Caminhada, do Shopping Tatuapé. Mulheres que  todos os dias levantam para mostrar que  independente da idade, estão  fazendo a sua ginástica,  mostrando que o cabelo branco não pode interferir na nossa mentalidade, muito menos na nossa mobilidade. 

Quero agradecer às amigas da Igreja São Carlos Borromeu, do Belém. Quero agradecer ao pessoal de Guaianazes, nossa região leste, muitas vezes tão esquecida pelo poder público. Mas, tenho certeza de que a Deputada Célia Leão tem cumprido o seu papel para com a nossa  região.

Quero agradecer à Zenilda, à Marta Lívia, vice-presidente da LIBRAS. Quero agradecer à minha amiga querida que foi homenageada e em nome dela e da Adelina Silveira, quero cumprimentar a todas, a  minha querida e grande mulher Dalva Christofoletti. Digo que  é ela é minha professora, que quando crescer, eu quero ser como ela porque vocês não sabem o que é esse universo da política.

Que  orgulho eu tive de saber hoje que a  Dra. Linamara vai ser a Secretária de Estado. Linamara, que alegria. Eu conheço Linamara  muito tempo. Temos amigos comuns. Mas, a primeira  feira de deficientes físicos, que aconteceu nessa cidade, promovida pelo grupo Cipa, do nosso amigo comum, José Roberto Siviere, foi a Dra. Linamara e a nossa querida Deputada Célia Leão que encabeçaram a Feira Reatech, feira hoje reconhecida em toda América Latina e a segunda maior do mundo nesta modalidade.

Linamara, que  alegria. quero confidenciar quantas vezes vi Linamara chorar, entristecida, porque além de médica, chefiava um departamento no Hospital das Clínicas, cujas pessoas que precisavam das próteses, precisavam ser operadas, e muitas vezes esse departamento não foi olhado pelo estado com a sua devida necessidade.

Ouvia a Linamara dizer: Myryam, eu não agüento, eu não me conformo, porque as pessoas ricas utilizam métodos, médicos e equipamentos que podem ser adquiridos. Mas, pobre, depende do Hospital das Clínicas.

Quero com humildade junto com a Célia Leão e esta Casa fazer com que a sua secretaria verdadeiramente tenha o peso que você teve para nós até hoje no Hospital das Clínicas. Que Deus te abençoe muito e que você possa colocar em prática todos os sonhos do teu coração, porque sei que você é uma mulher que tirava do bolso, muitas vezes, para fazer próteses, quando havia necessidade. Deus te ilumine nessa trajetória. Você tem aqui muitos soldados e toda a cidade de  São Paulo e do Estado para te apoiar. Deus te abençoe.

Quero agradecer a todas as amigas, à minha mãe, mas especialmente à Célia Leão, essa mulher que apesar da pouca mobilidade, não perdeu a fé, não perdeu a garra. E assim somos nós.

Costumam nos definir com muitos adjetivos: nos chamam de sensíveis, versáteis, zelosas. Teimosas e complicadas, quando somos políticas, é o que mais ouvimos - vocês são muito complicadas. Vocês são muito teimosas.

Mas, o maior o adjetivo, que ninguém faz de maneira pejorativa, e que todos levam a sério, quando nos denominam assim, é de sermos guerreiras e principalmente de termos fé. Esse é o maior sinônimo da mulher.

Podem tirar tudo de nós: os filhos, os maridos vão embora, podemos ficar sem nada, mas não deixamos de ser guerreiras e não deixamos de ter fé. Essa é a maior qualidade.

E hoje, quando comemoramos as conquistas que as mulheres tiveram ao longo desses anos, quero fazer uma reflexão da política brasileira: Senado da República:  81 senadores, dez mulheres; Congresso Nacional: 513 Deputados, 46 mulheres; Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo: 94 Deputados, onze mulheres; Câmara Municipal de São Paulo, a maior desse país: 55 Vereadores, sete mulheres.

O que está acontecendo conosco? Onde é que estamos pecando? Onde é que estamos nos omitindo ou onde é que não estamos participando?

Se dizem que somos a maioria da população desse país, se dizem que somos a maioria da população do estado, por que não estamos divididos igualmente? Por que não estamos conseguindo nos fazer representar, pelo menos a metade, nos parlamentos existentes nesse país?

