18 DE FEVEREIRO DE 1999

11ª SESSÃO ORDINÁRIA DO PERÍODO ADICIONAL DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA, DA 13ª LEGISLATURA

 

Presidência : VAZ DE LIMA, SIDNEY BERALDO e MARIA DO CARMO PIUNTI

Secretário:     SIDNEY BERALDO


 

O SR. PRESIDENTE – VAZ DE LIMA – PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Sidney Beraldo para , como   2º Secretário “ad hoc”,  proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO – SIDNEY BERALDO – PSDB procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

O SR. PRESIDENTE – VAZ DE LIMA – PSDB - Convido o Sr. Deputado Sidney Beraldo para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO – SIDNEY BERALDO – PSDB procede à leitura da matéria do Expediente publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Lucas Buzato.

 

   O SR. LUCAS BUZATO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, depois de quatro dias em que o povo brasileiro comemorou o carnaval, em que nós tivemos os desfiles das escolas de samba, quando o País parou para assistir a uma manifestação importante da cultura brasileira, em que tivemos a “Vai-Vai” e  a “Gaviões da Fiel”  como campeãs de 1999 aqui em São Paulo, e a Imperatriz Leopoldinense no Rio de Janeiro, chegou a hora de o País começar a voltar para a sua dura e triste realidade.

   É interessante como a mídia - aquela mídia que sempre está do lado do Governo - faz com que o povo rapidamente esqueça dos acontecimentos importantes deste País.  Não podemos esquecer que no dia 09/02 tivemos publicado na imprensa um escândalo envolvendo as finanças de nosso País. Segundo o noticiário daquele dia - estou aqui com um exemplar da “Gazeta Mercantil” - o Banco Central vinha realizando investigações no sentido de averiguar as suspeitas de vazamento de informações privilegiadas sobre a mudança da banda cambial no dia 13/01, quando vários bancos teriam comprado dólares a R$ 1,20 e R$ 1,21, vendendo no dia 29 - naquela fatídica sexta-feira  da corrida aos bancos - por R$ 2,15.

   Vejam só. Há fortes suspeitas de que banqueiros deste País  receberam informações privilegiadas de que iria haver uma mudança na âncora cambial do Brasil. Eles compraram dólares a 1,21 reais e no dia 29 de janeiro estes mesmos banqueiros montaram uma indústria do boato e tivemos aquela corrida aos bancos, todos pensaram que haveria um confisco  ou outra desvalorização e eles venderam o dólar a 2,15 reais. A noticia envolvendo os especuladores e banqueiros deste País de certa forma desapareceu do noticiário e tivemos outra notícia: o Sr. Armínio Fraga, Presidente interino do Banco Central, ex-funcionário do megainvestidor George Soros, recebeu informações privilegiadas do Banco Central, do Planalto, em conversas reservadas, e com essas informações o Sr. Soros especulou com os papéis internacionais colocados à venda lá fora e ganhou bilhões de dólares em cima dessa operação. Nem  recebemos ainda informações  sobre um escândalo envolvendo um prejuízo de mais de três bilhões de dólares pagos pela Banco do Brasil, dinheiro que deveria ser investido  na produção, na agricultura, na ajuda ao pequeno e médio investidor industrial e comercial deste País, e a notícia  desapareceu   num golpe de mágica. Sequer recebemos a resposta a essa    suspeita,  quando o noticiário informava que estava havendo uma apuração do Banco Central, e tivemos um novo escândalo denunciado por um economista norteamericano, Sr. Armínio Fraga, que recebeu informações  privilegiadas, que transmitidas ao seu patrão Sr. George Soros  causaram novo e enorme prejuízo às finanças do Brasil.

É importante que nesta volta do Carnaval a gente procure indagar a respeito desses escândalos que a  cada semana acontecem neste País, pois  quem paga por tudo isto é o povo brasileiro através de mais e mais impostos.

 

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- Assume a  Presidência o Sr. Sidney Beraldo.

 

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   O SR. PRESIDENTE  - SIDNEY BERALDO -PSDB -  Anuncio a presença do nobre Deputado Federal Celso Giglio, Presidente da APM, que muito nos honra e amanhã estará comemorando mais um aniversário. Parabéns. (Palmas.)

   O Presidente desta Assembléia Deputado Vaz de Lima ausentou-se para receber  e cumprimentar o querido amigo Deputado Celso Giglio.

   Tem a palavra o nobre Deputado Lobbe Neto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado  Elói Pietá. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Aldo Demarchi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Gouveia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado  Jayme Gimenes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dalla Pria. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Duarte Nogueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reynaldo de Barros. Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado  Fernando Cunha. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Engler. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Junji Abe. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado  Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Nivaldo Santana. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jamil Murad.   

 

O SR. JAMIL  MURAD - PC do B - Sr. Presidente e Srs. Deputados, Reorganização do Partido Comunista do Brasil : 18 Fev. 1962

   O proletariado pode conquistar muitos direitos, mas se não terminar o sistema de exploração do assalariado, ele será sempre escravo do capital. Conquistas que  presentemente estavam consolidadas são surrupiados  pelo patronado capitalista e seus governos.

   Por isso a liquidação do capitalismo constitui o seu anseio primordial.

   Historicamente o proletariado luta para acabar com o  capitalismo, e a burguesia luta para mantê-lo.

