14 DE FEVEREIRO DE 2011

010ª SESSÃO ORDINÁRIA DO PERÍODO ADICIONAL

 

Presidentes: OLÍMPIO GOMES e CARLOS GIANNAZI

 

Secretário: CARLOS GIANNAZI

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - OLÍMPIO GOMES

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - CARLOS GIANNAZI

Informa que continua colhendo assinaturas para a implantação da CPI do Judiciário. Menciona denúncias realizadas contra o Poder. Relata as dificuldades enfrentadas pelos servidores do Judiciário paulista. Comenta as denúncias realizadas contra o ex-Presidente do Tribunal de Justiça, Antonio Carlos Viana Santos.

 

003 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

 

004 - OLÍMPIO GOMES

Retoma a fala do Deputado Carlos Giannazi a respeito da necessidade de instauração de uma CPI para investigar o Poder Judiciário. Considera insuficiente o desempenho do Legislativo em seu papel fiscalizador. Faz menção ao número de Deputados presentes em Plenário.

 

005 - OLÍMPIO GOMES

Assume a Presidência.

 

006 - CARLOS GIANNAZI

Lamenta a ausência de unidades representativas do professorado na comissão que irá alterar o estatuto e o plano de carreira do magistério. Fala da ilegalidade de tal ausência. Comenta temas que provavelmente serão discutidos na mencionada comissão. Combate a burocracia responsável pelo Plano nacional de Educação.

 

007 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

 

008 - OLÍMPIO GOMES

Dá conhecimento das respostas obtidas aos dois requerimentos de informação, de sua autoria, enviados à Presidência. Informa que a Assembleia afirmou não possuir a lista dos 135 Deputados aposentados pela extinta Carteira de Previdência dos Deputados. Afirma que deve procurar a Secretaria da Fazenda do Estado para a obtenção de tais dados.

 

009 - OLÍMPIO GOMES

Assume a Presidência.

 

010 - CARLOS GIANNAZI

Comemora a iminente inauguração de campus da Unifesp em Santo Amaro. Relata problemas enfrentados por alunos da rede pública de ensino. Combate tentativas de privatização ocorridas na Universidade de São Paulo. Questiona a legitimidade da eleição do atual reitor da USP. Menciona requerimento, de sua autoria, convocando o reitor da Universidade de São Paulo para oitiva na Comissão de Educação.

 

011 - CARLOS NEDER

Recorda seu pronunciamento anterior, no qual denunciou reintegração de posse sem mandado judicial contra os moradores da Favela do Sapo. Comenta reunião com a Superintendente de Habitação Popular, na qual tratou do tema. Censura a truculência dos funcionários responsáveis pela medida. Questiona relação público-privada adotada atualmente pela Prefeitura de São Paulo.

 

012 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

 

013 - OLÍMPIO GOMES

Fala do contrato emergencial firmado entre esta Casa e a TV Assembleia. Questiona valores apresentados no contrato. Afirma que algumas das reformas previstas não foram cumpridas. Pede por uma maior publicidade a tais dados.

 

014 - OLÍMPIO GOMES

Assume a Presidência.

 

015 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, manifesta apoio à iniciativa do Deputado Olímpio Gomes em investigar o contrato com a Fundac. Dá conhecimento de requerimento encaminhado aos presidentes da Artesp e da Rota das Bandeiras. Acusa a base governista de obstruir o requerimento mencionado. Combate a objeção a projeto de sua autoria.

 

016 - CARLOS GIANNAZI

Solicita o levantamento da sessão, com o assentimento das lideranças.

 

017 - Presidente OLÍMPIO GOMES

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 15/02, à hora regimental, com ordem do dia. Lembra a realização da sessão solene, hoje, às 20 horas, para "Homenagear a Abridef - Associação Brasileira das Indústrias e Revendedoras de Produtos e Serviços para Pessoas com Deficiência". Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Olímpio Gomes.

 

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O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Carlos Giannazi para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Srs. Deputados, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Olímpio Gomes, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, quero dizer que continuamos colhendo assinaturas para a instalação da CPI do Judiciário.

Após um movimento de paralisação, que teve todo nosso apoio, de V. Exa., do nosso mandato e de alguns poucos deputados desta Assembleia, os servidores do Estado de São Paulo ainda não tiveram as suas reivindicações atendidas. Além de tudo, os servidores apresentaram várias denúncias contra o Tribunal de Justiça que vai desde assédio moral até recebimento ilícito de benefícios pela magistratura, benefícios esses que não são autorizados pelo Conselho Nacional de Justiça.

Por conta de todas essas denúncias, desse caos que reina hoje no Poder Judiciário no Estado de São Paulo, estamos propondo uma CPI do Judiciário e também para aprovar o Orçamento que aprovamos nesta Casa, mas que não acompanhamos como é executado no Tribunal de Justiça. Não há controle da sociedade e nem da Assembleia Legislativa em relação a esse orçamento que é pago com os impostos dos 42 milhões de habitantes do Estado de São Paulo.

Então, continuamos aqui colhendo assinaturas, como já dissemos. Nossa CPI já havia sido protocolada, mas foi sabotada no momento derradeiro da sua publicação no Diário Oficial por deputados bajuladores de setores da magistratura. No entanto, continuamos a luta; precisamos ainda de duas assinaturas.

Sr. Presidente, telespectadores da TV Assembleia, estou voltando a esse assunto pelo seguinte: primeiro que a greve do Judiciário foi muito importante do ponto de vista de apresentar o verdadeiro estado de calamidade pública em que se encontra o Poder Judiciário no Estado de São Paulo: a sua lentidão, o quanto ele é caro, o quanto ele não funciona e o quanto ele prejudica a população do nosso Estado.