Se, somos determinadas, se temos garra, se temos conquistado os nossos espaços, a duras penas, é verdade se estamos tentando fazer com que este país tenha igualdade e justiça social?

Costumo dizer que onde há a mão de uma mulher, há justiça social. Onde tem  a mão de uma mulher, esquece-se a razão, e essa é a diferença, porque normalmente, nos deixamos agir pela emoção.

Normalmente nos deixamos levar pelo coração. Essa é a nossa diferença. Costumo dizer que o universo é feminino, porque é do nosso ventre que esses homens maravilhosos vêm ao mundo.

O universo é feminino porque o fruto sai do nosso ventre.

E as conquistas são importantes. Muitas daquelas mulheres no 8 de março saíram às ruas, reivindicando melhores condições. Avançou-se muito, conquistamos o direito do voto, mas ainda não conquistamos o direito das cadeiras  igualitárias nas Assembléias  Legislativas e nas Câmaras Municipais.

Este é um ano de eleição. Sempre digo que mulher não vota em mulher. É difícil. Por que será? Cabe a nós começarmos a fazer a reflexão.

Quando vejo a Célia Leão, uma mulher que não se deixou intimidar, que poderia ter sido qualquer outra coisa, que poderia ter escolhido qualquer outra coisa, mas ela resolveu que, apesar de cadeirante, iria defender o seu estado. Apesar de cadeirante, ela tinha uma responsabilidade. Assim somos nós, mulheres, porque não chegamos a nenhum parlamento se não for pela vontade popular. E Célia Leão tem demonstrado durante  todos esses anos, essa mulher aguerrida, essa mulher que não se intimida com esses 94 deputados desta Casa. E como é difícil ser mulher e ser política, porque apesar de dizer que o universo é feminino, as Casas são masculinas.

Muitas vezes impera o poder do homem, do macho, que fala mais alto, que fala mais grosso. E temos mulheres maravilhosas. E posso dizer, Dalva Christofoletti, porque essa mulher que esteve à frente da Associação Paulista dos Municípios, e por ela, e com ela, passaram muitos prefeitos, muitos vereadores, para aprender porque ela não se lançou a uma cadeira na Assembléia Legislativa ou no Congresso Nacional?

Sabe por que? Porque a desigualdade é muito grande. Porque normalmente nos querem mulheres, para sermos cauda de partido, e nós nascemos para sermos cabeça, porque assim diz a palavra de Deus.

E a Linamara se apresenta hoje como a futura Secretária, e eu digo: Senhor, obrigada. As coisas estão começando a mudar, cada coisa no seu lugar.

Quando vejo a deputada Célia Leão dizer que tem seis mandatos de Deputada estadual, eu digo, Célia, você tem um outro caminho. É bom você começar a pensar em ir para Brasília, porque São Paulo já está pequeno para você, por aquilo que você representa, por aquilo que você ainda tem a conquistar para o Brasil.

Gostaria de lançar já a sua candidatura, Célia, para que nas próximas eleições você possa ser a nossa deputada federal, porque precisamos de você, mulheres como você, mulheres que não têm medo de falar, mulheres que não têm medo de abrir a boca, porque é muito difícil. Muito nos cobram, sempre nos cobram, aliás. Nos cobram como mulher, como mãe, como esposa, como namorada, como profissional, como vereadora, como deputada.

A mulher é dada a todas as atribuições, e nós não rejeitamos nenhuma. Assumimos todas. Somos mais do que Bombril, porque na hora em que o filho chora, o marido diz - vai você; levanta você.

O nosso instinto é tão grande, a família para nós é tão essencial, que não nos furtamos, apesar de termos pego no sono meia hora antes. Essa é a diferença de ser mulher. É por isso estamos aqui.

Uma das poucas vezes em que estive na Assembléia Legislativa, estava sentada na quarta cadeira, quando ocorreu a minha diplomação.

Todos sabem que na vida pública nós não temos flores, ao contrário, temos muitos espinhos. E somos vidraça, e talvez seja por isso que as mulheres não se lançam  à vida pública.

Quem faz política por ideal, faz por sacerdócio.

Ser político neste país, quando você tem ideal de vida, é um mister do sacerdócio.