   Por isso o partido do proletariado tem de ser um partido de luta de classes , um partido do socialismo científico baseado nos fundamentos de Marx, Engels e Lênin.

   Foi para cumprir estes objetivos que surgiu em 22 de março de 1922 o Partido Comunista do Brasil que a partir de 18 de fevereiro de 1962 passou a responder pela sigla  PC do B.

               O Partido Comunista do Brasil nas usas lutas permanentes cometeu acertos e também erros, sempre acumulando experiência visando as próximas batalhas, particularmente as mais decisivas. Desde 1922 o Partido Comunista do Brasil, para cumprir sua missão histórica, procurou desenvolver requisitos indispensáveis para um partido revolucionário: assimilar a teoria científica da luta de classes, o marxismo-leninismo; ligação estreita com a classe operária, com os trabalhadores, com as massas populare; habilidade política que inclui experiência, acumulação e sistematização da experiência prática pois a luta de classe é complexa e a cada instante a  C.O. se defronta com as mais variadas manobras dos inimigos abertos ou encobertos, o que exige avançar e, em certas ocasiões, recuar, definir os aliados mais convenientes, distinguir o elo principal na cadeia dos acontecimentos em curso.

   O Partido Comunista do Brasil se destacou em toda sua existência pela sua combatividade.

   Foi e é um partido de luta, combativo e heróico.

   Um partido que contribuiu e contribui na organização dos trabalhadores e da juventude nas cidades e no campo, nas escolas e nos bairros.

   Um partido que criou uma consciência democrática, antiiperialista, antimonopolista no Brasil.

   Um partido que sempre procurou criar uma consciência socialista no Brasil.

   O Partido Comunista do Brasil tem 77 anos mas não está melhor , pois pelas suas idéias e disposição de luta é o mais jovem Partido do Brasil.

   O Partido Comunista do Brasil sofreu toda espécie de  calúnias, perseguições, prisões, torturas e assassinato de seus militantes e   dirigentes.

   As classes dominantes sempre agiram com covardia   e crueldade contra a luta dos trabalhadores e as organizações avançadas do povo como o Partido Comunista do Brasil.

   Em 1956, Krusho liderou um golpe interno na URSS, assumindo o poder e  propugnando  um  caminho de colaboração com o imperialismo, abandonando a luta de classes e o internacionalismo proletário.

   Após acirrada polemica a maioria da direção do Partido Comunista do Brasil, para seguir as orientações de Krusho e  do PC da União Soviética, mudou seu nome  para Partido Comunista Brasileiro, renunciando à sua responsabilidade histórica. Um núcleo de dirigentes comunistas mostrando um conhecimento maior do M-L, e fervor revolucionário tomou  a atitude heróica de manter o Partido Comunista do Brasil (PC do B) como partido da luta de classes, partido do marxismo-leninismo, partido da revolução socialista, partido do internacionalismo proletário, reorganizando o Partido Comunista do Brasil em 18 de fevereiro de 1962.

   Foi assim que se reconstruiu, cresceu e se fortaleceu na sociedade brasileira como partido antilatifundiário, partido da luta pela  liberdade, partido da luta anti- imperialista, partido da defesa da soberania nacional e do progresso social.

   O chamado Partido Comunista Brasileiro se esbarrou no lamaçal da colaboração de classe e na crise do socialismo aderiu ao  capitalismo, mudando novamente de nome para PPS.

   O Partido Comunista do Brasil a partir de 18 de fevereiro de 1962 procurou na teoria e na prática cumprir seu compromisso histórico. Enfrentou a ditadura na guerrilha do Araguaia e também nas lutas cotidianas do povo, tendo sido o Partido que teve mais militantes e dirigentes assassinados  no período  do regime militar.

   A data de 18 de fevereiro de 1962, data da reorganização revolucionária do Partido Comunista do Brasil ( PC do B ), é comemorada e saudada permanentemente porque aquela luta de idéias e de rumos foi fundamental para manter o PC do B como Partido que sempre buscou novos caminhos para o Brasil e seu povo.

   Foi assim quando organizou a heróica resistência armada do Araguaia contra o regime militar.

   Foi assim quando levantou a necessidade da Anistia Ampla Geral Irrestrita e a Assembléia nacional constituinte.

   Foi assim quando impulsionou a luta das Diretas  já e depois pelo Fora Collor.

   É assim quando luta hoje contra o neoliberalismo e governo Fernando Henrique Cardoso.

   Nestas lutas, na melhor de suas tradições, o PC do B procura unir a esquerda e amplas forças políticas e sociais para levar o povo a mudar o Brasil no rumo do desenvolvimento, da democracia, do progresso social sem perder de vista a batalha final pelo socialismo com fisionomia brasileira.

   Hoje, 18 de fevereiro de 1999, completa 37 anos que heróicamente e com coragem intelectual sem limites João Amazonas, Maurício Grabois, Carlos Danielli, Lincoln Oest, Luis Guilhardini, Pedro Lomar, Ângelo Arroyo, Elza Monerat e outros reorganizaram o Partido Comunista do Brasil ( PC do B ).

   Nossa homenagem a estes revolucionários brasileiros a quem devemos a existência, hoje, do Partido Comunista do Brasil, que mais  experiente e com maior domínio do marxismo-leninismo tanto tem ajudado o povo brasileiro.

   Viva do Socialismo

   Salve 18 de Fevereiro de 1962, quando foi reorganizado o Partido Comunista do Brasil ( PC do B ).   

