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15 DE FEVEREIRO DE 2012

009ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOOJI HATO, ORLANDO BOLÇONE, ULYSSES TASSINARI, BARROS MUNHOZ e VINÍCIUS CAMARINHA

 

Secretário: CARLOS GIANNAZI

 

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOOJI HATO

Assume a Presidência e abre a sessão. Convoca sessões solenes a realizarem-se em 02/03, às 20 horas, com o intuito de homenagear a "Força Jovem de São Paulo", a requerimento do Deputado Gilmaci Santos; e em 05/03, às 20 horas, a fim de homenagear a "Igreja Evangélica Pentecostal do Brasil Para Cristo", a requerimento do Deputado José Bittencourt. Anuncia a visita dos Delegados do Orçamento Participativo Jovem de Botucatu - São Paulo, acompanhados do Senhor Paulo Sérgio Alves.

 

002 - CARLOS GIANNAZI

Informa que, em 15/02, deve ser realizada audiência pública com o intuito de discutir lei que determina o piso salarial dos professores da rede estadual de ensino. Enfatiza que um terço da carga horária do magistério deve ser destinada ao trabalho extraclasse. Menciona projeto, de sua autoria, que visa o cumprimento desta lei. Apresenta lista, provando que a Escola Estadual Monteiro Lobato, em Taubaté, precisou registrar 60 alunos em uma única sala de aula. Denuncia que o Prodesp, Centro de Processamento de Dados do Estado de São Paulo, não está realizando as matrículas para os alunos do EJA.

 

003 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Defende a realização de reunião na Comissão de Finanças e Orçamento desta Casa em conjunto com os Secretários Estaduais Dagoberto Semeghini e Sidney Beraldo. Defende fiscalização da população em relação ao orçamento do Estado. Lembra projeto de lei, de autoria do Deputado Marcos Martins, vetado pelo Governador, que prevê a instalação de postos de segurança em agências bancárias do Estado de São Paulo. Explica que a porta giratória de segurança nos postos bancários é exigência da categoria profissional.

 

004 - OLÍMPIO GOMES

Mostra-se preocupado com a crise da Segurança Pública no País, devido às reivindicações salariais dos policiais militares e bombeiros. Esclarece que não compactua com o uso da violência nas movimentações destas categorias profissionais. Apresenta vídeo em que o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende a aprovação da PEC nº 300, que determina piso salarial único para os policiais de todo o Brasil. Pede dignidade à classe policial.

 

005 - EDSON FERRARINI

Comenta o pronunciamento do Deputado Olímpio Gomes a respeito dos movimentos salariais de policiais militares em todo o País. Critica a forma como Tasso Jereissati tratou a Polícia Militar do Ceará enquanto governador deste Estado. Destaca que a Polícia Militar do Rio de Janeiro possui o salário do Brasil. Defende a aprovação da PEC nº 300, que prevê piso salarial unificado para as polícias militares no País. Justifica a criação de fundo nacional para o auxílio dos Estados que não possam pagar o salário estabelecido pela PEC nº 300.

 

006 - LUIZ CARLOS GONDIM

Informa que o religioso Dom Airton José dos Santos foi designado pelo Papa Bento XVI a assumir a arquidiocese de Campinas. Elogia a realização da "Campanha da Fraternidade", pela Igreja Católica, em São Paulo. Lamenta a falta de aumento da tabela SUS para procedimentos médicos em todo o Estado. Defende regionalização do atendimento na Saúde Pública. Considera a situação da região do Alto Tietê quanto ao tema.

 

007 - Presidente JOOJI HATO

Anuncia a presença do Pastor Franco e do Senhor Edélcio de Moraes, do PTB Jovem, ambos da cidade de Barretos, a convite do Senhor Deputado Luiz Carlos Gondim.

 

008 - MARCOS MARTINS

Defende a luta para que a substância tóxica amianto seja banida em nível nacional. Comenta que, na Itália, no dia 13/02, a empresa Eternit sofreu condenação penal em decorrência da contaminação por amianto. Lamenta que os empresários relacionados a esta substância utilizem mecanismos de pressão e coação com médicos pertencentes à Fundação Oswaldo Cruz.

 

 

009 - ORLANDO BOLÇONE

Assume a Presidência.

 

010 - JOOJI HATO

Parabeniza a Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo e o Governador Geraldo Alckmin pela ampliação do horário de atendimento do Cratod - Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras Drogas, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Incentiva a prevenção no combate ao crack e demais drogas. Pede a fiscalização das fronteiras internacionais e interestaduais no combate aos entorpecentes. Denuncia o papel das armas ilegais no aumento da violência pública.

 

GRANDE EXPEDIENTE

011 - EDSON FERRARINI

Pelo art. 82, recorda projeto, apresentado ao então Governador Mário Covas, sobre prevenção às drogas. Afirma que, com a morte do Governador, nenhum outro político deu continuidade ao projeto.

 

012 - JOOJI HATO

Lamenta a violência existente no Estado de São Paulo. Recorda o combate empreendido por este Parlamentar no combate às drogas e à bebida alcoólica. Faz menção a latrocínio ocorrido na cidade de São Paulo. Lamenta veto do Governador a projeto, de sua autoria, que visava proibir o uso da garupa em motos. Apresenta dados sobre o número de mortos em acidentes com motocicletas. Enumera autoridades que demonstraram apoio a seu projeto.

 

013 - OLÍMPIO GOMES

Retoma discurso acerca de fala do ex-Presidente Lula sobre a necessidade de aumento salarial aos profissionais da segurança pública. Saúda a presença de membros da Associação dos Delegados de Polícia em plenário. Pede pela discussão da Proposta de Emenda à Constituição nº 19, de interesse da categoria. Combate aumento no valor do auxílio reclusão. Defende a aprovação da PEC 300, que estabelece piso nacional para a Polícia Militar.

 

014 - JOOJI HATO

Assume a Presidência. Anuncia a presença das Senhoras Eunice Rodrigues dos Reis, Presidente da Associação dos Proprietários do Loteamento São José do Macaúba, Zona Rural de Santo Antônio do Aracanguá; Sônely Santos Piel, Presidente do Condomínio Riviera da Barra, Santo Antônio do Aracanguá; Senhores José Maurício Gomes, Vereador de Santo Antônio do Aracanguá; Carlinhos da Apalcool, Vereador de Santo Antônio do Aracanguá; Donizete Barros, Vereador de Santo Antônio do Aracanguá; Roberto Gabriel, Vereador de Luiziânia; Rogério Barreto, Prefeito de Luiziânia; Newton Cesar Porfírio, Vereador de Lourdes; Pastor Franco, do município de Barretos; e Edélcio de Moraes, do PTB Jovem de Barretos, a convite do Deputado Luiz Carlos Gondim.

 

015 - ORLANDO BOLÇONE

Fala sobre a ampliação de estação ecológica no Noroeste Paulista. Destaca a importância do projeto. Fala sobre projetos a serem executados no local. Dá conhecimento da participação do Campus da Unesp de São José do Rio Preto, como gestor da instituição.

 

016 - ULYSSES TASSINARI

Assume a Presidência.

 

017 - FERNANDO CAPEZ

Considera excessivo o número de projetos presentes na Ordem do Dia. Cita projetos, segundo o Deputado, de interesse público e defende que sejam pautados. Explica a importância de projeto, aprovado por esta Casa, que proíbe a exigência de cheque caução em hospitais particulares. Lê decisão judicial que cita a mencionada lei.

 

018 - ORLANDO BOLÇONE

Assume a Presidência.

 

019 - ULYSSES TASSINARI

Relata visitas realizadas a Santas Casas de sua região, em Itapeva, durante o mês de janeiro. Destaca o trabalho realizado pela Frente Parlamentar de Auxílio às Santas Casas. Comenta a aprovação da emenda constitucional nº 29. Lamenta os vetos apresentados pela Presidente Dilma Rousseff ao projeto.

 

020 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência.

 

021 - DONISETE BRAGA

Pelo art. 82, lembra votação, ocorrida no ano passado, de propositura que reorganiza a Região Metropolitana do Estado de São Paulo. Discorre acerca do conceito de Região Metropolitana. Informa evento que ocorrerá no dia 27/02, promovido pelo Consórcio Intermunicipal, para debater a mobilidade urbana. Cita alterações ocorridas em estações de trem de São Paulo. Registra sua indignação quanto à mudança, que teria provocado transtorno a 400 mil usuários que utilizam a linha 10, Turquesa.

 

022 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, tece críticas a órgãos públicos, entre eles, a Diretoria de Ensino, a SPPrev e o Departamento de Perícias Médicas. Denuncia demissão irregular de professor, que teve, também, sua aposentadoria publicada dias depois da demissão. Acrescenta que, atualmente, ele não recebe valor correspondente à aposentadoria. Critica os gestores desses órgãos.

 

023 - ANTONIO MENTOR

Pelo art. 82, comenta aspectos da PEC 19, que garantiria aos Delegados de Polícia a inclusão na carreira jurídica. Considera a matéria justa. Apela ao Colégio de Líderes e à Mesa Diretora por urgência no debate da propositura, no sentido de pautá-la o mais breve possível.

 

024 - CAMPOS MACHADO

Pelo art. 82, tece elogios ao Presidente Barros Munhoz. Critica a bancada do PT, pela recente privatização dos aeroportos, com a nomenclatura de "concessão". Apresenta matéria, publicada no jornal "Folha de S. Paulo", com foto do Prefeito Gilberto Kassab compondo a mesa de trabalhos de evento petista.

 

025 - JOÃO ANTONIO

Pelo art. 82, responde críticas realizadas pelo Deputado Campos Machado ao PT. Lembra a gestão do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, que teria vendido setores estratégicos da indústria brasileira, como o mineral e o siderúrgico. Opina que a intenção do ex-Presidente era promover a liberdade e não os interesses coletivos.

 

026 - CAMPOS MACHADO

Para comunicação, lê e comenta matérias sobre a privatização dos três maiores aeroportos do País. Combate mudança de postura do PT. Pede que os Deputados petistas expliquem a participação do Prefeito Gilberto Kassab em evento do partido.

 

ORDEM DO DIA

027 - Presidente BARROS MUNHOZ

Coloca em votação e declara sem debate aprovado requerimento para a não realização de sessões ordinárias nos dias 20, 21 e 22/02. Coloca em votação e declara aprovado requerimento de constituição de Comissão de Representação, para participar da semana em comemoração aos 20 anos da FEM-CUT/SP, no dia 16/02, em São Bernardo do Campo, a pedido do Deputado Carlos Grana.

 

028 - ROQUE BARBIERE

Para Questão de Ordem, informa que substituira, hoje, como suplente na reunião da Comissão de Transportes, o Deputado Campos Machado, membro titular. Questiona fato ocorrido durante a mesma, quando foi impedido do direito de vista.

 

029 - CAMPOS MACHADO

Para Questão de Ordem, reitera questão apresentada pelo Deputado Roque Barbiere, que, a seu ver, fora obrigado a votar sem conhecer o conteúdo da matéria. Indaga à Presidência como fica o resultado da reunião da Comissão de Transportes, tendo em vista que se violou um princípio inerente a um Parlamentar. Diz entender que a sessão, hoje realizada, deve ser anulada.

 

030 - Presidente BARROS MUNHOZ

Acolhe a Questão de Ordem apresentada pelo Deputado Roque Barbiere para resposta oportuna. Coloca em votação e declara sem debate aprovados os seguintes requerimentos de urgência: do Deputado Orlando Morando, ao PL 1141/11; do Deputado Beto Trícoli, ao PL 689/11; e do Deputado Estevão Galvão, ao PL 1232/11. Coloca em votação e declara aprovado o requerimento de alteração da ordem do dia. Põe em discussão o PL 01/12.

 

031 - MARCOS MARTINS

Discute o PL 01/12.

 

032 - ADRIANO DIOGO

Discute o PL 01/12.

 

033 - VINÍCIUS CAMARINHA

Assume a Presidência.

 

034 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Discute o PL 01/12.

 

035 - CAMPOS MACHADO

Discute o PL 01/12 (aparteado pelo Deputado Adriano Diogo).

 

036 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

037 - CARLOS GIANNAZI

Discute o PL 01/12 (aparteado pelo Deputado Olímpio Gomes).

 

038 - SIMÃO PEDRO

Discute o PL 01/12.

 

039 - CAMPOS MACHADO

Discute PL 01/12.

 

040 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência. Encerra a discussão do PL 01/12.

 

041 - SAMUEL MOREIRA

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

 

042 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido. Convoca sessão extraordinária a realizar-se hoje, com início às 19 horas. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 16/02, à hora regimental, com ordem do dia. Levanta a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Carlos Giannazi para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, esta Presidência atendendo solicitação do nobre Deputado Gilmaci Santos convoca V. Exas., nos termos do Art. 18, inciso I, letra ‘r’, da XIV Consolidação do Regimento Interno, para uma Sessão Solene a realizar-se no dia 2 de março de 2012, às 20 horas, com a finalidade de homenagear a Força Jovem de São Paulo.

Nos mesmos termos esta Presidência atendendo solicitação do nobre Deputado José Bittencourt convoca V. Exas. para uma Sessão Solene a realizar-se no dia 5 de março de 2012, às 20 horas, com a finalidade de homenagear a Igreja Evangélica Pentecostal do Brasil para Cristo.

Esta Presidência tem a grata satisfação de anunciar a presença dos delegados do Orçamento Participativo Jovem de Botucatu, São Paulo. Eles se fazem acompanhar do responsável Sr. Paulo Sérgio Alves.

Solicito uma salva de palmas aos ilustres visitantes. (Palmas.)

Tem a palavra o primeiro orador inscrito para falar no Pequeno Expediente nobre Deputado Orlando Bolçone. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adilson Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Alesp, alunos, professores, primeiramente quero registrar que hoje estamos realizando uma grande audiência pública aqui na Assembleia Legislativa, na Comissão de Educação - da qual faço parte - para discutir e, sobretudo, denunciar o Governo Estadual, um Governo que não cumpre a legislação, que não cumpre a Lei Federal 11.738, que não cumpre a jornada do piso dos professores da Rede Estadual de Ensino.

A lei aprovada no Congresso Nacional, sancionada pela Presidência da República e referendada pelo Supremo Tribunal Federal exige que um terço da jornada de trabalho seja destinada para o trabalho extraclasse. No entanto, o Estado de São Paulo não cumpre a legislação prejudicando não só os professores, prejudicando não só o magistério estadual, mas sobretudo os cinco milhões de alunos matriculados na rede. Um absurdo. O nosso mandato já acionou o Ministério Público, já apresentamos um projeto de lei para obrigar o Estado a cumprir a legislação federal e estamos agora fazendo este debate na Comissão de Educação, onde contamos com a presença de vários professores e entidades representativas do magistério. É inconcebível que o Estado mais rico da Federação não queira investir na Rede Estadual de Ensino.

A situação da Educação pública no nosso Estado é tão caótica que recebemos muitas denúncias agora no início do ano, como, por exemplo, de Taubaté onde a Escola Estadual Monteiro Lobato matriculou numa sala de aula do 3º ano do Ensino Médio 60 alunos. Imaginem uma sala de aula com 60 alunos. Temos aqui a prova, a lista com o nome dos 60 alunos da Escola Estadual de Monteiro Lobato, de Taubaté. E a escola tem salas vazias. Reza o bom senso que o Estado dividisse essa sala em duas com 30 alunos. Mas não. O Estado parece que não investe mesmo em Educação, quer economizar recursos.

Ainda dentro desse tópico de superlotação de sala de aula, de início do ano letivo, de efetivação de matrículas, quero denunciar o que a Prodesp, Centro de Processamento de Dados do Estado, vem fazendo aqui na Cidade de São Paulo. Estamos recebendo muitas denúncias também de escolas municipais da Capital dando conta de que como há agora essa parceria da Prodam com a Prodesp, da Prefeitura de São Paulo com o Governo Estadual no processo de matrículas, as escolas praticamente perderam autonomia para matricular já que as matrículas são feitas no sistema online. Com isso, milhares e milhares de alunos estão fora da educação de jovens e adultos do ensino noturno na Cidade de São Paulo. Então por incompetência, por irresponsabilidade burocrática dos burocratas da Educação que não conhecem a realidade dos nossos alunos, está-se cometendo um grande crime impedindo que milhares e milhares de alunos não tenham ainda suas matrículas efetivadas.

Temos casos gravíssimos como o da Escola Municipal Dr. Miguel Vieira Ferreira na Cidade Dutra, tem 250 alunos aguardando para serem matriculados. O ano letivo já começou, mas esses 250 alunos estão esperando a boa vontade do sistema da Prodesp, do Estado e da Prefeitura, enquanto a escola tem mais de oito salas vazias. É um absurdo! Salas vazias de lado e alunos sem estudar do outro, é só no Brasil que acontece uma situação tão nefasta como essa.

O mesmo acontece na Escola Municipal Vargem Grande, na região de Parelheiros, onde temos também quase 70 alunos fora da escola, jovens e adultos que não tiveram oportunidade de estudar em idade própria estão impedidos de frequentar a escola que tem também várias salas ociosas por conta da irresponsabilidade e da leviandade do Estado e da Prefeitura que não acertam o Sistema.

Essa situação, Sr. Presidente, se alastra por toda rede municipal de ensino: nossos alunos da Educação de Jovens e Adultos estão sendo criminosamente impedidos de frequentar as escolas municipais. Isso é um crime, é uma violação a um direito fundamental do cidadão garantido pela Constituição Federal.

Estamos tomando providências com relação a isso e também vamos acionar a Justiça, sobretudo neste momento o Ministério Público. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marco Aurélio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vinícius Camarinha. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Caramez. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Telma de Souza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Orlando Morando. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edinho Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ary Fossen. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino pelo tempo regimental.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, funcionários da Assembleia Legislativa, vou tratar de dois assuntos no dia de hoje: o primeiro é em relação a Comissão de Finanças e Orçamentos, pois aprovamos ontem um requerimento para que haja uma reunião com o Secretário Semeghini e com o Secretário da Casa Civil Sidney Beraldo, porque nós da Comissão de Finanças e Orçamentos, em reuniões que tivemos no final do ano passado, antes da votação do Orçamento na Assembleia Legislativa, tínhamos discutido a necessidade de um levantamento para as sugestões feitas entre os prefeitos, vereadores, os trabalhadores e a sociedade civil organizada, que houvesse um levantamento das proposições que a população fez em audiência pública, e que o Executivo também efetuou no Estado de São Paulo.

Muitas das ações e sugestões da população constam da Peça Orçamentária, mas não estão definidas em qual cidade ou região serão desenvolvidas algumas das ações. Temos alguns exemplos: o Poupatempo de Diadema; um Poupatempo para a cidade de Mauá em que o recurso já está aprovado; a construção de novos fóruns no Estado de São Paulo, mas falta definir em quais cidades serão construídos esses novos Fóruns; a duplicação de estradas, não foi definida em qual região; a construção uma terceira pista, em qual cidade, e a partir de qual audiência pública que se teve a sugestão.

Então, é importante que haja essa reunião agora com os Secretários para que os compromissos firmados com a Comissão de Finanças e Orçamentos possam ser executados e para que os parlamentares, não só da Comissão de Finanças e Orçamentos, mas todos os deputados que acompanharam as audiências públicas, a população que pôde sugerir fazer indicações por escrito ou pessoalmente nas audiências, possam acompanhar e verificar se suas reivindicações foram atendidas ou não, para que haja uma fiscalização efetivamente da população em relação ao Orçamento do Estado. Assim, esperamos que a partir do requerimento seja marcada essa reunião uma vez que tivemos mais da metade dos deputados da Assembleia Legislativa acompanhando quase todas as Audiências Públicas no Estado de São Paulo. Para nós será uma prioridade saber qual ação e em quais cidades serão realizadas essas ações para assim fazermos uma fiscalização efetiva.

Outro assunto a ser tratado no dia de hoje é em relação à população e à categoria bancária. É sobre uma lei do nobre Deputado Marcos Martins, que se encontra presente aqui no plenário, pela instalação de portas de segurança em todas as agências bancárias no Estado de São Paulo. Essa lei foi aprovada, mas foi vetada pelo Governador. Nesta semana saíram algumas notícias, e conversando com os dirigentes dos sindicatos de todo o Estado, há uma preocupação muito grande da população e dos bancários, pela retirada das portas giratórias das agências bancárias.