Alguns fazem por outras razões. Mas aqueles que fazem de maneira séria, sofrem muito mais.

Aqueles que fazem política para verdadeiramente atender à sua comunidade, o seu estado, o seu país, sofrem, porque a política é a arte de compor, e nós mulheres, muitas vezes, não conseguimos compor com aquilo que nos é oposto. Nós somos assim: queremos estar entre nós, queremos estar entre os nossos iguais e de ter que compartilhar de idéias e de projetos que eventualmente não tenham nada a ver com a gente. É complicado. É por isso que muitas vezes nós, mulheres, fugimos da raia, e quero concitá-las para que não fujam porque a democracia do nosso país, as casas legislativas dependem de nós. Quantos de nós queremos fazer parte na Câmara Federal, na Assembléia Legislativa, na Câmara Municipal de São Paulo.

Quero dizer que a nossa responsabilidade na transformação do mundo é muito grande. Normalmente a mulher diz que não quer saber de política, que detesta a política. Eu também detestava até que entrei. Mas costumam dizer que mulher é fofoqueira e tenho raiva quando falam isso. Não somos fofoqueiras. Só temos um meio de comunicação mais rápido. Se usarmos o nosso meio de comunicação mais rápido para transmitirmos que devemos ser solidárias, sim, mudaremos o país.

Não estou querendo aqui fazer um discurso feminista, ao contrário, tenho um marido maravilhoso e sabemos que no momento em que Deus nos concebeu poderia nos ter tirado da cabeça do Adão, mas não tirou para que não ficássemos acima dos homens, poderia ter nos tirado dos pés do Adão, não tirou para que não ficássemos abaixo, nos tirou exatamente da costela para que caminhássemos ao seu lado. Mas nos deixem caminhar ao lado pelo menos, que é o que queremos. Ao lado dos nossos homens, dos nossos companheiros, daqueles que nos ajudam, daqueles que estão conosco porque costumo dizer que eles são os nossos telhados. Mas nós somos a parede da casa, somos o alicerce. Coitada da casa que não tem uma mulher porque é  uma casa que não tem vida, não tem amor.

Portanto, nesta homenagem que a Célia faz a todas nós, especialmente a mim, quero dizer da minha emoção de estar aqui falando da maior Assembléia do país: mulheres, levantem-se, olhem o exemplo da Célia. E, aqui, quero dizer do exemplo da Dorina, que é uma mulher bem sucedida. Ela não precisaria, apesar da sua deficiência, estar lutando por aqueles que não têm condições de enxergar, e muito menos condições financeiras para poder ser inserida na sociedade. Mas ela o faz com tanta galhardia, que merece de nós  todos o tempo.

Uma salva de palmas, de pé, porque a Dorina é essa mulher que poderia ter escolhido qualquer coisa na vida. (Palmas.) Ela é advogada, é uma mulher brilhante. Mas ela está lá como pedinte, batendo de porta em porta no poder público para que os seus livros, para que as pessoas possam ter acesso à cultura, apesar da sua deficiência.

O exemplo da Dorina é a Célia. Ela vem quase todos os dias de Campinas para cá. Poderia ter sido vereadora na sua cidade, poderia ter sido prefeita de Campinas, mas ela resolveu que a sua cadeira não poderia ser limitante para que pudesse correr o Estado e que o Estado pudesse ajudar as pessoas com todos os tipos de deficiência a terem uma qualidade de vida e uma condição de inclusão social.

Quero dizer a vocês, mulheres, que amanhã comemora-se o nosso dia, em que pese entender que todo dia é o Dia da Mulher, que façamos uma reflexão porque depende de nós, do abrir da nossa boca, da nossa participação, chamarmos os nossos filhos, os nossos netos e os nossos maridos e lhes dizer que não adiantam reclamar de político porque não vai fechar o Congresso Nacional, não vai fechar a Assembléia Legislativa, não vai fechar a Câmara de Vereadores; ao contrário, vai propiciar para que os maus políticos continuem porque eles detêm a força do poder econômico e  nós só temos a nossa determinação.

