28 DE ABRIL DE 2003

10ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO "DIA DA COMUNIDADE PORTUGUESA"

 

Presidência: RICARDO CASTILHO

 

Secretário: WAGNER SALUSTIANO

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 28/04/2003 - Sessão 10ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: RICARDO CASTILHO/WAGNER SALUSTIANO

 

COMEMORAÇÃO DO "DIA DA COMUNIDADE PORTUGUESA"

001 - RICARDO CASTILHO

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades. Anuncia que a sessão foi convocada pela Presidência a pedido do Deputado ora na direção dos trabalhos para comemoração do "Dia da Comunidade Portuguesa". Convida todos a ouvirem a execução dos hinos nacionais de Portugal e do Brasil.

 

002 - JOSÉ VERDASCA DOS SANTOS

Ocupante da cadeira nº 36 da Academia Cristã de Letras, agradece ao Presidente a sessão solene. Registra os 503 anos da Nação brasileira. Faz um paralelo entre os valores atuais e os dos descobridores portugueses.

 

003 - WAGNER SALUSTIANO

Assume a Presidência e anuncia os homenageados, a saber: Senhores Nelson de Abreu Pinto, Dorival Braga, Adriano de Gouveia, Vasco dos Santos, Evanir Ferreira Castilho, Fernando Ramalho Leite da Silva, Manuel Marques, Almir da Silva Mota, Augusta do Nascimento, Inez Garbuio Peralta, Ildefonso Octávio Severino Garcia, Laurentino Gonçalves Vilar, Mariazinha Congílio, José Luís Nascimento Santos, João Antônio Serra, Bernardo Cardoso, Antonio Ermírio de Moraes, Abílio Herlander Ferreira Leitão, Leonardo Placucci, Gilberto Quevedo da Silva, Samuel From Netto, Maria Júlia Ventura Varela Leal e Fernando Prado Ferreira.

 

004 - RICARDO CASTILHO

Assume a Presidência.

 

005 - DONISETE BRAGA

Ex-Deputado, agradece a homenagem e oferece lembranças.

 

006 - Presidente RICARDO CASTILHO

Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - RICARDO CASTILHO - PV - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Wagner Salustiano para, como 2º Secretário "ad hoc", proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - WAGNER SALUSTIANO - PSDB - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

O SR. PRESIDENTE - RICARDO CASTILHO - PV - Agradecemos a presença de todas as pessoas que aqui se encontram, de senhoras e senhores convidados, e temos a honra de anunciar as ilustres presenças do Dr. Sólon Borges dos Reis, ex-vice-Prefeito de São Paulo e atual presidente da Academia Paulista de Educação; do Sr. Dércio Miradouro, gerente consular do Consulado de Portugal no Brasil; do Dr. Nelson Ferreira da Silva, da Associação Beneficente Vasco da Gama; do Dr. José Verdasca dos Santos, Cadeira nº 36 da Academia Cristã de Letras; do Sr. Mauro Friedhofer, presidente do Conseg; do Sr. Nilton Barbosa Lima, Deputado do Parlamento de Segurança e Paz Mundial; do Sr. Manuel Teixeira de Carvalho, presidente do Arouca São Paulo Clube; do Sr. Antonio Fernandes, presidente da Associação Nacional de Hotéis Econômicos; do Sr. Carlos Alberto Lima, vice-Reitor da Unisantana, Universidade Sant’Anna; do Profº. Aldolfo Gilioli, Presidente da Academia Cristã de Letras e de minha esposa, a Sra. Sônia Aparecida Falleiros Castilho.

Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Sidney Beraldo, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de comemorar o Dia da Comunidade Portuguesa. Convido todos os presentes para, em pé, ouvirmos a execução do Hino Nacional Português e o Hino Nacional Brasileiro pela Banda da Polícia Militar.

 

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- São executados os hinos nacionais Português e Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - RICARDO CASTILHO - PV - Agradecemos à Banda da Polícia Militar pela execução dos hinos, especialmente ao 2º Tenente Maestro PM Sérgio Rodrigues, e colocamo-nos a sua disposição.

Não havendo nenhum Sr. Deputado para fazer uso da palavra, esta Presidência concede a palavra ao Dr. José Verdasca dos Santos, cadeira nº 36 da Academia Cristã de Letras. (Palmas.)

