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DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA           028ªSS

DATA: 990628

 

O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - A Presidência passa a citar as autoridades presentes: Exmo. Sr. Deputado Vaz de Lima, neste ato representando o Exmo. Governador Mário Covas Júnior; Sr. José Aníbal Peres de Pontes, Secretário de Ciência Tecnologia e Desenvolvimento Econômico; Sr. Plínio Oswaldo Assmann, Diretor Superintendente do IPT; Professor, Doutor Antônio Marcos de Aguirra Massola, Diretor da Escola Politécnica da USP, representando S. Magnificência, o professor Jacques Maskovitch, Reitor da Universidade de São Paulo; Sr. Antônio Guerra, Secretário Adjunto da Secretaria de Ciência Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, engenheiro Paulo Lessa da Fonseca., representando o Exmo. Sr. João Carlos de Souza Meirelles, Secretário da Agricultura e Abastecimento; Sr. Francisco Romeu Landi, vice-Presidente do IPT e Diretor da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo; Sr. Vicente Nélson  Giovanni Mazzarella, Diretor Técnico do IPT; Sr. José Geraldo de Lima Júnior, Coordenador do Projeto do ITP - 100 anos; Sr. Paulo Anthero Soares Barbosa, Diretor Administrativo e Financeiro do IPT; Sr. Saburo Ikeda, Diretor de Planejamento e Gestão do IPT; Sr. Fernando Leça., Superintendente do Sebrae; Sr. José Carlos de Oliveira Lima, Presidente do Sindicato da  Indústria dos Produtos de Cimento do Estado  de São Paulo e vice-Presidente da Fiesp; Sr. Carlos Roberto Petrini, Diretor Executivo do Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento do Estado de São Paulo.

Srs. Deputados, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Vanderlei Macris, a pedido deste deputado, com a finalidade de comemorar o Centenário do Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT.

Convido a todos os presentes para, de pé ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro que será entoado pelo Coral da Universidade de São Paulo, sob a regência de Márcia Reitshel.

 

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- É  entoado o Hino Nacional Brasileiro pelo Coral da Universidade de São Paulo.

 

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O SR. PRESIDENTE - SIDNEY  BERALDO - PSDB -   Esta Presidência agradece ao Coral da USP e passa a palavra ao nobre Deputado José Aníbal, Secretário do Estado da Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Econômico.

 

O SR. JOSÉ  ANÍBAL - Boa-noite a todos. Esta é uma ocasião muito propícia para que o Parlamento estadual, a pedido do Deputado Sidney Beraldo, promova esta sessão solene, juntamente com o  Presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembléia Deputado Vaz de Lima, em homenagem ao Instituto que desde quinta-feira passada é o quarto ou quinto instituto do Brasil centenário. Temos alguns aqui em São Paulo e o Manguinhos no Rio de Janeiro.

Existem questões que estão aí a nos desafiar num prazo curto, imediato, mas existe também a necessidade de uma reflexão, no momento em que o Instituto de Pesquisas Tecnológicas faz cem anos. Quantos países têm institutos com a qualidade, a excelência que tem o IPT e podem comemorar cem anos? São poucos. Isso mostra que este país, em meio a tantas turbulências, dificuldades e  desigualdades, foi capaz de construir um setor de ciência e tecnologia, de universidade, de pesquisa, que não se pode negligenciar. Há algumas semanas ouvi de um diplomata, um cônsul, o seguinte: "Olha, Secretário, o Brasil é um dos únicos países emergentes, talvez o único, que tem como desenvolver, produzir tecnologia, incorporar tecnologia-produto. O meu país já não tem, perdeu os instrumentos para isso". O desafio que se coloca é do ponto de vista da competitividade; queiramos ou não, o desafio é com relação à competitividade a uma realidade mundial que não depende de nós. Nós temos, sim, que operar sobre ela para que a nossa integração se faça, não de forma passiva, mas de forma ativa. Alguém já disse “os países hoje ou se integram ou são integrados ou estão fora”. Quantos países hoje, infelizmente, estão fora dessa dinâmica da economia mundial. O Brasil não está e disputa aí posições e o IPT é um instrumento poderoso, junto com outros, para que possamos disputar bem, para que possamos ter êxito na disputa.

Fiquei feliz quando ouvi na semana passada um empresário do setor de cerâmica de Rio Claro dizer "hoje para nós está claro que ter competitividade aqui dentro é ter competitividade lá fora". E é verdade. Quem não disputa aqui, também não vai disputar lá e quem não disputa lá não disputa aqui. Se você não tiver competitividade o seu concorrente vai te encontrar e vai te derrotar. Esse é um grande desafio que temos pela frente. Acho que o IPT e outras instituições de pesquisa, de ensino do Estado de São Paulo - e também do Brasil- têm condições de ajudar a enfrentar de forma decisiva. Mas, temos que mudar alguma coisa, temos de aproximar mas, temos de aproximar mais a universidade, os institutos de pesquisa do processo produtivo. Nós temos de disponibilizar mais este conhecimento, estas novas fronteiras que vão sendo definidas pela pesquisa, pelo acúmulo de conhecimento, pela especulação e que não dissocia mais a pesquisa básica da pesquisa aplicada.

Pesquisa básica e pesquisa aplicada fazem parte de um mesmo processo.

A velocidade da mudança, como diz um brasileiro que trabalha na área de informática no Vale do Silício, aliás, lá só tem informática, hoje nós temos dois tipos de tecnologia: a obsoleta, que é o computador de última geração que estamos usando, e a experimental que temos lá no laboratório. Então este é o ritmo da mudança. É diante deste ritmo que temos de ser capazes de operar. 

Quero saudar os nobres Deputados Sidney Beraldo, Vaz de Lima, Nivaldo Santana, Jamil Murad, Roque Barbiere, Claury Alves Silva, de Ourinhos, José de Filippi, enfim, os nobres Deputados têm aí uma responsabilidade e não é sem razão que eles chamam aqui nesta Casa mais um ato na comemoração do IPT.

Incumbe a S. Exas. uma grande responsabilidade na alocação de recursos, na discussão do orçamento, mas também em não reduzir a questão das universidade e dos institutos de pesquisa à questão salarial.

Tenho recebido a visita de todos os institutos de São Paulo e temos conversado longamente ao longo dos últimos meses. Eles têm reivindicação de equiparação com os pesquisadores da universidade, eles têm reivindicação com relação à constituição de fundos e eu disse a eles “estou esperando o terceiro ponto da colocação de vocês”, numa reunião muito amigável e produtiva. Agora mesmo, antes de vir para cá, recebi o pessoal do Instituto de Pesca para ver o que podemos fazer para desenvolver a pesca no Estado de São Paulo.