Esse é um ponto crucial desse movimento, que continua, inclusive. A greve foi suspensa, mas pode ter continuidade neste ano se os acordos salariais feitos e assinados entre o Tribunal de Justiça e as entidades representativas dos servidores não forem cumpridos, como, por exemplo, o reajuste, a reposição das perdas de 20,16 por cento.

E em meio a toda essa discussão, nós aqui assistimos, estarrecidos e perplexos, às notícias de que o ex-Presidente do Tribunal de Justiça, falecido recentemente, o Desembargador Antonio Carlos Viana Santos, está agora sendo investigado pelo Ministério Público Estadual. Há em andamento uma investigação no Ministério Público. A denúncia também foi feita à Receita Federal, à Polícia Federal e ao próprio Tribunal de Justiça. O ex-Presidente do Tribunal de Justiça, que coordenou inclusive um processo muito duro de repressão aos servidores que estavam paralisados no ano passado, está sendo acusado agora de tráfico de influência e por corrupção, de enriquecimento ilícito.

A denúncia mostra que ele tinha, por exemplo, e passou para o nome de uma pessoa antes de morrer, um carro no valor de 340 mil reais, de marca Porsche, Cayenne, preto, de 2011. A denúncia apresenta outro dado, que também tem que ser investigado, que o desembargador tinha dois imóveis na região dos Jardins, sendo que um deles no valor de um milhão e 400 mil reais. O fato é que esse desembargador, que até então era o Presidente do Tribunal de Justiça, jogou duramente contra a greve do Judiciário, inclusive - nunca vou esquecer - quando houve uma ocupação pacífica do Fórum na Praça João Mendes, ele impediu que houvesse a entrada de água e até de um pão com manteiga, isso nos dizeres dele. Disse que se alguém permitisse, se algum funcionário, se algum desembargador, se algum policial permitisse a entrada de comida para que os servidores em greve pudessem se alimentar, seria punido.

Sr. Presidente, o caminho que estamos trilhando de instalar uma CPI do Judiciário é correta, é o caminho certo, e vamos continuar insistindo, porque o Judiciário tem que ser investigado. Ele era Presidente até ontem e está sendo acusado de enriquecimento ilícito, de tráfico de influência, possui um carro de 340 mil reais, dois apartamentos, sendo que um custa um milhão e 400 mil reais, e esses valores estão em desacordo com seus rendimentos. Isso significa que temos que investigar mesmo não só as denúncias apresentadas pelos servidores do Judiciário, mas a Assembleia Legislativa tem que apurar, tem que instalar CPI, temos que investigar também outros possíveis casos de tráfico de influência, de enriquecimento ilícito de setores da Magistratura.

Faço um apelo aos deputados para que assinem, não tenham medo do Poder Judiciário - quem não deve não teme - para a instalação da CPI do Judiciário. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Rita Passos. (Pausa) Tem a palavra o nobre Deputado André Soares.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Tem a palavra a nobre Deputada Terezinha da Paulina. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, quero inicialmente fazer coro à fala do Deputado Carlos Giannazi. Mais do que nunca, é fundamental que a Assembleia Legislativa tome uma atitude em relação ao seu papel fiscalizador e que se aprofunde numa investigação através de uma CPI em relação, principalmente, ao orçamento do Judiciário.

Em relação a eventuais ilícitos praticados pelo falecido e então Presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Viana Santos, só me dá uma tristeza profunda porque antigamente eu tinha uma esperança muito grande no posicionamento do Legislativo, na isenção, no poder de fiscalização. E a Assembleia Legislativa vai me dando mostras cada vez mais de que não quer exercer o seu papel.

Vossa Excelência, Deputado Carlos Giannazi, quando começou essa empreitada da coleta de assinaturas, foi em meio ao movimento salarial dos servidores, mais do que justo, e V. Exa., eu e mais dois ou três parlamentares desta Casa se alternaram na tentativa de apoiar os funcionários. A Casa como um todo virou as costas. Esse mesmo falecido desembargador veio à Casa no final do ano, quando nós mais pressionávamos porque deveria ser modificada a peça orçamentária para que fossem recursos para o Judiciário, ele veio aqui ao Colégio de Líderes dizendo que não precisavam se preocupar, não, porque já tinha acertado tudo com o Governador que iria assumir. Isso me causa extrema preocupação.

Mas eu tinha, sim, uma expectativa de que o Legislativo fosse mais vivo, mais independente, debatendo os temas de real importância, cada um vivenciando o seu partido, sua linha, sua ideologia política, mas realmente fazendo valer o papel da Casa.

E aí não é só a CPI do Judiciário. Eu tentei instalar a CPI da Segurança Pública, mostrando e provando, com 500 páginas de documentos o porquê dos ataques do PCC, o conluio criminoso de agentes públicos de todas as ordens, lama que chega dentro do Palácio dos Bandeirantes, e justamente por isso não conseguimos prosperar com a investigação.

Mas era o sonho de menino, de jovem sonhador sempre imaginando uma instância completamente isenta e independente de qualquer acesso da facilitação, do jogo e da corrupção, que era a minha interpretação acerca do Judiciário, principalmente os Tribunais Superiores.

