11 DE MAIO DE 2009

017ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AO “DIA ESTADUAL DO COMBATE AO CÂNCER DE MAMA”

 

Presidente: ANALICE FERNANDES

 

 

RESUMO

001 - ANALICE FERNANDES

Assume a Presidência e abre a sessão. Comunica que esta sessão solene fora convocada pelo Presidente efetivo, por solicitação da Deputada Analice Fernandes, ora à Presidência, com a finalidade de comemorar o Dia Estadual do Combate ao Câncer de Mama. Convida o público presente a ouvir, de pé, a execução do Hino Nacional Brasileiro. Enaltece a relevância deste evento, que tem o objetivo de colocar em pauta a atenção à saúde, em especial, sobre a importância do diagnóstico precoce para a prevenção do câncer de mama.

 

002 - JOSÉ ROBERTO FILASSI

Médico ginecologista e mastologista, explica todo o processo que envolve a prevenção, o diagnóstico e o tratamento do câncer de mama. Expõe dados estatísticos sobre a doença no mundo todo e nas regiões brasileiras. Fala da importância do diagnóstico precoce, pois 95% dos casos de câncer de mama são curáveis, se tratados no início.

 

003 - EDMUR PASTORELLO

Presidente da Fundação Oncocentro do Estado de São Paulo, representa neste ato o Secretário de Estado da Saúde, Dr. Luiz Roberto Barradas Barata, relata as ações do Governo do Estado para o tratamento do câncer de mama. Entre as medidas adotadas, destaca os mutirões para realização de exames de mamografia, duas vezes ao ano. Enaltece o trabalho realizado pelo voluntariado que, em conjunto com a tecnologia e o conhecimento científico, é fator fundamental para conter o avanço da doença.

 

004 - Presidente ANALICE FERNANDES

Anuncia número musical.

 

005 - MARIA DO CARMO CECCHIA FERNANDES PEREIRA

Presidente da Unaccam, União e apoio ao Combate ao Câncer de Mama, agradece às mulheres que se preocupam com a saúde e procuram prevenção. Cobra aplicação de lei estadual que garante a todas as mulheres o direito a exames para diagnóstico do câncer de mama. Faz entrega de certificados para alunas do curso de voluntariado.

 

006 - PÉROLA MARIA FONSECA CARDOSO

Vereadora da Câmara Municipal de Jales, relata sua experiência, em tratamento realizado no Hospital Pio XII de Barretos. Diz que foi bem sucedida, pela confirmação do diagnóstico benigno, mas que a experiência despertou-a para a importância do trabalho do voluntariado e levou-a a fundar a Associação de Voluntários de Combate ao Câncer de Jales.

 

007 - CÂNDIDA DE JESUS SILVA NOGUEIRA

Vereadora de Fernandópolis, relata sua experiência pessoal com a doença, e seu tratamento de transplante de medula óssea. Apela aos Deputados desta Casa, para a necessidade da AVCC de Fernandópolis concretizar o convênio com o SUS, e assim ampliar do atendimento das mulheres da região.

 

008 - GILZE MARIA COSTA FRANCISCO

Presidente do Instituto Neo-Mama de Prevenção e Combate ao Câncer de Mama, fala da importância da responsabilidade social no trabalho de prevenção ao câncer de mama. Destaca o lançamento do programa "Pacto pela Vida", que envolve aplicação de políticas públicas voltadas à minimização da doença. Faz entrega de placas comemorativas.

 

009 - CARLOS ELIAS FRISTACHI

Médico-chefe do Serviço de Oncologia e Mastologia e Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto do Câncer "Doutor Arnaldo Vieira de Carvalho", destaca a relevância da atividade do voluntariado. Afirma que já existe um trabalho eficiente para a realização dos exames de mamografia, mas persistem dificuldades para agilizar a realização das biópsias, que são necessárias para a conclusão do diagnóstico preciso.

 

010 - Presidente ANALICE FERNANDES

Anuncia número musical. Agradece a todos que colaboraram com o êxito desta solenidade. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência a Sra. Analice Fernandes.

 

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O SR. PRESIDENTE – ANALICE FERNANDES - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - A Presidência neste momento passa a anunciar as autoridades que comporão a Mesa que irá nos acompanhar na condução dos nossos trabalhos: Dr. Edmur Pastorello, presidente da Fundação Oncocentro do Estado de São Paulo, representando o Secretário de Estado da Saúde, Sr. Luiz Roberto Barradas Barata; Dr. Carlos Elias Fristachi, Chefe do Serviço de Oncologia e Mastologia e Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho; Dr. José Roberto Filassi, ginecologista e mastologista; Sra. Maria do Carmo Cecchia Fernandes Pereira, presidente da Unaccam - União e Apoio no Combate ao Câncer de Mama.

Senhoras Deputadas e Senhores Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Barros Munhoz, atendendo solicitação desta Deputada, com a finalidade de comemorar o Dia Estadual de Combate ao Câncer de Mama.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela camerata da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro Ismael Alves de Oliveira.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Esta Presidência agradece à camerata da Polícia Militar do Estado de São Paulo na pessoa do maestro 2º Tenente PM Músico Ismael Alves de Oliveira.