O que trava, afinal, se temos pesquisa, temos pesquisadores, temos institutos, temos competência? Mas, enfim, quando discutimos na semana passada eu perguntei: e o terceiro ponto? Que terceiro ponto, Secretário? O de servir à sociedade. Tudo bem, vocês reivindicam equiparação, vocês reivindicam operar com fundos próprios, agora nós temos de reivindicar também uma satisfação maior à sociedade, porque é ela que está pagando e fez um grande investimento: no caso, o IPT comemora 100 anos com uma história de êxito. Em quantos momentos o IPT foi decisivo para certificar, para desenvolver pesquisa, para dar qualidade ao produto Brasil. O IPT hoje é um selo de qualidade em todos os lugares. Ah, este produto tem a chancela do IPT. Isto distingue o produto, dá uma qualidade a ele. Mas, eu quero até em função das faixas, aproveitar que estamos aqui na Casa dos Srs. Parlamentares que decidem, que votam, refletir sobre este processo.

IPT 100 anos. E o futuro?

Reposição do quadro funcional, vamos encarar este desafio.

Temos necessidade de desenvolver pesquisa em novas áreas? Temos novas demandas? É preciso fazer um novo processo seletivo já? Senão se faz um discussão completamente dissociada e corporativa. E a discussão meramente corporativa já não responde ao que interessa à sociedade. Então fazer esta discussão na ótica de que o Brasil precisa correr para entrar nesta disputa em condições cada vez melhores é algo que nos entusiasma.

E o propósito que compartilhamos junto com o Governador Mário Covas que sempre respeitou esta área, sempre deu a ela uma atenção especial. Claro, ao  governar você tem que hierarquizar. Tem que ser feito um investimento forte em ensino básico? Fez-se investimento forte e se está fazendo em ensino básico. Mas, não se pode desconsiderar as necessidades dos institutos e das universidades, também está procurando avançar e trabalhar com parcerias.             Hoje, as empresas precisam da pesquisa como nunca precisaram antes.          Antes era possível a cópia sistemática.   Vejo e saúdo o nobre Deputado Carlos Zarattini, também presente aqui. Antes a cópia resolvia o desafio; hoje não resolve mais. A cópia de software  é crime.  Copiar chip? Não se copia chip. Então, hoje para  se incorporar tecnologia ao produto tem-se  que desenvolver pesquisa. Os organismos mundiais de controle de comércio, de fiscalização, não tem mais a cópia, a cópia é cada vez menor. E, o brasileiro copia bem. Esta história, me perdoem os japoneses, de que só os japoneses são bons de cópia, está errada,  o brasileiro é muito bom de cópia também. Copiou bem, foi assim que fez a indústria automobilística aqui, copiava, reproduzia máquinas. Agora,  tem que ter tecnologia própria. Não é sem razão que a Embraer tem três mil pessoas fora da empresa  permanentemente trabalhando, seja aperfeiçoando produto, seja desenvolvendo tecnologia para posterior incorporação ao produto. Enfim, o processo agora tem esta natureza, tem esta nova dimensão. E, aí os institutos têm que entender que abrem caminho de parceria.  A  própria universidade com o setor produtivo, enorme, imenso, porque o setor produtivo não sobrevive hoje se não tiver um constante aporte de tecnologia.

O IPT tem um espaço físico, um centro de pesquisas em Franca que trabalha sistematicamente pesquisando os produtos de calçados, bolsas, enfim, artefatos de couro. Eu fui lá e vi vários profisisonais testando todo tipo de produto que entra na composição de calçados e bolsas, etc.

O fato é que quando falamos em parceria,  não estamos falando de parceria porque estamos querendo deixar de dar dinheiro a institutos e universidades. Nós falamos em parceria porque a realidade hoje viabiliza isto, mais do que antes. Hoje, a pequena e média empresa sabe que precisa de tecnologia. Ela às vezes não sabe como chegar lá, que é outro trabalho que temos que fazer,  mostrar à pequena e média empresa que este Estado de São Paulo tem uma massa crítica à qual ela pode recorrer na universidade, nos institutos, na Fapesp - vejo aqui o Landi, que financia pesquisas para o desenvolvimento de tecnologias que serão incorporadas a produtos, a disseminação desta tecnologia tem que ser feita para que realmente a  pequena e média empresa recorra cada vez mais aos institutos, às universidades, e possa  sobreviver. O problema da empresa não é só crédito. Nós estamos desenvolvendo uma linha de ação hoje na Secretaria que contemple, em primeiro lugar, a tecnologia, e em segundo  lugar o crédito.

O Governador Mário Covas acaba de atribuir recursos, seis milhões de reais, para o Fundo de Aval que foi votado pelos Srs. Deputados. É o primeiro recurso, mas outros virão. Amanhã estaremos fazendo uma reunião com o BNDES e com o Sebrae, vejo aqui o ex-Deputado Fernando Leça, que é o Presidente do Sebrae aqui em São Paulo, para formarmos um pool de fundo de aval à pequena e média empresa , o acesso a recursos do BNDES. A Nossa Caixa, Nosso Banco, está credenciada a fazer isto. Então, hoje é impossível pensar a questão tecnológica, pesquisa, desenvolvimento, universidade, desassociado. Não que a Universidade esteja desassociada. Não, isto nunca aconteceu. Ela sempre esteve refletindo as questões que a sociedade foi colocando, e ampliando as fronteiras de conhecimento. Mas, sem dúvida nenhuma hoje esse processo é visceralmente mais necessário do que antes, como condição de desenvolvimento. Temos ali, tecnologia nacional soberana , é isso mesmo, vamos atrás de tecnologia nacional soberana. Temos que ter um orçamento, mas temos que incorporar profundamente a idéia de que hoje há uma demanda real, no setor produtivo, por tecnologia que desses institutos públicos, financiados basicamente com recursos públicos, e as universidades, podem suprir, e com isso potencializar, inclusive os seus próprios recursos.

Quero saudar de forma muito carinhosa o Dr. Plínio Assmann, Diretor Superintendente do Instituto, pela dedicação com que vem dirigindo o IPT; o Landi, de quem já falei, que é o Diretor-Presidente da Fapesp; o Antonio Marcos de Aguirra Massola, Diretor da Poli, representando o magnífico Reitor Jacques Marcovitch, os Deputados Fernando Leça; José Geraldo de Lima Júnior, Coordenador do Projeto IPT -100 anos; Paulo Anthero Soares Barbosa, Diretor-AdministrAtivo-Financeiro do IPT; Saburo Ikeda, Diretor de Planejamento e Gestão, do IPT.

Tenho freqüentado o Centro Paula Souza e  é impressionante a presença dos descendentes, nisseis. Numa reunião da qual participei naquele Centro, em brincadeira disse ser aquilo um retrato do Brasil; em seguida disse, não é bem um retrato do Brasil, porque a forte presença dos nisseis aqui desequilibra um pouco. Eles sabem a importância que tem o Centro Paula Souza, tanto no ensino profissionalizante, como na Faculdade de Tecnologia. Estão lá presentes. Precisávamos também divulgar mais o Centro Paula Souza. Muitas vezes fala-se do Paula Souza dizendo que suas instalações estão ruins e os laboratórios não servem - vão visitar onde era a  Politécnica, há um grande laboratório de metrologia, talvez o melhor da cidade; tem competência e há várias empresas que fazem ensaios no Centro Paula Souza, e isso pode se multiplicar.

