23 DE FEVEREIRO DE 2011

016ª SESSÃO ORDINÁRIA DO PERÍODO ADICIONAL

 

Presidentes: LUIS CARLOS GONDIM, CARLOS GIANNAZI, RUI FALCÃO e AGUIMARÃES DE CALDAS

 

Secretário: OLÍMPIO GOMES

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - LUIS CARLOS GONDIM

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - OLÍMPIO GOMES

Faz comentários sobre a participação dos Deputados em Plenário. Divulga pedido de requerimento de informação referente aos pagamentos das inserções na TV Assembleia. Informa não ter resposta da Mesa sobre este assunto. Dá conhecimento de informações da assessoria de imprensa desta Casa à "Folha de S. Paulo" sobre o volume de gravações. Questiona o número divulgado, visto que não confere com a realidade dos parlamentares. Afirma que suas inserções não foram ao ar. Critica o gasto de mais de 4 milhões pelo serviço, não executado em sua integridade.

 

003 - CARLOS GIANNAZI

Apoia a investigação, iniciada pelo Deputado Olímpio Gomes, sobre possíveis irregularidades na contratação de serviços da TV Assembleia. Dá conhecimento de matérias externas realizadas no ano passado. Discursa sobre o PLC 48/2010, encaminhado a este Legislativo na gestão José Serra. Combate aditivo feito pelo Governador Geraldo Alckmin e a terminologia "preferencial" que foi usada. Discorre sobre as implicações que prejudicam os servidores concursados da SPPrev.

 

004 - DONISETE BRAGA

Menciona votação do salário mínimo de 545 reais nesta quarta-feira no Senado. Considera o aumento uma recuperação dos ganhos dos trabalhadores. Ressalta a importância de uma economia solidificada. Destaca a necessidade de investimentos em qualificação de mão-de-obra. Cita matéria publicada no jornal "O Estado de S. Paulo" em que a migração de trabalhadores já não é tão frequente como em décadas anteriores, quando os operários da construção civil, principalmente da região Norte e Nordeste, deslocavam-se para os grandes centros à procura de emprego.

 

005 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

 

006 - LUIS CARLOS GONDIM

Combate as empresas de transporte público por não permitirem que acompanhantes de deficientes físicos usufruam da gratuidade do serviço em toda e qualquer situação. Critica o fato de o cuidador ser obrigado a pagar a tarifa quando não está acompanhado do parente com deficiência. Defende a extensão do passe livre durante todo o período de atividade sócio-educacional do enfermo, como escola, fisioterapia e lazer. Comenta projeto, de sua autoria, para regularizar a situação. Apela a seus pares para que a matéria seja aprovada.

 

007 - RUI FALCÃO

Assume a Presidência.

 

008 - MARCOS MARTINS

Repudia a interrupção no fornecimento de energia elétrica, ocorrida na tarde de ontem. Avalia a situação como crítica, uma vez que esta se deu em região considerada nobre, nesse sentido, questiona os possíveis danos causados aos moradores da periferia. Sugere que os responsáveis sejam convocados a prestar esclarecimentos à população. Critica a Sabesp pelo constante corte no fornecimento de água. Exige solução por parte das autoridades.

 

009 - CARLOS GIANNAZI

Defende o reajuste do salário mínimo de 700 reais, de forma a oferecer condições mínimas de sobrevivência aos trabalhadores. Diz entender que o valor proposto pelo Governo Federal está muito aquém do necessário. Comenta encaminhamento de projeto do Governador Alckmin reajustando o mínimo regional para até 600 reais. Combate o fato de este valor não contemplar os servidores públicos, que chegam a receber até 300 reais mensais.

 

010 - LUIS CARLOS GONDIM

Dá conhecimento de solicitação feita ao Governador de mutirão para a realização de exames como mamografia, papanicolau e ultrassons transvaginal e de mamas. Afirma que estes pedidos são recorrentes por parte da população. Cita cidades que dependem de atendimento médico em Mogi das Cruzes, o que sobrecarrega o sistema de saúde do município. Apresenta a relação custo-benefício entre o investimento em exames e os valores gastos nos tratamentos de câncer. Afirma que são poucas as unidades de UTI pediátrica no Estado de São Paulo.

 

011 - OLÍMPIO GOMES

Comenta veiculação de vídeo na internet, gravado pela Corregedoria da Polícia Civil, em que escrivã é despida por policiais masculinos. Lamenta o episódio. Afirma que as circunstâncias não se justificam, uma vez que seria impossível ocultar as cédulas alojadas em suas vestes íntimas. Demonstra indignação pelo fato da expulsão da funcionária ter sido considerada dentro da normalidade, bem como o arquivamento do processo pelo Ministério Público.

 

012 - AGUIMARÃES DE CALDAS

Assume a Presidência.

 

GRANDE EXPEDIENTE

013 - MARCOS MARTINS

Informa que, dia 24/02, deverá ser inaugurada uma UTI infantil em Osasco. Lembra a instalação do centro de hemodiálise. Cita projeto que prevê a construção de duas UPAs, na região. Responsabiliza a Eletropaulo pelo caos ocorrido, no dia anterior, devido à falta de energia elétrica em 14 bairros da Capital. Cobra esclarecimento à Sabesp quanto aos problemas de saneamento básico que necessitam de resolução.

 

014 - MARCOS MARTINS

Requer a suspensão dos trabalhos até as 16 horas e 30 minutos, por acordo de lideranças.

 

015 - Presidente AGUIMARÃES DE CALDAS

Defere o pedido e suspende a sessão às 15h43min.; reabrindo-a às 16h33min.

 

016 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, lembra que está suspensa a greve dos servidores do Poder Judiciário, ocorrida no ano passado, que durou 108 dias. Informa que não foram cumpridos os acordos com as entidades do setor. Solicita que sejam nomeados os 3.500 concursados aprovados, em 2009, para o cargo de oficial de Justiça. Pede que sejam acolhidas emendas ao PLC 49/10, sobre carreiras do setor.

 

017 - JOSÉ BITTENCOURT

Pelo art. 82, apoia a fala do Deputado Carlos Giannazi sobre as demandas do Poder Judiciário para atender os servidores e os cidadãos. Dá conhecimento de requerimento, de sua autoria, que deve ser protocolado na próxima legislatura, no qual propõe a criação de CPI para investigar o desaparecimento de pessoas. Cita dados de ONG que informam o desaparecimento de 15 pessoas/dia no Estado e cerca de 200 mil por ano no Brasil.

 

018 - ENIO TATTO

Pelo art. 82, recorda críticas da mídia sobre a produtividade desta Casa. Considera que houve erro político por parte dos constituintes paulistas, sobre a data de posse dos Deputados em 15 de março, ao contrário das Assembleias Legislativas do País, que adotaram o dia 1º de fevereiro. Sugere que seja votada PEC para reverter a situação. Questiona os argumentos de falta de verbas para determinadas obras, tendo em vista que houve excedente de mais de 14 bilhões na arrecadação paulista no ano passado.

 

019 - DONISETE BRAGA

Pelo art. 82, endossa a manifestação do Deputado Enio Tatto quanto às limitações do orçamento. Lembra que o Parlamentar idealizou as audiências públicas sobre o tema. Combate o corte de verbas de 46 milhões para a linha da CPTM da Região do ABC, utilizada por 300 mil usuários/dia. Lê e comenta texto sobre o assunto. Cobra políticas para o setor. Questiona a paralisação de obras do traçado sul do Rodoanel. Cita a preocupação de empresários sobre o assunto.

 

020 - DONISETE BRAGA

Requer o levantamento da sessão, com assentimento das lideranças.