Quero anunciar e agradecer a presença das seguintes pessoas: Fátima Filassi, psicanalista, voluntária de organizações não-governamentais de combate ao câncer de mama, atualmente na organização americana Susan G. Komen; Sra. Gilze Maria da Costa Francisco, presidente do Instituto Neo Mama do Combate ao Câncer de Mama; Maria Eugênia Fiorini, voluntária e vice-presidente da Unaccam; Antonio Fernandes Ventura, diretor-presidente da Unicred Metropolitana; Dr. Bruno Antonini, diretor administrativo da Unicred Metropolitana; Sra. Rejane Drumond, gerente de recursos humanos da Libra Terminais S.A.; Sra. Luciana Aparecida Astolpho, supervisora de recursos humanos da Libra Terminais São Paulo; Sr. Eduardo Wilson Ascêncio, gerente responsável pela unidade fabril do Moinho Paulista Ltda.; Sidney dos Reis, representante comercial do Moinho Paulista Ltda.; Sônia Marques, gerente administrativa, representando o Dr. José Carlos Clemente, diretor clínico da Clínica de Radiologia Multimagem. São pessoas parceiras na região de Santos que colaboram muito no processo de combate ao câncer de mama. É com grata satisfação que anuncio a presença da Sra. Cândida de Jesus Silva Nogueira, a Candinha, vereadora da Cidade de Fernandópolis. Muito obrigada, querida Candinha, por você estar presente nesta Sessão Solene. Você que foi a idealizadora da AVCC de Fernandópolis, fundada em 1998 e que está expandindo para toda a região. Também quero anunciar a presença da Sra. Pérola Maria Fonseca Cardoso, vereadora da cidade de Jales, uma brilhante colaboradora. Durante alguns anos, a Pérola foi assessora do nosso conhecido Dr. Henrique Prata, do Hospital do Câncer de Barretos. Ela também é idealizadora, membro da AVCC e voluntária no combate ao câncer de mama na Cidade de Jales. Pérola, é uma grata satisfação ter você aqui, que representa também a minha cidade. Sou a primeira deputada da Cidade de Jales nesta Casa.

Quero também anunciar a presença de alguns nobres vereadores: da Cidade de São Francisco, o presidente da Câmara, Vereador Maurício Honório de Carvalho e os vereadores Marlene Cardoso Novo e Nelson de Souza; da Cidade de Juquitiba, vereadora Ângela Maria Bressali; de Valentim Gentil, Marlene Marin, que também é membro da AVCC; de Caçapava, Reinalma Montalvão, que anualmente está conosco. E com muita satisfação, quero anunciar a presença da Sra. Rosângela Maria Alves de Souza Parini, primeira-dama da Cidade de Jales, uma mulher que batalha, que luta em prol daqueles que mais precisam da ajuda do poder público. Muito obrigada pela presença. Nós a chamamos carinhosamente de Ro.

Nesta semana, meus amigos e minhas amigas, comemoramos o Dia Estadual de Combate ao Câncer de Mama. E o objetivo deste dia é colocarmos o câncer de mana na pauta das discussões no nosso Estado. Como prevenir o câncer de mama, como detectá-lo precocemente e como tratá-lo.

Como deputada estadual, tenho promovido esta Sessão Solene há três anos com o intuito de levarmos através da TV Assembleia este tema para dentro das casas das pessoas em todo o nosso Estado.

A Assembleia Legislativa também disponibiliza um plenário para o curso de capacitação de voluntárias pela Unaccam. E você que nos assiste pela TV Assembleia está também convidado a participar.

Hoje, especialmente, teremos a entrega de certificados às voluntárias que fazem o curso de capacitação.

Quero parabenizar a Unaccam por este trabalho desenvolvido, ao Instituto Neo Mama, à AVCC de Jales e à AVCC de Fernandópolis, e a tantas outras instituições que lutam por esta nobre causa.

Quero também parabenizar todos os voluntários, aqueles que apesar de seus problemas, apesar das suas lutas diárias, reservam um espaço do seu dia-a-dia para levarem informação, solidariedade . e amor para os que enfrentam toda sorte de dificuldades durante o tratamento e combate ao câncer. Vocês voluntárias são especialistas em gerar ações positivas e carinho, especialmente em gerar esperança às pessoas. Por isso peço a todos vocês uma salva de palmas a todos os voluntários aqui presentes. (Palmas.)

Senhoras e senhores, durante a sessão solene realizada aqui nesta Casa no ano passado, nós comemorávamos a ação do Governador José Serra, que inaugurou no dia 6 de maio de 2008 o maior hospital da América Latina para tratamento oncológico. Uma ação digna de nota. São Paulo hoje é modelo de excelência para o Brasil. Desta forma, gostaria de me congratular com o Governador por essa importante ação.

Para que possamos vencer a batalha contra o câncer de mama é preciso trabalharmos em duas frentes: a primeira é viabilizarmos uma boa qualidade de vida às pacientes com câncer de mama, garantindo acesso aos exames e tratamentos, independente do nível social dessas mulheres; a segunda é aumentar a nossa rede de prevenção, levando informação e facilitando o acesso às unidades de saúde.

Nessas duas frentes o trabalho dos voluntários é valiosíssimo e pode fazer a diferença nessa batalha que já começamos a vencer.

Meus amigos e minhas amigas, o câncer de mama mata se não for detectado precocemente. E para falar sobre isso, temos a grata satisfação de convidar o ginecologista e mastologista, Dr. Filassi.

Dr. Filassi, use o tempo necessário para que todas as mulheres que nos assistem através da TV Assembleia possam acompanhar e enxergar de perto essa problemática que atinge não só o Estado de São Paulo, não só o nosso País, mas todo o nosso universo.

Temos que trabalhar incansavelmente e usar todas as armas necessárias para combatê-lo vigorosamente.

Com a palavra o Dr. Filassi. Vamos recebê-lo com uma salva de palmas. (Palmas.)

 

O SR. JOSÉ ROBERTO FILASSI - Bom-dia a todos. Quero agradecer a Deputada Analice Fernandes pela honra de estar aqui nesta Casa, num dia tão importante, falando do que fazemos no dia-a-dia.

O Instituto do Câncer foi inaugurado há um ano, como foi citado anteriormente. O meu Setor de Mastologia foi o primeiro a fazer a primeira cirurgia do Instituto do Câncer. Atualmente fazemos 14 cirurgias por semana. E a ideia é fazer 30 a 40 cirurgias de câncer de mama semanalmente.

Até o início de 2010, provavelmente, o instituto estará funcionando com toda a capacidade. Essa é a ideia do Governador José Serra.

Quero fazer um apanhado geral sobre o câncer de mama, abordando principalmente o que se tem de conhecimento na atualidade, o que se pratica hoje, as inovações que a todo momento surgem e quais são as perspectivas para a luta contra essa doença.

 O câncer de mama é a doença maligna mais comum entre as mulheres, exceto o câncer de pele. O câncer de pele é muito mais comum do que o câncer de mama, no entanto, com uma mortalidade extremamente baixa. O câncer de mama é a principal causa de morte no sexo feminino, por câncer.