Não houve uma redução significativa de número de assaltos e a instalação das portas de segurança foi uma reivindicação da categoria. Muitos bancos atualmente possuem portas giratórias ou de segurança em virtude de negociações e acordos coletivos que foram firmados e a Lei Federal determina que tenha um dispositivo de segurança para coibir a entrada de marginais nas agências bancárias evitando que ele possa assassinar um funcionário ou um cliente, como acontecia muito na década de 90.

Então, o que os bancos estão fazendo é uma atrocidade, e os bancários são contra. Quero deixar aqui meu posicionamento contrário também à postura intransigente do sistema financeiro que lucra muito. O banco Itaú obteve catorze milhões de lucro no ano passado, e agora vem com essa política de retirar as postas de segurança e giratória, o que irá colocar em risco a vida dos funcionários e dos clientes nas agências bancárias. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Welson Gasparini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Bigardi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes pelo tempo regimental.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, funcionários desta Casa, cidadãos que nos assistem pela TV Assembleia, estou muito preocupado como cidadão, como policial e como parlamentar, com o desenrolar da crise da segurança pública no país, por conta do descaso de alguns estados e do Governo Federal com a questão de salários dos policiais e bombeiros em alguns estados brasileiros.

Houve uma satanização dos movimentos salariais. Nós não compactuamos de forma alguma com o uso exacerbado de força, de violência ou de indivíduos que possam induzir ao cometimento de crimes, de saques e de violências, sobre o prisma de estar defendendo uma questão absolutamente justa. Tenho uma grande preocupação em relação a criação de um piso nacional para os policiais e bombeiros; uma questão que no momento das campanhas eleitorais foi compromisso geral, mas agora está sendo usado como argumento para que se desconsidere a questão de salários, carreiras e dignidade da família policial.

Para dizer, para ilustrar e para lembrar alguns que hoje estão atuando no Governo Federal em alguns estados, de compromissos e de posicionamentos em relação a defesa de salários mais dignos para a Polícia brasileira. Vamos ver esse vídeo com esse ilustre cidadão que todos aprenderam a respeitar, defendendo salários e policiais.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

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O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Essas as palavras do Presidente Lula, quando assinou a Medida Provisória reestruturando o salário de policiais e de bombeiros, no Distrito Federal. Havia outras imagens, inclusive uma do Presidente Lula com a camisa da PEC 300.

Vamos mostrar isso para o país todo, pois não estou entendendo o que está acontecendo. Todos os compromissos anteriores, com relação à dignidade para o salário de polícia e do bombeiro, no país, estão sendo deixados de lado. Não estou entendendo. Os bombeiros que se rebelaram no Rio de Janeiro exacerbaram no movimento, vedado pela Constituição, mas eram presos administrativos e foram colocados, por orientação do ministro da Justiça e do governador, no presídio de segurança máxima de Bangu. O coronel Edson Ferrarini é o nosso decano na Casa, tem quase 50 anos de Polícia Militar e pode dizer que a prisão administrativa se cumpre nas Corregedorias, Presídio Militar ou qualquer unidade policial militar ou qualquer unidade das Forças Armadas. Mas no presídio de segurança máxima de Bangu? Não estou entendendo. Que país é este?

Cesare Battisti, terrorista italiano recebido no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto como ilustre cidadão e bombeiros dizendo precisamos e merecemos dignidade. Podem ter usado o momento errado, ou a forma errada, mas longe de serem criminosos para estar em presídio de segurança máxima.

Invoco as palavras do grande Presidente Lula e que ele possa vir agora, a campo, para não ficar apenas nas suas palavras ditas em um passado recente. Que ele encampe uma grande campanha pela dignidade da família policial brasileira.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Alencar Santana. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Vieira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, amigos da TV Assembleia, o Deputado Major Olimpio acabou de fazer um relato de uma situação em que as polícias militares foram enganadas. Nesse relato ele mostra o presidente Lula. Nós estamos vendo que esse problema gravíssimo da Segurança Pública está sendo jogado para debaixo do tapete.

Li o jornal de domingo em que 3 páginas falam do Rio de Janeiro, mostrando, como disse o Deputado Major Olimpio, que o líder estava preso no presídio de Bangu 1, e não dizia que o Rio de Janeiro é o pior salário do Brasil. Eles vem de 3 meses de greve dos bombeiros e agora, com 1.300 reais, o governo está dando uma miséria para eles. Da mesma forma Jaques Wagner, Bahia, se vangloriando de ter prendido os líderes. Vou falar de Tasso Jereissati. Uma fortuna! É milionário! Era governador do Ceará e fez a mesma coisa com a sua Polícia Militar. E agiu da mesma forma. Prendeu os líderes. Ele foi governador, lá atrás; depois, não teve mais prestígio, e, por um acordo, virou senador. Tudo bem. Sabem onde esse homem está se candidatando agora? Ele tem avião particular, é trilhardário. Vai se candidatar a vereador por Fortaleza.

Vejam o prestígio do governador que faz isso com sua polícia onde vai parar. E o Rio de Janeiro está lá. Eles estão jogando debaixo do tapete acreditando que a PM, o pessoal da Educação e da Saúde precisam ser mal remunerados, mas vejam como o povo sofre com a falta dessa corporação. Por que tão mal paga? E na imprensa não encontrei nenhuma notícia que remetesse à precariedade do piso salarial do Rio de Janeiro, que é o pior do Brasil. Jaques Wagner, da Bahia, também trata a Polícia que é honrada, digna e muito mal remunerada com o mesmo descaso.

A PEC 300 versa sobre o que o ex-Presidente Lula disse, como pudemos presenciar no vídeo trazido pelo Deputado Olímpio Gomes, e que nós queremos que seja transformada em realidade. Queremos esse piso nacional para dignificar aquele homem que sai de casa, beija os seus familiares e diz ‘até logo’ sem saber se volta. É a sua profissão. E tanto eu, que trabalhei por 35 anos na Polícia, como o Deputado Olímpio Gomes, sabemos como é.

Precisamos que essa Polícia seja bem paga. Se os estados não têm dinheiro é preciso criar um fundo nacional para auxiliá-los. E é diante dessa situação que a Presidente Dilma precisa deixar que votem a PEC 300 no segundo turno. Dos 513 Deputados, todos os que estiverem presentes em plenário votarão a favor, isto é, se ela não desenvolver uma série de incidentes legislativos para que a votação seja obstruída.

A polícia de São Paulo precisa, pois a situação ainda está calma, temos um comandante-geral próximo da tropa e que recebe os melhores policiais para o café da manhã. A nossa Polícia tem um tratamento e instrução de primeiro mundo, mas o salário é de terceiro, quarto e quinto mundo. Têm-se muitos homens no maior Estado do Brasil e que possui o segundo maior orçamento nacional, mas essas pessoas precisam ser bem remuneradas. Da maneira como estão tratando a corporação terão como resultado a ineficiência de homens que dedicam as suas vidas por amor a profissão.

A título de curiosidade, lembro-me de um episódio em Nova Iorque em que perguntei a um policial se eu lhe desse 100 dólares ele me deixaria estacionar em local proibido. Ele me respondeu negativamente e complementou com o seguinte discurso: “Se o senhor me der 10 mil dólares eu não vou deixá-lo estacionar porque tenho muito a perder. O meu salário são 5 mil dólares, a minha mulher e sogra passam por tratamentos médicos, esse uniforme eu ganhei da Polícia e é por isso que jamais irei me corromper.” Podemos observar que esse episódio difere da atual situação no Rio de Janeiro em que as polícias estão ganhando mal e como consequência se deixam corromper.

A Polícia Militar de todo o território nacional precisa receber tratamento digno ao contrário do que estamos presenciando. Por isso o policial do estado precisa ter o que perder. Imaginem o policial carioca que ganha R$ 1.300,00 e se depara com qualquer funcionário do tráfico que ganha mais do que ele. Precisamos nos conscientizar que as PMs não podem ser tratadas dessa maneira. A Segurança Pública tem uma série de situações, mas uma delas, talvez o seu maior ponto fraco, seja o salário dos policiais. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados e Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre Deputado João Antonio. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Regina Gonçalves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Carlos Gondim.

 

O SR. LUIZ CARLOS GONDIM - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Deputadas e telespectadores que nos acompanham pela TV Alesp, além de fazer um manifesto para entendermos a história da Saúde Pública, gostaria de parabenizar Dom Airton José dos Santos, bispo de Mogi das Cruzes, que acaba de ser nomeado o novo arcebispo de Campinas pelo Papa Bento XVI e irá se reunir a importante arquidiocese do Estado de São Paulo. Parabéns ao Dom Airton, que ficou pouco tempo em Mogi das Cruzes, porém realizou um trabalho grandioso na região.

Lembro aqui sobre a Campanha da Fraternidade e Saúde Pública de 2012 “Que a saúde se difunda sobre a terra.” Ao realizar uma campanha como essa, inclusive, parabenizo os bispos e a igreja que realiza todo esse trabalho, gostaríamos de dizer que não temos aumento de tabela SUS há muitos anos em relação a procedimentos cirúrgicos. Continuamos fazendo uma cirurgia de hérnia por oitenta reais, o valor para um procedimento cirúrgico de hérnia e vesícula está em torno de R$ 300,00 e diante desses números precisamos corrigir urgentemente essa tabela.

Ao mesmo tempo em que começamos a fazer uma campanha dessa magnitude, chamamos aqui o nosso Secretário e a Comissão de Saúde que fala muito bem sobre a regionalização da saúde. A culpa de muitas situações desfavoráveis do nosso Estado recai sobre a tabela do SUS por não estar corrigida. E temos visto que está faltando justamente uma regionalização e organização para que se possa atender a população carente.

Vamos ilustrar com um exemplo de uma pessoa que sai de Mogi das Cruzes, Biritiba, Salesópolis, entre outras regiões do Alto do Tietê, e que tem a referência no Hospital de Ferraz Vasconcelos para cirurgia ginecológica, mas só consegue marcar o procedimento cirúrgico depois de seis meses ou um ano. A culpa é do Hospital do Estado e não da tabela do SUS. Essa regionalização precisa ser feita de fato e de direito. Precisamos ter o atendimento eficiente em Presidente Venceslau e Presidente Epitácio onde um grupo de Teodoro Sampaio nos cobrou sobre o AMA que havíamos prometido e que ainda não chegou. Estão nos mandando para Dracena e Prudente, porém é muito distante. Os casos de atendimento de câncer vão para Jaú ou Barretos. E diante desse quadro precisamos organizar o estado, principalmente por ser ele o estado mais rico e por ter condições suficientes para fazer tal organização.

Precisamos insistir para que o Estado contribua com a sua parte e recomendar ao Governo Federal que faça o mesmo, pois nós que encaminhamos a todos esses lugares e sabemos que a maioria dos pacientes que são atendidos em Barretos vem de Minas Gerais, Brasília e Goiás, porém não se tem uma recompensa do pagamento desses pacientes; caso dos pacientes que vão para Jaú que vêm Cornélio Procópio, de Londrina. E o que acontece? Tiram da nossa parte o dinheiro, que não é reposto. Tem que ser estudado. Faço aqui um apelo ao ministro Padilha que estude como recompensar aos municípios que oferecem serviço e não têm uma contrapartida. Ao mesmo tempo, falo ao Secretário de Saúde que no caso do atendimento regionalizado e não aconteça o que está acontecendo: o paciente vem de Ourinhos a Jaú fazer uma quimioterapia. Sai pela manhã e volta morto à noite: cansado, com fome. Estão escolhendo quem vai ser atendido. Mandei os casos para o Icesp. O governador vai inaugurar tudo digital do Icesp. Mandei um caso de câncer de estômago. O paciente passou de manhã e à tarde não tinha sido atendido, com vômitos contínuos. Por que não passa uma sonda nasográstica para esse paciente? Não. O paciente teve que voltar para Mogi das Cruzes e passar no Hospital Luiza de Pio Mello.

Vocês estão sendo desumanos. É a única coisa que tem que se dizer: desumanos. Não sei por que vocês têm o CRM. Obrigado, Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Esta presidência gostaria de anunciar e desejar boas-vindas aos ilustres visitantes da linda cidade de Barretos, capital do rodeio, pastor Franco e Sr. Edelson de Morais, do PTB jovem, a convite do deputado Luiz Carlos Gondim. (Palmas.)

Tem a palavra o nobre deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Aldo Demarchi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Neves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Gerson Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Cauê Macris. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlão Pignatari. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Leite Filho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Paulo Rillo. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Rita Passos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado André Soares.

Esgotada a lista de oradores inscritos, vamos passar à Lista Suplementar. Tem a palavra o nobre deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins, pelo tempo regimental.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, telespectadores da TV Alesp, aqueles que nos acompanham pelo serviço de alto-falantes, pessoas presentes nas galerias, quero falar sobre uma matéria de destaque na imprensa sobre a luta pelo banimento do amianto. No Estado de São Paulo existe uma lei de minha autoria que proíbe o uso do amianto, assim como em mais cinco ou seis estados, e existe uma luta para que ele seja banido em todo o país. No mundo, essa luta continua e houve uma decisão importante de um tribunal na Itália. Diz a matéria pública hoje nos jornais: Itália condena dirigentes da Eternit por mortes causadas pelo contato com amianto. Dirigentes da Eternit até 1986, quando a empresa encerrou as operações no território italiano, são condenados a 16 anos de prisão e ao pagamento de indenizações que ultrapassam cem milhões de euros. Romana Blasotti, uma das líderes no processo, ganhará 240 mil pela morte de seu marido, um ex-funcionário da Eternit, além de sua filha e outros três familiares.

É o maior processo do mundo em nível de indenizações de doenças profissionais. Em um processo que cria jurisprudência e é apontado por especialistas como histórico, uma corte italiana decidiu ontem que a negligência de dois empresários causou a morte de 2,1 mil pessoas em decorrência da contaminação pelo amianto.

Cada um dos condenados - um magnata suíço e um megaempresário belga - terão de cumprir 16 anos de prisão e pagar indenizações que superam a marca de 100 milhões.

"Sem exagerar, essa decisão foi histórica", comemorou o ministro da Saúde da Itália, Renato Balduzzi. "Mas a batalha contra o amianto não terminou", disse o ministro à tevê Sky, lembrando que o problema é mundial.

A conclusão da Corte de Turim foi de que o belga Jean-Louise de Cartier e o suíço Stephan Schmidheiny, acionistas principais da empresa de construção Eternit, não protegeram os trabalhadores das fábricas de amianto nem os cidadãos dos locais onde essas fábricas estavam instaladas.

Os deputados desta Casa que aprovaram um projeto que se tornou uma lei proibindo o uso do amianto no estado sofrem ataques da indústria do amianto. Assim como o médio da Fiocruz, no Rio de Janeiro, Dr. Hermano de Castro, que está sofrendo perseguição da indústria do amianto. O mesmo grupo da Eternit que está sendo condenado lá está inquirindo judicialmente o médico pesquisador da Fiocruz, Dr. Hermano, para que preste esclarecimento porque ele diz que o amianto também é prejudicial ao meio ambiente e citou uma cifra de pessoas que morreram da doença provocada pelo amianto, o mesotelioma.

Então, que moral tem esses advogados e esse grupo da Eternit de questionar as pessoas que acompanham os doentes e pesquisam. Perguntem ao Eliezer de Souza, presidente da Abrea, que trabalhava na Eternit de Osasco, se é prejudicial à saúde e ao meio ambiente não? Perguntem ao Valmir, que foi da Abrea. Perguntem à família de Fernando Chierici, o primeiro presidente da Abrea, que trabalhou na Eternit e morreu por causa do amianto branco, crisotila, se faz mal. Perguntem ao Sr. José Roncandim, que morreu por causa do amianto no hospital do Câncer de Osasco. Perguntem ao Sr. João Momi, tem uma ação ganha contra a Eternit e praticamente tem apenas um pulmão, tem uma asbestose brava. Conheci essas pessoas, assim como conheci a Sra. Romana quando estivemos VI Jornada Internacional de Combate ao amianto, na Itália. A Romana estava numa cadeira de rodas. Perguntem a essas pessoas, mas não vir aí através da ganância econômica de usar o amianto a todo custo, utilizar-se de mecanismo de pressão, de coação a médicos que cumprem a sua obrigação, a sua missão de detectar as doenças, pesquisar e fazer num órgão tão importante que é a Fiocruz. Por isso esse médico recebe também uma manifestação, tanto da Fiocruz como também do Inca, uma nota repudiando essa atuação da Eternit ou do Grupo Sama, lá do Rio de Janeiro, tentando inquirir o médico Dr. Ermano de Castro, uma pessoa que conheço, honesta, séria, dedicada à vida.

Basta de amianto. Basta de mortes e basta de lobbies em cima de trabalhadores, em cima de deputados, em cima de ministros. Chega! Não dá mais para continuar enganando, porque essas vítimas abandonadas acabam sobrando para o SUS, para o Poder Público que já não tem recurso para dar conta da demanda. Eles deixam o doente, tiram o corpo fora e largam para o Poder Público a responsabilidade.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Orlando Bolçone.

 

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Esperamos que os ministros do Supremo coloquem em votação a inconstitucionalidade da Lei 9065 do Brasil que permite o uso controlado. Vemos que não há controle do uso no mundo inteiro. Não há uso controlado para o amianto. Que a inconstitucionalidade dessa lei seja aprovada. A lei de São Paulo está valendo e que possamos proibir no País, a exemplo de mais de 50 países. Esse exemplo que a Itália deu, 16 anos de cadeia para cada responsável, foi muito importante, inclusive com uma indenização de mais de 100 milhões. Se é jurisprudência, vamos trabalhar para que ela venha para o Brasil também. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - ORLANDO BOLÇONE - PSB - Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Samuel Moreira. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Telma de Souza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, quero hoje trazer os votos de congratulações para a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo e ao Governador Geraldo Alckmin, por ampliarem o horário de atendimento do Cratod, Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras Drogas, no Bom Retiro, centro da Capital.

O Cratod recebe cerca de 120 pacientes diariamente e atualmente fica aberto até as 19 horas para atendimento ambulatorial, durante a semana, fechando nos finais de semana. A partir do mês que vem, em março, a unidade passará a funcionar 24 horas por dia, em todos os dias do ano. Serão acrescentados nove leitos de observação à unidade. Estivemos junto com o Deputado Edson Ferrarini, Deputado Major Olímpio, com outros deputados da Frente Parlamentar visitando o Cratod, e lá serão contratados mais 80 profissionais. Um telefone será disponibilizado também, um 0800, para a população com informações sobre o tratamento gratuito, malefícios das drogas, e os usuários não precisarão se identificar. Esse é um dado importante.

Além disso, há a promessa, por parte do Governo, de se investir 250 milhões de reais nos próximos dois anos para implantar 700 novos leitos de internação para dependentes em álcool e drogas em geral, em todo o Estado. Os novos leitos serão distribuídos por várias cidades do interior. Na Capital, será aberto um centro de internações com 70 leitos, na Pompéia, Zona Oeste.

Como membro e vice-coordenador da Frente Parlamentar do Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, parabenizo aqui mais uma vez o Governo por essa iniciativa, embora tardia e muito necessária. Não há como enfrentar esse grave problema sem oferecer ajuda e tratamento aos atuais usuários, dando-lhes chance para abandonar o vício. Digo tardia porque se tivéssemos feito a prevenção talvez não tivéssemos essa epidemia, esse número enorme de pessoas que estão usando o crack. O número de usuários de crack está chegando próximo ao de alcoólatras.

Meu caro Deputado Ulysses Tassinari, V. Exa. que é médico sabe do que estou falando, da importância que tem isso. Não fizemos a prevenção, deixamos nossos jovens caminharem por um caminho tortuoso. Quantas mães não estão chorando, e o Governo vai investir 250 milhões só no Estado de São Paulo. Esse dinheiro poderia estar sendo investido na Educação se houvéssemos investido mais na Saúde. Esse dinheiro poderia ser mais bem empregado se tivéssemos cuidando mais de nossas fronteiras internacionais por onde passam essas drogas, que vêm da Bolívia, do Paraguai, do Peru. Passam pela Ciudad del Este. E se essas drogas passam, por que não fiscalizamos as fronteiras interestaduais? Deixam passar tudo e as drogas chegam à Capital arrebentando com as famílias, com os adolescentes, que estão morrendo.