 

O SR. JOSÉ VERDASCA DOS SANTOS - Exmo. Sr. Deputado Ricardo Castilho, digníssimas autoridades presentes, nobres parlamentares, dirigentes das associações portuguesas e luso-brasileiras, representantes da mídia, queridas e queridos amigos, senhoras e senhores, boa noite e muito obrigado pela sua honrosa presença, que muito vem prestigiar esta sessão solene que, homenageando portugueses e luso-brasileiros, homenageia a nossa querida Pátria.

Sr. Presidente, que as primeiras palavras sejam para expressar a minha gratidão pessoal e a gratidão da comunidade portuguesa como um todo, pela iniciativa desta sessão em que respeitáveis empresários, homens e mulheres de cultura e saber, dirigentes de associações sociais culturais benemerentes e de classes e lídimos representantes até do nosso rico e belo folclore e da canção nacional, que é o fado, que receberão hoje de suas mãos o diploma de Honra ao Mérito com que esta Casa das leis e da democracia, em boa hora houve por bem distingui-los.

Sou testemunha do empenho de V. Exa. para que esta sessão em homenagem a Portugal se tornasse algo brilhante, digno da Casa e do momento.

Os latinos diziam: “laudare dignos honesta actio est”. Homenagear os bons é uma ação honesta.

Srs. Deputados, gentis senhoras e distintos cavalheiros, comemoramos os 503 anos da Nação brasileira, numa época de séria e profunda crise de valores, bem diferente da época dos descobrimentos que hoje comemoramos, quando os investidores eram os colonos e capitães donatários que para cá transferiam, com toda a sua fortuna as suas pessoas, a sua família e seus amigos, para aqui iniciarem uma nova vida, pois como nós, adotaram esta terra como sua pátria, para aqui viver, trabalhar e morrer, deixando aos seus e aos nossos filhos a obrigação de continuar a missão que era e é contribuir para o progresso desta acolhedora Nação, cuja independência se deveu ao príncipe português, D. Pedro, seu primeiro imperador.

Esses investidores portugueses, ao tempo confiavam não apenas seus capitais, mas também as suas próprias vidas, ao contrário dos investidores e especuladores de hoje, cujos dólares tão voláteis quanto o éter vêm tão somente em busca de juros extorsivos, apesar de lhe terem sido dadas todas as garantias. “Auri sacra fames”, a insaciável fome do ouro.

Desde o princípio dos tempos, procura o homem, enquanto animal superior, uma explicação para a existência humana; uma justificativa para a vida terrena, um sentido e um rumo para a convivência em sociedade. Existência, vida e convivência que não podem concretizar-se ignorando os anseios e interesses dos nossos concidadãos. E esse sentido para a vida, poucos o encontraram tão bem quanto o imigrante, para quem viver é lutar, cumprindo deveres para poder pleitear direitos, dando à vida um objetivo social e humanista, respeitando o homem e a natureza, e dando bom exemplo aos menos preparados e aos menos favorecidos para que a sociedade progrida material e civicamente, avance cultural e eticamente e se aperfeiçoe pessoal e coletivamente, pois só aperfeiçoando o homem conseguiremos melhorar a sociedade da qual ele faz parte, ou seja, melhorar o mundo que ele povoa. O homem forma-se com uma boa instrução, uma sábia educação com a prática da justiça, com o exemplo dos mais responsáveis. E, aqui, jamais podemos esquecer da lição de Pitágoras: “Eduquem-se as crianças e não será preciso castigar os adultos”.

Logo no início de 1501, nascia o primeiro luso-brasileiro, brasiluso ou lusíndio, filho de uma mulher da terra e de um jovem deixado em Porto Seguro por Pedro Álvares de Gouveia, que depois adotou o nome do pai, Cabral. Seguiram-se muitos outros como João Ramalho, Diogo Álvares, o Caramuru, Martim Afonso, Brás Cubas, Duarte Coelho, Tomé de Souza, Raposo Tavares, Manoel da Nóbrega, Antônio Vieira e uma plêiade de lusitanos de todas as origens que, ao longo dos três séculos do Brasil português, desbravaram e colonizaram, povoaram e semearam, fundaram vilas e cidades, evangelizaram e catequizaram, enfim, civilizaram índios e negros, alfabetizaram mamelucos e cafuzos, até que nesta cidade de São Paulo um príncipe português, formado no Brasil, proclamou a independência desta terra e desta gente de quem foi o primeiro imperador para depois, e só depois, tornar-se rei em Portugal.