No mundo ocorrem cerca de um milhão e duzentos mil novos casos por ano e quatrocentos mil óbitos a cada ano.

A distribuição da incidência do câncer de mama no mundo é a seguinte: a China é o país de menor incidência e os EUA o país de maior incidência. Nos países mais desenvolvidos o câncer ocorre mais comumente. No Brasil a incidência é relativamente baixa, no entanto, essa distribuição não é homogênea em todo o país. Ela é diferente de acordo com a região que estudamos.

Ocorrem 64,53 casos de câncer de pele a cada cem mil mulheres do Brasil. E o câncer de mama vem logo abaixo, com 51,66 casos, sendo que é muito mais mortal do que o câncer de pele.

A distribuição de casos no Brasil não é homogênea, como já disse. Existem regiões do Norte onde a incidência é extremamente baixa, como é o caso do Maranhão, que tem 9,54 casos. Por outro lado, a região de São Paulo se assemelha às maiores incidências do mundo, com 75,45 a cada cem mil mulheres.

Talvez essa diferença se deva ao tipo de vida, bem como aos hábitos da população, além do que em alguns lugares talvez o registro não seja muito bem feito como ocorre aqui no Estado de São Paulo e na Região Sudeste como um todo. Além disso, as pacientes dessas regiões mais para o norte do país têm a tendência de vir para o sul no sentido de procurar tratamento mais eficaz. Talvez seja essa a explicação de tanta diferença assim.

Nós, no Sudeste, temos o maior número de casos tanto por percentual, quanto pelo número global, porque temos o maior número de habitantes aqui. O Estado de São Paulo sozinho é responsável por 30 a 33% dos casos de câncer de todo o País.

Olhem o que aconteceu nos últimos 51 anos com relação às doenças: a taxa de mortalidade das doenças do coração: caiu de 586 para 245 - metade -; em doenças vasculares; o número de derrames cerebrais caiu de 180 para 57,5; a pneumonia e a influenza de 48 para 21,8 - talvez esse número mude um pouco com essa história da grupe mexicana-; e no câncer - esse é o câncer no global, não estou falando especificamente no câncer de mama - a mudança é praticamente nula. Chamou atenção porque a maior condição que temos de curar o câncer, ainda hoje, é o diagnóstico precoce.

Vejam, em 1990, quando se iniciaram os programas de mamografia no mundo, mostrou que tem uma tendência de queda de mortalidade. E aqui, comprovando isso, o diagnóstico precoce mostra que pegando a doença em estágios iniciais tem praticamente 100% de cura.

O que acontece é que quando se compara mama com o colo do útero, os programas de rastreamento de colo do útero iniciado na década de 50 e 60 fizeram com que a mortalidade devido ao câncer caísse rapidamente, e os programas de rastreamento de câncer de mama na década de 90 tiveram uma queda de mortalidade bastante discreta quando comparadas ao câncer do colo do útero. Por que? O câncer de mama é uma doença diferente do colo. O colo você consegue estudar diretamente as alterações por visualização direta. A mama não, o que ocorre, ocorre lá dentro; você só sabe se mostrar alguma coisa que tenhamos capacidade de diagnosticar.

O que ocorre no organismo para formação do câncer, que chamamos de carcinogenes, na mama tem múltiplas etapas. Na verdade isso é uma coisa que depende muito de uma coisa que se chama equilíbrio celular. Na proliferação celular nós temos genes que uns fazem com que a proliferação seja mais rápida, a multiplicação das células sejam mais rápidas, outros genes, a função deles é fazer com que essa proliferação diminua - há o equilíbrio desses genes. Isso é como uma linha de montagem. Os genes têm a função de vigiar essa linha de montagem. Ela vai mais rápida e eles ficam vigiando essa célula dependendo da necessidade que o organismo venha a solicitar. Por exemplo, se sai uma célula defeituosa nessa linha de montagem, o organismo ou conserta essa célula e a coloca para ir para frente e fazer a sua função, ou o organismo, se a célula não tem condições, a destrói. Essa é a função dos genes que inibem e os que estimulam. A célula, quando nasce, não sabe o que vai acontecer com ela. Há os genes que ficam na vigia, outros que servem para destruir as células, se houver necessidade, e se ela passar por isso então vai para a proliferação e fazer o tecido para o qual foi programada.

O câncer é isso: uma célula com defeito que passa pela linha de produção, e daí para frente ela se reproduz sem controle adequado pelo organismo. Na mama, essas alterações ocorrem. A mama é como se fosse uma couve-flor. Imaginem que o caule da couve-flor seja o mamilo, e vão existindo aquelas ramificações que vão se ramificando cada vez mais, até chegar a essa estrutura praticamente microscópica, que é a unidade ducto-lobular, onde o ducto mamário é o mais fininho, e aí vem o alvéolo. É aqui nessa região que ocorrem essas transformações celulares e que um dia podem originar o tumor de mama.

O que ocorre é isso: um tecido mamário normal sofre alterações genéticas. Quando falamos genética, é a alteração do gene da célula, não genético-hereditário. A célula vai sofrer alterações nos genes dela e ela aí consegue passar por aquela linha de montagem, formando então situações como uma proliferação exagerada, que em Medicina chamamos de hiperplasia, o exagero do tecido, e essa proliferação se transforma em carcinoma in sito. E o carcinoma in sito, quando rompe esse ducto e cai na circulação, é o que conhecemos como câncer invasivo. É esse que vai mexer com a sobrevida da paciente.

As células mamárias vêm das células-tronco mamárias, células-tronco adultas, que dá uma célula progenitora para formar o tecido mamário adequadamente. Se há a mutação, essa célula progenitora vai se transformar em uma célula cancerosa, e essa célula cancerosa vai dar início à carcinogênese mamária. Outra via é quando a própria célula já diretamente sofre a transformação e transforma-se numa célula carcinomatosa. Essa via é onde os cânceres são dificilmente tratados ainda nos dias de hoje, a via onde a célula-tronco tem o problema. É a chamada via rápida, e a outra é a via de baixo grau.