Mas, lamentavelmente, a cada dia tomamos conhecimento de algumas barbaridades praticadas por aqueles que têm efetivamente que aplicar a Justiça. Por mais que tenha sido um progresso no nosso País a criação do Conselho Nacional de Justiça, do Conselho Nacional do Ministério Público, ainda há uma dificuldade enorme em se fazer um processo correcional adequado nos tribunais brasileiros para que tenhamos a absoluta tranquilidade de que escândalo algum irá manchar a história do nosso Judiciário.

Isso me causa grande preocupação. O cidadão se vê completamente desassistido, pois constata que não pode contar com a classe política. “Mas temos os deputados que são fiscais pelo povo”, poderiam dizer. Veja, Deputado Carlos Giannazi, em plena segunda-feira, estamos com 24 deputados - o mínimo para o funcionamento de uma sessão. No entanto, o Deputado Carlos Giannazi e eu estamos nos revezando para que a sessão se realize. Temos de ressaltar que nem ele nem eu somos componentes da Mesa Diretora dos trabalhos. Daqui a um mês, teremos eleição e vamos ver todo mundo se descabelando e se arrebentando para fazer parte da Mesa. Depois, não irão exercer sua atividade em plenário.

Não se pode usar o argumento de que o deputado não está presente por estar atuando em outro setor, porque, em qualquer atividade humana, existe um mínimo do ritual da função - seja na iniciativa pública ou privada - em que o indivíduo deva estar em seu local de trabalho. Aqui, no Pequeno e Grande Expediente, na Ordem do Dia, deveríamos ter a presença dos 94 deputados. Isso é muito triste.

Como não sou vice-líder de partido, não posso sequer pedir uma verificação de presença. Se pedisse, a sessão cairia agora, porque não haveria 24 deputados na Casa. Isso, lamentavelmente, faz com que a população comece a descobrir o Legislativo que tem.

Para aperfeiçoar este Legislativo, é preciso que os deputados tomem consciência do seu papel. Podem argumentar dizendo que quem fica dentro da Assembleia não ganha a eleição. Não é esse o objetivo do parlamentar aqui quando se propõe a ser representante de um segmento da sociedade.

Segunda-feira! Vinte e quatro deputados assinaram a lista de presença hoje na Assembleia Legislativa. Duvido que tenham dez na Casa. Como disse, não posso pedir verificação de presença, senão o faria. E, para conduzir os trabalhos da Assembleia Legislativa, dois parlamentares.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Olímpio Gomes.

 

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O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.)

Sras. e Srs. Deputados, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Widerson Anzeloti. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Camilo Gava. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marquinho Tortorello. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Leite. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, na última sexta-feira, dia 11 de fevereiro, foi publicada a Resolução nº 07, da Secretaria Estadual de Educação, no “Diário Oficial” do Estado de São Paulo, formando uma Comissão para reformular o Estatuto do Magistério do nosso Estado, Lei nº 444/85, e o Plano de Carreira, Vencimentos e Salários do quadro do magistério e de apoio escolar.

Essa Comissão foi formada pelo atual Secretário de Educação sem a presença das entidades representativas do Magistério. Ou seja, uma comissão de cinco membros irá se debruçar sobre a reforma de duas leis importantes, que dizem respeito à vida de 230 mil profissionais da Educação. No entanto, não existe presença de entidades representativas do Magistério nessa comissão. Além de ser altamente antidemocrático e autoritário, é uma resolução ilegal, pois viola a Lei nº 836/97 que, no seu Art. 25, exige a formação de uma comissão paritária com a presença das entidades representativas dos servidores.

Serão alteradas duas leis importantes: o Estatuto do Magistério e o Plano de Carreiras, Vencimentos e Salários. É aí que está a grande crise do Magistério estadual: a questão do salário, da organização escolar, da carreira. É um momento crucial. A Rede Estadual inteira tem de debater. Temos cinco mil e 300 escolas na Rede Estadual de Ensino, mais de cinco milhões de alunos matriculados, mais de 230 mil professores. No entanto, não haverá uma democratização desse debate, pois essa comissão será formada apenas por integrantes da burocracia do governo.

O atual Secretário da Educação, que se diz mais democrático, na verdade está reproduzindo a velha prática dos secretários anteriores, inclusive do ex-secretário que foi o ministro privatista de Fernando Henrique Cardoso, Paulo Renato de Souza, que fez o mesmo em relação ao Plano Estadual de Educação: pediu para que os burocratas da Educação elaborassem um projeto, que foi enviado ao Conselho Estadual de Educação, não veio para a Assembleia Legislativa, não foi discutido com as entidades, com o Magistério, com a sociedade civil. São projetos que ficam tramitando na própria burocracia da máquina estatal, sem vínculo com a vida das escolas, com os professores, com os alunos, com a comunidade escolar.

Fazemos um apelo e uma exigência: que o Secretário mude essa Resolução n° 7. Inclusive, já estamos fazendo uma indicação para que a resolução seja alterada e que as entidades possam fazer parte dessa comissão. É o que diz a lei. Não sou em quem está dizendo, é a Lei nº 836/97, que obriga a presença das entidades representativas do Magistério na comissão.

É um momento importante, toda a Rede tem de discutir. Temos de resgatar a dignidade do Magistério e dos profissionais da Educação. Por exemplo, essa discussão passará pela questão salarial, pela jornada de trabalho dos professores, pelo número de alunos por sala de aula, pelo modelo de organização escolar, pela evolução funcional, pela forma de contratação de professores. Todos esses temas serão fundamentais para que possamos, de fato, oferecer qualidade de ensino na Rede Estadual de Ensino. São duas leis que tratam exclusivamente dos profissionais da Educação. Se o Governo é democrático, tem de abrir a discussão na Rede toda e com as entidades. Na Rede, parece que haverá uma certa consulta. Mas se as entidades que representam os profissionais da Educação não estiverem presentes na comissão, não vamos ter nenhuma garantia de que as propostas apresentadas nas escolas sejam acatadas e discutidas pela comissão.