Com o Grito do Ipiranga, criou D. Pedro um dos maiores estados do mundo e uma das mais miscigenadas e humanistas populações do globo. Esperamos todos nós, em breve, uma das maiores potências da terra. (Palmas.)

Até nesse particular, o Brasil foi igual a Portugal. Também ele é o fruto do cruzamento de muitos povos e do caldeamento de outras tantas culturas. Por tudo isso, quando das comemorações do primeiro centenário da Independência, o grande Presidente da República portuguesa veio ao Brasil, em 1922, para, em discurso, agradecer aos brasileiros, ao Brasil, por ter se tornado independente. Essa indiscutivelmente foi uma independência lição para todo o mundo.

Uma boa razão para a existência oferece a vida pública, Sr. Deputado, quando guiada pela dignidade, orientada pelo interesse coletivo, cimentada pela honestidade e caldeada pelo respeito ao ser humano. Para atingir tal desiderato, o exercício da vida pública tem que alicerçar-se no respeito a si próprio. Em primeiro lugar, condiz-se a 'sine qua non' para respeitar a sociedade.

Vossa Excelência, Deputado Ricardo Castilho, praticou um ato de justiça ao propor esta Sessão Solene em homenagem a Portugal e a personalidades que de algum modo, e sempre por ideal, contribuíram para o congraçamento dos nossos dois povos irmãos, e praticou também um ato de grandeza, de civismo porquanto esta homenagem à comunidade que aqui implantou a nossa língua portuguesa, que aqui trouxe a civilização ocidental e cristã, transmitiu-lhe, Sr. Deputado, a sua maravilhosa índole pacífica e tolerante, a sua idiossincrasia da fraternidade, da fraterna convivência que torna as revoluções brasileiras - aliás, como as portuguesas, como 25 de abril que acabamos de comemorar - tão diferentes de todas as outras, inclusive dos nossos vizinhos.

Nos últimos dois séculos do Brasil independente, agora já como imigrantes e não mais como colonos, os portugueses deram a sua valiosa contribuição ao progresso da sua pátria de adoção em todos os setores de atividade. E, aqui, um exemplo deve ser destacado: a contribuição lusa ao Brasil no campo da saúde foi e é algo jamais visto, primeiro com as santas casas de misericórdia. Todos sabem que o cavaleiro fidalgo, que veio com Martim Afonso em 1553/54, fundou a Santa Casa de Misericórdia de Todos os Santos, que depois deu nome à cidade de Santos. É a primeira Santa Casa do Brasil.

Hoje, há perto de 700 santas casas no Brasil. E depois do Brasil independente, com as beneficências portuguesas, temos aqui o Presidente, não a maior beneficência, mas é uma beneficência exemplar; aqui, na nossa extrema direita, o Sr. Nelson da Vasco da Gama. Mas dizia eu que tanto as beneficências quanto as santas casas - reparem no número, 40 beneficências e 700 santas casas - respondem neste momento por cerca de 60% dos serviços médico-hospitalares em todo o Brasil.

Acredito ter sido essa obra dos portugueses neste nosso querido Brasil, junto com a dos bandeirantes e a implantação da Língua Portuguesa em um território de 8 milhões e 500 mil quilômetros quadrados e onde se falava 250 dialetos, jamais igualada em tempo algum e em lugar algum.

O braço do homem constrói, mas apenas o espírito torna a obra perene. E foi o espírito de solidariedade que perenizou a obra dos portugueses do Brasil, que V. Exa., deputado, compreendeu e que o Sr. Dr. Dorival Braga quis ter a honra de patrocinar. Está entre os homenageados nas poltronas verdes.

A Martim Afonso de Souza devemos a fundação de São Vicente e Santo André, seguida da capital de São Paulo a mando de Manoel da Nóbrega. Depois, seguiram-se quase todas as cidades brasileiras. Cerca de 150 cidades com nomes de cidades portuguesas: Santarém, Alenquer, Almerín, Ouren, Mafra, enfim, quase 150 cidades dentre os 5.000 municípios brasileiros.

