25 DE FEVEREIRO DE 2010

010ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: EDSON FERRARINI e CONTE LOPES

 

Secretário: OLÍMPIO GOMES

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - EDSON FERRARINI

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - OLÍMPIO GOMES

Lê e comenta a carta de Gesofato Vernin, presidente da Associação dos Policiais Militares da Reserva, contrário à mudança do nome "Polícia Militar" para "Força Militar".

 

003 - MARCOS MARTINS

Faz retrospecto sobre lei, de sua autoria, que proíbe o uso do amianto. Cita decisão do STF sobre a matéria. Combate o "lobby", praticado por duas empresas do setor. Questiona a tramitação de projeto, do Deputado Waldir Agnello, por "desregulamentar" a referida lei e, acrescenta, prejudicar as empresas que cumprem a medida. Faz apelo para que o projeto não seja votado.

 

004 - VANDERLEI SIRAQUE

Endossa a fala do Deputado Marcos Martins. Combate os "lobbies" que tentam modificar lei, de sua autoria, sobre os desmanches clandestinos. Informa que a atividade não deveria existir. Acrescenta que a medida foi criada em função da realidade. Faz reflexão sobre a criação e aplicação das leis.

 

005 - Presidente CONTE LOPES

Assume a Presidência. Presta esclarecimentos ao Deputado Marcos Martins. Reitera o seu propósito de não colocar em apreciação projeto citado pelo Parlamentar, matéria que aguarda o retorno do Presidente Barros Munhoz. Acrescenta, de outra parte, que não pode impedir a tramitação regular da propositura.

 

006 - CARLOS GIANNAZI

Solicita a deliberação do Plano Estadual de Educação, em tramitação nesta Casa desde 2003, matéria elaborada por entidades do setor. Pede, também, a apreciação de outros projetos de interesse do Ensino. Revela-se indignado com propaganda do Governo, por tratar como professor o estagiário em sala de aula. Cita mensagem anual do Governador sobre o assunto. Dá conhecimento de ato de entidades do magistério dia 5/3, às 14 horas, na Secretaria da Educação.

 

007 - EDSON FERRARINI

Trata da expectativa quanto ao projeto de reajuste do funcionalismo. Destaca sua preocupação quanto aos vencimentos dos policiais aposentados e pensionistas, que não recebem benefícios pagos aos funcionários em atividade. Informa que o comandante da PM revê a questão. Lembra que muitos profissionais postergam a aposentadoria.

 

008 - ALEX MANENTE

Discorre sobre questões da Saúde no ABC. Informa que serão ampliados os convênios com o SUS e a Santa Casa de São Bernardo do Campo. Dá conhecimento do aumento de especialidades, exames, e do número de leitos. Fala dos cuidados em relação às gestantes.

 

009 - RUI FALCÃO

Lê e comenta a publicação "Diagnóstico do PT sobre a gestão tucana em São Paulo". Combate a administração do Prefeito Gilberto Kassab, pelo corte do transporte escolar de três unidades da zona Leste da Capital.

 

010 - DONISETE BRAGA

Faz comentários sobre a publicação do PT "Diagnóstico sobre a gestão tucana". Cobra investimentos na Saúde pública. Lembra a necessidade de aplicação de 1% do ICMS na habitação. Cita programas de prefeituras petistas para recuperação de jovens, sem o apoio do Executivo paulista. Fala da destinação de verbas federais para São Paulo.

 

GRANDE EXPEDIENTE

011 - LUIS CARLOS GONDIM

Comenta a desapropriação de terreno vendido à empresa Itaquareia, que pretende extrair areia no local. Defende que naquelas chácaras vivem mais de 10 mil famílias responsáveis pela produção de 15% das hortaliças do Estado. Cita seu pedido ao Ministro da Reforma Agrária, Guilherme Kassel, estudo sobre caso. Apela aos Deputados da Casa para que essa Frente Parlamentar receba o apoio total.

 

012 - ROBERTO FELÍCIO

Comenta manifestação da Polícia Civil para reivindicar a negociação da data-base de 1º de março. Informa que dia 5/03 o sindicato dos professores e demais entidades da Educação realizará um manifesto. Critica a administração do Governador José Serra no que tange aos vencimentos do funcionalismo, Saúde, Educação, Polícia e pedágios. Alerta sobre futuros problemas nas áreas da Educação e Saúde.

 

013 - EDSON FERRARINI

Afirma que a intenção é a de que os três níveis do ALE sejam transformados em dois e que espera que o cidadão ao se aposentar leve esse valor no seu salário. Fala sobre o aumento do consumo de maconha entre os idosos. Relata sua experiência de 37 anos no combate às drogas e menciona centro de recuperação, por ele mantido. Cita que escreveu cinco livros sobre as drogas. Relata que nos próximos 30 dias vai fazer uma marcha pela família, contra as drogas (aparteado pelo Deputado Luis Carlos Gondim).

 

014 - JOSÉ ZICO PRADO

Reclama do fato não envio de projeto do Fiap pelo Executivo a esta Casa. Fala da importância da agricultura do país. Cita o uso de néctar nas merendas escolares ao invés do suco. Menciona o seminário da citricultura, que acontecerá em Bebedouro. Cita a falta de reajuste salarial para os funcionários da DER e o projeto de lei do salário mínimo. Tece considerações sobre o Governador José Serra.

 

015 - ADRIANO DIOGO

Pelo art. 82, tece considerações sobre os dirigentes de Brasília, através de foto projetado em painel. Cita a matéria "Escola técnica de referência na zona leste fica sem aula - Parte da carga horária foi afetada", da "Folha de S. Paulo" e critica ação da Prefeitura.

 

016 - ADRIANO DIOGO

Requer o levantamento da sessão, com anuência das lideranças.

 

017 - Presidente CONTE LOPES

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 26/02, à hora regimental, sem ordem do dia. Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Edson Ferrarini.

 

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O SR. PRESIDENTE - EDSON FERRARINI - PTB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Olímpio Gomes para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - OLÍMPIO GOMES - PDT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - EDSON FERRARINI - PTB - Tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Roberto Felício. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários, telespectadores da TV Assembleia, gostaria de fazer a leitura de um ofício que foi encaminhado pelo presidente da Associação dos Policiais Militares da Reserva, Reformados, da Ativa e Pensionistas da Caixa Beneficente da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Capitão Gesofato Vernin, dirigido ao Governador José Serra.

Sr. Presidente, passo a ler então o ofício:

“São Paulo, 18 de fevereiro de 2010-02-25

Oficio nº Aipomesp-004/2010

Do Presidente da Aipomesp

Ao Exmo. Sr. Governador do Estado de SP - José Serra

Assunto: Sensatez

Excelência,

Indignou-me ao ler a publicação inserta no Diário Oficial do Estado de 04 de fevereiro do corrente ano intitulada "Polícia Militar pode se chamar Força Pública" (Proposta de Emenda Constitucional 1/2010, do Executivo), ora, retroceder, voltar ao tempo para quê? O nome Polícia Militar é uma marca forte, quero crer que V. Exa. não tenha receio dessa força, a primeira vista parece-nos que a intenção do governo é desestabilizar a instituição, dado o momento em que há uma mobilização das Polícias Militares do Brasil em prol da aprovação da PEC 300 e que referido movimento está ganhando um grande vulto nacional. Esgotou-se a muito o discurso acerca da “ditadura militar e suas conseqüências”, isso não dá mais voto, o povo, a geração de hoje não quer saber mais nada sobre esse assunto. Paremos com isso, vamos bater no militar até quando??? Não dá mais Ibope.

Enquanto V. Exa. se preocupa com a mudança do nome da instituição que certamente haverá um gasto significativo na receita pública, porque não aplicar em melhoria na qualidade do atendimento do servidor de segurança pública em detrimento as necessidades da população paulista que carece em muito de apoio do Estado nesta questão, apliquemos em melhores salários, porque o profissional de segurança pública deixará de fazer trabalhos extra profissionais (bicos) para complementação das necessidades domésticas e estará integralmente à disposição do Estado. Há questões mais importantes a serem discutidas, como a integração das Polícias Militar e Civil na diminuição da criminalidade.

Sr. Governador, vamos resolver a questão do Adicional de Local de Exercício que V. Exa. assinou em decreto em favor dos policiais militares ativos e inativos, que até o presente momento não foi colocado em prática, ou seja, não recebemos nada.

Em nossas assembléias, ocasião em que lotamos o nosso Salão Social e às vezes somos obrigados a locar um espaço maior para acomodar os nossos associados, que hoje passa dos 10.000 (dez mil), sempre colocamos em pauta a questão salarial tanto para ativos como para os inativos da Polícia Militar do Estado de São Paulo, e sem sombra de dúvidas é o assunto que mais traz "calor", tamanha a insatisfação dos nossos associados e também ao descaso do Estado com nossa categoria profissional abordamos também assuntos referentes a melhoria no atendimento à população na segurança pessoal e patrimonial, a fim de traçarmos um esboço para servir de orientação aos nossos governantes. Até quando vai essa falta de sensibilidade dos nossos governantes para conosco.

E os precatórios, somos obrigados a buscar a justiça para ver nossos direitos e mesmo assim V. Exa. não honra o compromisso de pagamento.

Política limpa é aquela que busca resposta concreta aos anseios do cidadão e sua categoria, política limpa resolve não mascara, o PSDB há muito vem massacrando o povo, os servidores públicos e em especial o servidor público militar, que como já dissemos em outro momento, no documento encaminhado a V. Exa. intitulado "Com o sacrifício da própria vida": É um ser humano como qualquer outro, vive e sobrevive aos problemas cotidianos, mas tem que aparentar e apresentar aos demais, confiança, eficácia e a solução do conflito existencial, de uma população com inúmeros problemas sociais. Não é o solucionador de problemas, mas apenas o seu mediador, neutro, imparcial, defendendo o Estado que V. Exa. governa.

O Policial Militar, Sr. Governador, cumpre seu árduo tempo de serviço em prol da defesa da sociedade, faz com garra, prazer, total dedicação, pois corre em suas veias a vontade de servir e de se fazer cumprir as normas, as leis criadas pelo homem, é um defensor público com esmero.

Ao ingressar na Polícia Militar o cidadão o faz com orgulho e sonha todo dia com um mundo melhor para a comunidade; passa por provações, decepções, mas nunca desiste, está sempre alerta, mesmo depois de completar o tempo de serviço insalubre, todavia, com a missão cumprida em prol do Estado e Sociedade.

Não esqueçamos que a família policial militar e civil tem em suas mãos o poder do voto e o cidadão de hoje está muito mais preparado para o exercício do voto certo para a pessoa certa.

Valho-me do ensejo para reiterar a V. Exa. protestos de elevada estima e distinta consideração.

Gesofato Vernin - Presidente da Aipomesp”

Sr. Presidente, este é o ofício, dando conta do inconformismo da família policial militar com essa medida sem pé nem cabeça, quando se espera dignidade: simplesmente fazer a mudança do nome, uma questão semântica, antes de restaurar a dignidade da família policial.

Solicito regimentalmente que sejam encaminhadas cópias do ofício ao Secretário da Segurança Pública, ao Governador e ao Comandante Geral da Polícia Militar. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON FERRARINI- PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Raul Marcelo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luís Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Leite Filho. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Beth Sahão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Engler. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, público que nos acompanha pelas galerias e pelo serviço de alto-falantes da Casa, falaremos de um tema recorrente, que ainda causa polêmica na Casa.

É a Lei 12.684, que proíbe o uso do amianto no Estado de São Paulo. Durante mais de um ano a Vigilância Sanitária, na aplicação dessa lei, visitou cerca de 70 fábricas, e apenas duas não fizeram a conversão da matéria-prima para um outro produto que não seja nocivo à saúde pública, como o cancerígeno amianto.

A lei foi aprovada em 2007. Venceu todas as barreiras, venceu o Tribunal do Estado de São Paulo. A Fiesp entrou com o pedido de inconstitucionalidade e perdeu. Foi para Brasília, onde havia também um pedido de inconstitucionalidade, porque existe uma lei Federal, e alegaram que não se pode fazer leis estaduais com maior proteção à Saúde e ao Meio Ambiente, porque seria inconstitucional. Vencemos essa etapa. O Supremo Tribunal Federal, por 8 a 3, considerou legal a lei em 4 de junho de 2.008.

A lei portanto está sendo aplicada no Estado de São Paulo desde junho de 2.008. Mas como a indústria do amianto não se conforma em ganhar pouco dinheiro, às custas inclusive da morte da população, porque é um produto cancerígeno, não tem nenhum compromisso, nenhuma preocupação, decide continuar o lobby em todas as cidades. Vão fazendo o lobby, inventando e dizendo que existe um tipo de amianto que não é nocivo à saúde pública, que o amianto branco não é prejudicial.

Todos são cancerígenos, reconhecidamente por todos os órgãos de saúde - Secretaria de Saúde do Estado, Ministério da Saúde, Organização Mundial de Saúde.

Eles conseguem aqui um Deputado, que entra com um projeto para desregulamentar a lei, para na prática revogar, suspender os seus efeitos por quatro anos, prorrogáveis por 10 anos, mais 10 anos, indefinidamente. Isso é a revogação de uma lei. Esse projeto do Deputado Waldir Agnello vai prejudicar as empresas que respeitaram a lei e fizeram a transição; apenas duas não fizeram a transição, o restante fez.

A lei começa a ser aplicada e até a população se adaptar demora um pouco. Pois a Vigilância Sanitária listou e durante um ano concedeu prazos, orientação, e quase a totalidade fez a conversão, porque já existe uma outra matéria-prima.

Esse projeto do Deputado passou a tramitar na Casa e quer mudar a lei aprovada nesta Casa por unanimidade, sem contestação, inclusive com o voto desse Deputado. Tramitou justamente nas Comissões num período em que não havia sessões; foi quando da realização do Seminário da Copa. O projeto foi para a Comissão de Constituição e Justiça, onde foi nomeado um relator, e rapidamente vai para a Comissão de Saúde - da qual faço parte - e infelizmente não pudemos apreciar, porque mandaram para a Comissão de Saúde numa sexta-feira à tarde, com prazo de 24 horas.

Como reunir os deputados em 24 horas numa sexta-feira? É impossível.

Fui nomeado Relator pelo Presidente, dei parecer, mas, infelizmente, por conta do prazo, não foi aceito. Procuramos o Presidente em exercício, Deputado Conte Lopes, para que o projeto não fosse encaminhado ao Plenário. O Deputado nos afirmou que aguardaria o retorno do Presidente Barros Munhoz, no entanto, já nomeou relator especial.

Temos conversado com os deputados e uma grande parte das Bancadas já se manifestou, enviando, por escrito, ao Colégio de Líderes e ao Presidente sua posição contrária à votação do projeto.

Já existe uma lei, e agora vem um projeto para mudar essa lei. Quero pedir, mais uma vez, aos deputados que não permitam que esse projeto entre em votação na Casa, pois é inconstitucional. De acordo com o Supremo Tribunal, o projeto, se for mais restritivo na proteção da saúde pública, pode ser apresentado. Assim o projeto apresentado por mim foi considerado.

O novo projeto fará o inverso, pois irá prejudicar a saúde da população, o meio ambiente, além de desrespeitar decisão desta Casa.

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON FERRARINI - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Aldo Demarchi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque.

 

O SR. VANDERLEI SIRAQUE - PT - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, ouvi atentamente o pronunciamento do Deputado Marcos Martins sobre a lei do amianto que querem revogar.

É algo preocupante, porque também está havendo um lobby para revogar a lei de minha autoria que proíbe os desmanches clandestinos no nosso Estado. No meu primeiro mandato - estou no terceiro - fiz um projeto de lei para acabar com os desmanches clandestinos de veículos no Estado de São Paulo.

É sabido pela Polícia Civil, Polícia Militar, pela Secretaria de Segurança Pública, pelo Governador do Estado que o roubo e furto de veículo no nosso Estado - cerca de 200 mil por ano - só ocorrem porque existe o receptador. Os ladrões recebem um determinado valor pelo carro roubado, que é desmontado nos desmanches. Esses desmanches, aliás, alimentam também uma fonte de corrupção. Para abrir qualquer comércio, é necessária a autorização e fiscalização de vários órgãos - Prefeitura, Bombeiros, Vigilância Sanitária -, e não sabemos como esses desmanches podem funcionar.

Apresentamos nosso projeto de lei, que foi debatido e aprovado por unanimidade por esta Casa. O então Governador Geraldo Alckmin vetou o projeto, mas esse veto foi derrubado pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Algumas pessoas da Ciretran de determinado município indagaram se a lei tinha aplicabilidade. É ridícula a pergunta. A Assembleia Legislativa elabora as leis. Quem não concordar pode recorrer ao Poder Judiciário, entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade. Além disso, há o controle difuso de constitucionalidade - as pessoas que discordarem da lei ou se sentirem prejudicados poderão discutir essa constitucionalidade.

A Assembleia Legislativa faz as leis, e o Executivo tem obrigação de fiscalizar seu cumprimento, assim como o Ministério Público. Qualquer cidadão em um país democrático pode discordar e solicitar que as leis sejam modificadas.

O objetivo da nossa lei é acabar com os desmanches clandestinos. É muito complicada a venda de peças de veículos já usados, até para a segurança do trânsito, mas é permitida. Como é lei federal, é difícil acabar. Se eu for deputado federal, vamos apresentar um projeto de âmbito nacional para acabar de vez com esse tipo de comércio.

Atualmente, essa venda é permitida, desde que a peça tenha o número do chassi. Como marcar, não é problema nosso, mas do Detran, do Governo do Estado e de quem quer fazer esse tipo de comércio.

Deputado Marcos Martins, da mesma forma que tem lobby na Casa para liberar o produto cancerígeno, também está havendo um lobby para acabar com a lei dos desmanches clandestinos. Obrigado, Sr. Presidente.

 

 

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- Assume a Presidência o Sr. Conte Lopes.

 

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O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Nobre Deputado Marcos Martins, a intenção desta Presidência, realmente, é não pautar o referido projeto e aguardar o Presidente efetivo da Casa, Deputado Barros Munhoz, para que tome a decisão. Porém o projeto tem um andamento normal, e não cabe a esta Presidência interferir nesse processo. Regimentalmente, esta Presidência não pode tomar qualquer atitude.

Tem a palavra o nobre Deputado Carlinhos Almeida. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Davi Zaia. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, assomo à tribuna para fazer um apelo a todos os parlamentares desta Casa no sentido de que possamos dar um rumo para a Educação do Estado de São Paulo. O nosso Estado ainda não possui um Plano Estadual de Educação. A LDB, aprovada em 1996, obriga todos os estados e municípios a elaborarem e aprovarem seus respectivos planos de educação para que a política educacional de cada Estado se transforme em política de Estado e não mais em política de partido político, de governador, de secretário, não fique mais refém dos humores, das vontades de um determinado governador ou de um partido político. No entanto, já estamos em 2010 e até hoje o Plano Estadual de Educação não foi aprovado.

Temos um projeto tramitando na Assembleia Legislativa desde 2003, inclusive sua tramitação está obstruída pela bancada governista. Esse plano foi construído pelas entidades representativas do Magistério e pelo Fórum Estadual em Defesa da Escola Pública. No entanto, não tem o apoio da Maioria, da base governista. Na Comissão de Educação, tive o privilégio de ser o relator desse projeto. Logicamente, fiz um relatório favorável, até porque as propostas foram trazidas pelo Magistério, pela comunidade escolar tanto da educação básica quanto do ensino superior. Mas o fato é que o projeto está paralisado para beneficiar os interesses do Governador José Serra.

Como temos a falência da política educacional no nosso Estado - já provada por meio das avaliações nacionais e internacionais feitas nos últimos anos, que mostram que a Rede Estadual de Educação fracassa a cada ano por falta de investimentos e por falta de uma política educacional adequada - a Assembleia Legislativa tem de reagir, tem de dar um norte para a Educação do Estado de São Paulo. O Governo Estadual não o fez até agora e não fará, até porque está no seu ocaso, está vivendo seus últimos momentos. Provavelmente, o Governador José Serra sairá do Palácio dos Bandeirantes dentro de, no máximo, um mês. Já tivemos três Secretários de Educação num único governo, talvez tenhamos um quarto agora, pois o atual Secretário deve se candidatar novamente a deputado federal. A Educação continuará sem rumo, à deriva no nosso Estado.

Uma das saídas que propomos é a aprovação imediata do Plano Estadual de Educação que está tramitando na Assembleia Legislativa desde 2003 e, depois, que possamos fazer uma reunião de todos os projetos estratégicos e importantes dos vários parlamentares, das várias bancadas na área da Educação para que sejam aprovados em caráter de urgência e para que os impactos da melhoria da Educação se façam presentes ainda neste ano.

Sr. Presidente, gostaria ainda de registrar a indignação de todo o Magistério Estadual e de toda a comunidade escolar em relação à propaganda paga que o Governo vem realizando em rádio e televisão, dizendo que o Governo colocou um professor a mais na sala de aula. Isso não corresponde à verdade. Em primeiro lugar, é muito difícil encontrar esse professor a mais na Rede Estadual de Ensino e, quando o encontramos, ele não é um professor, é um estudante de Pedagogia ou de Letras que está, na verdade, fazendo um estágio na sala de aula. Isso é tão verdade que a mensagem que o Governador enviou a esta Casa no início deste ano, um documento oficial do governo, publicada no Diário Oficial, dizendo das metas, fazendo um balanço das várias áreas da educação estadual, contradiz claramente a propaganda.

Vou ler para que a população entenda o quanto essa propaganda é enganosa. No seu documento oficial, o governador diz: “Trata-se de um programa com várias ações articuladas, incluindo a formação continuada do professor, a presença de um estudante de Letras ou de Pedagogia, que recebe uma bolsa para atuar como auxiliar do processo de alfabetização”. Ou seja, não existem dois professores na sala de alfabetização. Isso é uma farsa que o próprio governo desmente na mensagem anual a Assembleia Legislativa. Além disso, há a questão de mérito, pois não corresponde à verdade. A população tem de entender que aquela propaganda, feita com dinheiro público, é mentirosa, é uma propaganda enganosa. A educação continua degradada e sucateada no Estado de São Paulo.

Sr. Presidente, para concluir, gostaria de dizer que no dia 5 de março, às 14 horas, haverá uma grande manifestação organizada por toda a comunidade escolar, pelo Magistério e todas suas entidades em frente à Secretaria da Educação para denunciar o abandono da Educação no Estado de São Paulo. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, estamos na expectativa do envio a esta Casa de um projeto do Governador sobre aumento para os servidores públicos. Nossa preocupação é em relação aos policiais de São Paulo da Polícia Civil e Militar. A grande preocupação é quanto ao aposentado e à pensionista.

Na semana passada, estive no gabinete do Secretário Sidney Beraldo, conversávamos sobre a necessidade do atendimento ao aposentado. O Secretário entendeu muito bem as colocações e o que isso provocou na Educação e na Segurança Pública. O abono que o governador dá para os professores não se estende ao aposentado. Isso é odioso, isso cria uma classe com pessoas que recebem um salário e uma classe de aposentados com um salário de fome.

A mesma coisa acontece com a Polícia Militar e a Polícia Civil. Na Polícia Militar o nome dado foi Auxílio Local de Exercício. Esse auxílio foi aprovado nesta Casa na época em que o PCC fazia ataques em São Paulo, matava policiais. Aprovamos esse projeto que dava um abono aos policiais. Cidades de até 200 mil habitantes receberiam um abono; de 200 a 500 mil, outro abono e, acima de 500 mil, outro abono. São Paulo tem talvez dez cidades com mais de 500 mil habitantes. Esse abono ficou odioso porque excluiu o pessoal da reserva. Isso está sendo revisto, é a grande bandeira do Comandante Geral desde que ele assumiu, é a nossa bandeira, estamos lutando contra esse triste abono.

O projeto ainda não deu entrada nesta Casa. Provavelmente, dos três locais, um será extinto. Serão dois abonos. O primeiro abono vai abranger um número grande de pessoas, vai chegar a 80% do total, provavelmente. A grande expectativa é que o aposentado receba esse abono; que o cidadão, ao se aposentar, leve esse abono consigo. Tem que ser assim.

Na Polícia, existem oficiais, coronéis, tenentes, sargentos, soldados que não vão para a inatividade porque perderiam até 40% do salário. Da forma como está, porque não há incorporação. Esse projeto tem que trazer a incorporação para que os policiais, ao passarem para a inatividade, não sejam transformados em cidadãos de segunda categoria.

Muito provavelmente, esse abono vigorará a partir de 1º de março. Nessa época, caso o Governador José Serra concorra à Presidência da República, ele terá que deixar o cargo e descompatibilizar-se. Estamos no aguardo desse projeto do Sr. Governador para que a situação salarial do funcionalismo do Estado seja reorganizada. Muito obrigado.

 

O Sr. Presidente - Conte Lopes - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Waldir Agnello. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Cândido. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vicente Cândido. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Estevam Galvão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado André Soares. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente.

 

O SR. ALEX MANENTE - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobres colegas deputados, público que nos acompanha nas galerias e pela TV Assembleia, é com satisfação que volto à tribuna para um debate significativo: a área da Saúde pública na Região do Grande ABC.

Gostaria de falar da nossa batalha, desde a abertura da Santa Casa de Misericórdia de São Bernardo do Campo. A partir de amanhã, a Santa Casa receberá ampliação no convênio de serviços com o SUS, abrangendo desde consultas de especialidades até exames de endoscopia, tomografia, bem como o aumento do número de leitos de internação, que passará de 20 para 42. Isso desafogará os serviços nos hospitais municipais e no pronto-socorro.

É importante dizer dessa luta, que começou em 2006, quando iniciamos a jornada para estar na Assembleia Legislativa representando a Região e a Cidade de São Bernardo. Até então, a Santa Casa era desconhecida por grande parte da população são-bernardense e do Grande ABC, que vivia há 40 anos aguardando o convênio com o SUS e os novos equipamentos para proporcionar um atendimento adequado na Saúde pública.

Esse trabalho, desenvolvido em conjunto com a sociedade civil organizada, contou em 2008 com a coleta de mais de cem mil assinaturas da população, que reivindicava esse convênio com o SUS. Em 2009, o Prefeito Luiz Marinho assinou o convênio com o SUS para internações. Agora, haverá a ampliação das atividades.

A Saúde deve ser um desafio a ser enfrentando pela administração, pelos representantes públicos. Temos nos empenhado para que a população tenha o atendimento que merece naquela cidade. Agora, trabalhamos para levar recursos à Santa Casa, nesses novos equipamentos que surgirão.

Para receber o atendimento gratuito da Santa Casa, a população necessita passar pela Central Reguladora, feita em São Bernardo pela Prefeitura, que tem a gestão plena da Saúde, que tem o comando do credenciamento e do convênio com o Sistema Único de Saúde. As Santas Casas de Misericórdia são, na verdade, instituições filantrópicas que apóiam a rede pública nas suas deficiências na área da Saúde. Por isso, em algumas áreas, o convênio é celebrado mais rapidamente, porque são os gargalos no atendimento da Saúde pública. Precisamos explicar à população que a Santa Casa pode também cobrar a consulta e o exame, quando não encaminhados pela Rede Pública Municipal.

É importante registrar esse fato e falar dessa conquista. A partir de amanhã, no período da tarde, estaremos com o Prefeito Luiz Marinho e os Secretários da Cidade, assinando esse importante convênio que irá minimizar - e muito - os problemas que enfrentamos.

Em primeiro lugar, não teremos mais problemas em relação às consultas de especialidades que serão assinadas no convênio: urologia, dermatologia e, futuramente, oftalmologia. Também teremos exames de endoscopia. Muitas vezes, as pessoas demoram a ter acesso a esse tipo de exame. Além da tomografia computadorizada. Existem casos em que há demora de três, quatro meses para que as pessoas consigam marcar os exames. E o mais importante: quando há demora na marcação desse exame, muitas vezes, a doença já avançou. O custo ao Estado será muito maior e o paciente terá um problema crônico porque não conseguiu prevenir uma doença. A tomografia, um exame moderno que consegue detectar inúmeras doenças, certamente terá uma função importante.

Teremos também o exame que cuida de nervos e músculos. Futuramente, a mamografia, que já está preparada para atender as mulheres. Com os novos 22 leitos na Santa Casa, o Hospital Municipal poderá voltar-se totalmente para o atendimento da saúde da mulher, da gestante, da criança, do recém-nascido, que já é referência no Estado de São Paulo.

Quero, portanto, destacar a importância de ter batalhado ao lado da população no resgate da Santa Casa de São Bernardo do Campo.

 

Donisete Braga

  Gostaria de, mais uma vez, ressaltar essa importante iniciativa da Assembléia Legislativa, que contou com a presença do Presidente Vaz de Lima, do 2º Secretário Edmir Chedid, dos Deputados Simão Pedro, Hamilton Pereira, José Bittencourt e Reinaldo Alguz.

  Eram essas as minhas considerações, Sr. Presidente.

  Muito obrigado.

 

  O Sr. Presidente - JOÃO BARBOSA - DEM - Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt.

 

  O SR. José Bittencourt - PDT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. e Srs. parlamentares, telespectadores da TV Assembléia, público que nos acompanha, Srs. funcionários, boa-tarde.

  Quero ratificar e associar-me ao brilhante discurso do nobre Deputado Donisete Braga, 1º Secretário desta Casa, a respeito da PEC nº 26, de 2008, que promulgamos hoje, num Ato Solene, com a presença da Mesa Diretora, dando eficácia jurídica a essa PEC, que já foi esclarecida sumamente pelo Deputado Donisete Braga. Há também o requerimento de urgência para o Projeto de autoria do Governo da lei específica da Represa Billings.

  Gostaria de fazer um apelo aos parlamentares, aos líderes de bancadas desta Casa, que conta com 14 partidos políticos. Apelo, com veemência, à Liderança do Governo, ao nobre Deputado Barros Munhoz, ao Deputado Roberto Engler, que é o relator do Orçamento de 2009, para que contemplem a emenda do Tribunal de Justiça, os 15 milhões de reais, que foi rejeitada no relatório do Deputado

 

 

 

  Fica, então, esse apelo... (Segue Celina)

 

 

 

 

 

O Sr. Presidente - Conte Lopes - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado João Barbosa. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão.

 

O SR. Rui Falcão - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, senhores funcionários da Casa, telespectadores da TV Assembleia, com o intuito de contribuir para que a campanha eleitoral em São Paulo seja feita em altos termos, para que possamos discutir programas, projetos - e não aquele rame-rame que até afugenta a população, por causa do baixo nível -, a Bancada do PT, ancorada num trabalho muito competente da nossa assessoria da Liderança, produziu o Diagnóstico da Gestão Tucana em São Paulo.

Trata-se de um raio X das principais políticas públicas no nosso Estado e mostra como as políticas neoliberais, a queima do patrimônio público, o descaso e a falta de palavra com o funcionalismo, enfim, mostra como toda essa política de desmonte do Estado, de falta de diálogo com a sociedade e com os servidores tem trazido prejuízos para o nosso Estado. Acreditamos que, com um novo governo, poderemos recuperar o tempo perdido e sintonizar o Estado de São Paulo com essa grande transformação que se processa no País, sob a coordenação do Presidente Lula. Então, para contribuir com dados, argumentos e fatos, produzimos esse “Diagnóstico”.

Segue abaixo a publicação intitulada “Diagnóstico da Gestão Tucana em São Paulo”:

 

 

“Diagnóstico da Gestão Tucana em São Paulo

 

Apresentação

 

Quando os tucanos deixarem o governo  do Estado de São Paulo no início  de 2011, quase duas décadas terão transcorrido (ou que se completam quando se computa a gestão do ex-governador Franco Montoro, eleito  em 1982 pelo PMDB, do qual uma facção se evadiu  em 1988 para fundar o PSDB).

Ao longo destes vinte anos, São Paulo perdeu participação no PIB nacional. Também no período, o Estado foi palco do maior processo de transferência de patrimônio público para grupos privados de que se tem notícia no País: nada menos de R$ 79,2 bilhões nos leilões da privataria.

Vitimado pelas políticas de inspiração neoliberal, o Estado perdeu poder e instrumentos  para planejar, induzir e promover desenvolvimento  econômico e social.

Ano após ano, os governos de centro-direita hegemonizados pelo PSDB vêm transferindo  responsabilidades crescentes para os municípios, sem a contrapartida de recursos correspondente.

A par da evidente sobrecarga que tal política impõe à maioria das cidades, há ainda um efeito colateral: a reedição de práticas de clientela junto às prefeituras, que tem favorecido o continuísmo do atual bloco no poder.

O arrrocho salarial e a desvalorização funcional dos (as) servidores (as) estaduais; a fúria  arrecadatória; a queda da qualidade dos serviços  públicos de educação e de saúde; o sucateamento das redes de proteção social; a insegurança da população, atemorizada pela violência do crime organizado; a multiplicação de presídios e pedágios, estes com as tarifas mais caras do País - tudo isso são sequelas que nem mesmo a máquina de propaganda oficial consegue ocultar.

Se o País viveu a sua década perdida, nos anos 90, sob a presidência de Fernando Henrique  Cardoso, a perda de São Paulo foi ainda mais pronunciada. Até porque, na contramão da retomada do desenvolvimento brasileiro comandado pelo presidente Lula, os governos Alckmin e Serra  (particularmente este último) administraram conforme o padrão que naquela época levou o Brasil  ao desastre.

 

Vale lembrar que, no auge da última  crise mundial da qual o País saiu melhor do  que entrou graças à ação do governo Federal,  o governo Serra não só resistiu em adotar  providências anticíclicas, como formou torcida  do contra, imaginando que eventual fracasso da  política antiliberal pudesse beneficiá-lo em seu projeto-de-poder-a-qualquer-preço, ou seja, o de conquistar a Presidência da República.

As mazelas do modo tucano de governa acentuaram-se na Capital do Estado desde que o  hoje governador, então prefeito, iniciou o desmonte  das conquistas alcançadas durante a gestão Marta  Suplicy, e deixou o restante do trabalho sujo para  seu fiel correligionário, o prefeito Kassab.

A parceria PSDB-DEM (ex-PFL) na cidade  de São Paulo, para além de convalidar a aliança de  centro-direita no plano nacional -José RobertoArruda  e Ieda Crusius incluídos -, é a maior culpada pelo  estado de calamidade pública que assola a população  paulistana, sobretudo a das regiões da periferia.

A despeito da passagem pela esquerda  quando jovem, o governador José Serra renega na  prática parte daquela tradição. Sob seu governo, há exemplos inquestionáveis de regressão  democrática. Fala por si o trato autoritário com o  funcionalismo, patente na recusa ao diálogo com  a representação sindical de servidores (as) e na  represália a suas lideranças, como foi o caso da  greve das polícias em 2008.

Ressaltam também sucessivas investidas  para criminalizar movimentos sociais, assim como  a impiedosa perseguição à população em situação  de rua (higienização) e os despejos em massa na região metropolitana -agora "justificados" pela iminência de novas tragédias em áreas de risco as quais ficaram expostas devido à própria incúria do poder público.

Mais recente, a comprovar o viés antidemocrático do atual governador, foi a recusa e  boicote na convocação da Conferência Estadual de Comunicação, afinal realizada com sucesso graças à  iniciativa da Assembleia Legislativa, que organizou  e sediou o evento.

Por fim, mas não menos grave para a biografia  de Serra, foi a invasão da USP pela tropa de choque  da PM, revivendo a violenta ocupação militar do CRUSP em 1969: na relação com os estudantes, em  vez de diálogo e negociação, bombas e repressão - os mesmos métodos da ditadura de 1964.

Cada um com seu estilo, mas há um traço  comum nos diferentes governos tucanos em São Paulo: 1) o apego ao receituário neoliberal (redução do papel do Estado, privatizações, técnicas da iniciativa privada aplicadas mecanicamente na gestão pública); 2) o controle da grande mídia e um massivo aparato de propaganda oficial, assegurados com vultosos gastos de recursos públicos, de sorte a vender a imagem de competência técnica, capacidade gerencial e preocupação com as pessoas.