O crack está matando, meu caro Deputado Edson Ferrarini, V. Exa. que é um grande guerreiro, lutador que combateu sempre as drogas. Estivemos lá na Cracolândia. Aquilo é uma vergonha, nós permitimos isso e agora temos que gastar, temos que investir. Há agora a violência: com as drogas se mata, assalta-se. O drogado mata até a mãe, o pai, a avó, como aconteceu em São Paulo, no Bairro de Indianópolis, por exemplo, como acontece no interior. Eles matam para adquirir drogas e o Governo esqueceu de fiscalizar. O Governo esqueceu de orientar.

Agora é tarde, mas nem tanto, porque ainda dá tempo, porque se deixarmos como está vai morrer muita gente e este País não terá futuro. Nem os outros países. Precisamos fazer uma força-tarefa em todos os países para que as drogas sejam controladas, porque há dois pilares que sustentam a violência: a arma e as drogas, a bebida alcoólica principalmente. Se fizermos blitz do desarmamento e tirarmos as armas de numeração raspada e que vêm contrabandeadas também, armas ilegais que matam, aí teremos qualidade de vida, sim, nesta cidade e em nosso País.

 

O SR. PRESIDENTE - ORLANDO BOLÇONE - PSB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, está esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente. Vamos passar ao Grande Expediente.

 

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- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. EDSON FERRARINI - PTB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, estamos lutando contra o crack. Gostaria que V. Exas. soubessem da origem da Cracolândia. Vou explicar por vários dias, para que possamos entender.

Um dia levei uma proposta para o Governador Mario Covas, este livro de prevenção às drogas, para crianças a partir de sete anos de idade. É um livro todinho para colorir, para pensar. É um livro fantástico. Como psicólogo, em cada desenho atinjo o subconsciente da criança, para que ela tenha o direito de dizer não. Recupero pessoas do álcool e das drogas há 40 anos, e nunca tive uma pessoa viciada por um traficante que pegou o revólver e colocou na sua cabeça, obrigando o uso.

O jovem não sabe dizer não, e então fiz o livro. Levei ao Governador Mario Covas, que falou: “Ferrarini, é tudo o que eu queria: prevenção.” Pegou o livro, ligou para a Secretária da Educação à época, Rose Neubauer, a quem disse: vamos implantar esta prevenção. Cada desenho destes é simples, e no final há uma explicação sobre como o pai ou o professor deve falar. Em 10 aulas, vacinava a criança contra as drogas.

E foram impressos 1,3 milhão de livros na Imprensa Oficial. Abri mão de todos os direitos autorais. Tudo no Estado é pago, às vezes é superfaturado, mas este não, porque fiz de graça. Abri mão. Foram 1,3 milhão de livros, mas precisaríamos de continuidade. Precisaríamos preparar o professor, para ele falar na sala de aula. Morre Mario Covas e esse projeto de prevenção morre com ele.

Recentemente falei com o atual Secretário da Educação. De lá para cá não se fez mais nada, e foi a origem da Cracolândia. Foi assim que ela foi crescendo. Não se previne nada no Estado, não se previne nada no município de São Paulo.

Fiz um requerimento ao Secretário, querendo saber sobre o que se faz de prevenção às drogas. A Secretaria me respondeu tudo em cinco folhas de papel: nada! Nada é o que faz o atual Secretário, é o que faz atualmente a Secretaria da Educação, em termos de prevenção. É tudo o que falta. Voltarei a falar sobre o assunto.

Tudo bem, vão investir 250 milhões. Nós fazemos parte da Frente Parlamentar de enfrentamento ao crack. Sou Presidente da Frente Parlamentar em defesa da família contra a liberação da maconha. Nesses 15 anos, existe um projeto mentiroso na Secretaria da Educação, chamado “prevenção também se ensina”, e mais nada. Isso tudo é mentira. É a Secretaria de Educação de São Paulo, a maior Secretaria do Brasil.

Retomaremos essa luta e vamos exigir que seja feita a prevenção. Se ninguém falar com o nosso filho lá na escola, quem fala primeiro é a boca maldita do traficante. Daremos mais detalhes e explicaremos aos pais como orientar os seus filhos. Continuaremos denunciando essa Secretaria da Educação, omissa e incompetente na prevenção às drogas. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ORLANDO BOLÇONE - PSB - Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato, por permuta com o nobre Deputado André Soares.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, sou um deputado incansável. Sou teimoso e assomo à tribuna mais uma vez porque não concordo com o que aí está, com esse grau radical de violência. Não concordo.

Em outros países existe o direito de ir e vir, o direito à saúde, à vida. Aqui não temos. Que país é esse? Por quanto tempo ainda vamos aguentar essa situação? Vamos ficar de braços cruzados? Vamos aceitar essa violência radical? Fico envergonhado perante meus filhos.

Uma cidade como São Paulo deveria dar o exemplo para o país inteiro. Se acontecesse lá no Nordeste, nos rincões, lá no Amazonas, tudo bem, poderíamos até tentar aceitar, mas em São Paulo, não. Fui vereador aqui durante 28 anos, e desde o meu primeiro dia venho lutando contra a bebida alcoólica, contra o mau uso da bebida alcoólica, contra esse uso em demasia da bebida alcoólica.

E hoje temos a epidemia do crack, das drogas, insustentável. E agora o Governo começou a se preocupar um pouco. E se não se preocupar, se não tomar as devidas providências, nossa sociedade estará com os dias contados.

Aqui no coração da Zona Leste, um dos bairros mais povoados, o corretor de seguros Alex Sandro Donizete Caiera de Costa, de 37 anos, ontem, às 21 horas e 15 minutos, na presença da filha de três anos, foi assaltado na porta de sua casa - onde ele tem o direito de morar, de viver, na Rua Boacica, na Cidade Patriarca. Ao descer do carro, para abrir o portão da garagem de sua residência, foi abordado por dois criminosos, que estavam em uma moto Honda CG 125 preta. De repente Alex foi baleado na barriga e caiu. Os bandidos fugiram, mas resolveram voltar, atingindo o peito do corretor. O segundo tiro entrou na altura do coração.

Os PMs da 3ª Companhia do Batalhão foram acionados. De que adianta? Vai pegar? Muito difícil. Eles têm um capacete que é uma máscara. A moto é de pouca potência, o que não é o comum, geralmente eles usam 250, 300, 400, até 500 cilindradas. Mas devem ser assaltantes pé de chinelo.

Alex morreu a caminho do pronto-socorro da Vila Nhocuné. O pai do adolescente que teria testemunhado o crime foi ouvido pelo delegado do 10º DP, da Penha, onde o latrocínio foi registrado.

Um cidadão que trabalha, que retorna a sua casa, de repente é assassinado na porta de sua casa, diante de sua filha de três anos. Nos Estados Unidos, quando acontece um fato assim, como um massacre na escola, um incidente, o Presidente da República, o homem mais poderoso entre os homens - porque o mais poderoso é o Arquiteto do Universo - ele vai lá e pede desculpas à família e tenta confortá-la. Mas aqui isso não ocorre, os nossos governantes nem toma conhecimento.

Esta criança de três anos ficou órfã e esta Casa tentou impedir que algo assim ocorresse. Nós aprovamos a lei que proíbe a garupa. Ontem, no Jardim Miriam, um motoqueiro matou um jovem de 25 anos; no mês passado, 15 dias atrás, um lutador de artes marciais foi sacrificado por garupa de moto também. E teremos outras mortes.

Quero pedir desculpas à essa criança, de três anos, e à sua família, da mesma forma que o Presidente dos Estados Unidos faz. Gostaria que os nossos governantes tomassem providências pelo menos. Esta Casa aprovou a lei da garupa da moto, mas fomos criticados. Gostaria de ver se os que fizeram aposição à nossa lei, da moto sem garupa, vão lá pedir desculpas a essa criança, que ficou órfã. Eles contribuíram para isso, impedindo que o projeto fosse sancionado. Eles me "xingaram", me ofenderam e fizeram oposição. E aí está o resultado. O capacete vira uma máscara, há o revólver e eles atiram impiedosamente. Eles ainda deram uma volta e voltaram para atirar no pai dessa criança. Que futuro vai ter essa menina? Quero dizer à menina que tentei evitar essa morte. E muitos, através da internet, ou via telefone, me criticaram. Esses que estão me criticando e me ofendendo poderão também ter a sua mãe, a irmã ou o seu pai sendo vítimas de garupa de moto.

É por isso que elaborei a lei e a aprovamos. Esta Casa cumpriu a sua tarefa. Não venham dizer que a Assembleia não faz nada, que os deputados não fazem nada. Essa lei da moto sem garupa é fundamental, ela salva vidas. Não sei como não conseguem entender isso. Temos dados que mostram que as mortes por motociclistas aumentaram seis vezes, 600 por cento. Entre as mulheres, houve crescimento de 4.536% em 15 anos. De 2000 a 2011 o número de mortes por motociclistas no Estado de São Paulo passou de 251 para 1527, segundo balanço publicado ontem pelo Ministério da Saúde. Por isso, o Ministro Padilha veio aqui e deu apoio à lei que aprovamos, da moto sem garupa. O ministro sabe do que estou falando. De acordo com os dados apurados junto ao Sistema de Informação de Mortalidade, 2008 foi o ano mais violento do nosso Estado, com 1586 vítimas. Isso foi publicado pela imprensa hoje. É de arrepiar. É como enfileirar 1.586 pessoas e passar fogo. E eles morreram em acidentes de moto.

Há um levantamento mais amplo. O Ministério da Saúde revela um crescimento de 2.285%, de 96 a 2010, quando o total de óbito, de motocicleta, foi de 64 para 1527 pessoas. Nesse período chama atenção o crescimento do número de mulheres entre as vítimas, que passou de três para 139. É uma enorme evolução em 15 anos. Em toda a região sudeste, as mortes de condutoras de moto aumentaram 31 vezes, de 10 para 303. No caso dos homens, a evolução foi de 20 vezes, de 130 para 2.692. É um número aterrorizador.

Só os meus opositores que não entendem. Tento salvar vidas e eles ficam me "xingando", me ofendendo, através de telefonemas para o meu gabinete. Eles nem têm a coragem de vir falar pessoalmente. Para o Ministro, Alexandre Padilha, o crescimento da frota da moto, principalmente em cidades pequenas e de médio porte, é um dos fatores de crescimento de óbitos. O consumo do álcool também colaborou muito. Segundo ministro, 80% das vítimas têm entre 15 e 39 anos.

Quero dizer que o Ministro Padilha é uma pessoa que admiro muito. Ele não é do meu partido, pois sou do PMDB, nasci no MDB. Nunca mudei de partido. O ministro é do PT, mas é competente. Ele aqui veio e teve a coragem de dizer: “Deputado Jooji Hato, dou total apoio a você nesse projeto, da moto sem garupa.” Ele também quer salvar vidas. A função do médico é de salvar vidas, e é a minha função. A função do ministro também. É por isso que ele me apoiou. O Ministro Padilha tem o nosso total apoio, a minha admiração e meu profundo sentimento de gratidão. Naquela hora mais difícil, quando eu estava sendo criticado, o ministro aqui veio e de público me deu apoio, assim como Skaf, da Fiesp, Michel Temer, vice-Presidente da República, e tantos outros.

Infelizmente, os meus opositores ganharam porque o Governador Geraldo Alckmin não sancionou a lei. E tantas pessoas morreram e vão ainda morrer. Espero que não sejam parentes dos meus opositores.

 

O SR. PRESIDENTE - ORLANDO BOLÇONE - PSB - Tem a palavra, por permuta de tempo com o nobre Deputado Rafael Silva, o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, telespectadores da TV Assembleia, durante o Pequeno Expediente mostrei um vídeo com a fala do Presidente Lula, quando da assinatura de Medida Provisória que provocou reajustes salariais à Polícia de Brasília. O Presidente falava do compromisso da Nação para que tivéssemos uma polícia melhor remunerada e reconhecida, com carreiras mais céleres e prestigiadas, e que acabasse com a maldita escala 24 por 72.

Pois é, meu ex-Presidente Lula, aqui no Estado de São Paulo os policiais estão fazendo escala de 24 por 48. Há unidades do interior em que, nas 24 horas, é proibido o policial encostar-se à base policial para ir ao banheiro, ou para se alimentar ou para tomar um café.

Quero dizer à população da minha preocupação porque alguns estados estão tratando a sua polícia sem a dignidade merecida. Quero dizer que na Bahia o piso salarial do policial, com toda aquela movimentação, não da maneira própria que esperávamos, mas a dor e a fome são até menores que no Estado de São Paulo, por exemplo. O piso salarial do policial na Bahia é maior do que do policial em São Paulo. que estamos falando em valorização, esta Casa pode trabalhar assim em prol da valorização da família policial.

Vejo representantes da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, que estão aqui presentes todos os dias, simplesmente para tentar acordar a Assembleia Legislativa para discutir, aperfeiçoar, se for o caso, e votar o Projeto de Emenda Constitucional nº 19, que é de autoria do Governo, que dá mais força, mais dignidade à família policial na medida em que proporciona mais justo reconhecimento à carreira de delegado de Polícia do Estado de São Paulo.

Tenho a lamentar que, como os festejos carnavalescos são mais importantes na cabeça dos nossos aqui, nessa semana fazemos de conta que estamos votando algumas matérias e nem se quis discutir mais uma vez e pautar o projeto de vocês. Mas permaneçam vigilantes. Vamos pautar o projeto nas outras semanas, junto com vários deputados que estão mobilizados nisso.

Não é por corporativismo. Não é por nada, não. É por necessidade. Esta Casa não pode se curvar ou tentar fazer-se de difícil no momento em que é raro acordar o governo para alguma necessidade.

Quando o governo faz um encaminhamento, ficamos fazendo corpo mole aqui para parecer mais difícil. Mas permaneçam porque a presença de vocês aqui é importante para, de forma ordeira, democrática e convincente, lembrar aos nossos que a obrigação desta Casa é aperfeiçoar e votar os projetos de interesse público e esse é projeto de interesse público que precisa ser votado o mais rápido possível nesta Casa.

Venho a esta tribuna também para mostrar a minha indignação com o tratamento dado aos policiais e bombeiros do Rio de Janeiro que, no movimento salarial, foram recolhidos presos - observem bem - para um presídio de segurança máxima. Foram recolhidos presos administrativamente e tratados como criminosos extremamente perigosos para a sociedade.

Vejo aqui, com muita preocupação, que grandes democratas, que sempre incentivaram a movimentação sindical, a mobilização por direitos, no momento em que estão no poder têm comportamentos ditatoriais e despóticos.

Venho dizer aqui do meu inconformismo como cidadão, como policial, que ficou no serviço ativo da Polícia 29 anos. Também para lembrar a cada cidadão que paga seus impostos que a Portaria nº 2, de 6 de janeiro de 2012, do Ministério da Previdência Social, alterou o valor do auxílio-reclusão para 915 reais e 5 centavos. O valor anterior desde 15.07. 2011, da Portaria 407, era 862 reais e 60 centavos, e foi ampliado para 915 reais e 5 centavos.

É um percentual até maior do que o reajuste do salário-mínimo. Mas para a população entender na prática o que é o auxílio-reclusão: se um marginal for lhe assaltar agora num ponto de ônibus, num táxi, no seu automóvel, na sua residência e ele matar a sua família não recebe absolutamente nada do Estado. A família do assassino, se ele estava inscrito na Previdência, recebe 915 reais e 5 centavos.

Gostaria que o cidadão entrasse no site do Ministério da Justiça. Nós gastamos mais de 300 milhões de reais com o pagamento de auxílio-reclusão. “Olha, o familiar do preso não é bandido. Então, temos que dar assistência”. E o familiar da vítima, nós não temos? O estuprador, traficante, matador de aluguel há preocupação na legislação do nosso País.

Uma hipocrisia total faz com que haja o empenho para a correção de auxílio-reclusão. A família dos bandidos nós vamos amparar, gastamos 300 milhões de reais por ano. E o familiar da vítima? A menininha de 3 anos que mataram o pai dela? Se não tiver um seguro de vida da família, ela não vai estar assistida, não. O vagabundo que deu tiro nele, na frente da sua filha, esse está garantido.

É essa hipocrisia, essa safadeza que cada vez fica mais difícil compactuar neste País. Está aqui. Consultem o site da Previdência Social. Para quanto foi o salário mínimo para quem está trabalhando? Isto aqui é um salário mínimo e meio. Então temos uma boa parcela da população brasileira e os governos resultantes vão votar hoje o salário mínimo regional aqui no Estado de São Paulo de 620 reais. Estão batendo no peito dizendo que é salário diferenciado.

Não estou dizendo que o auxílio reclusão não deve ter apoio. Mas é a vítima, centenas e centenas de policiais que estão morrendo aqui no Estado de São Paulo mesmo? Como a maioria morre no horário de folga, o seguro de vida não contempla o familiar do policial que morre fora de serviço.

Estão aqui os delegados nas galerias que são sabedores disso. Se deixarem de tomar qualquer ato de ofício na folga, nas férias, estão prevaricando, cometendo crime. Agora, se estiverem de calção com a esposa, com os filhos na praia na folga e acontecer um crime e não tomarem providência de ofício eles estarão prevaricando. Se tomarem providência e morrerem ou se tornarem inválidos permanentemente, o Estado não reconhece para efeito de seguro.

Olha só as diferenças de tratamento. Cidadão que trabalha: salário mínimo de 620 reais. Bandido, assassino, estuprador, traficante: 915 reais e 5 centavos de garantia. Mais especificamente, quase 310 milhões de reais. É isso que precisamos discutir.

O que estamos esperando em relação à segurança pública no nosso País? Qual a base para a sociedade sem segurança? Se estão achando que esses discursinhos fajutas dos governadores, do Governo Federal, em relação à preparação para a Copa do Mundo, para as Olimpíadas, os bandidos não aceitam conversa mole, ou se tem medida efetiva de todas as áreas ou a situação fica catastrófica.

Não achem que sufocando o movimento salarial na Bahia e no Rio acabou, está tudo bonito, tudo certo. Não tem nada bonito, não. Brasília e sete estados brasileiros já adotaram o piso mínimo de 3.500 reais aos seus policiais, que é a expectativa da PEC 300. São oito estados da Federação. São Paulo será o último ou junto com o Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Bahia?

Os cinco governadores desses estados, como o Alckmin, Anastasia, Cabral, Tasso Genro e Jaques Wagner fizeram um pacto demoníaco com a área econômica do Governo Federal, para ter os benefícios da Lei Kandir ampliado aqui nos seus estados e não permitirem a votação de um piso salarial aos seus policiais.

Fica aqui a minha indignação, a minha revolta, que é também de todo brasileiro, ao salário-reclusão com esse montante, com esse gasto para o País.

Sr. Presidente, passo a ler a tabela da Previdência Social, para que seja publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo:

“Auxílio-reclusão

O auxílio-reclusão é um beneficio devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão, durante o período em que estiver preso sob regime fechado ou semi-aberto. Não cabe concessão de auxílio-reclusão aos dependentes do segurado que estiver em livramento condicional ou cumprindo pena em regime aberto.

Para a concessão do beneficio, é necessário o cumprimento dos seguintes requisitos:

- o segurado que tiver sido preso não poderá estar recebendo salário da empresa na qual trabalhava, nem estar em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço;

- a reclusão deverá ter ocorrido no prazo de manutenção da qualidade de segurado;

- o último salário-de-contribuição do segurado (vigente na data do recolhimento à prisão ou na data do afastamento do trabalho ou cessação das contribuições), tomado em seu valor mensal, deverá ser igual ou inferior aos seguintes valores, independentemente da quantidade de contratos e de atividades exercidas, considerando-se o mês a que se refere:

 

PERÍODO

SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇAO TOMADO EM SEU VALOR MENSAL

A partirde1°/1/2012

R$ 915,05 - Portaria n° 02, de 6/1/2012

A partir de 15/7/2011

R$ 862,60 - Portaria n° 407, de 14/7/201 1

A partirde1°/1/2011

R$ 862,1 1 - Portaria n° 568, de 31/12/2010

A partirde1°/1/2010

R$ 810,18 - Portaria n° 333, de 29/6/2010

A partirde1°/1/2010

R$ 798,30 - Portaria n° 350, de 30/12/2009

De 1°/2/2009 a 31/12/2009

R$ 752,12 - Portaria n° 48, de 12/2/2009

De 1º/3/2008 a 31/1/2009

R$ 710,08 - Portaria n° 77, de 1 1/3/2008

De 1º/4/2007 a 29/2/2008

R$ 676,27 - Portaria n° 142, de 11/4/2007

De 1°/4/2006 a 31/3/2007

R$ 654,61 - Portaria n° 119, de 18/4/2006

De 1º/5/2005 a 31/3/2006

R$ 623,44 - Portaria n° 822, de 1 1/5/2005

De 1°/5/2004 a 30/4/2005

R$ 586,19 - Portaria n° 479, de 7/5/2004

De 1°/6/2003 a 31/4/2004

R$ 560,81 - Portaria n° 727, de 30/5/2003

 

Equipara-se à condição de recolhido à prisão a situação do segurado com idade entre 16 e 18 anos que tenha sido internado em estabelecimento educacional ou congênere, sob custódia do Juizado de Infância e da Juventude.