Ao comportamento ordeiro, disciplinado, fraterno e não discriminatório dos lusitanos, se devem o temperamento, os caracteres e o pacifismo do povo brasileiro, bem como a sua índole sociável e humanista, que muito contribui para o modo de ser e receber da nação aqui fundada, algo elogiado nos quatro cantos do planeta.

Por sua fácil adaptação a novas e diferentes situações, deve-se aos portugueses uma das maiores obras: a da descoberta, povoação, colonização e evangelização de todos os tempos, exemplarmente consubstanciada nesta acolhedora terra.

A “alma mater” do generoso povo brasileiro reside no cruzamento e caldeamento étnicos, tão bem exemplificados e caracterizados por João Ramalho neste Planalto de Piratininga.

Para concluir, seja-me permitido dizer um modesto soneto em homenagem ao imigrante:

“Lusitano com sangue de Cabral,

De Gama, Camões e outros mais,

Plantou sonhos, semeou ideais

E tornou nossa língua universal.

 

Fraterno, frugal e destemido

Sabe muito bem estar no mundo.

Sentimento patriótico profundo,

Honra Portugal no Brasil querido.

 

Distinguido com igualdade,

Como se cá tivesse vindo à luz

Do Brasil, fez sua pátria de adoção.

 

E perante tal fraternidade, grato e digno,

Sempre se conduz como o brasileiro

Que é de coração.” (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - RICARDO CASTILHO - PV - Convido o ilustre Deputado Wagner Salustiano para assumir a Presidência, posto que agora irei fazer a entrega das lembranças.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Wagner Salustiano.

 

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O SR. VARELA LEAL - Como primeira figura a ser homenageada nesta memorável noite, chamo o Dr. Nelson de Abreu Pinto, neste ato representado por Antônio Henrique Branco, vice-Presidente do Sindicato de Hotéis da Federação Nacional de Turismo.

O Dr. Nelson de Abreu Pinto é Presidente da Confederação Nacional de Turismo, Presidente da Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de São Paulo, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de São Paulo, presidente da Associação Brasileira de Gastronomia, Hospitalidade e Turismo e presidente da Confederação Americana de Organismos Empresariais Turísticos. (Palmas,)

Sr. Dorival Braga, ex-deputado desta Casa, cirurgião-dentista, político, natural de São Paulo, ligado à comunidade portuguesa, visitou Portugal em outubro de 2001 a convite de um empresário. Como deputado, foi sempre muito atuante em diversas áreas, principalmente saúde, na gestão de 2001 a 2003 foi segundo secretário. (Palmas.)

Sr. Adriano de Gouveia, casado, natural da Ilha da Madeira, atualmente presidente da Casa da Ilha da Madeira de São Paulo. (Palmas.)

Sr. Vasco dos Santos, escritor e advogado, nasceu em Portugal, no Alentejo, acaba de lançar a obra sobre João Ramalho. (Palmas.)

Sr. Evanir Ferreira Castilho, juiz de direito, professor universitário, casado com a fadista Eliana Martins, ativista junto às associações portuguesas. (Palmas.)

Sr. Fernando Ramalho Leite da Silva, escritor, nascido em São João da Madeira, distrito de Aveiro, com formação superior em Porto e Brasil. Chegou ao Brasil em 1957, presidente do Conselho Deliberativo da Casa de Portugal de São Paulo, diretor da Beneficência Portuguesa de São Paulo e primeiro provedor da Provedoria da Comunidade Portuguesa de São Paulo. (Palmas.)

Sr. Manuel Marques, maestro, compositor e autor das trilhas sonoras das novelas brasileiras Antônio Maria, As Pupilas do Senhor Reitor, Dez Vidas e do filme Sertão em Festa. Mantém em São Paulo sua academia musical. (Palmas.)

Sr. Almir da Silva Mota, professor da Universidade Mackenzie, casado com D. Deolinda Rosa Gonçalves, natural do Minho, tem duas filhas com nacionalidade portuguesa. Ex-secretário geral do Elos Internacional da comunidade lusíada. (Palmas.)

Sra. Augusta do Nascimento, fadista, natural de Évora, cidade portuguesa classificada pela Unesco como patrimônio mundial. Em 1962 chegou a São Paulo acompanhando o marido à procura de novos horizontes. Teve a coragem de gravar “Meu grito”, de Roberto Carlos e Rei dos Reis , de Roberta Miranda. (Palmas.)