Então, deve-se saber que nem tudo o que ocorre na mama é câncer. Temos aquelas alterações denominadas fibrocísticas: as displasias mamárias, os nódulos benignos, o cisto mamário, que é muito comum e não tem nada a ver com câncer, os fibrodenomas, que são muito comuns, o fluxo papilar, saída de líquido pela papila, que também é muito comum, as inflamações das mamas, e por último temos que considerar o câncer.

O grande problema da mama, diferente do cólon, é que se houver uma transformação no que tem lá dentro temos que diferenciá-la de todas essas outras alterações possíveis.

O exame de mama deve ser feito em todas as consultas ginecológicas anuais, e de maneira adequada, que nem sempre é realizado. O exame da mama é aquele em que se inspeciona em primeiro lugar a mama adequadamente para ver se há alguma alteração de pele do contorno mamário, alguma alteração visível, alterações até de vasos, número de vasos. Movimentam-se os braços no sentido de ver se há alguma alteração. A apalpação deve ser feita em todas as regiões da mama, de maneira adequada e com rigor, não rigor de machucar, mas rigor médico. A apalpação da axila deve ser feita adequadamente no sentido de se diagnosticar gânglios. Às vezes o câncer de mama aparece primeiro como gânglio para depois descobrirmos o tumor mamário primário. O que se pode encontrar então nesses exames é isso: essas alterações, como retração mamária, normalmente relacionadas ao tumor, ou o abaulamento da mama, também relacionado ao tumor, ou à saída de secreções sanguinolentas pela mama.

Mas a ideia que se tem de prevenção e de cura do câncer de mama deve ser feita antes dos sintomas mamários. É a isso que se chama rastreamento; é o diagnóstico de uma doença ou de lesões precursoras da doença antes que ela realmente venha causar sintoma. O exame de rastreamento, a mamografia, é um exame desconfortável, é verdade, para a paciente, mas até hoje é o melhor exame que existe para se fazer um diagnóstico precoce de câncer de mama.

A função da mamografia é fazer um raio X da mama, e comparar uma com a outra. A direita tem que mostrar o que tem na esquerda. Coisas diferentes, como nódulos que têm aspecto benigno, muitas vezes não precisam passar por biópsia, ou nódulos irregulares. Às vezes há calcificações, até denominadas casca de ovo, que é um cisto que sofreu uma calcificação, extremamente despreocupante, e calcificações que realmente nos deixam preocupados. O problema da mamografia não é se é feita adequadamente e se no período certo; a sensibilidade seria de 100 por cento. Não é de 100 por cento. A sensibilidade na mamografia é próxima de 100% em mamas com muito tecido gorduroso. Não estou falando de mamas de mulheres obesas, mas de mamas onde houve a substituição do tecido mamário por gordura. Já em pacientes mais jovens a sensibilidade pode cair para 30 por cento. Isso significa que 70% dos casos não serão diagnosticados unicamente pela mamografia.

Então, é um exame que tem que ser realmente bem feito, dentro dos padrões, para que o médico e a paciente possam se sentir tranquilos. A mamografia digital está cada vez mais sendo utilizada e é a substituição da mamografia antiga, aquela por filme, chamada de convencional. É a mamografia com tecnologia digital, como se fosse a substituição da máquina fotográfica. Com uma imagem digital a condição de diagnóstico fica maior. Já se provou que essa tecnologia é melhor para pacientes mais jovens e pacientes que têm mamas mais densas.

Quando a mamografia não é um exame suficiente, pode ser complementada pela ultrassonografia, que diagnostica muito bem nódulos, mostra bem se os cistos têm líquido ou não, ou cistos suspeitos. E outro exame que tem sido cada vez mais solicitado pelos mastologistas é a ressonância magnética. Dizem que se a ressonância magnética tivesse surgido antes da mamografia, seria o exame de rastreamento. O problema é que a ressonância magnética é muito cara. Portanto, é feita apenas quando realmente precisamos tirar dúvidas. O rastreamento deve ser recomendado a partir dos 40 anos e de preferência anualmente.

Como se distribui pelo mundo o risco para câncer de mama? Nos Estados Unidos calcula-se que uma a cada 10 mulheres, e alguns mais pessimistas uma a cada sete mulheres, de 10 a 14%, terá câncer de mama até os 90 anos. Na Europa Ocidental, uma a cada nove, 11%, e segundo a nossa estatística do INCA, 5,5% terão. O que pode mudar o risco de câncer de mama nessas mulheres.

Temos fatores não modificáveis, que nós chamamos de intrínsecos, aqueles que independem da vontade do indivíduo; e fatores modificáveis, que dependem da vontade da mulher, onde o médico pode atuar e a paciente pode se precaver.

Os intrínsecos são: sexo - não há fator de risco mais importante para câncer de mama do que ser mulher. Esse é o fator de maior risco. O homem também tem câncer de mama, numa proporção de um para 150 mulheres.

Outro fator: a idade - quanto mais idade, maior o risco, porque naquela linha de montagem, os genes vão perdendo a capacidade. É como se o indivíduo funcionário fosse ficando velho e uma hora passe uma célula. Talvez por isso existam mais cânceres com o passar da idade.

A raça, a etnia, como chamamos. O perfil: como é o hormônio do corpo da paciente; a densidade mamária - mamas muito densas têm maior chance de ter câncer de mama, e esse é um dos fatores que estão sendo mais estudados na atualidade, no sentido de tirar da população geral, aquela que não tem história familiar, as mulheres que têm maior probabilidade de desenvolver a doença - é um dos pontos que serão abordados daqui para frente, no sentido da prevenção e diagnóstico precoce. Doenças mamárias benignas: algumas doenças aumentam o risco do câncer de mama. A predisposição genética e a irradiação - isso foi muito comprovado na época da bomba de Hiroshima e Nagasaki, onde as mulheres que estavam na idade reprodutiva desenvolveram muito mais câncer de mama do que as pacientes que estavam fora da idade reprodutiva; e pacientes que são irradiadas quando jovens para tratamento de tumores como Hodgkin, linfoma - existe uma irradiação do tórax, e elas têm uma chance de desenvolver o câncer de mama, até os 50 anos, de cerca de 40 a 60%, e portanto é extremamente alta a chance de desenvolvimento de um segundo câncer.