Quero saudar ainda o Sr. José Carlos de Oliveira Lima, Presidente do Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento; Sr. Vicente Mazzarella, Diretor Técnico do IPT; Carlos Alberto Petrini, do Sindicato da Indústria de Cimento; Paulo Lessa da Fonseca, representando o Secretário João Carlos Meireles;  Antonio Martins Guerra , Secretário-Adjunto de Ciência e Tecnologia. Gostaria de dizer ainda aos Srs. Deputados e  as senhoras e aos senhores aqui presentes, que estamos abertos para desdobrar essa conversa. Já tivemos a oportunidade, a convite do Deputado Vaz de Lima, de desfrutar de duas horas aqui, de um produtivo debate com os  Srs. Deputados; fiquei inclusive de voltar para estender este debate. É um desafio do qual  não podemos fugir , é responsabilidade de quem tem vida pública. É uma responsabilidade que temos que tratar com muito esmero e atenção .Cada faixa destas aqui  é objeto de uma ou de várias conversas. Mas o importante que eu quis aqui acentuar, Dr. Plínio Assmann, aproveitando essa magnífica reunião na Assembléia, de homenagem ao IPT, é que um instituto como esse, ao fazer 100 anos nos faz  pensar no futuro, nos novos desafios e compartilhar isso com os senhores aqui presentes, com os Srs. Deputados, que têm a responsabilidade de legislar e decidir sobre o orçamento; funcionários do IPT, que são profissionais extremamente qualificados  - vejo o orgulho com que se fala de determinados laboratórios da instituição e dos serviços que esses laboratórios prestam, e ao mesmo tempo, das inquietudes que também são compartilhadas por nós. Mas hoje é sobretudo, comemoração  e fiquei muito feliz em ver o Governador Mário Covas, dizer, na sexta-feira - eu não sabia desse dado  - dizer que o Brasil é o 18º país do mundo, em investimento em ciência e tecnologia. Sabia,  porque a Fapesp  acompanha isso bem, e já haviam me informado, que o nosso é expressivo, mas que diferentemente por exemplo da Coréia, que investe mais ou menos o mesmo que nós,  nós apenas registramos 50 patentes por ano nos Estados Unidos, enquanto  a Coréia registra 1.600. Eles estão muito mais dentro desse processo cheio de desafios de globalização e da produtividade do que nós. Temos que chegar lá também. 

Muito obrigado pela prioridade da palavra, Presidente  Sidney Beraldo. Tenho outro compromisso  e esse será essencialmente partidário. Muito obrigado, Deputado Vaz de Lima. Parabéns, Plinio  Assmann, toda diretoria, funcionários, pesquisadores, funcionários em geral do IPT. Obrigado pela presença dos Srs. Deputados. Boa Noite.

(Palmas.)

           

O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Queremos anunciar também a presença do Deputado Carlos Zarattini, do Deputado Milton Vieira, do Deputado Jamil Murad, que fez a leitura da ata; do Deputado José de Filippi; do Deputado Nivaldo Santana, do Deputado Claury Alves  Silva, que têm trabalhado próximo dos institutos de pesquisa, das universidades, inclusive  alguns deles membros da Comissão de Ciência e Tecnologia,  presidida pelo nobre Deputado Vaz de Lima. Temos uma iniciativa na Casa em parceria com ele, para que  se transforme também em Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, segundo ali colocado enfaticamente pelo nobre Secretário José Aníbal.

Queremos convidar o Sr. Antonio Martins Guerra, Secretário Adjunto,  para que substitua  o Exmo.  Sr. Secretário José Anibal, que tem outro compromisso partidário e que tem  que se retirar. Queremos anunciar também a presença  do Sr.  Geraldo Antunes, que é Diretor Secretário do Sindicato de Trabalhadores em Pesquisa.

Tem a palavra ao nobre Deputado Jamil Murad,  representando a bancada do PC do B nesta Casa.

 

O SR. JAMIL MURAD - PCdoB - Sr. Presidente Sidney Beraldo, quero cumprimentá-lo com entusiasmo pela iniciativa de promover esta sessão solene comemorativa dos 100 anos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT.    Tem um alto significado e mostra a preocupação deste ilustre Deputado com a Ciência e Tecnologia e, inclusive, ele já foi Presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia  nesta Assembléia Legislativa.          Secretário do Estado de Ciência,  Tecnologia e Desenvolvimento, José Anibal,  Deputado Vaz de Lima, representando aqui o Governador de São Paulo, Superintendente do IPT, Dr. Plinio Assmann, Presidente da Fapesp Dr. Francisco Romeu Landi, meus caros companheiros deputados estaduais, Presidente do Sebrae,  Deputado Fernando Leça, Dr. Massola, representando a Universidade de São Paulo, profissionais do IPT, aqui o tempo das rezas, o tempo da pesquisa e a posição do Governo é muito importante para fazermos uma reflexão.

No começo do século, quando o Brasil ainda era rural, o povo dormia no horário das galinhas, acordava com o canto do galo e acreditava-se que uma boa reza curava os males do corpo  e até as mazelas da almas. Mas desde ali, os cientistas brasileiros  sabiam que a urbanização era inevitável, preocupavam-se com a pesquisa e já funcionavam em São Paulo os Institutos Pasteur, Adolfo Lutz, Agronômico de Campinas, Instituto de Pesquisas Tecnológicas e outros que estavam sendo implantados.  Hoje o País é principalmente urbano, e embora as rezadeiras continuem desempenhando o seu papel,  as conquistas da ciência são fundamentais para combater as doenças e os problemas que ameaçam a nossa terra e a nossa gente, essenciais ao nosso desenvolvimento.

Já avançamos muito, é verdade, mas ainda assim, para o Brasil vencer as barreiras da dependência, do subdesenvolvimento, resolver o grave problema do desemprego, e alcançar o progresso, precisa mudar a política  econômica recessiva do Governo Federal, e investir prioritariamente em educação, ciência, tecnologia e consequentemente  valorizar o trabalho dos profissionais da área de pesquisa científica e da tecnologia.. Afinal, a força dos países desenvolvidos está relacionada diretamente à prioridade que se dá para a pesquisa e a capacidade  de traduzir seus resultados em inovações tecnológicas em todas as áreas da produção humana.

O Brasil do neoliberalismo, entretanto,  o Governo de Fernando Henrique Cardoso, caminham no sentido  oposto. Deixam-se seduzir pela retórica da globalização. Não investem no incipiente sistema de ciência e tecnologia brasileira; cortam recursos  de universidades públicas, de institutos de pesquisa, e ainda pensam como no tempo das rezadeiras, quando o País era rural e colonial.