 

021 - Presidente AGUIMARÃES DE CALDAS

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 24/02, à hora regimental, com ordem do dia. Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Luis Carlos Gondim.

 

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O SR. PRESIDENTE - LUIS CARLOS GONDIM - PPS - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Olímpio Gomes para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - OLÍMPIO GOMES - PDT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - LUIS CARLOS GONDIM - PPS - Srs. Deputados, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Rita Passos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Tortorello. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Beth Sahão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, hoje, quarta-feira, um maior número de deputados passaram pela Assembleia para, pelo menos, assinar presença e constar 35 deputados, mais que um terço da Assembleia. Isso é uma desconsideração para com a população e o Orçamento.

Sr. Presidente, na forma da Constituição, do Regimento Interno da Casa, encaminhei requerimento de informações à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e também à Mesa Diretora da Casa em função dos custos e do pagamento das inserções de dois minutos de deputados na TV Assembleia. A Mesa não responde os questionamentos, desconsiderando-me como deputado, mas a assessoria da Mesa, respondendo a um questionamento da imprensa, informou à Folha de S. Paulo, num comunicado do Maganini, da assessoria de imprensa da Casa, dizendo que “dos boletins programados foram executadas 2068 gravações, realizadas a partir das demandas dos próprios deputados estaduais. Os acessos a esses boletins, bem como os detalhes mais técnicos, devem ser solicitados à fundação Padre Anchieta”. É o que estou solicitando também.

O Deputado Donisete Braga está dizendo à assessoria de imprensa da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que pagamos R$ 4.000.009.934,70 em um ano, com uma média de 22 inserções para cada deputado, com um custo unitário de R$ 1.939,40 a inserção, 2.066 inserções.

Quero dizer a todos que nesse período tivemos - de 5 de julho a 03 de outubro - a vedação legal de qualquer veiculação que pudesse ensejar favorecimento ao parlamentar de difusão de atividade política. Três meses. Entramos em recesso em 18 de dezembro, e das informações que tenho dos próprios funcionários, nenhuma inserção de parlamentar foi gravada até 1º de fevereiro. No mês de julho, quando tivemos recesso, nenhuma. Não tive nenhuma inserção gravada. E tivemos uma média - que a Assembleia pagou - de 22 inserções por deputado. Perguntaria até aos deputados presentes quantas inserções deles foram ao ar. Não sou eu que estou dizendo, quem está dizendo é a assessoria de imprensa da Assembleia, dizendo que pagou um contrato de quatro milhões. No contrato, está estabelecido que o pagamento é por preço unitário, então tem que se contabilizar cada inserção.

Tenho uma expectativa de que a Fundação Padre Anchieta cumpra a Constituição e a secretaria me informe no prazo de 30 dias, prorrogáveis por mais 30, as inserções por deputado, quando foram ao ar e a cópia dessas inserções. Quatro milhões de reais. Segundo informações da assessoria de imprensa, a Assembleia pode ter pagado isso. Mas eu duvido, porque das minhas 24 não teve nenhuma. Alguns parlamentares que já questionei individualmente, se tiveram, tiveram uma ou duas inserções.

Então, esses questionamentos a respeito do dinheiro público. Foi pago e não teve o retorno dessas inserções. Espero, ainda, que a Mesa possa me responder os questionamentos que fiz. Continuo no aguardo. Na última 6ª feira, o 2º Secretário, deputado Aldo Demarchi, disse-me que iria disponibilizar as informações o mais rapidamente possível. Já estamos na 4ª feira e não tenho essas informações. Quero dar conhecimento público, aproveitando até a presença de pessoas ligadas à Fundac, na Assembleia Legislativa, que a partir da minha reunião com a Fundac, e as minhas solicitações, até então todos os documentos e questionamentos que pedi da futura contratada me foram integralmente fornecidos. O que não me deixa nada tranquilo em relação ao contrato de 45 milhões de reais, pagos pelos 27 meses, que já foram integralmente pagos, e que cada momento tenho mais dúvidas em relação ao seu cumprimento.

O SR. PRESIDENTE - LUIS CARLOS GONDIM - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Engler. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Estevam Galvão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público aqui presente, telespectador da TV Assembleia, gostaria de dizer ao Deputado Major Olímpio, que vem fazendo uma investigação muito séria e muito profunda em relação às denúncias apresentadas em relação à TV Assembleia sobre possível superfaturamento, que só fiz duas inserções durante o ano passado na TV Assembleia. Duas inserções externas: uma no Departamento de Perícias Médicas. Fizemos uma denúncia em relação ao péssimo atendimento daquele departamento, conhecido como a Casa dos Horrores, que tanto tem maltratado os servidores. Fizemos uma matéria crítica de denúncia lá dentro. E uma outra inserção na greve dos professores, na Av. Paulista. Tem alguma coisa errada aí. Se a Assembleia Legislativa pagou quatro milhões de reais por duas mil e poucas inserções, e se na média cada deputado teria o direito a 24 inserções, gostaria de registrar que só participei de duas; então, estão me devendo ainda 22 inserções. Agora, se as produtoras receberam esse dinheiro, isso caracteriza um verdadeiro crime. Isso é improbidade administrativa. V.Exa. está de parabéns em levar adiante essa investigação que tem todo nosso apoio, não só do nosso mandato, mas da bancada do PSOL.

Sr. Presidente, estamos aqui perplexos com o projeto de lei que foi encaminhado pelo ex-Governador José Serra a esta Casa de leis, no final do ano passado, o PLC 48, 2010, que altera várias leis complementares. É um projeto confuso, complexo, conhecido como o projeto x-tudo, que vai prejudicar uma boa parte dos servidores do Estado de São Paulo. Até porque é um projeto obscuro, que recebeu um aditivo do Governador Geraldo Alckmin piorando a situação. A SPPrev - São Paulo Previdência, substituiu o Ipesp com a reforma da previdência ocorrida em 2007, através de lei aprovada nesta Casa. Nós do PSOL votamos contra porque essa lei prejudicou os servidores do Estado de São Paulo, mas virou lei porque a base governista, como sempre, vota nos projetos do governo, e essa reforma é representada pela Lei 1010, de 2007. Então, os servidores da SPPrev, que são concursados, que fizeram um concurso extremamente difícil, estão sendo marginalizados no processo de ocupação de cargos de supervisão e de chefia porque esse projeto de lei apresentado vai na contramão da moralidade pública, da valorização dos servidores concursados. E defendemos que a principal porta de entrada ao serviço no nosso País tem que ser através do concurso público de provas e títulos.

Esses servidores, analistas e técnicos da SPPrev, fizeram concurso, um concurso extremamente disputado. Essas pessoas foram aprovadas, entraram na carreira da Secretaria da Fazenda, trabalham em SPPrev e agora estão sendo excluídas, alijadas, porque o projeto de lei, se for aprovado dessa maneira, vai criar uma verdadeira improbidade administrativa. Ele diz que quem vai assumir cargo de comando, de supervisão vai ser o servidor comissionado, aquele indicado por deputado, pelo Secretário, pelo Governador, os cargos de confiança, os cargos políticos. Aí aquele que fez concurso, que se esforçou, que estudou vai ser marginalizado.

A nossa posição oficial do PSOL é de que somos contra esse projeto, ele tem que ser reformulado. Fazemos um apelo ao Governo para que exclua desse projeto o Art. 5º e também o aditivo enviado pelo Governador Geraldo Alckmin, que coloca a palavra preferencial: “esses cargos preferencialmente devem ser ocupados pelos cargos de carreira”, mas a palavra preferencial significa aí uma armadilha, um golpe, porque “preferencialmente” não significa “obrigatoriamente”. A Secretaria da Fazenda vai poder, sim, do ponto de vista legal, nomear comissionados, pessoas indicadas por deputados, vereadores, pessoas do PSDB, da base do Governo, pelo Secretário, enfim. E o servidor concursado, aquele que realmente trabalha, que leva a política do Estado para toda a população, fica marginalizado.