Nas páginas a seguir, apresentamos um diagnóstico das diferentes áreas de atuação dos  governos tucanos, com ênfase na gestão José Serra. Com as naturais dificuldades de consolidar  dados de uma administração que não prima  pela transparência, ainda assim, a Assessoria  da Liderança da Bancada do PT na Assembleia Legislativa radiografou o que se pode chamar de políticas públicas do tucanato, para um necessário julgamento político de seus resultados, neste ano em que o povo volta às urnas para escolher novos governantes.

A visão crítica que daí decorre é fruto do trabalho meticuloso de competentes especialistas  temáticos, mas também da experiência vivida pelos (as) parlamentares, e de suas assessorias nos gabinetes.

Para quem se der ao trabalho de ler, aguardamos com satisfação críticas, sugestões e  novas abordagens. Um texto mais extenso está acessível no site www.ptalesp.org.br .

Rui Falcão

Líder da Bancada do PT

rfalcao@al.sp.gov.br

www.ruifalcao.com.br

 

 

Índice

Agricultura

Cultura

Desenvolvimento Econômico

Educação

Esporte e Lazer

Finanças

Funcionalismo

Habitação

Meio Ambiente

Promoção Social e Direitos Humanos

Saneamento e Drenagem Urbana

Saúde

Segurança Pública

Transportes

 

Expediente

 

Líder

Deputado Rui Falcão

 

Chefe de Gabinete

Ivete Garcia

Assessoria de Comunicação

Ana Maria Lopes - MTb. 23.362

Dalva de Oliveira

Fernanda Fiot - MTb. 27.755

Rosário Mendez - MTb. 22.849

Silvana Cortez - MTb. 17.950

 

Assessoria Temática

Bia Pardi

Carlos Medeiros

Cleonice Coelho

Cleusa Lourandi

Edson Aparecido da Silva

Eurípedes Carvalho

Evaristo Almeida

Maximino Fernandes Filho

Raimundo Bonfim

Ricardo Guterman

Salvador Kuriyeh

Tatau Godinho

Walter da Silva

 

Assessoria de Finanças e Fiscalização

Eduardo Marques

Emílio Lopes

Paulo Dantas

 

Assessoria Jurídica

Ana Carla Albiero

Marcela Cherubine

 

Assessoria de Plenário e Comissões

Cristiane Perello

Lúcia Sumares

Sueli de Souza

Tânia Barros

 

Administração

Altair S. Miguel

Antonio Alves Neto

Fernanda Otero

Jaqueline Cria

José Rubens Garcia

Juventina F. C. Pontes

Mário César Rocha

Rubens A. Zacharias

Sandro R. de Melo

Sérgio R. de Oliveira

 

Publicação da Bancada do PT na

Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo

Av. Pedro Álvares Cabral, 201 - São Paulo - SP

cep.: 04097-900 tel.: (11) 3886 6442

imprensa@ptalesp.org.br

www.ptalesp.org.br

Fevereiro/2010

 

Edição

Assessoria de Comunicação da Bancada do PT

 

Colaboração

Assessorias de Imprensa dos (as) deputados (as)

 

Projeto gráfico

Antonio Assiz

Aramá Comunicações

 

Textos elaborados pelas assessorias Temática e de Finanças da Bancada do PT

 

 

Agricultura

O mercado domina o social e o ambiental

 

O agronegócio paulista trouxe, junto com o crescimento econômico, desemprego, êxodo rural, concentração da terra e da renda

 

 

A modernização da agricultura brasileira teve como base o emprego intensivo da mecanização, de adubos químicos, agrotóxicos, melhoria genética e, mais recentemente, da engenharia genética (transgenia). Proporcionou um rápido crescimento da produção e da produtividade, liberando mão-de-obra para o desenvolvimento industrial, mas trouxe também consequências como desemprego, êxodo rural, expansão de monoculturas, aumento na concentração da renda e da terra, maior contaminação do solo e da água, desmatamento e desequilíbrio ecológico. Neste modelo, o do agronegócio, os interesses econômicos das empresas multinacionais, ditados pelo mercado, subordinam a questão social e ambiental.

O agronegócio paulista caracteriza-se pela crescente inserção no mercado internacional, com destaque para as cadeias produtivas da cana-de-açúcar, da laranja, da soja, da carne e dos produtos do reflorestamento com eucalipto e pinus. No período 1997-2007, 80% das exportações setoriais foram de produtos com agregação de valor por transformação agroindustrial.

Esta modernização apresenta características regionais bem definidas. A cana-de-açúcar, depois da grande expansão e migração de Piracicaba para Ribeirão Preto, ruma agora para as topografias mais suaves do oeste, passando por São José do Rio Preto, Bauru, Araçatuba e chegando até o Pontal do Paranapanema. Os laranjais caminham de Bebedouro para o sul passando por Avaré e Itapetinga. O eucalipto consolida-se no sudoeste e avança pelo Vale do Paraíba.

Enquanto isso, a agricultura familiar sobrevive com dificuldades, apoiando-se principalmente nas políticas do governo federal, que expandiu as linhas de crédito do PRONAF – Programa de Crédito para a Agricultura Familiar, tanto para custeio como para investimentos, e abriu o mercado institucional de alimentos, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e de aquisição para a Merenda Escolar.

A reforma agrária, com suas 12 mil famílias assentadas dos anos 80 para cá, caminha vagarosamente, apesar do esforço recente do INCRA. A arrecadação de novas áreas é dificultada pela falta de atualização dos índices de produtividade, vigentes há mais de 30 anos, e pela morosidade da Justiça nas ações de desapropriação e discriminatórias. No caso das terras devolutas do Pontal do Paranapanema, após a ofensiva dos anos 90, o governo paulista deixou de investir na arrecadação das terras públicas, a ponto de apostar na regularização total das áreas em favor dos atuais grileiros, conforme Projeto de Lei 578 de 2007, pronto para ser votado na Assembleia Legislativa.

 

Aumenta a concentração

A expansão do agronegócio paulista continua provocando mais concentração da posse da terra. Dados do Censo Agropecuário (IBGE) indicam que este aumento foi de 6,1% de 1996 a 2006, calculado através do índice de Gini. O índice apurado em 2006, de 0,804, expressa uma concentração forte a muito forte. Em Santa Catarina, o Estado com maior expressão de agricultores familiares, o índice de Gini foi sensivelmente menor – 0,682.

O Levantamento das Unidades de Produção Agropecuária – LUPA, realizado pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento em 2008, revela bem a concentração da terra em São Paulo: as pequenas propriedades (até 50 ha) compreendem 78% do total e ocupam 20% da área, enquanto as médias e grandes compreendem 23% do número de propriedades e 80% da área total.

Evolução da concentração fundiária em SP

Extrato de Área (ha)

1995

2008

Nº UPA (%)

Área(%)

Nº UPA (%)

Área(%)

Até 50 (ha)

74,7

17,8

77,7

19,9

>50 a 500 (ha)

23,0

44,8

20,4

45,1

>500 (ha)

2,3

37,4

1,9

35,0

TOTAL

100,0

100,0

100,0

100,0

Obs. Tabela elaborada com as informações do LUPA/CATI-SAA

 

Este levantamento também constatou a existência de 105 mil unidades de produção familiares, ou seja, aquelas cuja área não ultrapassa 4 módulos fiscais, a mão-de-obra é predominantemente da própria família, a renda é originada das atividades da propriedade e a direção, exercida por um membro da família.

 

Monoculturas em expansão

O Estado de São Paulo possui uma área territorial de 248,6 mil km² ou 24,8 milhões de hectares (Fundação SEADE). O período 1985-2006 caracterizou-se pela expansão das áreas de lavouras e pela retração das áreas de pastagem. A principal cultura responsável por este movimento foi a cana-de-açúcar.

Apesar de estar em declínio, a pastagem ainda representa 43% da área agricultável do Estado. A cana para indústria já ocupa 5,4 milhões de hectares (30,5% da área), seguida do eucalipto, que já ultrapassou a casa de 1 milhão de hectares, à frente do milho, laranja, feijão, soja e café.

A produção de cana-de-açúcar é hoje a principal atividade agropecuária em 26 das 40 regiões paulistas definidas pelos Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDR), uma participação que praticamente dobrou desde 2004, quando era o principal produto agrícola em 14 regiões.

A cana tem apresentado um crescimento vigoroso, ocupando áreas de pastagem degradadas, mas também de outras culturas, deslocando inclusive atividades da agricultura familiar. Seu plantio experimentou um crescimento de mais de 90% de 2000 a 2008.

As regiões de Orlândia, Ribeirão Preto, Jaboticabal, Jaú e Catanduva já têm mais da metade das áreas territoriais ocupadas com a lavoura canavieira, e em municípios como Guariba, Dumont, Dobrada, Santa Ernestina e Pitangueiras a monocultura é absoluta, comprometendo 80% do território.

 

Evolução do plantio de cana-de-açúcar

Ano

Área (ha)

Expansão*

Produção

(milhões toneladas)

2000

2.828.700

 

189,39

2001

3.008.679

6,4%

201,68

2002

3.117.594

10,2%

212,71

2003

3.312.786

17,1%

227,98

2004

3.414.181

20,7%

241,66

2005

3.673.275

29,9%

254,81

2006

4.258.370

50,5%

284,92

2007

4.835.434

70,9%

327,68

2008

5.389.303

90,5%

391,89

Fonte: Banco de dados do IEA – Instituto de Economia Agrícola SP

*Obs. Expansão da área de plantio em relação à safra de 2000

 

Outra atividade em franca expansão no Estado é o reflorestamento com pinus e eucalipto, que registraram crescimentos de quase 25% no período 2000 a 2006, gerando preocupação ambiental nas regiões mais atingidas do sudoeste do Estado e Vale do Paraíba.

 O Estado de São Paulo continua liderando os recursos gerados pela agricultura do país, respondendo por 20,3% dos R$ 98,3 bilhões obtidos com a safra brasileira em 2006 (IBGE). Aparece também como o maior produtor de laranja (79,7%), cana-de-açúcar (58,8%), amendoim (82,2%), limão (79%), caqui (50,8%), tangerina (44,4%) e goiaba (35,9%), destacando-se também no cultivo de banana (16,9%), batata (23,1%), tomate (20%) e uva (15,5%). São Paulo é o maior produtor de hortaliças e tem o maior mercado consumidor do Brasil.

 

Agricultura familiar

Mesmo detendo uma área menor, a agricultura familiar é responsável por garantir a segurança alimentar do país, gerando os produtos da cesta básica consumidos pelos brasileiros.

Os dados do IBGE apontam que, em 2006, a agricultura familiar foi responsável por 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção de feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz, 58% do leite, 59% do plantel de suínos, 50% das aves, 30% dos bovinos e, ainda, 21% do trigo.

 

Grileiros dominam terras

Os conflitos fundiários no Estado decorrem de variadas situações, com destaque para a indefinição dominial no Pontal do Paranapanema e região sudoeste, uso desvirtuado de terras públicas, avanço das monoculturas da cana e eucalipto, dificuldades na desapropriação de terras para reforma agrária.

Segundo a Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo - ITESP, a área total envolvida no conflito de terras no Pontal é de 1,18 milhões de hectares. Deste total, quase 500 mil hectares já foram julgados em última instância, como terras devolutas, e o governo estadual arrecadou pouco mais de 112 mil hectares para a implantação de assentamentos.

 

Área total em disputa

1.185.000 ha

Julgada particular

144.000 ha

Julgada devoluta

498.615 ha

Ajuizada

294.277 ha

Não ajuizada

247.000 ha

 

Ações discriminatórias em andamento

294.277 ha

Julgadas devolutas em 1ª instância

242.540 ha

Julgadas devolutas em 2ª instância

111.266 ha

Julgadas particulares em 2ª instância

31.801 ha

 

Estão em andamento na região Ações Discriminatórias que indicarão se as terras são devolutas ou particulares. Quase 80% das áreas já julgadas em segunda instância foram consideradas devolutas. No entanto, ainda cabe recurso em última instância.

As áreas devolutas de imóveis até 100 hectares podem ser legitimadas sem ônus para os seus ocupantes, e até o momento já foram legitimadas 157 mil hectares. A Lei Estadual nº11.600, de 19 de dezembro de 2003, permite que imóveis com áreas entre 100 hectares e 500 hectares, devolutas ou presumivelmente devolutas, sejam regularizados através de alienação onerosa, com o pagamento ao Estado do valor da terra nua equivalente a 10% da área do imóvel. No entanto, não tem havido interesse por parte de seus ocupantes, sempre ávidos por uma condição ainda melhor.

 

Assentamentos estaduais

Os assentamentos de trabalhadores rurais no Pontal do Paranapanema foram criados nas seguintes situações:

Estaduais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112.500 ha

Federais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23.542 ha

Reassentamentos CESP . . . . . . . . . . . . . . . . .  . 7.264 ha

Os assentamentos federais são implantados diretamente pelo INCRA através dos instrumentos da Reforma Agrária (desapropriação e aquisição). Os reassentamentos da CESP foram criados pela empresa para realocar as famílias de ribeirinhos desalojadas pela construção das represas da região.

Os assentamentos estaduais foram criados com instrumentos distintos. Em março de 1984, o governador desapropriou, por interesse social, uma área de 13.310 hectares para o assentamento de 571 famílias, denominado Gleba XV de Novembro, nos municípios de Rosana e Euclides da Cunha Paulista.

A partir de 1990, o foco passou a ser as terras já consideradas devolutas, e o governo utilizou como principal instrumento a Ação Reivindicatória com pagamento de indenização pelas benfeitorias existentes nas fazendas. Há também o mecanismo de se fazer acordos com os “proprietários” de imóveis envolvidos nas ações discriminatórias: o Estado apodera-se das terras e indeniza o valor das benfeitorias.

Os recursos para o pagamento dessas indenizações são disponibilizados pelo Governo Federal, através de convênio entre o INCRA e o ITESP. Ao todo foram assentadas no Pontal do Paranapanema pelo governo do Estado, com o apoio do governo Federal, 4.443 famílias numa área de aproximadamente 110 mil hectares.

Nos últimos anos, o ITESP não tem conseguido utilizar os recursos disponibilizados pelo INCRA e as arrecadações de terras para novos assentamentos estão praticamente paralisadas.

 

Legalização da grilagem

Em junho de 2007, o governador enviou para a Assembleia Legislativa o Projeto de Lei 578/2007, criando mecanismos que possibilitariam a regularização de todos os imóveis maiores de 500 hectares, através de alienação onerosa com a cessão ou pagamento do valor da terra nua, de parte dos imóveis que varia de 15% a 25% de sua área total.

Ao legalizar a grilagem de terras públicas no Pontal do Paranapanema, o Projeto de Lei 578 de 2007 permitirá a consolidação da estrutura fundiária existente, concentradora da terra e da renda, premiando os responsáveis pela devastação ambiental e pelo atraso. Por outro lado, desobrigará o Estado da tarefa de compatibilizar a destinação de terras públicas e devolutas com a Política Agrícola e o Plano Nacional de Reforma Agrária, conforme prevê o artigo 188 da Constituição Federal.

 

Precarização do trabalho

De 1971 a 2004, cerca de 670 mil postos de trabalho foram eliminados nas áreas rurais do Estado devido, principalmente, à progressiva mecanização da agricultura paulista. O número de trabalhadores no período caiu de 1,723 milhão para 1,050 milhão. Nas cidades onde predominam a pecuária e a monocultura, como por exemplo em Presidente Prudente e Araçatuba, o desemprego foi mais acentuado do que nas regiões onde as culturas são diversificadas.

Os principais conflitos trabalhistas são decorrentes da precarização do trabalho nas culturas da cana, laranja e eucalipto, e da superexploração do trabalho no corte de cana. No corte de cana, o pagamento proporcional à produção faz com que os cortadores de cana se esforcem além de seus limites físicos para ganhar mais, já que muitos só conseguem emprego nessa época do ano. As usinas exigem que cada trabalhador corte, em média, de 12 a 15 toneladas de cana por dia e a média salarial varia entre R$ 600,00 e R$ 950,00 por mês. 

De acordo com Boletim do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, cada cortador dá aproximadamente 30 golpes de facão por minuto em oito horas de trabalho. Esse esforço repetitivo feito com uma postura ruim de pessoas mal alimentadas, com poucas horas de sono e sem atendimento médico provoca doenças relacionadas ao trabalho e envelhecimento precoce, segundo os especialistas.

Além das más condições de trabalho, há outras irregularidades, como o aliciamento de empregados por “gatos” (contratadores de mão-de-obra a serviço das empresas), uma vez que todos são migrantes, principalmente do Maranhão, Bahia, Paraíba, Pernambuco e Piauí, e de municípios do Vale do Jequitinhonha, no Estado de Minas Gerais – regiões com baixos índices de desenvolvimento humano. Há ainda que se considerar as péssimas condições de alojamento desses trabalhadores, obrigados a viverem amontoados em barracões insalubres, pensões e repúblicas.

Os principais conflitos ambientais provocados pelo setor agropecuário são decorrentes do avanço das monoculturas, que dificultam qualquer tentativa de se buscar um novo equilíbrio agroecológico. São também provocados pelo arcaico sistema de uso do fogo na colheita da cana de açúcar, pelo uso indiscriminado de agrotóxicos e adubos químicos e pelo desrespeito ao Código Florestal, ignorando-se a obrigatoriedade de regeneração das áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal.

 

Ameaças sanitárias

São Paulo possui o maior parque citrícola do mundo, hoje seriamente ameaçado com a evolução do greening em suas plantações. Identificada em 2004 na região de Araraquara, atualmente o greening é a doença mais temida entre os produtores de laranja por não possuir qualquer tipo de cura ou tratamento. A preocupação com a doença é agravada pela sua alta capacidade de disseminação e pela alta susceptibilidade de todas as variedades comerciais de laranjeiras.

O greening foi responsável pelo corte de mais de 1 milhão de pés de laranja na região de Ribeirão Preto nos primeiros seis meses de 2009. Este número representa mais da metade das plantas eliminadas por causa da doença em todo o Estado no primeiro semestre.

Todo o ônus da identificação e erradicação de plantas fica por conta do produtor, criando uma dificuldade extra para os pequenos produtores descapitalizados. Após muita mobilização, os produtores foram beneficiados com a possibilidade de subvenção ao prêmio do seguro citrícola, imprescindível para amenizar as perdas devido ao greening e cancro cítrico.

 

Desmonte da Secretaria

Os órgãos responsáveis pela execução das políticas agrícola e agrária do governo estadual são a Secretaria de Agricultura e Abastecimento e a Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo “José Gomes da Silva” – ITESP.

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento teve um papel destacado no processo de modernização da agricultura, conhecido como Revolução Verde, há cerca de 40 anos. Este processo caracterizou-se pela intensificação do uso de insumos químicos (adubos e agrotóxicos) e pela aceleração da mecanização agrícola. A pesquisa passou a desenvolver este pacote tecnológico com clones cada vez mais produtivos e dependentes desta tecnologia.

Cumprido este papel, a Secretaria de Agricultura enfrentou um processo de esvaziamento que culminou com o grande desmonte provocado pelos governos tucanos nos últimos 14 anos. Os Institutos de Pesquisa envelheceram, foram perdendo seus melhores profissionais e viram suas instalações e equipamentos se deteriorarem. O mesmo aconteceu com a Defesa Agropecuária e com a Assistência Técnica e Extensão Rural. Os concursos públicos feitos recentemente já não são atraentes, devido aos baixos salários, e não supriram as perdas de profissionais acumuladas durante anos.

O primeiro orçamento elaborado pelo Governo Serra (2008), ao proporcionar um aumento de 27,6% para a Secretaria de Agricultura, criou a falsa impressão de que se pretendesse reverter esta situação. Mesmo assim as necessidades continuaram sendo muito maiores que as possibilidades oferecidas. Em 2009, o orçamento da Secretaria voltou aos níveis mais baixos do período Alckmin, com um índice de participação orçamentária de apenas 0,73% em relação ao total do Estado.

Atualmente a pesquisa tenta sobreviver prestando serviços ao agronegócio e o apoio à agricultura familiar fica restrito a pequenas iniciativas dos profissionais mais comprometidos com esta causa, conforme pode ser verificado nas ações constantes do PPA – Plano Pluri Anual. A Assistência Técnica aos pequenos produtores passou a ser municipalizada, gerando maior precariedade devido aos parcos recursos repassados às prefeituras.

A Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo “José Gomes da Silva” – ITESP é o órgão da Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania responsável por implantar a Política Fundiária do Estado de São Paulo. Suas principais ações são vinculadas aos programas de Regularização Fundiária, Assentamento Fundiário e Desenvolvimento de Comunidades Tradicionais e Quilombolas.

Após um período de relativa expressão durante o primeiro mandato do governo Covas, quando atingiu o auge da arrecadação de terras devolutas no Pontal do Paranapanema, o ITESP vem diminuindo sua intervenção nos assentamentos e subordinando-se às dificuldades de arrecadação de terras. Hoje os recursos destinados à infraestrutura dos assentamentos e aos programas de apoio à produção são quase simbólicos, decrescentes a cada ano.

Apesar da pequena recuperação apresentada no primeiro orçamento elaborado pelo governo Serra (2008), o seu crescimento de 8,2% em relação ao ano anterior não chegou a acompanhar o crescimento do Orçamento do Estado, que foi de 14,1%. Em 2009, apresentou uma redução nominal de 2% em relação ao ano anterior, voltando a cair mais ainda na proposta orçamentária de 2010, que ficou 12% menor que 2009.

O diálogo com os movimentos sociais também ficou prejudicado com a postura autoritária e a falta de transparência na atuação do órgão junto aos trabalhadores.

 

Cultura

 

Sem lenço, sem memória, sem documento

 

O governo não colabora na promoção de atividades ou eventos e transfere para os municípios até a manutenção de museus

Os programas e as ações da Cultura no Estado concentram-se nos grandes municípios da Região Metropolitana de São Paulo, enquanto a maioria das cidades, por falta de apoio e estrutura, não consegue desenvolver atividades culturais para a população, com a finalidade de preservar a memória e as tradições culturais.

Os exíguos recursos para o apoio cultural aos municípios, desde o governo Alckmin, foram diminuindo ano após ano, até a sua exclusão no orçamento de 2007. Além disso, a Secretaria transfere a responsabilidade das ações culturais e dos acervos do Estado para os municípios, sem os correspondentes repasses financeiros.

O orçamento da Cultura para 2010, de R$ 897 milhões, corresponde a 0,70% do Orçamento Geral do Estado. Deste valor, R$ 223 milhões destinam-se à Fundação Padre Anchieta (Rádio e TV), que, mesmo recebendo este montante de recursos, praticamente tornou a TV Cultura uma rede privada, transferindo quase todos seus programas para organizações sociais e desvirtuando-a dos objetivos educativos.

A precariedade da área também transparece na pobreza da infra-estrutura. Com efeito, apenas 20% dos municípios possuem teatros; cerca de 63% dos municípios não possuem centro de cultura; 11% possuem cinema. Já as escolas de samba estão presentes em 17% dos municípios, enquanto em 19% das cidades paulistas existem grupos folclóricos. Há falta de bibliotecas públicas.

Além disso, não mais que 15% das cidades do Estado possuem algum órgão municipal voltado para a preservação do patrimônio histórico, artístico, arquitetônico, arqueológico e turístico.

Na Cultura, a parceria entre as organizações sociais e o Estado, para gerenciar equipamentos e prestar serviço público em forma de terceirização, esvaziou a Secretaria, na medida em que empresta boa parte de seus técnicos para essas entidades.

É o caso do Programa Cultura e Cidadania para Inclusão Social – Fábricas de Cultura, que tem por objetivo o acesso de crianças e adolescentes em estado de risco social da periferia do município de São Paulo a atividades artísticas e culturais.

Além dos repasses financeiros, a Secretaria da Cultura, ainda tem a obrigação para com as entidades associadas de treinamento e orientação para contratação de arte-educadores que realizarão as atividades artístico-culturais na entidade associada e o fornecimento de microcomputador. A “Construção de Centros Fábricas de Cultura” tem financiamento do BIRD e está orçado em R$ 80 milhões. A manutenção está estimada em R$ 50 milhões.

As organizações sociais gerenciam: Centro de Estudos Musicais Tom Jobim, Conservatório de Tatuí, Projeto Guri, Oficinas Culturais, São Paulo Companhia de Dança e Fábricas de Cultura. A gestão é feita por meio de Associações dos Amigos do programa. Novos programas estão sendo incorporados às organizações sociais, como o Catavento, o Museu do Futebol, o Teatro de Danças e outros mais.

Uma das principais ações do governo, o “Projeto Guri”, pretende contemplar 45 mil crianças e jovens em 2010. Há restrições que devem ser consideradas para o aperfeiçoamento do projeto: faltam profissionais especializados e o orçamento do projeto, de R$ 70 milhões, é administrado por uma organização social sem qualquer controle social.

A concentração de obras de restauro e revitalização está na capital, como o Teatro São Pedro, Memorial do Imigrante, Pinacoteca do Estado, Estação Júlio Prestes e Sala São Paulo. Com esta política, o futuro da Secretaria da Cultura será “administrar” uma rede de Organizações Sociais.

Recentemente, a administração transferiu o acervo dos museus do Estado, nos municípios, para as prefeituras, sem o devido repasse das verbas correspondentes. Assim, o ônus financeiro passa aos municípios.

A lei estadual de incentivo à Cultura restringiu a participação dos pequenos produtores culturais e do cidadão comum. Essa lei corresponde ao Programa de Ação Cultural, cujos recursos não têm ultrapassado R$ 20 milhões. As grandes empresas e grupos econômicos, através de suas próprias ONGs, utilizam-se do sistema para abater o seu imposto de renda e investir em publicidade da imagem com baixo custo. O Programa de Ação Cultural foi implantado pelo governo como alternativa ao Fundo Estadual de Cultura, que aportaria recursos bem maiores.

 

TV  Educativa

A TV Cultura, que está se convertendo em empresa comercial, sem nenhuma transparência na gestão de verbas públicas, ainda sobrevive com poucos recursos. O orçamento para 2010 destinou R$ 223 milhões para a Fundação Padre Anchieta. Desse valor, apenas R$ 86 milhões (30% a menos que em 2009) serão alocados para produção e transmissão da TV Cultura, obrigando-a a complementar a arrecadação com publicidade comercial para garantir sua manutenção. Ressalvados alguns projetos da década passada, que resultaram em sucesso de público como o Castelo Rá-Tim-Bum, Cocoricó e outros, que chegaram a ser premiados, a programação atual é baseada na repetição de antigos programas, com a qualidade comprometida pela falta de recursos e de planejamento. Por outro lado, foi criada a TV Rá-Tim-Bum como forma de captação de recursos para a TV Cultura, abrindo espaços para produções independentes.

O artigo 5º do Estatuto da Fundação Padre Anchieta estabelece que a Fundação não poderá ser utilizada para fins político-partidários, para a difusão de idéias ou fatos que incentivem recurso à violência, preconceitos de raça, classe ou religião e para publicidade comercial. No entanto, o parágrafo único diz que ficam ressalvadas a notícia de subsídios e doações e a possibilidade de receber recursos e veicular publicidade institucional de entidades de direito público e privado, a título de apoio cultural, quando do patrocínio de programas, eventos e projetos.  Assim, a porta fica escancarada.

A abertura da TV Cultura como empresa comercial se intensifica a partir de 2006, quando os recursos públicos repassados para a emissora foram de R$ 74,7 milhões, enquanto R$ 36,2 milhões tiveram origem privada (patrocinadores e parceiros). As dotações orçamentárias da TV Cultura, ao longo dos últimos anos, foram: R$ 101 milhões em 2007 , R$ 104 milhões em 2008, R$ 118 milhões em 2009 e R$ 86 milhões para 2010. À medida que os recursos do Tesouro recuam, a publicidade da empresa avança. A TV Cultura deixou de apresentar espaços e abrir perspectivas para que a população pudesse se integrar cada vez mais no processo cultural. Não há programas culturais inseridos nos planos pedagógicos da rede estadual de ensino, assim como em programas de ação complementar na escola.

 

Desenvolvimento econômico

Privatização sim, planejamento não

 

Os tucanos são mestres em cortar gastos sociais e queimar patrimônio público, mas desprezam ações de fomento e não têm visão de longo prazo

 Três elementos orientam a política tucana de desenvolvimento: o ajuste fiscal, a redução do Estado, e a falta de programas e ações voltadas especificamente para a promoção do desenvolvimento. O ajuste fiscal provocou completa paralisação dos investimentos por mais de 10 anos, reduziu os gastos nas áreas sociais, ocasionou forte desemprego e reduziu os salários dos trabalhadores do setor público, entre outros. A redução do Estado, com as privatizações e a transferência de serviços públicos ao mercado, enfraqueceu o Estado congelando o status quo em uma sociedade fortemente desigual.

A pretexto de não pactuar com a “guerra fiscal”, o governador Mário Covas decidiu não promover qualquer incentivo à atração de novos investimentos e, até mesmo, à manutenção dos empreendimentos já existentes no Estado. Paradoxalmente, decidiu limitar as compras em outros estados para as empresas que adotaram o sistema simplificado de cobrança de tributos no âmbito estadual. As medidas agravaram a guerra fiscal e levaram São Paulo a perder espaço para outros estados. Conforme dados divulgados pelo IBGE em novembro passado, São Paulo perdeu peso no PIB nacional entre 1995 e 2007. Em 1995 contribuía com 37,3% de toda a economia brasileira e, em 2007, esse índice caiu 3,4 pontos percentuais e ficou em 33,9%.

A economia paulista perdeu participação na indústria geral e em serviços. A indústria de transformação do Estado teve a maior perda (-4,3%) dentre todas as 27 unidades da Federação. Segundo o IBGE, essa perda na indústria paulista ocorreu porque houve transferências de alguns setores industriais para outros estados, com a migração de algumas fábricas para perto da matéria-prima ou do consumidor final. Além disso, conforme avalia o Instituto, também influíram no processo alguns incentivos fiscais para investimentos industriais em outros estados. São Paulo liderou a queda da região Sudeste que, em 1995, participava com 59,1% da produção de riquezas no país e, em 2007, caiu para 56,4%.

Os principais programas destinados à promoção do desenvolvimento do Estado de São Paulo estão a cargo das Secretarias de Desenvolvimento, Economia e Planejamento, e Fazenda. Os poucos programas ou instrumentos de promoção do desenvolvimento existentes não são articulados entre si e contam com dotações orçamentárias inexpressivas. Apenas como exemplo, os recursos totais destinados às Agências de Desenvolvimento Regional – (AGEM – Agência Metropolitana da Baixada Santista e AGEMCAMP – Agência Metropolitana de Campinas), importantes instrumentos de planejamento e desenvolvimento regional, são insignificantes. Em 2007, primeiro ano do governo Serra, receberam juntas apenas 0,009% do Orçamento Geral do Estado. Em 2010, último ano de sua gestão, receberão apenas 0,008%, cerca de R$ 10 milhões, quando o Orçamento chegará a R$ 135 bilhões.

As principais ações destinadas à promoção do desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação no Estado estão a cargo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), vinculado à Secretaria de Desenvolvimento, e da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo), vinculada à Secretaria de Ensino Superior. O IPT, atualmente, tem suas pesquisas voltadas, em sua maior parte, ao setor privado. Seu orçamento, de apenas 0,12% em 2007, sofrerá redução passando para 0,11% do Orçamento do Estado em 2010. Os programas e ações da FAPESP se resumem a concessão de bolsas de estudos, auxílio à pesquisa, e financiamentos de projetos de interesse privado, especialmente do setor industrial. O orçamento da Fundação correspondeu a 0,68% em 2007, primeiro ano do governo Serra, e corresponderá a 0,58% em 2010, último ano do governo Serra. Mesmo depois de ter aprovado lei para aumentar os recursos e as fontes de financiamento do Fundo Estadual de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNCET, em 2009, destinado ao financiamento de projetos de inovação da indústria paulista, o governo estadual não está prevendo destinação de recursos para 2010.

Os recursos repassados para o Banco do Povo, a cargo das Secretarias da Fazenda e Emprego e Relações do Trabalho, a principal fonte de financiamento para as iniciativas de empreendedorismo, estão congelados há vários anos. Os recursos para concessão de empréstimos de pequeno valor serão reduzidos em cerca de 50% de 2007 para 2010, relativamente ao Orçamento do Estado.

As principais ações de fomento ao desenvolvimento socioeconômico do Estado – a equalização de taxas de juros financeiros para microempresa; o repasse de recursos ao Fides – Fundo Estadual de Incentivo ao Desenvolvimento Social, ao Fidec – Fundo Estadual de Incentivo ao Desenvolvimento Econômico, ao Fundo de Aval e ao Funac – Fundo de Apoio a Contribuintes do Estado de São Paulo - não vêm sendo contempladas no Orçamento estadual.

Contemplada com R$ 800 milhões no Orçamento de 2009, a Agência de Fomento do Estado de São Paulo (AFESP), criada em 2001 e atualmente chamada de Nossa Caixa Desenvolvimento – Agência de Fomento do Estado de São Paulo, recebeu até novembro de 2009 apenas pouco mais de R$ 200 milhões. Para 2010, sofrerá drástica redução de recursos orçamentários, da ordem de 48.5%, com apenas R$ 428 milhões estimados. A Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade – Investe São Paulo, criada em 2008, até agora não saiu do papel.

No início de 2007, o Banco Nossa Caixa desembolsou ao Estado R$ 2 bilhões pelo direito de exclusividade para pagamento dos salários dos funcionários públicos estaduais. A exclusividade pelos serviços já ocorria havia quase 15 anos, desde a privatização do Banespa, por força de determinação constitucional que obrigava a administração pública a operar suas finanças exclusivamente com bancos oficiais. A transação provocou desequilíbrio nas finanças da Nossa Caixa que passou a registrar prejuízos sucessivos, até ser vendida ao Banco do Brasil no princípio de 2009, deixando São Paulo sem seu último instrumento de fomento.

 

Descaso com o turismo

O Estado de São Paulo tem cerca de 300 municípios com potencial turístico (incluindo as 67 estâncias), abriga 35% do empresariado do setor e é responsável por 41% do faturamento do turismo nacional, segundo o IBGE. A capital é hoje o principal centro econômico e de negócios e o primeiro destino turístico do Brasil, sendo que o Estado lidera entre todas as unidades da Federação em receita bruta, pessoal ocupado e salários e remunerações no setor. Conforme estudo realizado pelo IBGE, o turismo de negócios e eventos representa mais da metade das receitas de todo o setor, concentrando em São Paulo o maior potencial de desenvolvimento.

Apesar disso, o Estado nunca teve um órgão responsável em formular e promover políticas para o desenvolvimento do turismo. Em 2002, às vésperas da eleição presidencial, o governador Geraldo Alckmin criou uma Secretaria de Turismo. Porém, já no princípio de 2003, primeiro ano do seu novo governo, a Secretaria foi extinta e o setor constituiu apenas um departamento da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo. Permaneceu assim até 2005.

Em 2005, já com vistas à eleição de 2006, Alckmin novamente criou a Secretaria de Turismo. Outra vez, durou pouco. Logo no seu primeiro dia, o governador José Serra simplesmente extinguiu a Secretaria de Turismo. Mais tarde, através de Decreto de 9 de fevereiro de 2007, atribuiu à Secretaria de Esportes e Lazer a competência para cuidar do setor, denominando-a Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo.

Os principais instrumentos para execução da política de turismo, o Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias e o Fundo de Melhoria das Estâncias, ficaram vinculados à Secretaria de Economia e Planejamento, que não se dedica a cuidar de políticas para o setor.

Os recursos do Fundo de Melhoria das Estâncias, principal fonte de financiamento do desenvolvimento do setor no interior, têm sido anualmente contingenciados, como foram em 2009, e os valores aprovados para os orçamentos anuais não vêm sendo devidamente repassados para o desenvolvimento dos programas e para melhoria da infra-estrutura dos municípios. Ainda, vêm sendo gradualmente reduzidos. Em 2007, representaram apenas 0,16% (R$ 142 milhões) do Orçamento Geral do Estado e para 2010 estão estimados apenas 0,15% (R$ 205 milhões).