Em São Paulo, os pesquisadores dos institutos de pesquisas ainda continuam lutando para que o Governador Mário Covas equipare os seus salários aos dos docentes das universidades  públicas paulistas, conforme determina a lei complementar nº 727, de 1993.

A equiparação salarial é reivindicada pelos profissionais dos 18 institutos de pesquisa vinculados ao Governo do Estado de São Paulo, é antiga, justa, está amparada na própria lei estabelecida pelo  próprio Poder Executivo e aprovada por  esta Assembléia Legislativa. Muitos docentes de universidades estaduais e os pesquisadores dos institutos de pesquisa exercem suas funções em regime de tempo integral, portanto impedidos de exercerem outras atividades remuneradas.   Portanto, como a Secretaria Estadual da Fazenda recusou-se a cumprir a lei, já existe uma defasagem de 74% no salário base do pesquisador, em relação ao que recebe o correspondente dos docentes universitários. Por conta disso, alguns profissionais acionaram o governo na Justiça. Obtiveram ganho de causa e criou-se uma  situação insustentável,  pois pesquisadores da mesma seção percebem vencimentos  bem diferentes. Portanto, a questão só será solucionada se o Governador Mário Covas atender à reivindicação dos pesquisadores  e equiparar os salários dos profissionais da área ao dos docentes das universidades estaduais, evitando grave êxodo de cientistas  provocado pela má remuneração. Afinal, do período de janeiro de 1995   a dezembro de 1998, pelo menos 383 pesquisadores deixaram os institutos de pesquisas.  É necessário também melhorar os salários e as condições de trabalho do pessoal de nível técnico que exerce funções de apoio à pesquisa. Não extinguir cargos, como pretende o Governo Estadual, e sim aumentar  o número de vagas. Além da defasagem salarial, o corte de até 11%  dos recursos dos Institutos está comprometendo a qualidade das pesquisas nas áreas da agricultura, do meio ambiente, da biologia, da saúde, do controle de epidemias e no Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT. 

A pesquisa científica em São Paulo está sucateada. Se os problemas não  forem solucionados rapidamente os institutos correm o risco de entrar em colapso. Não podemos esquecer  que na história de todos os povos e em qualquer país do mundo o desenvolvimento tecnológico foi sempre base indispensável para o progresso.

Como no tempo das rezadeiras, o Governo Fernando Henrique Cardoso, com a sua política  neoliberal,  prefere subordinar a soberania nacional e o desenvolvimento do Brasil ao interesses aos interesses dos banqueiros e às orientações do Fundo Monetário Internacional. É uma política que corta investimentos em áreas essenciais, arrocha salários, provoca uma mudança estrutural que enfraquece nossa base produtiva e faz o Brasil e os brasileiros ficarem mais pobres. Não satisfeito com o estrago que já provocou, Fernando Henrique Cardoso pretende ir mais adiante e planeja privatizar até as universidades públicas. Os cursos de pós-graduação cortaram um dinheiro que é essencial à pesquisa científica. Com tudo isso a continuidade desse governo e de seu modelo econômico implica em levar nosso país a uma maior dependência do conhecimento alheio, a uma maior dependência das multinacionais. O conhecimento custa caro e às vezes é até inacessível, porque nem sempre interessa aos donos da tecnologia vender a ‘galinha dos ovos de ouro’.

As multinacionais instaladas no Brasil não transferem conhecimentos e tecnologia aos brasileiros, apenas exploram nossos mercados. No mundo competitivo em que vivemos, com a disputa de mercado e onde os países ricos parecem lobos famintos, cortar dinheiro da educação, da ciência e tecnologia é entregar os brasileiros de mãos e pés amarrados para que esses lobos os devorem impiedosamente. Temos de reagir. É necessário assumir compromissos básicos com o futuro da Nação brasileira, com seu povo que deseja e precisa de progresso, compromisso que o Governo de Fernando Henrique não tem. Em relação ao Governo de São Paulo, o povo paulista e sua comunidade científica insistem e lutam para que o Governador Mário Covas lhes faça justiça.

Sr. Diretor-Superintendente do IPT, ilustríssimo Presidente desta sessão, Deputado Sidney Beraldo, Srs. Deputados, senhores profissionais, estamos num momento extraordinário: 100 anos de uma história, 100 anos de IPT são o testemunho, a prova da capacidade do povo brasileiro, da inteligência do povo brasileiro, da sua persuasão. A cópia é um primeiro passo do aprendizado. Não é vergonha para nenhum povo copiar, porque em determinado momento faz parte do aprendizado para se dominar uma técnica a sua cópia. Posteriormente veio a inovação em cima daquele conhecimento que outros pesquisadores, outros povos fizeram. Assim caminha a humanidade.    

Nenhum povo produziu todo o conhecimento dentro de seu próprio país. A humanidade acaba evoluindo e passando conhecimento de uma geração para outra, de um povo para outro. Por isso estes 100 anos do IPT me dão muita confiança de que o Brasil vencerá. Os grandes obstáculos colocados ao desenvolvimento de um país seguramente venceremos. Não poderemos estar aqui no bi-centenário do IPT, mas brasileiros como nós estarão nos representando e, como estamos pensando nos fundadores, nas primeiras gerações de profissionais, de técnicos, de políticos e de homens públicos que valorizaram o IPT, pensando em nós. E se pesquisarem a documentação da Assembléia agradecerão ao nobre Deputado Sidney Beraldo por haver convocado esta importante sessão solene, que é um marco na valorização da ciência e tecnologia no Estado de São Paulo.

Parabéns aos profissionais, dirigentes, Deputados e à sociedade de São Paulo. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - Tem a palavra o nobre Deputado José de Filippi, representando a Bancada do PT nesta Casa. 

 

O SR. JOSÉ DE FILIPPI - Sr. Presidente, caros colegas Deputados, autoridades presentes, componentes da Mesa, colegas profissionais do IPT, cidadãos presentes, recebam todos a minha saudação.

Estou aqui para falar em nome da Bancada do PT, aliás, o Deputado Carlos Zarattini também poderia estar aqui falando pela bancada e me sinto duas vezes em casa: por estar nesta Assembléia Legislativa e por estar ao lado de colegas, amigos e companheiros do IPT, com quem já compartilhei conhecimentos, momentos de crescimento e de apreensão. Falando como Deputado, inicialmente queria dizer que hoje, analisando o balancete de execução orçamentária do Governador Mário Covas, dos quatro primeiros meses deste ano, senti-me na obrigação de tornar público uma minha reflexão: precisamos começar a enfrentar esses problemas para caminharmos não só na direção do que colocou aqui o Secretário José Anibal, mas também da própria razão de existir desta Casa e da própria razão de ser de um governo de Estado.