Quero concitar vocês, mulheres, para que nesse próximo pleito escolham, coloquem mais mulheres na política para que possamos fazer a diferença. Este país, que vai ter eleição para prefeito, possa ter muitas mulheres prefeitas nesses municípios vizinhos, e um dia, se Deus quiser, ter a felicidade de vermos uma mulher presidente da República, e que esta Casa Legislativa, assim como a Câmara Municipal possam também um dia ter uma mulher presidente. E isso nunca vão nos deixar ser, não porque não temos competência, mas porque o universo deles é maior que o nosso, ou, talvez, porque não vamos conseguir ser tão unidas quanto eles.

Quero mais uma vez agradecer e fazer um convite à D. Yeda. Ela já prestou muitos serviços para a Assembléia Legislativa. Acho que está na hora de ela levar um pouco da sua sabedoria  para a Câmara Municipal de São Paulo. Ela poderia encerrar a sua carreira na Câmara Municipal de São Paulo para que pudéssemos sorver dela um pouco mais de toda sua sabedoria e de tudo isso que ela representa para esta Casa tão importante.

Quero agradecer imensamente a todos. Célia, quero lhe dizer que você sempre nos brinda com seus repentes, com essa sua generosidade. É você que merece de nós, hoje, todo aplauso, toda homenagem porque você tem feito a diferença.

Ontem, fizemos, na Câmara Municipal de São Paulo, uma homenagem a uma mulher também muito querida. Queria tê-la trazido hoje, aqui, que é a nossa  querida jornalista Zilda Alves, da Jovem Pan, que tem sido uma voz rouca ao combate da droga e do tráfico de drogas na nossa cidade. Ela tem recebido inúmeras ameaças como “cala a boca”, como costumam dizer, mas ela não tem se intimidado porque hoje a droga está em todas as camadas sociais, quer seja o rico, quer seja o pobre, só que, infelizmente, o pobre não tem como tratar.

E aí Linamara, Célia, eu queria tê-las como nossas encabeçadoras disso que vimos fazendo há tanto tempo. Não temos um hospital, nem no Estado e nem no Município, que faça desintoxicação de drogados e hoje uma mãe se depara com essa situação. Um dependente químico é um doente e ele precisa ser tratado como tal e tanto o Estado como o Município se esquivam dessa responsabilidade.

Estamos lutando para que ou o Estado ou o Município, numa parceria com o Governo Federal, possa trazer para São Paulo um hospital para cuidarmos de dependente químico. O rico pode pagar uma clínica, o pobre morre porque é uma estrada que não tem volta.

Quero convidá-las para que pudéssemos levantar essa bandeira, junto com a Zilda Alves, porque creio que precisamos expurgar esse mal do século da nossa família, esse mal que tem assolado todas as famílias brasileiras e que só nós, mulheres, que somos mães, podemos compreender quando temos um filho largado na droga.

Esse dia 8 de março é um dia muito mais de reflexão. É claro que queremos estar bonitas, elegantes, cheirosas, mas quero fazer um apelo a vocês: abram a boca, façam a diferença porque depende de nós. Não fiquem esperando, saiam na frente porque é assim que somos: guerreiras. Levantem essa bandeira e façam jus ao sinônimo que nos dão.

Hoje, quero agradecer também à minha mãe. Ela ficava aqui sentada, há quatro anos, quando o mundo dizia não à minha reeleição, e Deus dizia sim. Quando todos diziam “ela não vai se reeleger”, eu não ouvia a voz do homem, eu ouvia a voz de Deus e nesta Assembléia Legislativa recebi o meu diploma para este mandato. Chorei muito porque estar na política também é passar por muitos dissabores, muitas vezes injustos, mas política não é para fraco, por isso que nós, mulheres, temos que estar sentadas mais nessas cadeiras. Política é para a gente forte, política é para mulher. Que Deus abençoe todos  vocês. Célia, muito obrigada! (Palmas.)

Antes de sair desta tribuna, se você me permitir, já que acabamos de fazer aqui uma sessão muito gostosa, quero que o pessoal do Grupo Amor Perfeito levantasse, para que pudéssemos brindar a Deputada Célia Leão e todas as nossas amigas com aquele   grito de guerra que costumamos fazer em todas as nossas reuniões. (Palmas.)

 

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-  É feita a homenagem à Deputada Célia Leão.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Viva! Parabéns a esse grupo maravilhoso. Obrigada vereadora Myryam Athie. Obrigada pelas suas palavras, seu carinho e sua participação. Parabéns também ao grupo que acaba de nos brindar com mais do que uma música mas com a voz do coração. 