Sra. Inez Garbuio Peralta, professora universitária, brasileira, casada com português, Dr. José João Peralta, ambos professores da USP, fundadores de colégios e faculdades interligados. (Palmas.)

Sr. Ildefonso Octávio Severino Garcia, engenheiro, natural de Parede, distrito de Cascais, emigrou para o Brasil no ano de 1961. Atua como empresário da construção civil. Na área social é dirigente da Comunidade Portuguesa do Brasil, tendo sido eleito em 1997 através de voto popular dos imigrantes portugueses para o cargo de conselheiro das comunidades portuguesas, exercendo atualmente a função de coordenador da secção Brasil.

Sr. Laurentino Gonçalves Vilar, sociedade Poveiros, da terra de Eça de Queiroz, acaba de inaugurar nova sede da associação dos Poveiros São Paulo e é presidente dessa associação. (Palmas.)

Sra. Mariazinha Congílio, escritora, cidadã honorária de Jundiaí, onde reside. Casada com o poeta Geraldo Vidigal, fundadora da Pensão Jundiaí, um grupo de amigos que se reúne há 20 anos num jantar mensal. É presidente do Clube Machado de Assis. (Palmas.)

Sr. José Luís Nascimento dos Santos, presidente da Casa de Portugal em Campinas, casado, português, direito de igualdade, consultor empresarial com atuação por 30 anos no grupo J. Alves Veríssimo, controlador da rede de hipermercados Eldorado. (Palmas.)

Sr. João Antônio Serra, cônsul de Portugal em Campinas, nascido na cidade da Beira, Moçambique, é cônsul honorário de Portugal em Campinas há 16 anos, titular da cadeira n.º 32 da Academia Campinense Maçônica de Letras, tendo sido vice-presidente por dois mandatos. Entre várias condecorações, foi agraciado com o título de cidadão honorário campinense. (Palmas.)

Sr. Bernardo Cardoso, empresário, português, natural de Sobreira Formosa, Concelho de Proença Nova veio para o Brasil em 1953, indo trabalhar no comércio. Fundou com irmãos a Casa Cardoso e, em 1969, fundou o Supermercado Jaraguá, onde está até hoje. É sócio e conselheiro da Casa de Portugal e do Arouca São Paulo Clube e colabora com diversas entidades assistenciais. (Palmas.)

Sr. Antonio Ermírio de Morais, empresário do grupo Votorantim e Presidente da Beneficência Portuguesa de São Paulo, neste ato representado pelo Sr. Abílio Ribeiro de Oliveira, Diretor da Real Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficência. (Palmas.)

Sr. Abílio Herlander Ferreira Leitão, cantor, ator, radialista, publicitário, escultor e empresário, nascido em Lisboa, Freguesia da Alcântara, Distrito de Lisboa, sócio efetivo da Real Benemérita Beneficência Portuguesa do Estado de São Paulo. É sócio fundador do Clube Paineiras do Morumbi, filiado à Ordem dos Músicos do Brasil, desde 1958, com a carteira nº 11. (Palmas.)

Sr. Leonardo Placucci, Reitor da Uni-Santana e Senador do Parlamento da Segurança e Paz Mundial, Presidente da Assembléia Geral da Associação Portuguesa de Desportos, grande professor pedagogo, com uma vida dedicada ao ensino. (Palmas.)

Sr. Gilberto Quevedo da Silva, Diretor Presidente da Associação da Casa de Macau, nascido em Macau, fundador da Casa de Macau de São Paulo. (Palmas.)

Sr. Samuel From Netto, Professor Doutor da Academia Cristã de Letras, escritor e editor de livros eruditos. Além da Academia Cristã de Letras, pertence ao Instituto Histórico e Geografia Paulista e Educação e Paulistana de História.

Sra. Maria Júlia Ventura Varela Leal, fadista, nascida em Faro Algarve, Portugal, cantou como contratada da emissora nacional de Lisboa, com a Orquestra de José Calvário. Ao chegar no Brasil, estreou na Adega da Cidália Meirelles na Rádio Record. Está no programa Portugal Trilha Nova, na Rádio Emissora ABC, há 36 anos, apresentando sempre coisas da nossa terra. Mimi Varela. (Palmas.)