O Governo arrecadou nos quatro primeiros meses deste ano aproximadamente 10 bilhões de reais: três bilhões se destinaram a transferências constitucionais para municípios e empresas, ficando aproximadamente com sete bilhões. Destes sete bilhões, 990 milhões foram pagos em juros da dívida, aproximadamente 13%.

Fazendo um cálculo rápido, em 120 dias pagou-se aproximadamente oito milhões de reais ao dia de juros. Talvez um dia de pagamento de juros pudesse aliviar um ano todo para o IPT dar conta das suas obrigações e do belo trabalho prestado não só ao longo desses cem anos, mas principalmente naquilo que estamos trabalhando em favor da sociedade. Temos de tocar nesta ferida. A questão não é moral. Alguns companheiros poderiam dizer, principalmente os da Bancada do PSDB: mas você está propondo o quê? Um calote? A questão não é moral, é política, porque pagando esses juros, já estamos dando um calote na educação, nas políticas sociais e na política de ciência e tecnologia. É por isso que dos governadores da oposição dos quatro estados mais importantes do Brasil, o Estado de São Paulo foi o único que teve continuidade. Aliás, quase que não dava essa continuidade, foi por um fio de cabelo. Acho que isso deveria ser motivo de reflexão do nosso Governador para mudar essa política. Os Governos do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul que têm um orçamento - nem chegam perto de São Paulo, mas são os três maiores orçamentos a nível de Federação- estão reclamando o cumprimento desse acordo. Vamos tentar fazer esse debate durante a Lei de Diretrizes Orçamentária.      A princípio e até agora não foi possível fazer o debate. Provavelmente vamos discutir isso no dia 30, depois de amanhã, neste plenário. Acho que é preciso haver mais pressão da sociedade e mais debates. Precisamos ter outras formas de convencer o Sr. Governador de que precisamos mudar essa política. Então, esta é a visão da bancada do Partido dos Trabalhadores. Temos que reequacionar o pagamento desses encargos, dessa dívida, investir em ciência e tecnologia e em políticas sociais. Nesses quatro meses, gastou-se um bilhão no pagamento de juros e se investiu 180 milhões nas diversas secretarias do Estado.

Em segundo lugar - e agora falo como funcionário do IPT licenciado -, quero reforçar os apelos e dizer ao superintendente, Sr. Plínio - apesar de, quando fui prefeito de Diadema, termos brigado bastante em relação à política de pedágio, não havia uma reunião em que  não brigávamos -, que serei aliado de S. Ex.a., dos pesquisadores e funcionários do IPT para sensibilizar o Governo.

O IPT está pedindo muito pouco para continuar existindo. A minha preocupação é esta: se não fizermos alguma coisa, o ciclo de vida do IPT pode se confundir com o ciclo de vida do ser humano que já está bambeando um pouco e não vai muito longe quando chega aos cem anos. Temos que fazer do IPT uma instituição que tenha um ciclo de vida, que se recicle, que se renove, que se avance e que se compare a instituições de pesquisa da universidade, do ensino como, por exemplo, da Europa, que já tem 300, 500, 700 até 800 anos de vida se  renovando. É isto que queremos do IPT, porque o futuro promissor dele tem a ver com o futuro ligado à nossa soberania e a melhores condições  de vida para o povo brasileiro.

Contem conosco. Já estamos atuando neste sentido com o nobre Deputado  Sidney Beraldo. Sou testemunha do esforço que S. Exa. está fazendo. Vamos tentar conduzir não só essa questão localizada, porém muito importante para a continuidade dos trabalhos dos colegas, no IPT, que muito supera esse problema  que está colocado agora na política salarial. Quero, inclusive, reforçar o que diz a faixa, na própria leitura que o Sr. Secretário fez. Não é uma faixa corporativa, é uma faixa que pensa no futuro, na reposição do quadro funcional.

Os pesquisadores, nobre Deputado  Sidney Beraldo, Sr. Superintendente, estão ficando como eu que já não tenho cabelo ou com cabelos mais branquinhos. Precisamos renovar,  ter essa perspectiva de reposição do quadro, porque é dessa forma que a política tecnológica do Estado de São Paulo vai avançar na direção que todos pretendemos e queremos.  Parabéns ao IPT e muito obrigado a todos.

 

O SR. PRESIDENTE - O SR. SIDNEY BERALDO - PSDB  -  Tem a palavra o nobre Deputado Vaz de Lima, Presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia,  neste ato representando o Sr. Governador Mário Covas e que falará em nome da bancada do PSDB.

 

O SR. VAZ DE LIMA - PSDB  - SEM REVISÃO DO ORADOR - Em primeiro lugar, gostaria de cumprimentar  meu companheiro e amigo, vice-Presidente e também Presidente deste ato, o nobre Deputado  Sidney Beraldo; o  Diretor do IPT, Dr. Plínio Assmann;  Prof. Dr. Antonio Marcos de Aguirra Masola, representando a USP e também o Secretário adjunto da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Sr. Antonio Guerra. É com muita alegria que estou aqui representando o Sr. Governador Mário Covas. O Governador Mário Covas tem sido absolutamente claras nas suas manifestações. Na sexta-feira, pudemos observar o apreço que S. Exa. tem pelo instituto, pela pesquisa, pela ciência e pela tecnologia, evidentemente pensando no enfoque do desenvolvimento econômico, como já colocou o Secretário José Aníbal e o Deputado Sidney Beraldo.

A palavra do governador evidentemente será de muito apreço, de cumprimentos por esses 100 anos e de cumprimento ao Deputado Sidney Beraldo pela iniciativa muito justa, muito correta, para que se registre nesta Casa, porque, na verdade, foi onde nasceu o IPT  pela iniciativa de dois deputados. Nada mais justo que aqui também se prestasse este tributo e esta homenagem ao IPT que tanto bem tem feito para o desenvolvimento e o progresso do Estado de São Paulo e do Brasil. Tenho refletido um pouco sobre isto nesses últimos tempos. O Dr. Plínio, desde quando começou a pensar em fazer uma programação de 100 anos do IPT, sempre quis estar presente em tudo, o máximo que puder, para mostrar a presença da Assembléia, através da Comissão de Ciência e Tecnologia.

Pode ficar absolutamente tranqüilo, Dr. Plínio, pois vou tentar estar o máximo possível. Mas, já há, na Casa, muitos deputados que estão absolutamente engajados nesta luta para que o IPT possa progredir, possa avançar e possa continuar o seu desiderato. Este ato tem a presença de alguns colegas deputados como, por exemplo, o Presidente Sidney Beraldo, que é uma prova inconteste disso.

A minha reflexão tem se dado na direção de que tanta coisa boa foi feita, sem dúvida, pelo IPT e é preciso que tenhamos a coragem e a capacidade de divulgar isto ainda mais.