Já no encerramento dos nossos trabalhos, quero com muita honra, alegria, agradecendo mais uma vez a presença de todos, passar a palavra a essa mulher que todos nós já conhecemos e que temos o direito de ouvi-la neste final de manhã em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres, Dra. Linamara Battistella.

Antes, gostaria de lhe entregar estas flores em nome de todas nós.

 

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-  É feita a entrega das flores.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Linamara Rizzo Battistella, por gentileza o microfone é de Vossa Excelência.

 

A SRA. LINAMARA RIZZO BATTISTELLA - Obrigada Célia, obrigada Myryam por esta delicada homenagem.

Pedi licença a nossa Presidente para falar aqui de cima porque quero ficar ao lado da minha deputada, a deputada em quem eu votei nos últimos seis mandatos e vou continuar votando por muito tempo.

Quero dizer da alegria de poder partilhar este momento de homenagem a todas as mulheres.

Quando o legislador criou a Lei do Ventre Livre libertando os filhos de escravos que estavam nascendo, ele certamente entendeu o papel importante da maternidade e o valor da vida. O valor da vida que vem sendo negligenciado, que vem sendo esquecido, muitas vezes solapado pela violência urbana, pela violência da droga e pela violência doméstica. A mãe conduzindo esse pequeno ser ao longo do desenvolvimento de uma existência ela se aproxima muito do divino, ela se aproxima muito de Deus porque vai criar aquele que vai se tornar o fulcro do interesse de toda uma nação. O valor da mulher é muito grande e a maternidade é o auge do papel de toda mulher.

O Dia Internacional da Mulher simboliza uma luta que teve início em 1857 por conta de uma grande discussão sobre as condições de trabalho dentro de uma empresa em Chicago. Mais de 50 anos se passaram. Foi em 1910 que efetivamente se reconheceu o direito da mulher trabalhadora.

Então, o Dia Internacional da Mulher se reveste de uma importância muito grande porque ele simboliza a evolução de um projeto de trabalho, de garantia de renda, das condições humanas a todos os trabalhadores a partir da luta e reivindicação de algumas mulheres.

A mulher tem um papel político preponderante. O mundo demorou muito para entender a mulher, inclusive como eleitora no Brasil. Apenas em 1932 a mulher teve direito ao voto e em 1933 a primeira mulher chega ao Congresso Nacional: a médica Carlota Pereira de Queiroz, uma mulher de rara sensibilidade, que abandona a Medicina e se dedica às causas públicas. Efetivamente a mulher tem um papel e uma trajetória da maior importância na formulação das políticas, razão pela qual eu, de forma muito humilde, agradeço à homenagem que a Deputada Célia Leão fez hoje. Aceito-a como médica e em nome de toda classe médica, porque eu não seria merecedora desta homenagem sozinha.

O Estado de São Paulo, desde o Governo Covas, tem tido uma atuação brilhante na defesa dos direitos da pessoa com deficiência e no acesso dela ao serviço de Saúde. É verdade que há muito para ser feito. Os Governos Covas, Alckmin e agora Serra entenderam que haveria necessidade de criar uma estrutura mais forte para dar a resposta que este segmento merece. Por isso o Governador Serra cria a Secretaria de Direitos da Pessoa com Deficiência, é um claro convite para que todas nós, mulheres -  e eu algum dia pretendo poder representar -  nos reunamos de forma solidária na busca de uma sociedade mais justa, uma sociedade que entenda a diversidade, que respeite os diferentes e que trabalhe em função da vida.

Eu me empenharei muito na construção de uma Secretaria que possa valorizar os direitos humanos e que neste ano, ao completarmos os 60 anos da promulgação da Carta dos Direitos Humanos, São Paulo possa dar uma lição para todo o Brasil de que é preciso construir uma sociedade garantindo o direito aos diferentes. E oportunidades justas não são necessariamente iguais.