Sr. Fernando Prado Ferreira, Presidente da Câmara Portuguesa do Comércio no Brasil, advogado, sócio de Pinheiro Neto Advogados, agraciado com a Comenda Ordem do Infante Dom Henrique, pelo Excelentíssimo Presidente da República Portuguesa. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - WAGNER SALUSTIANO - PSDB - Esta Presidência agradece ao Sr. Professor Varela Leal pela leitura dos currículos dos homenageados.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Ricardo Castilho.

 

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O SR. PRESIDENTE - RICARDO CASTILHO - PV - Agradeço ao ilustre Deputado Wagner Salustiano por nos ter sucedido na Presidência, com o costumeiro brilhantismo.

Tem a palavra o nobre Deputado, o ex-Deputado, grande amigo e responsável por esta solenidade, Sr. Dorival Braga.

 

O SR. DORIVAL BRAGA - PT - Sr. Presidente, não resta a menor dúvida de que esta é uma festa grandiosa que vale a pena ser vista. Daqui a pouco os homenageados também receberão um mimo oferecido pelo Deputado Ricardo Castilho. Esse novo deputado veio trazer aqui um pouco de brilho e esperança, conjuntamente com nosso querido Wagner Salustiano. E veio, lógico, dar melhores condições para nossa Casa, para que tenhamos de fato um Legislativo forte, dando condições ao Judiciário, dando condições também ao Executivo, esse grande Sr. Governador que temos, o Sr. Geraldo Alckmin.

Desta forma recebi também o meu diploma. Não esperava estar sendo reconhecido pela comunidade lusitana como um de seus membros, embora o meu nome seja Braga. Braga, não resta a menor dúvida, que é família muito grande no Estado de São Paulo e que veio através daquela esperança de receber o seu quinhão de ouro, ou seu trabalho ou alguma coisa nesse Brasil.

Valdesca citou tanta coisa linda que me tirou até o direito de discursar, fiquei mais ouvido do que palreador. Fiquei vendo aquela história toda que ele deu, o ensinamento praticamente desde João Ramalho, desde nossos Martins de Sá, que encontrou quem sabe ali, o Caramuru em Cananéia, e nós ficamos ouvindo aquela história graciosa linda, trazida logicamente pela mente e pela alma lusitana.

  Quando no ano passado, eu falando na festa da Sueli, esta que está secretariando aqui neste instante, que eu queria ter um dia de graça, um dia de alegria para poder dar à minha raça a alegria de estar também aqui no Legislativo paulista e recebendo todos os anos, fazendo logicamente um costume entre o Brasil e Portugal, para reconhecer os portugueses que vieram para cá trazer o benefício do seu trabalho. Quanta coisa ele disse nesse instante, e sem querer não passou pela sua cabeça, lembrando tanto D. Pedro. D. Pedro, não resta dúvida, foi uma cordilheira de altos e baixos; era um homem que praticamente não tinha muita sensatez, um homem que era frio para sua esposa e quente para as suas amantes. Era um homem que esqueceu Portugal e quis fazer a coroa brasileira. Era um homem que esqueceu a coroa brasileira e foi para Portugal devolver o reino a sua família.

E desta forma nós sentimos desse imperador mas tinha junto a ele alguém também com o sangue português, que era José Bonifácio, que trazia no seu meio, trazia uma forma coerente, uma forma de discernimento que ele foi de fato o patriarca desse Brasil.

E desta forma nos sentimos honrados ao receber este pergaminho, que vai ser ostentado, quem sabe, pela minha família, por tantos anos, por poder dar a nossa gente o reconhecimento eterno, esse Portugal!

Outra coisa que Verdasca disse de tão lindo, com aquele patrimônio que herdamos através dos bandeirantes , mas ele esqueceu de dizer que os bandeirantes empurraram todas as formas os espanhóis, ou quem quer que seja, para transformar o Brasil na forma de um coração. E é este coração, com esse lado virado para o ponto certo, é esse Brasil que temos aqui do Oiapoque ao Chuí, feito por ele, empurrado por ele, com a graça de Deus, dando como se fosse o coração do mundo.