 

   O SR. PRESIDENTE - SIDNEY  BERALDO - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado  Gilberto Nascimento.

 

O SR. GILBERTO NASCIMENTO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR  - Sr. Presidente e nobres Srs. Deputados, como já foi dito aqui hoje por um nobre Deputado que ocupou esta tribuna, o Carnaval terminou; um Carnaval que infelizmente deixou um recorde de violência no Estado de São Paulo. Uma  violência que levou 230 vidas, entre sexta-feira às 19 horas e quarta-feira  às 7 horas da manhã no Estado de São Paulo, com um percentual  pequeno de latrocínios, porém  com um grande número de homicídios. Violência  que infelizmente já não está mais somente nas cidades grandes e nos grandes aglomerados populacionais, mas que se estendeu  também pelo interior deste Estado. Na Capital tivemos 99 assassinatos, entre a Grande São Paulo e o interior mais 131 assassinatos; 2400 automóveis roubados.

   Há pouco estávamos aqui conversando com um colega deputado que disse que o seu filho veio do interior para ir à praia e quando passava na Marginal teve o seu carro parado por um motoqueiro, que levou também o seu relógio.

   Srs. Deputados, esse é um problema que acontece com todos nós, estamos vendo essa violência bater à nossa porta a cada instante; nós estamos vendo essa violência crescer de tal forma que nós não conseguimos mais ficar tranqüilos de maneira nenhuma.    A nossa querida Zona Sul  teve o maior número de assassinatos;  dos 99 quase 40 foram na Zona Sul. São normalmente pessoas do sexo masculino que estão entre 18 e 25 anos, são os nossos jovens que estão sendo assassinados por outros jovens. Precisamos começar a gritar mais alto contra essa violência, precisamos começar a dizer "basta  de violência", São Paulo já não consegue mais viver com tamanha violência".

   Nós não somos daqueles que queremos fazer comparação entre São Paulo e Rio de Janeiro. Vivemos em São Paulo, não queremos fazer comparação com São Paulo, com  Chicago, com Washington ou com Cali, não!  Nós entendemos que há necessidade, mais do que nunca, de uma solução para o problema de segurança no Estado de São Paulo.

Algumas coisas nos tranqüilizam; se por um lado essa violência é tão  grande, nós ficamos angustiados, podemos ver, por outro lado, que o nosso governador Mário Covas  fez uma mudança radical na Secretaria de Segurança Pública, colocou como Delegado Geral o Dr. Desgualdo, um homem honrado, um policial exemplar, um exemplo de policial a ser seguido pelos novos policiais e por toda a polícia de São Paulo, um homem que está na carreira há 28 anos, foi investigador de polícia, conhece bem a área, foi delegado de polícia hoje é um delegado de classe especial; foi diretor de departamento da Delegacia de Homicídios, uma das delegacias que teve o maior rendimento de trabalho nos últimos tempos, um pai de família dedicado e que tem muita vontade de reduzir essa violência, o que é um ponto positivo e um grande passo.

   Não é diferente também na Polícia Militar No lugar do nosso ex-comandante geral, que fez um grande trabalho - e para dar continuidade a esse trabalho-   veio o Coronel Rui Melo, que é um coronel da Polícia Militar  também muito dedicado e que eu tenho certeza  também vai estar nesse grande combate à criminalidade.

Srs. Deputados, há necessidade - dado o sofrimento desse nosso povo, das mães que choram a morte dos seus filhos, da esposa que chora a morte do marido e vice-versa - de uma grande cruzada a partir desta Casa, chamando todos os órgãos responsáveis pelo policiamento e pela segurança deste Estado, para que nós  juntos possamos estar ajudando esta Casa, inclusive, na responsabilidade do combate a essa violência.

   O nosso povo já não agüenta mais. Ao andarmos na rua vemos as pessoas angustiadas. Infelizmente, Srs. Deputados e funcionários que nos ouvem esta tarde, não sabemos se ao sair daqui vamos chegar às nossas casas com vida, porque estamos vivendo uma  guerra civil. Mata-se mais nesta cidade, mata-se mais neste Estado do que nas grandes guerras.

   Esse é o nosso problema e a nossa angústia, Srs. Deputados, que conhecem a nossa população, que têm a sensibilidade de saber o que o nosso povo está vivendo. É hora de gritarmos mais alto, é hora de gritarmos "vamos acabar com a violência."  Vamos procurar ver a causa, mas vamos também combater os efeitos, porque somente assim nós poderemos ter uma cidade um pouco mais tranqüila.

   Para concluir, Sr. Presidente, vamos convocar todos para uma grande cruzada. E um dia, se Deus quiser, poderemos abrir os nossos jornais e não vermos manchetes como essas: "Violência sacode São Paulo e bate recorde no carnaval";  "Bandidos matam um cobrador de ônibus, que estava trabalhando, porque acharam  só 5 Reais no seu bolso". Talvez se tivesse 10 Reais não teria perdido a vida, mas ele só tinha 5 Reais e foi assassinado. Como vale tão pouco a vida!  Como vale tão pouco a vida de um garoto assassinado a tiros durante jogo de futebol ou na quadra de uma escola! Como vale tão pouco a vida dessas pessoas! 