A primeira referência que tive da palavra “instituto” era de uma escola da minha terra, o Instituto de Educação. A segunda referência não foi muito boa. Era garoto ainda, quando me trouxeram ao Instituto Butantã. Fiquei com um trauma de “instituto”, porque ligava essa palavra a cobras. Evidentemente, a vida foi me mostrando a importância dos institutos que trabalham com a pesquisa, os institutos que trabalham para o desenvolvimento da ciência, especialmente daqueles que têm a preocupação de aplicar o conhecimento a algum tipo de produto que possa beneficiar o cidadão e à sociedade. Este tipo de coisa é a indagação que está presente, e penso, Dr. Plínio, que a iniciativa do IPT, daqueles que coordenaram este movimento dos 100 anos, vai frutificar e muito. Por quê? Porque, durante esses últimos 10 dias por onde passei as pessoas falavam do IPT. Alguns sem entender o real significado e a importância do papel do IPT na sociedade brasileira, mas entendendo que o ele tem realizado uma tarefa ímpar para o desenvolvimento do Estado de São Paulo. Ainda ontem, pela manhã, na minha cidade, São José do Rio Preto, fui a um lugar chamado Cenadinho, onde a gente conversa no domingo, perto da hora do almoço, tomando café, derrubando o presidente, elegendo as pessoas, cassando as pessoas. E lá encontro um senhor amigo, até razoavelmente bem informado, que veio pedir informações sobre o trabalho do IPT. Para nós, o IPT tem uma importância grande, pois, recentemente, lá na cidade de São José do Rio Preto,  onde caiu um edifício, o IPT esteve presente e ficou popularizado. Mas este amigo queria saber quais as conquistas do IPT.  Tive a oportunidade de dizer um punhado de coisa que ouvi e li nesses dias e cheguei novamente à conclusão de que é preciso que coloquemos isso de forma mais clara para toda a sociedade.

Quem sabe, fazemos isso desde o início da escola, mostrando para a criança que investir em pesquisa, em ciência, em tecnologia é garantir a soberania do Estado, é garantir a soberania  do País. Penso que, neste momento, este ato deva ser intérprete do sentimento do povo paulista, do carinho, do respeito que tem pelo IPT.

No ano passado, reli a obra de Miguel de Cervantes - aliás, não comprei ainda a obra, mas vou comprar. Nobre Deputado Sidney Beraldo, nós, nesta Casa, temos um compromisso com o Instituto, não apenas pelo fato de sermos servidores, mas de termos sido chamados e vocacionados para realizar, em nome da sociedade, um trabalho fundamental de independência deste País. Não lutamos contra moinhos de vento. A nossa luta tem adversários,  tem inimigos, mas temos compromisso  para debelar o subdesenvolvimento, para acabar com a nossa dependência da tecnologia internacional. E, nisto, não tenho nenhuma dúvida. A presença do IPT tem sido sobejamente bem entendida, especialmente dentro do Estado de São Paulo e, particularmente, dentro desta Casa.

Ouvindo as palavras do Deputado Fellippi,  não tive o cuidado ainda de abrir como ele o balancete dos quatro meses. Se consegui entender, o Governo do Estado gastou quase 13% do seu orçamento líquido com o pagamento do que talvez deva se chamar de serviço da dívida não apenas do pagamento de juros. Se fez isso, devo dizer que o Governador está dando um bom exemplo, porque esta Casa aprovou uma lei de renegociação da dívida, prevendo o pagamento de mais ou menos isso. Temos que pensar em renegociar de novo, temos que lutar para que possamos ter mais recursos para aplicar naquilo que é fundamental, mas não podemos e não  devemos dar o mau exemplo do calote. Devemos pagar, para termos moral para renegociar. Se o Governador aplicou isso, espero que os dados sejam verdadeiros. Temos que aplaudi-lo e darmos condição para que ele continue caminhando para o desenvolvimento do Estado de São Paulo.

 

Cumprimento mais uma vez o Presidente Sidney Beraldo e peço licença porque também preciso me retirar. Quero dizer do apreço que temos pelo IPT e pela pesquisa, ainda que não tenha procuração para isso.

Boa-noite a todos e muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB -   Vamos assistir agora a exposição de um  vídeo institucional do IPT.

 

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-         É feita a exposição.

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O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - Tem a palavra o Sr. Geraldo Antunes, Diretor-Secretário do Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa.

 

O SR. GERALDO ANTUNES - Boa-noite a todos. Queremos com entusiasmo saudar todas as autoridades presentes, os Deputados estaduais que participam desta sessão solene e a todos os colegas ipeteanos presentes neste momento.

           

( ENTRA LEITURA )

 

O SR. PRESIDENTE - SIDNEY  BERALDO - PSDB - Tem a palavra o Sr. Plínio Assmann, Diretor Superintendente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas.

 

O SR. PLÍNIO ASSMANN - Quero saudar o nobre Deputado Sidney Beraldo, vice-Presidente desta Casa Leis e que preside esta sessão solene que comemora os 100 anos da nossa Instituição; meu caro Antônio Guerra, Secretário Adjunto de Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado e que divide com o Secretário José Aníbal o ônus de conduzir os negócios da tecnologia e do desenvolvimento econômico em nosso Estado; caro Professor da minha escola de Engenharia Antônio Marcos Massola, que representa aqui o Reitor Jacques Marcovith; meu caro amigo e vice-Presidente do IPT Francisco Romeu Landi, que preside a principal instituição de fomento brasileira, a FAPESP;  caro Deputado Vaz de Lima, Presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, que agora vai tratar também do desenvolvimento econômico e que compartilha conosco dessa caminhada não só do projeto de comemoração dos cem anos, mas do desenvolvimento da tecnologia em nosso Estado; Deputado José Filippi, com quem tive a honra de debater assuntos de interesse do Estado quando ainda Prefeito de Diadema, inclusive neste debate onde se decidiu o futuro do projeto de concessão rodoviária em nosso Estado, e que agora vemos coroado de êxito na medida da visita que o governador do Estado fez nesta semana à duplicação da segunda pista da Imigrante, somente possível porque o projeto de concessão se faz através do pedágio,  que na época calorosamente discutimos com o prefeito.

Cumprimento os nobres Deputados Roque Barbiere, Claury Alves Silva, Jamil Murad, que brilhantemente apresentou aqui sua opinião, Nivaldo Santana, Milton Vieira, e Carlos Zarattini que já representa uma segunda geração de amigos que agora vejo e que com muito alegria são hoje pessoas que alçam esta Casa Legislativa. Cumprimento Paulo Leça da Fonseca, representando aqui o secretário José Carlos de Souza Meirelles, secretário da Agricultura.

Queria cumprimentar Rogério Belda, diretor presidente da Associação Nacional dos Transportes Públicas, cuja presença hoje aqui conosco nos honra muito.