De acordo com as leis orçamentárias, pouco mais de 0,012% do Orçamento previsto para 2007 foram destinados para programas voltados diretamente ao desenvolvimento do turismo. Para 2010 estão previstos menos que 0,010% para os programas sob responsabilidade da Coordenadoria de Turismo e da Estrada de Ferro Campos do Jordão, ambas vinculadas à Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo.

Em julho de 2009, o governo do Estado criou a Companhia Paulista de Eventos e Turismo - CPETUR, com a finalidade de planejar, fomentar, desenvolver, coordenar e fiscalizar as ações institucionais nas áreas de turismo, eventos, recreação e lazer, de interesse do Estado e seus Municípios. Até agora a CPETUR não saiu do papel e não há recursos previstos para sua implantação no orçamento para o ano de 2010.

 

Investimentos dependem da União

Diferentemente do governo FHC, o governo Lula tem autorizado os estados a contraírem novos empréstimos para execução de projetos e investimentos necessários ao desenvolvimento.

Assim é que São Paulo recebeu mais recursos para investimentos do que em qualquer outra época. Além dos empréstimos feitos diretamente pelo BNDES e pela CEF, que já somam mais de R$ 2,7 bilhões, o governo Federal é o avalista junto ao BID, ao BIRD e ao JBIC em empréstimos que somam mais de R$ 11 bilhões. Os empréstimos autorizados pelo presidente Lula para São Paulo já somam quase de R$ 14 bilhões.

Dos empréstimos autorizados pelo governo Lula, mais de R$ 7,7 bilhões serão para obras do Programa “Expansão São Paulo”, para ampliação e melhoria do transporte metroviário e ferroviário na Região Metropolitana, a cargo do Metrô e da Cptm. Outros R$ 1,4 bilhão irão para melhoria das estradas, sendo cerca de R$ 720 milhões para melhoria das rodovias e mais R$ 660 milhões para obras e melhorias das estradas vicinais.

Quase R$ 2,8 bilhões serão aplicados em obras de saneamento básico da Sabesp, R$ 835 milhões para obras de recuperação ambiental e outros R$ 320 milhões para obras de combate a enchentes. Além desses recursos, mais R$ 240 milhões serão aplicados para construção de novos presídios, cerca de R$ 183 milhões para construção do Complexo Cultural do Teatro da Dança de São Paulo e outros R$ 274 milhões serão aplicados em projetos de modernização fiscal.

Muitos dos projetos agora em andamento estavam parados há quase 20 anos por falta de recursos e foram adiados sucessivamente pelos governos do PSDB.

 

Substituição tributária

A melhoria do cenário econômico nacional e o aumento da arrecadação de impostos pelo Estado de São Paulo obtido pelo regime de substituição tributária (que está penalizando sobretudo as microempresas e pequenas empresas) possibilitaram ao governo estadual obter substancial aumento de receita no período até 2008 e se repetiu em 2009, embora em menor escala.

Embora a substituição tributária facilite a fiscalização e a arrecadação, da maneira como vem sendo praticada pelo Estado, distorce a estrutura de preços de mercado e afeta os mecanismos de concorrência. É que, para calcular o tributo substituído, o governo recorre às margens médias de valor agregado em cada elo da cadeia de comercialização, eliminando eventuais diferenças de preços produzidas pela concorrência dos comerciantes.

Outro aspecto negativo é a fato de a substituição tributária anular os benefícios do ICMS das microempresas e pequenas empresas optantes do Super Simples, pois, como o imposto é cobrado integralmente na saída do produto da indústria, as empresas substituídas – grandes ou pequenas – sofrem idêntica carga tributária.

A substituição tributária também pode provocar inflação, atingindo o consumidor final, uma vez que no momento em que a indústria recolhe um valor maior de ICMS – referente a toda a cadeia de comercialização, acaba elevando os preços, que serão repassados para os elos subsequentes, chegando até a população.

 

Antecipação de receita

Na sequência das privatizações, das concessões onerosas, das terceirizações e da venda da Nossa Caixa, o governador José Serra pôs à venda os direitos creditórios originários de créditos tributários e não tributários objetos de parcelamentos administrativos ou judiciais. Além de transferir para empresas privadas os direitos de cobrar e receber impostos, típicos e exclusivos do Estado. Serra está, de fato, realizando uma operação de antecipação de receita, comprometendo a arrecadação dos governos futuros.

Estima-se que essas receitas possam alcançar R$ 10 bilhões, que seriam recebidos pelos governos que virão a partir de 2011, com juros, multas e demais acréscimos judiciais. Com a venda dos créditos, Serra irá receber antecipadamente estas receitas. A empresa que comprar os créditos pagará um valor mais baixo – deságio – ao governo estadual para depois receber os valores integrais que já foram determinados por decisões judiciais. Segundo estimativas do próprio governo estadual, já para o ano de 2010 deverá ser arrecadado cerca de R$ 1 bilhão com a venda destes créditos.

A venda destes créditos na forma idealizada suscita outra questão. Os créditos oriundos de impostos devem ser classificados como Receita Tributária. Parte dos recursos provenientes das receitas tributárias deve ser obrigatoriamente aplicada na educação e na saúde e, outra parte, ser transferida aos municípios. No entanto, os direitos creditórios originários de créditos tributários foram classificados como Receitas Correntes. Não há informações precisas de quanto representam esses valores. Porém, a maior parte desses direitos deve ser originária de créditos tributários.

 

Tucanos comprometem arrecadação futura

Considerados os recursos dos empréstimos autorizados pelo governo Federal, da venda da folha de pagamento dos servidores públicos do Estado para o Banco Nossa Caixa, das concessões onerosas do Rodoanel e da segunda etapa do Programa de Concessões de Rodovias, do crescimento da arrecadação de impostos, da venda da Nossa Caixa para o Banco do Brasil, e da venda dos créditos tributários, o governo do Estado de São Paulo deverá alavancar quase de R$ 32 bilhões no período 2007-2010 para investimento, conforme podemos ver no quadro que segue.

 

 

Educação

 

Do fundamental à universidade, descaso total

Analfabetismo e a desvalorização do magistério são os indicadores, mais chocantes, da falta de uma política competente

 

Atualmente, três secretarias são responsáveis pelo ensino no Estado. Essa divisão compromete a articulação de um sistema integrado do ensino, fragmentando o processo  educacional. A Secretaria de Educação coordena o Ensino Básico, mas, em razão da competência definida na Constituição, administra parte do ensino fundamental e do ensino médio. A Secretaria de Desenvolvimento é responsável pelas escolas técnicas e tecnológicas, através do Centro Paula Souza.  Já a Secretaria de Ensino Superior, criada no governo Serra, é a gestora das universidades públicas paulistas e das faculdades isoladas.

Além da fragmentação, trocas frequentes de secretários ditadas ora por divergências internas nos governos ora por reações da sociedade, também, são responsáveis pelos péssimos resultados na área  - embora a política educacional  permaneça a mesma.

 

Má qualidade do ensino

A população do Estado de São Paulo foi estimada em 2008 em 40.624.140 pessoas. A população de zero a 14 anos representa 22% do cômputo geral. São 8,8 milhões crianças e adolescentes.

O ensino básico compreende creche, Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.

As creches e a Educação Infantil são de responsabilidade exclusiva dos municípios. O ensino fundamental é responsabilidade compartilhada entre Estado e município, já o ensino médio é exclusivo do Estado.

A rede pública estadual do ensino básico é composta por 5.735 escolas, 4,2 milhões de alunos, 232.252 profissionais da educação. Os  professores aposentados somam 124.454.

Estado e municípios em São Paulo atingiram somente 35% do atendimento do Ensino Fundamental de nove anos. A legislação federal prevê o completo atendimento até 2010.

O número de escolas estaduais vem diminuindo gradualmente. Em 1996, eram 6.437 unidades do ensino fundamental, baixando para 6.132 em 2000. Hoje, totalizam 5.735. Em contrapartida, o número de escolas municipais cresceu de 730 em 1996 para 3.613 em 2000. O principal fator da alteração foi o intenso processo de municipalização realizado no Estado. Uma das medidas adotadas pelo Executivo, nesse período, foi o processo de reorganização da rede, separando as séries iniciais de 1ª à 4ª, das séries de 5ª a 8ª. Isso afetou a vida das famílias cujos filhos frequentavam a mesma escola, dificultou a locomoção de muitos alunos que tiveram que se matricular em unidades mais distantes de suas casas e desencadeou uma série de reações contrárias dos pais. Nesse período, várias escolas foram fechadas sob a alegação de falta de demanda, enquanto muitas outras apresentavam superlotação - um dos principais fatores de evasão e abandono, além de contribuir para a queda na qualidade de ensino.

O processo continuou. Até 2004 eram 499 convênios de municipalização Estado/municípios e o número de municípios com rede municipal totalizava 556.

A implantação compulsória do regime de progressão continuada, outra política pedagógica desenvolvida pelos tucanos sem seguir os ciclos de desenvolvimento do educando, constituiu-se um regime de “promoção automática”: a avaliação dos alunos em ciclos de quatro em quatro anos para o ensino fundamental. A melhoria da qualidade de ensino reduziu-se aos aspectos quantitativos: número de evasão e repetência. Medidas como classes de aceleração, instituição de apenas dois ciclos no ensino fundamental e recuperação de férias apenas objetivam corrigir o fluxo escolar, procurando recolocar os alunos na série correspondente à idade reduzindo os custos despendidos com educação. Foi a época do “é proibido reprovar” - orientação não explícita, mas sutilmente exigida pela Secretaria da Educação.

A insuficiência de bibliotecas, laboratórios, TV, vídeos e recursos didáticos modernos, como computadores, também prejudica gravemente o suporte às aulas, ao reforço e à recuperação. Somente 15% das escolas possuem bibliotecas e 23% possuem laboratórios de ciências. (MEC Censo 2006)

 

Analfabetismo funcional

           Apesar do atendimento do Ensino Fundamental alcançar o percentual de 97%, dados da PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios de 2008) informam que o número de crianças de oito a nove anos que não sabem ler nem escrever subiu de 56 mil em 2007 para 79 mil em 2008 ; e na faixa etária de 10 a 14 anos aumentou de 29 mil para 51 mil no Estado de São Paulo.

 A taxa de analfabetismo em 2009 de jovens com mais de 15 anos registrou 4,7% e a de analfabetismo funcional, 13,8%, em 2009.

Muitos jovens chegam a concluir o ensino fundamental público como analfabetos funcionais. É considerada analfabeta funcional a pessoa que, mesmo sabendo ler e escrever, não tem as habilidades de leitura, de escrita e de cálculo necessárias para viabilizar seu desenvolvimento pessoal e profissional.

No Ensino Médio, o percentual de jovens que não estudam é bastante alto: 13,2% estão fora da escola. A população de 15 a 17 anos compreende 1.979.269 adolescentes em idade escolar. As matrículas no Ensino Médio correspondem a 1.738.958 alunos, representando 87,86% a taxa de escolarização. São 240.311 adolescentes que não frequentam a escola nessa modalidade de ensino.

 

População fora da escola

Matrículas por Turma no Ensino Médio

Déficit de Turmas

Matrículas por Escola no Ensino Médio

Déficit de Escolas

240.311

36,63

6.560

406

591,20

Fonte MEC INEP – Censo Escolar 2009

 

No Ensino Fundamental, a aprovação representa cerca de 92,6% dos alunos; a taxa de reprovação totaliza 6,5%; e o abandono está em torno de 0,9%.

Já o Ensino Médio, o índice de aprovação é de 79,8%; o de reprovação 15%; e de abandono 5,2%, o que indica que parcela significativa de nossos jovens não completa essa etapa conclusiva do ensino básico. (Fonte – MEC INEP – 2007)

Dando suporte às políticas para o Ensino Fundamental, o governo Federal aprovou o FUNDEF– Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (1996), determinando um percentual específico de vinculo obrigatório de impostos destinado a esse fundo.

            No governo Lula, o FUNDEF foi substituído pelo FUNDEB, que redefiniu o financiamento da educação, abrangendo todo o Ensino Básico – Educação Infantil, Fundamental e Médio.

 

FUNDEF X FUNDEB

Como nova forma de financiamento, o FUNDEB propicia o atendimento não só do Ensino Fundamental, como seu antecessor, o FUNDEF, mas garante Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio a crianças e adolescentes, inclusive àqueles que não tiveram acesso à educação em idade escolar.

O Fundo terá vigência de 14 anos e sua implantação foi realizada em três anos, num processo gradativo, atingindo 20% das receitas de impostos e transferências dos Estados e municípios (cerca de R$ 51 bilhões) e de uma parte de complementação do governo Federal (cerca de R$ 5 bilhões). Com isso, 48 milhões de alunos são atendidos na Educação Básica.

Tão importante quanto o aumento de recursos e o atendimento a todo o Ensino Básico é a garantia de um piso salarial aprovado para os profissionais da Educação, o que inclui professores e funcionários das escolas.

O quadro abaixo explicita como a educação foi definitivamente contemplada com o novo processo de financiamento.

 

        FUNDEF                                                                                               FUNDEB

Objetivos

Universalizar a Educação Fundamental

Universalizar a Educação Básica: Creche,Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio

Valorizar o Magistério da Educação Fundamental

Valorizar os profissionais da Educação

Melhorar a qualidade de ensino do Ensino Fundamental.

Melhorar a qualidade da Educ. Básica

 

Impostos

15% de receita de impostos e transferências federais

20% de receita de impostos e transferências federais

 

 

Atendimento

30,2 milhões no Ensino Fundamental

48,1milhões na Educação Básica

 

Resultado pífio

Sistema de avaliação de desempenho dos alunos, próprio da rede estadual de ensino do Estado, o SARESP avalia a 2ª, 4ª, 6ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e a 3ª série do Ensino Médio. A pontuação é estabelecida numa escala de 100 a 450.

Em 2008, a pontuação em Português teve queda na avaliação da 4ª, 6ª e 8ª séries do ensino fundamental. Mesmo com alterações crescentes, os resultados estão distantes do topo da meta.

 

Português

Séries

2007

2008

4ª série - Ensino Fundamental

196,8                                     

180,0

6ª série - Ensino Fundamental                                   

210,4                                    

206,0

8ª série - Ensino Fundamental                                   

242,6                                     

231,7

3º ano   - Ensino Médio                                             

263,2                                    

272,5

 

Matemática

Séries

2007

2008

4ª série - Ensino Fundamental

182,5

190,5

6ª série - Ensino Fundamental                                   

194,1

209,1

8ª série - Ensino Fundamental                                   

231,5

245,7

3º ano   - Ensino Médio                                             

263,7

273,8

 

Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, criado em 1998, é uma prova de avaliação de desempenho dos alunos do ensino médio, organizada e realizada pelo governo Federal, de adesão espontânea. As questões apresentadas reportam-se ao ensinado na educação básica, busca avaliar compreensão, domínio e assimilação. O resultado é expresso numa escala de zero a 100 É composta por uma redação e por perguntas em forma de teste.

Foram 847.746 alunos da rede pública e 163.600 da rede privada que se submeteram à prova em 2007; e, dos 2.920.589 estudantes que fizeram a prova em 2008, 69,3% eram oriundos da escola pública.

São Paulo continua apresentando, no ensino público estadual, resultados incompatíveis com sua importância econômica e sua posição de maior Estado da Federação. Em 2008, na prova objetiva obteve a média de 44,86, abaixo do Rio Grande do Sul (45,06) e pouco acima do  Rio de Janeiro (44,05). Em redação, o desempenho de São Paulo foi pior que de outros Estados. A média ficou em 59,70, abaixo de Minas Gerais (60,33), Espírito Santo (60,60), Rio de Janeiro (60,30), Santa Catarina (60,41), Rio Grande do Sul (62,57) e Distrito Federal (60,12) (Fonte MEC – INEP). E, mesmo com alguma melhora em relação ao ano anterior, os resultados estão ainda bem aquém dos limites máximos da avaliação. 

* O detalhamento do desempenho no ENEM pode ser visto em www.ptalesp.org.br

 

Magistério desvalorizado

Salário, jornada de trabalho e fixação do professor na escola são condições fundamentais que interferem na qualidade de ensino.

A política salarial de arrocho levada a cabo no Estado se manifesta na redução da folha de pagamento e concessão de bônus e gratificações, em vez de aumentos salariais reais.

O salário base inicial para jornada de 30 horas semanais do professor de educação básica I (Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série) é de R$ 981,88 e do professor de ensino básico II (ensino fundamental de 5ª a 8ª série e ensino médio) é de R$ 1.136,63. Com as gratificações, vai para R$ 1.198,16 para o PEB I, e R$ 1.376,13 para o PEB II.

O governo Serra instituiu a Bonificação por Resultado – BR, pago proporcionalmente ao percentual de metas atingidas, previamente fixadas.

Há muito tempo os profissionais da educação repudiam a política de concessão de bônus que prejudica a evolução dos salários, que não contempla os aposentados e tem contribuído para a redução do poder aquisitivo dos professores e funcionários de escola. E têm se manifestado também contra a chamada política da meritocracia, que, a pretexto de corretamente valorizar a dedicação e evolução profissional individual, acaba por distorcer um trabalho coletivo e social, como é a função de educar. São dois conceitos –bônus e mérito – que têm recebido a crítica das entidades representativas do setor e têm levado às mobilizações da categoria. Esta política, aplicada há 12 anos, reduz gastos, pois não é incorporada aos benefícios existentes para a categoria, não contempla os aposentados e retribui apenas a alguns.

Condições salariais

O governo atual criou também o Sistema de Promoção da Carreira por meio de provas com notas mínimas para aprovação, limitando o aproveitamento a até 20% daqueles que se submeterem à avaliação. Instituiu novas jornadas de trabalho (de 40 e 20 horas/aulas semanais) e criou a Escola de Formação de Professores. Para o concurso de ingresso exigiu participação e aprovação em curso de formação.

É mais uma tentativa de resposta à categoria insatisfeita com suas condições de trabalho e salário. Com efeito, análise realizada pelo Dieese/Apeoesp (Boletim de Conjuntura nº 8) revela a perda do poder aquisitivo dos profissionais da Educação e a redução constante da participação do orçamento da educação no Orçamento do Estado.

Em 2002, o percentual da educação era de 15,1%; para pessoal e encargos, 12,7% eram empregados. Em 2004, ainda que tenha aumentado um pouco o percentual geral, no gasto com pessoal e encargos houve redução: 11,1%. Em 2009, a baixa foi significativa: coube à educação 13,1% do Orçamento do Estado e para pessoal e encargos, 9,2% .

Os reajustes do período foram: em maio de 2002 de 5%; em 2004 de 13,38%; em setembro de 2005 de 15% e em julho de 2008 de 5%. A inflação do período atingiu 107,71% (Dieese). Os reajustes da categoria ficaram em 60,97%, sem as gratificações. Assim, para recuperar o poder aquisitivo de 1998 (ano da aprovação do Plano de Carreira do Magistério - LC 836/97) os salários do magistério  teriam de  receber  reajuste de 27,5%  em fevereiro de 2009.

Em julho de 2009, os professores totalizavam 240.333, sendo 46,4% os Ocupantes de Função Atividade (OFAs). Os aposentados cresceram 32 mil de 1998 a 2008 e, em julho 2009, chegavam a 125.873 .

 

Professores temporários

Os professores chamados temporários, por não possuírem um cargo definido, eram 108.441, em um universo de 238.252, em abril de 2009. Submetidos à rotatividade nas escolas para compor a jornada de trabalho, são muitas vezes obrigados a assumir aulas em várias e diferentes escolas em locais distantes, com prejuízo para a qualidade de ensino.

Recentemente, frente à mobilização da categoria, o governo estabilizou-os e definiu uma jornada de trabalho mínima para garantir sua permanência na rede. Também aprovou a criação de cargos e a realização de concurso público. É justamente a ausência de concursos que cria na rede a admissão de profissionais sem estabilidade, com contratos de trabalho precários e não fixados a uma escola.

Nos últimos anos, os recursos para a manutenção e expansão da rede vêm diminuindo em relação à  participação  no Orçamento, o que atinge diretamente o percentual destinado aos vencimentos do magistério,  conforme o quadro abaixo:.

 

Orçamento do Estado de São Paulo e Orçamento da SEE

Ano

Orçamento Total (100%)

Orçamento da Educação

Participação no orçamento total

Total - Educação

Pessoal e Encargos Educação

2002

46.831.098.893

16,06%

13,47%

2003

49.713.197.689

16,66%

12,71%

2004

54.618.432.678

17,54%

12,63%

2005

62.218.657.168

15,82%

11,92%

2006

81.292.048.395

14,29%

10,55%

2007

84.986.001.490

14,12%

10,40%

2008

96.873.844.780

13,89%

10,12%

Fonte: LOA 1996-2008

Elaboração: DIEESE - Subseção Apeoesp/Cepes

 

 

              Essa redução tem responsabilidade na situação física precária das escolas, na ausência de investimentos e no arrocho salarial a que estão submetidos os professores.

 

 

Escolas sem recursos

O Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula Souza” foi criado em 6/10/1969 e transformado em autarquia de regime especial associada e vinculada à Unesp – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” em 1976. É hoje a instituição pública responsável pela oferta da Educação Profissional e Tecnológica do Estado, através das Escolas Técnicas Estaduais – ETEs e das Faculdades de Tecnologia – FATECs

De sua criação até 1980, o CEETEPS contava com apenas duas FATECS – São Paulo e Sorocaba. Em 1980, foram incorporadas à sua estrutura seis Escolas Técnicas Industriais, mantidas anteriormente mediante convênios entre Estado, prefeituras e União. Em 1982, mais mais Escolas Técnicas, desta vez oriundas da Secretaria da Educação, foram transferidas e também incorporadas ao CEETEPS

No período compreendido entre 1986 a 1992, foram criadas cinco novas FATECs e duas novas ETEs.

No final de 1993, foram integradas ao Centro Paula Souza 82 Escolas Técnicas – 47 industriais e 35 agrícolas – transferidas da Divisão do Ensino Técnico Estadual da Secretaria de Ciência e Tecnologia. Em 1994, foram criadas mais duas FATECs e três ETEs.

O processo de expansão acelerou-se nos últimos dois anos totalizando hoje 49 FATECs e 167 ETEs e as solicitações para sua criação continuam no mesmo ritmo. Para 2010, estão programadas mais três FATECs.

O governo de São Paulo anunciou a implantação de cursos profissionalizantes no 3º ano do Ensino Médio, que seria reduzido para dois anos. No último ano, o aluno poderia optar pela profissionalização ou para reforço para tentar ingressar na universidade.

Por sua vez, o orçamento do Centro Paula Souza vem sofrendo redução significativa para o Ensino Técnico. Com a ampliação das unidades e a criação de novas escolas, essa redução pode significar o comprometimento da qualidade das escolas.

Em 14 anos (de 1994 a 2008), o governo de São Paulo criou 58 novas Escolas Técnicas e 38 FATECs. O governo Federal, até 2010, criou 214 novas escolas técnicas que somadas às 140 existentes totalizarão 354 unidades escolares federais em todo o Brasil, ampliando a oferta em 152% .

 

 

Falta de metas para o Ensino Superior

Há pouco mais de um ano de sua criação, a Secretaria de Ensino Superior não apresenta modificação significativa nos programas e metas que possam indicar ampliação de acesso de nossos jovens às universidades. Com redução drástica em investimentos, mantendo os quase eternos 9,57% do ICMS (quota parte do Estado para manutenção e  ampliação do ensino superior), o governo do Estado  não faz da universidade um centro de atenções. A novidade é o anúncio da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP), incorporada ao Orçamento, mas ainda não criada.

O constante corte nos investimentos e nos orçamentos vem ao encontro da limitação da ampliação de vagas. No programa Ensino Superior - Expansão do Ensino Público Superior, o número de vagas é medíocre: 240 como meta de quatro anos, e no Desenvolvimento do Ensino Superior - Expansão e Inclusão no Ensino Superior as novas vagas de graduação somam 5.600, total que não corresponde à existência de três universidades e faculdades públicas. Para 2010, o Orçamento coloca como meta a ampliação de 850 vagas na graduação.

Bem mais ambiciosa, com certeza mais barata, mas também de resultados mais problematizados, é a meta para a Universidade Virtual: 55.000 alunos matriculados ao final do período.

Enquanto São Paulo restringe suas vagas nas universidades públicas, o governo Federal investe na ampliação, aumento das oportunidades de acesso de jovens ao Ensino Superior. Nos últimos seis anos, as universidades públicas federais dobraram o número de vagas, de 113 mil para 228 mil. Foram criadas 12 novas universidades e inúmeros campi em todo o país. Em 2003, São Paulo contava com duas unidades escolas federais de Ensino Superior: a Universidade Federal de São Carlos e a Escola Paulista de Medicina. Atualmente, o Estado já conta com universidades federais em Guarulhos, Baixada Santista, Sorocaba, ABC, Osasco estando para serem aprovadas no Congresso Nacional mais quatro. Com isso, o governo Lula terá criado 16 novas universidades federais. Além disso, foram abertas mais 135 extensões universitárias.

 

Estrutura das Secretarias

 

A Secretaria da Educação (Ensino Básico) tem uma estrutura descentralizada através das Diretorias de Ensino Regionais com atribuições administrativas e educacionais. A orientação pedagógica é elaborada na CENP (Centro de Estudos e Normas Pedagógicas). A Secretaria conta também com a Fundação para o Desenvolvimento do Ensino (FDE), órgão com atribuições de gerenciar programas, projetos e ações. É responsável, ainda, pela confecção de material institucional e capacitação dos profissionais da área. Mas sua principal função é a coordenação das construções, reformas e adequação dos prédios escolares.  Em razão dessas atribuições, é o órgão principal na elaboração e realização de contratos, muitas vezes sem processo licitatório, o que vem acarretando ações do Ministério Público, como foi o caso do contrato celebrado com a Editora Abril, sem licitação, no valor  de R$ 3,74 milhões para a compra de 220.000  assinaturas da revista “Nova Escola”

A Secretaria de Ensino Superior, criado no governo Serra em 2007, é responsável pela elaboração das diretrizes para o Ensino Superior e  tem como um de seus órgãos principais o CRUESP (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais do Estado de São Paulo).

Um questionamento constante dirigido às universidades é o autoritarismo em suas relações internas e com a sociedade. Não há órgão que estabeleça os vínculos da produção universitária com os problemas enfrentados pela população.

A Secretaria de Desenvolvimento gerencia o Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza  (CEETEPS), a quem cabe gerir as escolas técnicas e tecnológicas do Estado. 

 

Esporte e lazer

 

Desinteresse é a regra do jogo

Com apenas 0,1% do Orçamento destinado ao setor, nosso Estado corre o risco de fazer papelão nas Olimpíadas de 2016

A falta de investimento e de políticas públicas para o Esporte e Lazer tem relegado a participação da juventude, da terceira idade e das pessoas com deficiência em programas e ações da administração pública estadual. O orçamento da Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo, nos últimos anos, variou entre R$ 70 e R$ 130 milhões, o equivalente a 0,1% do Orçamento do Estado, o menor entre todas as Secretarias. Mesmo assim, no Orçamento de 2009, o governo só liberou, até dezembro, 60% dos valores orçados. A Conferência Nacional de Esporte sinalizou a proposta de 1% do orçamento para o Esporte e Lazer nos estados e municípios.

Talvez uma das únicas ações da Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo que apresenta algum significado social no atendimento aos municípios e entidades esportivas do Estado de São Paulo é o “Esporte Social”, anunciado pelo governo Serra como projeto prioritário. No entanto, o Orçamento do Estado para 2010 reduziu em 50% seus recursos em relação a 2009.

Não há recursos para o Esporte Educacional e o programa Escola da Família, da Secretaria da Educação, não preenche esta lacuna.

A estrutura organizacional da Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo abrange oito Regiões Esportivas, com 14 Delegacias Regionais e 53 Inspetorias Regionais. Na prática, a estrutura de recursos humanos é muito precária, a ponto de uma Inspetoria Regional não ter mais do que um técnico desportivo e mal remunerado. A divisão administrativa não corresponde à demanda dos municípios, seja pela insuficiência de funcionários, seja pelos limitados recursos financeiros.  Os equipamentos da Secretaria correspondem ao Parque da Juventude, a Vila Olímpica Mário Covas (na Rodovia Raposo Tavares), o Conjunto Esportivo Baby Barioni (na Água Branca) e o Centro Esportivo Vaz Guimarães (Ibirapuera), todos na capital, privilegiando apenas a metrópole.

As ações da Secretaria estão voltadas para a realização de campeonatos, entre eles os jogos, como Jogos Abertos do Interior, Jogos Regionais, Jogos Abertos da Juventude.

Do Orçamento para 2010, no valor de R$ 130 milhões, R$ 97,7 milhões provêm do Tesouro do Estado, R$ 6,9 milhões são do Fundo Especial de Despesa, e o governo Federal entra com R$ 25,4 milhões, correspondendo a 24,8% do total. Do orçamento total para 2010, o montante para a área de Esporte e Lazer corresponde a R$ 117 milhões e os R$ 13 milhões restantes são destinados ao Turismo.

A administração geral da Secretaria consome R$ 68 milhões. Somando-se a isso os R$ 13 milhões para as ações de Turismo e R$ 19 milhões para os Jogos Regionais e os Jogos Abertos do Interior, sobram apenas R$ 30 milhões para atender aos 645 municípios do Estado de São Paulo.

 

A Escola que deveria ser da Família

Alocado na Secretaria de Educação, o programa Escola da Família tem apresentado um orçamento entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões nos últimos anos, valor que sempre supera todo o orçamento da Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo. Um programa que deveria ser exemplo de integração da escola com a comunidade, a partir de um projeto educacional, constituiu-se de um ato de simples abertura das escolas estaduais nos finais de semana, sem planejamento, sem a participação das Secretarias de Esporte e Lazer, da Cultura e do Meio Ambiente e sem vínculo com o corpo docente das escolas.

Apesar de sua verba da Educação, a Escola da Família tampouco se caracteriza como um programa educacional. A escola somente oferece suas dependências, como salas, quadras esportivas (às vezes em péssimas condições) e pátios, para os eventos. As atividades culturais, esportivas e profissionais não envolvem diretamente as Secretarias de Estado de Esporte e da Cultura.

É impossível a interação da escola com a comunidade sem a participação do corpo docente nesse processo. A direção, professores e funcionários são chamados a participar, em sistema de rodízio, sem nada receber, sem nenhum projeto a desenvolver, apenas para ajudar a tomar conta da escola.

O Programa envolve a participação de universitários, com a contratação de 25 mil monitores – estudantes universitários não necessariamente ligados à cultura e/ou ao esporte. Da mesma forma, a exigência para admissão de que o monitor universitário tivesse cursado o 2º grau em escola pública também não é um requisito integralmente respeitado. Nesse contexto, o universitário se apresenta na escola para tomar conta dos participantes, distribuir bola para os poucos participantes, sem qualquer comando. O que equivale a dizer que as atividades desenvolvidas não têm planejamento, método, organização pedagógica, avaliação e continuidade.

O Projeto tem parceria com a Federação dos Estabelecimentos de Ensino Superior Particular. Nesse sentido, atendeu aos interesses das instituições de ensino superior particular, contribuindo para diminuir a inadimplência. O valor pago ao monitor não é repassado diretamente ao universitário, mas às instituições em que está matriculado para abater a mensalidade ou o débito acumulado.

 

Juventude abandonada

A ausência de programas especialmente criados para a juventude tem sido característica dessa administração. As ações da Secretaria de Esporte, como Cidadania Presente, Festival da Juventude, Fóruns da Juventude, Jovem Empreendedor, Publicações da Juventude, Espaço da Juventude, Implantação de Núcleos de Esporte e Lazer, em vários anos, tiveram suas metas e valores diminuídos drasticamente, até que em 2008 a Juventude saiu da Secretaria de Esporte para se tornar um órgão na Secretaria de Relações Institucionais.

Quando a juventude estava inserida nos programas da Secretaria da Juventude, Esporte e Lazer, a administração lhe destinava apenas 3% do total da proposta orçamentária da própria Secretaria. E, na prática, não executava 50% dos valores empenhados.

Apesar do grande número de pessoas com deficiência e do aumento do número de idosos no Estado de São Paulo, o governo vem diminuindo as verbas para os programas esportivos dirigidos a esse público. De 2009 para 2010, o corte foi de 20%. A desvalorização se reflete também na prática do remanejamento das verbas da Secretaria: para fortalecer as Campanhas e Captação de Eventos Esportivos e para os Campeonatos Estaduais de Esporte, tem sido frequente o remanejamento de valores subtraídos das ações “Esporte para Pessoas Portadoras de Deficiência” e “Atividade na Melhor Idade”.

 

Projetos não saem do papel

Em 2005, a administração Alckmin lançou projetos chamados estratégicos na área do esporte. Eram Complexos Esportivos, que previam a implantação da Vila Olímpica Mário Covas (na rodovia Raposo Tavares), a modernização da infraestrutura esportiva e a implantação de Centro de Convivência e de Albergue para a Juventude no Conjunto Esportivo Baby Barioni (Água Branca) e mudança no modelo de gestão (privatização) que permitiria, segundo o governo, a modernização e reforma do Conjunto Esportivo Constâncio Vaz Guimarães (Ibirapuera). Tudo isso ficou apenas na previsão e não há indícios de que os projetos venham, de fato, a ser implementados. Finalmente, a privatização do Conjunto do Ibirapuera só não aconteceu até agora devido à resistência dos esportistas.

 

Finanças

 

Estado mínimo é marca política do PSDB

Redução de investimentos, arrocho salarial e concessão de bens públicos são os principais eixos dos governos tucanos

A política de ajuste fiscal permanente tem conduzido as ações tributárias, fiscais e financeiras dos governos paulistas nos últimos 15 anos, com impactos importantes sobre as demais políticas públicas desenvolvidas no período.

Essa política significa, sinteticamente, buscar a todo custo o chamado equilíbrio fiscal, obtido com o aumento das receitas próprias e o controle das despesas não financeiras, visando à geração de superávits primários e tendo, como objetivo último, a redução do endividamento do setor público.

O ajuste fiscal, tal como foi implementado no Estado, implicou na redução do tamanho e do papel do Estado ao alienar o patrimônio público por meio de privatizações e concessões, bem como impôs limites rígidos nas despesas com pessoal e investimentos diretos. Em contrapartida, até 2006, não tinham sido estabelecidos limites para as chamadas Outras Despesas de Custeio, incluídos aí os gastos com as terceirizações.

A crença vigente imputava o desequilíbrio fiscal ao gasto crescente com a folha de pagamentos, à perda das chamadas receitas inflacionárias - após a estabilização econômica em 1994 - e à dificuldade de manutenção e crescimento das receitas de impostos em ritmo adequado. O desequilíbrio, financiado através da obtenção de empréstimos, principalmente junto aos bancos públicos estaduais, terminaria por ampliar o endividamento do setor público.

Caberia à política de ajuste fiscal permanente reduzir o peso dos gastos diretos do Estado, sobretudo as despesas com o pagamento dos servidores e com os investimentos diretos, mais fáceis de serem cortadas, ao mesmo tempo em que o poder público deveria ampliar as chamadas receitas próprias (proveniente de impostos e taxas) e as receitas com a alienação de ativos (venda de patrimônio público).

Esta segunda modalidade de receita estaria no centro da diminuição do tamanho do Estado, permitindo, em tese, um maior abatimento das dívidas e, simultaneamente, evitando que o Estado fosse impelido a novos investimentos, novos empréstimos e, portanto, novas dívidas.

Dentro da proposta de alienação de ativos, a venda dos bancos públicos estaduais, fonte de financiamento para os desequilíbrios fiscais, aparece como uma das primeiras medidas a serem tomadas: o Estado obteria recursos com a alienação destes ativos e ainda estaria impedido de gastar além do seu orçamento corrente, uma vez que não contaria mais com esta importante fonte de financiamento. 

O ponto de partida desta política ocorreu no primeiro governo Covas, com o Programa de Reestruturação e Ajuste Fiscal de Longo Prazo do Estado de São Paulo, celebrado entre a União e o Estado em 1997.