Onde podemos atuar, nos fatores modificáveis: o estilo de vida, o meio ambiente, a história reprodutiva - as gravidezes da paciente - e o uso de hormônios como medicamento.

No estilo de vida, a dieta não conseguiu até hoje comprovar realmente que ela possa diminuir o risco de câncer de mama. Mas, no bom senso, tem que ser real, porque uma boa dieta diminui a chance daquelas lesões dos cromossomos, da lesão daqueles genes que possam predispor ao câncer de mama. Exercícios sabidamente diminuem o risco, pela metabolização hormonal mais adequada. E a obesidade aumenta o risco principalmente na pós-menopausa, porque o nível de hormônio que a mulher tem no organismo circulante é maior.

O álcool aumenta o risco do câncer de mama, comprovadamente. E o tabagismo também.

A idade do primeiro parto: a mama é um órgão que só vai ficar maduro quando ela amamentar. Ela existe para isso. Então, uma gravidez de termo, em idades precoces, amadurece a mama precocemente. Por isso é que existe essa diferença: se você comparar uma mulher de menos de 20 anos, que teve uma gravidez de termo, com uma mulher de mais de 30 anos, a diferença de risco é de 33 por cento. Não é que ela tem 33% de chance de ter câncer de mama, não. Na comparação com aquela que engravidou mais cedo, ela tem um pouco mais de chance de desenvolver. Por isso aconselham-se gravidezes em períodos precoces, assim como se aconselha o aleitamento, que é também isso que falei: a maturidade do órgão da mama.

Pílula anticoncepcional: não se provou até hoje que tenha realmente um efeito de aumento de risco. Discute-se muito, e não é contraindicação, é até defendido pela Febrasgo, que a pílula anticoncepcional evita muitas vezes gravidezes de adolescentes, e o bem que ela faz é muito maior do que o possível risco de aumentar a incidência do câncer de mama.

A reposição hormonal na menopausa: hoje sabe-se que aumenta realmente um pouco o risco, mas se feito adequadamente esse aumento é muito menor. E reposição hormonal é manutenção de qualidade de vida. Para manter a qualidade de vida numa paciente na menopausa, usando hormônio, tudo bem que aumente um pouco o risco. É como se eu não quisesse ter risco nenhum, não sairia da minha casa, até com risco talvez de o prédio cair. Mas um pouco de risco temos sempre. Então, reposição hormonal feita adequadamente não tem contraindicação em pacientes que não tenham algum fator predisponente de câncer de mama.

Assim, a atividade física, gravidez a termo, idade precoce e amamentação são atualmente as melhores condições para a prevenção do câncer de mama.

E as inovações de perspectiva no rastreamento, tratamento e prevenção? São novos métodos que estão sendo desenvolvidos para o diagnóstico precoce de câncer de mama: a mamografia contrastada, onde se injeta o contraste e se dá o realce da lesão, ou a tomografia da mama: é como se fizesse uma mamografia com várias fatias da mama, no sentido de se achar o tumor que possa estar escondido.

Com a ressonância magnética - com o desenvolvimento de técnicas que são denominadas de espectroscopia, onde se procuram substâncias que tenham aumento em lesões malignas. Está sendo também desenvolvida. O próprio PET-CT e o PET tomógrafo estão sendo desenvolvidos mais especificamente para a mama. É um equipamento que foi criado nos Estados Unidos há cinco anos, e estamos experimentando e estudando no Hospital das Clínicas, no Instituto do Câncer, no sentido de ver se realmente, com a ideia de se fazer um Papanicolau da mama, pode-se diagnosticar antes até da fase da lesão aparecer na mamografia. Essa ideia vem desde o Papanicolau - tem 50 anos -, mas este é o primeiro equipamento que foi feito, computadorizado, e que independe da ação do homem no resultado dos exames. Estamos estudando. Com algumas amostras de células, consegue-se fazer, é um exame tranquilo, mas por enquanto não temos ainda os resultados para serem publicados.

As melhorias na cirurgia da mama - antes a mulher ia para a cirurgia da mama com a certeza de que ela sairia com uma sequela, com a mama horrível, com cicatrizes. O desenvolvimento da Oncoplástica. Hoje, no Instituto do Câncer em praticamente em todos os casos: entra o cirurgião-plástico, mesmo em cirurgias conservadoras, para ficar adequadamente a mama da paciente. Às vezes, havia pacientes que faziam a reconstrução mamária, e que diziam: “Doutor, a minha mama nova está mais bonita do que a mama do outro lado.” Realmente, acontece isso, e hoje até fazemos uma coisa chamada “simetrização”, ou seja, fazer que as mamas fiquem adequadamente do gosto da paciente. São técnicas de Oncoplástica, e o Brasil realmente é um dos países onde mais se desenvolve esse tipo de tratamento.

A radioterapia, que leva normalmente, em mama, seis semanas para ser aplicada, em casos iniciais e casos realmente estudados, essas seis semanas podem ser transformadas em sete a oito minutos, no próprio ato cirúrgico. É exatamente isso: uma eletroterapia é feita. Essa paciente saiu daqui, e ela não precisa mais fazer radioterapia; ela praticamente economizou seis semanas de tratamento da vida dela.

É um método que realmente tem sido aplicado; foi estudado em Milão e em vários lugares aqui no Brasil. Em São Paulo também tem-se estudado esse método. Nós vamos implantá-lo no Instituto do Câncer. São inovações que, se comprovadas realmente e que dão efeito, vão simplificar o tratamento do câncer de mama.

Os tratamentos futuros, a chamada terapia-alvo: em vez de dar uma quimioterapia que acaba com o organismo inteiro, são quimioterapias que vão no alvo. É acertar na célula, no que ela tem de errado, para segurar e fazer que essa célula seja atingida adequadamente.

Essas são as vias que estão sendo estudadas. Vejam que há muitas vias. Você segura uma e a outra vai; segura outra e uma nova vai. E então tem sido estudado como bloquear todos esses mecanismos.