Cumprimentar também Geraldo Antunes, diretor secretário do Sindicato dos Trabalhadores dos Institutos de Pesquisa. E, dizer, como de resto já foi dito a ele no debate, que a proposta salarial que o  IPT teve  condição de fazer hoje, e que já vinha sendo discutida desde o início do processo, é a melhor proposta jamais feita pelo governo, agora, nesta caminhada dos dissídios salariais em nosso ambiente.

Quero crer, porque conheço bem o pensamento do Governador Mário Covas, que S. Exa. não antevê que o instituto do IPT deva crescer infinitamente seus recursos privados e se tornar um instituto privado. Muito pelo contrário.

Quero cumprimentar os meus colegas Vicente Mazzarella, Saburo Ikeda, Paulo Otelo que comigo repartem a responsabilidade da condição dos negócios nesta quadra. Cumprimentar os colegas ipeteanos que estão aqui presentes. Minhas senhoras e meus senhores, o IPT é um instituto para resolver problemas. Foi assim que ele foi criado, foi assim que foi a sua história de 100 anos. E, esta é a saga que o IPT deverá manter pelo resto de sua existência.

Resolver problemas como o fez na construção de nossas hidro-elétricas quando pela primeira vez o Brasil enfrentou um dos maiores rios do mundo, quando construiu as barragens de Ilha Solteira, havendo apenas uma barragem maior do que esta na época, que era a Barragem de Khuibychev, no Rio Volga, o grande orgulho da União Soviética, e que lá o IPT estava presente na medida em que viabilizou um projeto, uma solução para concreto, aquela massa gigantesta, um modelo de concreto ainda não dominado no Brasil pela nossa tecnologia. Isto viabilizou na época a maior hidro-elétrica do nosso ambiente, e sinalizou aquilo que deveria ser a maior hidro-elétrica do mundo, que era Itaipú. Esta tecnologica foi desenvolvida pelo IPT, e uma solução de um problema prático. Da Cadeira de Portos, Rios e Canais da Escola Politécnica surgiu a primeira eclusa, em Barra Bonita. A partir daí o Rio Tietê, as suas barragens, foram construídas todas elas com eclusas. E, nós em São Paulo somos o único Estado brasileiro que constrói as suas barragens eclusadas, e que permite hoje um hidrovia, nas condições que temos, sai praticamente de Piracicaba e vai chegar no Paraguai, e daqui a pouco na Bacia do Prata.

 Esta sinalização também o IPT teve uma parcela importante.

As análises micrográficas que o IPT fez nos seus ensaios metalográficos criou toda uma reputação e uma geração de metalurgistas brasileiros em São Paulo, e que conduziu à grande revolução da área metal-mecânica em nosso Estado. Isto tudo sem contara Via Anchieta, sem contar o primeiro sistema de transporte público no Brasil que é o sistema de bondes, mostrado no vídeo que passamos, sinalizou sempre a condição do IPT ser sempre um instituto para resolver problemas. Esta reputação, levada ao esmero e ao cuidado extremo, leva à condição dos laudos do IPT não terem perdido nenhum ponto da sua reputação durante toda a crise pela qual a engenharia nacional passou, e ainda passa.

Os laudos do IPT são merecedores de fé pública.

Quando o IPT é chamado, como agora mesmo, pelo Ministério Público em Santos para ser o avalista de uma ponte sobre o Rio Casqueiro, na ligação Cubatão-Guarujá, esta ponte o IPT com seu aval técnico deu a solução, e somente após esta solução é que o Ministério Público liberou o encargo que estava responsabilizando o concessionário pela segurança desta ponte.

Toda vez que esta intimidade que o IPT adquiriu com o trato na serra, com o trato nos morros, toda vez que há um escorregamento, toda vez que existe um prédio que eventualmente precise de cuidados especiais, lá vai o IPT para ser chamado. Esta confiança que a sociedade brasileira, paulista em particular, tem no IPT foi demonstrada de sobejo agora neste período, que é um período significativo nas comemorações dos 100 anos do IPT, e que a sociedade paulista demonstra o seu reconhecimento por esta instituição. Isto significa que todos do IPT, e a nossa sociedade em particular, tem a responsabilidade de levar esta empreitada de sucesso para frente.

O IPT é subordinado à Secretaria de Ciência e Tecnologia.    No Governo Covas atinge uma participação de 50% de recursos de fonte privada em seu orçamento, depois de um enorme esforço, a partir de um índice inicial de 20%. Este é um índice razoável para ser mantido, considerado o atual estágio de desenvolvimento tecnológico em que estamos. Isto é, em termos financeiros, para cada real que o setor privado colocar no IPT o tesouro do Estado colocará também um real, como já está sendo feito em 1999. Ou seja, o IPT crescerá na proporção da parcela de receitas privadas que advierem por conquista de mercado, e na outra metade de um esforço para promoção de pesquisa de interesse público. Esta é uma proposta que colocamos à discussão para ser aceita pela sociedade. Significará a sua adoção numa grande reorganização do IPT. Não naquilo que diz respeito às receitas privadas,que na proporção já foram atingidas e que incluem serviços vendidos em base competitiva para as estatais, que em grande parte agora são substituídas pelas concessionárias. Mas, na reorganização do Instituto como promoção de estudos, desenvolvimento de propostas e pesquisas do que possa ser entendido como interesse público do Estado e da sociedade.

O IPT deverá para tanto propor um contrato de gestão com o Governo do Estado. Contrato com deveres  e obrigações  recíprocas, possíveis de serem feitas e cumpridas com um Governo sério, como o nosso.

Quando o IPT crescer nas suas receitas privadas, o Estado acompanhará com as receitas públicas, na mesma proporção. Com isto será possível manter-se o equilíbrio entre o compromisso prospectivo que o IPT manterá no interesse público  e a objetividade necessária do mercado.

O atendimento adequado deste contrato permitirá ao IPT crescer e aproveitar o momento mágico por que atravessa a tecnologia nesses nossos dias. Depois de debelada a inflação, resolvido o constrangimento cambial, tecnologia e poupança interna são as variáveis estratégicas para o desenvolvimento auto-sustentado.

O IPT precisa crescer. O contrato de gestão deverá tratar também do recurso humano da Instituição. Hoje parte do recurso humano do IPT é formado por técnicos admitidos por uma fundação que pela sua peculariedade é contratada sem licitação. Já fomos alertados pelo Tribunal de Contas de que essa situação não é normal. Não podemos podemos proceder a regularização desse fato sem o apoio do Governo.

O IPT tem uma massa crítica de pesquisadores com competência suficiente para promover novos pesquisadores e garantir sangue novo para o crescimento da Instituição.

O crescimento do IPT depende  de investimentos em laboratórios.

Para atender os requisitos atuais da tecnologia em nosso País estimamos um volume da ordem de 50 a 100 milhões de reais, em cinco ou dez anos.