Fica aqui o nosso repúdio a esse PLC 48. Exigimos que o Governo retire esse aditivo e que a Assembleia Legislativa rejeite pelo menos o Art. 5º e o Parágrafo Único do PLC nº 48, bem como o aditivo, que foi enviado agora pelo Governador Geraldo Alckmin.

Para concluir, Sr. Presidente, ontem o Líder do Governo ameaçou colocar o projeto aqui em votação. Somos contra, e vamos obstruir a sua votação. Se for aprovado dessa maneira, vai representar um retrocesso e uma imoralidade para o Estado de São Paulo.

Quero registrar que a situação de SPPrev é de calamidade pública. Existem milhares de processos atrasados porque faltam funcionários, os que estão lá não são valorizados, muitos estão saindo, pedindo exoneração do cargo, muitos concursados, inclusive, porque não conseguem mais trabalhar pela falta de estrutura de SPPrev. Então, os servidores que estão com seus processos de aposentadoria sendo analisados estão sendo prejudicados, porque temos milhares e milhares de processos atrasados, atrasando um ano, dois anos, não por conta dos servidores, mas pela falta de estrutura e pela falta de investimento em SPPrev. E como se não bastasse isso, o Governo encaminha esse perverso e nefasto PLC nº 48 para a Assembleia Legislativa.

Sr. Presidente, peço que cópias desse meu pronunciamento sejam enviadas para o Secretário da Fazenda, para o Governador Geraldo Alckmin e também para o presidente da SPPrev, para que providências imediatas sejam tomadas em relação ao que vem acontecendo nesse departamento de SPPrev, uma autarquia, um departamento da Secretaria da Fazenda. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - LUIS CARLOS GONDIM - PPS - Esta Presidência recebe o apelo de V. Exa., comunicando ser regimental.

Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Aldo Demarchi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fausto Figueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - Sr. Presidente, nobre Deputado Luis Carlos Gondim, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, servidores da Assembleia Legislativa, público presente, telespectadores da TV Assembleia, hoje estará sendo debatido no Senado Federal o aumento do salário mínimo para 545 reais.

Gostaria de não só falar sobre esse tema, mas também dizer que tanto o Governo do Presidente Lula, nos seus oito anos, e agora o Governo da Presidente Dilma, lutou para a recuperação dos salários dos trabalhadores brasileiros.

Se formos fazer um debate sobre o potencial e a riqueza do nosso País, a economia hoje está consolidada em bases muito bem definidas. Hoje, o cidadão tem toda a segurança de que não teremos aquela inflação galopante das décadas passadas, de que o nosso Brasil está gerando emprego e renda, mas temos o desafio de recuperar a política salarial. Esse método estabelecido pelo Presidente Lula até 2015 para que todos os anos os trabalhadores possam ter um ganho real fará com que os trabalhadores passem a ganhar muito mais. Hoje o Senado dará o seu referendo.

Sr. Presidente, ainda temos que investir muito na mão de obra, porque também é verdade que as empresas estão contratando e está faltando mão de obra especializada. Tenho conversado muito com o setor empresarial da minha região e sei que isso vem ocorrendo não só no Estado de São Paulo, mas em todo o País. Li recentemente um artigo publicado no jornal "O Estado de S.Paulo" que dizia que há duas décadas, no setor da construção civil, a grande maioria dos trabalhadores, como eletricistas, pedreiros, ajudantes, vinham da Região Norte e Nordeste para trabalhar no nosso Estado. Hoje, graças à política econômica do Presidente Lula e a sequencia da política da Presidente Dilma, os trabalhadores do Norte e Nordeste não só têm conseguido se estabelecer nos seus estados de origem, nas suas cidades, mas ao mesmo tempo estão conquistando emprego. Temos de ter no Estado de São Paulo, o estado mais importante da Federação, um processo de investimento na qualificação da mão de obra, seja para o comércio, para as indústrias, ou para o setor metalúrgico.

Esse é o grande desfio que se apresenta para o próximo período. O setor empresarial, os trabalhadores, as prefeituras municipais, o Governo do Estado têm grande responsabilidade de estabelecer políticas de formação e qualificação da mão de obra do Estado de São Paulo.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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Com a política seguida pelo Presidente Lula, nos oito anos, e agora pela nossa Presidente, não tenho dúvida de que a riqueza do nosso País está estabelecida. Teremos uma recuperação do salário dos trabalhadores brasileiros. Há alguns anos, no nosso Brasil, as pessoas passavam fome, mas hoje, graças às políticas sociais, os brasileiros têm a sua dignidade e acima de tudo há justiça social. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Tem a palavra o nobre Deputado Widerson Anzeloti. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim.

 

O SR. LUIS CARLOS GONDIM - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, faço uma pergunta a todos os Srs. Deputados: quem nunca foi procurado por uma pessoa que é acompanhante ou responsável por uma pessoa com necessidade especial?

Os cuidadores acompanham as pessoas com deficiências auditiva, visual, mental ou orgânica, vão à Apae levar uma criança ou um adulto já, deixam o seu filho - os outros filhos ficaram em casa -, e a sua carteirinha de acompanhante não vale para a volta para casa. Só vale para levar a criança, ou quando está junto com a criança. As empresas de ônibus fazem pressão sobre os prefeitos e não permitem que o passe seja dado para que aquela acompanhante, no período da escola ou do médico daquele deficiente, possa voltar para casa, para fazer comida, para cuidar das outras crianças ou para cuidar da sua casa.

É um absurdo. Fica difícil legislar para o município, é praticamente impossível. Tentamos fazer aqui um projeto que dispõe sobre a gratuidade no transporte coletivo público intermunicipal e municipal ao acompanhante de portadores de deficiência. Queremos que o passe desse acompanhante, enquanto o deficiente estiver na escola, na Apae, dê direito à volta, num trem, num ônibus, dentro do município ou intermunicipal. Enquanto ela estiver naquele período de escola, aquele passe tem que valer. Mas acontece que eles não permitem. Hoje, para você levar uma criança a uma Apae, você leva, volta, paga passagem, cuida dos seus filhos, volta e paga novamente; e quando vem com o deficiente, você não paga.

É um absurdo, e não estamos conseguindo resolver esse impasse. Fazemos um apelo à Secretária Lindamara, para que resolva esse assunto junto conosco, para que esse passe do acompanhante, legalmente constituído, possa valer em qualquer situação e a qualquer momento, porque aquela pessoa tem que sair para comprar comida, para levar ao médico, para fazer fisioterapia, para levar a um oftalmologista, para ir a uma Apae, para ir a uma AACD, e ela tem que pagar quando não está acompanhada do deficiente.

Ficamos numa situação superdelicada. Várias pessoas telefonaram perguntando quando isso será corrigido. E fizemos esse projeto para que essas pessoas, que são acompanhantes de deficientes, possam ter esse passe mais estendido. Faço um apelo aos Srs. Deputados, para que possamos trabalhar num projeto como esse. É um Projeto de lei de nossa autoria, de 2011, onde os acompanhantes dos portadores de Síndrome de Down tenham direito a esse passe mais estendido.