Estamos cansados de ver discussões e consultas só para inglês ver, tanto do ponto de vista da máquina estatal como na Assembleia Legislativa. O que são essas audiências públicas realizadas aqui para discutir o Orçamento, senão audiências sem validade alguma? Discutimos e discutimos com as entidades, com os setores da sociedade civil, nas várias regiões do Estado. No entanto, nenhuma proposta apresentada é incorporada ao Orçamento. É só para dizer que a Assembleia é democrática, já que essas audiências são figurativas.

O mesmo pode acontecer agora com essa pseudoconsulta que será feita na Rede Estadual de Ensino, por uma comissão de burocratas da Educação nomeados pelo Secretário da Educação. Não vamos ter a presença da Apeoesp, da Apase, da Afuse, do CPP, da Udemo, entidades que realmente representam os professores e os profissionais da Educação do Estado. Não existe nenhuma garantia de que haverá, de fato, uma discussão democrática para reformular tanto o Estatuto do Magistério como o Plano de Carreira do Magistério e do Quadro de Apoio.

Portanto, fica aqui a nossa exigência para que as entidades façam parte da comissão e haja um amplo processo de consulta, no qual as propostas apresentadas por professores, quadro de apoio, diretores e supervisores sejam acatadas. Dessa forma, poderemos elaborar um novo estatuto e um novo plano de carreira, avançando na defesa da valorização dos profissionais da Educação do nosso Estado. Muito obrigado.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O Sr. Presidente - Carlos Giannazi - PSOL - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. Olímpio Gomes - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, agora, estamos com 26 Srs. Deputados, do total de 94, que assinaram a lista de presença nesta segunda-feira.

Fiz dois requerimentos de informação à Presidência e à Mesa Diretora desta Casa. O primeiro deles, solicitando a relação de deputados aposentados e a relação de pensionistas de parlamentares na Assembleia Legislativa. Recebi do Assessor-Chefe de Gabinete da Presidência, na sexta-feira, uma resposta:

“Sr. Deputado, em atenção ao Ofício nº 1.820, de 2011, do gabinete de V. Exa., e por força do dispositivo do Art. 2º da Lei nº 7.017, de 1991, os beneficiários da Carteira de Previdência dos deputados passaram a integrar o quadro de aposentados e pensionistas do Estado.

Diante desse fato, lamento comunicar a impossibilidade de atender o pedido de V. Exa., tendo em vista que a Assembleia Legislativa não conta com essa relação. As informações solicitadas por V. Exa. devem ser requeridas na Secretaria da Fazenda, detentora dos dados por ser o órgão responsável pela elaboração de folha e pagamento dos beneficiários.”

Já entrei com o requerimento de informações na forma da Constituição do Estado pelo Regimento da Assembleia Legislativa, para que a Secretaria da Fazenda informe em 30 dias - normalmente, quando é para nós, são prorrogáveis mais 30, quando não são esquecidos. Lamento muito que a Assembleia Legislativa não tenha a relação dos 135 deputados aposentados. Devo esclarecer a opinião pública que, desde 91, foi extinta essa vergonhosa carteira de aposentadoria de deputados. Mas, a Fazenda do Estado arca hoje com 34,5 milhões de reais de custo/ano com essa carteira. Até 91, o parlamentar que recolhesse por cinco anos se aposentava com 50% do valor, e por 20 anos com 100% do valor.

Devo dizer que não fiquei satisfeito com essa resposta. Lamento muito a Assembleia Legislativa me dizer que não tem um controle dos deputados que se aposentaram nesse regime. Se é imoral, ou até antiético uma aposentadoria dessa ordem, está previsto em lei. Pelo menos, ela é legal. Mas devo dizer que estou muito preocupado com essa relação de 135 deputados. Torço para que não tenhamos deputados que recebam esse benefício de aposentadoria integral de deputados, e que continue deputado na Casa e receba hoje um novo salário e proventos. Tomara também que não tenhamos deputados federais hoje, no exercício do mandato, e que se aposentaram sob esse regime. Vou continuar insistindo, agora na forma da Constituição. E se algum funcionário da Assembleia Legislativa que, por um descuido, possa ter guardado essa relação de deputados aposentados - já que a direção da Casa de 91 para cá não se preocupou saber sequer aqueles que são beneficiários -, ela será muito bem vinda.

Não é só uma questão de curiosidade ou de denuncismo. Antes de tudo, a missão da Assembleia Legislativa é de fiscalizar. Ninguém consegue fiscalizar bem se não der o exemplo. E se já houve uma medida através de projeto de lei - acho que foi iniciativa do Deputado Roberto Gouveia - que acabou com a carteira previdenciária nesses moldes, é preciso que saibamos quem são os 135, e se não estão recebendo em duplicada a pensão e os proventos, como parlamentar, nos dias atuais.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Olímpio Gomes.

 

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O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Deputado Olímpio Gomes, parece-me que, se não chegar mais nenhum Deputado para revezar a tribuna e a Presidência, vamos emagrecer bastante tendo que, a toda hora, fazer a troca de turno.

 

O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Deputado Giannazi, está servindo como fisioterapia para o meu joelho operado.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - V. Exa., que teve o joelho operado, está se beneficiando.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, continuamos a nossa luta em defesa da universidade pública gratuita e de qualidade para todos no Estado de São Paulo e no Brasil.