De acordo com o programa, o Estado comprometia-se de forma permanente a buscar metas intermediárias de aumento real das receitas próprias (impostos), receitas com a alienação de ativos (venda de patrimônio), redução das despesas com pessoal, redução dos investimentos diretos e, finalmente, metas de superávits primários. Tudo isso tendo como objetivo final a manutenção da dívida pública em patamares decrescentes em relação à receita líquida real (RLR), garantindo os pagamentos futuros dos serviços desta dívida.

Seguindo este receituário, o governo estadual teria direito, junto à União, ao refinanciamento de grande parte da dívida pública pelo prazo de 30 anos, com taxas de juros de 6% ao ano, correção pelo IGP-DI e amortização mensal pela tabela price.

As parcelas mensais das despesas com o serviço da dívida (amortização e juros) não poderiam comprometer mais do que 13% da receita líquida real (RLR) mensal. Os valores que ultrapassassem este limite teriam o pagamento postergado, constituindo um “resíduo”, sobre o qual incidiriam as mesmas condições do contrato principal.

Dificuldades macroeconômicas no percurso levaram a sucessivas revisões do programa, depois da frustração no cumprimento das metas originais. A flexibilização das metas tornou-se, portanto, um dos elementos constitutivos do programa de ajuste fiscal.

A despeito das nuances entre os diferentes governos tucanos neste período, o programa de ajuste fiscal de longo prazo segue como fio condutor das demais políticas praticadas no Estado.

 

Situação econômica e evolução das receitas próprias

Uma das principais metas previstas no programa de ajuste fiscal estabelecia a necessidade de se obter um crescimento real das receitas próprias estaduais (tributárias) de 3% ao ano, durante o período 1997/1999.

Os impactos negativos da crise financeira internacional no final dos anos 90 (México, Rússia e “tigres asiáticos”), amplificados por uma política de câmbio supervalorizado, juros altos e contenção do gasto público, deprimiram o crescimento da economia brasileira e paulista, atingindo as receitas estaduais, sobretudo o ICMS.

Neste período, as receitas próprias cresceram 0,3% em 1997, apresentando queda de 0,9% em 1998 e queda de 10,2% em 1999, refletindo a forte estagnação econômica.

Para os anos seguintes, houve mudança na metodologia do cálculo das metas de arrecadação, que passaram de um percentual de crescimento real para um valor nominal a ser atingido. Ainda assim, em 2001, a arrecadação ficou abaixo da meta prevista, refletindo outro ano de baixíssimo crescimento econômico, provocado em grande parte pela crise energética do país.

A partir de 2002, já nos governos Alckmin e Serra, São Paulo tem cumprido as novas metas, agora fixadas em termos nominais, devido à melhoria significativa da economia do país, com o aumento do crescimento econômico e seus impactos positivos sobre a arrecadação.

Analisando o comportamento das receitas tributárias através dos orçamentos estaduais de 1995 a 2009, em valores reais a preços de dezembro de 2009 (atualizados pelo IGP-DI), podemos observar três fases distintas.

Em 1995 e 1996, início do governo Covas, a arrecadação com tributos subiu em mais de R$ 4 bilhões em termos reais, atingindo R$ 75,5 bilhões/ano. Este aumento foi “puxado” pela elevação da arrecadação com o ICMS. A estabilização e o crescimento econômico moderado colaboraram nesta evolução das receitas tributárias.

De 1997 a 2003 (governos Covas e Alckmin), as receitas tributárias sofreram forte queda e mantiveram-se em um patamar bem mais baixo do que o anterior, agora “puxadas” para baixo pelo comportamento do ICMS. A estagnação econômica em 1998 e 1999 e o baixíssimo crescimento em 2001, 2002 e 2003 explicam grande parte deste longo período de arrecadação em patamares inferiores a 1995 e 1996.

De 2004 a 2009 (governos Alckmin e Serra), as receitas tributárias passam por forte elevação, refletindo de maneira clara a recuperação da economia brasileira. Neste período, as receitas tributárias vão recuperar o patamar anterior apenas em 2006, crescendo de maneira ainda mais forte a partir de 2007.

 

Venda de estatais

A preparação do processo de privatizações inicia-se no governo Covas, quando é criado, em 16 de março de 1995, o Programa de Participação da Iniciativa Privada na Prestação de Serviços Públicos e na Execução de Obras de Infra-estrutura, seguido, em 1996, do Programa Estadual de Desestatização – PED – o maior programa de privatização entre os estados brasileiros.

O programa de ajuste fiscal firmado em 1997 com a União incluiu metas mínimas de receitas com a venda do patrimônio público estadual, metas estas rapidamente alcançadas ainda no governo Covas.

Durante o período de 1997 a 2000, as metas fixadas para receitas com a venda de ativos eram de R$ 15,2 bilhões, em valores nominais, mas as vendas realizadas superaram os R$ 22,4 bilhões, também em valores nominais.

Em 1997, houve a transferência da Fepasa e da Ceagesp para a União, atingindo os setores de transporte ferroviário e de abastecimento do Estado. Ainda em 1997, também os setores de saneamento e energia são atingidos com a alienação de participação da Sabesp, Elektro e Eletropaulo e a privatização da CPFL.

Em 1998, iniciou-se a concessão de serviços das rodovias paulistas para empresas privadas, com a correspondente cobrança de pedágios. Foram nove lotes (Anhanguera/Bandeirantes, Imigrantes/Anchieta, Raposo Tavares/Castelo Branco, Região de Ribeirão Preto, Região de Batatais, Região de São João da Boa Vista, Região de Bebedouro, Região de Araraquara e Região de Jaú), privatizando-se a malha rodoviária mais eficiente e de maior qualidade do país.

Em 1999, a privatização da COMGÁS, da CESP Paranapanema e da CESP Tietê deram sequência ao processo de venda de patrimônio público em setores estratégicos. No mesmo ano, houve a transferência do Banespa para a União, por cerca de R$ 2 bilhões. Este mesmo banco foi vendido ao Grupo Santander por mais de R$ 7 bilhões.

Em 2000, fechou-se o primeiro ciclo de privatizações, com a concessão de mais três lotes do sistema rodoviário (Região de Itapetininga, Região de Itapira e Região de Itu) e da Área 3 (Sul) de gás canalizado.

No período de 2001 a 2004, as receitas realizadas com a alienação de ativos (cerca de R$ 1 bilhão) ficaram abaixo das metas estipuladas no programa de ajuste fiscal para o período, que eram de R$ 2,5 bilhões, mesmo alienando mais participações da SABESP em 2002 e 2004, durante o governo Alckmin.

De 2005 a 2008, durante os governos Alckmin e Serra, inicia-se o segundo ciclo de privatizações, quando foram vendidas a Nossa Caixa Seguros e Previdência, o Banco Nossa Caixa e a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), além das concessões das rodovias D. Pedro I, Carvalho Pinto/Airton Senna, Raposo Tavares e Marechal Rondon. Os valores nominais auferidos com a alienação de ativos superaram a cifra de R$ 3 bilhões neste último período.

A partir de 2006, o governo paulista seguiu vendendo patrimônio sem que existissem metas obrigatórias pelo programa de ajuste fiscal, extintas pelo governo Lula.

Analisando a execução orçamentária de 1995 a 2009, observa-se que grande parte das receitas com a alienação de ativos concentrou-se durante o primeiro ciclo de privatizações – de 1997 a 1999 -, voltando a crescer, mas em níveis inferiores, nos anos de 2005, 2006 e 2009. (tabela 1)

Considerando todas as modalidades de venda de ativos - privatização, concessão de serviços, alienação de participações, alienação de controle, alienação de imóveis e transferência para a União -, os últimos governos do Estado de São Paulo terão arrecadado mais de R$ 79,2 bilhões até 2010 (em valores atualizados pelo IGP-DI).

Neste período, a venda de patrimônio público rendeu R$ 46,1 bilhões durante o primeiro governo Covas (1995 a 1998), R$ 18,4 bilhões durante o governo Covas/Alckmin (1999 a 2002), R$ 4,3 bilhões durante o governo Alckmin (2003 a 2006) e R$ 10,4 bilhões durante o governo Serra (2007 a 2010), em valores a preços de dezembro de 2008 (atualizados pelo IGP-DI).

Por outro lado, nos últimos três anos, o governo paulista não vem conseguindo cumprir as metas que limitam as despesas de custeio estipuladas pelo governo Lula, ficando acima dos valores mínimos definidos. A política de terceirização levada adiante pelo governo estadual – sobretudo nas áreas da saúde e da cultura – vem dificultando o cumprimento de tais metas.

As chamadas outras despesas correntes/ODC (custeio) apresentaram três movimentos (tabela 2):

. No biênio 95/96, as despesas correntes (exceto pessoal) foram elevadas, atingindo R$ 15 bilhões em 1996.

. De 1997 a 2003, estas despesas de custeio foram mantidas na casa dos R$ 12 bilhões/ano.

. De 2004 a 2009, as despesas com custeio cresceram fortemente, atingindo os R$ 24,4 bilhões em 2009. Neste período, intensificou-se a política de terceirização de serviços no Estado, reforçando a necessidade de imposição, por parte da União, de metas com limites máximos para este tipo de despesas.

Para efeito de comparação, as despesas com custeio (menos pessoal) – que representavam, em média, 13,7% e 17,7% do gasto total nos governos Quércia e Fleury – tem crescido de maneira consistente de 1998 até o último ano, atingindo 21,1% das despesas totais em 2009.

Tabela 1. Evolução das Receitas do Estado de São Paulo. 1995/2009.

Valores de dezembro de 2009 – deflacionados pelo IGP-DI – em bilhões de R$

 

 

Obs.: Em 1997 foi excluído o valor de R$ 50,3 bilhões do item operações de crédito, referente à renegociação da dívida do Estado, para a compatibilidade da série histórica;

*2009 - valores do SIGEO em 19/01/2010; RCL para 2009 - valores previstos no Relatório Resumido da Execução Orçamentária/LRF/5o. Bimestre

Fonte: de 1987 a 2004: "Análise das Finanças Públicas do Estado de Sâo Paulo", por Carlos E.G. Cavalcanti, Luis Fernando Novais e Mario Roque Bonini (tabela 4A); de 2005 a 2009: SIGEO (Sistema de Gerenciamento da Execução Orçamentária)

 

 

Corte no gasto com o funcionalismo

 

O programa de ajuste fiscal estipulou que o principal mecanismo de controle das despesas do setor público se daria através da redução da participação das despesas com a folha de pagamento dos servidores públicos (ativos e inativos) em relação às receitas líquidas reais/RLR. 

Em 1997, os gastos com pessoal correspondiam a 64% das receitas líquidas reais/RLR, enquanto, em 2008, eles representaram apenas 49,9% das RLR.

Em valores reais a preços de dezembro de 2009 (atualizados pelo IGP-DI), as despesas com pessoal foram menores em 2009 do que em 1997, tendo a seguinte evolução: de 1995 a 1998, durante o governo Covas, houve elevação real do gasto com pessoal, refletindo as dificuldades de contenção destas despesas – sobretudo nas áreas da educação, saúde e segurança, principalmente diante de certa pressão por recomposição salarial herdada do governo Fleury. Neste período, o gasto com pessoal passou de R$ 39,6 bilhões em 1995 para R$ 46 bilhões em 1998.

De 1999 a 2004, durante os governos Covas/Alckmin e Alckmin, as despesas com pessoal caíram significativamente, respondendo à política de perseguição das metas decrescentes previstas no programa de ajuste fiscal. Neste período, tais despesas passaram de R$ 44,1 bilhões em 1999 para R$ 35,2 bilhões em 2004.

Durante o biênio de 2005 e 2006, as despesas com pessoal cresceram, atingindo R$ 37,8 bilhões em 2005 e R$ 40,7 bilhões em 2006, reagindo a pressões dos servidores públicos, sobretudo nas vésperas da eleição presidencial.

A partir de 2007, retoma-se a trajetória de queda nas despesas com pessoal, política esta aprofundada pelo governo Serra mesmo diante de grande elevação das receitas próprias no período. Em 2008, estas despesas foram de apenas R$ 39,1 bilhões. Em 2009, mais uma vez respondendo a diversas demandas dos servidores e nas vésperas de novas eleições presidenciais, o gasto torna a subir para R$ 42,7 bilhões.

Ainda assim, a participação desta despesa no total do gasto público foi, em 2009, a menor já registrada em todo o período: apenas 36,8%.

 

Ajuste fiscal

 

O programa de ajuste fiscal estipulou teto para as despesas com investimentos diretos, reduzindo drasticamente o patamar dos investimentos públicos.

Durante o período 1997 a 2005, os investimentos diretos do Estado representaram menos de 3,5% das receitas líquidas reais. Apenas a partir de 2006 o patamar de investimentos supera os 5% das receitas líquidas reais, aumentando ainda mais em 2008 e 2009.

Esta elevação dos últimos dois anos deve-se a três causas diretas: as novas autorizações concedidas pelo governo Lula para o Estado de São Paulo contrair empréstimos externos; a recuperação das receitas próprias, ancoradas no crescimento econômico do país; e o aprofundamento da política de redução da participação das despesas com pessoal durante o governo Serra.

Analisando o comportamento das despesas com investimentos através dos orçamentos estaduais de 1995 a 2009, em valores reais a preços de dezembro de 2009 (atualizados pelo IGP-DI), podemos observar que (tabela 2):

.           Os gastos com investimentos (obras e material permanente) ficaram abaixo dos R$ 4,5 bilhões/ano durante todo o período de 1995 a 2007, apresentando significativo aumento apenas em 2008 e 2009, quando atingem a cifra dos R$ 6,8 bilhões e R$ 9,9 bilhões, respectivamente.

.           Os gastos com inversões financeiras - repasses do Tesouro Estadual para as empresas estatais investirem -, foram elevados apenas em 1995 e 1996, atingindo as cifras de R$ 9,6 bilhões e R$ 7,6 bilhões, respectivamente. De 1997 a 2009, os repasses ficaram abaixo dos R$ 5 bilhões/ano, indicando a pouca capacidade de investimento do Estado por meio de suas empresas.

A perda de espaço dos investimentos e inversões financeiras nos orçamentos de 1995 a 2009 também pode ser vista através de outros números: se nos governos Quércia e Fleury elas representavam, juntas, em média, 22,8% e 17,6% das despesas totais, nos últimos 15 anos elas foram reduzidas para menos de 10%, com uma pequena recuperação em 2008 (10,9%) e 2009 (12%).

Estes números comprovam que grande parte do ajuste fiscal no Estado de São Paulo deu-se pelo corte nos investimentos públicos.Tabela 2. Evolução das Despesas do Estado de São Paulo. 1995/2009.

Valores de dezembro de 2009 – deflacionados pelo IGP-DI – em bilhões de R$

 

Obs.: Em 1997 foi excluído o valor de R$ 50,3 bilhões do item serviço da dívida (amortização), referente à renegociação da dívida do Estado, para a compatibilidade da série histórica;

*2009 - valores do SIGEO em 19/01/2010;

Fonte: de 1987 a 2004: "Análise das Finanças Públicas do Estado de Sâo Paulo", por Carlos E.G. Cavalcanti, Luis Fernando Novais e Mario Roque Bonini (tabela 4A); de 2005 a 2009: SIGEO (Sistema de Gerenciamento da Execução Orçamentária)

 

Trajetória da dívida pública

O programa de ajuste fiscal também estabeleceu metas para o resultado primário, visando o pagamento do serviço da dívida, quase como conseqüência dos demais ajustamentos exigidos nas receitas e despesas correntes.

Ampliando as receitas próprias e reduzindo a participação das despesas com pessoal, cortando investimentos e inversões financeiras e “represando” o pagamento dos precatórios (sentenças judiciais), a partir de 1995, o Estado de São Paulo conseguiu inverter a grave situação financeira observada: de elevados déficits primários durante o governo Fleury, passou a obter superávits primários crescentes.

Em 2007, o Estado de São Paulo realizou seu maior superávit primário, da ordem dos R$ 6,3 bilhões, partindo de um patamar de R 1,1 bilhão em 1997.

O êxito na obtenção de resultados primários crescentes, graças à política de arrocho salarial dos servidores, alienação do patrimônio dos paulistas e depressão dos investimentos públicos, não alcançou o principal resultado desejado, de equacionar a dívida pública.

A principal meta preconizada pelo ajuste fiscal permanente de longo prazo, acordado entre União e Estado em 1997, era a redução da trajetória da Dívida Financeira Total do Estado (D) em relação à Receita Líquida Real (RLR). Segundo o próprio documento oficial, esta relação não poderia ultrapassar, “em nenhum dos anos do período”, uma determinada trajetória decrescente.

Em 2008, a dívida deveria ser igual à receita líquida real. No entanto, ficou em 2,29 vezes o valor da receita, semelhante ao índice de 2,24 apurado em 1997.

Estas metas foram revistas e fortemente flexibilizadas ano a ano, conforme mudanças nos parâmetros macroeconômicos. No último processo de negociação, em 2007, o prazo para que fosse atingida a igualdade entre a dívida e a receita foi postergado para 2024.

Apesar da redução do estoque da dívida junto à União representar uma das estratégias centrais do ajuste fiscal, o estoque nominal da dívida pública passou de R$ 64,6 bilhões em 1997 para R$ 168,6 bilhões em 2008, um aumento de 393,58%. Em valores atualizados a preços de 2008 (corrigidos pelo IGP-DI), a dívida pública estadual diminui 7,2% no período de 1997 a 2008.

Já o resíduo da dívida – parcela que excede o limite de 13% da receita líquida real com o pagamento de serviços da dívida - saltou de R$ 2,6 bilhões em 1998 para R$ 56,3 bilhões em 2008 com crescimento de 2.065%.

 

Evolução do gasto público por secretaria

Analisando a evolução dos orçamentos das principais secretarias e unidades orçamentárias nos últimos três governos estaduais (de 1998 a 2009), chega-se a algumas conclusões importantes:

. Apenas a Secretaria de Administração Penitenciária e o Centro Paula Souza apresentaram, em cada um dos três últimos governos, uma elevação dos seus respectivos orçamentos a taxas maiores do que a evolução geral do orçamento do Poder Executivo.

. As Secretarias de Educação e Segurança Pública cresceram a taxas maiores do que a despesa total do Poder Executivo apenas no governo Covas/Alckmin (1999/2002). Nos dois últimos governos (Alckmin e Serra), o orçamento destas secretarias vem crescendo a taxas inferiores ao orçamento total do executivo.

. A Secretaria de Saúde cresceu a uma taxa maior do que o Poder Executivo durante os governos Covas/Alckmin (1999/2002) e Alckmin (2003/2006). Durante o governo Serra (2007/2009), este crescimento tem sido inferior ao do Poder Executivo.

. As Secretarias de Transportes e Transportes Metropolitanos têm crescido a taxas bem maiores no governo Serra do que nos governos anteriores, ratificando ser esta a prioridade dos investimentos no período atual.

. A Febem (Fundação CASA) e as Universidades Públicas Estaduais (USP, UNESP e UNICAMP) tiveram seus orçamentos ampliados fortemente apenas no governo Covas/Alckmin (1999/2002). De lá para cá, os orçamentos destas instituições vêm crescendo a taxas bem menores.

. A Secretaria de Habitação sofreu redução no seu orçamento durante o período Covas/Alckmin, apresentando ampliação dos recursos a taxas moderadas nos dois governos seguintes.

. O Departamento de Água e Esgoto Estadual apresentou taxas de crescimento orçamentário abaixo do crescimento do orçamento do Poder Executivo em todos os três últimos governos.

. As Secretarias de Assistência Social, de Justiça e Cidadania e do Emprego apresentaram períodos de redução do orçamento: na Assistência Social, a redução foi durante o governo Covas; na Justiça e Cidadania e no Emprego, a redução foi durante o governo Alckmin.

 

 

Funcionalismo

 

Servidor sofre com arrocho e precarização

O “choque” de gestão tucano inclui política salarial conservadora, terceirização de serviços para OS e desrespeito à data base

O funcionalismo do Estado de São Paulo tem sido, ao longo dos governos do PSBD, um dos setores mais impactados pelas políticas de contenção de gastos, esvaziamento do papel do Estado, privatizações das empresas estatais e terceirizações dos serviços públicos.

O discurso corrente do PSDB é de que é necessário modernizar a gestão pública com a introdução de conceitos da iniciativa privada para buscar eficiência no serviço público. Inspirados no modelo de Estado mínimo que orientou as políticas dos governos de FHC, eles deixaram de promover a recomposição do quadro de servidores.

Nos últimos 10 anos, o crescimento de 12% no número de servidores foi inferior ao crescimento da população do Estado, de 17%, segundo a Fundação Seade. A população paulista passou de 36 milhões para quase 42 milhões em 10 anos. Esse crescimento populacional gerou uma demanda social que não foi acompanhada pela ampliação da oferta de serviços públicos.

Os gastos com pessoal, em oito anos (de 2000 a 2008), diminuíram de 49,27 % para 40,81% sobre as despesas correntes, impondo aos servidores um grande arrocho salarial, inclusive com prejuízo da data-base.

Atualmente, o número de servidores ativos da administração direta é de 774.363, os aposentados são 257.460, e pensionistas 209.869, totalizando 1.241.691. (Boletim Estatístico-agosto 2009-Secretaria Gestão Pública).

A falta de planejamento e realização de concursos públicos, especialmente na área da Educação, resultou num contingente de 200 mil admitidos em caráter permanente que estão sendo substituídos por temporários em condições muito mais precárias.

 

Gestão desorganizada

 Ao assumir, José Serra determinou o recadastramento dos servidores e empregados públicos da ativa. Este processo sob a responsabilidade da Secretaria de Gestão Pública e da Secretaria da Fazenda foi apresentado, genericamente, como uma medida de gestão de pessoal visando  à melhoria da qualidade do gasto público.

 A medida revelou que os cadastros existentes oferecem pouco detalhamento a respeito da vida funcional dos servidores públicos. O sistema de administração de pessoal é descentralizado e os cadastros dos servidores estão fragmentados e voltados apenas às necessidades de cada órgão, sendo empregados na administração das folhas de pagamento.

 

Número de servidores

 

Segundo estudo elaborado pela Fundap (Revista E-Gov- maio de 2009- Flávio Rezende, está disponível em www.recursoshumanos.sp.gov.br. Estudo sobre o ajuste da administração pública paulista ao paradigma da Nova Gestão Pública.), no período 2000-2005, a força ativa de trabalho na administração pública paulista contava com aproximadamente 530 mil servidores ativos e mais de um milhão de servidores de todos os vínculos. Em termos da distribuição desses servidores nas 23 secretarias analisadas, há 95,6% dos ativos concentrados em quatro secretarias – Educação, Saúde, Segurança Pública e Administração Penitenciária.

O total de servidores ativos alocados nas Secretarias de Educação e Saúde chega a 66,5%, enquanto que as Secretarias de Segurança e Administração Penitenciária representam algo em torno de 29%.

A despesa com pessoal ativo do Poder Executivo – conforme pode ser visto na Tabela 1 – variou negativamente no período estudado em comparação com os números relativos ao ano de 1995, embora tenha havido uma expansão de gastos com essa categoria nos últimos cinco anos do período em tela (2000-2005).

Por sua vez, o gasto com inativos e com pensionistas apresenta outro padrão, conforme demonstram os aumentos de 33,8% e 59,8%, respectivamente entre 1995-2000, e uma ligeira queda (2,7%) no gasto com inativos no período seguinte (2000-2005). Os dados sugerem maior achatamento salarial aos aposentados, em razão da política de gratificações e bonificações.

O ajuste da administração pública paulista à lógica de redução do tamanho do Estado é percebida na privatização das empresas estatais (ver Tabela 3).

No âmbito da administração direta, as funções estatais foram transferidas para as organizações sociais (OS) nas Secretarias da Saúde e da Cultura, por exemplo.

É importante relativizar os dados que apontam a redução, tendo em vista que algumas secretarias registraram crescimento no quantitativo de pessoal, como exemplo, a Secretaria de Administração Penitenciária, com uma taxa de crescimento de 50% no período de 2000-2005. Isso porque as políticas de segurança pública, voltadas para a prevenção da criminalidade, se revelaram insuficientes. Além disso, a falta de políticas de penas alternativas e reintegração de egressos, mostra a tendência a encarceramento e aumento do número de presídios.

Como categorias, expandiram-se as carreiras de docente e de agente de segurança penitenciária, dentre outras, com 48.709 novos servidores acrescidos ao quadro do funcionalismo público entre 2000 a 2005.

 

 

Tabelas 1, 2 e 3

Fonte: Flávio Rezende, está disponível em www.recursoshumanos.sp.gov.br. < Estudo sobre o ajuste da administração pública paulista ao paradigma da Nova Gestão Pública.

 

As reduções focalizaram-se em servidores admitidos pela Lei n.º 500/74 (que permitia a contratação de funcionários em regime temporário). Com a aprovação da Lei Complementar n.º 1.093 de 2009, os novos contratados de forma temporária têm contrato precário.

Foi criada a carreira de Especialista em Políticas Públicas. O concurso para ingresso inclui prova de títulos e o inédito curso de formação com caráter eliminatório.

 

            O mito do inchaço

Embora o discurso corrente nos governos do PSDB seja de redução do Estado, estudo realizado por técnicos do Ministério do Planejamento-IPEA, denominado “O mito do inchaço do Estado brasileiro”, demonstra que não há grandes diferenças na evolução do número de servidores na União e no Estado de São Paulo.

O estudo aponta que, na União, após um período inicial de redução no número de servidores ativos, o que parece estar relacionado ao ambiente econômico de crise e à contenção fiscal do final dos anos 1990, houve um período de relativa estabilidade, seguido de recuperação em um contexto de retomada do crescimento econômico de 2004 a 2008.

 

 

 


Tabela 4. Quantitativo de Servidores do Governo Federal e do Estado de São Paulo (1998- 2008)

 

 

 

O crescimento do número de servidores do Estado de São Paulo ficou na casa dos 12%, de 1999 a 2008, com grande concentração entre 2003 e 2008. No mesmo período, o aumento do número de servidores federais foi da ordem de 4%, com destaque para o crescimento de 9,82% entre 2003 e 2008.

O estudo demonstrou que quando a comparação é feita com a trajetória do quantitativo de servidores do Estado de São Paulo, conforme a Tabela 4, observa-se curvas muito semelhantes na última década.

Também não se constata exagero no crescimento da quantidade de servidores civis no governo federal, em comparação com a evolução da População Economicamente Ativa (PEA) do Brasil ao longo do tempo. Desde o início do atual governo, o crescimento da quantidade de servidores foi de 1,7% ao ano, ao passo que o crescimento da PEA foi da ordem de 1,8% ao ano. Os números parecem ainda mais razoáveis tendo em vista que a população continuou aumentando durante a trajetória de queda do quantitativo de servidores civis do Executivo federal na ativa, iniciada no começo da década de 90 e interrompida em 2003.

Segundo levantamento do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) a participação do emprego público é pequena no Brasil. O percentual de servidores entre o total de ocupados não chega a 11% e não chega a 6% se comparado a toda a população.

 

Precarização do serviço público em São Paulo

 

A falta de planejamento governamental em São Paulo, para a recomposição do quadro de servidores estaduais, levou o Estado a alcançar um número elevado de temporários, que chegou a 200 mil, consequência da ausência de concursos públicos. A maior contratação de temporários é na educação, para substituição de professores.

Por outro lado, o loteamento da máquina pública estadual não parou. No início da gestão Serra, foi anunciada a redução de 15% dos comissionados; o que não passou de promessa, já que de dezembro de 2007 até agosto de 2009 o número de comissionados passou de 10.887 para 12.931. Os gastos de dezembro de 2007 até agosto de 2009 variaram de 28,4 milhões para 35,6 milhões. A relação entre comissionados e efetivos é de 5,9 comissionados para cada 100 efetivos.

A título de comparação, no governo federal, os cargos e funções comissionadas passaram de 19.887 em 2002 para 21.721 em 2008. A relação entre comissionados e efetivos manteve-se estável neste período: de 4,09 comissionados para cada 100 servidores em 2003, para 4,03 em 2008. Mais de 71% dos cargos comissionados eram ocupados por servidores com vínculo (novembro de 2008), como forma de restringir a nomeação de pessoas de fora de quadro de servidores.

Seguindo a política de redução do Estado, o gasto com o funcionalismo público teve uma queda histórica, culminando com o percentual de 41,08 % no primeiro quadrimestre de 2009, em relação à Receita Corrente Líquida. Mais ainda, em 2009 o percentual aplicado ficou bem abaixo do limite prudencial (de 46,55%), bem como do limite legal (de 49%), estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. O Poder Executivo estadual, sem ultrapassar o limite prudencial, poderia gastar mais R$ 4,6 bilhões, ou 6,6 bilhões para atingir o limite legal.

 

 

 


A política de bonificações e gratificações, em substituição a uma política de recomposição dos salários, é a marca das gestões PSDB, em prejuízo dos milhares de aposentados e pensionistas que não recebiam a extensão dessas gratificações em seus proventos e pensões. Em que pese a incorporação de algumas gratificações, nos anos de 2008 e 2009, o arrocho salarial é mantido tanto em relação aos servidores quanto aos aposentados e pensionistas.

Há uma forte investida na implantação em toda a administração, iniciada na Educação e na Fazenda, da remuneração por desempenho. Este modelo, importado da iniciativa privada, vincula a remuneração e a progressão na carreira a critérios pouco objetivos, sem a participação dos servidores na elaboração de metas e avaliação verticalizada.

Dentre as medidas de controle e responsabilização, insere-se a redução do número de faltas, em prejuízo, em especial das servidoras que estejam em acompanhamento de pré-natal, que têm necessidades específicas a sua condição. A imposição de limites de faltas desconsiderou a realidade dos servidores em suas necessidades de saúde.

Dada a ausência de uma política salarial, os reajustes concedidos ficaram muito abaixo da inflação do período, não recuperando sequer o poder aquisitivo da remuneração.

É o caso da Educação que, desde a implantação do atual Plano de Carreira (LC 836/97) para os servidores da educação – entre fevereiro de 1998 e fevereiro de 2009 – a inflação apurada pelo ICV-DIEESE foi de 104,64%. No entanto, o salário base da categoria foi reajustado em apenas 60,97%, enquanto a remuneração foi reajustada em 84,35% (Professor PEB I, nível I, com jornada de 24 horas semanais). Portanto, para recuperar o poder aquisitivo do salário base fixado em fevereiro de 1998, seria necessário um reajuste salarial de 27,13%. Esta porcentagem seria menor se levássemos em conta a remuneração total, pois neste caso a perda fica “camuflada” pelas gratificações. Mas, mesmo neste caso, os professores ainda precisariam de um aumento de 11% para recuperar o poder de compra que tinham em 1998.

Os policiais civis, em 2008, impuseram uma derrota ao governador Serra, com a greve inédita na história da polícia civil, pressionando-o a atender parte da pauta de reivindicações, que incluía reajuste salarial para policiais civis, militares e técnico-científicos, além de aposentados e pensionistas, com um conjunto de medidas de valorização, entre elas o reajuste no salário-base em 6,5%, retroativo a 1º de novembro. Com isso, o piso de delegado, que é o segundo pior salário da federação, passou de R$ 3,7 mil para R$ 4,9 mil. Em 2009, esse valor subiu para R$ 5,2 mil, um reajuste acumulado de 40,3%. No caso dos investigadores e escrivães, o piso inicial das carreiras, em cidades com menos de 200 mil habitantes, passa dos atuais R$ 1.757,82 para R$ 2.056,96 e chega a R$ 2.142,56 em 2009, reajuste acumulado de 21,89%.

Ainda assim, os aposentados continuam sendo vítimas dessa política, porque a extensão do Adicional de Localidade de Exercício (ALE), aplicado aos servidores da ativa, somente é extensivo em 50%  aos aposentados e ainda de forma gradual.

 As demais áreas tiveram uma reforma administrativa, em 2008, direcionada para os servidores da área-meio de todas as secretarias, com impacto na Saúde, evidenciando a intenção de terceirização de cargos de nível elementar e intermediário. Os reajustes foram desproporcionais, privilegiando os cargos em comissão, que tiveram reajustes de até 180%, em detrimento dos salários mais baixos, que tiveram apenas 7,8%.

 

Falta negociação

O governador descumpre a Lei n.º 12.931 de 2005 que instituiu a data-base do funcionalismo em 1º de março, deixando de promover a revisão anual prevista no inciso X do artigo 37 da Constituição Federal.

Sem a implantação de um modelo de negociação permanente, o governo se nega a ouvir as principais reivindicações do funcionalismo: reajuste salarial; aumento do vale-refeição de R$ 4,00 para R$ 14,00; reposição de perdas salariais do funcionalismo; reconhecimento do Sistema de Negociação Permanente (SINP) no Estado; contribuição do Estado ao IAMSPE (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual) e extensão de benefícios aos aposentados e pensionistas.

O governo federal instituiu uma mesa de negociação coletiva com servidores desde 2003. Também, destaca-se experiência muito exitosa, na gestão da prefeita Marta em São Paulo, de 2000 a 2004, do SINP- Sistema de Negociação Permanente.

 

Previdência dos servidores

Com atraso de quase 10 anos, o governo criou a entidade de previdência dos servidores, a SPPREV-São Paulo Previdência.

Os servidores tiveram importante conquista com a inclusão dos contratados pela Lei n.º 500/74 na SPPREV–São Paulo Previdência. Faltou transparência na transição do IPESP–Instituto de Previdência do Estado de São Paulo para a SPPREV, porque o governador Serra não aceitou fazer auditoria no IPESP, proposta pela Bancada do PT, para levantar a dívida do Estado com a previdência dos servidores e a situação patrimonial da entidade.

Durante o período 1998/2009, o gasto com a terceirização dos serviços cresceu 160% em relação à despesa total do Estado. A contratação de empresas, consultorias, fundações e organizações sociais, entre outras, para realizar serviços públicos, representa uma modalidade de privatização dos serviços públicos.

 Sob a forma de parcerias, a terceirização, sem a supervisão do poder público, acarreta a precarização do serviço público e a transferência sem critérios dos serviços fim do Estado para organizações sociais.

 A lei que ampliou a terceirização para as Organizações Sociais foi aprovada com o voto da maioria governista e manteve a falta de transparência na habilitação das instituições que é feita pelo Secretário de Saúde e a dispensa de licitação na escolha das mesmas para gerenciar os equipamentos de saúde.

São Paulo segue dinâmica diferente da aplicada no governo federal que, desde 2003, substituiu terceirizados em situação irregular, contratados na gestão de FHC. Em 2007, União e Ministério Público do Trabalho celebraram Termo de Conciliação Judicial para a substituição até 2010. Até março de 2009, foram autorizados concursos para substituir 40,1% dos 12.633 terceirizados remanescentes em situação irregular.

 

 

Habitação

 

Déficit de moradias, o que menos preocupa

A CDHU a cada ano constrói e há seis milhões de pessoas em áreas irregulares, sem saneamento e à mercê das enchentes

 

O déficit habitacional no Estado de São Paulo é de 1,2 milhão de moradias, cerca de 20% do déficit nacional. São cinco milhões de pessoas desprovidas do direito à moradia digna, em especial as camadas mais pobres da população, 80% na faixa de até três salários mínimos de renda familiar. 

A Região Metropolitana de São Paulo é detentora de 50% de toda a demanda de moradia no Estado, concentrando 2.797 favelas, com 1,3 milhão de pessoas somente na capital. Segundo levantamento feito pela Secretaria Municipal de Habitação, são 1.636 favelas na cidade de São Paulo.

Mesmo diante da enorme demanda por moradia popular, as gestões tucanas não têm cumprido as metas de produção de unidades habitacionais estabelecidas no Orçamento, que conta com a previsão de 1% a mais do ICMS destinado à moradia popular. Mas, de 2001 a 2008, o governo deixou de aplicar em habitação R$ 3,1 bilhões do total previsto.

Além do déficit habitacional, a população também sofre com a falta de regularização fundiária. São milhões de pessoas que moram em conjuntos habitacionais em loteamentos irregulares e nas represas Guarapiranga e Billings. No programa Cidade Legal, destinado à regularização fundiária, nenhum núcleo foi regularizado em 2008.