A isenção do pagamento da tarifa de que trata o Artigo 1º da presente lei será estendida ao acompanhante ou cuidador, durante todo o período de realização de qualquer atividade educacional do enfermo, para tratamento de saúde, também fisioterapia, lazer social, entre outras. Você leva a criança ou adulto, com uma sequela de AVC, por exemplo, você faz a terapia ocupacional para essa pessoa e você tem que pagar quando não está acompanhado daquele deficiente.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Rui Falcão.

 

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Faço aqui um apelo aos nossos pares, para que possamos organizar e elaborar esse Projeto de lei, para que os acompanhantes responsáveis por qualquer pessoa, com qualquer tipo de deficiência, possam ter o passe estendido por mais tempo, e não somente com o acompanhante, com o portador da enfermidade, naquele momento. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - RUI FALCÃO - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Corauci Sobrinho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Diniz Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luciano Batista. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa)

Srs. Deputados, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar. Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão (na Presidência). Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Camilo Gava. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edmir Chedid. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, aqueles que nos acompanham através do serviço de alto-falante e nas galerias da Casa, vivemos ontem mais um dia daqueles que ninguém gostaria de ter passado: o apagão.

Recentemente, esta Casa ficou às escuras. Deputados assomavam à tribuna e de repente o som sumia; não só a energia elétrica, mas o som também desaparecia, e tínhamos que suspender a sessão.

Sugeri naquela ocasião, ao nosso Presidente, Deputado Barros Munhoz, que fossem convidados os fornecedores de energia elétrica de São Paulo, para prestarem esclarecimentos à Casa. Se nas proximidades do Ibirapuera aconteceu isso, então, imaginem nas regiões mais afastadas em que os serviços são piores e a manutenção da rede é pior. O Sr. Presidente convidou os representantes da AES Eletropaulo, que apresentaram justificativas de que o responsável seria uma outra empresa, a empresa de transmissão de energia elétrica do Estado de São Paulo. Agora nós assistimos a mais um apagão, abrangendo um número maior ainda de bairros, e isso é inaceitável.

Sr. Presidente, sugeri que o Secretário de Energia fosse convidado para dar esclarecimentos. Agora, não basta convidar as empresas, porque uma joga a culpa na outra. Precisamos ter aqui um mediador, que também tem de prestar conta e dar satisfação a esta Casa sobre o que está ocorrendo com o fornecimento de energia elétrica para a população.

Na Região de Osasco, é comum, quando ameaça uma chuva, as luzes se apagarem, e, às vezes, o retorno é demorado. O serviço público, que é de responsabilidade do Estado, precisa de uma solução. O Estado de São Paulo, o Sr. Governador, o Sr. Secretário de Energia precisam dar uma satisfação à população e a esta Casa.

Já temos problemas enormes com a Sabesp. A falta de água é comum em várias cidades do nosso Estado, assim como o tratamento de esgoto. Quanto ao esgoto, a Sabesp faz a coleta, mas joga no primeiro córrego que encontra, o que acaba mantendo essa poluição interminável. E o Estado é responsável por isso. A propaganda da Sabesp cobre o País inteiro, mas o serviço aqui deveria ser feito.

Agora, entramos na fornecedora de energia elétrica, AES Eletropaulo, e na responsável pela transmissão, Ceteep. Precisamos trazer a esta Casa - combinando previamente com os deputados - os seus representantes para que possam esclarecer o motivo desse apagão que desnorteia a população, que nem consegue andar mais. Nada funciona. Os semáforos, em sua maioria, param de funcionar, ocorrem batidas de carro, causando um enorme transtorno.

 

O SR. PRESIDENTE - RUI FALCÃO - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, público presente, telespectadores da TV Assembleia, hoje, provavelmente, será votado em Brasília, no Senado Federal, o novo salário mínimo. Ao que tudo indica, a Presidente Dilma já tem maioria para aprovar o valor de 545 reais.

Existem outras propostas circulando nesse processo de votação, como a do PSDB, no valor de 600; outra, do DEM, de 560 reais e uma da nossa Bancada, PSOL, no valor 700 reais. O que estamos perseguindo há algum tempo, na verdade, é o piso do Dieese, dois mil e 274 reais, o valor correto que deveria ser pago no Brasil para atender às necessidades da população em relação à Educação, alimentação, moradia, saúde, lazer, cultura. Deveriam ser oferecidas as condições mínimas e razoáveis de sobrevivência, como determina a Constituição Federal, no seu Art. 7º.

No entanto, o valor de 545 reais já foi aprovado na Câmara dos Deputados e, provavelmente, o mesmo valor será aprovado no Senado, conforme estamos acompanhando. Entendemos que esse valor fica muito aquém das necessidades da população do Brasil, das camadas populares, sobretudo dos trabalhadores, vítimas do processo inflacionário.

Em São Paulo, estamos vivendo outra demagogia. O Governador Geraldo Alckmin encaminhou a esta Casa o projeto de lei aumentando o salário mínimo regional para 600 reais. Digo que é uma demagogia, porque o salário mínimo regional não é pago aos servidores públicos do Estado de São Paulo. Ou seja, o Governador Geraldo Alckmin não resolve o problema dos servidores do Estado. Temos servidores com um salário de 300, 400 reais, abaixo, portanto, do salário mínimo aprovado pela Assembleia Legislativa no ano passado.

A alteração feita nesse salário é insignificante. Apresentamos emenda para esse projeto - sendo que hoje é o último dia para isso - elevando o valor para 700 reais, mantendo nossa coerência, ou seja, o mesmo valor que apresentamos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Além disso, estendemos o valor do salário mínimo regional para todos os servidores que estejam com o salário abaixo dos 700 reais. É inconcebível que o Governador faça uma proposta que aumente o salário mínimo regional apenas para a iniciativa privada, e não para o serviço público.

Pedimos o apoio de todos os deputados para a aprovação das nossas emendas quando o projeto do Governo entrar em votação. Dessa forma, poderemos moralizar essa questão do salário mínimo no Estado de São Paulo.

A aprovação de 545 reais para o salário mínimo no Brasil é um retrocesso, porque a economia está crescendo, e os trabalhadores merecem um salário melhor do que esse. O Brasil, inclusive, na época de Juscelino Kubitschek, 1959, pagava um salário mínimo equivalente a 1.650 reais, bem superior ao atual. Há de ressaltar que não era uma economia desenvolvida como a de hoje. Infelizmente, o salário foi sendo arrochado e hoje está no valor de 545 reais.

A desculpa do Governo é sempre a mesma: se aumentar mais, irá gerar uma crise na Previdência, haverá impacto nas contas do Governo e o retorno da inflação. Em relação à Previdência, isso não é verdade, porque a Previdência no Brasil é superavitária. Tem mais de 33 bilhões de reais nos seus cofres.

Entendemos a Previdência como componente importante da Seguridade Social e, nesse Orçamento, ela tem 33 bilhões de reais de superávit. Portanto, não corre o risco de quebrar. Essas desculpas não têm fundamento algum, por isso, vamos continuar defendendo em Brasília e na Assembleia Legislativa o salário mínimo de 700 reais, sempre perseguindo o piso nacional do Dieese, de dois mil e 274 reais. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - RUI FALCÃO - PT - Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Cássio Navarro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rogério Nogueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim.

 

O SR. LUIS CARLOS GONDIM - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, temos algumas reivindicações ao novo Governador. Uma das primeiras reivindicações é a campanha do mutirão de mamografia, papanicolau e ultrassonografia transvaginal e de mamas. A população sofre muito para conseguir esses exames.