É desta forma, Verdasca, que eu te parabenizo nesse instante pelo seu discurso; eu te parabenizo também, Ricardo, presidindo esta beleza: eu parabenizo também você, Wagner, que veio traduzir para todos, como a Rose que estava aqui há pouco, como todos aqueles olhares que vemos e sentimos o prazer de estar comungando nesse instante a beleza da fraternidade luso-brasileira.

Quero agradecer em nome de todos aqueles que receberam, como eu recebi, e quero que vocês sintam esse presente que o nosso querido Ricardo comprou, mas que comprou na minha terra, na minha terra de Porto Ferreira, onde fui prefeito por dez anos. Hoje, o prefeito é o meu garoto, o meu menino, que já tem o segundo mandato, criando condições para minha avó Carminda, para o meu avô João, os portugueses quando chegaram, através da Companhia Paulista de estrada de Ferro e Navegação .

Saúdo a Da. Veridiana, saúdo todos aqueles Prado que trouxeram a beleza da ferrovia, os portugueses que empurraram para o sertão afora essas ferrovias lindas, traduzindo fazendas da minha região uma santa Veridiana.

Eles fizeram. Os portugueses fizeram. E eu senti naquele instante, quando eles chegaram, aquele comboio, aquele trem maravilhoso, que chegava com o foguista, com o maquinista, com o guarda-trem, com o chefe da estação, todos portugueses. Então eu tinha que ser neto também de portugueses e ferroviários; de balceiros, de balceiro João Ferreira; de balceiros aqueles todos que traduziram e trouxeram o café das Minas Gerais. Ou trouxeram o café da Ribeirão Preto, para poder atravessar o rio Mugi, na minha terra de Porto de João Ferreira; simples, pequenininha, ela traduziu também o seu pedacinho de vida dentro da comunidade paulista.

Porto Ferreira, Portugal, Brasil é aqui que eu tenho. Logicamente em nome de todos os presentes, querendo agradecer, de uma certa forma, eu sempre falo aquilo que eu disse em meus discursos, por vocês estarem quietos, olhando e vendo, olhem aqui . Que Deus te pague. ( Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - RICARDO CASTILHO - PV - Exmo. Sr. Sólon Borges dos Reis, na pessoa de quem peço permissão para saudar todas as autoridades presentes nesta solenidade; Exmo. Sr Dércio Miradouro, gerente consular do Consulado de Portugal; Exmo. Sr. Dr. Nelson Ferreira da Silva, da Associação Beneficente Vasco da Gama; Exmo Sr. Dr. José Verdasca dos Santos, a quem tenho a honra de neste momento homenagear pela sua participação, pelo maravilhoso discurso e acima de tudo pela sua simpatia tão própria, tão peculiar do povo português. A S. Exa., realmente, as nossas homenagens e os nossos agradecimentos. Nobre Deputado Wagner Salustiano, a nossa homenagem, e na sua pessoa, homenageamos a todos os ilustres membros desta Casa de Leis.

Meu caro Dorival Braga, na sua presença e na sua pessoa, peço permissão para saudar a todos os homenageados e acima de tudo cumprimentá-lo pela sua brilhante oração.

Senhores convidados, senhoras, ilustres damas, senhores, minha esposa, Sônia, meus amigos, parentes, assessores, jovens que abrilhantam esta solenidade, eu devo dizer por primeiro do meu contentamento e da minha alegria por presidir esta Sessão Solene. Peço vênia aos senhores para, em poucos minutos, dizer das razões principais da minha alegria, contentamento e honra. É que eu, Ricardo Rodrigues de Castilho, descendo da ilustre raça lusitana. Por parte de mãe, Rodrigues, e por parte de pai, Castilho.

Meu avô materno, Otávio Rodrigues, ainda jovem, letrado em ciências contábeis, veio para o Brasil no início do Século XX. Foi para a região de Itápolis, Monte Alto, Taquaritinga. Depois, mudou-se para a longínqua Glicério, minha terra natal. Posteriormente explicarei aos senhores onde fica a grande Glicério, formada por Presidente Prudente, Marília, Bauru e São José do Rio Preto. Lá, meu avô se radicou e se tornou um agropecuarista, plantou café, sofreu com as geadas da metade do século, com a quebra e a queima do café. Depois, ainda jovem, foi tragicamente assassinado por um patrício, por questões de menor importância, cuja maior razão, lamentavelmente, foi a inveja.