Após a concessão do benefício, os dependentes devem apresentar à Previdência Social, de três em três meses, atestado de que o trabalhador continua preso, emitido por autoridade competente, sob pena de suspensão do benefício. Esse documento será o atestado de recolhimento do segurado à prisão.

O auxílio reclusão deixará de ser pago, dentre outros motivos:

- com a morte do segurado e, nesse caso, o auxílio-reclusão será convertido em pensão por morte;

- em caso de fuga, liberdade condicional, transferência para prisão albergue ou cumprimento da pena em regime aberto;

- se o segurado passar a receber aposentadoria ou auxílio-doença (os dependentes e o segurado poderão optar pelo beneficio mais vantajoso, mediante declaração escrita de ambas as partes);

- ao dependente que perder a qualidade (ex: filho ou irmão que se emancipar ou completar 21 anos de idade, salvo se inválido; cessação da invalidez, no caso de dependente inválido, etc);

- com o fim da invalidez ou morte do dependente.”

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Esta Presidência tem a satisfação de anunciar a presença de Eunice Rodrigues dos Reis, Presidente da Associação dos Proprietários de Loteamento de São José do Macaúba, zona rural de Santo Antonio do Aracanguá; de Sônely Santos Piel, Presidente do Condomínio Riviera da Barra, de Santo Antonio do Aracanguá; dos Vereadores José Maurício Gomes, Carlinhos da Apalcool e Donisete Barros, todos de Santo Antonio do Aracanguá; do Vereador Roberto Gabriel, de Luiziania; do Prefeito de Luiziania Rogério Barreto e do Vereador Newton Cesar Porfírio, da cidade de Lourdes, todos convidados do nobre Deputado Luiz Carlos Gondim.

Peço uma salva de palmas aos ilustres visitantes. (Palmas.)

Tem a palavra o nobre Deputado Orlando Bolçone, por permuta de tempo com a nobre Deputada Maria Lúcia Amary.

 

O SR. ORLANDO BOLÇONE - PSB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Alesp, funcionários da Casa, visitantes da região de Santo Antonio de Aracanguá, de Lourdes, de Luiziania, sejam bem-vindos. Quero falar de um tema que é de alta importância para toda a sociedade porque diz respeito ao meio ambiente, à ciência, à ecologia e à tecnologia.

Trata-se da implantação e ampliação da Estação Ecológica Noroeste Paulista, que integra o complexo do Parque Tecnológico de São José do Rio Preto, com diversas empresas em processo de instalação e sua sede em licitação.

Criada em 1993, a Estação Ecológica do Noroeste Paulista, como é chamada, é composta por matas, nascentes, lagos e cachoeiras e integra o projeto do Parque Tecnológico de São José do Rio Preto, numa área muito próxima do conglomerado urbano, que atinge aproximadamente 10 milhões de metros quadrados.

A área em questão mede 168,63 hectares e tem como gestora o campus da Universidade Estadual Paulista, a Unesp de São José do Rio Preto.

A proposta, avalizada por técnicos credenciados e especialistas ambientais, é expandir 344,99 hectares, para que a Estação Ecológica se consolide definitivamente como uma das maiores e mais importantes unidades de conservação ambiental localizada próxima a grandes conglomerados urbanos do interior do Estado de São Paulo, como é o caso de São José do Rio Preto.

Uma estação ecológica pode ser definida como uma categoria de unidade de conservação que privilegia o desenvolvimento da pesquisa científica. Protegido, esse ecossistema pode servir de banco genético e as instituições de pesquisas são seus principais parceiros, por isso  está inserido no projeto do Parque Tecnológico.

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente já se manifestou favoravelmente à nossa proposta de ampliação da área, conforme parecer de sua assessoria técnica e pesquisadores científicos do Instituto Florestal.

A proposta vai conciliar interesses de diversos setores da sociedade, como a prefeitura local, as Secretarias do Meio Ambiente e da Agricultura, a Unesp, que é a atual gestora, a Secretaria de Desenvolvimento do Estado, a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, a Fatec, a Faculdade de Tecnologia.

Juntos, esses segmentos trabalharão para garantir a sobrevivência e a perpetuação da Estação Ecológica Noroeste Paulista, ao se integrar a projetos de recriação de uma floresta ambiental no entorno da área já existente.

Tecnicamente falando, é possível instalar uma multiplicidade de experimentos florestais na área, como consórcio entre espécies de árvores, nativas e exóticas, associado ou não às atividades produtivas. Essa floresta ampliada pode ser instrumento de conservação genética, de formação de pomares de sementes, de modelos de implantação e manejo de espécies nativas. Se for aliada à atividade agrícola, pode também servir de vitrine para produtores rurais da região noroeste. Com a inclusão de bosques, a área pode ser palco de visitações públicas, de alunos e da população em geral, para aulas de educação ambiental, para recreação e para lazer.

São José do Rio Preto tem área territorial de 43.800 hectares, mas conta com somente 1.496 hectares de cobertura vegetal natural,ou seja, apenas 3,4% da área total constituído de áreas verdes compactas. A ampliação da Estação Noroeste Paulista irá possibilitar que Rio Preto tenha 14m² de área verde compacta por habitante, tão importante à saúde.

O entorno da área ecológica será protegido conciliando a formação de bosques para produção de sementes, plantio de árvores, novo manejo de seringais voltado para produção de látex, uma das vocações agrícolas da região noroeste. A nova área terá ainda campos que servirão de laboratório, para difundir tecnologia de recuperação de áreas degradadas. Há ainda outras possibilidades de aproveitamento, como tratamentos paisagísticos, trilha de educação ambiental , visitação pública, recreação , lazer e pesquisas com o desenvolvimento da cadeia produtiva do agronegócio e do pescado.

Todas essas atividades podem ser desenvolvidas envolvendo a Fatec, Faculdade de Tecnologia, que terá um campus no local para abrigar cursos de agronegócios nos níveis de graduação e pós-graduação.

A criação desta unidade experimental, com certeza, significará um grande salto e vai resultar na geração de conhecimento científico e tecnológico, essência do conceito de Parque Tecnológico. Seus resultados poderão, por exemplo, ser aplicados e replicados em propriedade rurais da região, o que certamente trará dividendos ecológicos ,de emprego e renda que são principais preocupações de governos e da sociedade brasileira.

Com a ampliação direta da área da Estação Ecológica, a parte onde não há cobertura vegetal representativa é igualmente importante e que merece atenção: a institucionalização de uma Estação Experimental Floresta e Ecologia. Isso permitirá a proteção da Estação Ecológica, através da implantação de vários sistemas de agricultura, de silvicultura e de pastagem, possibilitando a recriação da floresta protetora em sua volta.

A Estação Ecológica possibilitará o desenvolvimento de uma série importante de atividades de caráter interinstitucional e interdisciplinar, que constituem anseio da comunidade científica da Prefeitura de São José do Rio Preto e, também e principalmente, da comunidade rural, que espera respostas e soluções rápidas, mas seguras, para desafios ambientais.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Ulysses Tassinari.

 

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Esta proposta também tem somado, ao longo do tempo, aliados e parceiros importantes e fundamentais para consolidar projetos ambientais do governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria do Meio Ambiente.

Destacamos os projetos :

-Mata Ciliar,

-São Paulo  Amigo da Amazônia,

-Município Verde,

-Esgoto Tratado,

-Pesquisa Ambiental e Educação Ambiental, entre outros.

O projeto da implantação e ampliação da Estação Ecológica Noroeste Paulista nos municípios de São José do Rio Preto e Mirassol, com mais de 5.000.000 de área verde, não implicará em gastos de desapropriação, pois a área é totalmente pública, originária do Instituto Penal Agrícola ora transferido. Trata-se de uma oportunidade histórica de transformar um local que abrigou um presídio em um dos maiores projetos de Ecologia e tecnologia do país.

 

O SR. PRESIDENTE - ULYSSES TASSINARI - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez, por permuta de tempo com o nobre Deputado Orlando Bolçone.

 

O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Meu querido colega Deputado Ulysses Tassinari, nos honrando no exercício da Presidência desta Casa, no momento em que toma a palavra para defender que esta Assembleia Legislativa, a maior de todo o país, se reúna mais vezes para exercer sua atividade principal, que é legislar.

Quantos projetos têm aqui hoje na Ordem do Dia aguardando a votação? Temos na Ordem do Dia, 592 projetos de lei aguardando que os deputados se reúnam e discutam esses projetos, coloquem suas posições antagônicas e votem esses projetos.

Temos aqui mais recentemente a Proposta de Emenda Constitucional nº 19 que objetiva a modernização da atividade de Polícia Judiciária, com o exercício de uma investigação cada vez mais profissional e independente, isenta de pressões de todas as ordens que aguarda aqui a reunião para ser votada.

Temos inúmeros projetos e um deles leva a modernização da atuação da Justiça. Um desses projetos cria o Código Estadual de Procedimentos, outro projeto busca independência financeira por meio da sua autonomia constitucional do Poder Judiciário.

É importante que esta Assembleia postule, cobre e exija a quem de direito, que os projetos sejam colocados em discussão e votação. Não que os dias comecem e terminem sem exercermos a função precípua que é de legislar.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Orlando Bolçone.

 

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Vejam um exemplo de como é importante a atividade desta Casa. Nossos colegas desta grande Assembleia Legislativa aprovaram em 22 de junho de 2011, a Lei Estadual nº 14.471 de nossa autoria. Após muita luta conseguimos a aprovação deste projeto de lei que proíbe a exigência caução para internação de doentes em hospitais ou clínicas da rede privada, em caso de emergência ou urgência. Se houver cobrança de cheque caução, a pessoa tem o direito de receber o dobro do valor depositado e o hospital deve pagar uma multa no valor de 174 mil reais.

Tivemos um caso trágico, inclusive um funcionário do Governo Federal, que buscou atendimento de emergência em uma unidade de saúde em Brasília e não foi atendido no hospital que exigiu cheque caução. Foi a um segundo hospital que fez a mesma exigência, e morreu na fila do terceiro estabelecimento de saúde, enquanto aguardava o seu atendimento.

Agora esta lei entrou em vigor. A competência legislativa dos Estados para legislar em defesa do consumidor é ampla, é o que nós mais podemos fazer: defender o consumidor. É competência dos Estados concorrentemente com a União, e esta lei em vigor, possibilitou que na data de 20/01/2012 fosse concedida a primeira liminar pela Justiça paulista com base nesta lei.

Um hospital exigiu 25 mil reais a título de caução. A pessoa se apresentou ao hospital para ser internada e o hospital exigiu que o doente, no caso uma mulher, deixasse um cheque de 25 mil reais como garantia de despesas. Essa pessoa de quem se exigia um cheque neste valor queria se internar para fazer um tratamento porque se encontrava, e se encontra, com metástase - câncer generalizado espalhado pelo seu corpo. Ela precisava urgentemente se submeter ao tratamento de quimioterapia.

O hospital tem direito, sim, a assinatura de um contrato; tem direito, sim, de receber pelas despesas médicas, mas não pode exigir de uma pessoa em premente estado de necessidade, que se submeta a exigência de fazer um cheque caução, sabe por quê? Porque quando uma pessoa se encontra em uma situação de perigo, numa situação de premente necessidade, ela não tem condições de negociar livremente um contrato, ou ela se submete aquelas condições, ou ela morre. Tanto o Código Civil como agora a lei estadual, proíbem que a pessoa seja obrigada a negociar nestas condições, mas a lei estadual constitui um avanço porque ela prevê multa de quase 200 mil reais e o direito da pessoa receber em dobro este valor.

A 1ª Vara Cível do Fórum Regional de Santo Amaro por meio de uma pioneira decisão da juíza Dra. Vanessa Vaitekunas Zapater concedeu liminar no processo nº 0004134-50.2012826.2002, ao requerente Oacyr de Melo Alien de Toledo para que ficasse dispensado da exigência ilegal do cheque caução. Disse a juíza - primeiro vou ler, depois vou pedir que se enquadre o dispositivo, porque acredito que é um motivo de orgulho para esta Casa. A Assembleia, ao aprovar este projeto de lei, ajudou a salvar essa vida. Porque ela não iria se submeter à internação mediante o cheque caução. Ela foi até ao Judiciário e conseguiu a liminar. Diz a juíza: “A medida contraria frontalmente o disposto no artigo 1º da Lei estadual 14.471 de 2011, o que, por si só, justifica o deferimento do pedido de devolução da caução. Ademais, autora demonstra ter capacidade financeira para livremente negociar e arcar com os gastos da internação, inclusive já esteve recentemente internada naquele mesmo hospital.”

É uma lei estadual citada numa decisão judicial. Esta Assembleia Legislativa está de parabéns, pois, legislou proibindo a exigência de cheque caução. E a juíza, citando a lei estadual, concedeu a liminar e dispensou a paciente com câncer em estado avançado, em metástase, de se submeter a uma exigência ilegal. Porque, depois que você faz o cheque caução o hospital pode colocar a despesa que quiser, e, quando você vai discutir se você deve ou não, já foi descontado. Coloca o paciente numa situação nitidamente de inferioridade. Claro que existem hoje todos os mecanismos para cobrança, ninguém, normalmente, se interna para dar o calote e as pessoas não podem pagar por uma exigência excessiva, ilegal.

Portanto, parabéns aos nossos colegas deputados pela aprovação desta lei. Quiçá possamos aprovar mais projetos de deputados, que mais projetos de deputados sejam discutidos e votados. Que possamos cumprir a nossa pauta e não simplesmente vir aqui para uma rotina de votar por aclamação apenas os projetos enviados pelo Executivo.

 

O SR. PRESIDENTE - ORLANDO BOLÇONE - PSB - Por permuta com a nobre Deputada Regina Gonçalves, tem a palavra o nobre Deputado Ulysses Tassinari pelo restante do tempo do Grande Expediente.

 

O SR. ULYSSES TASSINARI - PV - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários, aqueles que nos acompanham pela TV Assembleia, visitantes, venho a esta tribuna, hoje, para manifestar minha indignação, minha desesperança e desilusão em relação às atitudes que têm sido tomadas em relação à Saúde.

Durante o recesso de janeiro, na minha região, fiz questão de visitar várias Santas Casas, pequenas Santas Casas e fiquei gratificado. Eu destinei praticamente a totalidade de minhas emendas para as Santas Casas, por isso fiquei muito gratificado por ver em cidades de aproximadamente 20 mil habitantes os prefeitos comprometidos e investindo pesadamente nas Santas Casas em média 150 mil reais de recursos próprios para mantê-las atuando, atendo pelo menos o básico.

Fico muito triste porque não há essa correspondência por parte do Estado. Os prefeitos estão extremamente penalizados. Já fizemos inúmeras audiências na Secretaria da Saúde, todas infrutíferas. Saímos realmente desesperançados, sem nada de positivo. É uma indiferença, uma falta de atenção, uma falta de solução, de resolução que impressiona e nos decepciona.

Ontem tivemos aqui a visita do secretário da Saúde, em uma audiência na Comissão de Saúde desta Casa, e expus novamente a ele os problemas sobre os quais temos conversado. Primeiramente a situação angustiante das Santas Casas. Falei-lhe sobre o Pró Santa Casa, um auxílio que o Estado, juntamente com Prefeitura, dá para as Santas Casas. Havia a promessa de um incremento, e, após um ano dessa administração isso não aconteceu.

A situação das AMEs. Foram criadas as AMEs e a de Itapeva funciona muito bem, dá um atendimento excelente mas não consegue ter resolutividade.

Sobre as cirurgias eletivas geradas na AME Itapeva, hoje cerca de 800, vejam a incoerência; essas cirurgias têm que ser realizadas na cidade de Itu, a 250 quilômetros de distância. Temos na Santa Casa de Itapeva uma clínica cirúrgica recém-inaugurada, segundo os padrões do Ministério da Saúde, com 48 leitos, e a metade está desativada porque não tem cirurgia para fazer. Há médicos competentes, dispostos a operar pelo SUS; inauguramos um Centro Cirúrgico de primeira grandeza, um equipamento de alta tecnologia ocioso porque não temos doentes para operar. Os doentes estão sendo encaminhados para Itu, a 250 quilômetros de distância.

São decisões completamente descabidas, injustificáveis, que estão combatendo há mais de um ano sem solução.

O secretário anunciou ontem, aqui, a regionalização dos serviços de oncologia. Estivemos em Itapeva no dia 8 de outubro do ano passado e, na presença de todos os secretários, do líder do governo na Casa, Samuel Moreira - o espaço onde acontecia a audiência estava completamente lotado de políticos de toda a região - e o governador Geraldo Alckmin assumiu o compromisso de criar na Santa Casa de Itapeva um serviço de oncologia clínica. Até hoje não foi dada uma sinalização, sequer, a respeito desse serviço. Não conseguimos, ates hoje, marcar uma audiência da Santa Casa com a equipe técnica da Saúde responsável por esse setor.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Barros Munhoz.

 

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Criou-se uma expectativa maravilhosa, os cancerosos estavam extremamente felizes porque não teriam mais que viajar 300 quilômetros para tomar a sua quimioterapia e voltar passando mal, vomitando naquele ônibus que apelidamos de ônibus da dor e do sofrimento e que o ex-secretário Barradas apelidou de ônibus de vomitão e até hoje não há nada de concreto.

Se não bastassem as dificuldades, estamos completamente decepcionados, frustrados, pois esperamos por 10 anos a aprovação da Emenda Constitucional nº 29. Qual não foi a nossa decepção, pois a mesma foi aprovada com 15 vetos pela presidente. Foi completamente maquiada, tornou-se completamente inócua. Novamente a responsabilidade recai exclusivamente sobre os estados e os municípios. Existiram vetos que trazem o seu caráter benéfico, mas se a emenda fosse aprovada de acordo com o projeto original do então Senador Tião Viana, do PT, hoje ao invés de 72 bilhões teríamos 107 bilhões investido na Saúde, porém da maneira como foi aprovada nós vamos ter somente 86 bilhões aplicados. Praticamente 20 bilhões foram surrupiados da Saúde com a aprovação da emenda.

Parece-me que somente o Estado de São Paulo deixará de receber 3 bilhões. Estamos tremendamente decepcionados, e como se não bastasse, segundo a Organização Mundial de Saúde os parâmetros entre a aplicação pública e privada de saúde...

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Nobre Deputado Ulysses Tassinari, desculpe-me por interrompê-lo, mas informo que está esgotado o tempo destinado ao Grande Expediente. Seu tempo remanescente de praticamente três minutos ficará a disposição de Vossa Excelência.

 

O SR. ULYSSES TASSINARI - PV - Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Deputadas, funcionários desta Casa e telespectadores da TV Alesp, um dos temas que hoje se discute no nosso País, especialmente as regiões metropolitanas dos estados brasileiros, é sobre esse Parlamento aprovar no ano anterior a organização da Região Metropolitana do Estado de São Paulo. Inclusive temos aqui a minha amiga e companheira Deputada Telma de Souza, que representa a nossa bela cidade de Santos e Baixada Santista e também a Região Metropolitana de Campinas.