No dia oito de março, comemoraremos o Dia Internacional da Mulher, mas continuamos com o mesmo problema. Como ginecologista e deputado estadual, continuo ouvindo as mesmas reclamações. Depois de praticamente 12 anos que estou aqui, ainda ouço: “Doutor, consiga para mim um ultrassom transvaginal?” Até quando vamos ouvir isso sem resolver esse problema? É isso que está acontecendo ainda, neste Governo de 12 anos. Poderíamos já ter resolvido esse problema com hospitais-referência em municípios para mamografia, ultrassom, para serviço radiológico. Mas não. Provavelmente, as influências levam as pessoas a fazer com que aquele serviço seja contratado e não abranja todos os municípios.

Dou o exemplo do Alto Tietê, a 62 quilômetros de São Paulo, onde temos Biritiba, Salesópolis, Santa Isabel, Arujá, dependendo de Mogi das Cruzes. Não se faz uma referência pelo menos na prevenção, que é bem mais barata do que o tratamento. No caso de câncer de mama, por exemplo, um exame custa 45 reais para o Governo para o diagnóstico. Se fizer uma cirurgia, gastaríamos no máximo, com radioterapia, quimioterapia, cirurgia, uns cinco mil reais, se detectarmos o câncer no início. Quando o paciente está com metástase, o custo sobe para 50 mil reais. Até quando vamos conviver com isso? Até quando precisaremos apelar ao Governo para fazer que esses programas funcionem?

Dia Internacional da Mulher. Vamos ter novamente as mulheres precisando de ultrassom transvaginal, de ultrassom de mamas, de mamografia. E não vamos conseguir resolver, quiçá nessa próxima legislatura. Sinto-me, como ginecologista, frustrado por pedir tanto e não ser ouvido. Frustrado porque os hospitais-referência que podemos ter são limitados. As organizações sociais recebem um bom bolo, mas eles não dão o destino total dos pacientes que precisam fazer esses exames preventivos.

Amanhã, em Osasco, será inaugurada uma UTI Pediátrica. Tenho o orgulho de que minha filha foi contratada para trabalhar lá com o Prefeito Emidio. Deputado Marcos Martins, até quando vamos ter serviços especializados de qualidade para servir à população? Na Capital, temos uns quatro ou cinco serviços de UTI Pediátrica. A população sofre, pois aguarda a Central de Vagas, que não consegue internar esses pacientes e o paciente vai à falência esperando a vaga. Isso acontece inclusive com os exames preventivos. Feliz Dia das Mulheres.

 

O SR. PRESIDENTE - RUI FALCÃO - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, não poderia me furtar de fazer uma manifestação e tomar atitudes concretas quanto a uma situação que está sendo veiculada na Internet, a respeito de um vídeo, gravado pela própria Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, em que no ano de 2009, uma escrivã de Polícia foi presa em flagrante delito no 25º Distrito, em Parelheiros. Quero lamentar profundamente as cenas de horrores apresentadas nesse vídeo. A policial foi expulsa dos quadros da Polícia Civil. Não quero entrar no mérito do que ensejou a expulsão, se ela violou a conduta funcional e incorreu em crime, mas a forma como foi despida por policiais masculinos e, na presença de policiais masculinos, apesar de ter naquele ambiente uma policial militar feminino e uma guarda civil metropolitana feminino.

Quero dizer que o Código de Processo Penal estabelece circunstâncias em que não há outra forma que a busca pessoal possa ser realizada por homens em mulheres e vice-versa. Mas, dentro do ambiente de uma delegacia, confinada numa sala, podendo inclusive ser tolhida nos seus movimentos com as mãos, podendo até ser algemada, podendo pedir, via Cepol, Central de Comunicações da Polícia Civil, que uma delegada de polícia da Corregedoria da Polícia Civil se deslocasse até Parelheiros, numa circunstância em que a escrivã, sendo presa em flagrante, pudesse ser conduzida para a Corregedoria, sem que pudesse ocultar as notas de dinheiro que estavam sob suas vestes íntimas. Então, havia sim a plena condição de dar dignidade - que é o que se exige, mesmo aos marginais - a lei exige que o tratamento seja digno. Aquelas imagens mostram cenas de barbárie em relação à condição da mulher.

Mais estupefato ainda fico ao saber que todo o procedimento para a expulsão da escrivã foi realizado e que a Corregedoria da Polícia Civil entendeu dentro do plano da normalidade - e vejam que temos uma corregedora na Polícia Civil -, com o arquivamento por parte do Ministério Público.

Há a indignação dos sindicatos e associações policiais civis e de vários segmentos da sociedade. Manifestações como a do Delegado Jorge Melão, Presidente do Sindicato dos Delegados, que mostra a sua indignação com relação ao tratamento sofrido pela mulher, independentemente do que ela possa ter feito ou não.

Em 2009, essa escrivã procurou o meu gabinete para relatar o ocorrido, acompanhada do marido, que é policial militar. Fiquei no aguardo de documentação. O constrangimento era tal, com os atos da vida normal completamente tolhidos diante do abuso que acabou sofrendo e das necessidades de tratamento psicológico para tentar retomar a vida.

Portanto, fica aqui a minha manifestação, na expectativa da revisão da expulsão ou não da funcionária, mas é mais do que necessário que se tomem atitudes concretas para que não aconteça a exacerbação do uso da força e da violência pelas Corregedorias contra os próprios quadros da Polícia.

Quero enaltecer o posicionamento do Secretário da Segurança Pública que, tão logo soube da barbárie pela Internet ou por assessoria, tomou a medida necessária de retomar as apurações.

Gostaria que o meu depoimento fosse encaminhado às associações e sindicatos policiais civis, à Casa Civil do Governo do Estado, ao Secretário da Segurança Pública e ao Delegado-Geral de Polícia do Estado de São Paulo.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Aguimarães de Caldas.

 

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O Sr. Presidente – Aguimarães de Caldas - PT - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

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- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O Sr. Presidente – Aguimarães dE CALDAS - PT - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, por permuta de tempo com o nobre Deputado Baleia Rossi, tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins.

 

O SR. Marcos Martins - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público que nos acompanha pelo serviço de audiofonia, um deputado que me antecedeu falou da UTI Infantil no Hospital Central de Osasco, que será inaugurada amanhã.

Como sou autor da emenda que levou essa UTI Infantil para a cidade, que nunca antes teve UTI Infantil, gostaria de falar um pouco sobre esse assunto. Antes, junto com a Associação dos Renais Crônicos da região, levamos para o Hospital Regional um Centro de Hemodiálises que já está funcionando há uns dois meses. Hoje, foi inaugurado um Centro de Diagnósticos de várias enfermidades no Jardim Piratininga, na Policlínica Norte.

Amanhã, portanto, teremos a inauguração da UTI Infantil, entre outras entregas. Há a previsão de duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), como parte das comemorações dos 49 anos da Cidade de Osasco. É um avanço significativo na cidade.

Gostaria ainda de voltar ao tema do apagão. Por justiça, vou falar pelo menos os nomes de alguns bairros atingidos: “Bairros da Capital ficam mais de 24 horas em energia. Jardim Pedra Branca, Jardim São Paulo, Jaçanã, Vila Mariana, Santana, Vila Medeiros, Parque Novo Mundo, Tremembé, Moema, Liberdade, Aclimação e Lapa tiveram o serviço interrompido durante a chuva.”

Ontem à tarde, segundo a AES/Eletropaulo, 98% das ocorrências já haviam sido solucionadas. Pela manhã, 108 semáforos que foram desligados pela chuva continuavam a operar. Às 9 horas e 30 minutos, havia 125 quilômetros de congestionamento

Vieram a esta Casa técnicos da AES/Eletropaulo, deram explicações, números e argumentos e responsabilizaram a outra empresa de transmissão de energia. E agora? Será que foi também a outra empresa ou desta feita a AES/Eletropaulo teve responsabilidade? Gostaríamos que viesse alguém do Governo, que tem a obrigação de fiscalizar porque contrata esse serviço, para dar esclarecimento aos deputados e à população do Estado de São Paulo.