   É lamentável, Srs. Deputados,  mas creio em Deus e se Deus quiser no ajuntamento de todos os responsáveis por segurança neste Estado, da Assembléia Legislativa, do Poder Judiciário, do Poder Executivo, todos em uma grande cruzada estaremos reduzindo esse nível de violência da Cidade de São Paulo.

   Sr. Presidente e Srs. Deputados, eram essas as minhas palavras neste momento mostrando a minha angústia, insatisfação e o meu desespero por ver o meu povo, por ver o povo deste Estado sendo assassinado de forma tão brutal e tão cruel. É lamentável, Sr. Presidente!

 

   O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado José Caldini Crespo. (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Paulo Teixeira. (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Djalma  Bom. (Pausa.)  Tem a palavra a nobre Deputada Cecília Passarelli. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado  Renato Simões. (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Dallari. (Pausa.)   Tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio. (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado  Edmir Chedid. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi. (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Alberto Calvo.

 

   O SR. ALBERTO  CALVO - PSB - SEM REVISÃO DO ORADOR -  Sr. Presidente e nobres Srs. Deputados, quero me congratular com o pronunciamento do ilustre deputado que me antecedeu  na tribuna, nobre Deputado Gilberto Nascimento, e me associar também às homenagens tanto ao titular da Polícia Militar, como ao titular da Delegacia Geral, como também ao titular da Segurança Pública  de São Paulo atual.

Esperamos que realmente eles possam cumprir a sua missão, porque a missão é muito espinhosa, eles vão encontrar muitos entraves e percalços. Vão encontrar, inicialmente, as dificuldades para obter das nossas leis um maior rigor na punição dos homicidas, dos assaltantes, dos estupradores, dos sequestradores, porque há sempre um pugilo de deputados que são especializados em impedir uma punição adequada para essa gente.

   Parece que o Direito se esquece de que o seu juramento e a sua obrigação é garantir justiça e envidar todos esforços, sabe Deus com que recursos, alguns até escusos, para manter essa gente impune? Não se pode aceitar isso. E S. Exas., que dirigem e tomam conta do trabalho de garantir a Segurança Pública, encontram este grave entrave em nosso país, porque aqui se procura paparicar o bandido, o facínora. Todo mundo tem pena do facínora, abusa-se, neste país, da palavra coitado. Isto tem que acabar!

   Nós encontramos pessoas que têm no seu DVC uma centena de passagens pelas delegacias e estão soltas pelas ruas, graças às artimanhas daqueles que estão especializados em mantê-las na rua e na senda da criminalidade.

   Sr. Presidente, quero congratular-me com o Sr. Governador por ter já tomado algumas providências na Segurança Pública e nas Polícias Civil e Militar. Mas, não posso dizer o mesmo em relação à Educação, porque estou tendo problemas nas minhas bases com famílias, com mães, que estão reclamando que não têm vagas nas escolas para colocar seus filhos. Eu como representante de uma parcela de cidadãos -numa proporção pequena, é verdade- nesta cidade tenho enfrentado problemas nesse sentido, porque não existem vagas suficientes, isto talvez como consequência da gestão equivocada da ilustre -porque realmente é uma mulher de grande saber- Dra. Rose Neubauer, que sem dúvida nenhuma não fez uma boa administração. Espero que S.Exa. melhore agora ou então que se escolha melhor para evitar que estas coisas se repitam: crianças ficarem sem escola e mães desesperadas sem saber o que fazer

   Temos de trabalhar muito nesta Casa. Chega de viagens, chega de grandes feriados, chega de prolongados descansos, agora é trabalhar, porque esta Casa é o último bastião da democracia. E este bastião não está  cumprindo com a sua finalidade.

   É necessário trabalhar!

 

   O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado José Pivatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Paulo Barboza Filho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mariangela Duarte. (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Misael Margato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dimas Ramalho. (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Afanasio Jazadji. (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Sampaio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Erasmo Dias.

                                      

   O SR. ERASMO DIAS - PPB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, há 25 anos este modesto cidadão - apenas para citar um dado no tempo - não tem feito outra coisa se não colaborar apresentando soluções no campo da Segurança Pública. Infelizmente não temos sido ouvidos, porque solução existe e tenho certeza absoluta de que do carcereiro, ao agente penitenciário, passando  pelo juiz, pelo promotor, pelo delegado, pelo policial civil, que investiga, pelo policial militar, que policia, todos sabem qual é a solução, não é novidade. Temos é que nos preparar apenas para prevenir e reprimir, quando necessária, a ação do bandido.            Qual é o cidadão, por menos cidadania que exerça, que não sabe o que representa o patife do bandido! Costumo dizer “Você quer viver? Pense como o bandido, raciocine como o bandido que você sabe tudo dele; só não age como ele porque você tem a resposta.”

   Há dois pontos importantes que quero colocar em relação a isso. Agora há pouco tive oportunidade de assistir a um programa de televisão e fiquei chocado. Temos dois tipos de carnavais. O carnaval das drogas, do álcool, das armas, com 230 assassinatos e o carnaval de centenas de milhares de outros cidadãos, seja da “Gaviões” ou da “Vai Vai”, no apogeu  da festa pagã, do Belzebu e do diabo que o carregue. É essa a sociedade. O que falta? Falta cidadania, porque se de um lado o instrumento do carnaval para alguns é droga, arma e cachaça, o que redunda nisso tudo, é o alimentador do crime, de outro lado, outros tantos têm o seu carnaval. Então é problema de  número. Só que de um  lado 230 perderam a vida.