No ano passado aprovamos a Região Metropolitana do Estado de São Paulo que congrega 39 municípios do nosso Estado. Na década de noventa, muito inspirado pelo pensamento, inteligência e pela competência do nosso saudoso ex-Prefeito Celso Daniel, nós constituímos na região do ABC que hoje possui 2,5 milhões de habitantes , o Consórcio Intermunicipal é uma referência não só para o Estado de São Paulo mas para o Brasil enquanto políticas públicas e soluções para os problemas comuns de cidades médias e grandes do nosso estado.

Eu faço questão de mencionar esse tema porque hoje temos uma polêmica e, inclusive, no próximo dia 27/02/12 estaremos realizando no Consórcio Intermunicipal um grande debate em relação à questão da mobilidade urbana, que eu quero classificar como  uma  proposição que o nosso Brasil precisa discutir. Os municípios e estados estão muito preocupados com a questão da mobilidade urbana. O nosso país, até em função da Copa do Mundo, precisa ter investimentos na questão da mobilidade urbana. Apresentamos um problema acerca dos investimentos, mas infelizmente o nosso Estado tem dado passos muito lentos em relação à política de investir no metrô e, por exemplo, na CPTM. Quero mencionar, Deputado Marcos Martins, que a Linha 10 - Turquesa atende hoje da estação do Brás até o município de Rio Grande da Serra e quase 400 mil usuários por dia. Essa estação foi definida pela CPTM e pela Secretaria dos Transportes como estação final. Os usuários precisam fazer a baldeação da estação Brás para a estação Luz, o que inclusive dificulta muito os usuários que precisam se dirigir a Francisco Morato, Pirituba, entre outras estações após a estação da Luz.

No próximo dia 27/02/12, teremos uma audiência no Consórcio Intermunicipal em que estaremos discutindo esse tema na região e que hoje preocupa muito os 400 mil usuários que utilizam a Linha 10 – Turquesa, da CPTM. Esse é um problema muito sério para a nossa região que, atinge especialmente os municípios de Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Mauá, Santo André, Santo Antônio, enfim, toda a população que se utiliza desse corredor.

Queremos mais uma vez registrar a nossa indignação em relação a esse transtorno que, lamentavelmente, o Governo do PSDB, o Governo Alckmin, tem criado para os usuários da Linha 10 - Turquesa que atende a Região do ABC. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Deputadas, público aqui presente e telespectadores da TV Assembleia, gostaria mais uma vez de utilizar esta tribuna para denunciar todo o aparato burocrático do Estado de São Paulo que está falido e não funciona, sobretudo o aparelho que trata as questões dos servidores públicos. Refiro-me especificamente as diretorias de ensino do nosso Estado, ao Departamento de Recursos Humanos, conhecido como DRHU, a SPPrev e o Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo.

O fato é que os nossos servidores, sobretudo os profissionais da Educação, são vítimas dessa demora, dos atrasos, das perdas de documentos. Professores que tentam a sua aposentadoria, a licença médica e que tentam um processo de readaptação são engolidos e triturados por essa burocracia que não funciona. Temos vários casos já denunciados em exaustão através desta tribuna e na Comissão de Educação. Acionamos o Ministério Público Estadual em relação ao Departamento de Perícias Médicas que já abriu inquérito civil. Esse departamento que hoje é considerado a casa dos horrores dos servidores públicos do Estado de São Paulo está sendo investigado pelo MP através de um inquérito civil e virou caso de polícia. Uma pessoa para conseguir uma perícia demora vários anos. É uma situação de calamidade pública.

Eu trouxe somente um exemplo para ilustrar a situação atual dos nossos servidores que são vítimas de um verdadeiro processo de terror que lembra inclusive a obra de Franz Kafka “O Processo” no qual ele narra exatamente a situação como vítima de um processo de terror. Ele é julgado por crimes que não cometeu e fica preso a essa burocracia jurídica. Refiro-me ao professor Salvador Anselmo Machado, que não tem mais condições de trabalhar porque está adoecido. Ele trabalha há anos na rede estadual, adoeceu, pediu licença médica, pediu aposentadoria por invalidez. Foi publicada sua aposentadoria no Diário Oficial do Estado de São Paulo, no dia 10 de março de 2011. no dia 16 de março do mesmo ano, foi publicada a aposentadoria por invalidez. O fato é que esse professor não está aposentado por invalidez nem demitido; não está recebendo salário do estado e ainda teve desconto da Secretaria da Fazenda. Um verdadeiro absurdo. Um processo de terror que está vitimando o professor Salvador Anselmo Machado.

Essa é a situação de milhares e milhares de servidores do Estado de São Paulo, que não conseguem contagem de tempo na Secretaria da Educação, não conseguem marcar perícia médica no Departamento de Perícias, não conseguem ter seu pedido de aposentadoria homologado em SPPrev, porque todas essas estruturas que aqui citei estão carcomidas, falidas. Temos que fazer uma verdadeira reforma na parte administrativa e burocrática do Estado de São Paulo, porque nossos servidores estão sendo duramente penalizados. Temos que contratar servidores. No final do ano passado tivemos uma discussão com os funcionários de SPPrev trazendo a gravidade da situação.

Os servidores estão pedindo exoneração, há falta de pessoal, está havendo uma evasão dos servidores da burocracia do estado porque não temos salários dignos, não temos condições adequadas de trabalho em SPPrev, no DRU, nas diretorias de ensino e em tantos outros órgãos do Departamento de Perícias Médicas, que é um dos órgãos mais abandonados e sucateados da administração estadual. O fato é que essa situação tem prejudicado, tem maltratado imensamente os nossos servidores da Educação, da Segurança Pública, da Saúde, do sistema Prisional, do Poder Judiciário. Então, apelamos ao Governador Geraldo Alckmin, aos secretários de Gestão Pública, da Fazenda e da Educação para que haja modernização e investimento no funcionamento desses órgãos para que nossos servidores não sejam mais vítimas de processos desumanos como o que vem vitimando o professor Salvador Anselmo Machado. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

A SRA. TELMA DE SOUZA - PT - Sr. Presidente, indico o deputado Antonio Mentor para falar pelo Art. 82 em nome da liderança da Minoria.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem S. Exa. a palavra.

 

O SR. ANTONIO MENTOR - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, pero agradecer à deputada Telma de Souza por me conceder esse espaço para aqui manifestar nossa posição relativamente à PEC 19. Uma proposta elaborada a partir de um entendimento entre setores representativos dos delegados de polícia do Estado de São Paulo, e o governo avança no sentido de garantir que uma antiga reivindicação dessa categoria seja atendida coma aprovação do PEC 19 pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Fundamentalmente, a PEC garante aos delegados de polícia a inclusão dessa carreira nas carreiras jurídicas do Estado de São Paulo. Aliás, um debate que vem se desenvolvendo há anos no Estado de São Paulo. Recordo-me que durante o debate na elaboração da Constituição do Estado de São Paulo, em 1989, essa questão foi amplamente discutida com diversas iniciativas de várias bancadas, à época, para que os delegados de polícia tivessem suas carreiras incluídas entre as carreiras jurídicas. Portanto, ainda que tardiamente, o envio dessa PEC a esta Casa vem resgatar uma ação de extrema justiça para com esses homens e mulheres que atuam na investigação, que atuam presidindo os inquéritos policiais, que fazem de suas vidas a defesa do povo do Estado de São Paulo.

Portanto, quero manifestar aqui minha opinião pessoal em defesa intransigente da PEC 19. Ainda mais porque em um de seus dispositivos a PEC garante a independência dos delegados de polícia nas suas ações relativas aos seus trabalhos e às suas tarefas durante o exercício profissional. Esse dado é fundamental porque, sem dúvida nenhuma, é necessário que o delegado de polícia tenha independência e possa exercer seu trabalho a partir das suas convicções, sem nenhuma ingerência ou interferência de outros setores que possam de alguma maneira alterar o rumo do seu trabalho.

Portanto, Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, quero deixar registrado nosso apelo para que o Colégio de Líderes e a Mesa diretora da Casa debatam e deliberem para que a PEC 19 seja pautada e votada o mais rapidamente possível, porque há tanto tempo se espera que esse avanço seja conquistado para as carreiras de delegado de polícia que mais demora ainda poderia frustrar as expectativas desses profissionais que na sua imensa maioria, mulheres e homens vocacionados, dedicados à segurança pública do nosso estado, pessoas que muitas vezes oferecem suas vidas para defender a sociedade.

Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, que fique registrado nosso apelo para que o presidente desta Casa, a Mesa diretora e demais líderes de bancadas pautem o mais rapidamente possível a PEC 19 por uma razão de justiça.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - A presidência registra a manifestação de V. Excelência.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, nobre deputado Barros Munhoz, seguramente um dos melhores presidentes que esta Casa já teve, deputado João Antonio foi bom V.Exa. ter chegado. Esta manhã acordei e constatei que uma das profissões que não posso ter é a profissão de vidente, aquele que enxerga antes, aquele prevê. Não tenho a menor condição.

Como é que eu poderia prever, por exemplo, que um dia eu iria ler nos jornais que a Bancada do PT, que o Partido dos Trabalhadores iria engolir o demônio chamado privatização? Estava lendo aqui... Que vidente sou eu, Presidente, aeroportos a primeira privatização do PT. A privatização petista, o que teria acontecido? A privatização não era um demônio que tomava conta dos corações dos tucanos? Agora vejo que o PT de hoje, não mais o de ontem, começa a fazer aquilo que criticava. Aí aparecem alguns mandraquianos que dizem: “Não é privatização, é concessão”. É a mesma coisa que a mentira, é falsear a verdade. Entregar à empresas privadas atribuições públicas, para nós, é concessão. Este é o modelo petista de falar em privatização.

Mas deixando isso de lado, Deputado João Antonio, por favor, não leve o Deputado Mentor embora, não, porque fui ver no dicionário o significado da palavra nefasto: de mau agouro, agourento, que causa desgraça. Em 2008, o marqueteiro petista João Santana, o diretório municipal do PT, os deputados e a Senadora Marta Suplicy diziam que o Gilberto Kassab era nefasto. O marqueteiro até, no segundo turno, com a Senadora Marta Suplicy, insinuou questões morais a respeito do Prefeito Gilberto Kassab, a Bancada Petista da Câmara Municipal criticando o prefeito e hoje...

Ah, como eu queria ser vidente, Deputado Marcolino, porque hoje vejo uma fotografia do Encontro Nacional do PT, a mesa composta, e vejam a imagem de quem ? quem aparece ? como um símbolo, um deus grego : Gilberto Kassab!

Acho que a Deputada Telma de Souza ou não escuta bem, ou não enxerga bem, ou tem memória de passarinho. Será que a nova estrela petista se chama Gilberto Kassab? É o novo guru de Vossas Excelências? Parece que é. Não vi ninguém aqui da Bancada do PT. Acho que está na hora de se ajoelharem em direção a Meca e fazerem orações ao deus Gilberto Kassab. Vejam como as coisas mudam.

Vou ter que voltar daqui a pouco, e quero narrar o passeio feito pelo Ministro da Saúde, juntamente com  Gilberto Kassab e o Deputado Adriano; passeando pelas ruas da Cracolânlia, os três juntos, só faltava darem as mãos.

Preciso de uma explicação, Sr. Presidente, porque não tenho essa capacidade de ser vidente. Como é duro não ter essa propensão para ser vidente, que eu teria visto isso há mais tempo, Deputado João Antonio. Mas vou ouvir V. Exa. explicar que o Brasil foi a Marte e não encontrou sobreviventes.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, em primeiro lugar gostaria de agradecer a V. Exa., sempre zeloso com o direito democrático ao contraditório nesta Casa, mas venho a esta tribuna com muita tranquilidade falar e debater com o Deputado Campos Machado.

Deputado, esta polêmica estabelecida na mídia e que os tucanos normalmente forçam a mão para tentar colocar o PT na vala comum daquilo que fizeram com o País nos oito anos que lá estiveram. Mas foi um projeto abortado pelos eleitores com a derrota de José Serra para o Lula, digo com muita tranquilidade: não é este o debate, quem privatiza o quê. O debate que está acontecendo no Brasil há décadas é que tipo de estado queremos para o nosso Brasil. Esta é a questão fundamental e temos uma divergência de fundo, Deputado, mas não sobre o comando do estado brasileiro, a governança do estado brasileiro. É de concepção da função do estado.

Deputada Telma de Souza, o que predominou quando Fernando Henrique Cardoso subiu ao poder e que vendeu a preço vil empresas diversas, setores estratégicos da economia brasileira, entregando para o particular é porque ali havia uma concepção liberal de estado, de estado mínimo, de estado apenas para cuidar da ordem social e da segurança externa. O restante, deixem que o mercado administra! Esta é a visão liberal que pautou as medidas do período Fernando Henrique Cardoso no Governo. O centro da ação do estado nesse período não era o ser humano, não era a dignidade do ser humano. O centro do estado nesse período era a liberdade, não a liberdade ampla do cidadão, mas a liberdade para se ter mais, liberdade como sinônimo de livre iniciativa, liberdade para colocar a propriedade privada acima dos interesses coletivos. Essas eram as regras. Por isso que o setor mineral foi para a iniciativa privada; por isso que o setor siderúrgico foi para a iniciativa privada.

Enfraqueceram, dilapidaram o patrimônio público e o estado brasileiro. Nós, não. Nós não privatizamos a Petrobras, os bancos de fomento. Agora, vir dizer que a Vale do Rio Doce, que eles privatizaram e nós fomos contra, que fazer a concessão dos aeroportos é se comparar àquilo que fizeram em oito anos de Fernando Henrique Cardoso é um absurdo. Aliás, no fundamental aqui, não existe nada a ver. Nós resgatamos o BNDES como um banco de fomento, não para financiar a iniciativa privada e o grande capital, mas para financiar os pequenos, para gerar emprego. Nós estamos resgatando o Estado brasileiro e colocando como centro da preocupação do Estado brasileiro o ser humano, a pessoa humana, a dignidade da pessoa humana. Por isso nós tiramos milhões de brasileiros da miséria e da pobreza, por conta do tipo de Estado que estamos debatendo e discutindo.

Ora, Deputado Campos Machado, comparar as medidas adotadas no Governo Lula e no Governo Dilma às medidas adotadas no período de FHC no mínimo é uma comparação que não tem cabimento. Nós estamos no caminho certo. Para nós, existe o Estado para proteger o ser humano, e não a propriedade privada, acima de qualquer interesse coletivo. Muito obrigado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, não posso entender o Deputado João Antonio. Ele quer brigar comigo?

Ethevaldo Siqueira, economista brilhante, falou: “A privatização petista - a Presidente Dilma Rousseff acaba de privatizar os três maiores aeroportos do País, inclusive com dinheiro dos fundos de pensão e financiamento do BNDES. Não é a primeira vez que o PT no Governo segue caminhos totalmente diversos de suas pregações históricas.” Não fui que falei.

Mudando um pouquinho de página, Dora Kramer: “Incoerente da Silva”. Por favor, não me atire essa pedra de culpa. Vamos ver o que disse Dora Kramer: “Privatização é só um pilar do monumento à incoerência que o PT constrói há nove anos. Há 10 anos o PT era contra. Agora adota como sua a agenda que combateu a vida toda.”

Editorial do "Jornal da Tarde". Lá vem o Deputado João Antonio a falar de Campos Machado. ”Aeroportos, a primeira grande privatização do PT.” Deputado João Antonio, penso que V.Exa. quer mudar o dicionário. Privatização para nós é uma coisa; para V.Exa. é outra.

E não ouvi V.Exa. falar ainda sobre esta foto histórica, de Gilberto Kassab, meu amigo, com quem estou refazendo amizade. Vejam a fotografia de Gilberto Kassab, companheiro do Deputado Adriano Diogo nas andanças, com o Ministro da Saúde, caminhando. Não posso afirmar que é de mãos dadas, mas juntos, pela Cracolândia, sonhando o mesmo sonho e defendendo os mesmos objetivos.

Como explicar isso, Deputado João Antonio? Invenção do Deputado Campos Machado. Só temos kassabistas agora aqui. Vejam a cara do Deputado Adriano Diogo, nunca vi maior kassabista. Estou mandando buscar os seus discursos.

Deputado João Antonio é o maior kassabista que eu já vi na minha vida, e não mencionou. E o Deputado Adriano Diogo, que é um homem afeito à verdade, não vai desmentir o que os jornais disseram. Andaram juntos o Ministro da Saúde, o prefeito Gilberto Kassab e o Deputado Adriano Diogo, que nunca falou mal, pouco, de S. Exa, o prefeito Gilberto Kassab.

Deputado João Antonio, quero ouvi-lo. Vossa Excelência vai dizer que eu é que estou trazendo aqui uma discussão que não tem sentido. Explique. Ou esta fotografia, de Gilberto Kassab abençoando o PT, não significa nada?

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, vamos passar à Ordem do Dia.

 

* * *

 

- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, há sobre a mesa o seguinte requerimento: “Requeremos, nos termos regimentais, a não realização das sessões ordinárias nos dias 20, 21 e 22 de fevereiro, dias de Carnaval e Quarta-feira de Cinzas.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Há sobre a mesa requerimento solicitando constituição de uma Comissão de Representação, com a finalidade de participar da semana em comemoração aos 20 anos da FEM CUT - Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da CUT - São Paulo, a realizar-se no dia 16 de fevereiro, às 15 horas, em São Bernardo do Campo. Assina o nobre Deputado Carlos Grana, com número regimental de assinaturas.

Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

 

O SR. ROQUE BARBIERE - PTB - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Sr. Presidente, hoje tive a honra, na Comissão de Transportes, de substituir o meu Líder, como suplente.

“Questão de Ordem

Sr. Presidente

Usando da faculdade conferida pelo artigo 260 do Regimento Interno, tem a presente a finalidade de apresentar a Vossa Excelência a seguinte Questão de Ordem:

Dispõe o "caput" do artigo 43 do nosso Regimento Interno:

"Artigo 43 - Sempre que um membro da Comissão não puder comparecer a suas reuniões, comunicá-lo-á ao seu Presidente, diretamente, ou por intermédio do Líder de seu Partido, para efeito de convocação do respectivo substituto".

A qualidade de membro substituto de Comissão, tanto as Permanentes como as Especiais, tem o caráter de representar o titular em todos os atos a ele conferidos nas respectivas reuniões e deliberações de matérias, isto é, discutir e votar proposições, pedir a palavra para uma questão de ordem, pedir vistas de projetos etc.

Quanto a este último item, o mesmo Regimento Interno desta Casa, no § 3° do artigo 57, disciplina:

Artigo 57 -.....

§ 3° - Não se concederá nova vista a quem já a tenha obtido."

De uma interpretação simplista da regra acima referida, extraímos que o Regimento Interno, de forma expressa, proíbe nova, quer dizer, além da anterior, além da primeira, além da antiga, solicitação de vista, a quem pessoa - no caso Parlamentar - individualmente, personalíssima, que já a tenha obtido.

Resta claro, Sr. Presidente, que a nossa legislação interna, a qual regula os trabalhos desta Casa, colocou, sem sofismas, sem dúvidas, sem dupla interpretação, de que a vedação para novo pedido de vista deve recair sobre Parlamentar individualmente.

Se assim não fosse, o dispositivo que ora se debate, o § 3° do artigo 57 do Regimento Interno, estaria assim escrito:

“§ 3° - Não se concederá nova vista à representação numérica de cada Bancada nas Comissões, que já a tenham obtido.”

Como não é essa a norma estabelecida no diploma entelado, e na obediência ao princípio de que não cabem interpretações elásticas às leis que impõem proibições, tem a presente questão de ordem para indagar dessa Presidência quanto à inteligência do § 3° do artigo 57 do Regimento Interno, indagando se, membro substituto de Comissão, legitimamente nomeado para representar o titular em suas faltas perante os trabalhos e deliberações dos Colegiados, pode requerer vistas de uma propositura, sendo que o titular já a havia solicitado.

Faço estas colocações, Sr. Presidente, tendo vista indeferimento de concessão de vistas de projeto a este Deputado, na condição de membro substituto da Comissão de Transportes e Comunicações, pelo Presidente daquele órgão técnico, em reunião ordinária havida em data de 15 de fevereiro de 2012.

Sala das Sessões, em

Deputado Roque Barbiere”

Esta é a minha questão de ordem, Sr. Presidente, pelo que ocorreu hoje na Comissão de Transportes. Muito obrigado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Sr. Presidente, o Deputado Roque Barbiere acaba de apresentar uma questão de ordem. Ele se encontrava na Comissão de Transportes, exercendo as suas funções, na ausência do titular. Teve o seu direito de vista negado.