Temos aqui uma boa notícia de que haverá de fato inauguração agora da Universidade Pública da zona sul, a Unifesp do campus Santo Amaro. Já está praticamente pronto o prédio, o equipamento e nos próximos dias ele será inaugurado tanto pela Reitoria da Universidade Federal, como também pelo Ministro da Educação.

Gostaria de ressaltar que essa foi uma conquista histórica de estudantes, professores e toda comunidade escolar da região, principalmente da Capela do Socorro que organizou o movimento com o abaixo-assinado, audiências públicas, reuniões junto aos vários ministros que passaram pelo Ministério da Educação, audiências junto aos reitores da Unifesp.

Foi um movimento que teve início no final dos anos 90 e prosseguiu durante todo esse tempo, até que conseguimos a cessão de um terreno da Prefeitura de São Paulo e também a construção do prédio. Isso é muito importante porque vivemos uma grande crise na área do ensino superior no Brasil. A nossa juventude que está se formando no ensino médio não tem a oportunidade de dar prosseguimento aos seus estudos porque tem duas dificuldades: primeiro, nós não temos universidades públicas em número suficiente para atender à demanda no Estado de São Paulo, até porque esse setor é altamente dominado pelos privatistas da educação que dominam quase 80% do atendimento da demanda. Só no caso da Cidade de São Paulo, que tem 11 milhões de habitantes, temos apenas duas universidades públicas: a USP, com seus dois campi, e o campus da Unifesp. No entanto, temos mais de cem universidades e faculdades privadas, particulares.

Oitenta por cento da demanda na Cidade de São Paulo é atendida nas universidades privadas e, no geral, são universidades que não oferecem qualidade de ensino porque não há investimento em pesquisa, são faculdades, universidades que visam, sobretudo, o lucro.

Essa é a grande verdade. Tanto é que uma boa parte dessas universidades nem está mais admitindo professores com doutorado porque eles têm hora/aula um pouco maior. Então, essas faculdades estão admitindo apenas professores com mestrado ou que estejam cursando. Não estão investindo na qualificação dos professores. Tem professor que quando termina o doutorado é demitido, afastado do cargo justamente porque a faculdade não quer pagar um salário pouco mais digno para esse professor que investiu na sua formação.

A nossa luta tem sido a de pressionar o Poder Público a construir novos campi universitários, novas universidades públicas gratuitas, e vamos continuar nessa luta. Também estamos denunciando o que vem acontecendo, por exemplo, na Universidade de São Paulo, na Unicamp, na Unesp e em várias universidades públicas, que é o processo de privatização feita de forma sorrateira, disfarçada com a instituição das fundações de caráter privado, que estão se apoderando das nossas universidades.

Acabamos de ler uma matéria publicada na "Folha de S.Paulo" dando conta de que 15 mil alunos da Universidade de São Paulo estão pagando mensalidades e pagando caro. Tem cursos na Universidade de São Paulo oferecidos pelas fundações de caráter privado que custam até 30 mil reais por ano, ou seja, essas fundações de caráter privado utilizam toda a estrutura da Universidade de São Paulo - professores da universidade, a história da universidade e o nome da USP - para vender esses cursos caríssimos: cursos de pós-graduação Lato Senso, de aperfeiçoamento profissional, principalmente das áreas técnicas de Exatas e Biológicas. Portanto, já ocorre a privatização das nossas universidades públicas no Estado de São Paulo. A USP é uma delas.

A Universidade de São Paulo tem 15 mil alunos nesse sistema pagando para fundações de caráter privado. Isso é muito grave porque tira o caráter público das nossas universidades, que são financiadas com o dinheiro do contribuinte. Aqueles que defendem a cobrança de mensalidade na USP podem ficar satisfeitos porque ela já é cobrada de 15 mil alunos, mas com esse detalhe perverso de que as fundações estão utilizando todo o aparato público da universidade - a história da USP, a estrutura da USP, os professores da USP - para se beneficiarem e terem altos lucros, inclusive. Nós estamos denunciando principalmente o reitor da USP, que tem imposto uma administração autoritária na Universidade de São Paulo, aliás, na nossa opinião ele é um interventor do ex-Governador José Serra que não deveria ter legitimidade para o cargo já que não foi o mais votado e, sim, nomeado pelo então Governador José Serra.

Há muito tempo que não assistíamos a isso, desde a época da ditadura militar que não assistíamos a escolha de um reitor da Universidade de São Paulo que não fosse o mais votado na lista tríplice. No entanto, tivemos a quebra desse tipo de procedimento com a nomeação do Reitor Rodas, que está sendo acusado de autoritarismo, de perseguição a alunos, professores e funcionários, tanto é que recentemente foi publicado artigo na "Folha de S.Paulo", do Sociólogo Chico de Oliveira, professor da USP, do jurista e professor da USP Fábio Konder Comparato e do professor e Filósofo Paulo Arantes denunciando todas essas mazelas, inclusive tocando nessa questão das fundações na Universidade de São Paulo. Foi por isso que apresentamos na Assembleia Legislativa, na semana passada, um requerimento convocando o Reitor Rodas a explicar na Comissão de Educação estas graves denúncias na sua gestão: a presença dessas fundações, o autoritarismo e as perseguições, a utilização de um decreto ainda da ditadura militar para perseguir alunos da universidade, funcionários da universidade e para criminalizar o movimento estudantil, o movimento docente, o movimento sindical, enfim, tudo isso o reitor terá de explicar na nossa Comissão de Educação.