Do lado Castilho, a coisa é um pouco mais nobre. A minha Família Castilho, que tem Castilho português e Castilho espanhol, realmente veio de Portugal, da Ilha da Madeira. Temos aqui, inclusive, um livro da Professora Hercília Castilho de Cardoso, contando a história da Família Castilho, desde Portugal até a década passada.

Temos aqui o brasão da Família Castilho em Portugal, para nossa grande honra. Este brasão traz escrito: “Os Castilhos usam em Portugal as armas que lhe foram confirmadas em 1561, de verde com castelo de prata aberto, iluminado e lavrado de negro, encimado por uma flor de lis de ouro e ladeado por dois galgos de prata, coleirados de vermelho, afrontados e presos por cadeias louro as ameias do castelo. O timbre é um galgo do escudo ou um castelo do escudo.”

O que se tem notícia é que três portugueses da Ilha da Madeira, três irmãos, José Antonio de Castilho, Manuel Francisco de Castilho e Alexandre José de Castilho, filhos de Diogo de Castilho, antigo morador da Ilha da Madeira, de tanto ouvir falar das riquezas e oportunidades que o Brasil oferecia, resolveram tentar a vida por aqui. Após saírem de Lisboa, na transmigração da Família Real para o Brasil, a frota real portuguesa aportou na Ilha da Madeira, de onde contam os antigos, originar-se-ia a Família Castilho, brasileira. Vieram esses três irmãos para o Brasil e Maria Francisca, uma das irmãs desses três portugueses, que dera à luz ao seu terceiro filho, José Francisco de Castilho, na mesma época em que nasceu Dom Pedro II. Teria vindo do Piauí para a Corte Real, no Rio de Janeiro. Era bem dotada, exuberante e uma boa produtora de leite. E por isso lhe foi possível aceitar a incumbência de amamentar, por algum tempo, o filho do nosso Imperador Dom Pedro I, o jovem Pedro II, simultaneamente com o seu filho, isso nos idos de 1825. E assim, os dois irmãos recém-nascidos passaram a ser irmãos de leite, ou seja, um Castilho em terra. Já obteve destaque social e político, por ter esse ramo dos Castilhos privado com a Família Imperial.

Hoje, onde quer que os meus antepassados estejam, tenho certeza que estão em bom lugar. Como bons portugueses, foram trabalhadores, honestos, idealistas e fundadores de vilas e cidades, como a minha querida Penápolis. Meu avô, Eduardo de Castilho, doou cem alqueires de terras para os frades capuchinhos lá fundarem um colégio e depois a vila Santana do Avanhandava, hoje Penápolis.

Assim, tenho certeza de que esses antepassados, onde quer que estejam, estão satisfeitos e alegres por verem um descendente seu hoje abençoado e agraciado por Deus, com muito mais do que mereceu em sua vida. Galgar a esta Assembléia Legislativa, merecer a confiança do Presidente desta Casa de leis para presidir esta solenidade e conviver com tamanhas e tão ilustres personalidades portuguesas, de forma que a homenagem desta Casa é para os senhores, mas na verdade, o grande homenageado sou eu. É imensa a minha alegria. (Palmas)

Espero apenas que tenha correspondido à confiança do ilustre Presidente desta Casa de leis e que todos os senhores tenham tido uma noite agradável. E tenho certeza de que esta noite se tornará ainda mais agradável, porque logo em seguida passaremos à parte festiva da solenidade. Vamos ver o folclore português mais uma vez cantado e bailado e logo mais teremos um coquetel, para o qual todos estão convidados.

Antes disso, porém, o Dr. Dorival Braga irá entregar um mimo a todos os homenageados. Fiz a entrega simbólica ao Sr. Cônsul, e agora peço ao Dr. Dorival Braga que faça a entrega a todos os homenageados.

Agradecemos a presença de todos, das autoridades, dos ilustres convidados, dos jovens. Ao encerrarmos esta Sessão Solene, convido, mais uma vez, a todos para participarmos da parte festiva lá ...

convido todos, mais uma vez. para a parte festiva lá no Hall Monumental, onde haverá dança, música e um coquetel. Boa noite a todos.

Está encerrada a sessão.

 

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-         Encerra-se a sessão às 22 horas e 01 minuto.

 

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