   O triste espetáculo a que assisti há pouco realmente me indignou, aliás, vivo indignado. De um lado, o repórter num cemitério mostrando famílias em luto, chorando, e o coveiro dizendo que o problema está difícil, quer dizer, o agente público -coveiro- fazendo sepultura e de outro, numa cidade em que não há cidadania, na acepção da palavra, alguém tem que suprir essa falta. Aí é que vem o agente da lei.

   O agente da lei na nossa terra tem de assumir um duplo papel: de cidadão, para suprir a deficiência do elemento que transforma a arma, a droga e o álcool em “instrumento de trabalho” -entre aspas- e tira a vida como quem mata uma barata e  que tem de assumir a responsabilidade também de ser agente da lei, evitando que essas coisas aconteçam. Ele sabe como tem de fazer. Todo dia é essa ladainha: Jardim Ângela, Jardim Santo Antonio. Mas quem não sabe que é entre 10 horas da noite e uma hora que se mata! Então é muito fácil fazer alguma coisa. Mas por que não se faz? Esse é o problema.

   Tomei a liberdade de enviar ao Delegado Geral, Comandante da Polícia Militar recentemente empossado, um calhamaço de documentos dizendo de modo elegante “Meu caro amigo, são algumas contribuições, que espero possam ajudar, nessa terra espinhosa, da qual conheço alguma coisa. Porque não vou mandar para secretário da segurança. Respeito muito esses juristas, são muito bons para tribunal, mas não entendem patavina do que seja a polícia. Então não se pode exigir dessa gente nem cidadania, muito menos cidadão como agente da lei.

   Sr. Presidente, para constar dos Anais da Casa, passo a dar conhecimento não dos 297,5 da “Gaviões”, nem dos 277,4 da “Mocidade”, mas dos 230 que morreram nas mãos dessa gente. Então a impunidade continua e há pouco dizia o repórter “Temos de nos indignar”. Mas como nos indignar se a sociedade é amorfa, apática, tolerante e benevolente! E sabe quem é mais tolerante e benevolente? É o Governo, porque com essa  filosofia de desmotivação e desestimulação não há quem queira dar à sociedade aquilo que deva, porque o homem é lá de baixo; estou preocupado com o carcereiro, estou preocupado com o soldadinho lá de segunda classe, já que é essa gente que precisa entender estas coisas todas. Eles podem entender, e até que entendem, mas estão de mãos amarradas. Eles saem por aí cumprindo a missão, num pavor danado, continuam fazendo bico, morrendo fazendo bico.

Então, mais uma vez eu repito, com todo respeito: o grande culpado disto é o governo, é o criminoso por omissão, que é o pior dos crimes que existe.

Se deixar à Polícia a liberdade de ação, por si própria, no sentido de cumprir o dever legal, eu tenho certeza absoluta que não há um soldado, não há um policial, não há um investigador que não saiba o que tem que fazer. Eles sabem. Agora, desmotivados, desestimulados, desamparados, sem liderança, sem chefia, eles sinceramente não podem fazer milagres.

Enquanto isso, vamos nos indignar, vamos pedir a Deus para que no outro carnaval não seja no Cemitério de São Luiz que a gente possa descomemorar este quadro triste desta festa pagã. Talvez este seja o preço.

 

O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado José Carlos Tonin. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sylvio Martini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jamil Murad. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Nelson Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Salvador Khuriyeh. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Paulo Julião. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Márcio Araújo. (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Cesar Callegari.

 

O SR. CESAR CALLEGARI - PSB- SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobres Srs. Deputados, acreditamos ser nosso dever estar permanentemente informando aos nobres Deputados e aos que acompanham o nosso trabalho o desenrolar de assuntos tratados aqui na Assembléia.

Refiro-me hoje a um assunto que foi fartamente tratado na última sessão nesta Casa, sobre a greve de fome levada a cabo pelo Prof. Santos Siqueira, diretor de uma das mais tradicionais escolas públicas do Estado de São Paulo, do Município de Cotia, e que na 6a. feira este caso teve o seu desenlace, felizmente naquilo que imaginávamos que poderíamos fazer, que foi a atitude do Governo de São Paulo de se comprometer a rever a punição aplicada - aliás punição injusta - a este diretor de escola, que encontrou na greve de fome uma medida extrema de alertar a opinião pública em geral, e o próprio governo em particular, da calamidade e da injustiça das medidas disciplinares que foram aplicadas sobre ele por parte da Secretaria Estadual da Educação.

Quero registrar que o Prof. Santos Siqueira na tarde de 6a. feira, já no 18o. dia de sua greve de fome, recebeu oficialmente a informação por parte do representante do próprio Governador, pelo nobre Deputado Celino Cardoso, Secretário Chefe da Casa Civil, que o Governador Mário Covas determinou a remessa dos autos do processo de volta à Secretaria Estadual da Educação com o compromisso de rever a punição que foi aplicada a ele, punição de suspensão por seis meses sem o recebimento de salários.

Quero, além de agradecer o trabalho organizado pelo nobre Deputado Celino Cardoso, bem como os esforços desenvolvidos pelo nosso Presidente, nobre Deputado Vaz de Lima, que também esteve o tempo inteiro acompanhando este processo.