Na área de regularização de favelas, o governo Serra, tendo em vista o que foi realizado em 2008 e se cumprir o previsto para 2009 e 2010, atenderá no máximo 38% da meta fixada no Plano Plurianual (PPA 2007-2011).

A proposta apresentada pelo governo Serra para 2009/2010 é construir 68 mil unidades; a meta do governo Lula é construir no Estado 184 mil unidades, através do Programa Minha Casa, Minha Vida, no mesmo período.

Até o momento, ainda não foi implementado no Estado qualquer instrumento de participação popular e controle social na área de habitação, nem mesmo o Conselho Estadual das Cidades, já consolidado em âmbito federal – o que caracteriza um governo não democrático, sem transparência na elaboração dos programas e na fiscalização da aplicação dos recursos.

 

 

Grande demanda

O adensamento das cidades do Estado de São Paulo, principalmente dos grandes e médios municípios, provoca o desequilíbrio urbano em razão do êxodo rural, da falta de planejamento urbano e de investimentos.

As famílias sem teto e as que moram em condições inadequadas ou precárias sofrem também com a falta de condições de saneamento e saúde, além de serem vítimas da violência e exclusão social.

Ainda quanto às condições habitacionais, 93% dos domicílios situados em favelas são formados por edificações múltiplas e nos conjuntos habitacionais populares de baixa renda esse percentual chega a 94%, segundo Pesquisa de Condições de Vida – 2006, da Fundação SEADE.

Dentre as regiões metropolitanas, o déficit habitacional é maior na Região Metropolitana de São Paulo. De acordo com a Fundação João Pinheiro, a região é detentora de 50% de toda a demanda habitacional no Estado.

 

Não há plano habitacional

As gestões tucanas não têm cumprido as metas de produção de unidades habitacionais estabelecidas nos orçamentos. E, nesse aspecto, o governo Serra não se diferencia do governo Alckmin. Desde 1995, quando o PSDB assumiu pela primeira vez a direção do Estado, a cada gestão o número de unidades construídas diminui. De 1995 a 2002, foram entregues 165.608 moradias, uma média de 82.804 unidades por período.  De 2003 a 2006, foram entregues 79.073; e de 2006 até 01 de dezembro de 2009, apenas 39.851 moradias. 

 

Período

Unidades previstas

Unidades entregues

% não cumprido

2003 a 2006

(governo Alckmin)

211.230

79.073

62,56

2007 a 2008

(dois primeiros anos do governo Serra)

65.521

29.128

55,54

                                                                                                            

 

Quadro de produção habitacional nos últimos anos

Ano

Unidades previstas no orçamento

Unidades entregues

               %

2005

50.883

20.519

40.00 %

2006

41.193

22.442

54,48%

2007

30.167

4.629

15,34 %

2008

35.354

24.499

69.02 %

 

De 2005 a 2008, o governo deixou de construir 95.508 unidades habitacionais previstas. A maior produção de moradias ocorre no ano de 2006, ano eleitoral e, consequentemente, a menor em 2007, ano em que a Polícia Civil e o Ministério Público investigaram a “máfia das casinhas” que, de acordo com as apurações, desviou R$ 135 milhões.

A produção de unidades habitacionais é executada pela construção direta por parte da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e em parceria com os municípios. 

Além do déficit habitacional propriamente dito, convive-se também no Estado com a falta de regularização fundiária. Segundo levantamento feito em 166 municípios paulistas pela Secretaria Estadual da Habitação, publicado pela Folha de S. Paulo em 17 de maio de 2009, 6,2 milhões de pessoas habitam áreas não regularizadas, totalizando 1,47 milhão de famílias que residem em 7.550 conjuntos habitacionais, favelas e loteamentos irregulares.

A ausência de regularização acarreta três grandes problemas para a população: a dificuldade de acesso a financiamento habitacional; a omissão do poder público em dotar as áreas irregulares de serviços e equipamentos sociais; a insegurança jurídica da posse, já que as famílias vivem em constante ameaça de despejos.

Nos últimos anos, a sociedade conquistou importante arcabouço jurídico destinado à regularização fundiária, como o Estatuto da Cidade, as Leis Específicas da Guarapiranga e Billings e a Lei Federal 11.977/09 (Minha Casa, Minha Vida). Trata-se de um conjunto de instrumentos jurídicos voltados para a regularização fundiária de interesse social, dentre os quais o que permite a demarcação urbanística e legitimação da posse e o que reduz as custas e emolumentos dos atos cartorais. As duas leis específicas disciplinam a recuperação ambiental e permitem a regularização fundiária para as moradias consolidadas e o reassentamento de famílias no próprio local de moradia. Quando for necessária a compensação ambiental, esta será dada pelo poder público. O Estatuto da Cidade permite a regularização coletiva para as situações onde não é possível a individualização dos lotes.  Porém, o governo do Estado não tem se empenhado para implementar os instrumentos jurídicos destinados à regularização fundiária.

A ação que visa dar conta do programa de apoio à regularização fundiária recebe o nome de Cidade Legal, que tem como finalidade auxiliar os municípios, através de orientação e apoio técnico para regularização e parcelamento de núcleos habitacionais, mediante convênios. A previsão apresentada no último Plano Plurianual (PPA 2008-2011) era regularizar 2.100 núcleos nos quatros anos do atual governo; entretanto, nenhum núcleo foi regularizado em 2008.

 

Urbanização de favelas: metas não cumpridas

O programa de urbanização de favelas destina-se a intervir em favelas e assentamentos precários, passíveis de urbanização e regularização, com o atendimento de infraestrutura, provisão de moradias no próprio local, além de equipamentos e serviços sociais. 

O programa é implementado em duas modalidades: 1) parceria com o município de São Paulo: a Secretaria da Habitação/CDHU repassa recursos para a prefeitura executar as ações; 2) ação direta da CDHU.

A meta apresentada no Plano Plurianual (PPA 2008-2011) é atender com a regularização fundiária 31.650 famílias nos quatro anos. Em 2008, apenas 6.736 foram atendidas. No orçamento de 2009, a meta é de 1.139 famílias; no de 2010, a previsão é de 4.060. A soma de famílias atendidas em 2008, com a previsão de atendimento para 2009 e 2010, indica que nestes três anos serão cumpridos, no máximo, 38% da meta estabelecida, restando para 2011 atender 19.715 famílias, isto é, 68% do previsto.

 

Orçamento da habitação

Apesar do 1% do ICMS destinado para moradia popular, os recursos destinados à habitação não acompanham o aumento de arrecadação com o ICMS. Em 2001, o governo arrecadou, já descontado o repasse para os municípios, aproximadamente R$ 21 bilhões e aplicou na habitação somente R$ 528 milhões. Em 2008, a arrecadação aumentou para R$ 56 bilhões, mas foram aplicados em habitação somente R$ 638 milhões.

Mesmo o governo não aplicando a totalidade dos recursos é inquestionável a importância de ter um montante pré-determinado da arrecadação anual para habitação popular, o que foi aprovado em lei desde 1989. A preocupação é que, a partir de 2010, em função da aprovação da Lei 13.230 de 27.11.08, de iniciativa do Poder Executivo, alterando a legislação do ICMS, os recursos para habitação diminuam ainda mais, uma vez que não há mais o compromisso formal de aplicar 1% do ICMS em moradia.

 

Sem controle popular

O governo Serra barra qualquer iniciativa de participação e fiscalização na elaboração dos programas e na fiscalização da aplicação dos recursos destinado à habitação.

Criado pelo governo federal em 2005, o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social exige que os estados criem o Conselho Estadual de Habitação, o Fundo de Habitação de Interesse Social e o Conselho Gestor do Fundo, para que possam participar do sistema.

A Lei 12.801, de 15/1/2008, instituiu o Conselho de Habitação no âmbito estadual, o Fundo Paulista de Habitação de Interesse Social e o Conselho Gestor do Fundo, bem com um Fundo Garantidor, autorizando o Poder Executivo a regulamentar a composição do Conselho por meio de decreto.

O Decreto 53.823, de 15/12/2008, no entanto, contraria a Lei Federal 11.124, de 16/06/2005, ao não respeitar a presença de 25% de representantes dos movimentos populares no Conselho Gestor do Fundo Paulista de Habitação de Interesse Social.

Diante desse impasse, os movimentos populares de habitação têm se recusado a participar do processo de escolha do Conselho Gestor.

 

Meio Ambiente

 

Um retrato dramático da degradação

Falta de água, lixo, esgoto sem tratamento, solo contaminado, devastação florestal – sequelas da omissão do poder público

Embora seja o Estado mais industrializado e urbanizado do país, o desenvolvimento desordenado de São Paulo originou gravíssimos problemas de degradação ambiental. Com quase 42 milhões de habitantes (22% da população brasileira) e densidade demográfica média de 168 habitantes por km², as distorções se avolumam: baixa disponibilidade de água potável, incapacidade de tratamento de todo o esgoto e efluentes, destinação inadequada do lixo, ocupação de áreas de proteção ambiental e de mananciais, falta de planejamento, entre outros.

Em quatro séculos de exploração econômica, o Estado teve a cobertura florestal reduzida drasticamente para a ocupação por monoculturas, principalmente com o desmatamento para plantação do café e pastagens. Hoje, as matas naturais cobrem apenas 13,9% do território paulista. No entanto, a ineficiência da fiscalização e a permissividade dos licenciamentos ambientais têm possibilitado o desmatamento de importantes áreas tanto no cinturão verde das regiões metropolitanas como no litoral e interior de São Paulo.

A atuação recente da Secretaria do Meio Ambiente, com sua inconsequente reforma administrativa, é responsável por uma política desastrosa ao meio ambiente. A falta de estudos e diretrizes regionais leva a uma visão fragmentada de planejamento, sem compromisso com a sustentabilidade dos diferentes ecossistemas.

A CETESB, que passou a agregar todos os departamentos responsáveis pelos licenciamentos e fiscalização ambientais, teve o desempenho comprometido com demissões e remanejamentos de funcionários e pela falta de aporte adicional de recursos que suportem a carga extra de atribuições. Ao contrário, o Orçamento para 2010 teve redução de recursos em relação a 2009.

O trabalho do Conselho Estadual do Meio Ambiente – CONSEMA - vem sendo esvaziado pelas diretrizes da atual administração que dificultam a apreciação dos EIA-RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto do Meio Ambiente) e cerceiam a participação na formulação de estudos a projetos impactantes.

 

Desmatamento cresce

O Estado de São Paulo é formado, basicamente, pelos biomas Mata Atlântica e Cerrado, cuja importância foi recentemente reconhecida com a inclusão na lista de regiões biologicamente mais ricas e ameaçadas do planeta.

Até 1920, mais da metade do território paulista era coberta por florestas nativas. Entre as décadas de 1960 a 1990, o desmatamento foi intensificado provocando uma perda de vegetação de 57%, um índice alarmante. Se considerarmos só o cerrado, houve uma perda de 83% neste período. Além da drástica redução, observa-se que as áreas de mata natural remanescentes encontram-se extremamente fragmentadas.      

Dados do Instituto Florestal referentes a 2001 indicam que a área com vegetação remanescente de mata natural é de 3,4 milhões de hectares, correspondendo a 13,9% da área total do Estado, e que 60% desta área está localizada na região litorânea. Os dados também indicam uma estabilização da tendência histórica de desmatamento no Estado de São Paulo, inclusive com áreas em processo de regeneração.

Porém, exemplos recentes comprovam a ineficácia da fiscalização e do licenciamento ambiental, como é o caso dos desmatamentos autorizados nos empreendimentos: Alphaville Granja Viana, onde mais de 27 hectares de Mata Atlântica foram destruídos com base em um licenciamento eivado de vícios técnicos e jurídicos; Loteamento Riviera de São Lourenço, em Bertioga, onde foi autorizado o desmatamento de 153 hectares de floresta de restinga em plena Mata Atlântica litorânea; Autódromo Internacional em Itatiba, com a destruição de várias nascentes em área de Mata Atlântica.

Esta permissividade também pode ser notada na falta de fiscalização e de diretrizes para a expansão do agronegócio, em que o crescimento das monoculturas da cana e do eucalipto desrespeita a legislação ambiental, desloca atividades da agricultura familiar e compromete a diversidade e o equilíbrio agro-ecológico.

A degradação ambiental do Estado de São Paulo pode ser constatada também pela existência de animais silvestres “sem mata”, inclusive de espécies ameaçadas de extinção que, em fuga, são mortos ou procuram abrigo na periferia das cidades com ocorrências registradas em estradas, fundos de quintal, garagens, jardins etc.

 

Unidades de conservação

São Paulo possui 26 parques estaduais, sendo que nove deles têm áreas superiores a 10 mil hectares. O Parque Estadual da Serra do Mar é o maior de todos com cerca de 315 mil hectares, mais que o dobro da área do parque Jacupiranga, o segundo em tamanho.

O Parque Estadual da Serra do Mar foi criado em 1977 e ampliado em 1982 com a incorporação da área de Picinguaba, em Ubatuba. Abrange parte de 24 municípios do litoral e Vale do Paraíba, em São Paulo, sendo a maior área de proteção integral de toda a Mata Atlântica.

O Estado possui também 14 Estações Ecológicas com área total de 230 mil hectares, sendo a maior delas a EE Juréia-Itatins, com 216 mil hectares, que está em fase de transformação para Mosaico de Unidades de Conservação da Juréia. Existem ainda 22 Áreas de Proteção Ambiental (APA) estaduais, com área total de 1,5 milhões de hectares.

As principais unidades de conservação ambiental do Estado de São Paulo, criadas antes da implantação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei nº 9.985 de 18 de julho de 2000), foram concebidas de forma autoritária e unilateral, sem levar em conta as populações que lá viviam há décadas. Isto provocou o surgimento de grandes conflitos sociais, já que o caráter de conservação integral dos Parques e Estação Ecológica não permite a convivência de moradores em seu interior. Estas comunidades tiveram que resistir bravamente à desocupação de seus territórios e suportar toda sorte de privações. Hoje enfrentam novas ameaças de despejo.

Mobilizações recentes forçaram o governo a rever os limites e reclassificar áreas para possibilitar a permanência de comunidades em seus locais de moradia. Isto aconteceu na Juréia e em Jacupiranga, onde as comunidades conseguiram nova legislação que deu origem aos Mosaicos de Unidades de Proteção da Juréia e de Jacupiranga.

Estas grandes áreas das Unidades de Conservação têm sido objeto de intensas explorações clandestinas de palmito e desmatamentos, que ocorrem devido a deficiências na fiscalização ou mesmo por conivência e corrupção de agentes do Estado.

 

Qualidade comprometida

De acordo com o índice de qualidade das águas - indicador adotado pela CETESB que classifica os corpos d’água do Estado de São Paulo nas categorias ótima, boa, regular, ruim e péssima - 57% das águas monitoradas foram consideradas boas e 14 % se enquadraram como ruim e péssima.

No entanto, a Bacia do Alto Tietê, que agrega metade da população do Estado, apresenta 50% da qualidade de água classificada como ruim e péssima. Segundo a CETESB, em razão da grande urbanização e industrialização da região, que impacta os recursos hídricos. Esta é uma interpretação que busca elidir a responsabilidade do governo estadual em não prover a região de infra-estrutura básica, especialmente na ausência da universalização da coleta de lixo, e, principalmente, de tratamento de esgoto.

 Outras bacias que também se enquadraram nessa situação, de intenso processo de urbanização, sem o correspondente tratamento dos efluentes, também apresentam, em vários pontos, classificação ruim e péssima. É o caso das Bacias do Piracicaba/Capivari/Jundiaí, Sapucaí/Grande, Mogi Guaçu, Sorocaba/Médio Tietê e Turvo/Grande. Todas essas bacias têm atividade industrial ou estão em processo de industrialização. Nas regiões cuja vocação é agropecuária a qualidade da água é melhor, porém rios que passam por grandes cidades como Araçatuba, Marília e Presidente Prudente também foram classificados como ruins (relatório da CETESB sobre qualidade da água - 2008).

Dos 60 pontos de monitoramento que coincidem com pontos de captação para abastecimento público, em 13 a qualidade da água é ruim ou péssima e em 18 é regular. Portanto, apenas metade dos locais de captação de água para consumo humano é considerada boa ou ótima.

 

Conflito por água        

O Estado de São Paulo possui hoje 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos e respectivos Comitês de Bacias Hidrográficas, envolvendo os vários municípios. As Bacias Hidrográficas mais importantes do Estado são as dos rios Tietê, Pardo, Mogi Guaçu e Paraíba do Sul.

A Bacia do Rio Tietê, com cerca de 72 mil km², é a maior e a mais importante do Estado. Ao longo de seu curso há uma série de usinas hidroelétricas, responsáveis por parte considerável da energia elétrica consumida no Estado e os reservatórios de Ponte Nova, Taiaçupeba e Biritiba-Mirim, responsáveis por parte do abastecimento de água potável para a Região Metropolitana de São Paulo.

O Rio Pardo, com Bacia total de 34,5 mil km², é o mais importante dos afluentes do Rio Grande, por sua vez formador do Rio Paraná. Seu mais importante afluente é o Rio Mogi-Guaçu, com bacia total de 17,8 mil km². Constituem importantes regiões do Estado, notáveis pela produção agrícola e pelos grandes núcleos urbanos nelas localizados.

O Rio Paraíba do Sul, com bacia total de 56,5 mil km², banha os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, com afluentes drenando regiões do Estado de Minas Gerais. Além dos importantes aproveitamentos hidroenergéticos nele existentes, é de fundamental importância para o abastecimento de água potável para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro e para outras importantes cidades do Estado.

Também merecem destaque os rios Tibiriçá, Aguapeí e do Peixe, que formam importantes Bacias Hidrográficas na região ocidental do Estado; o rio Corumbataí, principal manancial produtor de água para abastecimento da cidade de Piracicaba e o rio Atibainha, integrante do Sistema Cantareira, principal produtor de água para abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo.

Pesquisa da própria Secretaria do Meio Ambiente mostra que as bacias do Alto Tietê e dos rios Capivari, Jundiaí e Piracicaba serão palco de conflitos causados pela escassez de água em 2020. Os setores industrial, agropecuário e urbano vão entrar em disputa pelos recursos hídricos se não houver maior racionalização no uso da água dessas bacias. A demanda por recursos hídricos tende a aumentar com o crescimento da atividade econômica. Estudos do DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica indicam a possibilidade de transposição de águas da bacia do Rio Paraíba para o Alto Tietê visando ao abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo.

 

Mananciais poluídos

Existem oito sistemas produtores de água para abastecer os 19 milhões de habitantes

que vivem na Grande São Paulo. Os principais são o Cantareira, Guarapiranga e Billings, responsáveis pela água consumida por cerca de 70% da população. Todos eles, assim como seus principais rios, estão poluídos e sofrem com problemas de degradação ambiental resultantes da ocupação indevida de suas bacias hidrográficas.

O Programa Metropolitano de Água previa para 2008 uma demanda 70,3 m³/s, enquanto a produção média do sistema integrado para abastecimento de água tem sido de 65m³/s.

 

Disponibilidade hídrica – Região Metropolitana SP

Sistema Produtor

m³/s

Cantareira

29,9

Alto Tietê

12,3

Guarapiranga/Taquacetuba

12,0

Rio Grande

4,8

Rio Claro

3,9

Alto Cotia

1,2

Baixo Cotia

0,9

Ribeirão da Estiva

0,1

Total

65,1

 

 

A falta de planejamento urbano e de política habitacional foi responsável pela ocupação desordenada das áreas de proteção dos mananciais. Atualmente dois milhões de pessoas habitam estas áreas, com destaque para as Bacias das represas Billings e Guarapiranga, e contribuem para a poluição das águas e o desmatamento de áreas que deveriam ser preservadas.

Depois de muita demora por parte do governo estadual e graças à pressão das comunidades e entidades ambientalistas, foram aprovadas em 2006 e 2009 as legislações específicas para as Bacias Guarapiranga e Billings, que procuraram disciplinar as ocupações, regularizar as existentes mediante compensação ambiental e estabelecer o princípio da co-responsabilidade nas ações de recuperação e proteção dos mananciais entre Estado, municípios e sociedade civil.

 

Mineração descontrolada

A mineração no Estado de São Paulo retrata claramente as tendências e desafios preconizados para o setor em âmbito nacional: entrada de empreendedores multinacionais nas áreas extrativas e de transformação, abrangendo indústrias de agregados - cimento, argamassa, areia industrial e vidro, matérias-primas sintéticas e produtos cerâmicos; expansão do consumo de bens minerais e do mercado produtor paulista, envolvendo, sobretudo, os minerais industriais considerados de uso social, que incluem, basicamente, as matérias-primas para construção civil e agricultura, entre elas areia, brita, argilas e calcário; e necessidade do planejamento do desenvolvimento setorial em bases ambientalmente sustentáveis e do aprimoramento tecnológico e controle ambiental da mineração instalada.

A extração de minerais ocorre na maior parte dos municípios paulistas, concentrando-se na produção de matérias-primas de uso na construção civil (areia, argila, brita, calcário para cimento e cal, e rochas para revestimento) e de insumos para agricultura (rochas calcárias e fosfáticas), além de minerais industriais diversos utilizados pelas indústrias de transformação (metalúrgica, de alimentos, cerâmica, entre outras), e materiais de empréstimo (cascalho e saibro).

O volume da produção desses minerais é tão expressivo que, embora São Paulo não seja considerado um Estado tradicionalmente minerador, insere-se entre os grandes produtores por conta da extração, em território paulista, de cerca de 20 variedades de minerais industriais, sendo o valor de produção do setor de mineração no Estado superior a R$ 2 bilhões, ou 6% da produção do país.

 

Contaminação de áreas

Áreas contaminadas são locais onde há comprovadamente poluição ou contaminação causadas pela introdução de quaisquer substâncias ou resíduos. Nessa área, os poluentes ou contaminantes podem concentrar-se nos diferentes compartimentos do ambiente, como no solo, sedimentos, rochas, materiais utilizados para aterrar os terrenos e águas subterrâneas.

A existência de uma área contaminada pode gerar danos à saúde, comprometimento da qualidade dos recursos hídricos, restrições ao uso do solo, danos ao patrimônio público e privado, com a desvalorização das propriedades, além de danos ao meio ambiente.

Em maio de 2002, a CETESB divulgou pela primeira vez a lista de áreas contaminadas, registrando a existência de 255 áreas no Estado. O registro das áreas contaminadas vem sendo constantemente atualizado e totalizou, em novembro de 2008, 2.514 áreas.

O aumento relativamente pequeno no número de áreas contaminadas revela baixa capacidade do governo de identificação de novas áreas. A experiência internacional de regiões com processo de industrialização semelhante aponta para a provável existência de milhares de áreas contaminadas no Estado. A maior parte refere-se a postos de combustível.

 

 

Resíduos Sólidos

 

A população do Estado produz cerca de 27 mil toneladas diárias de lixo, cuja coleta e destinação final são de responsabilidade dos municípios. Apesar de contar com uma política estadual de resíduos sólidos, instituída em lei, que define diretrizes, objetivos e instrumentos para a gestão integrada, os municípios não contam com o apoio de governo do Estado, além da ausência de fiscalização e controle exercidos pela CETESB.

Assim, não há uma política sistemática e abrangente de minimizar a quantidade de lixo produzido, dar novos usos à parcela reutilizável e reciclar os materiais que podem ser reinseridos nos processos produtivos, deixando de ser depositados no solo.

As instalações para destinação final de resíduos sólidos são classificadas pela CETESB em inadequadas, controladas e adequadas. No início da década, houve uma melhora significativa das condições de disposição, fundamentalmente por causa da ofensiva desencadeada pelo Ministério Público Estadual, a partir da década de 1990, de coibir a poluição generalizada do solo e do lençol freático, por meio da imposição de compromissos de desativação dos lixões pelos municípios.

A partir de 2002, os avanços não foram significativos. Houve uma gradativa diminuição dos municípios com instalações inadequadas, um correspondente aumento das instalações controladas, com um salto positivo em 2008, mas as instalações adequadas oscilaram na faixa de 40 a 50% no período. Assim, a disposição final ainda não é adequada em quase metade dos municípios paulistas.

Com base no programa de aterros sanitários em valas a Secretaria do Meio Ambiente celebrou, desde 2001, 203 convênios com municípios de população até 25 mil habitantes. Os repasses de recursos, até 2008, limitaram-se a cerca de R$ 2 milhões. O baixo volume de recursos fez com que apenas 77 municípios mantivessem o convênio.

 

Política ambiental não é eficiente

O meio ambiente não tem sido tratado com a devida seriedade pelos sucessivos governos do Estado. Com apenas 0,61% do Orçamento, a Secretaria do Meio Ambiente elencou 21 projetos prioritários que expressam mais uma preocupação midiática do que propriamente o equacionamento real dos problemas ambientais.

A reestruturação da Secretaria, com a centralização de todo o licenciamento ambiental na CETESB, embora bem intencionada trouxe à tona as condições precárias de trabalho e a falta de pessoal capacitado para dar conta das novas responsabilidades do órgão. A falta de uma política ambiental eficiente, sem diretrizes territoriais e zoneamento, tem fragilizado os ecossistemas.

A transferência de responsabilidades aos municípios (Resolução SMA 22/07) tem se mostrado indefinida, já que a capacidade de resistir às pressões setoriais nas municipalidades é muito menor que no sistema estadual, tendo em vista a proximidade e pressões econômicas.  

Por fim, a atual administração tem procurado esvaziar a gestão participativa através do CONSEMA, dificultando a apreciação dos EIA-RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto do Meio Ambiente), cerceando a participação na formulação de estudos a projetos impactantes, restringindo a possibilidade de vistas nos processos de licenciamento e dificultando o cadastramento das entidades ambientalistas.

 

Promoção Social e Direitos Humanos

Programas e ações na linha de corte

Verbas limitadas para assistência e a ausência de ações eficazes tornam inócuos, na prática, direitos e garantias fundamentais

 

Com uma população de quase 42 milhões de habitantes, o Estado de São Paulo convive com cerca de 1,1 milhão de famílias vivendo em condições de pobreza, isto é, com renda per capita abaixo de R$ 100,00 por mês. Dessas, cerca de quatro milhões de pessoas, segundo dados de 2006 da própria Secretaria de Desenvolvimento Social, vivem em situação de extrema pobreza – com renda mensal abaixo de R$ 50 por mês. Essa população correspondia, em 2004, a quase 11% das famílias no Estado, e estes números vêm crescendo. O Ministério do Desenvolvimento Social projetou em 1.445.140 o número de famílias pobres para 2008 no Estado, ou seja, aquelas com renda per capita mensal de meio salário mínimo (R$ 137,00 na época).

Os programas básicos de atendimento à população mais vulnerável não ampliaram sua cobertura em níveis compatíveis com a necessidade. O programa Renda Cidadã permaneceu, em 2008 e 2009 – e novamente para 2010 – com perspectiva de atendimento inferior a 150 mil famílias no Estado, com aporte de R$ 60,00 mensais. Efetivamente, em 2008 havia atendido apenas 137.772 famílias. Os demais programas, como o Ação Jovem, também permanecem com atendimento extremamente reduzido. Novamente, em 2008, foram atendidos pelo programa apenas 95 mil jovens, entre 14 e 24 anos, com apoio de R$ 60,00 mensais.

A comparação com o Programa Bolsa Família do governo Federal evidencia as diferenças de política. O Bolsa Família atende atualmente (julho 2009) 11.535.150 de famílias no país, sendo 1.099.702 só no Estado de São Paulo, de acordo com os dados de julho de 2009, do Ministério do Desenvolvimento Social. Aliás, a Secretaria Estadual de Assistência Social, em audiência na Assembleia Legislativa em setembro de 2009, expressou que se “sente um alívio” com o atendimento do Bolsa Família no Estado.

Além do reduzido alcance dos programas de transferência de renda, o atendimento geral da política de assistência social é bastante limitado. Os programas de Proteção Social Básica e de Proteção Social Especial constituem o maior volume dos projetos da Secretaria e beneficiaram 373.623 indivíduos em 2008. O Programa de Proteção Social Básica (atendimento socioassistencial por meio de entidades, serviços e projetos abertos) atendeu 312.411 pessoas. O Programa de Proteção Social Especial (fundamentalmente, atendimento e assistência por meio de equipamentos de tipo abrigo) atendeu 61.212 pessoas. Houve, por sua vez, forte concentração no investimento em equipamentos sociais para o programa de Proteção Social Básica.

 

Orçamento reduzido

O orçamento para a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social tem sofrido redução permanente no Orçamento Geral do Estado a cada ano. Em 2008, correspondia a apenas 0,42%. O que já era extremamente reduzido caiu para 0,36% em 2009. E, na proposta orçamentária para 2010, corresponde a apenas 0,299%. São R$ 419 milhões em um Orçamento estadual total previsto para R$ 125,5 bilhões.

Por outro lado, a Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social está investindo na parte gerencial da política, transferindo a realização dos convênios para os municípios. A política de municipalização tem se prestado a tornar menos transparentes a implementação dos programas. Em vários deles, divulga-se apenas o número de municípios para os quais é feito o repasse das verbas; não há informação sistemática do número de pessoas ou famílias atendidas, dificultando enormemente uma análise informada dos dados de atendimento no Estado. Ao mesmo tempo, repete-se a prática de onerar os municípios com o custeio dos programas. O programa Quero Vida, anunciado como novidade no atendimento à população idosa, caberá à Secretaria apenas incentivar a implantação; o custeio ficará por conta dos municípios.

O governo Serra renomeou o Fundo Social de Solidariedade, que passou a se chamar Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Sociocultural do Estado de São Paulo, a partir de 2007. Entretanto, permanece o conservadorismo de vincular políticas de assistência social ao clientelismo que orienta a existência de gabinetes de “primeira-dama”. Para 2010, mantém-se uma parcela orçamentária acima de R$ 24 milhões desviada para essa finalidade. Na verdade, o orçamento do Fundo de Solidariedade corresponde a mais de 5% do montante total destinado à Secretaria da Assistência e Desenvolvimento Social.

 

Fugas e rebeliões

São Paulo tem cerca de 16 mil crianças e adolescentes em abrigos do Estado, segundo o Portal do Governo, relatório 2008. O corte de verba nas políticas do Programa Atenção Especial reduz as perspectivas de melhoria do atendimento às crianças e adolescentes que vivem afastados de seu vínculo familiar. O orçamento reduzido da Secretaria continua sofrendo cortes para 2010, afetando as populações mais vulneráveis que são atendidas por estas políticas: crianças, idosos e população de rua.

A Fundação CASA, antiga FEBEM, atende cerca de 15 mil adolescentes em todo o Estado, sendo cerca de 20% somente da capital. A gestão Serra na Fundação CASA, sob a presidência de Berenice Giannella, tem se esmerado em esconder os dados sobre o cotidiano do atendimento da Fundação. Não há divulgação de estatísticas ou dados sobre o dia-a-dia dos adolescentes atendidos. E não há um mecanismo que permita a fiscalização do atendimento aos adolescentes. O governo tem propagandeado que não houve nenhuma rebelião em 2009 e apenas três em 2008. No entanto, as raras notícias divulgadas deixam claro que os problemas não vêm à tona, embora permaneçam. Em agosto de 2009, após uma rebelião, 18 adolescentes fugiram a pé da unidade da Fundação CASA de Jundiaí. Três funcionários ficaram feridos. Em 23 de março de 2009, também houve uma fuga na unidade de Peruíbe após tumulto no local. Há indicação de fugas na unidade de Araçatuba em janeiro e agosto de 2009. Novamente, em outubro de 2009, a imprensa informou a existência de rebelião em unidade da capital.

O governo do Estado tem investido fortemente no processo de municipalização dos programas de liberdade assistida. São 455 cidades do Estado que realizam a liberdade assistida, sendo que em 65 já ocorreu a municipalização.

Como em outras áreas de governo, também no caso da Fundação CASA prevalece a prática de apresentar informações genéricas que tornam difícil o acompanhamento efetivo do desenvolvimento das políticas. O orçamento, por exemplo, foi concentrado na ação de “Reconfiguração das medidas socioeducativas”, rubrica em que o governo Serra unificou o conjunto de medidas socioeducativas, tornando mais difícil o acompanhamento de cada tipo de medida. Vale mencionar que, em 2008, as ações de atenção à saúde e à educação tiveram baixa execução. Em especial, no atendimento de saúde aos adolescentes, em que 60,45% do orçamento previsto não foram executados.

Também a construção das novas unidades da Fundação apresenta problemas. Em dezembro de 2008, a “nova” unidade de Araçatuba, que fora construída há menos de dois anos, teve problemas estruturais e precisou ser reformada. A construtora Engeva Engenharia e Construções Ltda já havia sido processada em obras anteriores.

 

Muita propaganda

Levantamento de dados feito pela Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência indica 4,2 milhões de pessoas com deficiência no Estado de São Paulo. A Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência foi criada em maio de 2008 como vitrine do governo Serra para a política frente a este setor. Já no seu segundo ano de existência esta Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência teve a proposta orçamentária para 2010 cortada em mais de um terço, na comparação com 2009. A política praticamente se resume à criação da Rede Lucy Montoro, uma rede de ambulatórios para o atendimento terapêutico, em especial de reabilitação física, vinculada à rede de saúde.

 

Violência contra as mulheres

O Estado de São Paulo tem poucos avanços a registrar nas políticas de combate e prevenção à violência contra a mulher. No Estado que criou a primeira Delegacia de Defesa da Mulher no país, em 1985, o atendimento às mulheres permanece estacionado. São, atualmente, 129 unidades de Delegacias da Mulher para todo o Estado, ou seja, a grande maioria dos municípios não tem esse atendimento; apenas 121 dos 645 municípios do Estado contam com unidade da DDM. O governo Serra não investiu na ampliação ou no fortalecimento das Delegacias de Defesa da Mulher no Estado. Além do número de delegacias continuar praticamente o mesmo, desde final dos anos 1990 as condições de funcionamento permanecem extremamente limitadas. Nenhuma unidade atende no período noturno ou no final de semana. É mais do que conhecido que os casos de violência doméstica são muito mais frequentes exatamente nos finais de semana e à noite.

Mas não é apenas no serviço das delegacias que o Estado de São Paulo registra um atraso persistente na implantação de uma política de atendimento aos casos de violência contra as mulheres. Em todo o Estado existe apenas um Juizado Especial de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, criado em janeiro deste ano na capital. A Lei nº 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, entrou em vigor em agosto de 2006 e prevê a instalação de Juizados Especiais para garantir sua implementação e aplicação de forma adequada. Uma das previsões da Lei é, exatamente, a determinação de medidas de proteção à vítima, com o objetivo de proteger a integridade e a vida da mulher nos casos de violência doméstica que devem ser decididas pelo Judiciário e dependem, entre outras coisas, para sua implementação, de serviços para o atendimento à mulher. O Tribunal de Justiça argumenta que não dispõe de orçamento para ampliar o número de juizados. A Defensoria Pública apresenta na Justiça, por dia, uma média de quatro pedidos de medidas de proteção para mulheres vítimas de violência doméstica, na maioria dos casos para evitar que o agressor se aproxime da mulher, mantendo as ameaças e mesmo o risco de assassinato. O Núcleo Especializado de Proteção e Defesa da Mulher, da Defensoria Pública, estima que sejam atendidas 65 mulheres agredidas por semana só na capital. E é reconhecido que um grande número de mulheres deixa de procurar ajuda policial ou judiciária por não ter acesso ao serviço.

 

Descaminhos

Em relação a políticas de combate à discriminação racial, o governo Serra não fez nem mesmo sua especialidade: propaganda. Após dois anos sem qualquer iniciativa, o governo criou uma Coordenação de Políticas para a População Negra e Indígena, transferindo a responsabilidade para a Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania após os atritos do Secretário de Relações Institucionais que antecederam a II Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial, realizada em maio de 2009. Uma coordenação sem propostas, sem políticas e sem orçamento.