Para que a gente construa a eqüidade é preciso que a gente garanta algumas oportunidades diferenciadas. Tratar os diferentes de forma diferente tem sido a tônica desses governos e eu humildemente me coloquei à disposição dessa Secretaria  atendendo o convite do Governador Serra. Mas sei que apenas com o apoio da nossa Parlamentar Célia Leão vamos conseguir levar este projeto da sociedade paulista ao sucesso, um projeto que significa construir e respeitar a diversidade. Queremos ver mulheres no Parlamento, mas mulheres representando os afrodescendentes, as pessoas com deficiência, as diferentes religiões. Uma sociedade perfeita só será possível se tivermos tolerância e respeito. Uma sociedade perfeita só será possível se acreditarmos que cada um tem uma forma de se expressar, de se colocar e de produzir. É na somatória de todos esses esforços, de todas essas ações, que teremos de verdade o que se chama democracia.

Obrigada, senhoras. Parabéns.

Ninguém representa melhor o movimento e a valorização dos direitos da mulher no Dia Internacional da Mulher do que a Deputada Célia Leão, para quem eu novamente peço uma salva de palmas. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Obrigada, minha querida, Dra. Linamara. Parabéns pela sua atuação, pelo seu trabalho, obrigada pelas palavras, pelo carinho.

Esta que todos vocês ouviram - foi convidada e aceitou - será a mais nova Secretária de Estado. Ela irá ocupar a Secretaria de Direitos da Pessoa com Deficiência, o que muito nos honra até pelo currículo que todos puderam conhecer.

Obrigada, Dra. Linamara. Sucesso na sua caminhada. Conte com o apoio desta Casa para que esta Secretaria dê certo, porque dando certo com certeza grande parte da nossa sociedade estará sendo cuidada com a dignidade que merece. São mais de oito, nove milhões de pessoas que vivem aqui no Estado de São Paulo.

Eu digo que uma sessão como esta sempre traz boas novas, boas surpresas. Justamente aquela que no início da sessão ia me esquecendo de nominar, falará agora no finalzinho da sessão. Nós não poderíamos deixar de ouvir alguém que tem o coração e a inteligência da Deputada Vanessa Damo, a quem peço uma salva de palmas. (Palmas.) Aqui fiz uma brincadeira, Deputada Vanessa Damo: eu disse que era a mais jovem deputada da Casa (contei aquilo que é real) que poderia se posicionar da forma que quisesse, o Parlamento é a liberdade dos partidos se posicionarem, que poderia me chamar da forma que quisesse (ela não é oposição, nem eu a ela, os partidos também não são, o partido a que ela pertence é da base de sustentação do Governo, além de tudo é a 3ª Secretária da Mesa), menos de tia. Fizemos esse pacto lá atrás. Somos grandes amigas, grandes companheiras.

Fico muito feliz de, ao final da nossa sessão, passar a palavra à Deputada Vanessa Damo.

 

A SRA. VANESSA DAMO - PV - Boa-tarde a todas. Que bom ver este plenário repleto de mulheres, não, deputada? Sexta-feira, estamos todas unidas. Não consegui chegar antes para a sessão, mas eu gostaria de parabenizar todas as mulheres presentes em nome da Deputada Célia Leão. Eu não a chamo de tia, não, mas poderia chamá-la de mãe, porque quando eu era muito pequena, tinha 12, 13 anos, vinha aqui à Assembléia Legislativa e ficava no gabinete dela ouvindo suas palavras sempre muito sábias e hoje tenho o privilégio de poder ser deputada estadual juntamente com esta mulher que é um grande exemplo de vida para todos nós: exemplo de garra, exemplo de determinação, exemplo de senso de justiça, pessoa muito coerente em suas ações e esta é uma característica da mulher também. Nós sabemos ponderar, nós sabemos ouvir, mesmo numa sociedade com tanta gente correndo para lá e para cá. Saber ouvir é uma grande dádiva e V. Exa. sabe ouvir. Sabe ouvir, sabe ponderar, sabe agir e quando está no Colégio de Líderes sempre intervém da melhor forma possível, mostrando que temos de ter voz, temos de ter vez e que a mulher tem a sua participação. É importante dizer que a mulher participa bastante da política, sim. Embora sejamos minoria na Assembléia Legislativa,  apenas 11, somos muito ativas na política participativa. Refiro-me à política de bairro. São mulheres à frente de ONGs, de entidades de bairro, de lideranças comunitárias, mulheres frente a grandes movimentações populares sempre reivindicando o que é justo, como postos de saúde, melhorias para sua comunidade e cobrando seus representantes, indo às câmaras municipais, indo às prefeituras, cobrando o que é de direito para essa grande família do Estado de São Paulo. Então,mulheres presentes, parabéns a todas nós, e que possamos evoluir, caminhar ainda mais assumindo os espaços que são por direito nossos. Que possamos, quem sabe, enxergar aqui metade mulheres e metade homens. Digo que é um sonho, mas não muito distante, porque a cada eleição temos tido vitórias. Parabéns a todas nós e que consigamos juntas, com união, determinação e força, mostrar que o papel da mulher é está nas tomadas de decisão, participando e agindo. É o que sabemos fazer.