O tratamento da célula-tronco - a quimioterapia, antes e após. Uma célula-tronco, quatro células-tronco. Ela destrói as filhas, mas não destrói a célula-tronco. É por isso que muitas vezes alguém se trata do câncer, o câncer some e, depois de três a quatro meses, aparece de uma maneira muito mais invasiva, muito mais letal. Estão sendo estudadas substâncias para se agredir e tratar a célula-tronco cancerosa.

Hoje nós conhecemos o câncer pela aparência dele. É como conhecer o indivíduo pela sua aparência. Daqui para frente, ele vai ser conhecido pelo perfil, pela sua identidade genética. É como se conhecer o indivíduo pelo DNA. Dois indivíduos semelhantes, dois gêmeos, podem ter comportamento diferente, mas o gene deles tem alguma coisa diferente que pode ser diagnosticada. Esse é o futuro.

Temos os medicamentos que estão sendo usados para a prevenção de câncer de mama em pacientes que não têm antecedentes familiares, que não têm um alto risco para câncer de mama.

Aqui as estatinas, os medicamentos para diminuir o colesterol - já existem estudos mostrando que elas diminuem o risco para câncer de mama. Retinóides são derivados da vitamina A - o uso de vitamina A também pode diminuir o risco.

Os anti-inflamatórios, tomados por longo período de tempo, aparentemente, diminuem o risco, assim como folatos, o ácido fólico, o mineral, porque ajuda a consertar o DNA. O hormônio da gravidez, dado fora da gravidez, no sentido de amadurecer a mama - é uma coisa experimental, que ainda não foi feita para seres humanos.

São estudos que dão esperança de que, no futuro, possamos prevenir de maneira mais eficaz. Temos também o diagnóstico genético. Se conseguirmos diagnosticar no gene do indivíduo maior probabilidade de ele ter determinada doença e conseguirmos consertar esse gene, ele não terá a doença. Esse é o futuro da Medicina, inclusive para o câncer de mama.

Concluindo, toda mulher deve cuidar da saúde mamária. A grande maioria das alterações que ocorre na mama é benigna, e não é câncer - para ninguém ficar assustado com qualquer alteração da mama. A prevenção deve começar em idade jovem, para impedir o início das alterações das células da mama, aquilo que falamos sobre estilo de vida. Outros pontos importantes são o exame de rastreamento - atualmente, a mamografia deve ser feita após os 40 anos -, e não ter medo de ir atrás, porque, ainda hoje, o diagnóstico precoce é a principal condição para a cura da doença. Obrigado.

 

A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Agradecemos ao Dr. José Roberto Filassi, que reservou um espaço na sua agenda preciosa - sabemos que ele é um médico bastante requisitado - para dar esta brilhante aula a todos nós.

Esta Presidência concede a palavra ao Sr. Edmur Pastorello, que representa o nosso Secretário de Saúde nesta oportunidade, Dr. Luiz Roberto Barradas, que vai nos transmitir o que o Estado de São Paulo está efetivamente fazendo, e o nosso Hospital Oncológico está desenvolvendo para o tratamento do câncer de mama no nosso Estado e no nosso País.

 

O SR. EDMUR PASTORELLO - Quero cumprimentar a nobre Deputada Analice Fernandes, em nome do Secretário de Estado da Saúde, demais autoridades presentes, senhoras e senhores, e dizer que é uma honra muito grande comparecer a esta Casa, neste Dia Nacional de Combate ao Câncer de Mama.

Depois da brilhante aula do Professor José Roberto Filassi, cabe a mim contar um pouco o que o Estado de São Paulo, a Secretaria da Saúde vem fazendo na questão do diagnóstico precoce do câncer de mama.

Dirijo a Fundação Oncocentro de São Paulo, ligada à Secretaria da Saúde, que existe desde 1974. Essa Fundação começou com o Professor Sampaio Góes, desenvolvendo programas de rastreamento do colo uterino, o Papanicolau. São Paulo tem uma tradição muito grande na prevenção do câncer do colo uterino, anterior a 1974, mas, de uma maneira sistematizada, começou pela Fundação Oncocentro.

Isso é contínuo. Papanicolau é, mais ou menos, como vacina, não pode deixar de fazer. Países do Primeiro Mundo, cuja incidência do câncer do colo uterino caiu muito, abandonaram a prática do exame de Papanicolau. Com a alta migração, começaram a ter de novo uma curva ascendente de incidência de câncer do colo uterino.

Como é um método muito barato, fácil e tranquilo, deve ser encarado, realmente, como uma vacina: tem de ser feito todo ano para evitar o câncer. Esta é uma das grandes funções da Fundação Oncocentro: preparar profissionais citotécnicos, monitorar os laboratórios privados contratados pelo Estado. São, mais ou menos, 135 que leem as lâminas, e a Fundação, juntamente com o Adolfo Lutz, faz a análise da qualidade desse material. O diagnóstico está tomando uma importância muito grande em termos da qualidade prestada pelos laboratórios. Esse monitoramento tem de ser feito muito mais em nível da qualidade do diagnóstico, e não tanto das instalações.

Este é um programa estruturado, que vem caminhando há 35 anos. Agora, iniciamos o diagnóstico precoce do câncer da mama, porque ele já ultrapassou em incidência o câncer do colo uterino. O câncer do colo uterino vem caindo e o câncer de mama vem subindo, como deixou bem claro o Dr. José Roberto para todos nós.

Quais as ações que a Secretaria da Saúde vem tomando para o diagnóstico precoce do câncer de mama? Como já foi dito, a questão da prevenção diz respeito à mudança do estilo de vida, mudança de hábitos, mudança do comportamento reprodutivo da mulher. São vários fatores que acabam sendo diluídos e têm um trabalho muito complexo e intensivo para se fazer no sentido da prevenção.

Já o diagnóstico precoce muda totalmente essa figura. A colocação do mamógrafo ocorreu na década de 60 para 70, com um professor francês de Estrasburgo, Charles Grass, que começou a modificar essa aparelhagem. Ela foi diminuindo, melhorando até que foi aplicada a técnica da mamografia no diagnóstico precoce do câncer da mama.

Toda a incorporação tecnológica, numa primeira instância, é cara. Depois, a própria tecnologia vai fazendo com que o equipamento melhore o seu preço para que possa ser incorporado. Eu lembro que as primeiras ressonâncias nucleares magnéticas eram coisa de maluco. Faziam uma gaiola de Fara, que ocupava quase o espaço deste plenário. Hoje, nem tanto assim.