Incompetência e despreparo de Secretário (e do próprio governador) para tratar de temas sob sua responsabilidade. O Secretário de Relações Institucionais, José Henrique Reis Lobo, entrou em conflito com a comunidade negra ao mencionar que resultados de políticas afirmativas levarão “mais 500 anos”, levando a proposta de renúncia de membros do Conselho. Serra se viu obrigado a transferir o tema da pasta para a Secretaria da Justiça e criar o novo órgão, a Coordenação.

 

Intolerância

Após a Conferência Estadual GLBT, realizada em abril de 2008, e com pressão do movimento social, o governo Serra criou uma Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual, vinculada à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania. Mas, assim como em relação à discriminação racial, não foram desenvolvidas quaisquer políticas para a área.  Nem mesmo as resoluções da Conferência foram publicadas. E a Lei 10.948/2001, que regulamenta a punição dos casos de homofobia, permanece sem divulgação.

 

Pouco acesso à Justiça

A Defensoria Pública, criada em 2006, demanda a instalação de estrutura, ampliação do quadro de defensores e contratação de um quadro de pessoal complementar para cobrir o atendimento em todo o Estado. Sem orçamento suficiente, a Defensoria Pública ainda conta com o mesmo número de 400 defensores e está instalada em 22 das 360 comarcas do Estado. Apenas recentemente, em outubro de 2009, foi aprovada a ampliação de mais 100 cargos de defensores; embora no Plano Plurianual houvesse a previsão de criação de 400 novos cargos, sendo cem a cada ano. São Paulo continua com um dos serviços mais precários do país. Segundo o “III Diagnóstico da Defensoria Pública no Brasil”, divulgado pelo Ministério da Justiça, houve um aumento de 24% no número de defensores no país (período entre 2005/julho de 2009). São Paulo continua um dos estados mais defasados no que se refere ao acesso à Justiça. Segundo o levantamento feito pelo Ministério da Justiça, o Estado possui a segunda pior relação nacional de defensor público por usuário potencial. São mais de 72 mil pessoas para cada profissional. A média nacional é de um defensor para cada 32 mil usuários. Apenas os estados do Maranhão e de Alagoas, com mais de 100 mil e 70 mil respectivamente, possuem relação pior que São Paulo. Na área de execução penal, por exemplo, são apenas 35 defensores trabalhando, sendo que existem cerca de 150 mil pessoas nas unidades prisionais paulistas e sua imensa maioria sem recursos para pagamento de advogado.

 

Saneamento e Drenagem Urbana

 

O lucro conta mais do que o bom serviço

Na lógica do setor privado, a Sabesp maximiza rendimentos e atende mal no abastecimento de água, na coleta e no tratamento de esgotos

Planejar e executar as políticas estaduais de energia, de recursos minerais e de saneamento básico e apoiar os municípios do Estado nas áreas de atuação são as principais atribuições da Secretaria de Saneamento e Energia.

Os órgãos a ela vinculados são a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP; Companhia Energética de São Paulo – CESP; Empresa Metropolitana de Águas e Energia – EMAE; e Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE.

Em 2009, o orçamento da secretaria foi de R$ 3,3 bilhões e, para 2010, prevê R$ 3,1 bilhões. A redução entre 2009 e 2010 se deu na previsão de investimentos.

Esta secretaria foi criada no governo Serra, como sucessora da antiga Secretaria de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento. A área de Recursos Hídricos foi transferida para a Secretaria de Meio Ambiente, mas o DAEE, que executa a política, permaneceu no órgão.

Apesar de ser função da Secretaria de Saneamento e Energia planejar e executar a política estadual de saneamento básico em todo o território do Estado de São Paulo não é isso que ocorre. Essa tarefa sempre ficou a cargo da SABESP, que deveria ser responsável apenas pela operação dos serviços nos municípios onde atua. A empresa presta serviços em 366 (56,74%) dos 645 municípios do Estado e atende a 26 milhões de pessoas, ou 62% da população do Estado. 279 cidades operam diretamente os serviços de saneamento ou fizeram a concessão ao setor privado. Dos 118 municípios com mais de 50 mil habitantes, a SABESP opera em 62.

Mesmo com a intensa propaganda do governo estadual, a população continua enfrentando graves problemas relacionados ao abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, enquanto a Sabesp se transforma, cada vez mais, em uma empresa de negócios, cujo principal objetivo é atender às exigências do mercado. Para tanto, obteve autorização para atuar fora do Estado, inclusive no exterior e nas áreas de energia e resíduos sólidos.

A SABESP deixou de disponibilizar informações sobre a coleta e tratamento de esgoto de vários municípios ao Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento– SNIS/2007 do Ministério das Cidades, diferentemente de 2005 e 2006, e deixou de informar na internet os índices de cobertura de água e esgoto por município.

 

Desabastecimento

Dos 39 Municípios da Região Metropolitana de São Paulo - RMSP, 32 são operados pela SABESP. Uma cidade opera diretamente seus serviços (Santa Isabel) e 6 compram água da empresa no atacado (Guarulhos, Mogi das Cruzes, Santo André, Diadema, Mauá e São Caetano do Sul).

Nos municípios operados pela Sabesp na RMSP, 600 mil pessoas que vivem em áreas regularizadas ainda não têm acesso à água potável de forma adequada. Nestes cálculos não está incluída a população que vive em áreas irregulares e que somam mais de 2,5 milhões de pessoas.

Segundo estudo elaborado pela Agência Nacional de Águas – ANA, para o pleno atendimento das demandas por água nos municípios da Grande São Paulo, são necessários, até 2025, investimentos de R$ 3,46 bilhões no sistema produtor. 

Na Região Metropolitana da Baixada Santista – RMBS, a Sabesp opera nos 7 municípios e atende a uma população de 1,69 milhão de habitantes, sendo que 160 mil pessoas não têm acesso à água potável de forma adequada. Segundo a ANA, há necessidade de novos mananciais e ampliações dos sistemas produtores existentes, com investimentos da ordem de R$ 350 milhões para serem aplicados em 4 municípios.

A Região Metropolitana de Campinas – RMC - não tem a SABESP como operadora dos serviços na maioria dos municípios. Na região, que é composta por 19 cidades, a SABESP opera em Hortolândia, Itatiba, Monte Mor e Paulínia. Essa última cidade está em processo de concessão dos serviços de saneamento à iniciativa privada. 61,4 mil pessoas, pelos dados do SNIS, não têm acesso à água potável de forma adequada. Pelo estudo da ANA, serão necessárias obras em 10 dos 19 municípios, a um custo de R$ 152 milhões.

A SABESP produz 100 mil litros de água por segundo. Deste volume, perde 27,7% por vazamentos ou fraudes (falta de medição, furto etc), o que daria para atender 7 milhões de usuários, ou 35% dos habitantes da RMSP.

 

Esgotamento sanitário

Com relação à coleta dos esgotos, a situação é ainda pior, haja vista a dramática situação dos moradores da Zona Leste da capital. A exemplo deles, outras comunidades carentes são vítimas de doenças causadas por falta de saneamento. Segundo a Fundação Getulio Vargas, para cada R$ 1,00 investido em saneamento economiza-se R$ 4,00 em saúde pública.

Nos municípios da RMSP e Baixada Santista, cerca de 6,8 milhões de pessoas não têm os esgotos coletados e mais de 11,7 milhões não têm os esgotos tratados.

Dados da CETESB mostram que os 34 municípios da RMSP que integram a Bacia do Alto Tietê, com população total de 19,5 milhões de habitantes (IBGE 2008), têm 85% dos esgotos coletados e 44% do que é coletado é tratado. Das 20 cidades da RMSP, com menos de 10% de tratamento dos esgotos, 17 são operadas pela SABESP. 

As 5 estações de tratamento de esgotos da SABESP na RMSP têm capacidade instalada desde 1998 para tratar 18 mil litros de esgoto por segundo. Tratam atualmente 14,9 mil litros por segundo. Ou seja, além da capacidade instalada hoje não ser suficiente para tratar todo o esgoto produzido, ela não é utilizada plenamente.

Na Baixada Santista, onde a população duplica na temporada de férias, são coletados 59% dos esgotos e tratados 9%. No caso dos municípios litorâneos, há um tratamento preliminar que remove apenas os sólidos grosseiros e depois de clorados são lançados em emissários submarinos, que, segundo a CETESB, impactam negativamente o meio marinho. Em função disso o órgão ambiental considera esses esgotos como não tratados, diferentemente do que faz a SABESP.

Na Região Metropolitana de Campinas, mais de 870 mil pessoas não têm coleta de esgotos e 1,9 milhão não têm seus esgotos produzidos tratados. Dos esgotos coletados, apenas 30,09% recebiam tratamento, conforme dados do SNIS para 2007.

De acordo com a CETESB, no Estado, 85% dos esgotos são coletados e 45% são tratados. Há 157 municípios sem tratamento e uma população de mais 9 milhões de habitantes sem nenhum  tratamento de esgotos.

 

Demanda não atendida

A SABESP é uma empresa de economia mista cujo principal acionista é a Secretaria da Fazenda do Estado, com 50,26% das ações. O restante é negociado na Bolsa de Valores de São Paulo e de Nova Iorque.

A SABESP contabiliza receita crescente e resultado positivo nos últimos anos. Em 2008, a empresa teve uma receita operacional líquida de R$ 6,4 bilhões e o lucro superou R$ 1 bilhão.

Parte do lucro obtido pela empresa paga dividendos aos acionistas. A Fazenda do Estado recebeu, entre 2003 e 2009, R$ 1,3 bilhão e não os reinvestiu em saneamento.

O valor investido pela SABESP tem sido constantemente inferior ao orçado. Exceto em 2008, quando o investimento excedeu em 8,5%. Entre 2002 e 2008, descontando-se o valor maior investido em 2008, a empresa deixou de aplicar em saneamento quase R$ 700 milhões em relação ao aprovado no Orçamento.

A previsão orçamentária de 2010 é 13% menor que 2009, ou seja, R$ 272,77 milhões, e a expectativa de investimentos para o período 2009-2013 é de R$ 8,6 bilhões.

Os investimentos previstos com recursos do PAC para saneamento entre 2007 e 2010 no Estado somam quase R$ 5 bilhões. Só a SABESP deverá receber cerca de R$ 2,2 bilhões para atender aos municípios onde opera os serviços de saneamento.

 

Regras excludentes

A SABESP pratica várias tarifas, entre elas a residencial/social; residencial/favelas e residencial/normal. Os critérios para se ter acesso às tarifas são por demais excludentes. No caso de residência unifamiliar, o cliente deverá ter renda familiar de até 3 salários mínimos, ser morador de habitação subnormal com área útil construída de até 60m² e ser consumidor monofásico de energia elétrica com consumo de até 170 kWh/mês. Outra possibilidade é estar desempregado e sua última remuneração não ultrapassar 3 salários mínimos. Neste caso, o direito da tarifa social está limitada ao período máximo de 12 meses, não podendo ser renovado.

No caso de habitação coletiva, as habitações consideradas sociais, como cortiços e as verticalizadas, deverão ser cadastradas na tarifa social. Para ter o cadastro, o cliente precisa estar adimplente com a SABESP. Caso inadimplente, deverá efetuar acordo para pagamento dos débitos. Além disso, os clientes deverão, a cada 24 meses, comprovar o enquadramento na tarifa social, sob pena de descadastramento automático.

Além de assinar termo de compromisso, ainda precisam anexar documentos de comprovação de renda, área útil do imóvel (IPTU do exercício) e de consumo de energia elétrica.

A tarifa de esgoto tem o mesmo valor daquela cobrada pela água, ou seja, dobra-se o valor da conta na Região Metropolitana e acrescenta-se 80% no Interior. A cobrança é efetuada mesmo que não haja tratamento do esgoto coletado. Há varias ações judiciais questionando a empresa sobre esse fato.

 

Relação autoritária

A maioria dos municípios operados pela SABESP firmou contratos de concessão com a empresa por 30 anos no início dos anos 1970. Encontravam-se vencidas, até 30 de setembro de 2009, 79 concessões - todas elas em fase de negociação. Entre 2009 e 2030 vencerão 94 concessões. O restante tem prazo indeterminado. Até 30 de setembro de 2009 foram assinados 160 contratos de programa. Com o advento da Lei Federal 11.445/07, que estabeleceu diretrizes para o setor de saneamento, não existem mais contratos de concessão e, sim, contratos de programa, exceto quando a relação é com o setor privado.

Todos os municípios que renovaram contrato com a SABESP delegaram à Agência Reguladora de Saneamento e Energia – ARSESP - a tarefa de regular os novos contratos. A cidade de Lins chegou a elaborar projeto criando agência, mas depois desistiu.

Em alguns municípios, a SABESP opera sem contrato, como é o caso da cidade de São Paulo. Em outros, o instrumento utilizado é escritura pública, caso dos municípios da Baixada Santista, exceto Cubatão, que nesse momento negocia com a SABESP a renovação do contrato que venceu em setembro de 2009.

Desde janeiro de 2007, o país passou a contar com uma política nacional, que definiu as diretrizes para o Saneamento (Lei 11.445/07). A lei aprovada fortalece o papel dos municípios e o controle social. Também foi aprovada, em 2005, a Lei 11.107/05, que disciplinou a relação cooperativa entre entes federados; a Lei de Consórcios Públicos, que trata do saneamento em seu artigo 13. Com relação à titularidade sobre a prestação dos serviços de saneamento em Regiões Metropolitanas, a disputa entre os governos estaduais e os municípios é intensa, principalmente porque os governadores querem a titularidade nas regiões metropolitanas, onde se concentra a maior arrecadação das companhias de saneamento. A questão está em exame no Supremo Tribunal Federal.

A relação da Sabesp com os municípios sempre foi autoritária. A empresa nunca os incorporou nos processos de planejamento, definição de tarifas, priorização de obras, entre outros. Exemplo ilustrativo foi a postura do governo do Estado e da Sabesp e como trataram a Prefeitura de São Paulo quando governada pelo PT. A gestão petista aprovou uma lei que criava uma agência de regulação para controlar a prestação dos serviços pela SABESP no município. Na oportunidade, o governador Alckmin ingressou com Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a iniciativa e conseguiu impedir sua aplicação. A intenção da prefeitura era colocar o município como protagonista do saneamento em seu território.

A partir de dezembro de 2007, a ARSESP passa a regular os serviços públicos de saneamento básico e de gás canalizado no Estado. A ARSESP, depois de dois anos de criação, ainda não se consolidou, apesar de ter recebido delegação para regular os serviços de saneamento em cerca de 160 cidades. Só recentemente indicou o diretor de saneamento e realizou concurso público. Até hoje não conseguiu instituir o Conselho de Orientação de Saneamento. O governo criou a ARSESP açodadamente para evitar que os municípios criassem seus próprios entes reguladores. Assim, um órgão ligado ao governo do Estado (ARSESP) regula e fiscaliza a operação de outro órgão controlado pelo Estado (SABESP), em um serviço público cujo titular é o município.

 

Omissão com as enchentes

O governo do Estado destinou 75% dos gastos no combate às enchentes dos últimos 10 anos nas obras de rebaixamento da Calha do Tietê. Mesmo assim, dia 8 de setembro passado, a cidade assistiu ao transbordamento do Rio Tietê em vários pontos, o que se repetiu em 8 de dezembro.

Duas ações importantes, limpeza e conservação de canais e corpos d'água e serviços e obras complementares na Bacia do Alto Tietê tiveram redução dos recursos previstos no Orçamento de 2010 em 64,50% e 61,29%, respectivamente.

Por outro lado, enquanto foram gastos pelo governo paulista R$ 68 milhões com as ações do Programa de Infraestrutura Hídrica e Combate às Enchentes em 2007, os valores gastos com publicidade e propaganda chegaram a R$ 88,3 milhões.

Já em 2008, os recursos gastos com o combate às enchentes foram de R$ 107,4 milhões, abaixo novamente dos gastos com comunicação, que atingiram o valor de R$ 178,7 milhões.

Em 2009, os gastos com propaganda e publicidade continuaram aumentando. Até meados de dezembro, já haviam sido gastos R$ 287 milhões com propaganda, mas apenas R$ 151 milhões no combate às enchentes.

 

 

Drenagem urbana ineficaz

 

O Plano Diretor de Macro Drenagem da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, que abrange quase toda a Região Metropolitana de São Paulo, foi elaborado em 1998, indicando providências para o controle das cheias no rio Tietê e seus principais afluentes. O Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE, autarquia estadual, foi o contratante. Este estudo concluiu que seria possível evitar as enchentes adotando uma série de medidas, entre as quais se destacam quatro principais.

A primeira foi a indicação de severa obediência às leis de ocupação e zoneamento urbanos, com a manutenção e preservação de áreas que tenham grande potencial de riscos de erosão, o controle rígido de desmatamentos e providências para minimizar o transporte de lixo e sedimentos. Estas medidas de caráter institucional não foram adotadas. Houve ocupações generalizadas, inclusive em encostas, com imensas áreas sendo desmatadas e impermeabilizadas e grande volume de lixo e sedimentos foi carreado aos cursos de água. Isto ocorreu devido à especulação imobiliária e a ausência de política consistente de habitação popular por parte do governo do Estado, associadas à falta de fiscalização. A orientação explícita de evitar, de todo modo, a ocupação das várzeas do rio Tietê foi ignorada, o que foi um dos motivos da inundação do Jardim Romano no final de 2009. As várzeas, desde 1988, integram Área de Proteção Ambiental – APA - do Estado.

Outra medida proposta foi a disseminação de reservatórios de retenção – piscinões - nas bacias dos principais afluentes do rio Tietê, como o rio Tamanduateí, o rio Aricanduva, o córrego Pirajuçara, o ribeirão Vermelho, o rio Baquirivu e o médio Juqueri, para reter as águas nos picos de chuva. O governo do Estado projetou implantar 134 piscinões, dos quais executou 43, menos que um terço. Além disso, remeteu para as prefeituras, que já haviam cedido os terrenos, a obrigação de efetuar a limpeza e manutenção dos reservatórios. Devido aos altos custos e à circunstância que, muitas vezes, o piscinão não beneficia o município em que está localizado, mas os municípios a jusante, a limpeza deixou de ser feita no tempo correto, comprometendo a capacidade de retenção.

A terceira medida era o cumprimento da meta do governo do Estado de ampliar e rebaixar a calha do rio Tietê e garantir que esta calha permaneceria sempre desobstruída. Na época da elaboração do Plano Diretor, a fase 1 da obra estava bastante adiantada. Havia sido contratada e iniciada no governo Fleury, com financiamento japonês. Esta fase contemplava o trecho a jusante da confluência dos rios Tietê e Pinheiros. A fase 2  alargou o canal e o rebaixou 2,5 metros, em média, entre a barragem da Penha e o Cebolão. Teve início em 2002, a um custo previsto de R$ 700 milhões e acabou consumindo o dobro de recursos devido a superfaturamento e outras irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado – TCE.

Por ironia do destino, em 2006, no dia seguinte à inauguração desta obra que foi anunciada pelo então governador Alckmin como a solução definitiva para as enchentes do rio Tietê, uma forte chuva provocou a inundação das avenidas Marginais e São Paulo entrou em colapso. A explicação para o fenômeno não está no volume da chuva nem em possíveis erros de cálculo no Projeto de Macro Drenagem, mas na ausência das providências complementares às obras no leito do rio, acima descritas.

Duas novas enchentes ocorreram em setembro e dezembro de 2009, apesar do registro de índices pluviométricos mais moderados. Neste caso, contribuiu a falta de manutenção da obra de rebaixamento da calha. Segundo o DAEE, são depositados cerca de 400 mil metros cúbicos anuais de lixo e sedimentos no rio Tietê que precisam ser removidos para não comprometer a vazão das águas. Há especialistas em hidrometria que calculam um volume três vezes maior. Qualquer que seja o número correto, durante três anos, desde o término das obras de rebaixamento em 2006 e outubro de 2008, abrangendo o último ano do governo Alckmin e os dois primeiros anos do governo Serra, não foram executados serviços de desassoreamento do rio Tietê. Este é o motivo pelo qual as águas que inundaram o extremo leste da Capital, no Jardim Romano, não refluíram ao leito do rio depois da chuva e permaneceram estacionárias durante semanas, obrigando a remoção dos moradores. Com isso, o governo do Estado, além de criar um grande problema social e sanitário, tornou sem efeito uma obra de mais de R$ 1 bilhão.

Por fim, o Plano Diretor considerava imprescindível que um sistema de macrodrenagem complexo, como o da bacia do Alto Tietê, tenha todos os seus recursos gerenciados de forma integrada. Para tanto, propunha um órgão público ou privado responsável e com poder de decisão para operar um sistema específico de monitoramento hidrometeorológico capaz de antecipar eventos e criar sistemas de alerta efetivos à população; agilidade de informações; modelos hidrológicos e hidráulicos capazes de simular eventos em tempo real; e dotação de recursos para a operação e manutenção desse sistema. Nenhuma destas medidas de gestão foi efetivada nestes 10 anos. Nem mesmo o básico. Há quatro barragens que controlam o fluxo de água do rio Tietê. Duas são operadas pela Sabesp e duas pela Empresa Metropolitana de Água e Energia – EMAE. Cada uma administra a vazão no local e não há comunicação entre elas.

Além da Região Metropolitana de São Paulo há sérios problemas de drenagem em outras regiões populosas do Estado como a Bacia dos rios Jundiaí, Capivari e Piracicaba, a Bacia do rio Paraíba do Sul, a Bacia do rio Sorocaba, entre outras. As recentes inundações em Capivari, Cunha e São Luiz do Paraitinga são conseqüência destes problemas.

Entre 2000 e agosto de 2009, o governo Estadual deixou de investir mais de R$ 650 milhões nas ações de drenagem em relação ao orçado no período.

 

Orçamento do Estado de São Paulo – janeiro de 2000 a agosto de 2009 por programa e ação

 

Programa/ação

Previsto (R$)

Gasto (R$)

Gasto (%)

Combate às enchentes

2.603.195.656

1.950.334.779

74,9

Obras na Calha do Tietê (fase 1 e 2)

1.461.000.000

1461.000.000

100,0

Piscinões

345.771.683

256.774.268

74,3

Limpeza e Conservação de Canais

48.848.079

43.916.636

89,9

Outras Obras Anti enchentes

747.575.894

188.643.875

25,2

 

A falta de fiscalização na ocupação irregular de encostas e baixios, de sistemas de monitoramento e alerta em tempo real e a falta de uma Defesa Civil devidamente equipada e com capacidade de deslocamento rápido provocam tragédias, principalmente, por escorregamento em morros e na Serra do Mar.

 

 

Saúde

 

SUS com o ex-ministro está virando sucata

Entre 2003 e 2006, o número de leitos hospitalares caiu 11,5%; as deficiências crescem na prevenção e na vigilância, enquanto a dengue avança assustadoramente

A luta dos movimentos organizados consagrou a saúde como um direito social e estabeleceu o Sistema Único de Saúde – SUS na Constituição de 1988. No entanto, os recursos para viabilizar esse direito só foram garantidos na Emenda Constitucional 29, de 2000, que fixou os gastos mínimos da União, Estados e municípios com a saúde. A União deve aportar, pelo menos, o gasto realizado no ano anterior, acrescido do crescimento líquido do PIB. Os Estados, no mínimo, 12% e os municípios, ao menos, 15% de suas receitas líquidas.

Desde então, tem havido aumento dos gastos com a saúde. Porém, fruto da lacuna inicial na Constituição e das políticas neoliberais da década de 1990 e início de 2000, atualmente a maioria dos gastos com a saúde tem sido das famílias e das pessoas. O Brasil é o único caso de sistema universal de saúde cujo financiamento é majoritariamente privado. Em países como Canadá, França e Inglaterra há cerca de 60% a 70% de financiamento público.

Estado mais rico do país e com nível relativamente alto de desenvolvimento humano, a condição da saúde em São Paulo está bem abaixo do que seria desejável.

Apesar do Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Infantil, constata-se nos últimos anos uma redução no ritmo da melhora dos indicadores mais diretamente associados com a assistência à saúde e ao saneamento, como a mortalidade infantil, com piores índices nas regiões do Estado com maior exclusão social.

A mortalidade por causas externas, que engloba homicídios, acidentes de trânsito e outras causas, mais dependentes das políticas econômicas e sociais, subiu para terceiro lugar, como consequência da redução do papel do Estado e da ausência de políticas de combate à exclusão social. Em municípios administrados pelo PT, que enfrentaram esta questão, houve redução da mortalidade ocasionada por fatores externos.

 O Plano Estadual de Saúde para 2008-2011, elaborado pela Secretaria Estadual de Saúde e aprovado pelo Conselho Estadual de Saúde, apresenta um diagnóstico, do qual se destacam alguns aspectos:

·        O coeficiente de incidência de AIDS diminuiu mais de duas vezes de 1998 a 2004, mas a epidemia avança em camadas mais pobres, particularmente entre mulheres e adultos com mais de 40 anos. Até junho de 2006 foram notificados mais de 150 mil casos no Estado, 70,5% deles em homens.

·        A proporção de gestantes que realizaram mais de seis consultas de pré-natal em 2007 foi de 74,6%.

·        Em 2005, os diagnósticos mais frequentes das internações estavam relacionados à gravidez, parto e puerpério, seguidos pelas doenças do aparelho circulatório.

·        Houve epidemia de dengue em 2001, 2002 e 2006, quando foram constatados 111, 140 e 121 casos por mil habitantes, respectivamente. A infestação pelo mosquito Aedes aegypti se espraiou e já atinge 80% dos municípios, com ocorrência de transmissão em 75% destes, ou seja, 249 municípios em 2006.

·        Estima-se que no Estado, 580 mil pessoas são portadoras crônicas do vírus das hepatite B e 420 mil da hepatite C.

Na saúde coletiva há deficiências nas atividades e programas da vigilância sanitária, epidemiológica, vacinação, combate às endemias, como a dengue, assim como controle e uso do sangue e produção de hemoderivados. Estas deficiências têm relação com a baixa execução orçamentária de programas.

Comparativo entre valores orçados e liquidados - 2008

Ações

Orçado

Liquidado

Dif. nominal

Diferença %

Vacinação de Rotina

3.000.000

2.641.860

-358.140

-11,94%

Vigilância Epidemiológica

468.525

322.053

-146.472

-31,26%

Vigilância Sanitária

925.328

752.632

-172.696

-18,66%

Apoio e Orientação Municípios (Endemias)

845.238

742.785

-102.453

-12,12%

Capacitação Ap. Profis. Saúde (Endemias)

294.850

289.158

-5.692

-1,93%

Fonte: Sistema de Gerenciamento da Execução Orçamentária do Estado de São Paulo – Sigeo.

 

Ao mesmo tempo, o número de doenças decorrentes da falta de saneamento básico vem crescendo na Região Metropolitana de São Paulo, o que fica evidente quando ocorrem enchentes. Nos bairros periféricos, são registrados surtos de hepatite A e de doenças diarréicas. Doenças de veiculação hídrica são responsáveis por mais de 63% das internações pediátricas no Sistema Único de Saúde (SUS) no verão. Só na cidade de São Paulo, de 1º de janeiro até 3 de dezembro de 2009, foram notificados 263 surtos de doenças transmitidas por água e alimentos, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. As doenças diarréicas registradas no Estado passaram de 403 mil em 2004 para 617 mil em 2007, segundo a Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar da Secretaria de Saúde. Na Ouvidoria da Secretaria de Saúde houve 73 mil reclamações em 2007.

 

Indicadores de atendimento

O Estado de São Paulo conta com extensa e complexa rede SUS de serviços ambulatoriais e hospitalares, com mais de quatro mil unidades básicas, 1.277 unidades com atendimento de especialidades (ambulatórios e policlínicas), 680 hospitais e milhares de outros estabelecimentos públicos e privados.

De acordo com a Política Nacional de Atenção Básica, a rede de quatro mil Unidades Básicas de Saúde, sob gestão municipal, tem capacidade instalada suficiente para abranger a população do Estado, com poucas variações regionais. Entretanto, ao se analisar a concentração de consultas básicas por habitante/ano, confirma-se que há variações importantes, sendo que 17 das 65 regiões de saúde estão abaixo de 1,64 consulta básica habitante/ano, valor médio definido em 2006 pelo Plano Diretor de Regionalização do Estado. Além disso, o Programa de Saúde da Família cobre apenas 26% da população, enquanto que a média nacional de cobertura é de 50,1%.

A rede de ambulatórios de especialidades, apesar do número elevado de unidades, apresenta insuficiências quando se analisa a relação entre consultas e população. Tomando como base a média do Estado - 0,64 consultas especializadas por habitante/ano, 43 regiões (66,2%) estão abaixo da média, incluindo as três regiões metropolitanas, o Oeste do Estado - Presidente Prudente e Araçatuba, Registro, parte de Sorocaba e de Taubaté. No caso de exames de laboratório, são realizados 2,4 procedimentos por habitante no Estado, sendo que 45% das regiões apresentam valores menores do que a média.

O atendimento ambulatorial cresceu 79% entre 2000 e 2006, mediante aumento de produção e a inclusão de novos procedimentos. No mesmo período, o financiamento cresceu cerca de 90%. Houve um incremento de 30% nos credenciamentos de serviços de alta complexidade. Há redes assistenciais em Terapia Renal, Cardiologia, Câncer e outras. Segundo o DATASUS, em 2007, houve um total de 741 milhões de procedimentos ambulatoriais e em 2008, cerca de 90% dos valores referentes a estes procedimentos foram pagos à rede estadual, aos hospitais filantrópicos e aos municípios.

Dos 680 hospitais que prestam serviços ao SUS, há 116 com 150 leitos ou mais, concentrados nas áreas de maior desenvolvimento econômico do Estado ou em municípios pólos regionais. Há 70 hospitais com menos de 30 leitos e outros 67 entre 30 a 50 leitos.

Conforme dados do SEADE e do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, o número de leitos SUS em São Paulo passou de 76.354 em 2003 para 67.588 em 2006, registrando uma queda de 11,5%. Este decréscimo e o fato do número de leitos SUS, por mil habitantes, ser maior no Brasil (2,00) do que em São Paulo (1,7), mostra o maior peso relativo do serviço de saúde particular no Estado. Em 2008, a maioria das internações do SUS, mais de 55%, ocorreu nos hospitais filantrópicos - Santas Casas.

 

A saúde no Orçamento 

A Emenda Constitucional 29, de 2000, define que deve ser gasto com ações e serviços de saúde, o percentual mínimo de 12% das receitas líquidas do Tesouro estadual. O Orçamento do Estado de São Paulo, a partir de 2001, definiu como gastos da função saúde todos os gastos que o governo de São Paulo entende que preenchem o critério constitucional, alocados em diversas Secretarias. Assim, há execução de programas nas secretarias da Saúde, Agricultura, Justiça, Segurança Pública, Administração Penitenciária, Ensino Superior e Gestão Pública.

No Orçamento de 2010 a participação da função Saúde é de 9,6%, tendo alcançado 11,1% em 2007. Os investimentos têm redução de 11,5%, decorrentes da diminuição de 64,5% dos investimentos com recursos do Tesouro estadual. Esta redução é compensada parcialmente com um aumento de 138,6% dos investimentos com recursos federais.

A participação dos recursos federais sob gestão estadual passou de R$ 383 milhões em 2003 para R$ 3,97 bilhões em 2010, um aumento de mais de 1.000%. Ao mesmo tempo, os programas federais são ampliados em São Paulo. O programa de Saúde Bucal cobre 4,3 milhões de pessoas. O SAMU atende 20,6 milhões de pessoas. Foram implantadas 82 unidades da farmácia popular e há 2300 convênios com farmácias particulares para vendas de medicamentos com desconto para hipertensão arterial e diabetes.

O gasto anual per capita do Tesouro estadual com a saúde é de R$ 200,00.

 

Desvio de recursos

O governo do Estado de São Paulo, desde 2000, tem adotado um procedimento de manipulação contábil orçamentária, incluindo na função Saúde programas que não preenchem a definição de “ações e serviços de saúde”, de acordo com a Portaria 2.047/2002 do Ministério da Saúde e a resolução 322/2003 do Conselho Nacional de Saúde

           Os gastos indevidos são realizados com o programa Viva Leite, pagamento aos aposentados e assistência de saúde aos servidores civis e militares, de tal forma que entre 2001 e 2009 deixaram de ser aplicados R$ 4,1 bilhões em saúde. Este valor seria suficiente para construir 82 hospitais de 250 leitos.

A administração de 23 hospitais, todos os laboratórios e mais de uma dezena de ambulatórios especializados foram terceirizados para Organizações Sociais e Instituições Parceiras, com dispensa de licitação e com mecanismos insuficientes de fiscalização. Há instituições contratadas e outras conveniadas, sendo que neste caso há mais dois hospitais, em Sumaré e Bauru, que são administrados em convênio com a Unicamp e Unesp. No caso das contratadas, a habilitação de uma instituição como organização social é atribuição exclusiva do Secretário Estadual de Saúde e do Secretário de Gestão Pública.

A absoluta prioridade concedida às organizações sociais tem como consequência o sucateamento dos mais de 40 hospitais mantidos pelo governo de São Paulo. Em 2010, as organizações sociais receberão R$ 1,96 bilhão (51,2 %) para despesas de custeio, enquanto os hospitais e demais serviços de referência sob administração direta ficarão com os restantes 48,8 % (R$ 1,87 bilhão).

A Lei Complementar nº 1095/2009, de iniciativa do governador, possibilita a transferência da administração de todos os equipamentos de saúde do Estado para as Organizações Sociais. Até então, isto era limitado aos novos equipamentos. Este processo já foi iniciado com o Hospital Brigadeiro, na capital.

Quando prefeito de São Paulo, José Serra aprofundou a terceirização da saúde através da implantação das unidades de Atendimento Médico Ambulatorial - AMA.

 

O servidor está doente

Em relação à assistência à saúde aos servidores públicos, de responsabilidade do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (IAMSPE), há dificuldades para realização de consultas médicas, exames diagnósticos, cirurgias eletivas e internação no Hospital do Servidor Público Estadual e no interior do Estado.

Os servidores públicos estaduais reivindicam que o Tesouro Estadual contribua para o financiamento do Instituto com 2% da folha de pagamento, o mesmo que é descontado de sua remuneração.

A partir de deliberações da Comissão Especial do IAMSPE na Assembleia Legislativa, em 2008 houve suplementação ao orçamento do IAMSPE em R$ 50 milhões e, em 2009 e 2010, o financiamento da Assistência Médica ao Servidor Público Estadual teve o aporte de R$ 100 milhões de contribuição originária do Tesouro Estadual. No entanto, estes recursos destinam-se, exclusivamente, ao atendimento no interior e não houve aporte de recursos para o Hospital do Servidor Público Estadual na cidade de São Paulo.

A gestão da saúde implementada pelo governo do Estado não coopera com os municípios e não respeita os fóruns de gestão colegiada como a Comissão Gestora Bipartite, na qual há representação do Estado e dos Municípios. A Lei das Diretrizes Orçamentárias e o Orçamento Estadual não são submetidos ao Conselho Estadual de Saúde, como manda a lei federal nº 8.142. A participação da comunidade, prevista em diretriz do SUS, não é estimulada e, além disso, o governo Serra ingressou com ação de inconstitucionalidade (ADIN) contra a lei nº 12.516/07, que dispõe sobre a implantação de Conselhos Gestores nas unidades de saúde.

Ao mesmo tempo, os gastos e investimentos da Secretaria não obedecem às prioridades regionais apontadas pelas Audiências Regionais do Orçamento e Colegiados Gestores Regionais de Saúde, mantendo-se importantes diferenças regionais e setoriais no gasto público.

Em janeiro de 2007, a Secretaria Estadual de Saúde mantinha em folha de pagamento cerca de 69 mil servidores. Deste total, 83% se encontram em unidades prestadoras de assistência ao usuário do SUS - ambulatórios, hospitais e unidades básicas. A maior concentração de servidores – 61,8% - está nos hospitais.

Segundo dados do Tribunal de Contas do Estado, em 2008 a média salarial anual dos servidores da Saúde, de R$ 29 mil, era 5,7 vezes menor do que a média dos servidores da Secretaria da Fazenda, de R$ 165 mil.