Obrigada.  (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB – Obrigada, nobre Deputada Vanessa Damo, sempre atuante, sempre participante. É uma pessoa que faz a diferença e que tem uma caminhada longa pela vida, até porque tem muitos anos de vida, ainda, para construir um São Paulo e um Brasil melhores.

Antes de encerrar os trabalhos, quero dizer da minha grande honra e grande alegria, pois estou nesta Casa há muitos anos e o microfone faz parte do nosso dia-a-dia. O microfone é a boa arma do nosso trabalho. Quem vem para o parlamento vem exatamente para representar a sociedade. Parlamento é “parlare” e “parlare” é falar em italiano, e falar uma das nossas boas armas no debate, na discussão, para atender um projeto, para ser favorável ou contrário a uma posição de um grupo ou de um partido. Esse é o nosso trabalho, aqui, mas confesso que hoje, diante deste microfone e diante de todos os senhores e senhoras, das crianças e jovens, há esse diferencial. Minha querida Myryam, Dorina, Dalva, Linamara, Arlete, todos eu estão conosco são o diferencial. Claro que homens e mulheres têm que caminhar juntos.

Ouvimos um binômio, sempre, em missa, em culto, já virou modinha de Carnaval, samba, música lenta; já virou conversa de bar de esquina, já virou fala de político em campanha e ouvimos todo tempo as duas palavrinhas “justiça e igualdade”. Constantemente vemos “justiça e igualdade”. Na literatura, na revista semanal. É o que as pessoas mais querem! É o que na verdade a sociedade tem direito! O que significa essa justiça e essa igualdade? Justiça é o mínimo, o básico para as pessoas viverem - ou sobreviverem. É vida digna, qualidade de vida com moradia, transporte, saúde, educação, saneamento, meio ambiente, atendimento, política pública. Isso é justiça.

Por que uns têm e outros não? Por que uns podem ter mais? Não sou contra quem tem quatro carros ou cinco, mas por que alguém tem de ficar na fila do ônibus durante seis horas esperando? Perder o metrô? Ter apagão ou trem atrasado e não poder trabalhar? Não sou contra quem tem uma casa grande! De jeito nenhum! Mas por que tem gente que tem que morar debaixo da ponte, sem nenhum teto para lhe cobrir do sol ou da chuva, dormir na calçada fétida, muitas vezes cheirando urina, com os maus cheiros da rua? Por que muitas crianças vão para a escola e outras não? Por que muitas mulheres vivem dignamente, com respeito, amor e carinho e outras apanham? Ou seja, a sociedade tem de parar um pouquinho para pensar que justiça é para todos. Justiça é o direito de viver com respeito e com qualidade. Mas só tem um jeito de garantirmos justiça na sociedade, e é através da promoção da  igualdade. Nós - a  sociedade -  temos obrigação de construir essa igualdade. Todos têm direito de ser feliz. Nascemos com o objetivo de ser feliz. E é exatamente o sentido desta sessão solene: homenagear mulheres; todas vocês que estão aqui no recinto. De alguma forma, na sua vida diária, vocês lutaram e estão lutando para promoção pessoal, e todo mundo tem que lutar, e também para promoção da sociedade - família, grupo, bairro, região.