Indago a Vossa Excelência: se porventura, o que eu acredito, a questão de ordem for acolhida, como fica o resultado da reunião da Comissão realizada hoje, tendo em vista que se violou um princípio inerente parlamentar. Entendo eu, se dada razão a uma questão de ordem do Deputado Roque Barbiere, a sessão hoje realizada tem de ser anulada. Se porventura V. Exa., a Mesa, entender que o Deputado Roque Barbiere não tem razão, as coisas perecerão normalmente. Mas, se entenderem como é obvio, evidentemente, lhe foi sonegado um direito de um parlamentar. E tomar conhecimento de um assunto que ele foi obrigado a votar, sem conhecer o seu conteúdo, Sr. Presidente.

Essa é a questão de ordem que deixo nesta tarde.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Conquanto este Presidente veja que existe o fumus boni juris, é conveniente que seja recebida a questão de ordem e respondida amanhã.

Há sobre a mesa requerimento no seguinte sentido: “Requeiro nos termos do Art. 226, inciso II do Regimento Interno, consolidado, urgência para a tramitação do Projeto de lei 1.141, de 2011, de autoria do nobre Deputado Roberto Engler”, assinado pelo Líder do PSDB, Deputado Orlando Morando.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Requerimento no sentido de dar tramitação em regime de urgência ao Projeto de lei 689, de 2011, do nobre Deputado Beto Trícoli.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Requerimento pedindo urgência para a votação do Projeto de lei 1232, de 2011, de autoria do nobre Deputado Gil Arantes. Assina o Deputado Estevam Galvão.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, Proposições em Regime de Urgência. Há sobre a mesa requerimento solicitando a inversão da Ordem do Dia: que o item 592, referente ao Projeto de lei nº 01, de 2011, passe a figurar como nº 1, renumerando-se os demais.

Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Item 1 - Discussão e votação - Projeto de lei nº 1, de 2012, de autoria do Sr. Governador. Revaloriza os pisos salariais mensais dos trabalhadores que especifica, instituídos pela Lei nº 12.640, de 2007. Com 10 emendas. Parecer nº 109, de 2012, do Congresso das Comissões de Justiça e Redação, de Administração Pública e de Finanças, favorável ao projeto e contrário às emendas.

Inscrito para falar a favor o nobre Deputado Marcos Martins, que tem a palavra pelo prazo regimental.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias, este projeto é sobre o Salário Mínimo Regional. Recebemos os delegados de polícia, que têm também uma demanda. Há uma PEC do Estado e também a da Brasília. Ouvindo alguns deputados, parece que o problema todo é lá em Brasília, que aqui não há problemas. Parece que estamos em outro mundo. São Paulo é o Estado mais rico da Federação, que pode ter salário diferenciado. Outros Estados têm e são maiores. Se pegarmos, com todos os problemas havidos no Estado de Bahia, o salário dos policiais de lá é maior do que o de São Paulo. E aqui, deputados que são da polícia vêm à tribuna para discursar. O Governo do Estado pode aumentar o salário da Polícia, já que existe o salário diferenciado.

Estamos discutindo favoravelmente porque queremos que aumente o salário do Estado de São Paulo, inclusive o salário mínimo.

Sr. Presidente, gostaria de ceder o restante do meu tempo para o nobre Deputado Adriano Diogo para debater essa questão do reajuste do salário mínimo, e as suas adequações.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra, por cessão de tempo do nobre Deputado Marcos Martins, o nobre Deputado Adriano Diogo.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Gostaria de agradecer ao nobre Deputado Marcos Martins pela cessão de tempo, e cumprimentá-lo porque, felizmente, todos esses anos de luta como vereador, como deputado, foram agora reconhecidos na Itália, e no mundo inteiro, pela condenação mundial do uso do amianto.

Parabéns, Deputado Marcos Martins, Fernanda Giannazi e a todos aqueles que no Brasil resistiram tanto ao uso do arbesto, da crisolita, do amianto, embora a empresa Eternit possa continuar fabricando no Brasil. Queremos cumprimentar a todos os senhores delegados de Polícia aqui presentes. Estamos no aguardo que a PEC possa ser posta em votação. Sabemos que o projeto do Deputado Campos Machado é melhor, mais abrangente, mas o estágio de consenso é para votarmos o projeto do Poder Executivo, e estamos aguardando ansiosamente a votação deste projeto, uma antiga reivindicação da categoria, e uma distorção da Constituição nacional e da Constituição estadual.

Esperamos que o projeto seja votado. A previsão de data da PEC dos delegados é para a semana que vem e então aguardaremos. Porque não basta o Governo do Estado, o Secretário da Segurança Pública desmoralizar o funcionalismo, em particular a Polícia Civil, é um alvo mais contundente. Só para que todos os delegados e todo mundo saibam, quando houve a desocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos, a Polícia Militar não comunicou a Polícia Civil de nada do que iria acontecer. E a Polícia Civil teve de arcar com todos os processos e as decorrências daquele ato ignominioso.

Embora reconheçamos o papel do Deputado Campos Machado, inclusive a sua qualidade, o projeto de lei que enviou, e o seu papel junto à Polícia Civil, vamos analisar a situação das chamadas privatizações, ou concessões. Sem baixar o nível da discussão, sem apelar para uma discussão rasteira, de baixo nível, passamos à comparação proposta por economista César Medeiros, material fornecido pelo Deputado Rui Falcão, Presidente nacional do nosso partido:

“Privatizações - Comparações e Impactos Entre do Governo FHC e dos Governos Lula/Dilma

- Governo FHC -

- Alienações com Perdas da Titularidade do Capital

- Sem Qualquer Compromisso com Investimento Pós Privatizações

- Liberdade Para Formação de Preços

- Moedas Podres (títulos Públicos a Vencer aceitos pelo Valor de Face)

- Sub-avaliações de Ativos Estatais(Projeções de Quedas de Receitas e Aumento de Custos pós privatizações)

- Usos Inadequados das taxas de Descontos dos Fluxos de Caixa

- Juros altamente subsidiados para aquisição dos ativos e financiamentos posteriores.

- Governos Lula e Dilma-

- Concessões e Não Privatizações

- Manutenção Estatal de 49% do Capital

- Ágios Elevados

- Garantia de Investimentos a Médio e Longo Prazo

- Redução de Preços e/ou Tarifas

- Impactos Resultantes do Modelo FHC-

- Siderurgia - Aumento da Capacidade Produtiva apenas de 32 milhões de toneladas em 1991 para 40 milhões em 2012, enquanto a China, com minério brasileiro, elevou de 21 milhões de toneladas para 675 milhões de toneladas no mesmo período. Em uma só palavra: de 7º maior player mundial, o Brasil passou a não ter grande importância em siderurgia. Logo, dificilmente o Brasil voltará a ser um dos principais players mundiais em siderurgia.

- Petroquímica e Fertilizantes - Pós privatizações o Brasil passou a ser importador e distribuidor, sem efetuar investimentos. Felizmente o Governo Lula estimulou o retorno da Petrobras e da própria Cia Vale, o que poderá resultar na recuperação do setor no Brasil.

- Energia - Basta citar o apagão durante o Governo FHC. Felizmente, no entanto, pós mudança do marco regulatório durante Dilma Ministra e Lula Presidente, as empresas voltaram a investir aceleradamente.

- Telecomunicação - Campeãs nos Procons, desativação do desenvolvimento tecnológico e concentração de mercado e não atendimento de camadas de menor renda até o Governo Lula adotar programas de inclusão social (transferência de renda - Bolsa Família - Valorização do Salário Mínimo e crédito abundante)

- Petrobras - Durante todo o período FHC a Petrobras foi obrigada a colaborar com o superávit fiscal conforme FMI e não pode realizar investimentos durante todo o período. Ao contrário, durante os Governos Lula e Dilma, a Petrobras não apenas foi convocada para efetivar ambicioso plano de investimentos de elevação da produção, da exploração do Pré-Sal, de novos investimentos em refinarias, em petroquímica e em fertilizantes, como também está sendo empresa indutora do enobrecimento/adensamento da cadeia produtiva intersetorial petrolífera com total apoio à fornecedores nacionais.

- Transportes, Portos, Aeroportos, Saneamento Básico, Moradia- Praticamente nulos os investimentos durante o Governo FHC, passam a ser prioridades do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do MCMV (Minha Casa, Minha Vida)”

Sras. Deputadas e Srs. Deputados, estes são alguns dados comparativos e teóricos da diferença do modelo da privatização e da concessão. Então não temos receio nenhum de fazer este debate. Estamos preparados para fazê-lo. Mas um debate em alto nível com maior capacidade de discussão.

Quanto ao Deputado Campos Machado, quero dizer que ele é um dos deputados mais importantes desta Assembleia Legislativa, tem uma contribuição enorme inclusive no projeto dos delegados de Polícia. Mas, não necessariamente pela quantidade de argumentos que tem, não precisa rebaixar a discussão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Vinícius Camarinha.

 

* * *

 

Sei das divergências que o Deputado Campos Machado, como amigo e apoiador do Governador Alckmin, teve quando da disputa onde o Kassab rebaixou o nível da discussão, desqualificou o atual governador na disputa pela prefeitura e o Deputado Campos Machado manteve a dignidade e a disputa.

O problema de Kassab, Alckmin e Serra é uma disputa interna do PSDB, um partido que está naufragando, não tem vocação nenhuma para dirigir o país e é briga entre tucanos de bico longo. Essa briga não nos diz respeito. Temos a nossa dignidade e vamos prosseguir dentro dela.

Privatização foi um ato de lesa pátria do Governo FHC que vamos demorar muito tempo para recuperar a nossa dignidade. Ainda bem que veio o Governo Lula, a Presidente Dilma e continuamos de cabeça erguida.

Viva o Brasil! Viva o PT! Que Deus ajude e a saúde do Presidente Lula volte na sua plenitude para que ele possa nos ajudar a raciocinar.

Parabéns Presidente Dilma pelo seu equilíbrio. Tanto é que o arco de alianças que compõem o Governo de V. Exa. está aumentado todo dia e os políticos estão procurando entrar embaixo desse enorme arco de alianças que vai levar o Brasil para o desenvolvimento.

Parabéns aos delegados de Polícia que estamos recebendo aqui, hoje. Pedimos desculpas por perder a última eleição e mais uma vez entregar o governo para esses tucanos mal amados e mal queridos. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - VINÍCIUS CAMARINHA - PSB - Para falar contra o Projeto de Lei nº 1, de 2012, do Governador Geraldo Alckmin, tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, o PL 2012, é um projeto relevante que revaloriza os pisos salariais mensais dos trabalhadores, que especifica na Lei 12.640, de 11 de julho de 2007.

Já fizemos debate, no ano passado, quando da constituição do salário-mínimo para o Estado de São Paulo. A princípio é um debate importante porque temos, hoje, no País pelo menos 60 milhões de pessoas que recebem o salário-mínimo.

Já foi demonstrado durante a crise econômica de 2009, onde o mundo passava uma crise inclusive com possibilidade de impacto no Brasil, de que a política acertada do Governo Lula, tendo um diálogo permanente com as Centrais Sindicais, CUT, Força Sindical, CGT, UGT e agora CTB, conseguiu construir numa negociação direta entre as Centrais sindicais e outro diálogo em relação ao salário-mínimo.

Se temos hoje no Brasil 60 milhões de pessoas que dependem diretamente da sua valorização, da sua composição de renda a partir do salário-mínimo, foi feito um diálogo entre as Centrais Sindicais e o Governo brasileiro de que era necessária uma recomposição de forma gradativa do salário-mínimo. Essa construção garantiu não só que dobrasse o valor do salário-mínimo ao longo dos últimos anos, mas também construiu uma política permanente de correção de salário-mínimo de acordo com o crescimento do PIB brasileiro, levando em consideração o PIB de dois anos anteriores. Mas tinha uma perspectiva de não só recompor a renda, mas de construirmos a valorização de forma permanente porque a partir do salário-mínimo que se começa a construir efetivamente os gastos das famílias.

Já foi demonstrado a partir do investimento, do crescimento do salário-mínimo combinado com a política que foi construída no Brasil a partir de Bolsa Família e também num processo de ampliar o número de trabalho no Brasil, uma condição no Brasil em que não só tem o aumento da renda ao longo dos últimos anos, mas tem aumentado também o poder de consumo e com isso vai criando uma cadeia que aumenta a renda, o consumo, a geração de trabalho e a riqueza do povo brasileiro.

Então, a política adotada pelo Governo Lula e agora pela Presidente Dilma de valorização permanente de salário-mínimo, para nós é um fator importante e já demonstrou que ajudou o Brasil a superar não só as crises internacionais, mas uma crise que se avizinhava também no nosso País.

Quando passamos a debater o salário-mínimo no Estado de São Paulo, muitas vezes o PSDB apregoou que o Estado de São Paulo é um Estado mais rico, mais forte, que é a locomotiva do nosso País.

Quando debatemos o salário-mínimo para o Estado de São Paulo, nessa mesma fala não vemos ecoada pelo PSDB. A Bancada dos Trabalhadores fez várias emendas a um projeto, levando em consideração inclusive a pujança do Estado de São Paulo. É um Estado que, de fato, poderia ser a locomotiva do país está parado. E neste momento, um projeto de lei que dialoga um novo salário-mínimo para o Estado de São Paulo, poderia merecer uma outra postura do Governador Geraldo Alckmin.

Preparamos algumas emendas para a proposta apresentada pelo Governador. Uma visava a antecipação no período de aplicação do reajuste. Pelo Governo Federal a aplicação do salário-mínimo já se dá a partir de 1º de janeiro, fruto de um processo de diálogo. Era maio, passou para abril, depois para março, fevereiro e agora é no mês de janeiro. Inclusive essa política praticada no mês de janeiro já se dá em estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina. Nestes estados, inclusive, o salário-mínimo é maior do que o de São Paulo. Então o Governador poderia acatar a emenda do Partido dos Trabalhadores que não só antecipa o pagamento para o mês de janeiro, como cria um processo de valorização de acordo com o PIB do Estado, de acordo com o crescimento do Estado.

Teríamos um salário-mínimo que levaria em consideração a riqueza do nosso Estado, a exemplo do que foi construído no Governo Lula e no Governo Dilma. Esta regra poderia também ser aplicada aqui em São Paulo. Mas essa emenda do Partido dos Trabalhadores não foi acatada pelo Governador do Estado. Poderíamos ter a antecipação para o mês de janeiro, poderíamos criar um acordo para que essa discussão não se desse todo ano na Assembleia Legislativa e, sim, a cada quatro anos, a cada oito anos tendo como valorização do salário o crescimento do Estado e para os trabalhadores das diversas categorias.

Tem um ponto importante. Nós estamos discutindo o Estado de São Paulo e aqui na Assembleia Legislativa dialogamos com todas as categorias de servidores do Estado: professores, médicos, servidores do Tribunal de Justiça, servidores da Segurança Pública e quando observamos a folha de pagamento dos servidores públicos do Estado vemos que o Governo paga menos do que o piso que iremos aprovar. Um absurdo. É um absurdo aprovarmos um piso salarial que valha apenas para o setor privado. É importante ter o piso, é importante ter a valorização, mas tem de levar em consideração também os trabalhadores da administração pública direta e indireta e na proposta do Governo não se vê isso. Temos médicos cujo piso salarial é de 400 e poucos reais. Na Educação o salário-base é menos de quinhentos reais, menor que o salário-mínimo nacional, menor que o salário-mínimo a ser aprovado por esta Assembleia.

Precisamos refletir sobre o papel do Estado nessa linha de valorização do funcionalismo público do Estado de São Paulo e este é o momento, mas todas as emendas do Partido dos Trabalhadores para valorizar a administração pública direta e indireta, para antecipar o pagamento para janeiro - nacionalmente já o é, vários estados já praticam essa política - não foram acatadas. Aqui no Estado de São Paulo esse piso só será praticado a partir de março de 2012.

Se o Estado de São Paulo é um estado rico e tem uma arrecadação superior a qualquer outro estado do País, nada mais justo que aplicar um salário-mínimo condizente com o poder econômico do Estado. Não vamos votar contra a proposta de um salário-mínimo regional, mas seria muito importante que tivéssemos um mínimo na faixa de 710 reais, um único valor para todos os trabalhadores, não apenas para os do setor privado. Como estamos discutindo no Parlamento estadual, esse salário também deveria valer para os trabalhadores da administração pública direta e indireta.

 

O SR. PRESIDENTE - VINÍCIUS CAMARINHA - PSB - Tem a palavra o nobre Deputado Campos Machado, inscrito para falar a favor.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Presidente em exercício nesta tarde nobre Deputado Vinicius Camarinha, um nome reconhecido em todo o Estado e na Grande São Paulo principalmente em Barueri, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, evidentemente somos favoráveis a este projeto, não há ninguém contra este projeto. Um salário-mínimo maior que o federal vai discutir o quê!

Mas eu retorno à tribuna para voltar ao tema coerência. Gostaria que o Deputado Edinho Silva, Presidente estadual do Partido dos Trabalhadores, estivesse aqui. Li manifestação de S. Exa., o meu amigo Deputado Edinho Silva de que é preciso fazer um arco de alianças que possa ter como objetivo horizontes maiores para o povo. Ele passou a defender uma aliança com o PSD, também defendida, aliás, pelo Deputado Adriano Diogo, pelo que pude depreender daquela caminhada solene do Ministro Padilha, do Deputado Adriano Diogo e do Prefeito Gilberto Kassab pelas ruas da Cracolândia. Quero louvar o Deputado Adriano Diogo que sempre se preocupou com as questões sociais da cidade. Nunca vi o Deputado Adriano Diogo que não fosse na trincheira das pessoas mais carentes, mas também não posso deixar de dizer que os jornais não mentiram: o Deputado Adriano Diogo caminhando lado a lado com o Prefeito Gilberto Kassab e o Ministro Padilha.

Vejo o nobre Deputado Adriano Diogo se aproximar do microfone e como estou numa fase light com o Deputado Adriano Diogo, vou romper uma tradição que tenho de não conceder apartes para dar um aparte a Sua Excelência.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - Deputado Campos Machado, eu não tenho problema nenhum, nenhum, nenhum de sustentar as posições políticas que assumo e quero dar um pequeno esclarecimento ao senhor sobre o assunto pelo respeito que tenho à sua pessoa.

Foi uma quarta-feira de manhã que o Ministro Padilha, o Prefeito Gilberto Kassab e a Secretária Alda Marco Antonio estiveram num posto de saúde lá no Parque Dom Pedro junto ao antigo quartel, onde funciona um centro de tratamento de álcool e drogas. Eu fui radicalmente contra aquela visita. Não fui depois fazer o chamado passeio na Cracolândia e vou dizer uma coisa ao senhor: jamais compactuei com aquela teatralidade naquela semana em que a Rua Helvetia foi ocupada pela Polícia, aí, sim, o Prefeito e o Governador estavam de mãos dadas, embora o Governador depois tivesse dito que foi um ato impensado de escalões inferiores. Acho que o Ministro Padilha e a Presidenta Dilma estão fazendo um esforço enorme, mas eu jamais compactuaria com aquela teatralidade, com aquela farsa.

E vou dizer mais uma coisa para o senhor: “Eu não concordo com essa aproximação do PT com o Kassab, me envergonha!” Envergonha-me aquele senhor ter ido a nossa festa nacional organizada com tanto carinho pelo Deputado Rui Falcão e outras pessoas. O Deputado fez a formalidade de recebê-lo com todo respeito como presidente nacional, saímos envergonhados.

Não queremos sujar nosso nome nem nosso currículo, e não quero falar mais para não dar margem à crise, mas em respeito a sua pessoa, a sua biografia e em respeito também a todos os companheiros do PT, estou fazendo este esclarecimento. Muito obrigado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Eu agradeço a nobreza com que o Deputado Adriano Diogo disse sua opinião, e agora quero dizer, Deputado Rui Falcão, só vejo um tucano aqui, o líder do governo Deputado Samuel Moreira.