A política salarial reflete a pouca valorização dos trabalhadores da área, como médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, administrativos, motoristas de ambulâncias e todos os profissionais do setor que são fundamentais para viabilização do atendimento de qualidade à população.

 

Segurança Pública

Governo omisso, o crime corre solto

Sem políticas definidas e com policiais desmotivados por baixos salários, a violência aumenta e os presídios superlotam

As estatísticas da segurança pública apontam que de 1996 (ano em que os dados começaram a ser divulgados) até 2001, houve um grande aumento da criminalidade em São Paulo

A partir de 2001, algumas prefeituras criaram secretarias específicas para a área, passaram a investir na prevenção do crime, com a implantação de projetos sociais, e ampliaram a atuação das guardas municipais. Em 2003, com o advento do Estatuto do Desarmamento, milhares de armas de fogo foram recolhidas. Essas medidas contribuíram para que a criminalidade regredisse e, até 2008, verificou-se queda nos índices criminais, principalmente de homicídios dolosos. O quadro geral das estatísticas criminais de 1996 até 2008, pode ser visto no site www.ptalesp.org.br .

O quadro abaixo mostra que nos três primeiros trimestres de 2009, em relação ao mesmo período de 2008, houve um crescimento de todas as modalidades criminosas, à exceção de roubo de bancos.

         

Estatísticas criminais – 2008 e 2009

Ocorrências policiais registradas 

Jan a set de 2008

Jan a set de 2009

Variação (%)

Homicídio doloso

3.199

3.381

5,69%

Tentativa de homicídio

3.764

3.812

1,28%

Latrocínio

195

252

29,23%

Estupro

2.462

3.309

34,40%

Extorsão mediante seqüestro

41

67

63,41%

Tráfico de entorpecentes

19.738

20.483

3,77%

Roubo - outros

167.289

198.558

18,69%

Roubo de veículos

44.502

55.814

25,42%

Roubo a Banco

202

179

-11,39%

Roubo de Carga

4.822

5.836

21,03%

Furto - outros

386.995

397.229

2,64%

Furto de veículos

75.112

81.615

8,66%

              Fonte: Secretaria da Segurança Pública        

Política de extermínio e criminalização da pobreza

Nas estatísticas criminais divulgadas pela Secretária da Segurança Pública não estão incluídas as chacinas, cujos números referentes a 2008 são os seguintes:

 

Região

Nº de Chacinas

Nº de Mortos

Nº de Feridos

Capital

8

30

9

Grande São Paulo

12

29

3

Litoral

3

9

4

Interior

1

4

0

Total do Estado

24

82

16

 

             Os jovens são as maiores vítimas da política de extermínio. O Cemitério São Luiz, localizado na Zona Sul da capital, entre os bairros de Jardim Ângela e Capão Redondo, carrega o estigma de ser o local com maior número de adolescentes sepultados por metro quadrado no mundo. São vítimas da violência urbana, dos bandidos e da polícia, que perderam a vida em chacinas, acerto de contas, brigas de bar e outras ocorrências, na maioria das vezes não investigadas adequadamente.

 A atuação violenta da Polícia Militar contra movimentos de moradores da periferia está se tornando rotina em São Paulo. Dois casos ocorridos em 2009 são exemplos dessa violência. Entre fevereiro e abril, a Polícia Militar realizou na “Favela Paraisópolis”, na Zona Sul da capital, a operação denominada “saturação”. De acordo com reportagem do jornal O Estado de São Paulo, os policiais militares envolvidos na operação agiram com extrema violência contra os moradores, residências foram invadidas sem mandados judiciais e trabalhadores, crianças e idosos foram torturados.

O segundo episódio ocorreu em agosto no Jardim Filhos da Terra, Zona Norte da capital, ocasião em que policiais militares agiram com violência contra moradores que protestavam em razão da morte de um morador por um policial militar. Segundo relatos, moradores foram agredidos e impedidos de entrarem em suas casas e entraram em pânico ao serem atingidos por bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

 

Violência policial

Em 2007, 438 pessoas foram mortas por policiais; em 2008, 431 pessoas; e em 2009, até setembro, policiais mataram 400 pessoas.

Irregularidades no registro de boletins de ocorrência, também, têm sido alvo de denúncias desde 2004. Especialistas em segurança pública, inclusive da Ouvidoria da Polícia, têm denunciado a manipulação de dados, que transforma registros evidentes de homicídio em outros tipos de ocorrência, tais como: “resistência seguida de morte”, “confronto” ou “encontro de cadáver”.

No governo Mário Covas foi criada a Ouvidoria da Polícia, mas os governadores que o sucederam não adotaram novas medidas de contenção da violência policial.

A violência policial estende-se a grupos de extermínio, a exemplo dos “highlanders” – esquadrão da morte integrado por policiais do 37º Batalhão da Polícia Militar, atuante durante o governo Serra. Sua marca era cortar cabeças e mãos das vítimas para impedir a identificação.

 

Corrupção em alta e prevenção deficiente

O aumento dos casos de corrupção na polícia e a falta de apuração célere fizeram com que recentemente, por intermédio do Decreto nº 54.710/2009, a Corregedoria Geral da Polícia Civil que até então era subordinada ao Delegado Geral de Polícia, fosse transferida para o Gabinete do Secretário da Segurança Pública. A medida, embora tardia, possibilita o fortalecimento da Corregedoria para que possa apurar, com interferência menor, todos os casos de corrupção policial envolvendo policiais civis. Esperava-se que a Corregedoria da Polícia Militar também fosse transferida para o Gabinete do Secretário, mas isso não aconteceu.

No site www.ptalesp.org.br estão enumerados casos recentes e emblemáticos que demonstram como a corrupção está presente na polícia de São Paulo.

A Polícia Militar, responsável pelo policiamento ostensivo e pela preservação da ordem pública, é integrada por cerca de 90 mil policiais e a corporação também não está conseguindo cumprir com eficiência suas atribuições constitucionais.

A função da Polícia Militar é preventiva, deve evitar que os crimes aconteçam. Para conseguir esse objetivo é indispensável que os policiais militares estejam presentes nas ruas diuturnamente.

Os policiais militares do Estado não estão sendo empregados prioritariamente para garantir a segurança da população e os que cumprem essa missão estão desestimulados em razão dos baixos salários.

Além disso, encontram-se aterrorizados em razão dos ataques praticados por integrantes de organizações criminosas, que normalmente possuem maior poder de fogo em seus ataques.

Órgão de apoio à polícia judiciária, responsável pelos exames periciais na área da criminalística e da medicina legal, a polícia técnico-científica é vital para a produção de provas materiais para a apuração de infrações penais.

No entanto, enfrenta muitas dificuldades para exercer plenamente suas atribuições. Além da escassez de recursos humanos e materiais, faltam instalações para o Instituto Médico Legal e para o Instituto de Criminalística, tanto na Grande São Paulo, como no interior do Estado.

 

Elucidação criminal baixa

A Polícia Civil é integrada por cerca de 40 mil policiais que atuam em departamentos especializados, em delegacias de polícia e nos distritos policiais.

A instituição não presta serviços de qualidade à sociedade. O esclarecimento de crimes de autoria desconhecida é muito baixo e gera a impunidade. As unidades policiais da capital, do interior e do litoral, além da carência de recursos humanos, sofrem com a falta de recursos materiais. Os policiais civis estão desmotivados em razão da falta de condições de trabalho e pelos baixos salários.

Os inquéritos policiais - procedimentos formais da apuração das infrações penais - não têm a qualidade desejada e chegam a demorar meses e até anos para serem concluídos. Os casos de corrupção na instituição são frequentes.

O próprio Secretário da Segurança Pública afirmou que a Polícia Civil é “inepta e letárgica”.

 

 

Fraudes no Detran

Em julho de 2007, mediante decreto, o governador do Estado transferiu da Secretaria da Segurança Pública para a Secretaria da Cultura o prédio localizado na Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301, no Parque do Ibirapuera, onde funcionava desde o final da década de 50 o Departamento Estadual de Trânsito e que passará a abrigar o MAC - Museu de Arte Contemporânea

A previsão governamental era de descentralizar o DETRAN em seis locais de atendimento, ou seja: 1 –Centro, na Avenida do Estado (próximo à Estação Armênia do Metrô; 2 – Sede, nas Ruas Boa Vista e João Brícola; 3 – Norte; 4 – Sul; 5 – Leste; 6 – Oeste. Contudo, apesar de já terem sido gastos mais de R$ 10 milhões com a mudança, até o mês de novembro de 2009 somente estão funcionando, e muito precariamente, os locais de atendimento Centro e Sede.

Quanto às atividades desenvolvidas pelo DETRAN, a constatação é de que episódios de corrupção continuam presentes no órgão. Os mais recentes foram a descoberta de uma quadrilha integrada por policiais civis, despachantes e donos de auto-escolas, denominada “máfia do Detran” (que vendia carteiras de habilitação em todo o Estado) e a descoberta de esquema envolvendo empresas contratadas para emplacar veículos que desviaram dos cofres públicos cerca de R$ 40 milhões.

 

Salários dos policiais

Os salários dos policiais civis e militares foram reajustados em 6,5% a partir de novembro de 2008 e 6,5% a partir de agosto de 2009. Esse pequeno reajuste foi concedido após greve da Polícia Civil, no período de setembro a novembro de 2008. A greve só terminou após verdadeira guerra campal entre PMs e civis nas proximidades do Palácio Bandeirantes (sede do governo do Estado), quando o governador José Serra se recusou a receber as lideranças da categoria.

Mesmo com o reajuste referido, o salário dos delegados de polícia de São Paulo, onde existem três pisos salariais no início da carreira, continua a ser um dos piores do país, ocupando a 19ª posição se levarmos em consideração o piso salarial correspondente ao local III e a 23ª posição se considerarmos o piso salarial do local I, conforme demonstra a tabela abaixo:

                 Salários de delegados de polícia, em dezembro de 2008

Posição

Estado

Salário

 

Posição

Estado

Salário

1

Polícia Federal

R$ 12.992,70

 

15

Amapá

R$ 5.982,20

2

Distrito Federal

R$ 10.862,14

 

16

Rio Gde do Norte

R$ 5.951,09

3

Paraná

  R$ 8.852,00

 

17

Acre

R$ 5.874,40

4

Goiás

  R$ 8.748,00

 

18

Rio Gde do Sul

R$ 5.702,00

5

Mato Grosso

R$ 8.552,32

 

19

São Paulo

R$ 5.534,52

6

Sergipe

R$ 8.469,00

 

20

Pernambuco

R$ 5.266,01

7

Espírito Santo

R$ 7.551,00

 

21

Amazonas

R$ 5.086,80

8

Mato Grosso Sul

R$ 7.370,00

 

22

Alagoas

R$ 5.050,00

9

Piauí

R$ 7.141,50

 

23

Tocantins

R$ 4.862,03

10

Rio de Janeiro

R$ 6.895,00

 

24

Santa Catarina

R$ 4.442,58

11

Rondônia

R$ 6.729,31

 

25

Paraíba

R$ 4.365,00

12

Maranhão

R$ 6.653,48

 

26

Minas Gerais

R$ 4.108,42

13

Ceará

R$ 6.017,93

 

27

Bahia

R$ 4.005,00

14

Roraima

R$ 6.002,00

 

28

Pará

R$ 3.974,40

    Fonte: Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo.

 

 

Em São Paulo existem três pisos salariais para os delegados em início da carreira, de acordo com o local de trabalho:

  • Local   I - Municípios com até 200 mil habitantes                    R$ 4.967,52
  • Local  II - Municípios com até 500 mil habitantes                    R$ 5.185,52
  • Local III - Municípios com mais de 500 mil habitantes R$ 5.534,52

 

 

 

As prefeituras e a segurança pública

 

Até 2000, a grande maioria dos prefeitos permanecia como expectadores passivos diante da escalada da violência em seus municípios. A partir de 2001, foram criadas secretarias municipais para assuntos de segurança pública. Os municípios que já tinham guardas municipais dotaram-nas de maiores recursos humanos e materiais e direcionaram suas atividades para a prevenção. Além disso, o governo federal, por intermédio da Secretaria Nacional de Segurança Pública, passou a destinar verbas para que os municípios investissem em projetos de prevenção criminal.

A maioria das prefeituras aloca muitos recursos às policias civil e militar, ao ceder terrenos, construir ou locar prédios para funcionamento de delegacias, distritos policiais, circunscrições de trânsito, batalhões e corpo de bombeiros, comprar e manter viaturas, fornecer combustíveis, ceder funcionários e até complementar o salário de policiais. Com isso, as prefeituras são obrigadas a suprir obrigações que o governo estadual não cumpre, comprometendo seu orçamento e deixando de realizar outras atividades que são de sua competência. Mesmo assim, os prefeitos não são chamados a participar das decisões sobre assuntos de segurança pública nos seus municípios.

 

Presídios superlotados

 O sistema penitenciário do Estado de São Paulo não oferece à população carcerária as mínimas condições de reinserção na sociedade. Em vários presídios, celas superlotadas e sem asseio obrigam os presos a fazerem rodízio para que todos possam dormir. Faltam funcionários, colchões, remédios e até água.

A situação na maioria dos Centros de Detenção Provisória e na Penitenciária Feminina da Capital é a mesma. Nesta, com capacidade para 251 presas, estavam recolhidas 756 em novembro de 2009, muitas delas doentes e sem tratamento. Os Centros de Detenção Provisória, construídos para abrigar apenas presos aguardando julgamento, foram transformados em penitenciárias e estão com superlotação.

O sistema penitenciário do Estado de São Paulo é integrado por 147 unidades prisionais. Juntas, as unidades têm 96 mil vagas, mas abrigam cerca de 150 mil presos.

O déficit de vagas é de 54 mil. O governo do Estado já anunciou a construção, até 2011, de 49 novas unidades prisionais que gerarão aproximadamente 40 mil vagas. Unilateralmente, já decidiu onde serão construídas 33 dessas unidades e as áreas respectivas já foram desapropriadas por decreto. Dezesseis unidades estão com áreas em estudo e ainda não foi definida a localização.

Os prefeitos das cidades escolhidas pelo governo paulista para a instalação de novas unidades prisionais estão tomando conhecimento da escolha através de publicação no Diário Oficial do Estado de decretos que desapropriam áreas em seus municípios para a construção dessas unidades. Esse procedimento impõe às comunidades, sem prévio aviso ou margem para negociação, um serviço que trará significativos impactos negativos à vida social local e ao meio ambiente natural ou construído.

 

Transportes

 

Metrô, trens e ônibus: caros e ruins

Apesar da propaganda, o setor vai mal. E os pedágios, incontáveis, penalizam a população e oneram a economia paulista

A gestão dos transportes nos governos tucanos tem duas características principais: baixo nível de investimentos realizados desde 1995 e a utilização da malha rodoviária para fazer caixa por meio de concessões onerosas.

No Estado, as obras importantes em rodovias limitaram-se à construção da segunda pista da Imigrantes, continuação da Ayrton Senna (sob o nome de Carvalho Pinto), extensão da rodovia dos Bandeirantes até Cordeirópolis, região de Limeira e o trecho Oeste do Rodoanel (o trecho sul está em obras).

Nos transportes metropolitanos houve a extensão da Linha 1 do Metrô até o Tucuruvi, da Linha 2 até o Sumaré e na outra ponta até o Alto do Ipiranga (devem ser inauguradas as estações Sacomã, Tamanduateí e Vila Prudente), além da Linha 5, entre Santo Amaro e Capão Redondo. Na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) merece destaque apenas o Expresso Leste.

Somente nos últimos quatro anos é que o governo do Estado passou a executar projetos para ampliar um pouco mais a malha metroviária e modernizar timidamente a CPTM. Atualmente, apresenta estas iniciativas como Plano de Expansão, com intensa propaganda, porém sem conseguir manter os prazos anunciados.

A utilização da malha rodoviária paulista, por meio de concessões onerosas, já arrecadou R$ 8,4 bilhões, com um alto custo para os usuários das rodovias, que tem embutidos nas tarifas dos pedágios o ônus pago pelas concessionárias ao Estado, o custo financeiro desta antecipação de receita e a exigência de lucratividade maior nos contratos. O aumento provocado por esta política no valor dos fretes onera toda a economia de São Paulo. Nos transportes metropolitanos também há algumas iniciativas de privatização.

 

Estrutura e Orçamento

 

A aérea de transportes está dividida em duas secretarias: Secretaria de Estado dos Transportes e Secretaria de Transportes Metropolitanos. 

A Secretaria de Estado dos Transportes foi criada em 1963 e tem como objetivo, planejar, organizar, regular, executar projetos e fiscalizar o sistema de transportes, no âmbito do Estado. Nessa Secretaria está a gestão dos diversos modais como o rodoviário, aeroportuário, o hidroviário, travessias litorâneas e portos estaduais. No organograma da Secretaria de Transportes constam três autarquias, duas empresas e uma diretoria.

O Departamento de Estradas de Rodagem - DER - foi criado em 1934, anterior à Secretaria. É a autarquia que administra o sistema rodoviário estadual e sua integração com outros modos de transporte. Os salários são baixos, concursos não foram realizados para reposição de funcionários, os equipamentos estão sucateados. Dos 3998 funcionários, 2260 têm mais de 51 anos.     

Empresa de economia mista controlada pelo governo de São Paulo, a Dersa foi fundada em 1969 com o objetivo de construir, operar, manter e administrar rodovias, que foram concedidas à iniciativa privada e terminais intermodais.  As oito travessias litorâneas também são administradas pela Dersa.

A Artesp é a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo, criada em 2002, com a finalidade de fiscalizar e regularizar todas as modalidades de serviços públicos concedidos, permitidos ou autorizados a empresas privadas.

O Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo – DAESP - é uma autarquia criada para planejar a rede aeroportuária, construir e administrar aeroportos. Os recursos para o Daesp são escassos, sendo a maioria provinda do Programa Federal de Auxílios a Aeroportos – PROFAA -  do governo federal.

A Companhia Docas de São Sebastião foi criada em 2007 para administrar o Porto de São Sebastião, concedido pelo governo federal ao Estado. 

O Departamento Hidroviário – DH administra o trecho paulista da Hidrovia Tietê-Paraná, com 800 quilômetros de extensão. A capacidade instalada é de 20 milhões de toneladas, mas são transportadas apenas quatro milhões de toneladas.

A Secretaria dos Transportes Metropolitanos foi criada em 1991 e a ela compete o planejamento e a execução da política de transportes nas três regiões metropolitanas do Estado. Estão agregadas à Secretaria três empresas; Metrô - Companhia do Metropolitano de São Paulo, CPTM - Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos e EMTU - Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos.

O Metrô foi criada em 1969 e começou a operar em 1974. É uma empresa de economia mista que opera quatro linhas metroviárias, das quais somente duas estão completas.

A CPTM foi criada em 1992 opera seis linhas que atendem 22 municípios da Região Metropolitana.

A EMTU foi criada em 1986 para fazer o gerenciamento de sistemas de baixa e média capacidade, planejamento e fiscalização do transporte intermunicipal nas Regiões Metropolitanas de São Paulo, da Baixada Santista e de Campinas. 

A previsão orçamentária da área de transportes para 2010 corresponde a 14% do total orçado para o Estado e a 58% dos investimentos. 

 

Falta de planejamento 

 

A falta de planejamento do governo estadual afeta o transporte de passageiros e de cargas no Estado.

 Segundo dados do Departamento Estadual de Rodagem, o Estado é cortado por 194 mil quilômetros de estradas, entre federais, estaduais e municipais, a maior parte vicinal, dos quais 164 mil não estão pavimentados. Só recentemente, com aval do governo federal para contratação de empréstimo, é que as rodovias vicinais estão sendo recuperadas. As rodovias estaduais têm 22 mil quilômetros. Destas, 5.200 quilômetros têm cobrança de pedágio, que encarece as mercadorias que a população paulista consome.

O Estado de São Paulo abriu mão do transporte ferroviário, apesar de ser mais barato que o rodoviário. A Secretaria de Transportes não possui nenhum departamento para o setor. A malha ferroviária paulista passou para o governo federal e é operada por empresas privadas, concedidas em 1997 pelo governo FHC. Não há transporte ferroviário de passageiros, de médias e longas distâncias.

O transporte hidroviário, um terço mais barato do que o rodoviário, também carece de atenção do governo Serra. Falta uma gestão sistêmica que envolva criação de terminais públicos, incentivos para a criação de empresas de cargas e investimentos do Estado. A Hidrovia Tietê Paraná, em São Paulo, opera com 80% de capacidade ociosa.

São Paulo possui uma rede de 31 aeroportos. Os principais são Congonhas, Viracopos, Cumbica, Campo de Marte e São José dos Campos, todos operados pela Infraero, do governo federal. Falta empenho do governo do Estado, em dar melhor utilização à malha aeroportuária paulista, incentivando o transporte aéreo regional. Segundo o governo, há estudos para privatizar alguns aeroportos.

A Nova Marginal do Tietê está sendo executada com recursos do Tesouro do Estado e de concessionárias de rodovias estaduais. Vários urbanistas têm criticado a obra por privilegiar o transporte individual em detrimento do transporte coletivo. A estimativa inicial de custo era de R$ 800 milhões e a previsão mais recente é de R$ 1,9 bilhão.

 

Rodoanel superfaturado

 

O Rodoanel é uma obra projetada na década de 1970, que irá interligar as rodovias que acessam a cidade de São Paulo. O objetivo é que os veículos, principalmente caminhões, possam transitar de uma rodovia para outra sem precisar passar pela cidade. Vital para aliviar o trânsito da cidade de São Paulo. O atraso na construção faz com que os congestionamentos sejam cada vez maiores.   

O Rodoanel tem quatro trechos, o Oeste, o Sul, o Leste e o Norte.  O trecho Oeste começou a ser construído no ano de 1998 e foi inaugurado em 2002. As obras do trecho Sul só foram iniciadas em 2006. Paralisadas logo depois, foram reiniciadas em 2007. A inauguração está prevista para 2010, oito anos após a inauguração do primeiro trecho. O trecho Leste ainda não está licitado e o Norte está em fase de definição do traçado.

 Assim como o trecho Oeste, o trecho Sul foi alvo de auditoria do Tribunal de Contas da União, que aponta superfaturamento, falta de projeto básico, pagamento de obras não realizadas e antecipação de pagamentos. Após a licitação, o pagamento das obras por preço unitário foi substituído por preço global e houve troca de método construtivo. Além disso, o processo de construção foi acelerado, provavelmente por conta do calendário eleitoral,

Segundo relatório do TCU, no lote cinco já foi pago o equivalente a 96,6%, quando somente 73% das obras estavam construídas. Se forem computados todos os lotes, houve antecipação de pagamentos de R$ 100,7 milhões de obras ainda não realizadas. O pagamento dos serviços que não constavam originalmente no projeto foi de R$ 236 milhões.

O relatório aponta também a adoção de soluções de engenharia mais baratas, sem o correspondente desconto no preço, como a alteração do método de construção de viadutos por balanços sucessivos para o de vigas pré-moldadas e a redução do número destas vigas. Houve, também, a redução da área dos pisos dos viadutos, superior a 10.000m², com prejuízo de R$ 20 milhões para o Estado.  Pelo preço unitário se pagaria apenas o efetivamente medido.

O Ministério Público Federal evitou que o governo Serra pagasse R$ 234 milhões a mais para as empreiteiras e obrigou a Dersa e os consórcios que constroem o trecho Sul  a assinarem um Termo de Ajustamento de Conduta comprometendo-se a não celebrar mais nenhum termo aditivo e modificativo. 

Mesmo assim, o custo total passou de R$ 2,95 bilhões para R$ 3,6 bilhões e a imprensa já anunciou um novo aumento para R$ 4,5 bilhões, o que representará 52% de acréscimo em relação ao previsto inicialmente.

A fiscalização das obras também foi terceirizada a um custo de R$ 117,1 milhões

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Estrada e metrô privatizados

 

Em 1997, havia 40 praças de pedágios estaduais, todas sob gestão estatal.  Atualmente, são 225, todas sob concessão privada. Estão previstas mais praças para 2010. A contribuição do governo Serra, até o momento, no total é de 85 novas praças de pedágio privadas.

Uma viagem de ida e volta de São Paulo a São José do Rio Preto, pouco mais de 880 quilômetros, custa ao usuário R$ 118,00, em carro de passeio. Parte deste custo é explicado pela utilização do IGPM como indexador ao invés do IPCA, usado para medir a inflação oficial do Brasil. Enquanto o primeiro subiu 174% entre junho de 1998 a maio de 2009, o segundo aumentou 99% no mesmo período.

Por estes motivos, o governo federal, que realizou concessões rodoviárias não onerosas, utiliza o IPCA como indexador e estabeleceu taxas de retorno menores para as concessionárias, consegue praticar tarifas muito mais baixas. Assim, uma viagem na rodovia federal Fernão Dias, de São Paulo a Belo Horizonte, ida e volta, percorrendo uma distância de 1.124 quilômetros custa R$ 17,60, enquanto uma viagem de ida e volta de São Paulo a São José do Rio Preto, percorrendo 880 quilômetros em rodovias estaduais, sai por R$ 118,00.

Quando o PSDB assumiu o governo em São Paulo em 1995, a rede metroviária tinha 43,4 quilômetros de extensão.  Atualmente, tem 62,3. Nesses 15 anos, o Metrô avançou apenas 18,9 quilômetros, o que dá uma média de crescimento de apenas 1,26 quilômetros ao ano. Entre as grandes capitais do mundo, a rede só é maior que a de Buenos Aires, mas transporta quatro vezes mais passageiros por quilômetro instalado.

 

 

Quadro comparativo de redes de metrô

Cidade do México

Extensão (em km)

População (em milhões)

População da área metropolitana em milhões

Linhas

Estações

Pass/Dia (milhões)

Pass/Km

Londres

415

7,421

12,415

11

270

2,95

7.108

Nova Iorque

398

8,107

22,313

26

468

5,60

14.070

Madri

283

3,155

5,000

12

293

2,50

8.809

Tóquio

195,1

8,336

36,511

9

179

6,20

31.794

Paris

211

2,181

11,174

16

380

4,04

19.126

Cidade do México

201

8,657

22,926

10

175

4,10

20.398

Santiago

84

5,500

 -

4

84

2,40

28.571

São Paulo

61

10,886

19,917

4

55

3,70

60.655

Buenos Aires

44

3,000

13,325

8

93

0,70

15.909

 

Fonte: Elaboração da Assessoria de Transportes do PT, a partir de dados do Transport for London, Metropolitan Transportation Authority, Metro de Madrid, Tokyo Metro, RATP, Metro de La Ciudad de México, Metro de Santiago, Metrovías e World Metro Database, IBGE, INSEEE, World City Population   

*Número total de passageiros anual divididos por 365 dias

 

Como se observa, o Metrô de São Paulo é o mais lotado do mundo. Chega a transportar quase dez passageiros por metro quadrado, quando o aceitável é de quatro passageiros e o tolerável seis.

Quando forem inauguradas a Linha 4 – Amarela e o prolongamento da Linha 2 – Verde, a rede contará com 78 quilômetros, o que dará um crescimento médio de 2,3 quilômetros ao ano em 2010, a contar de 1995. Se mantida essa média, para o metrô paulista chegar aos 200 quilômetros levará mais 60 anos, ou seja, em 2.070.

Todas as linhas em construção estão com os cronogramas atrasados e neles ocorreram acidentes graves, como o desabamento da futura Estação Pinheiros, em janeiro de 2007, quando morreram sete pessoas. Há denúncias de pagamento de propina pela empresa Alstom a funcionários do governo estadual para ganhar licitações do Metrô. O Ministério Público Federal e Estadual está co-investigando o caso, assim com a justiça da Suíça.

O custo de implantação também é alto. A cidade de Madri, de 1995 a 2003, construiu 40 quilômetros de rede metroviária ao custo de US$ 42 milhões o quilômetro. Segundo o governo estadual, o custo do quilômetro em São Paulo é de R$ 400 milhões, o equivalente a 229 milhões de dólares americanos, ao câmbio de R$ 1,74 do dia 27 de novembro de 2009.

A manutenção do Metrô vem piorando. Os acidentes têm ocorrido de forma mais corriqueira e afetado a qualidade do serviço. Em 2009, foram inúmeras as paralisações dos trens por problemas mecânicos. No dia 25 de novembro, pela primeira vez na história da Companhia, dois trens colidiram.

No tocante a tarifas, o Metrô de São Paulo cobra passagens mais caras do que os do México, Buenos Aires e de Santiago. Em São Paulo a tarifa é quase 10 vezes a do México, cinco vezes mais a de Buenos Aires e 61% maior do que a de Santiago.

A Linha 4 – Amarela foi privatizada para a Via Quatro, que vai operá-la. Essa empresa vai ficar com a arrecadação da bilheteria dos passageiros que embarcarem numa das 11 estações da linha e parte da integração, quando o passageiro vier de outra. Por causa dessa concessão, o Estado tem aumentado, anualmente, as tarifas de todos os transportes públicos. Há uma cláusula no contrato firmado com a concessionária Via Quatro que garante reajuste anual da tarifa, que foi estendido aos demais sistemas.  Anteriormente, o reajuste tarifário era feito a cada dois anos.

Ainda, por causa da concessão da Linha 4 – Amarela, o governo estadual está terceirizando a arrecadação e gestão das bilheterias do Metrô, CPTM e SPTrans, junto com a Prefeitura de São Paulo. Essa privatização das bilheterias tende a aumentar os custos do sistema de transportes públicos, cujas tarifas estão entre as mais caras da América Latina e do mundo, segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – IDEC.  

 

Trens: estações precárias

 

A CPTM herdou uma malha centenária, que abrange a Região Metropolitana de São Paulo. Ela opera seis linhas, com 270 quilômetros e 89 estações. Atualmente, a rede transporta 2,2 milhões de passageiros por dia.

A modernização da Companhia está atrasada. A maior parte dos 115 trens é antiquada, alguns com 50 anos. O número de passageiros, no horário de pico, chega a 10 por metro quadrado. O intervalo entre um trem e outro é muito grande em algumas linhas.  Na Linha 8 – Diamante (Júlio Prestes – Itapevi) os trens não são reformados desde 1979.

A acessibilidade é precária, o orçamento é sempre baixo para adequar as linhas da CPTM. Algumas estações são centenárias, construídas no século XIX e início do XX. Elas precisam de elevadores, escadas rolantes, rampas e todos os equipamentos para que pessoas com deficiências possam utilizá-las. Por legislação federal, o prazo para adequação do sistema metroviário e ferroviário termina em 2014. O governo estadual não parece muito preocupado com isso, pois tem orçado quantias pequenas diante das necessidades e deixa de executar a  maior parte do que foi previsto.

A CPTM está iniciando um processo de privatização, com a área de manutenção da Linha 8 – Diamante. A concessão vai onerar o Estado e comprometer mais de R$ 200 milhões anuais do orçamento, conforme edital de licitação.

A empresa opera dentro de uma visão de transporte suburbano. Sem qualidade, todas as linhas operam com superlotação. Os projetos do Expresso Sudeste, Expresso Aeroporto e Trem de Guarulhos não saíram do papel.

Para o gerenciamento do transporte sobre pneus (ônibus) intermunicipal nas três regiões paulistas, a empresa responsável é a EMTU – Empresa Metropolitana de Transporte Urbano. São cerca de 2,1 milhões de passageiros por dia. Nas demais regiões, a gestão é feita pela agência reguladora, a Artesp. Não há fiscalização eficiente do serviço das operadoras. Os veículos são inadequados para transporte de média distância. Na Região Metropolitana de São Paulo ainda são utilizadas vans.

Apesar de atender as regiões mais periféricas, as tarifas são as mais caras dos modais de transporte público. Isso porque, o governo do Estado não paga as gratuidades, nem a meia passagem dos estudantes, como acontece na CPTM e no Metrô. Esse custo é repassado aos demais passageiros.

Os governos tucanos, desde 1995, não construíram integralmente nenhum corredor de ônibus no Estado.  O corredor Noroeste de Campinas, prometido desde 2006, anda a passos lentos, assim como o que vai ligar Diadema com o Brooklin. Os corredores Guarulhos – Tucuruvi e Itapevi – São Paulo, ainda não foram iniciados, apesar de prometidos para 2010. O Veículo Leve Sobre Trilhos, anseio da população há muitos anos, que deveria ser implantado pela EMTU na Baixada Santista, não teve as obras iniciadas.

O cartão Bom, que deveria integrar o sistema intermunicipal com o municipal, CPTM, Metrô e balsas, serve apenas como cartão eletrônico de pagamento de tarifa. Não garante integração nem desconto na tarifa, ao contrário do Bilhete Único, implantado na cidade de São Paulo em 2004 pela prefeita Marta Suplicy. O Bom é operado pelas empresas concessionárias que ganham para prestar um serviço que deveria ser feito pela EMTU.

O transporte rodoviário estadual está sem contrato de concessão e o transporte intermunicipal, excetuadas as regiões metropolitanas, chamado de suburbano é usado por 168 milhões de passageiros anualmente.

Transporte caro, não possui qualquer tipo de subsídio, sendo totalmente custeado pelos usuários.

 

Investimentos da União

 

O governo federal tem investido muito nos transportes no Estado de São Paulo. No Rodoanel será R$ 1,2 bilhão do orçamento da União, cuja maior parte já foi disponibilizada. Na parte de empréstimo, foram autorizados R$ 9,118 bilhões, o maior da história do Estado, para investimentos em transportes. São R$ 660 milhões para recuperação e pavimentação de estradas vicinais, R$ 722 milhões para recuperação de rodovias, e R$ 7,735 bilhões para ampliação e melhoria do Metrô e da CPTM (cerca de 36% do Plano Expansão).  São empréstimos que o governo paulista nunca teve como fazer, pois a União, antes do governo Lula, não dava aval.

O governo federal contratou o projeto do Trem de Alta Velocidade, que fará a ligação Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, 511 Km, a um custo estimado de R$ 34 bilhões.

O Porto de Santos tem passado por reformas, como a construção das avenidas Perimetrais da Margens Direita, com pista dupla, e 12 quilômetros de extensão da Avenida da Perimetral Margem Esquerda, com pista dupla e quatro quilômetros de extensão  e dragagem do canal para possibilitar trânsito de navios de maior porte.

O Aeroporto de Congonhas teve sua pista e terminal de passageiros recuperados. Para Cumbica, está previsto o terceiro terminal de passageiros e para Viracopos, a segunda pista e o terminal de passageiros. 

 

Deputados (as) Estaduais do PT

 

Adriano Diogo

www.adrianodiogo.com.br

(11) 3886 6845/6850

adiogo@al.sp.gov.br

 

Ana do Carmo

(11) 3886 6548/6553

anadocarmopt@al.sp.gov.br

 

Ana Perugini

www.anaperugini.com.br

(11) 3886 6678/6680

aperugini@al.sp.gov.br

 

Antonio Mentor

www.antoniomentor.com.br

(11) 3886 6753/6754

amentor@al.sp.gov.br

 

Beth Sahão

www.bethsahao.com.br

(11) 3886 6643/6657

bsahao@al.sp.gov.br

 

Carlinhos Almeida

www.carlinhosalmeida.com.br

(11) 3886 6741/6759

gabinetesp@carlinhos.org

 

Donisete Braga

www.donisetebraga.com.br

(11) 3886 6784/6886

dpbraga@al.sp.gov.br

 

Enio Tatto

www.eniotatto.com.br

(11) 3886 6950/6944

eniotatto@al.sp.gov.br

 

Fausto Figueira

www.faustofigueira.com.br

(11) 3886 6689/6693

 fausto@faustofigueira.com.br

 

Hamilton Pereira

www.hamiltonpereira.org.br

(11) 3886 6952/6953

gabinete@hamiltonpereira.org.br

 

José Candido

www.josecandido.com.br

(11) 3886 6836/6860

josecandido@al.sp.gov.br

 

José Zico Prado

www.josezico.com.br

(11) 3886 6634/6666

gabinete@josezico.com.br

 

Marcos Martins

www.marcosmartinspt.com.br

(11) 3886 6241/6242

mmartins@al.sp.gov.br

 

Maria Lúcia Prandi

www.marialuciaprandi.com.br

(11) 3886 6848/6854

mlprandi@marialuciaprandi.com.br

 

Roberto Felício

www.robertofelicio.org

(11) 3886 6768/6769

 rfelicio@al.sp.gov.br

 

Rui Falcão

www.ruifalcao.com.br

(11) 3886 6776/6777

rfalcao@al.sp.gov.br

 

Simão Pedro

www.simaopedro.com.br

(11) 3886 6658/6642

 spedro@al.sp.gov.br

 

Vanderlei Siraque

www.siraque.com.br

(11) 3886 6865/6866

siraque@siraque.com.br

 

Vicente Cândido

www.vicentecandido.com.br

(11) 3886 6648/6652

vcandido@al.sp.gov.br

 

 

Esse “Diagnóstico” está disponível também no site da nossa bancada, podendo ser impresso e aproveitado, e está sendo inclusive requisitado em outros estados. Não é necessário pagar nada, é de graça, podem ter acesso a esses dados, e é uma versão inclusive maior do que essa, também no site da nossa bancada, com outras tabelas, outros números.