Não é possível continuarmos com esse quadro. Congestionamento de 125 quilômetros, um recorde do ano nesse horário. À tarde, 67 semáforos estavam totalmente apagados e outros 36 em amarelo piscante. Há ainda o agravante de que o metrô da Capital não deveria se chamar metrô, porque não sai daqui. Estamos cobrando que o metrô chegue à nossa região. Há quanto tempo isso foi prometido! Agora, estão dizendo que vai. Há o projeto Tietê 2, reformaram a estação, mas o metrô fica só na Capital.

O transporte público na Cidade de São Paulo é caótico; há problemas com o fornecimento de energia elétrico; há problemas com a Sabesp. Um dia falta água, outro dia falta luz. E ainda há o pedágio, o mais caro do País, por todos os cantos. É comum algumas cidades ficarem isoladas, sendo obrigadas a pagar pedágio porque não há outra pista. Mesmo que a pessoa decida não pagar pedágio andando mais não dá. É o caso de Carapicuíba, de Osasco e de outras cidades. Na Castelo Branco, é um problema, pois todos são obrigados a pagar o pedágio para pegar Rodoanel: paga-se na entrada e na saída.

Isso tudo acaba levando mais trânsito nas cidades. O Estado São Paulo é o mais rico da Federação, mas carrega esses problemas antigos e recorrentes. Não é possível que o problema da energia elétrica continue assim. Precisamos que os técnicos venham e nos expliquem por que 14 bairros da Capital ficaram 24 horas sem a energia elétrica. Aí dá pane nos semáforos, atingindo vários bairros como no Ibirapuera, que fica próximo a Vila Mariana.

Registro a nossa indignação em relação aos problemas do transporte, dos congestionamentos e dos semáforos, da falta de energia e, finalmente, da Sabesp que precisa melhorar seus serviços em todos os sentidos: fornecimento de água, coleta e tratamento de esgoto - que praticamente não existe -, inclusive qualidade de água. Vamos solicitar a presença da presidente da Sabesp na nossa Comissão da Saúde para que nos dê esclarecimentos. É comum que os secretários venham à Assembleia de seis em seis meses para prestar esclarecimentos. Vamos também questionar a qualidade de água no litoral, pois há muita reclamação.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos até as 16 horas e 30 minutos.

 

O SR. PRESIDENTE – AGUIMARÃES DE CALDAS - PT - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado Marcos Martins e suspende a sessão até as 16 horas e 30 minutos.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 15 horas e 43 minutos, a sessão é reaberta às 16 horas e 33 minutos, sob a Presidência do Sr. Aguimarães de Caldas.

 

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O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, gostaria de retomar a discussão em torno da crise do Poder Judiciário aqui no Estado de São Paulo.

Há um bom tempo vimos acompanhando as mazelas do Poder Judiciário, as contradições, sobretudo as condições de trabalho extremamente precárias dos seus servidores, inclusive no ano passado participamos da greve histórica de 120 dias dos servidores do Judiciário que denunciou as incoerências e as contradições deste Poder do Estado de São Paulo. E a situação não foi resolvida ainda. A greve está apenas suspensa, ela não terminou porque os servidores continuam ainda em estado de greve e ela pode voltar nos próximos meses até porque o acordo firmado, assinado entre o Tribunal de Justiça e as entidades representativas dos servidores do Judiciário não foi ainda cumprido, qual seja, as perdas salariais para recompor a inflação de 20,16 por cento. Esta é a reivindicação mínima que os servidores esperam seja cumprida pelo Tribunal de Justiça. Há muito tempo que não se realiza concurso para recompor o quadro de servidores, principalmente as vagas abertas pelos que se aposentaram. O Tribunal de Justiça paga um dos piores salários da Federação. Muitos servidores prestam concurso em outros órgãos no Executivo e mesmo aqui no Legislativo provocando com isso o esvaziamento da casa e a falta de funcionários.

Hoje, um servidor do Judiciário trabalha por 10, 15; tem uma carga excessiva de trabalho; trabalha além da sua jornada normal de trabalho. Alguns concursos foram realizados, no entanto, o TJ não chama. É o caso, por exemplo, do último concurso realizado em 2009 para contratação de servidores oficiais de justiça. Existem 3500 vagas disponíveis e até agora o Tribunal de Justiça não chamou nenhum aprovado no concurso. Enquanto isso, o oficial de justiça que está na ativa não consegue dar conta de tanto trabalho. Ele tem um atraso de praticamente três, quatro meses na entrega de ordens judiciais.

O primeiro apelo que fazemos ao presidente do Tribunal de Justiça que assumiu recentemente, que responderá pelo órgão até o final do ano, é para a convocação imediata do concurso público de provas e títulos para o cargo de oficial de justiça. São 3500 vagas disponibilizadas e o TJ não chamou ninguém até agora. Da mesma forma em relação aos que prestaram concurso para outras áreas, como escrevente por exemplo. Ao mesmo tempo apelamos à Assembleia Legislativa no sentido de aprovarmos em caráter de extrema urgência o PLC 49/10, que faz uma correção na Lei Complementar 1111/10 porque no processo de gratificação e bonificação, dois segmentos importantes dos servidores do Judiciário ficaram de fora, são eles os pesquisadores e os estenotipistas. Estes dois cargos não tiveram o benefício da gratificação. Então temos de fazer essa correção com a aprovação do PLC 49, que, a propósito, é um projeto do próprio Tribunal de Justiça encaminhado a esta Casa no final do ano passado e que até agora não foi aprovado.

Portanto, fica o apelo às Sras. Deputadas e aos Srs. Deputados para votarmos os projetos, até porque a Assembleia Legislativa está inerte, está improdutiva. Temos mais de quatro mil projetos de lei só de deputados para entrarem na pauta, fora os que estão nas comissões. Temos até projetos importantes do próprio Governo que não são votados.

Então, a Assembleia Legislativa tem de fazer jus aos 680 milhões de reais que consome do erário público do nosso Estado e que onera o bolso do cidadão paulista.

 

O SR. PRESIDENTE – AGUIMARÃES DE CALDAS - PT - A Presidência cumprimenta o nobre Deputado Carlos Giannazi pela belo pronunciamento em defesa dos servidores do Judiciário.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, gostaria que cópias de meu pronunciamento fossem encaminhadas principalmente para o presidente do Tribunal de Justiça, para que tome providências no sentido de que sejam chamados os concursados para oficial de justiça.

 

O SR. PRESIDENTE – AGUIMARÃES DE CALDAS - PT - A Mesa desta Casa tomará as medidas cabíveis para atender o pedido de V.Exa., nobre Deputado.

 

O SR. JOSÉ BITTENCOURT - PDT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, todos os presentes, assessores, imprensa, inicialmente quero me solidarizar com o nobre Deputado Carlos Giannazi em relação à temática trazida por ele, que é uma demanda de interesse dos servidores da Justiça de São Paulo e também da própria cidadania. Concordo plenamente que temos que trazer logo, a votos, com as correções necessárias, esses projetos aludidos pelo Deputado Carlos Giannazi, pois são de interesse do Tribunal de Justiça, dos trabalhadores do Tribunal de Justiça e da população de São Paulo, como disse.