Quero me dirigir agora, também ao PSD,  que durante cinco, seis ou oito anos, eu e o Prefeito Kassab fomos amigos. Construímos uma fraternidade. Praticamente todos os domingos à tarde ele ia a minha casa - éramos amigos, éramos irmãos de fé. Eu nunca mudei de lado, Deputado Rui Falcão, mas em 2006 quando o doutor Geraldo Alckmin perdeu as eleições para Presidente da República, e tendo sido abandonado, foi para Boston e antes de ir me disse: “Eu voltarei, Campos. Se eu porventura for candidato a prefeito em fevereiro de 2007, você seria meu candidato a vice?” Ele, sozinho no escritório da 9 de Julho... Ele, Deus e a Rosa, sua secretária. Eu disse: “Sim.” Ele foi, voltou e eu continuei praticamente todos os domingos a receber o Prefeito Kassab, que naquela ocasião era vice e meu amigo.

Em fevereiro de 2008, Geraldo Alckmin, com pleno trabalho em São Paulo, nas piores das hipóteses, foi até candidato próprio, e ele me disse: “Campos, voltei de Boston e serei candidato, está de pé nossa conversa?”

Eu disse: “Governador, eu nunca mudei de lado, nasci no PTB e estou até hoje. Palavra dada para mim é flecha lançada, não tem duas caras.”

Chegando as eleições, Deputado Rui Falcão, e eu me empenhei profundamente nelas, mas onde estavam os tucanos, onde estavam os vereadores do PSDB da capital e onde estavam os diretórios? Todos apoiando, meu então irmão Gilberto Kassab. Para manter a minha palavra com o doutor Geraldo Alckmin nós terminamos uma amizade fraterna, Deputado Rui Falcão. Todo mundo sabe disso, deixamos de nos encontrar, porque a campanha foi ficando em cima do PTB. E onde estavam os tucanos? De imediato, percebi que tínhamos um grande adversário que não era o Gilberto Kassab, mas era o PSDB 2.

Perdemos a eleição não para o Prefeito Kassab, mas para o PSDB 2. Para cumprir minha palavra, Deputado Major Olímpio, e V.Exa. sabe que procurei o presidente do seu partido aqui na capital, rezei uma hora e meia com o padre lá na Paulista, na Paróquia de São Luiz de Gonzaga, aquele que dizia que “todo santo peca sete vezes por dia.” Eu , que não sou Santo,  pecaria  quantas vezes? Naquela conversa eu percebi que o padre pecava mais que sete vezes por dia, pecava milhões de vezes por dia. E eu, por ser leal e fiel, Deputado Adriano Diogo, deixei de lado uma amizade de 10 anos, uma fraternidade, para ficar com o candidato dos tucanos.

O Geraldo Alckmin é meu amigo, e eu não tenho nenhum compromisso com o PSDB. Nenhum. Eu tenho compromisso com Geraldo Alckmin porque eu o considero meu amigo, meu irmão - ele pode até não pensar isso, mas eu o considero. Enquanto eu não tiver prova do contrário, estou ali.

Reencontrei com Gilberto Kassab no último dia 6, no Tribunal de Justiça, e ele me perguntou se poderia ir a minha casa tomar um café. E eu aceitei com muita honra porque eu não briguei com ele, briguei por causa de um amigo.

Eu nunca vi tanto alckimista em minha vida como tem hoje. Se perguntar quem é alckimista aqui, até as cadeiras ficam de pé para estender as perninhas e dizerem que são. Se isso acontece, aí sou cobrado por ser leal. Eu tenho posições. Eu defendo, por exemplo, a aposentadoria, mas o Governo não quer.

Eu defendo, por exemplo, a Artesp. Como é possível primeiro nomear e depois votar? Eu não posso aceitar. Como é possível os secretários estaduais , até então diante dos pedidos de agenda de audiência pelos parlamentares, não tinham prazo para marcar. Como é possível isso? A Defensoria e a OAB? Para mim, é questão de honra, tenho que defender. Na Corregedoria, os deputados fugiram pelos cantos. Se mandasse fechar os quatro cantos, iam todos presos aqui, mas a metade foi embora e não era assunto próprio.

Não estou defendendo, não sou delegado de polícia, estava defendendo a dignidade. Eu só tenho uma qualidade: sou independente politicamente e também sobre todos os outros aspectos, mas sou leal. Não há nada que eu possa prejudicar o Governador.

Agora, correndo, o país andando por aí com o secretário-geral, sei o tamanho da luta, Deputado Rui Falcão, agora percebo. E verifico que a sombra do Kassab aparece no telão em Brasília. Parece a estátua do Cristo Redentor lá no Rio de Janeiro.

O Deputado Edinho Silva, presidente do PT estadual, já encontrou uma saída para dizer que é bom para o povo. O que é isso, Deputado Edinho Silva? Qual é a sua explicação? Antes diziam que o Kassab era nefasto, que significa de mau agouro. O PT inteiro falava isso. Agora, não, Kassab virou santo: é São Gilberto, todos agora querem fazer aliança e ninguém desmente. Eu não o vejo desmentido.

O PTB municipal, por motivos óbvios, está dividido: Metade para lá, e metade para cá. Uns acham que o Kassab é muito bom, outros como o Deputado Adriano Diogo, com consciência, se colocam ao contrário.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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O que teria mudado no PT? Os sonhos? Os horizontes? O que teria mudando? E não me venham dizer que são alianças, que visão e objetivam o povo. Só o povo, só os pobres, só os humildes. Dia desses estava dizendo: o PT não sai mais no Diário de S. Paulo. Só sai na coluna da Sonia Racy. Coisa de louco! Sonia Racy, colunista social. Quer saber como está o Kassab e o PT? Leia a Sonia Racy. Logo logo é Mônica Bérgamo. Não tem que ler Diário de S. Paulo nem Metrô News, que não sai. Vai na Folha de S. Paulo, no caderno  Ilustrada, abre, vê Mônica Bergamo. E quero cumprimentar o Deputado Rui Falcão. O trabalho que esse homem tem feito!É meu amigo, mas meu adversário político. Corre o país inteiro. Está me prejudicando no nordeste, no norte, porque trabalha demais, e as pessoas que trabalham demais partidariamente atrapalham a gente que também trabalha. Não é fácil a vida partidária. Quando as coisas dão certo, todo mundo ganha;. Quando dão errado é o presidente que não presta. Tudo culpa do presidente.

Portanto, Sr. Presidente, quero reafirmar aqui. Eu não posso criticar. Estou dizendo da minha perplexidade. Eu não consigo mais dormir sem ver aquela imagem do Kassab feito Jesus Cristo. Me dá alergia. Sinto o coração palpitar mais forte, Deputado Falcão. Me desculpe. Estou pensando em dormir com o jornal Folha de S. Paulo embaixo do travesseiro. Quem sabe durmo melhor. Tirar da minha frente aquele... O Sr. viu, nobre Deputado Marco Aurélio? Pega o jornal aí. Telão. Meu amigo Gilberto Kassab aprendeu a mandar beijinhos também. Chegou o PT é beijinho para lá, beijinho para cá. O que está acontecendo? Voltarei a esta tribuna, agora meu tempo está se esgotando.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Para encaminhar contra, tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente, telespectadores de TV Assembleia, de volta esta tribuna gostaria de discutir o Projeto de lei nº 1 de 2012, que versa sobre aumento de salário regional do Estado de São Paulo.

Antes, gostaria de registrar a posição do PSOL tanto em relação à PEC 19, dos delegados de Polícia Civil, dos servidores da Segurança Pública do Estado de São Paulo, para afirmar nosso compromisso com de aprovação imediata e emergencial dessa PEC apresentada pelo próprio governo, atendendo reivindicação histórica desses servidores. Nós, do PSOL, manifestamos nosso total apoio. Defendemos que essa PEC 19 entre na pauta em caráter de extrema urgência. Até porque parece que há um acordo, não há nenhuma objeção da base do governo, eis que o projeto é do governo, nem da oposição. Na verdade, agora só depende do governo orientar sua base no sentido de votarmos imediatamente a PEC 19.

Quero também manifestar a posição do PSOL em relação à PEC 300. Nós do PSOL não traímos, como muitos partidos fizeram, os servidores da Segurança Pública. Porque antes da eleição de 2010 vários partidos, vários candidatos inclusive aos governos estaduais se comprometeram com a aprovação da PEC 300. Terminou a eleição houve uma traição em massa por parte de vários candidatos e partidos políticos. Eles traíram os servidores da Segurança Pública, os policiais militares de todo o Brasil. Nós, do PSOL, continuamos coerentes e defendendo a imediata aprovação da PEC 300, até porque nosso país, hoje, não tem uma política de segurança pública, estamos à deriva. Muito menos temos uma política salarial para os servidores dessa importante área.

Então, é muito importante para nós, para o Brasil a aprovação da PEC 300, porque ela cria um piso nacional profissional, o que é fundamental para haver o mínimo de dignidade salarial para os policiais militares do Brasil.

Fica aqui o nosso apoio. A nossa bancada de Brasília está mobilizada, faz gestões e defende essa posição.

Em relação ao projeto que estamos discutindo eu gostaria primeiramente de registrar que apresentamos emendas que foram logicamente rejeitadas pela base do governo na Comissão de Finanças. A Emenda nº1, inclusive, trazia a discussão do piso salarial do Dieese, que é a nossa referência. O piso salarial apresentado pelo Dieese é uma referência para todos os trabalhadores brasileiros, os da iniciativa privada e dos serviços públicos. No entanto, parece que essa discussão do Dieese foi abandonada, ninguém mais discute esse salário mínimo que hoje é de 2.329,35 reais. Esse o salário mínimo, que daria para sustentar uma família, para suprir as necessidades na área de educação, de saúde, de previdência, de alimentação, de cultura e de lazer. No entanto, o salário mínimo nacional está muito aquém desse salário.

Queremos nivelar essa discussão por cima, não por baixo, como o projeto apresentado pelo Governador Alckmin nos faz discutir. Na nossa emenda, além dessa proposta do salário mínimo do Dieese, apresentamos emenda para que o valor do salário mínimo regional, estadual seja estendido para os servidores públicos do Estado de São Paulo. Senão estaremos assistindo a uma verdadeira hipocrisia. Até porque a categoria importante, como a dos médicos servidores públicos, tem um salário base de 600 reais. E o salário proposto pelo governo, nesse projeto, para a iniciativa privada é de 700 reais. É um absurdo. É uma incoerência, e, no mínimo, uma grande contradição. Há categoria de servidores neste estado cujo salário base é 300, 400 reais. Por que o governador não apresenta um projeto de lei para elevar esse salário dos servidores que é um dos piores da federação?

Então, nesse sentido que apresentamos essa emenda. Para corrigir a imperfeição e acabar com essa hipocrisia do governo Alckmin. Para a iniciativa privada o governador aumenta o salário; par os servidores do estado zero. Não respeita nem a data base, que é constantemente, anualmente afrontada, violada, esmagada pelos governos do PSDB. Foi assim na primeira gestão do Alckimin, na do ex-Governador Serra e continua. No dia primeiro de março há o vencimento da data base salarial dos servidores e até agora nenhuma proposta foi apresentada. É um governo fora da lei, que não respeita a lei do piso salarial, não respeita a lei da jornada dos professores da rede estadual. Acabamos de realizar uma audiência pública no Auditório Paulo Kobayashi com os docentes da rede estadual. O Governo vem desrespeitando e afrontando a lei federal, a sentença judicial, desrespeitando os profissionais da Educação e, sobretudo os 5 milhões de alunos matriculados nas escolas estaduais.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PSD - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Deputado Carlos Giannazi, eu gostaria de fazer coro e cumprimentá-lo pela sua manifestação inicial em prol da votação da PEC 19. Esclareço ao público e aos Deputados, que não estão afetos, que muito embora a Associação dos Delegados tenha se deslocado e esteja permanentemente visitando todos os gabinetes no intuito de sensibilizar os parlamentares para que votem essa PEC, gostaria que ficasse muito claro que não há nenhuma obstrução principalmente da oposição desta Casa. Tivemos a manifestação do Deputado Enio Tatto, pelo PT, a vossa manifestação pelo PSOL, do Deputado Pedro Bigardi, pelo PCdoB, a minha pelo PDT, e estamos encarecendo para que se paute o projeto e que ele seja colocado em votação. Encareço a todos os partidos desta Casa que, se possível, manifestem de público e vamos fazer coro na próxima data que tivermos reunião do Colégio de Líderes, que não será na próxima terça-feira porque será feriado de carnaval, mas que ocorrerá na terça-feira subsequente ao feriado, para que possamos pautar e votar.

O PT, o PCdoB, o PSOL e o PDT não fazem nenhuma objeção e querem pautar e votar de imediato esse projeto. Encareço à liderança do Governo, à assessoria do Governador Geraldo Alckmin, que lembrem aos partidos da base que o projeto é do Governo e de interesse público de tal forma que quem faz oposição nesta Casa está somando os esforços para que se paute e vote esse projeto.

Quero agradecer a coerência do PSOL, que no plano nacional se colocou ao lado da família policial Civil e Militar, dos policiais militares e bombeiros militares não só nesse momento de crise salarial, mas em prol da votação de um piso nacional para os profissionais de Segurança Pública. O meu agradecimento as manifestações de V. Exa. e transmito a todos do PSOL pela coerência que tem se pautado nesse momento muito difícil para a família policial.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Lembro os Deputados, Deputadas e telespectadores da TV Alesp, que nós estivemos presente em 2008, quando ocorreu aquela greve história dos servidores da Segurança Pública. Evento que de uma forma leviana e irresponsável o ex-Governador José Serra, do PSDB, jogou a Tropa de Choque da PM contra os servidores que estavam realizando uma greve pacífica. Estávamos presente, acompanhamos e tentamos abrir negociação com o Governo estadual da época que foi autoritário e não recebeu a comissão para negociar. Não estamos obstruindo, muito pelo contrário, estamos pedindo para que a PEC 19 entre em caráter de urgência e emergência na pauta de votação. Não sei o porquê dessa resistência já que o projeto não traz aumento salarial e nem um ônus para o Estado. Iremos continuar pressionando neste sentido.

Nos poucos minutos que me restam, eu gostaria de ler aqui na discussão do salário mínimo o Art. 7º, do Capítulo II, da Constituição Federal, que versa sobre o salário mínimo nacional: “O salário mínimo fixado em lei nacionalmente unificado tem que ser capaz de atender as necessidades vitais básicas dos trabalhadores e das suas famílias como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. Reajustado periodicamente de modo a preservar o poder aquisitivo vedada a sua vinculação para qualquer fim”. Essa é a concepção de salário mínimo que nós defendemos para os trabalhadores do Brasil tanto para a iniciativa privada como também para o funcionalismo público.

A proposta apresentada pelo Governador Geraldo Alckmin, está muito aquém dessas necessidades, tanto para a iniciativa privada quando para a pública. Esse valor de aproximadamente R$ 700,00 que aparece no projeto não é estendido para os nossos servidores. Temos aqui servidores com salário base de R$ 600,00 como é o caso dos médicos.

Outro dia realizamos uma grande audiência pública com os profissionais da Saúde e o médico nos mostrou o seu holerite que demonstrava que o salário era realmente no valor que mencionei. Temos categorias profissionais do nosso Estado que tem como salário-base R$ 300,00 a R$ 500,00. Temos professores da rede estadual de ensino que recebem esse salário. Essa é a situação caótica e de falta de investimento nos salários. Temos uma política salarial de arrocho e compressão dos salários dos nossos servidores.  É caso, por exemplo, dos próprios servidores da Segurança Pública. Se um delegado de polícia tem um dos piores salários da Federação, imagino o salário dos outros servidores. Isso é um verdadeiro atentado à Segurança Pública: um delegado de polícia ter um salário de 5 mil enquanto um delegado da Polícia Federal tem um salário de 20 mil ou até mais. Essa situação não prejudica somente os servidores da Segurança Pública, mas é uma afronta a toda a população do nosso Estado que é penalizada com a falta de segurança. Temos que investir e fazer a recuperação salarial dos servidores da Segurança e de todas as outras secretarias.

Há pouco, Sr. Presidente, eu tinha feito uma denúncia do que vem acontecendo com as estruturas burocráticas do Estado de São Paulo que cuidam das aposentadorias, das licenças médicas, dos processos de readaptação dos nosso servidores, e me referi a várias instituições ligadas a esses assuntos. Essas estruturas estão sem funcionários e trabalham em condições extremamente precárias. Os nossos servidores estão demorando 3, 4, 5 ou 6 anos para ter uma certidão de qualquer natureza. Para se aposentar, o servidor demora anos até que o seu processo chegue a SPPrev, e quando chega demora mais alguns anos porque não há funcionários, que estão indo embora e pedindo exoneração por conta dos salários irrisórios e as condições de trabalho que são precárias. Nós somos penalizados do ponto de vista salarial, das condições de trabalho e da parte burocrática. Já fomos ao MP e conseguimos junto a ele a abertura de um inquérito civil contra o Departamento de Perícias Médicas que está passando por investigações por conta da situação de calamidade pública em que se encontra esse departamento, pois é conhecido pelos servidores como a ‘casa dos horrores’.

É nesse sentido, Sr. Presidente, que nós manifestamos primeiramente a nossa posição em relação ao projeto apresentado, dizendo que apresentamos emendas para que ele seja melhorado: elevando o valor do salário mínimo regional e também estendendo esse valor para os servidores do estado de São Paulo. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados e Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre Deputado Roque Barbiere. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, antes de tratar do Projeto de lei nº 1, de 2012, quero lembrar que fui líder da bancada. Quando o governo envia um projeto de lei para fazer uma operação de crédito, buscar empréstimo do BNDES, mesmo no Banco Mundial, para investir na recuperação do Metrô e estradas vicinais, votamos favoravelmente por que são bandeiras que sempre defendemos.

Defendemos investimento no estado, melhoria na infra-estrutura, melhoria das condições de trabalho dos funcionários pra prestar um melhor serviço para a nossa população. Somos contra projetos que prejudicam o estado, a nossa população e o desenvolvimento de políticas públicas. Por exemplo, somos críticos ferrenhos às privatizações: do Banespa, do setor elétrico, Cesp, Nossa Caixa Nosso Banco. E tem muitas outras coisas que trabalhamos para melhorar.

Quanto à questão do salário mínimo regional, quero fazer um rápido histórico e lembrar que o Estado de São Paulo demorou muito porque a Constituição Federal atribui ao governo federal especificar qual é o salário-mínimo no Brasil, o Congresso Nacional ratifica, mas ela também permite que os estados possam ter salários mínimos regionais acima do salário mínimo nacional.

O Rio Grande do Sul tem um salário mínimo regional acima do salário mínimo nacional há muito mais tempo que o Estado de São Paulo. Sempre fomos críticos em relação a isso. O Estado de São Paulo passou a adotar isso depois de muitas críticas, pressões da sociedade civil. Fomos críticos a isso e soubemos aplaudir quando o governo tomou a iniciativa de finalmente instituir o salário mínimo regional em São Paulo. Por quê? Porque a economia de São Paulo é muito pujante. O PIB de São Paulo já foi muito grande. Graças às políticas equivocadas dos tucanos - privatizações, preços abusivos e extorsivos dos pedágios, enfraquecimento do funcionalismo público, falta de política de desenvolvimento regional - o Estado de São Paulo perdeu posições em relação aos outros estados. A economia dos estados do Nordeste cresce muito mais do que o Estado de São Paulo. Nosso estado já representou 35% do PIB nacional. Hoje está na faixa de 31%.

O Estado de São Paulo tem se enfraquecido diante do restante da federação. Aquela ideia de locomotiva de desenvolvimento do Brasil já não é a mesma de antigamente. Apesar disso, pela sua pujança, pela sua força econômica e social, pela população, pelas instituições, a sua economia representa quase que 1/3 da economia brasileira. Tem condições de garantir para os seus trabalhadores um salário mínimo muito mais importante do que no resto do país. A economia do Estado de São Paulo não pode ser comparada à do estado de Rondônia, onde mora parte de minha família. Sempre vamos votar favoravelmente a esse projeto. Criticamos quando o governo manda um projeto de reajuste salarial para determinados setores do funcionalismo porque sabemos que pode ser muito mais. A margem orçamentária do governo é muito grande para melhorar o salário dos professores, dos profissionais de saúde, dos policiais, dos trabalhadores da área de segurança.