Fico feliz com esse diferencial, respeitando os homens, mas quando tem reunião de mulheres é assim colorido, bonito, cheiroso, batom, cabelinho arrumado, outro jeito, um corte, uma cor... Homem, aqui na Assembléia, é assim: todo mundo de terno meio cinza, meio preto, meio escuro, tudo meio igual. A mulher faz a diferença. Com isso quero dizer a vocês que, por favor, mulheres, acreditem no seu potencial. Temos nossa força interior e essa consegue construir e diferenciar o mundo. Guardem esta frase “A força da mulher transforma o mundo”. Nós somos capazes.

Há mais de cem anos quase 160 mulheres reivindicavam, não melhores salários, mas não trabalhar 18 horas por dia para poderem ter tempo de cuidar dos filhos, da casa, para ter tempo de tomar banho, para ter tempo de fazer xixi, ou  qualquer coisa parecida com isso. Os empresários para quem elas trabalhavam, do ramo de tecido e tinta, não entenderam a reivindicação daquele grupo de mulheres e, para resolver o assunto de forma definitiva, fecharam as portas da fábrica com as tramelas e, mesmo perdendo os tecidos e as tintas, colocaram fogo na fábrica. As mulheres foram queimadas vivas e morreram. Viraram Joana D’Arc. Daquele dia em diante o mundo todo “comemora” a lembrança triste, dolorosa e criminosa daquelas mulheres, mostra que as mulheres existem e têm direito à vida e à felicidade. Foi, então,  criado o “Dia Internacional da Mulher”. É o que comemoramos amanhã, lembrando daquelas dezenas de mulheres mortas porque a sociedade daquele momento não entendeu a participação com igualdade. Embora haja flores, fotos, símbolos através de um diploma simples mas com muito amor, temos que lembrar que outras vieram antes de nós - nossas mães, avós, bisavós -, para que hoje possamos ser livres, sermos mães, cuidarmos do nosso corpo, aceitarmos ou não casar com esse ou aquele, porque há até bem pouco tempo eram os pais que decidiam com quem as filhas iriam se casar. Por causa das mulheres que sofreram e morreram é que nós temos liberdade de ir para o parlamento, de ser professora, aviadora, motorista de caminhão ou piloto de avião; hoje podemos ser simplesmente mulher, gente e com liberdade. Esse é o símbolo da homenagem de hoje.

Sem vocês não teria sessão solene, por isso agradeço a cada uma das homenageadas e aos deputados que participaram e entendemos as que não vieram. Agradeço a Guaianazes, ao Paulinho, ao Ismael, a Ferraz de Vasconcelos, à comunidade de Tatuapé e a todos que estão conosco. Deixo, por fim, uma frase que não é minha, é da vida: felicidade é para todos, homens e mulheres, ricos e pobres, brancos e negros, gordos e magros, com cabelos ou sem cabelo, barrigudo ou sem barriga, não importa quem, todo mundo tem direito. Felicidade tem de ser igual ao sol, democrática, quando chega é para todo mundo. Se ele aparece no céu azul ele esquenta a piscina do rico mas também aquece o bebê no cantinho da cama, na casa de madeira, num cantinho da cidade, quase debaixo de uma ponte. O sol é democrático e a felicidade tem que ser também.

Aprendi nesses 33 anos, que felicidade não  está em duas pernas, em dois braços, não está em dois olhos, mas na capacidade de partilharmos a nossa competência, a nossa capacidade, a nossa inteligência com o nosso próximo. E partilhar de verdade. Repartir o que é bom para nós com alguém que está conosco - nossa família, nosso vizinho, nossa comunidade. Quando partilhamos somos felizes. E o objetivo desta sessão é exatamente partilhar com vocês a luta e vitória que temos capacidade de conquistar.

Obrigada por estarem aqui. Obrigada, Myryam Athie, por todo suporte que deu para que a sessão acontecesse. Obrigada, homenageadas, por disporem de tempo e estarem aqui, obrigada a vocês, mulheres maravilhosas. Agradeço ao “staff” da Assembléia, ao Hugo, que é um grande homem, à nossa assessoria do gabinete Ronise, Vera, Sonia, a cada uma das pessoas que contribuíram para que a Assembléia marque na história que parlamento é representação para todos, inclusive e sobretudo  para as mulheres maravilhosas. Um beijo no coração, uma salva de palmas a vocês. (Palmas.)

Esgotado o objeto da sessão, esta Presidência a declara encerrada.

  

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- Encerra-se a sessão às 12 horas e 45 minutos.

 

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