Minha fala agora, Sr. Presidente, é para dizer que estamos com requerimento pronto para no dia 16 de março protocolar aqui um pedido de criação e instalação de uma CPI com a finalidade de investigar o desaparecimento de pessoas no Estado de São Paulo. Reiteradamente a imprensa tem falado de pessoas desaparecidas neste estado. Há uma ONG que cuida dessa questão e trabalha incansavelmente com esse tema. As estatísticas apontam que de 11 a 15 pessoas somem por dia em São Paulo. Precisamos nos debruçar na investigação desse problema. Estatísticas também apontam que no Brasil 200 mil pessoas somem anualmente. Fiquei estarrecido ao ler o artigo.

O papel desta Casa é também o de investigar, além de legislar e fiscalizar. No aspecto fiscalizatório, há a incumbência e a atribuição de investigar através do instrumento legal, constitucional que é a CPI. Por isso peço apoio aos ilustres deputados, eis que colherei assinaturas para instalarmos no momento oportuno, obedecendo à ordem cronológica definida pela Casa, uma CPI. Assim que tivermos o número regimental necessário de 32 assinaturas, na próxima legislatura protocolizaremos o requerimento para essa CPI. Será mais um instrumento legal para proporcionarmos à população a investigação necessária para descobrirmos as razões para o desaparecimento de tantas pessoas no Estado de São Paulo. Ouviremos autoridades competentes, ONGs que atuam nessa área e também o Judiciário, contaremos com a contribuição do Ministério Público e, ao final, elaboraremos um relatório com sugestões, com indicações de medidas não só para o governo estadual, mas também para o federal, naquilo que é pertinente e é o foco da CPI.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, nobre companheiro Aguimarães, admiro muito o seu trabalho e é uma satisfação enorme tê-lo como amigo e companheiro trabalhando para o povo do Estado de São Paulo.

Sr. Presidente, estamos vivendo momento de muitas criticas, de reclamações a respeito da performance da Assembleia Legislativa nesse período pós recesso, do dia 1º de janeiro a 15 de março. Percebemos a inércia da Casa. Há pouca discussão, pouco debate e poucos projetos aprovados. As comissões praticamente não funcionam; raramente uma comissão tem quorum para ter reunião. Tudo isso por um erro político quando da elaboração da constituição de 88 em que não foi mudada a data da posse dos deputados. Este é o único estado no Brasil que manteve a posse dos deputados eleitos no dia 15 de março. Não se aprofundou naquilo que acontece nos dias de hoje, em que o governo do estado se elege em outubro junto com os deputados, assume no dia 1º de janeiro e a Assembleia fica mais dois meses e meio com deputados chamados da antiga legislatura. E fica essa situação de baixo quorum, pouca participação, ou seja, a Casa praticamente parada.

A bancada do PT defende e já encaminhos a ideia de resolvermos esse problema de uma vez por todas. Acredito haver concordância de todas as bancadas, de todos os líderes partidários e dos deputados. Precisamos mudar isso. Não nesta legislatura, mas temos que pensar na próxima, na de 2014-2018. Por isso precisamos nos movimentar objetivando uma emenda constitucional para mudar essa situação. Caso contrário vamos sofrer críticas, nós mesmos vamos fazer críticas, porque a Casa não funciona, e ficamos perdendo dois meses e meio com o Legislativo terminando mandato e o Executivo em funcionamento.

Chamo atenção e digo para o telespectador que muitas vezes não entende a crítica no plenário que esse é o grande problema porque foi mantida a data de antes da Constituição de 88. Todos os estados se adaptaram, os constituintes fizeram uma bela constituição, mas não perceberam esse detalhe.

Outra coisa que quero tratar aqui - e é uma crítica ao governo do estado- é que a cada dia percebemos um congelamento do Orçamento tirando verbas, parando investimentos. Uns por falcatruas, escândalos, como é o caso da Linha - 5 do Metrô da zona sul. Outras por falta de vontade política, como é o caso da tão sonhada duplicação da Rodovia dos Tamoios que liga o litoral norte, que está parada ou a passos de tartaruga devido a contingenciamento de orçamento. Não sei por que tem que cortar orçamento no início do ano, já que é um período em que o governo nos meses de janeiro, fevereiro e março o valor total do IPVA, um montante enorme que entra nos cofres públicos. Denunciamos aqui - eu faço parte da Comissão de Finanças e Orçamento - que haveria no ano passado um excesso de arrecadação. Recebi os relatórios do último quadrimestre, encerrando o ano passado, e como já denunciávamos, o Estado de São Paulo teve mais de 14 bilhões de excesso de arrecadação. Então não dá para entender por que esse corte no início do ano, com entrada normal de ICMS, com aporte do IPVA nos primeiros três meses, principalmente.

Parece-me até que é para preparar a política equivocada contra o funcionalismo público do Estado de São Paulo - aprovamos a data-base para reajuste de salários em 1º de março - para vender a ideia de que não tem dinheiro para dar um reajuste salarial. Está chegando 1º de março e a notícia é que tem de cortar o orçamento, congelar, numa perspectiva de que vai cair a arrecadação e faltar dinheiro no final do ano. Estou na Assembleia Legislativa e sei que nos últimos 12 anos o governo tucano do Estado de São Paulo sempre subestimou a receita em torno de 7-8% ao ano, o que significou no ano passado em torno de 14 bilhões arrecadados a mais do que o previsto.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - PELO ART. 82 - Caro Deputado Antonio Aguimarães, que preside nossos trabalhos, telespectador que nos assiste pela TV Assembleia, nobres pares, quero dar sequencia à brilhante intervenção do meu colega de bancada, deputado Enio Tatto. Quando fala sobre o orçamento, S. Exa. faz com conhecimento de causa porque é o representante da nossa bancada na Comissão de Finanças e Orçamento e foi um dos idealizadores das audiências públicas no Estado de São Paulo que, lamentavelmente, o governo do PSDB não tem reconhecido como uma prática democrática de ouvir os prefeitos, vereadores e discutir o orçamento que, acima de tudo, possa representar os anseios dos 645 municípios do Estado de São Paulo.

O deputado Enio Tatto falava sobre o processo de contingenciamento de R$ 1,78 bilhão do orçamento do estado aprovado por esta Casa. É o mesmo governo do PSDB, o mesmo governo dos tucanos. Ontem, deputado Enio Tatto, falei sobre o corte de 46 milhões do orçamento previstos esse ano para a Linha 10-Turquesa, que atende a região do ABC. Inclusive hoje o jornal “Diário do Grande ABC”, no caderno Sete Cidades destaca uma matéria sob o título “Alckmin corta verba dos três da região”, cujo teor é o seguinte:

Alckmin corta verba dos trens da região

Renan Fonseca Do Diário do Grande ABC

A tesoura passada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) no Orçamento do Estado para 2011, peça deixada pelo seu antecessor, o também tucano José Serra, vai prejudicar diretamente cerca de 300 mil usuários da Linha 10 da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), que atende ao Grande ABC. Dos R$ 230 milhões previstos para modernização da linha, R$ 46 milhões foram retirados pelo corte determinado pelo governador. Antes, a tesourada já tinha paralisado a construção da alça de acesso do Rodoanel em Mauá.

Aliás, um dos maiores cortes atinge exatamente a Secretaria que tem a missão de encontrar soluções para um dos principais problemas da Grande São Paulo, o transporte público. A Secretaria dos Transportes Metropolitanos ficou com menos R$ 830 milhões, maior corte determinado por Alckmin. Os dados foram colhidos do Sigeo (Sistema de Gerenciamento de Execução Orçamentária do Estado).