Era isso que gostaria de ressaltar: a nossa luta em defesa da escola pública e saudar a inauguração em breve do campus da Universidade de Santo Amaro com a luta da população e do nosso mandato. O nosso mandato sempre esteve à frente dessa luta, desde a época da Câmara Municipal, quando apresentamos projeto para cessão do terreno municipal ao lado do terminal de ônibus. Finalmente conseguimos consolidar a sua construção, um campus da Unifesp, em Santo Amaro.

Continuaremos denunciando e exigindo que o Ministério Público tome providências em relação a essa farra das fundações nas nossas três universidades estaduais: USP, Unicamp e Unesp.

 

O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. CARLOS NEDER - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, denunciei na última semana, nesta tribuna, a forma atabalhoada e ilegal como se fez a reintegração de posse na chamada Favela do Sapo, sem mandado judicial e com todo um aparato do Poder Púbico, mas também clandestino, para coagir, intimidar, os moradores e fazer com que saíssem o mais rapidamente possível de suas casas, onde precariamente estavam instalados.

Denunciei ainda a atitude do Poder Público municipal e dessas empresas, de jogar entulho e pertences dos moradores desalojados daquelas casas no próprio córrego, o que é um contrassenso, pois se sabe que em um primeiro momento a Prefeitura de São Paulo tentou utilizar a presença da Sabesp para argumentar que ali estava sendo implantado o projeto denominado “Córrego Limpo” e que, portanto, essa era a razão de aqueles moradores serem retirados do entorno do córrego.

Mais adiante denunciei a presença do cidadão Evandro, sem que soubéssemos, naquele momento, o seu nome completo, e tampouco a forma como ele fora contratado para falar em nome da municipalidade naquele local. Hoje sabemos que se chama Francisco Evandro Ferreira Figueiredo.

Na tarde daquela sexta-feira nos reunimos com a superintendente de Habitação Popular do Município de São Paulo, a Sra. Elizabete França, que, após a reunião acabou cedendo, a nosso pedido, o nome completo desse cidadão, e informou que ele havia sido contratado por uma empresa terceirizada ou quarteirizada da Secretaria Municipal de Habitação cujo nome é BST - Transportes Aéreos e Rodoviários.

Vejam que a Secretaria Municipal de Habitação, para desalojar aquelas pessoas carentes, contava com a Tropa de Choque da Policia Militar, com o Batalhão da PM da região, com os policiais da Polícia Civil, com a Guarda Civil Metropolitana e com funcionários públicos da Sehab e da Subprefeitura da Lapa.

Não contente com todo esse aparato, acompanhado ainda de ambulâncias e carros do Corpo de Bombeiros, a Prefeitura resolveu lançar mão de funcionários de empresas contratadas por ela, como é o caso da Diagonal Transformação de Territórios (antiga Diagonal Urbana Consultoria), onde a Sra. Elizabete França já trabalhou e não se sabe se ainda mantém algum tipo de vínculo.

Em outro momento em que exerci mandato parlamentar, fiz requerimento de informações para saber detalhadamente a vida funcional da Sra. Elizabete França, dado que havia recebido informações de que ela trabalhava para a iniciativa privada, em empresa que opera exatamente no setor da política habitacional e de gestão social, onde hoje a Sra. Elizabete França exerce a função relevante de Secretária-adjunta e de Superintendente de Habitação Popular. Voltarei a este aspecto relevante oportunamente.

Pois ela não teve nenhum tipo de preocupação em colocar naquele ambiente conturbado pessoas contratadas por essa empresa. E vimos que o cidadão Evandro havia sido contratado pela empresa BST - Transportes Aéreos e Rodoviários cuja função, pelo que foi dito pela Superintendente, seria a de derrubar os barracos e tirar as pessoas de dentro de suas casas. Entretanto, no Boletim de Ocorrência lavrado em função dos acontecimentos, ele se apresenta como servidor público. Terá, também, este duplo caráter?

Ora, se o Poder Público já estava no local, se estava fazendo a desocupação - ainda que sem mandado judicial -, qual era a necessidade de além de todo esse aparato ainda recorrer a instituições privadas, que prestam serviços terceirizados ou quarteirizados à Secretaria da Habitação, para intimidar os moradores e para que saíssem o mais rapidamente possível do local?

Já conhecemos o resultado parcial dessa situação: no primeiro dia, derrubaram 17 casas e jogaram os entulhos e pertences no córrego. No segundo dia, não conseguiram dar sequência à derrubada dos barracos porque houve uma reação pacífica por parte dos moradores, com a presença de associações, movimentos, parlamentares e a imprensa que documentou esse fato.

E agora queremos saber o que é exatamente essa empresa BST - Transportes Aéreos e Rodoviários, que tem o Sr. Francisco Evandro Ferreira Figueiredo como um des seus diretores; por que essa empresa e o cidadão Evandro foram contratados pelo Poder Público e se as empresas que fazem parte do cartel da BST coincidentemente estariam também fazendo parte da Operação Urbana Consorciada Água Branca.