A Lei de Responsabilidade Fiscal diz que os governos podem gastar até 51% do Orçamento em folha de pagamento, política salarial. O Estado de São Paulo não chega a 40%. Criticamos, fazemos o debate, chamamos a atenção, buscamos fazer emendas aos projetos que o governo envia, mas votamos favoravelmente porque é sempre bom ter uma proposta de reajuste, de recuperação salarial.

Digo isso porque acompanho o assunto como membro da Comissão de Finanças e Orçamento. Já fui funcionário público estadual também e sei o quanto os salários no Estado de São Paulo estão defasados.

Então, achamos incoerente essa divisão proposta pelo governo. São três pisos: 690 reais para um grupo de trabalhadores como ascensoristas, lavadeiras, motoboys. Alias, são trabalhadores que precisam de muito mais apoio do governo para terem suas profissões mais valorizadas. Outra categoria de 700 reais para operários de máquinas de construção civil, mineração, trabalhadores em corte e lavra de madeira, barbeiros, cabeleireiros. E outro piso de 710 reais para administradores agropecuários, trabalhadores em serviços de higiene e saúde, chefes de serviços de transportes. Segundo o governo, são categorias que não têm conseguido dissídios. Por que essa divisão, essa discriminação? A bancada do PT apresentou a proposta de um salário de 710 reais para todos os trabalhadores que precisam da proteção do estado. Por que essa divisão? Essa é uma crítica que fazemos. O próprio governo segmenta. Não estamos de valores exorbitantes. Estamos falando de 10, 20 reais. Essa é uma das críticas.

A outra crítica que fazemos é por que o governo entra no debate dos salários da iniciativa privada e não tem um piso para funcionalismo público? Temos situações de categorias profissionais que têm um piso abaixo do salário mínimo nacional. O governo coloca uma gratificação aqui, outra ali; mas quando o servidor se aposentar ele vai receber o piso. Temos pisos de 290, 310 reais. Por que o governo faz uma política para a iniciativa privada se ele não cumpre sua responsabilidade no setor do funcionalismo público? É vergonhosa essa política que temos em relação aos funcionários públicos que não têm um piso decente. É uma política nefasta até em relação a esses profissionais. Então, são essas críticas gerais que fazemos.

Há pouco presidi uma reunião da Comissão de Educação e cultura da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Tivemos aqui a presença de mais de 700 professores, professoras, líderes sindicais da área da Educação, representadas por entidades como a Apeoesp, o Centro do Professorado Paulista, a Apase, entre outros, que tiveram oportunidade de conversar com os deputados desta Casa na comissão, tivemos a representação da Secretaria de Educação a respeito da lei do piso e da jornada dos trabalhadores. É de conhecimento que é uma lei federal, a Lei do Piso e da Jornada dos Trabalhadores. Aliás é a única categoria de trabalhadores que a Constituição Brasileira garante um piso nacional. Muitos estados não cumpriram. Então essa foi uma conquista muito grande, mas essa Lei do Piso determina que no caso dos professores a jornada de trabalho, normalmente de 40 horas, um terço tem que ser cumprido em atividades extraclasse, ou seja, professores que precisam corrigir a prova, fazer uma análise melhor do aluno, preparar-se para dar a aula. Ser professor neste Estado, principalmente, é uma tarefa, hoje, muito difícil: salários baixos.

Até fizemos esse debate aqui, aprovamos uma política de reajuste muito insuficiente, muito baixa, mas na situação em que os professores se encontravam, principalmente sob o jugo do Governador Serra de derrotar os professores, colocar a culpa neles pela má avaliação da Educação, aqui em São Paulo, foi um avanço, mas há uma discussão sobre se o Governo está cumprindo ou não. No nosso ponto de vista o Governo não está cumprindo a lei que determina que um terço do tempo dos professores, da sua jornada tenha que ser cumprida fora da classe para se preparar. O Governo do Estado alega que cumpre porque, ao invés de o professor dar uma aula de 60 minutos, dá uma aula dentro da classe de 50 minutos e os 10 minutos que ele tem para ir de uma sala a outra, tomar uma água, buscar um material, conversar com o aluno já é uma atividade extraclasse. Nós discordamos, os professores também discordam.

Então há um impasse que infelizmente foi para a Justiça. A Justiça deu decisões favoráveis aos professores, o Governo conseguiu liminares que impediam e, infelizmente, uma situação que poderia ser resolvida através de negociações, através do diálogo está sendo decidida pela Justiça, porque o diálogo foi quebrado. Então a Comissão, hoje, acredito ter cumprido um papel importante de intermediar o diálogo com o Governo, promover debate entre os professores, os seus representantes e os setores do Governo, mediados por deputados.

O Deputado João Paulo Rillo esteve presente naquela comissão, o Deputado Marcolino também, vários deputados, não só da Comissão, estiveram lá para mostrar que esse debate importa aqui para a Assembleia; a Assembleia pode ser um espaço de mediação. Nós achamos que o caminho é a negociação, é um acordo, ao invés de ser o caminho da disputa judicial, que infelizmente acabou ocorrendo.

Então quero parabenizar a Apeoesp, o CPP, a postura do Secretário que enviou também aqui representantes para fazer o diálogo, fazer o debate.

Quero também parabenizar a disposição de luta dos professores; tenho certeza de que o que os motiva é melhorar a qualidade da Educação. É isso que buscamos; estamos muito longe disso, porque não temos um Plano Estadual de Educação. Temos muitas mazelas acumuladas durante anos, mediações como a que fizemos. Debates democráticos como fizemos hoje tenho certeza de que podem contribuir, mas temos muito para avançar.

Esperamos então uma solução o mais rápida possível para que os professores possam dar aula tranquilamente, cumprir sua jornada e os alunos possam ter a garantia de que terão professores na sala de aula descansados, bem humorados, animados, empolgados, condição fundamental para que a Educação melhore e para que os alunos aprendam o que seus mestres ensinam. Vamos continuar fazendo esse debate.

Queria também dizer que participei, como membro e Presidente da Comissão de Educação e Cultura, da reunião do Conselho Curador da TV Cultura, Fundação Padre Anchieta. Manifestei a preocupação, como membro daquele conselho, da situação orçamentária da TV Cultura. O Governo do Estado tem feito uma política anual sistemática de diminuir o repasse do Orçamento para a TV Cultura, obrigando-a a buscar patrocínio privado para sua programação. Nunca tínhamos visto, e agora é comum, propaganda das Casas Bahia, Bradesco e outras empresas privadas tendo que dar apoio cultural à programação da TV Cultura, que é uma vergonha. Hoje 55% do orçamento da TV Cultura vêm da venda de serviço e de publicidade, coisa que há 10 anos eram 80% do dinheiro do orçamento. Hoje são 45 por cento.

Então quero aqui chamar a atenção desasa situação. A TV Cultura tem um déficit, o Governo do Estado está apertando a TV Cultura, que já fez demissões quase que em massa: de dois mil trabalhadores, o quadro foi enxugado para mil e há ameaça de demissão de mais funcionários. Não queremos seu sucateamento. Não é um problema orçamentário, porque o Orçamento do Estado de São Paulo tem crescido a cada ano. É uma política errada que leva ao estrangulamento, ao aniquilamento dessa TV, que é um patrimônio. Não é uma TV do Governo; a TV Cultura é um patrimônio do povo paulista. Quanta programação de qualidade foi produzida ali, que temos perdido porque é preciso investimento, recurso para acompanhar a modernização tecnológica, que é muito veloz nesse setor. E o Governo do Estado está fazendo esse patrimônio ser perdido, ser sucateado. Qual o objetivo?

E fiz um protesto em relação a isso. Já conversei com o Presidente da Fundação, João Sayad, Presidente da Diretoria Executiva. Fui lá pessoalmente para dizer a ele e manifestei-me no conselho; quero aqui compartilhar isso com os deputados e com os telespectadores que essa ideia de ceder espaço na programação para empresas privadas de jornalismo, como é o caso da "Folha de S.Paulo", do "O Estado de S.Paulo" não é uma coisa boa. São órgãos de imprensa privados que respeitamos; alguns têm opiniões muito claras, políticas, inclusive, mas terceirizar a programação da TV Cultura para empresas como a "Folha de S.Paulo", "O Estado de S.Paulo" e outras - soube que também foi feito um convite para o “Valor Econômico” -, repito, nada contra essas empresas que têm o direito de se viabilizarem na sociedade através da comercialização de informação, mas ocupar um espaço público não vai dar certo, o Presidente João Sayad e o Conselho deram o aval, infelizmente.

O máximo que conseguimos foi fazer com que essa programação receba uma avaliação daqui a seis meses, mas queria manifestar que levamos essa crítica, o nosso protesto, nossa discordância. Acredito até que a TV Cultura seja obrigada a terceirizar sua programação por conta do sucateamento orçamentário, do arrocho orçamentário que o Governo do Estado infelizmente está fazendo, talvez por brigas políticas. Até fico desconfiado se não é para inviabilizar o Presidente João Sayad, porque ele não é de um grupo. Estão levando à privatização da TV Cultura, terceirização da sua programação.

E quero chamar a atenção, porque essa TV balizou a qualidade dos programas infantis, com o “Castelo Ratimbum”, “Cocoricó”, o que levou a Rede Globo, empresas de comunicação privada a melhorarem sua programação. Mas para manter qualidade tem de haver investimento, contratar bons profissionais, modernizar-se tecnologicamente. Não é o que está acontecendo; ela está sendo obrigada a vender sua programação, vender espaço publicitário e não é isso o que queremos.

Até sugeri ao Presidente João Sayad que viesse à Comissão de Educação e Cultura para nos colocar o que está acontecendo, seus pontos de vista, discutir o problema do Orçamento. Acredito que esse tema interesse a esta Assembleia, à população para que possamos voltar a ter uma TV pública com esse caráter público, do nosso povo, e não de um partido, não do Governo, não de uma tendência, e voltar a ter qualidade, criar um padrão de qualidade para a TV brasileira.

Essa é a grande contribuição que os gestores da TV Cultura poderiam dar. Acredito que muitos profissionais ali estão imbuídos com essa intenção, mas o problema orçamentário é um problema real. Sem dinheiro, como garantir qualidade, programação, fazer investimentos em novos programas?

Este é um assunto de relevância e interesse de todos os Deputados. Gostaria de trazer ao conhecimento de V.Exas., e quero pautar na Comissão de Educação e Cultura, para fazermos o debate com mais tempo. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Roque Barbiere, para discutir a favor do PL 01/12.

 

O SR. ROQUE BARBIERE - PTB - Sr. Presidente, quero ceder o meu tempo ao meu Líder, nobre Deputado Campos Machado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Campos Machado, para encaminhar a discussão do PL 01/12.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, deixando de lado esse projeto, a que sou favorável, mesmo porque o piso estadual é maior que o federal, começo hoje uma nova batalha, uma nova caminhada.

Não vou enfrentar peixe pequeno, não. Vamos enfrentar peixes grandes. Pensam alguns que esta Casa é um supermercado, que tem escrito, à frente, Pão de Açúcar. Não está, não. É por isso que começo hoje uma nova batalha.

Apresentei um projeto que já passou por todas as comissões. Passarei a ler o Art. 1º desse projeto, que dispõe sobre a exposição, nos locais que especifica, de bebidas alcoólicas e dá outras providências.

Art. 1º - Em todo e qualquer recinto público de uso coletivo, independente de sua natureza, na qual os poderes públicos no âmbito do Estado e municípios detenham suas titularidades patrimoniais, sejam responsáveis por suas administrações ou de toda forma tenham o patrocínio dos órgãos governamentais, eventos que se realizam nos locais, bem como nas vias e logradouros públicos, postos de combustíveis e similares, fica proibida a exposição, de qualquer forma, inclusive promocionais, de bebidas alcoólicas e sua consequente comercialização e consumo.

§ 1º - Aplica-se a proibição a que se refere o caput deste artigo a pessoa que portar, carregar ou transportar bebida alcoólica de forma ostensiva, mesmo que não a comercialize ou consuma.”

Só se excetuam, no § 2º, os eventos fechados.

O que é isso? Fica proibido o consumo de bebidas alcoólicas em praças, jardins, ruas, avenidas, estradas, calçadas, postos de gasolina, postos de conveniência. Só pode consumir bebida alcoólica em recintos fechados. Fica proibido transportar de maneira ostensiva a bebida alcoólica.

Por que falo que é uma grande luta? Como vai reagir a AmBev? Como vão reagir os barões que dominam as empresas das bebidas alcoólicas? Como eles vão permitir que se concretize?

Fui passar o Réveillon na casa de um senador, lá no Nordeste. Casa de praia, Ponta das Pedras. Depois de alguns dias, ouvi, do maior comerciante de bebidas alcoólicas do Nordeste, que, sem saber que eu era o autor do projeto, depois de me chamar, de me encher de elogios, só faltou dizer que eu era o maior político do mundo, ele disse: “há um colega de vocês, de São Paulo, que quer inventar a pólvora, e está pretendendo acabar com bebidas alcoólicas, com o consumo em praça. Nós vamos lá e definimos tudo facilmente. Nada que , com uma boa conversa,  não se resolva.”

Mudamos de assunto. O que quis dizer esse empresário? Aonde ele quis chegar? Ele quis dizer que ele poderia vir aqui e resolver de maneira republicana os problemas da indústria do álcool.

Ele está equivocado. Esse projeto não está sendo apresentado para ser negociado. Eu não quero ver cheiro de bebida no corredor. Não podemos ver empresários cheirando uísque e cerveja nos corredores da Casa. Não podemos aceitar isso. E o curioso é que temos apoios de grande parte dos Senadores, dos Deputados federais, da igreja católica, das igrejas evangélicas.

Você vai, Campos, de encontro, por exemplo, aos barzinhos da Vila Madalena, aos postos de conveniência, onde se compram bebidas inicialmente, e se fuma maconha e se consome crack atrás. Ou alguém duvida aqui que o álcool é a porta de entrada do crack? Primeiro o álcool, depois a maconha, depois a cocaína, e aí vem o crack. É o círculo do vício. Primeiro, o mais barato, o mais caro, e chega ao mais barato, que é o crack.

E dizem alguns para mim: Campos Machado, você é louco. É ano de eleição. Qual é o Deputado que vai ficar do seu lado? Quem vai apoiá-lo? Quem vai ter coragem do seu lado, em ano eleitoral? É esse o desafio que começo hoje. Quero que os Deputados venham aqui e digam que “sou contra porque pode gerar perda de empregos”. E vidas?

No último Fantástico, dois jovens, fazendo racha a 150 km cada carro, provocaram duas mortes. Vem uma testemunha e diz que “eles estavam totalmente embriagados no posto de gasolina”. Quem frequenta os barzinhos e postos de gasolina? Sabem o que rola lá? Não é só álcool, não. É maconha, é crack, é cocaína. Estou exagerando? Vão lá, acompanhem o seu filho, vejam o que acontece.

É isso que estou iniciando hoje. Só trabalho em dois projetos desde o ano passado. Não votei nenhum. Tenho o projeto da OAB. Quero anunciar aqui aos 350 mil advogados que vou iniciar uma grande campanha em todo o Estado. Não deixei fazer essa campanha porque eu achava que não era hora ainda. Vou fazer um trabalho.

E esse projeto do álcool. Os traficantes não vão gostar. Que traficante vai gostar, se sabe que a sua mercadoria, que vem depois do álcool, pode gerar menos lucros? O projeto do Sr. Governador, que proíbe o menor da bebida alcoólica, é excelente. Mas e se um maior vai ao bar e compra um litro de pinga, vai ao jardim e serve os menores? Onde está o crime? Quem tem filhos, filhas menores, sabe do que estou dizendo. Sabemos que as crianças saem de casa, mas não sabemos se voltam. Que mãe não fica preocupada com a sua filha em balada? Que pai não fica preocupado com o seu filho, porque as baladas agora começam uma hora da manhã?

 

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- Assume a Presidência o Sr. Barros Munhoz.

 

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Não aconteceu comigo, mas pode acontecer. A gente sempre acha que só morre o pai dos outros, que só morre a mãe dos outros, que nada acontece com a gente. Acontece sim! Eu também imaginava que nada iria acontecer comigo: super homem, advogado, com escritórios fora do país, achava que era o máximo, até que perca a pessoa mais querida da minha vida, a minha mãe. Aconteceu comigo. Com todo mundo as coisas acontecem. E quando acontece, destroem a nossa alma. E dizer para mim que bebeu um pouco, em se divertir de madrugada, às noites, andar embriagado na rua, dirigindo carro a 100 por hora? Não estou nem falando em crimes, em homicídios, em assaltos, em roubos. Estou falando apenas em quem tem carro, que é 10 por cento. Quem já passou em frente a um posto de gasolina, bar de conveniência à noite em São Paulo? A zona Oeste, por exemplo, já viu como é lá? Dezenas de pessoas com latinha de cerveja, com garrafinha de vodka, e de vez em quando ele sai pelos cantos, fuma uma maconha, cheira um pouco. E ninguém vê nada.

Quando começou isso? No álcool. É por isso que começo hoje uma nova batalha. Não tive tempo de aprender, a ter medo. Não nasci para ser covarde, muito menos para ser lacraia. Os deputados têm preferência por projetos. Tenho do ano passado e deste ano, só tenho dois projetos. O projeto da OAB e o projeto da bebida alcoólica. Tenho certeza que os deputados não vão fazer como aconteceu na Corregedoria da Polícia Civil: corre um pelo canto da direita, outro foge, outro sofreu enfarte, ou quebrou a perna, outro a mãe viajou, ou a cunhada casou, um inferno. Sumiu todo mundo. Só de enfartes que teve naquela votação tomei conhecimento de 12, e todos sararam no mesmo dia.

Neste projeto da bebida alcoólica é que vou medir a coragem desta Casa, a independência de cada deputado. Já ouvi dizer que há grupos políticos negociando em cima deste projeto. Já ouvi dizer que há grupos garantindo que este projeto nem pautado vai ser. É gente que não me conhece.

De hoje em diante, quero pedir ao Sr. Presidente, Deputado Barros Munhoz, que já foi prefeito, deputado, líder de bancada, secretário, ministro, presidente duas vezes, quero reiterar-lhe que só tenho dois projetos. Do ano passado não votei ainda. Aí dizem alguns “Mas tem o projeto da Artesp.” Mas espera um pouco, sou Presidente de um negócio chamado Conselho de Prerrogativa. A hora em que defendo na Casa que não quero que venha nomeação, venha, antes,  indicação - não é projeto meu -, que quero que o Secretário de Estado marque audiência em 20 dias sobre PLC - não é projeto meu -, que defendo uma PEC, praticamente idêntica a do Governador, dos delegados, que permite - copiado do Rui Falcão - que os delegados de primeira classe possam ser promovidos também por antiguidade, e não só por merecimento porque é subjetivo, eu defendo quem? Tenho filho delegado? Sou delegado de polícia? Não tem sentido, Deputado Barros Munhoz, V. Exa. que vai nomear, vai escolher, de maneira subjetiva,  aquele que for mais simpático. É seu amigo? Faz parte do seu grupo? E aquele que tem tempo de serviço, cabelo branco, como V. Exa., enevoado pelo tempo? Como é que faz? Não pode?

Portanto, Sr. Presidente, quero deixar claro que começa hoje outra batalha e quero deixar um aviso aos aproveitadores, aos oportunistas de fundo de quintal, que se acham que vão negociar esta questão da bebida, este projeto por trás de mim, não vão não! Na próxima vez vou trazer aqui o manifesto dos senadores, líderes religiosos e políticos. E quero ver provado, Deputado Barros Munhoz, que nesta Casa não tem covarde e muito menos corrupto. Este é o desafio que faço a esta Casa. Quero ver se os barões da bebida vão vencer a dignidade.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Não havendo mais oradores inscritos, está encerrada a discussão.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, nos termos do Art. 100, inciso I do Regimento Interno, convoco V. Exa. para uma Sessão Extraordinária a realizar-se às 19 horas, com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia: PDL 02, de 2012, de autoria da Comissão de Transportes e Comunicações, que aprova a nomeação de membros do Conselho Diretor da Agência Reguladora de Serviços Públicos, Delegados de Transporte do Estado de São Paulo.

Havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, informando que a Ordem do Dia será a mesma da sessão de hoje, lembrando-os ainda da Sessão Extraordinária a ser realizada às 19 horas.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 18 horas e 47 minutos.

 

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