Na verdade, a incorporação é gradativa - tanto a incorporação de novos farmos como de equipamentos. Ou seja, toda incorporação tecnológica, em primeiro lugar, tem de ser útil e dar resultado, porque o investimento - quer seja público ou privado - é grande. Assim, ela tem de comprovar o porquê de ter vindo, tem de ser usada na sua plena capacidade, para fazer uma relação muito boa do custo da incorporação com o resultado, a efetividade da prática desse processo.

A mamografia veio e, cada vez mais, incorporam-se novas tecnologias. Da mamografia convencional, do filme, passa-se à mamografia digital. Processo semelhante, por qual passaram os RX há 20 anos. A incorporação está sendo feita por RX digital e o mesmo ocorre com a mamografia digital. Isso é gradativo, depende de investimento, mas não invalida de maneira alguma a própria mamografia tradicional, em que se vê uma chapa.

Eu ainda tenho uma máquina fotográfica de filmes. Meus filhos já têm uma digital; meu netos, celular. Essas coisas vão avançando cada vez mais.

Para fazer um diagnóstico precoce de câncer de mama, temos de ter duas coisas: um mamógrafo e a mobilização populacional. Estão aqui as senhoras presentes, representando um pedaço desse voluntariado fantástico que temos no Estado de São Paulo. Temos realmente um orgulho muito grande de morarmos neste Estado. Nem todos são paulistas, mas aqui habitamos e trabalhamos com essa expressão fantástica de voluntariado. Se voltarmos no tempo, chegaremos até a Dona Carmen Prudente, com todo seu esforço para a construção do Hospital A. C. Camargo, para arregimentar o voluntariado, a rede feminina e para criar polos em todo o Estado de São Paulo.

O voluntariado é o maior aliado do serviço público. Na verdade, três pilares sustentam qualquer ação de saúde: a disponibilidade tecnológica, tanto de fármaco como de equipamento; o conhecimento científico - o Dr. José Roberto estava aqui hoje para falar sobre o avanço científico -; e o voluntariado. Sem o voluntariado, não conseguiremos jamais alcançar qualquer vitória de diagnóstico precoce, sobretudo dentro das patologias crônico-degenerativas, como é o caso da mama. Essa mobilização do voluntariado é de total importância na detecção precoce do câncer de mama.

Quando o Estado começou suas ações, teve de mobilizar a sociedade, teve de ter mamógrafos e recursos financeiros disponíveis. O dinheiro tem de ser repartido entre todos aqueles que precisam. Essa é a equidade do SUS: dar àquele que mais necessita.

Há um limite imposto pela própria sociedade. Estamos lutando na Câmara dos Deputados pela aprovação da Emenda Constitucional n° 29, que vincula as verbas da União para a Saúde de forma crescente em função do PIB. Os Estados estão pedindo o mínimo de 12%; o Estado de São Paulo investe mais do que 12% de seu Orçamento. Os municípios também têm de aplicar recursos.

Cada vez mais necessitamos de recursos e cada vez mais a população no Brasil como um todo envelhece. Estamos chegando a um número significante de população de pessoas idosas. É claro que teremos patologias próprias dessa faixa etária que não tínhamos antes porque se vivia menos. O consumo de recursos é muito grande, temos de ter essa disponibilidade.

Malgrado à questão financeira legal, que está parada no Congresso Nacional, o Governo do Estado vem há quatro anos investindo em mutirões de mamografia. São dois mutirões por ano: um em maio e outro em novembro. Maio, mês das mães, mês da mulher, é sempre um mês propício para isso. E, o outro, em novembro, devido ao Dia Nacional de Combate ao Câncer. Hoje é o Dia Estadual.

Como é feito esse mutirão? Primeiro, levantamos a disponibilidade de mamógrafos existentes no Estado. Depois, fazemos uma convocação pública de prestadores no Diário Oficial. Mesmo aqueles serviços que não são do SUS podem participar do mutirão. Por meio de um termo de adesão, recebem em pagamento o valor da mamografia SUS. Todos - prestadores conveniados ou não - recebem o valor SUS. Tivemos uma adesão muito grande, não esperávamos isso. Surgiram mamógrafos à disposição para que esse mutirão pudesse ser feito quatro anos atrás.

No primeiro mutirão, conseguimos realizar 56 mil mamografias. Esse número foi aumentando a cada novo mutirão. No último, em novembro do ano passado, tivemos 121 mil mulheres. Nesses quatro anos, oito mutirões, realizamos 730 mil mamografias, fora as 900 mil de rotina durante o ano. O Estado de São Paulo realizou, em 2008, cerca de 900 mamografias rotineiras. Isso é espetacular, porque o próprio mutirão desperta a necessidade para os meus colegas, médicos, e para as mulheres que elas têm de cuidar da sua mama, fazer sua mamografia.

Mudamos muito o programa. No primeiro, não marcávamos consulta, só chamávamos as mulheres, sempre com a colaboração do voluntariado. Depois, fomos aperfeiçoando. Hoje, a mulher vai para a mamografia com hora marcada, não fica na fila, simplesmente telefona e agenda sua consulta numa das clínicas publicadas nos jornais.

Esses dois mutirões anuais mudaram radicalmente a estrutura da mamografia realizada por rotina. A crítica que sempre recebemos é: “Ah, o mutirão é pontual, faz e acaba.” Não. Ele faz e acaba como mutirão, só que esse simples ato pontual promoveu uma mudança na sociedade, na classe médica, nos funcionários de atendimento, nas voluntárias e nas mulheres e está sendo de suma importância para o diagnóstico precoce do câncer de mama.