Cito aqui as empresas e órgãos que utilizariam os serviços da BST, com base em informações disponibilizadas em seu site: Construtora OAS, Mendes Júnior (Rodoanel Sul 5), Protende, Emparsanco, Hochtief, Consórcio Alto Tietê, Consórcio Via Nova Osasco, Consórcio E.I.T., MC Bauchemie, Schahin Engenharia, Prefeitura Secretaria da Habitação (Sehab), Teckma Engenharia e Tipform SP Locações de Equipamentos. São alguns dos clientes da empresa BST, que foi contratada para ajudar no processo de derrubada dos barracos, deslocamento de pessoas e transporte, sendo que, insisto, ali tínhamos todo o equipamento da subprefeitura, caminhões e funcionários mobilizados para essa finalidade. Também cumpriu esse papel nas obras do Rodoanel? Fará o mesmo na Operação Urbana CVonsorciada Água Branca?

Então, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e na Câmara Municipal de São Paulo, precisamos saber como se dá a relação público-privada entre a Prefeitura de São Paulo, no governo dos democratas com apoio do PSDB, lembrando que a Secretaria da Habitação está sob responsabilidade direta do PSDB. Queremos saber por que uma pessoa que trabalhou - e não se sabe se ainda trabalha na iniciativa privada, mais precisamente na empresa Diagonal -, a Sra. Elizabete França, se utiliza da própria Diagonal e da BST para expulsar pessoas carentes de áreas altamente valorizadas, inclusive contidas no perímetro da Operação Urbana Consorciada Água Branca.

Sabidamente há fortes interesses imobiliários para que essas áreas sejam recuperadas, não sei se no interesse público para a construção de habitações sociais, mas certamente no interesse de empresas que atuam fortemente no segmento imobiliário e de gestão social.

Muito obrigado!

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, falava na minha manifestação anterior sobre dois requerimentos de informações que fiz, o primeiro sobre a relação de deputados aposentados desta Casa, beneficiários de pensões; e o segundo, no qual solicitei à direção da Casa informações sobre o contrato de operação e de retransmissão da programação da TV Assembleia.

Na última sexta-feira, deixou de operar a Fundação Padre Anchieta - TV Cultura e passou a operar a Fundac. A partir de informações veiculadas na “Folha de S.Paulo”, despertou-me o desconhecimento em relação à eventual condição técnica da Fundac, a necessidade de ser um contrato emergencial, haja vista que há mais de seis meses a Secretaria da Cultura já havia manifestado o desejo da interrupção do contrato de trabalho. Mas o fato é que pelo menos a direção da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo mandou parcialmente as informações por mim solicitadas: os contratos existentes entre a fundação Padre Anchieta e a administração da Casa, seus aditivos, e o contrato elaborado emergencialmente e assinado para a realização desse serviço pela Fundac.

Está aqui o contrato emergencial, de nove meses, no valor de R$ 15.210.000,00, o contrato anterior com a TV Cultura para o ano, Sr. Presidente, era de R$ 18.032.074,28 e me causa alguma estranheza nesse contrato anterior já que a Fundação Padre Anchieta falava em 17 milhões para as atividades, 185 mil para a implantação do serviço e lá, já no contrato anterior, dizia de alguns valores - eu frequento bastante as instalações da TV Assembleia, V. Exa. idem - um cenário de telejornal no valor de R$ 23.476,00 e cinco cenários básicos e o fundo de Chroma-key, no valor de R$ 124.765,00.

Confesso que não consigo enxergar cinco cenários, um Chroma-key, dentro das instalações da TV Assembleia; e foram repetidos. Já contrato emergencial, agora, pela Fundac, onde eu questionava e finalmente agora sei que o Presidente da Fundac é o Sr. Manoel Veiga Filho e pretendo visitar a Fundac, vou agendar com o Sr. Manoel Veiga Filho e com a diretoria, para saber quem está prestando serviços, não à Assembleia Legislativa, mas ao interesse público, pois quem está pagando essa conta é a população do Estado de São Paulo - falando que o representante do contrato aqui na Assembleia Legislativa vai ser o Sr. Valdir Gomes de Azevedo. Fala também dos valores. E aqui repete: só que agora emergencialmente para nove meses R$ 15.210.000,00. Aqui novamente fala mais 180 mil reais com alguns valores, um cenário para telejornal no valor de 55, mais cinco cenários básicos e fundo de Chroma-key no valor de 110 mil; Sr. Presidente, nós já pagamos lá atrás esse valor e não temos os tais cinco cenários.

Vamos agora pelo menos acompanhar para ver se a Fundac vai providenciar o que está estabelecido no contrato. Isso sem falar nos valores, que vou me debruçar e pedir apoio a quem é do mercado, porque me causa estranheza; não estou discutindo a necessidade, que é mais do que importante na democracia a difusão do que está sendo feito pelos entes públicos e a TV Assembleia é uma forma de difusão para a sociedade do que aqui se passa. Mas um contrato emergencial de R$ 15.210.000,00 dá 80 mil reais por dia. Hoje, por exemplo, o custo dessa transmissão, as falas do Deputado Carlos Giannazi, Deputado Carlos Neder e Deputado Olímpio Gomes, estão custando à população - que é quem está pagando a conta - 80 mil reais.

Assim é que ainda tem uma série de questionamentos que fiz, e que não foram respondidos; a Mesa simplesmente me mandou os contratos, mas eu pedi o perfil da Fundac, os trabalhos realizados, o corpo gerencial, e nada disso me foi fornecido.

Sr. Presidente, vou continuar insistindo com essa investigação, porque isso faz parte das minhas obrigações. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Esta Presidência solicita ao nobre Deputado Olímpio Gomes que assuma a direção dos trabalhos, para que este Deputado possa fazer uso da tribuna pelo artigo 82.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Olímpio Gomes.