Quero também agradecer a atenção dispensada pelo Secretário Angarita, que também foi sensível em todo este episódio, e a própria atenção dispensada pelo Sr. Governador Mário Covas que determinou, ao ouvir o seu secretariado, que este processo pudesse ser revisto com base no recurso apresentado pelo Prof. Santos Siqueira.

   Embora a greve de fome tenha sido encerrada, e o objeto da nossa maior preocupação que era a integridade física e a própria saúde deste educador, Santos Siqueira, gostaríamos de estar aqui registrando que, como se diz, a luta continua. Quer dizer, o protesto do Prof. Santos Siqueira não foi apenas em relação à arbitrariedade de uma penalidade rigorosamente injusta que lhe foi aplicada na origem, pela Secretaria Estadual de Educação, mas é sobretudo o protesto em relação à anti-política educacional que vem sendo implementada pela Secretaria Estadual de Educação e Secretária Rose Neubauer que tem - como temos ficado até exaustivamente expondo aqui na Assembléia Legislativa - posto em prática uma política que tem fechado escolas, dispensado professores, que tem eliminado uma quantidade brutal de vagas nas escolas públicas de São Paulo, enfim, que tem transformado a Educação num objeto de economia quando deveria ser, na realidade, objeto de um forte investimento governamental, porque Educação não é uma questão de custos, é uma questão de investimento.

   Na realidade, a Secretária de Educação tem e deve ser responsabilizada por esta verdadeira catástrofe ocorrida no cenário educacional público paulista nesses últimos quatro anos. Foram 152 escolas fechadas, 47 mil professores dispensados, nove milhões e 200 mil aulas cortadas da rede de ensino, afetando quase seis milhões de estudantes na rede inteira. Tivemos problemas de toda ordem, sobretudo problemas caracterizados por um excessivo autoritarismo. Aliás, qualquer autoritarismo é nefasto mas na área da educação é pior ainda. Tínhamos uma enorme esperança que nesse segundo mandato inaugurado pelo Governador Mário Covas tivéssemos, pelo menos nesta área, uma mudança radical. Infelizmente, a Secretária de Educação Rose Neubauer foi confirmada no cargo. Espero que o Sr. Governador tenha um pouco mais de tempo de refletir, porque sempre o início de governo é uma hora de mudança e espero que o resultado das urnas, sobretudo das urnas de quatro de outubro, que indicou claramente a reprovação do governo em relação às suas práticas sociais, sobretudo na área de Educação, Segurança Pública, Saúde. Espero que o Sr. Governador Mário Covas tenha condição de iniciar de fato seu segundo mandato com correções fortes nestas áreas que já foram devidamente reprovadas pela população. Fica aqui, entretanto, não apenas o meu agradecimento àqueles assessores do Governador Mário Covas que tiveram uma preocupação em resolver satisfatoriamente o caso do Prof. Santos Siqueira, mas também o reconhecimento a outros companheiros nossos, parlamentares, que também atuaram. Faço questão de citá-los: Deputado Paulo Teixeira, Deputado Vaz de Lima, Deputado Líder do Governo Sidney Beraldo e do Senador Eduardo Suplicy que, durante todo esse período, se esforçou na interlocução com os órgãos governamentais para que esta situação fosse superada, como foi: a situação do Prof. Santos Siqueira que suspendeu a sua greve de fome na sexta-feira passada. 

   Como disse, a luta vai continuar. A Secretária Estadual da Educação que pretendeu transformar o professor Santos Siqueira num exemplo para que nenhuma voz na Secretaria de Educação como diretor de escola, professor, funcionário ou aluno pudesse contestar essa política equivocada que ela tem implementado, ele mesmo se transformou num exemplo de cidadania, um exemplo de coragem, um exemplo de desprendimento e amor à causa da Educação. Acho que poucos homens e mulheres na área de educação de São Paulo têm um sentido tão completo a respeito da missão educacional, pedagógica e da necessidade fundamental que a educação possa ser considerada como prioridade “número um” dos governos, se quisermos sair dessa verdadeira armadilha em que a nação brasileira está colocada. Ou a Educação é tratada como prioridade mesmo e isto significa mais dinheiro, mais recursos, mais democracia, mais luz para esta área ou continuaremos sendo uma nação cada vez menos democrática, subdesenvolvida e uma nação socialmente injusta.

   Portanto, parabéns à atitude do Prof. Santos Siqueira.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB -  Tem a palavra o nobre Deputado Dráusio Barreto. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Célia Leão. (Pausa.) Encerrada a lista de oradores para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à lista suplementar. Tem a palavra o nobre Deputado Wagner Lino. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Rosemary Côrrea.

 

A SRA. ROSMARY CÔRREA - PMDB - SEM REVISÃO DA ORADORA - Sr. Presidente, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, senhores leitores do “Diário Oficial”, estive prestando bastante atenção nas palavras dos nossos companheiros, Deputado Gilberto Nascimento e Coronel Erasmo Dias, com referência aos lamentáveis números apresentados sobre a violência em São Paulo. Acredito que temos, até precisamos lutar, precisamos ter esperança.