Geraldo Alckmin executou o contingenciamento de R$ 1,78 bilhão do Orçamento previsto para este ano em todo o Estado. O Sigeo não detalha todos os projetos e especifica apenas a peça orçamentária. Na área da Habitação, por exemplo, em que mais de 15% dos investimentos foram congelados, dos R$ 72 milhões que serviriam para construir novas moradias, R$ 13,8 milhões foram para a gaveta.

Em pleno verão e período de tempestades, a atitude do Estado fez com que 5,6% do dinheiro da Casa Militar, que comanda a Defesa Civil Estadual, fossem para a geladeira. Isso significa que dos R$ 210,6 milhões que a Casa poderia gastar, R$ 11,7 milhões passaram pela tesoura de Geraldo Alckmin.

A Secretaria dos Transportes Metropolitanos, a mais prejudicada pela redução dos investimentos, declarou em nota que o contingenciamento do Orçamento estadual é "medida normal relativa à questão orçamentária que visa garantir o equilíbrio financeiro das contas do Estado."

Prejuízos

Mas, para o deputado estadual Donisete Braga (PT), o montante orçamentário pode demorar para sair da era do gelo. Segundo o petista, Mauá pode ser a cidade mais prejudicada com o congelamento. "Foi a cidade que mais sofreu com as chuvas, necessitando de investimentos em habitação e transporte", disse. "As estações de trem de Santo André, Mauá e Rio Grande da Serra estão precárias, e o governo faz esse grande corte na Secretaria de Transportes Metropolitanos", ressaltou.

Sua colega petista Ana do Carmo (PT) concorda com o argumento. "Só espero que Mauá, como outros municípios, não sofra com esse corte financeiro", declarou. "O que devemos fazer é cobrar o Estado para que esse dinheiro não fique parado."

Segundo o professor de Direito Financeiro e Tributário da USCS (Universidade de São Caetano), Arlindo Felipe da Cunha, o governador pode usar o dinheiro congelado somente até o fim deste ano. "Mas, para o próximo ano, é necessário autorização do Legislativo, por meio de projeto encaminhado pelo governo", explicou.

Deputados da base garantem continuidade em investimentos

O deputado estadual Orlando Morando (PSDB) se diz confiante na medida tomada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e garante que nenhum projeto para o Grande ABC será prejudicado.

Ele explica que o contingenciamento foi uma medida tomada para rever os contratos do governo para as Pastas estaduais. "Mas se a economia continuar estável, esse dinheiro volta para os investimentos imediatamente. O governador Geraldo Alckmin não está fazendo como a atual presidente (Dilma Rousseff) do País, que cortou de uma vez mais de R$ 50 bilhões", garantiu o deputado.

A também deputada estadual pelo PMDB Vanessa Damo confia na medida do gestor estadual. Para ela, um sinal da boa vontade do governador é a retomada das obras complementares do Rodoanel em Mauá. "Conversei com o secretário de Transportes Metropolitanos (Jurandir Fernandes), em janeiro, e ele garantiu que os projetos para transporte no Grande ABC estão sendo estudados com prioridade", falou. "Se percebermos que o congelamento dos investimentos vai prejudicar a região, serei a primeira a cobrar o governo", prometeu a deputada.

Veja os cortes de Geraldo Alckmin

Valores Contingenciados por Órgão                 Orçado Contingenciado  Percentual

Secretaria dos Transportes Metropolitanos   8.488.894.937      830.156.571    9,78%

Secretaria dos Transportes                              4.428.620.602   304.131.237    6,87%

Secretaria da Habitação                                  1.315.104.631   199.912.648  15,20%

Secretaria de Economia e Planejamento             798.777.296    78.141.868      9,78%

Secretaria de Gestão Pública                           1.660.976.384   72.421.489      4,36%

Secretaria da Fazenda                                   20.170.994.467   72.415.073      0,36%

Secretaria de Desenvolvimento                      1.681.390.555     30.271.682      1,80%

Secretaria de Cultura                                       1.000.131.947   28.512.902      2,85%

Secretaria de Agricultura e Abastecimento   1.049.260.729       24.026.110      2,29%

Secretaria do Meio Ambiente-SMA                  843.440.793   22.568.190      2,68%

Sec. Do Emprego e Relações do Trabalho         267.540.995    19.610.099      7,33%

Administração Geral do Estado        43.449.320.730   17.858.567      0,04%

Sec. da Justiça e da Defesa da Cidadania      1.187.366.472     16.314.946      1,37%

Secretaria de Saneamento e Energia                1.172.878.165   14.649.165      1,25%

Secretaria de Comunicação                                147.733.042   13.688.186      9,27%

Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo  179.583.567    12.984.472      7,23%

Casa Civil                                                         210.620.936    11.795.4144    5,60%

Sec. Est. Diretos Pessoa Com Deficiência            49.280.933    6.142.516      12,46%

Procuradoria Geral do Estado                       1.130.367.697     5.750.954        0,51%

Sec. Est. De Assistência e Desenv. Social       480.348.265      2.271.358        0,47%

Secretaria de Relações Institucionais                   27.784.654    1.299.487        4,68%

Esse é um tema importante, que temos discutido na nossa região, porque partindo da estação da Luz até o município de Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Santo André, São Caetano, Mauá, até mesmo São Bernardo e Diadema, que se utilizam da CPTM, são 300 mil usuários/dia. Há décadas estamos cobrando por parte do governo do Estado de São Paulo uma política afirmativa que possa investir na CPTM para nossa região.

Fico muito triste. Não foi eleito um governo da oposição. Continua o governo dos tucanos, Serra, Alckmin. Não dá para entender por que estamos recebendo essas notícias de corte de 46 milhões no orçamento.

Tanto o Deputado Orlando Morando quanto a deputada Vanessa Damo fazem um esforço redobrado para defender esse corte do orçamento porque fazem parte da base aliada. Mas não posso deixar de fazer esse registro porque sei do trabalho de V.Exa., nobre deputado Enio Tatto, com relação ao metrô na zona sul.

Estamos na mesma luta. Mais uma vez queremos cobrar do governo tucano do PSDB uma política que, acima de tudo, faça valer a riqueza que o Estado de São Paulo representa.

Como bem falou o Deputado Enio Tatto, tivemos um excesso de arrecadação. Ou seja, o governo do estado tem dinheiro. É o mesmo governo que aí está.

Portanto, quero reiterar essa questão com relação ao corte dos 46 milhões e cobrar do Secretário de Transportes uma política sobre essa questão tão dramática para nossa região.

Ontem mesmo também dizia sobre a questão da paralisação das obras do trecho sul do Rodoanel. Digo isso com conhecimento de causa porque na minha cidade tinha quase 350 trabalhadores no ano passado. Durante a campanha eleitoral tinha-se pressa e uma necessidade urgente de se inaugurar o cartão de apresentação do Serra para a campanha eleitoral. Passou o processo eleitoral, e hoje está às moscas. Não tem ninguém trabalhando. Criou-se um transtorno para nossa cidade, que hoje sofre com o trânsito pesado na região do ABC, Mauá e Santo André. E, mais uma vez, queremos aqui cobrar do secretário dos Transportes e da Dersa uma posição firme com relação à retomada das obras do trecho sul do Rodoanel.

Ontem disse que havia participado, na parte da manhã, no consórcio, de uma importante reunião que foi convocada pelos empresários, muito preocupados com a retomada das obras do trecho sul do Rodoanel.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre os lideres, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - AGUIMARÃES DE CALDAS - PT - Havendo acordo entre os lideres, antes de dar por levantados os trabalhos, esta Presidência convoca V.Exas. para a sessão ordinária de amanha, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da sessão ordinária de hoje.

Está levantada a presente sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 16 horas e 58 minutos.

 

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