 

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O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Assumindo a Presidência dos trabalhos, gostaria de agradecer à telespectadora que é fisioterapeuta que entrou em contato conosco para dizer que subir escadas não é o meu modo mais adequado de se restabelecer de um processo cirúrgico; infelizmente não temos outra alternativa. Agradeço vossa manifestação e a preocupação com nossa saúde. Tem a palavra, pelo art. 82, o Deputado Carlos Giannazi, pelo prazo de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Olímpio Gomes, primeiramente gostaríamos de dizer que estamos apoiando a iniciativa de V. Exa. investigar o contrato da TV Assembleia feito entre a Assembleia Legislativa e a nova fundação, e dizer que também estranhamos a saída da TV Cultura da transmissão da TV Alesp, até porque a TV Cultura tem reclamado muito da falta de recursos, da crise financeira. E, no entanto, ao abandonar, ao deixar de transmitir a TV Assembleia, ela deixa de receber mais de 20 milhões de reais por ano. É muito estranho, é algo nebuloso que precisamos investigar na Assembleia Legislativa. Vossa Excelência tem todo o nosso apoio nessa empreitada.

Sr. Presidente, tínhamos apresentado há 15 dias um requerimento de convocação do Presidente da Artesp, que é a agência que em tese deveria fiscalizar as concessionárias de pedágios do Estado de São Paulo, e também o presidente da concessionária Rota das Bandeiras, para que fizesse um depoimento em relação às várias irregularidades denunciadas pelos moradores e pelos vários setores da Cidade de Itatiba.

Estivemos recentemente nessa cidade, numa manifestação contra a instalação de pedágios na Rodovia SP 360, Rodovia Engenheiro Constâncio Cintra, que recebeu recentemente duas praças de pedágio. Um desses pedágios foi instalado no perímetro urbano, prejudicando vários bairros do Município de Itatiba. Temos lá várias pessoas praticamente ilhadas e confinadas; para que elas possam se locomover dentro do próprio bairro, para ir à padaria, à escola, à igreja, para trabalhar são obrigadas a pagar pedágio. São vários bairros, portanto, milhares de pessoas que estão sendo prejudicadas na própria cidade.

Participamos de uma mobilização popular e social. Já pedimos que o Ministério Público investigasse a instalação desse pedágio, e tomamos a iniciativa aqui, como representantes da população - fomos eleitos com o voto popular - de investigar tanto a Artesp como a concessionária. Fizemos o requerimento, protocolamos e na última reunião da Comissão de Transportes o nosso requerimento foi obstruído com um pedido de vista de um deputado da base governista, até porque me parece que as concessionárias têm um poder de lobby muito grande na Assembleia Legislativa, inclusive financiando a campanha de vários deputados estaduais, federais, campanhas de prefeitos, de governadores. Então, ninguém investiga a concessionária, ninguém luta na Assembleia Legislativa contra os pedágios.

O fato é que estranhamente o nosso requerimento, convocando tanto o presidente da Artesp como o Presidente da Rota das Bandeiras, foi obstruído. Vamos continuar insistindo. O dever da Assembleia é de investigar o Executivo, as agências, as empresas estatais e fundações. Temos deputados da base governista a serviço desses lobbies, obstruindo as nossas investigações. Ao mesmo tempo, na própria comissão, parece-me também que os donos das empresas de ônibus intermunicipais também devem ter lobby aqui dentro, porque apresentamos o PL nº 98, de 2010, que regulamenta um artigo do Estatuto do Idoso que garante a gratuidade na passagem intermunicipal em todos os estados, naturalmente que também no Estado de São Paulo. Só que esse estatuto não é respeitado. Para contribuir para que ele seja respeitado, apresentamos o Projeto de lei nº 98, de 2010, para que a pessoa da Terceira Idade possa viajar gratuitamente dentro do Estado de São Paulo. A passagem interestadual já está garantida, por lei funciona, mas a intermunicipal não, dentro do Estado de São Paulo, e é lei federal. O nosso Projeto de lei apenas regulamenta, reforça uma determinação federal.

E, no entanto, o que aconteceu com o requerimento de convocação do presidente da Artesp, da Rota das Bandeiras, aconteceu também com esse projeto que foi obstruído, também com pedido de vista.

Vamos denunciar e a partir de agora vamos dar nomes aos bois. Vamos entregar aqui os deputados que estão obstruindo, para que você, telespectador da TV Assembleia, você, eleitor, possa fiscalizar o deputado na sua cidade. Como pode um Deputado ser contra, atrapalhar e obstruir a tramitação de um projeto que vai beneficiar a Terceira Idade no Estado de São Paulo? Você deve cobrar, bater à porta do seu deputado na sua cidade, na sua região, e cobrar dele por que ele está obstruindo, a serviço de quem ele está: da Terceira Idade ou do lobby das empresas de ônibus? Esse deputado que está obstruindo está a serviço de quem: das concessionárias de pedágio ou da população, que está sendo massacrada e assaltada em cada cabine de pedágio, por conta dos altos pedágios e do número excessivo de cabines que temos no Estado de São Paulo.

O Estado de São Paulo é o Estado que tem mas pedágios no Brasil, um dos estados que tem mais pedágios no mundo, e um dos pedágios mais caros também do planeta. Muito obrigado.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI – PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, informando que a Ordem do Dia será a mesma da 8ª Sessão Ordinária, lembrando-os ainda da Sessão Solene a ter início hoje às 20 horas, com a finalidade de homenagear a Abridef - Associação Brasileira das Indústrias Revendedoras de Produtos e Serviços para Pessoas com Deficiência, solicitada pelo Deputado Rafael Silva, do PDT.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 42 minutos.

 

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