   A Secretaria de Segurança Pública foi mudada a bem pouco tempo. O Dr. Marco Vinicio Petrelluzzi assumiu praticamente a uma semana, dez dias. As mudanças que S. Exa. fez tanto na Delegacia Geral de Polícia quanto no comando da Polícia Militar também são recentes. Foram mudanças que receberam a aprovação tanto da Polícia Civil quanto da Polícia  Militar. Aqui faço a mesma ressalva que o meu companheiro, Deputado Gilberto Nascimento, fez. O antigo comandante, Coronel Carlos Alberto de Camargo, já vinha fazendo um belíssimo trabalho à frente da Polícia Militar, uma pessoa querida também por toda a tropa. Foi substituído por aquele que o substituiu quando estava no comando de choque. Portanto teremos, sem dúvida alguma, uma seqüência de um trabalho que já vinha sendo realizado e muito bem realizado.

   Sabemos, e nós Deputados desta Casa temos uma consciência muito grande disto, que medidas profundamente dolorosas para o funcionalismo público em geral, atingindo aí inclusive aos que fazem parte da segurança pública, Polícia Civil e Polícia Militar, estão vindo para esta Casa. Estão começando a ser estudados a pedido do Governador e, mais dia, menos dia, aqui estarão para poderem ser votadas. Medidas realmente bastante dolorosas. Num encontro recente com o Sr. Governador Mário Covas, numa pergunta que fiz a ele, em que S. Exa. falava das dificuldades por que passa o Estado, da necessidade de enxugar a máquina, da necessidade de racionalizar os gastos, principalmente os gastos a nível do funcionalismo público, perguntei à S. Exa. se por acaso as polícias poderiam pensar em aumento durante o ano de 1999. S. Exa. não disse nem “sim”, nem “não”. Apenas continuou a falar das dificuldades que o Estado atravessa e que todos acompanhamos porque é uma dificuldade que está sendo atravessada pelo país. Mas, nas entrelinhas, conseguiu se ler que, possivelmente, as nossas polícias passarão mais um ano sem que haja algum tipo de aumento nos seus holerites.

   Medidas dolorosas, nenhuma perspectiva de aumento, a criminalidade aumentando cada dia mais e toda a responsabilidade jogada sobre os ombros destes homens e mulheres que compõem a Polícia Civil e a Polícia Militar. Homens e mulheres que continuam desestimulados, como  bem disse o Coronel Erasmo Dias; homens e mulheres que continuam com medo de fazer o trabalho que conhecem muito bem porque não sabem na realidade qual é o tipo de retorno que terão no cumprimento da sua missão, no cumprimento daquilo que foram treinados para fazer. Então, continuam desestimulados e amedrontados no exercício da atividade policial.

   Sei que ainda é muito cedo para cobrar qualquer coisa do Sr. Secretário, do Sr. Comandante Geral da Polícia Militar, do Sr. Delegado Geral de Polícia mas quero que as minhas palavras de hoje possam pelo menos servir para um reflexão dessas autoridades. Se não se pode dar aumento, se medidas dolorosas vão vir a esta Casa para serem votadas por nós, Deputados, que vão atingir diretamente a este funcionários, a estes policiais, que se pense, que se reflita, que se crie algum tipo de estratégia, algum tipo de trabalho, alguma coisa a se realizar com estes funcionários no sentido de devolver a esses próprios policiais - fala-se tanto em cidadania, mas muitas vezes não lhes é dado o direito de exercer a sua cidadania - que se crie alguma  coisa no sentido de reestimulá-los  no trabalho que eles sabem e devem fazer.

   O Sr. Governador tem que criar cursos, estimular. O Sr. Secretário de Segurança tem que estar  presente e demonstrar que acompanha o trabalho que vem sendo feito. Tem que dar respaldo, estar por trás sempre elogiando o trabalho bem feito; estar sempre presente no momento em que o policial está precisando da sua cobertura, porque fez um bom trabalho, mas infelizmente alguns setores da  nossa sociedade não lhes creditam  como sendo um bom trabalho. Essa é a hora de o secretário estar junto desse policial.

   Nossas palavras aqui não são de nenhuma cobrança ao Secretário, ao Comandante Geral nem ao Delegado de Polícia, mas que possam servir de reflexão no sentido de levantar a moral desses policial, que infelizmente, hoje têm medo de trabalhar, encontrando-se amedrontados, acovardados e desestimulados.

   Muito obrigada, Sr. Presidente.

       

   O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB  - Tem a palavra o nobre Deputado Dimas Ramalho.  (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Waldir Cartola.

 

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   - Assume a Presidência a Sra. Maria do Carmo Piunti.

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O SR. WALDIR CARTOLA - PTB - SEM REVISÃO DO ORADOR  -  Sr. Presidente, Srs. Deputados, conforme sabido por todos, a nova Assembléia Legislativa  tomará posse no próximo dia 15 de março de 1999. O Executivo está há mais de quatro anos para tomar posse  e não o faz. Está há mais de quatro anos para assumir uma posição e não assume. Temos que  verificar as greves. Greve de fome de professor é algo mais fácil de se fazer, porque o seu  salário  é o da fome; fazer a greve é a coisa mais simples!

   Será que o  novo secretário pensa que irá resolver, de um momento para outro, todas essas questões inerentes à Segurança do Estado de São Paulo? Não vai, porque o caos em que se transformou a Segurança é  inacreditável! Passamos a ficar atrás das grades, com medo dos bandidos. Nossas delegacias são assaltadas, há quilos de drogas que somem, sem ninguém achar o culpado, o menino é morto porque foi proteger a sua bicicleta. Onde está a polícia ostensiva, a quem se arma muitos esquemas para prender o policial, mas nenhum esquema para prender o bandido.