Quero também me pronunciar a respeito de mais um fato de abandono na nossa Capital. Já não bastava o descaso com relação às enchentes, agora a prefeitura corta transporte gratuito dos alunos. Mães de alunos da zona Leste se reuniram ontem na frente da prefeitura para protestar contra o fim do transporte escolar gratuito. Pelo menos três escolas do Jardim Santa Terezinha, do Parque Savoy, do Jardim Brasília e do Jardim Ipanema estão ficando sem transporte. As crianças já não têm mais o vai e volta por determinação da prefeitura.

Aqui, o jornal “Agora” cita a comerciária Maria do Socorro Barbosa da Silva, 37 anos. Segundo ela, a prefeitura afirmou que o transporte só pode ser dado quando a distância entre a casa do aluno e a escola é maior que dois quilômetros. “O problema é que somos de uma comunidade pobre, com escadões e vielas, o que coloca em risco as crianças”, afirma. Já foram até o Conselho Tutelar, ao Ministério Público, mas isso parece pouco diante da insensibilidade do Prefeito Gilberto Kassab. Quer dizer, pouco importa que a população esteja alagada, afundada, pouco importa que as crianças não tenham o transporte escolar. O que conta é acumular, fazer obras e pensar no respaldo à candidatura do Governador José Serra a presidente da República, a tal ponto que o prefeito se submete, no carnaval, a ficar escondido para não contaminar o Governador com a sua má imagem - como se a imagem do Governador também fosse muito boa.

Fica aqui a nossa denúncia e o nosso apelo para que essa decisão seja revista, e as crianças possam voltar a ter o transporte escolar porque são crianças em regiões carentes. O transporte escolar é a condição para que possam ter condições de estudo. E no momento em que se fala tanto na importância da Educação, não se propiciam as condições mínimas para que as crianças possam estudar.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Bruno Covas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jonas Donizette. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Célia Leão. (Pausa.)

Srs. Deputados, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlinhos Almeida. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Otoniel Lima. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Lelis Trajano. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vinicius Camarinha. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - Caro Sr. Presidente, Deputado Conte Lopes, assomo à tribuna para destacar a publicação da bancada do Partido dos Trabalhadores e quero fazer menção ao meu Líder, Deputado Rui Falcão, que coordena a nossa bancada de 19 Deputados e Deputadas na Assembleia Legislativa. A mencionada publicação se chama “Diagnóstico da Gestão Tucana em São Paulo”, onde apresentamos o diagnóstico da nossa bancada sobre a gestão tucana no Estado de São Paulo. São citadas de forma muito clara e cristalina as principais críticas com relação ao modo tucano de governar o Estado. Constatamos no dia a dia, no diálogo com a população, que o Governo PSDB, a cada ano que passa, vem diminuindo os recursos de investimento de políticas públicas, como, por exemplo, na Educação. Tornou-se muito comum debate com os professores, que estão sem motivação e estímulo por não existir qualquer debate efetivo junto ao Governo tucano, especialmente com o Secretário Paulo Renato.

A mesma coisa acontece com relação aos investimentos na Saúde do Estado de São Paulo. Observamos a precarização dos serviços públicos. Quando precisamos de um atendimento básico e importante, é necessário fazer uma grande movimentação. Todos os anos, aprovamos  1% do ICMS para investir na Habitação e não percebemos nenhuma política efetiva do Governo do Estado de São Paulo com relação às políticas habitacionais no Estado.

Há um tema que tem sido muito pautada por nós, que é a questão da criança e do adolescente. O Governo divulgou a alteração do nome Febem para a Fundação Casa, mas os métodos e os conceitos são os mesmos. Ou seja, não há uma política afirmativa propositiva de investir nos adolescentes do nosso Estado. Temos modelos muito bem sucedidos, por exemplo, no Município de São Carlos, onde o prefeito envolveu a comunidade, igrejas católicas e evangélicas e entidades que debatem o tema criança e adolescente. Ele conseguiu recuperar os jovens internados na antiga Febem. São esses os modelos que queremos destacar e muitos deles são realizados em pequenos e médios municípios do Estado de São Paulo, sem o apoio, muitas vezes, do Governo do Estado. Infelizmente, o Governo do Estado não faz a mesma coisa.

Esse “Diagnóstico” que a nossa bancada apresenta não aponta apenas as principais críticas com relação aos Governos do PSDB no Estado de São Paulo. Aponta também uma série de investimentos do Governo Federal no Estado. Ontem mesmo dizia desta tribuna sobre o que o Presidente Lula tem investido - e muito - nas políticas públicas no Estado de São Paulo, junto ao Governo José Serra. Isso é uma coisa que no Governo Fernando Henrique Cardoso não acontecia.

Por isso, destaco esse “Diagnostico” em relação aos investimentos do Governo Federal. Ao  mesmo tempo, a bancada do PT apresenta uma crítica muito responsável e consistente  porque entendemos que, pela importância que representa o Estado de São Paulo, o mais importante da Federação, infelizmente, os tucanos não tiveram uma visão para planejar,  uma visão de gestão para recuperar o potencial significativo que tem o Estado de São  Paulo. Portanto, mais uma vez, a nossa bancada apresenta aqui não só soluções importantes, mas estaremos fazendo o debate este ano com relação a eleições e apresentar  uma proposta afirmativa ao Estado de São Paulo, aos 645 municípios, prefeitos, vereadores,  enfim à sociedade civil que aguarda que pela primeira vez tenhamos um governador que  invista em políticas públicas importantes para o Estado de São Paulo. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Esgotado o tempo do Pequeno expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

* * *

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Tem a palavra a nobre Deputada Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim, por permuta de tempo com o nobre Deputado Vitor Sapienza.

 

O SR. LUIS CARLOS GONDIM - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, gostaria que nos acompanhassem sobre esse trabalho da Frente Parlamentar em defesa dos chacareiros.

Aqui as fotos nossas junto aos chacareiros e quem são esses chacareiros. Temos aqui uma área de proteção a mananciais, já liberada pelo Secretário Xico Graziano pelo estudo já feito. Temos aqui o cinturão verde, com 15% de produção de hortaliça do Estado de São Paulo, onde pedimos ao Incra que fizesse o levantamento para passar a posse de cada terra dessa para seus respectivos donos.

Tudo começou, mais ou menos, em 1900 onde essas pessoas foram morar num terreno que pertence à Santa Casa de São Paulo e passaram a ter suas atividades agrícolas. Durante todo esse tempo, eles não conseguiram ser donos da terra, pagavam o aluguel a Santa Casa. Agora a Santa Casa vendeu essas terras para uma empresa chamada Itaquareia e vários processos foram lançados contra os donos dessas terras para que eles perdessem a sua posse.

Solicitamos ao Incra um estudo do que é a terra produtiva. E essa terra produtiva é responsável por 15% das hortaliças do Estado de São Paulo. O que temos aqui? Chácaras pequenas, produtivas e em cada uma delas moram aproximadamente três a cinco famílias. São duas mil famílias que moram nesse entorno entre Mogi e Suzano. No total são aproximadamente 10 mil famílias.

A empresa quer essas terras para extrair e vender areia. Isso é um absurdo. O que fizemos? Pedimos ao Incra de São Paulo que fizesse um levantamento. Pedimos ao presidente do Incra Rolf Hachbart que estudasse o caso e desse a posse dessas terras a essas famílias. Esse é um dos encontros onde estamos com o Deputado Cândido, Deputado Simão Pedro para tentar, junto com alguns chacareiros, resolver esse assunto o mais rápido possível.

Duas leis poderiam ser aplicadas: uma, a Lei 4182, que faz a desapropriação por interesse social e, como é uma terra que vem desde 1900 de pai para o filho e com a condição produtiva, essa lei é que seria ideal para se aplicar. Uma outra lei, a Lei 8136 de Reforma Agrária.

O que queremos? Fomos novamente ao Incra e pedimos ao Ministro da Reforma Agrária Guilherme Kassel que estudasse o caso e remetesse, o mais rápido possível, a condição de proprietários a essas famílias. Uma procuradora deu essa condição que deveria ser feita pela Lei da Reforma Agrária e não pela lei de interesse social.

O que fizemos? Foi feito novamente um estudo. Foi demonstrado que são terras produtivas e voltamos a Brasília, na segunda-feira próxima passada, onde estivemos com o líder do Governo, produtores, Idalmiro, advogado, Deputado Cândido - o Deputado Simão Pedro não chegou a tempo - e pedimos novamente que fosse reconsiderado e feito pela Lei 4132/62, que é a da Reforma Agrária.

Estou fazendo aqui apelo à Bancada do PT, á Bancada do PSOL, aos deputados desta Casa para que essa Frente Parlamentar recebesse agora o apoio total com a assinatura dos deputados, principalmente da Bancada do PT, para que a condição política chegue até a Ministra Dilma, ao Ministro Guilherme Kassel para aplicar essa lei dando essas terras a quem de direito.

Toda essa terra é produtiva. Ela não está improdutiva e não é de interesse comercial. Peço atenção aqui aos nossos deputados do PT e aos presentes: cada quadrado desse significa três, quatro ou cinco famílias.

Estou pedindo que se faça uma Reforma Agrária para liberação dessas terras produtivas a quem de direito porque essas famílias moram lá há 50, 60, 80 anos e há outras que moram 15 ou 20 anos, ajudando assim o nosso representante do Incra em São Paulo, Sr. José Raimundo, também chamado de Bombril, o Sinézio, que fez todo esse estudo, e principalmente a esses trabalhadores a não entrarem em conflito, pois a empresa manda passar o carro durante a noite e diz que a qualquer hora vai derrubar essas casas. E isso é um absurdo. Têm 15 milhões de metros quadrados e quer esses espaços abertos para extrair areia. Acho absurdo tirar todo esse plantio para apenas extrair areia, enriquecendo uma pessoa e não deixando quatro ou cinco pessoas utilizarem-se de cada quadradinho desse para manter suas famílias.

O meu pedido aqui, principalmente à Bancada do PT, ao próprio Cândido Vaccarezza, hoje líder do Governo, deputado Federal, ao Aloizio Mercadante, ao Arlindo Chinaglia, que tem se empenhado para isso, é que o Governo faça, o mais rápido possível, a Reforma Agrária porque essas terras já vem há muito tempo produzindo e não se faz a liberação que pode ser feita com apenas uma assinatura a um decreto do Ministro da Reforma Agrária.

Quero, aqui, agradecer a todos os membros dessa Frente Parlamentar porque o estudo está terminado, há condição de se fazer um decreto e de pagar essa empresa que tem interesse único e exclusivamente em explorar a areia - e aí está com a areia -, que comprou essas terras da Santa Casa de São Paulo, terras de herança que foram doadas para a Santa Casa e vendidas para essa empresa Itaquareia. Pedimos o empenho político desta Casa junto ao Líder do Governo Lula e ao ministro da Reforma Agrária no sentido de olhar com mais carinho a situação desses chacareiros. Mil famílias serão beneficiadas, mas as outras mil caíram num espaço que é do município, cuja liberação não compete ao Incra ou ao Ministério da Reforma Agrária. Pertence à atual Prefeitura de Mogi das Cruzes, que tem de fazer as adaptações necessárias das terras que antes se chamava de terras invadidas. Não existe nada hoje que impeça a liberação para a reforma agrária no Município de Mogi das Cruzes. O medo que se tem a partir de agora é que se essa empresa continuar com jagunços aterrorizando, se parta para o confronto, para a briga de grupos, onde uns querem viver e produzir e outros querem apenas explorar areia.

Portanto, peço o empenho político desta Casa junto ao Ministério da Reforma Agrária e à própria Ministra Dilma Rousseff no sentido de conseguir esse decreto o mais rápido possível.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Felício.

 

O SR. ROBERTO FELÍCIO - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, público que nos acompanha através da TV Assembleia, público presente nas galerias, boa tarde.

Deputado Luis Carlos Gondim, quando V. Exa. solicitou a nossa atenção para o painel dizendo ‘quero chamar a atenção dos deputados do PT’ é porque não havia outras bancadas no plenário, salvo a presença do Deputado Raul Marcelo, do PSOL. Então V. Exa. só tinha de apelar à Bancada do PT e à Bancada do PSOL dada a ausência das demais bancadas neste momento, não porque o assunto fosse afeto somente a nós.

Mas, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, ontem tivemos no Largo São Francisco, em frente à Faculdade de Direito, uma manifestação da Polícia Civil. No dia 5 também o sindicato dos professores do ensino oficial do Estado de São Paulo e demais entidades da Educação vão fazer um encontro. O pessoal da Educação está dizendo que dadas as condições estabelecidas com o Governo do Estado pode haver paralisação das atividades, atividades, aliás, já prejudicadas pela bagunça generalizada que o Governo criou atrasando o início do ano letivo por causa do processo de atribuição de aula a milhares de profissionais do ensino inclusive desempregados.

Há 15 dias aproximadamente tivemos aqui na Assembleia Legislativa a posse do conselho e da executiva da direção do SindSaúde, que também tem um descontentamento muito grande.

Estou fazendo estes alertas para dizer que a próxima segunda-feira, dia 1º de março, é a data-base do funcionalismo público, portanto fevereiro deveria ser o mês do processo de negociação coletiva dos servidores públicos do Estado para o mais tardar até o dia 28 chegar - ou não - a bom termo, e no dia 1º estabelecer claramente a nova política salarial dos servidores públicos para os doze meses subsequentes. Data-base, como se sabe, é um dia do ano em que se faz a revisão salarial da categoria profissional. Tem a data-base dos bancários, dos metalúrgicos, dos trabalhadores em alimentação, cada categoria tem a sua data-base. Os servidores públicos, depois de 18 anos da promulgação da Constituição, conseguiram finalmente estabelecer a data-base, mas o Governo não respeita. Aliás, no dia de hoje vemos a seguinte notícia, segundo um jornal da grande imprensa: “Serra lança pacote de bondades ao servidor.

O Governo vai gastar... - olha o truque - ... 730 milhões anuais.” Para quem não conhece muito os números do orçamento público pensa que se trata de um valor exorbitante. Setecentos e trinta milhões corresponde apenas a 0,5% do Orçamento. Como folha de pagamento é uma coisa mensal, as pessoas são levadas a supor que se trata de 730 milhões por mês na folha de pagamento, mas na verdade dá aproximadamente 60 milhões por mês, porque são 730 milhões ao longo de um ano, incluindo o 13º. Portanto, 730 milhões é menos de 0,5% do Orçamento.

Mas tem outra coisa interessante na notícia. Quem está dizendo é a “Folha”, não é uma afirmação minha, do PT. A “Folha” diz “um mês antes da provável saída do governador para uma provável candidatura a presidente, ele lança um pacote de bondades para os servidores” - foi bondade da “Folha” chamar isso de bondade. Na verdade, a proposta que o Governador faz e que a “Folha” está adiantando, é distribuir estes 730 milhões ao longo dos próximos quatro anos, portanto, até 2014, o que significa que o governador que não fez nada ao longo do seu mandato, que enfrentou greves da Saúde, da Educação e da Polícia. Esse pacote de benefícios (o que supostamente seria um pacote de bondades é pura maldade) vai ser vai ser pago pelo futuro governador eleito que não sabemos quem será.

Tomara que não seja um sucessor de José Serra, tomara que não seja da mesma turma, aliás, está cada vez mais difícil. A população paulista felizmente está começando a perceber que os servidores vão fazer campanha contra o eventual candidato do Serra, se não o próprio Serra, não está tão certo ainda que ele vá para a aventura de uma provável derrota nas eleições presidenciais.

Vejam a bagunça generalizada aqui no estado de São Paulo, o problema aqui na capital com o Kassab, o problema lá em Brasília com o Arruda, o problema lá no Rio Grande do Sul com a Yeda Crusius, a propósito, ninguém ouve falar muito da Yeda Crusius não é? Aliás, tem deputado tucano aqui que vem lembrar coisas de 2005, mas se esquece que dos poucos governadores tucanos, a candidatura de Yeda Crusius está inviabilizada eleitoralmente no Rio Grande do Sul. Os tucanos nem sabem se a governadora vai disputar sua própria sucessão no Rio Grande do Sul. Hoje saiu a condenação do povo ao chamado mensalão mineiro. Lá não dizem o nome da pessoa e, quando dizem, não citam a filiação. Felizmente está havendo uma percepção, está mudando a situação política no estado de São Paulo. Mas falarei disso em outra oportunidade.

Quero chamar a atenção da população do estado de São Paulo para a situação gravíssima que o estado poderá vir a presenciar, além da que já vivemos, de absoluta falta de gerenciamento. Andando pelo interior de São Paulo paga-se pedágio 5, 6, 7 vezes mais caro do que na Fernão Dias, por exemplo, que é concessão federal. Já tem até decisão judicial mandando baixar o preço de alguns pedágios, como na marginal da Castello Branco. Isso vai começar a refletir em outros lugares. Há movimentos no interior contra o pedágio. Às vezes, para andar num espaço de 30 quilômetros, entre Piracicaba e Limeira, paga-se quase 5 reais. E com 5 reais anda-se 200 quilômetros na Fernão Dias. No estado inteiro há problemas de toda ordem. Mas quero alertar para o fato de que poderemos viver uma situação grave. O que aconteceu ontem no Largo de São Francisco pode significar uma nova situação insustentável na segurança pública deste estado, pode haver uma nova greve do pessoal da Polícia Civil.

A julgar pela manifestação do Sindicato do Professores poderemos ter problemas da mesma ordem na área da educação. A julgar pelo que informaram os nossos dirigentes do SindSaúde, quando estiveram aqui na Assembleia, para a posse do conselho, pode ter problemas na área da saúde também. Poderemos vivenciar uma situação muito grave aqui no estado de São Paulo. O governo, ao invés de abrir um processo de negociação exatamente para que o 1º de março, dia da data-base signifique uma solução se não absolutamente satisfatória, mas razoavelmente duradoura para que possam no próximo período do intervalo de 12 meses terem segurança de uma política salarial.

Os policiais fizeram uma manifestação para cobrar promessa de 2008 e reivindicar exatamente a negociação da data-base de 1º de março. Hoje já é dia 25 de fevereiro e tinha que ter tido negociação ao longo de janeiro, pelo menos ao longo de fevereiro, e hoje já deveria ter um acordo de um possível dissídio coletivo para que, segunda-feira, fosse enviada para a Assembleia Legislativa uma proposta para todas as categorias profissionais, para todas as secretarias, para universidades, para todos os setores do serviço público.

Mas o que assistimos é, mais uma vez, à absoluta insensibilidade do governo; a lógica do governo é maltratar os servidores e responsabilizá-los pelas mazelas que afligem o serviço público no Estado de São Paulo, parte deles terceirizados, entregues à iniciativa privada, como acontece fortemente na área da saúde. Sr. Presidente, agradeço pela tolerância.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Por permuta com o nobre Deputado Roberto Morais, tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, amigos da TV Assembleia, falamos no Pequeno Expediente sobre a proposta de aumento que o Governador José Serra deve enviar à Assembleia. Conversando com o Secretário de Gestão Pública, Sidney Beraldo, na semana passada ele nos disse que realmente o governador compreendeu e estava sendo alertado exaustivamente sobre o quanto é nefasto o ALE, e o que se procura é de alguma forma atender o aposentado, evitar que as pessoas não deixem de passar para a inatividade por perderem no seu salário. O policial militar é uma categoria diferente, pois a pessoa mais velha tem mais experiência, mas o soldado mais velho não tem a força física necessária para perseguir bandido, para todas as emoções devidas ao perigo do crime. Trabalhei durante 35 anos na Polícia Militar e conheço bem esse problema. Por isso que o soldado pratica esporte, joga futebol todo dia, treina porque ele depende de sua forma física.

Então as pessoas estão atrasando a passagem para a inatividade para não perder 40% do seu salário. A intenção é a de que os três níveis do ALE sejam transformados em dois e espero que o aposentado seja realmente atendido, que o cidadão ao se aposentar leve esse valor no seu salário.

Outro tema que teremos nos próximos dias é a Marcha da Maconha. De novo, Marcha da Maconha. Imaginem os senhores que mudaram a Marcha da Maconha para Marcha do Orégano. O que é isso? É para dizer que cada um vai levar o seu baseado mas vai ser de orégano, de chá. Mas a “Folha de S.Paulo”, que assino, gasta páginas inteiras falando sobre a maconha. Mas, por exemplo, não leem um livro de minha autoria que em um capítulo diz que defender a maconha é propaganda enganosa. Porque, como para a droga não tem cura, o cidadão que fumou aquele baseado aos 14 anos de idade tem isso registrado em sua memória química e a medicina, ninguém sabe o que fazer, não há remédio. Tenho um paciente que foi internado 45 vezes. Então, se não tem cura, como incitar as pessoas, o jovem dizendo que estão falando bem da maconha?

Quero ter no meu programa de televisão apenas um drogado feliz; não conheço, e lido com drogados há 37 anos; já passou por mim, um Maracanã lotado de drogados. Quero que me tragam juntamente com a mãe um cidadão que fuma maconha e que seja feliz. E a mamãe dele dizendo “esse é meu filhão”. “Meu maior orgulho é ter um filho maconheiro”. “Esse maconheiro aqui é meu filho”. Isso não existe! O cara que cheira cocaína e que é a favor da liberação que traga o seu filhinho de dez anos dizendo “papai, o senhor vai cheirar hoje, cheira bastante, e quando eu crescer vou imitar o senhor, vou ser um grande cheirador também.” Isso não existe! É só problema! É só desgraça, é só tristeza! No jornal há frases soltas. Por exemplo: “Consumo de maconha sobe entre idosos”. Só que isso é nos Estados Unidos, em algum lugar que eles fizeram a pesquisa. E cita o nome de meia dúzia de “xaropetas” que fumam maconha. Um diz que é para não doer a coluna. E o mal que isso faz?

Deputado Gondim, médico e meu amigo, com muita alegria cedo um aparte a V. Excelência.

 

O SR. LUIS CARLOS GONDIM - PPS - Gostaria de parabenizá-lo, coronel Ferrarini, pela luta de V. Exa. contra essa marcha a favor da liberação da maconha. Temos um escândalo aí: a venda de cocaína ultrapassou a venda de maconha, bem como sua apreensão em nosso país. Ou seja, nossas fronteiras estão abertas permitindo a entrada de drogas que viciam com grande rapidez, como é o caso da cocaína feita com crack. Então, temos que continuar nessa luta. Parabéns por essa luta. Precisamos combater o uso da maconha, da cocaína, do ecstasy, e outras drogas. Parabéns!

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Obrigado, Deputado Gondim.

Não bebo, não fumo, nunca usei drogas. Recupero pessoas há 37 anos, sem cobrar um único centavo. Mantenho um centro enorme defronte o Santuário São Judas Tadeu, na Av. Jabaquara, 2669. Estou lá todas as terças e quintas, como uma missão de vida, para ajudar as pessoas. É absolutamente grátis. Ninguém pode levar um centavo. Se alguém me der uma caneta bic eu devolvo. Não quero nada. Pesquisei drogas no mundo inteiro, como no Canadá. Só para pesquisar sobre maconha estive duas vezes em Amsterdã, na Holanda. Escrevi cinco livros sobre o tema. Trabalhei com o Deputado Conte Lopes na Rota e nunca soubemos de alguém que enfiou o revólver na cabeça de um jovem e falou “cheira essa cocaína senão você morre, fuma esse cigarro de maconha”. Não. É pela mão do melhor amigo.

É preciso fazer uma campanha de prevenção.Pais, falem com seus filhos, falem antes que a boca maldita do traficante o faça. Não tenham medo de conversar com seu filho. Expliquem os males e o prazer inicial. No começo realmente a maconha vai dar um prazer muito grande. Ele vai dar risada, o tempo vai passar e ele não vai perceber. Enfim, ele vai achar que o mundo todo é feito de idiotas e que ele descobriu o que é bom. Quem cheira cocaína pela primeira vez, ama. Dizem os meus pacientes que eles amam. Só que registra na memória química e não apaga nunca mais. O mundo não tem remédio para isso, como não tem para o cigarro nem para o álcool.

Então para que incentivar, para que fazer marcha da maconha? Parabéns ao promotor que já proibiu nos dois anos anteriores. Espero que proíba mais uma vez. E nos próximos 30 dias vou fazer uma marcha pela família, contra as drogas. Vou levar panfletos informando que elogiar a maconha é propaganda enganosa, é omitir, é mentir para as pessoas.

Vamos continuar falando sobre esse tema com que lido há muitos anos. É o tema da família. O pai que tem um filho drogado, com todo respeito, sabe a dificuldade dessa situação. Nada contra o drogado. Mas é bom que os pais falem antes da primeira experiência porque depois pode ser muito difícil o caminho de volta.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado.

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários desta Casa, telespectadores da TV Assembleia, público que nos assiste das galerias, venho a esta tribuna para fazer a mesma reclamação de um ano atrás, quando pedi ao governador que mandasse para a Assembleia Legislativa o projeto do FEAP a fim de anistiar os agricultores inadimplentes que precisam plantar na safra 2010/2011. O Governador José Serra enrolou os agricultores no ano passado. Já estamos no fim do mês de fevereiro e o agricultor começa a preparar a sua safra 2010/2011 a partir de agora. Portanto, está na hora de chegar esse projeto nesta Casa. Fiz contato com a Secretaria da Agricultura no sentido de que o projeto seja enviado rapidamente a esta Casa para que possamos aprová-lo e assim a situação dos agricultores seja resolvida.

Falo isso porque o governo Lula já fez isso no Pronaf. Por que o governador José Serra não faz o mesmo pelos agricultores que têm terra mas não podem plantar porque o banco não faz empréstimo para eles?

Governador, o senhor não consegue entender a importância da agricultura no Estado de São Paulo e jamais vai entender o projeto da agricultura do Brasil. Portanto, não merece o voto do povo paulista, principalmente dos agricultores, porque não olhou em nenhum momento para a agricultura do Estado de São Paulo.

Digo isso porque no ano passado vivemos uma situação muito complicada na área da citricultura. Milhões de caixas de laranja foram jogadas fora. Por sinal, cada cinco ou seis anos ela dá uma quebra, prejudicando milhares de agricultores porque o preço vai de um a dois reais a caixa de 40 quilos de laranja. Não podemos aceitar isso porque o Estado de São Paulo é o maior produtor de laranja do mundo. Como o governo estadual não tem uma política para a citricultura? Pior que isso, o Governador José Serra acaba de fazer uma licitação para a Secretaria de Educação para a compra de milhões de caixas de néctar de laranja. Vai dar o bagaço, a casca da laranja para as crianças do Estado de São Paulo. Por que ele não compra suco de laranja para valorizar o agricultor, para incentivar a agricultura da laranja no estado? Ele vai comprar néctar produzido por uma empresa do Rio Grande do Sul. A laranja sai daqui e vai para lá, a preço de nada.

Governador, estamos revoltados. Não dá para entender como o governador do estado que é o maior produtor de laranja quer comprar néctar de uva, néctar de laranja, néctar de maçã e deixa a laranja apodrecer no pomar. Não entra na cabeça de nenhum cidadão do Estado de São Paulo nem do Brasil um governador que não tem essa sensibilidade de dar um produto de qualidade na merenda para que as crianças possam cada vez mais apreciar um suco que é nosso e ele vai colocar na merenda escolar um néctar.

Amanhã vai haver um seminário da citricultura em Bebedouro. Vou estar lá e registrar essa situação em que o Governador do Estado de São Paulo está colocando a agricultura, principalmente a citricultura no Estado.

Temos que fazer com que os citricultores do Estado de São Paulo tenham a coragem de dizer para o Secretário da Agricultura, de dizer para o Governador José Serra que queremos colocar suco de qualidade na merenda escolar das prefeituras do Estado de São Paulo. É assim que o Governo Federal tem incentivado os agricultores a comprar do pequeno produtor, ao contrário do Governador José Serra aqui no Estado. O Governador José Serra vai comprar néctar no Rio Grande do Sul. É o Estado de São Paulo, é uma empresa brasileira? Tudo bem. Mas precisa olhar para o pequeno agricultor que esse ano faliu com a citricultura.

Então não podemos deixar que o Governo do Estado de São Paulo faça com que cada vez mais o Estado de São Paulo não tenha condição de produzir. E mais do que isso, tem virado as costas para a citricultura. O Fundecitrus no Estado de São Paulo fechou. Não tem mais a fundação que pesquisa, que investe para descobrir a laranja do greeming que está afetando todos os pomares e não dá nenhum incentivo para o agricultor. Se hoje um agricultor encontra no seu pomar um pé de laranja com greeming ele tem que arrancar 30 pés de laranja em volta daquele que está contaminado; isso é bom. Mas o agricultor não pode perder; ele já investiu anos nesses pés de laranja.

Portanto quero aqui registrar minha revolta com esse tipo de proposta de projeto que o Governador tem para a agricultura, assim como ele faz com o funcionalismo.

Ontem, na reunião da Comissão de Transporte da Assembleia Legislativa, estavam lá, novamente, os funcionários do DER. E o Governador vem com demagogia para cá com projeto de lei do salário mínimo do Estado de São Paulo de R$ 560,00. Vejam quanto o Governador está pagando para os funcionários do DER. Mandar projeto de lei para a Assembleia Legislativa para os outros pagarem é fácil. Por que, então, ele não cumpre esse papel, lá no DER, para aqueles funcionários que durante tantos e tantos anos têm quase que passado à mingua, sem reajuste salarial, sem condições nenhuma?

Ouvi aqui o Deputado Edson Ferrarini falando que vai vir um pacote para cá; com certeza o DER não vai estar nesse pacote, porque o Governador está cada vez mais colocando o DER num beco para extingui-lo. Pode até ser que ele possa fazer isso. Mas não pode fazer isso com um ser humano, com os trabalhadores do DER que durante tantos e tantos anos dedicaram sua vida ao trabalho. Se hoje as estradas do Estado de São Paulo estão nas condições que estão, devemos muito aos funcionários do DER.

Estou fazendo questão de sublinhar isso nesse momento em que uso a palavra no Grande Expediente porque os funcionários, o sindicato tem estado presente em todas as reuniões da Comissão de Transporte; estiveram presentes também no ano passado. Durante o processo de votação do Orçamento a Comissão de Transporte elaborou emendas as quais não foram aceitas pelo Governador, emendas essas que não eram de cunho individual de nenhum Deputado desta Casa, mas apresentadas pela Comissão de Transporte. Mesmo assim o Governador José Serra orientou a bancada governista para não aceitá-las.

Os deputados desta Casa, que também votaram o Orçamento dessa forma, têm responsabilidade, não podem omitir-se. Temos nesta Casa condições de mexer na peça orçamentária.

Digo isso porque cada vez que vejo funcionários do DER na Comissão de Transporte sei, antecipadamente, o discurso que eles vêm fazer, e aquilo que eles estão pleiteando; não podemos fechar os olhos para isso durante tantos anos. Eu que participo da Comissão de Transporte, desde o meu primeiro mandato, tenho visto eles aqui reclamando da situação. E o Governador vem fazer demagogia mandando para cá um projeto de lei colocando o salário mínimo a R$ 560,00 e não paga isso para o funcionalismo público.

O Deputado Roberto Felício dizia aqui o seguinte: e a data base do funcionalismo do Estado, que deveria já ter sido votado agora no dia 1º de março o novo aumento para todos os funcionários do Estado de São Paulo?

O Governador não cumpre um projeto de lei que foi votado aqui nesta Casa. Por que não estamos votando esse projeto de lei agora? Porque o Governador José Serra tem sempre a vontade de fazer a disputa política. Enquanto o Governo Federal coloca o salário mínimo recuperado do jeito que recuperou, o Governador José Serra vem aqui fazer demagogia colocando o salário mínimo de R$ 560,00 no Estado. Isso não resolve o problema. Primeiro pague o funcionalismo, depois pode até mandar para esta Casa o projeto de lei colocando o salário mínimo em R$ 560,00; primeiro cumpra seu papel. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, senhores assessores, estou projetando essa foto no telão, a foto do Arruda com o pé engessado, com seus amigos Rodrigo Maia, Gilberto Kassab, Bornhausen, aquela moça vestida de branco que o apoia, sua esposa atual, filha do Fraga, que é Secretário de Transportes, José Agripino, esse de mãos cruzadas é o vice-Governador Sr. Paulo Otávio, escondido lá no fundo da foto, cabelo preto, está o A.C. M. Neto. E qual é o problema? Nós não conhecemos todos. Tem a senadora Kátia Abreu, da UDR. Está o Marco Maciel, que era vice-Presidente da República, enfim tem uma turminha da pesada nessa foto - aproveito que o capitão Conte Lopes está na Presidência, porque para esses que aparecem nessa foto só mesmo com a polícia pesada; não pode ser qualquer polícia, para eles tem que ser da Rota pra cima. Essa turminha é conhecida como “demolândia”. É a turma do 25 - 25 não é número do xadrez.

Mas, como disse, não conheço todos que estão na foto. Então estou publicando essa foto aqui na TV Assembleia, que tem grande audiência, para que todas as pessoas que nos acompanham possam pedir pelo nosso site sua cópia e ajudar a identificar essa turma, porque nem a polícia conseguiu identificar todos. Nós não temos crédito para dizer. Lógico, nós temos os nomes desses mais famosos, como o José Agripino, aquele que ia acabar com a nossa raça, esse pastor alemão, o Bornhausen - disse que ia acabar com a nossa raça e parece que eles estão acabando, não é?

Mas gostaríamos que o povo brasileiro ajudasse-nos a identificá-los, porque nessa miniconvenção do DEM era para o Arruda ter saído vice na chapa do PSDB. O sorriso franco de Gilberto Kassab com sua eterna gravata vermelha. Estava todo mundo feliz porque Arruda ia ser candidato a vice-Presidente da República na chapa do PSDB. Parece que não deu certo e agora estão procurando o Aécio.

Hoje a "Folha de S.Paulo" apresentou uma matéria no caderno “Cotidiano”, página C-7, com o seguinte título: “Escola técnica de referência na zona leste fica sem aula. Parte da carga horária foi afetada”. A Prefeitura de São Paulo tem uma escola técnica de saúde, a Escola Professor Makiguti. Quando foi construído o hospital da Cidade Tiradentes, foi construída essa escola, a única escola técnica de saúde da Cidade de São Paulo. Até o Governador foi lá inaugurar o hospital, e vejam o que aconteceu com essa escola: demitiram 13 professores. A escola tem 1.200 alunos, uma escola modelo. E a Prefeitura, além de romper o convênio com o Hospital Santa Marcelina, onde os alunos faziam estágio, não fez o vestibulinho deste ano, que admitiria 480 calouros.

Então, como podem ver, a “demolândia” tem várias faces, como destruir uma escola de saúde como essa. Na campanha eles disseram que fariam escola de saúde em Heliópolis, Paraisópolis, em vários bairros. E nem conseguem manter essa escola de saúde da Cidade Tiradentes de altíssimo nível, com laboratórios fantásticos.

O Brasil não aguenta a “demolândia”. Faltam alguns dias para o Governador ir embora, e vamos fazer o nosso coro: tchau Serra! Tchau Kassab! Tchau “demolândia”!

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 16 horas e 22 minutos.

 

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