A arregimentação destes fundos necessários terá um impacto no fomento da tecnologia como é praticada hoje em nosso ambiente. Nossa Divisão de Química, que nesta parte está mais adiantada, sinaliza o caminho. Está ultimando uma proposta de duplicação de suas atividades com vistas ao mercado futuro e propõe manter-se na dianteira da tecnologia. Além de propostas deste tipo, que todas as Divisões do IPT deverão fazer, há que abordar novos campos com a criação de Centros de  Tecnologia. Estamos tratando, já em fase de negociação  a criação de  um Centro de Siderurgia. Em agosto virão técnicos alemães; já tivemos contatos com membros do corpo diplomático alemão, e com empresas brasileiras  que têm interesse neste centro, que deverão desenvolver a produção de tiras finas de aço, sem passar pelo complexo da produção intermediária de placas e placas grossas ou lingotes. Além disso, sinalizaremos depois, que este centro deverá investir em aços que são usados pela indústria automobilística, que são tratados, fosfatizados e não galvanizados, que sem dúvida nenhuma, no seu volume, como são hoje em dia cada vez mais aplicados, será um enorme problema para o meio ambiente no futuro. Imaginamos que o Centro de Tecnologia Siderúrgica,  que deverá ser desmontado na Alemanha e trazido para o IPT, seja orçado na ordem  de 10 milhões de dólares e nós, além dos equipamentos, deveremos trazer técnicos da Alemanha e constituir este centro conosco. Temos que criar um centro para autopeças. A nossa indústria montadora é competitiva no mercado internacional, mas não a de autopeças.  As autopeças constituem um custo significativo no custo do automóvel acabado.          Temos que entrar em contato  com a indústria montadora de automóveis e criar um centro desse tipo no  nosso País, no nível do estado da arte, num projeto que tem de ser feito para efetivamente colocar a nossa indústria de autopeças competitiva no mundo. Certamente o plantel de equipamentos que o IPT  tem, que não são mais atualizados, terá que ser substituído. Não dá para treinar  a mão de obra de equipamentos, de máquinas operatrizes extremamente sofisticadas, a não ser  num verdadeiro “cockpit” que temos que montar no IPT para essas máquinas operatrizes super sofisticadas que permitam o treinamento de mão-de-obra, coisa que os serviços de aprendizagem de nível médio não provêem.

Centro de Petroquímica , estamos tratando já com a Secretaria de Meio Ambiente,  nas condições de zoneamento ambiental do que será o maior  polo petroquímico do País em Paulínea. Precisamos desenvolver um centro deste tipo para estudarmos os petróleos brasileiros  que deverão ser tratados pela petroquímica brasileira, e que não são iguais aos petróleos que temos no mercado internacional. Estivemos hoje em Brasília tratando com a ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica- e com o BNDES , um projeto interessantíssimo no campo da racionalização de demanda e consumo de energia elétrica pelas nossas pequenas e médias empresas. De maneira geral ela é órfã de tecnologia, porque o modelo de desenvolvimento industrial brasileiro que substituiu, sem dúvida nenhuma, brilhantemente importações durante 40 anos, que projetou o Brasil de 30 como a 26ª economia do mundo para a 8ª economia nos dias de hoje, não houve nesse procedimento um processo de domínio tecnológico. E ai  quando vamos a essas empresas, os empresários e os técnicos  não sabem bem  o grande auxílio que a tecnologia  pode  lhes dar.       Exemplos  temos tido nessa experiência de pequenas e médias empresas  onde o IPT vai lá e em 48 ou 72 horas resolve. O problema crônico que a empresa tem com sua matéria prima,  com seu processo ou seu produto, e que não lhe dá condição de competitividade, o IPT tem ido lá, com experiências muito eloqüentes e contundentes e têm trazido soluções para os problemas. A outorga  do Prêmio Governador do Estado a três pesquisadores agora na última 6a. feira  mostrou um enorme potencial que existe na instituição. Os premiados  com soluções engenhosas, simples, mas que mostram domínio tecnológico de gente que tem experiência, que está com os pés no chão e que presta serviços para o setor privado. E aí o Governador premiou ,  plásticos biodegradáveis  na cadeia de álcool-química. Ou seja, o IPT tem  na área de química exemplos de uma régua centimétricca que se coloca na e que ela em 30 dias é biodegradada, ou seja, se torna diferente do plástico a partir da petroquímica do petróleo que não degrada nunca.

Conexões miniaturizadas acopladas a circuitos eletrônicos abrindo todo um caminho para a miniaturização de dispositivos que usam a microeletrônica como instrumento de controle, coisa que no mundo se faz muito pouco, um desenvolvimento feito no Instituto e que está disponível. O monjolo para movimentação de esgoto em terreno de baixa declividade. Em todo o litoral paulista, as áreas para escoamento de esgoto são de declividade muito baixa ou nula. Há um enorme problema em relação a isso e um pesquisador nosso desenvolveu uma idéia extremamente criativa, baratíssima, sem custo, para a solução deste problema.

Tais desenvolvimentos são literalmente estratégicos para a sua área de atuação e foram obtidos com recursos da parcela pública do orçamento do IPT, o que mostra a necessidade de tais fundos. Referiram-se a áreas nas quais o IPT atua com o setor privado, que conhece como a palma de sua mão e por isso garantidamente são objetivas.

Acredito que tudo isto é uma boa demonstração do significado da proposta que estamos fazendo, ou seja, manter o equilíbrio entre o público e o privado no IPT e crescer. (Palmas)

 

O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - Passamos a palavra ao Sr. Francisco Romeu Landi, Diretor-Presidente da FAPESP -Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo.

 

O SR. FRANCISCO ROMEU LANDI - Exmo. Sr. Deputado Sidney Beraldo, Presidente desta sessão solene na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; Exmo. Sr. Diretor Superintendente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Dr. Plínio Assmann; Exmo. Sr. Dr. Antônio Marcos de Aguirra Massola, Diretor da Escola Politécnica; Exmo. Sr. Dr. Antônio Guerra, Secretário-Adjunto da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo;  nobres Deputados; colegas do IPT;  senhoras e senhores ... 

 

(ENTRA LEITURA)

 

O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Ouviremos agora os seguintes números musicais, executados pelo Coral da Universidade de São Paulo:  “The angel to the shepherds”, de J. Topff; “Los mareados”, Juan Carlos Cobián;   “I want to die easy”, de Negro Spiritual e “Pajaros en elegibilidade aire”, de Peteco Carabajal.

 

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            - São executados os números musicais.

 

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O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB -  Queremos mais uma vez agradecer ao Coral da USP, sob a regência de Márcia Hentschel, é um prazer enorme ter a oportunidade de ouvirmos este maravilhoso coral.

 

(Entra leitura)

 

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades, àqueles que com  suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade e convida a todos para um coquetel no Hall  Monumental.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se  a sessão  às 22 horas e 49 minutos.

 

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