   Este País arma muitos esquemas para prender os corruptos, mas não há  nenhum para prender o corruptor. Este é um País de cabeça para baixo, que precisa ter vergonha  de postular determinadas questões com referência a segurança.

   O policial tem medo de atirar, de se proteger e de sair na rua. Porque é muito mais fácil o policial pegar cadeia, do que o bandido. O bandido entra por uma porta da cadeia e sai por outra.

   É muito fácil cobrar. Mas onde é que está o salário que iria desmotivar determinadas atitudes, inclusive de policias corruptos e maldosos? Mas e os policiais sérios, que trabalham, aqueles policiais que têm a sua família que dele depende, tendo assim que se auto-proteger?

   O Sr. Secretário Marco Vinicio  Petrelluzzi vai resolver as questões? Força  de vontade, caráter e dignidade não faltam .

Mas como enfrentar a bandidagem com o desemprego monstruoso que temos hoje na Capital? A Capital está ilhada; são favelas por todos os lados, é a pobreza, é a miséria, são as drogas, são os bandidos, é a corrupção ativa e passiva; é armamento precário, é sistema precário, viaturas que às vezes não têm gasolina e quando têm, não têm pneus ou então quando têm os dois, não têm motorista.

   Para se fazer uma nova segurança, será preciso uma nova administração nesses quadros. A administração das Polícias Civil e Militar tem de ser renovada; precisa-se tirar os demagogos, aqueles que ficam atrás das escrivaninhas, que nunca enfrentaram um bandido nas ruas, mas que são fortes em dar ordens.

   Mas que País é este, quando vemos e não queremos acreditar que o nosso vizinho está morrendo de fome? Que País é este, onde meu filho vai à escola, mas 10 famílias vizinhas não têm condições de colocar seus numa sala de aula? Que socialismo é esse, Sr. Governador?  Socialismo não é liquidar o patrimônio do Estado.  Socialismo é muito mais do que ter vergonha na cara, do que ter coragem de assumir as responsabilidades.  Não é punir, mas orientar.  Não é dar mão-forte a uma secretária de Estado que até hoje não disse a que veio, mas em contrapartida coloca milhares de alunos que estavam dentro das salas de aula, nas ruas, para que proliferem a bandalheira, a droga e o crime.

   Se quer mudar, comece mudando pelos seus secretários. Assuma e teremos uma São Paulo bem melhor do que aquela que temos hoje.

 

A SRA. PRESIDENTE - MARIA DO CARMO PIUNTI -PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Paschoal Thomeu.

 

O SR. SIDNEY BERALDO - PSDB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, em meio realmente a notícias tristes, principalmente com relação aos números de homicídios ocorridos neste Carnaval, quero trazer uma informação muito positiva. É lamentável que isso esteja ocorrendo, percebemos da parte do Secretário uma preocupação enorme nesse sentido, movimentando-se bastante para compor uma assessoria em todos os níveis da Polícia Militar e da Polícia Civil com elementos da mais alta capacidade e experiência, temos absoluta certeza de que todo esforço do Secretário, sob orientação do Sr. Governador, será desenvolvido para que essas questões sejam amenizadas; não podemos deixar de levar em conta o agravamento da crise econômica, o momento de festa com excessos, como já foi dito, do uso da droga e da bebida, tudo contribui para isso. Essa não é, sem dúvida, uma tarefa só do Governo. É preciso um esforço de toda a sociedade, da Igreja, da sociedade no sentido de buscarmos juntos alternativas que possam trazer mais paz e solidariedade para o povo paulista. Enfim, em meio a estas notícias tristes quero trazer  a informação de que na quinta-feira passada, num evento promovido no Palácio dos Bandeirantes sob o comando do Governador Covas, foi assinado um decreto que reduz o ICMS de aves e equipamentos agrícolas. Este fato é da mais alta importância na linha do desenvolvimento econômico e da geração de empregos. Mais de 25% de frangos e aves em geral saem deste Estado para serem comercializados e até hoje sofriam uma competição desigual, pois competia-se com outros estados porque aqui tínhamos a incidência de ICMS. Com a redução para zero, sem dúvida nenhuma teremos um estímulo ainda maior para aumentarmos a produção de frangos e ovos e com isso estaremos consumindo mais milho e soja, que são em grande parte produzidos no Estado de São Paulo.  Houve a  redução do ICMS para equipamentos agrícolas, pois não tem sentido cobrar imposto de máquinas que vão para o campo contribuir na geração  de empregos, na melhoraria de tecnologia, da produtividade. Este é o exemplo que o Governador Covas dá ao País; faz seu ajuste fiscal, aperta pelo lado de sua despesa, mas quando sente que é preciso reduzir a carga tributária para promover um incremento na economia, principalmente numa área que gera muito emprego, ele dá um sinal. Em meio a tantas notícias ruins, esta é a boa notícia que deixamos registrada nesta Casa.

 

   O SR. SIDNEY BERALDO - PSDB - Sra. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

A SRA. PRESIDENTE  - MARIA DO CARMO PIUNTI - PSDB - O pedido de V.Exa. é regimental, antes, porém, a Presidência convoca V. Exas. para a sessão ordinário de amanhã, à hora regimental, informando que Ordem do Dia  será a mesma de hoje.

   Está levantada a sessão.

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-         Levanta-se a sessão às 15 horas e 37 minutos.

 

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