Claro que sempre temos um problema, e buscamos a parceria com o voluntariado. A mulher que já começou a fazer vai avante. Aquela que não quer fazer, que ainda é resistente, resiste. Temos de descobri-la, fazer com que ela perca essa resistência e vá fazer sua mamografia. É muito fácil. Por exemplo, para uma mulher fazer sua mamografia agora em maio, precisa ter um pedido médico. Sempre fazemos questão do pedido médico para que esse possa depois recebê-la com o resultado da mamografia. Se uma mamografia for suspeita, a mulher segue para um dos 75 hospitais credenciados em oncologia no Estado. O mais novo, o nosso Instituto do Câncer, foi inaugurado um ano atrás. Ela é instada pela clínica de mamografia a procurar um serviço especializado para a complementação diagnóstica nesses hospitais. Se der negativo, ela volta para o médico que pediu o exame.

Há uma área meio nebulosa comentada pelo Dr. José Roberto: dependendo da imagem, tem de fazer um ultrassom, uma complementação. Já introduzimos o ultrassom em novembro. Qualquer programa social tem de ser introduzido como papinha de criança. Depois que a criança deixa o peito, não vai comer uma feijoada. Vai devagarzinho, com papinha, suco de laranja lima para a criança se acostumar. É a mesma coisa. Não dá para fazer tudo de uma vez, não funciona. Você tem que fazer, ver qual é a resposta e avançar. Avançou? Teve resposta? Avance mais.

No começo, a mamografia era sem pedido médico e sem hora marcada. Aí, vimos que funcionou e começamos a fazer o pedido médico. Fizemos o pedido médico e funcionou. Aí, começamos a marcar hora. Funcionou. Aí, começamos a limitar a idade. Jovens foram descartadas, somente mulheres acima dos 40 anos de idade. Funcionou. Aí, introduzimos a ultrassonografia. Para determinados resultados da mamografia, faz-se a ultrassonografia, na própria clínica que se faz a mamografia. Funcionou.

Ou seja, vai-se incorporando gradativamente, porque estamos lidando com uma massa populacional, não é com uma pessoa que procura o serviço por ter sentido um nódulo. Essa vai sempre. O que queremos é pegar aquela que nunca vai fazer, aquela que é mãe, que cuida dos filhos, que é esposa, que cuida do marido, que é dona de casa e ainda trabalha fora, que cuida do emprego, e que não cuida dela. É essa pessoa que queremos pegar para fazer a mamografia, pelo menos no mutirão.

São essas as considerações que queria fazer, o esforço que o Governo do Estado faz. Esses recursos para a mamografia são oriundos do Tesouro do Estado, é o Estado que está financiando - a preço SUS, mas é o Tesouro do Estado. É um esforço muito grande que a Secretaria vem fazendo há quatro anos, e vamos dar continuidade, em maio, ao nono mutirão, que acontecerá no dia 30, um sábado. Se houver muita demanda, as clínicas poderão prorrogar a mamografia por mais dez dias. Depois, encerramos. Aí, tem que entrar de novo na rotina. As marcações de consulta, que começaram no dia 6 e vão até o dia 15, têm-se mostrado bastante produtivas.

Acho que é essa a principal ação da Secretaria da Saúde no tocante ao diagnóstico precoce do câncer de mama. São esses mutirões que estão mudando o panorama. São mutirões pontuais, mas têm uma ação absolutamente estrutural: do diagnóstico, já que muitos médicos não davam diagnóstico com padronização de resultados, e hoje o fazem; da marcação de consultas, que não faziam; de buscar as mulheres que nunca fizeram.

Isso vai mudando a mentalidade, vai mudando o modo de atenção, vai mudando como proceder. Isso não se faz do dia para a noite, demora um tempo, mas, graças a Deus, nesses anos, a Secretaria está tendo um sucesso muito grande nos mutirões de mamografia.

Era o que tinha para falar para as senhoras e para os senhores. Qualquer coisa, estou à disposição. Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - Analice Fernandes - PSDB - Obrigada, Dr. Edmur Pastorello, presidente da Fundação Oncocentro do Estado de São Paulo.

Você, que nos assiste pela TV Assembleia, não pode se esquecer de que o mutirão da mamografia será realizado em São Paulo, no próximo dia 30 de maio. Inscreva-se, por favor.

Ainda está se posicionando a cantora Valdirene, que nos brindará com uma canção. Enquanto isso, agradeço a presença de alguns convidados. Agradeço a presença de Gilmar Gimenes, que representa um grande amigo, uma pessoa que está engajada no combate ao câncer de mama, o Deputado Federal Júlio Semeghini. Gilmar, leve o nosso caloroso abraço ao Deputado Júlio Semeghini, que, além de colaborar com essa luta, tem efetivamente ajudado muito as cidades no entorno da microrregião de Fernandópolis.

Quero também agradecer a presença das enfermeiras Andréa Porto Cruz e Tânia Ortega, que representam o Conselho Regional de Enfermagem. Às duas aqui presentes, quero enfatizar que nesta semana comemoramos também a Semana da Enfermagem e, amanhã, o Dia do Enfermeiro. Levem o nosso abraço a todas as colegas e aos profissionais da Enfermagem do nosso Estado.

Agradeço também a presença do Laboratório Delboni e Lavoisier, na pessoa da enfermeira Simone Fragato, que é uma grande parceira na luta para que as pessoas menos favorecidas tenham acesso aos exames.

Da mesma forma, agradeço a presença da Cidade de São Lourenço, na pessoa do enfermeiro Joaquim Guilherme, do PSF, da auxiliar Silvana e da agente de Saúde Maria Teresa.

Agradeço também à autora do livro “Câncer - Direito e Cidadania”. Que se coloque em pé a Dra. Antonieta Barbosa, que é advogada e está bastante engajada. Muito obrigada, Dra. Antonieta, pela sua luta, pelo seu trabalho! Leve para o seu Estado essa salva de palmas do povo paulista, do povo paulistano, que luta para combatermos o câncer de mama. (Palmas.)

Quero também agradecer a presença do Dr. Johnni Hunter Nogueira, que representa o Secretário de Segurança Pública. Leve o nosso abraço ao Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

Agradeço também a presença de Vera Cohn, vice-Presidente da AMÉRICAmama, e de Vera Lúcia Rocha, psicóloga, que faz um brilhante trabalho na Região do Campo Limpo. Ela trabalha incansavelmente com as Assembleias de Deus da Cidade de São Paulo. É uma pessoa que conheço, cujo trabalho é realmente bastante valoroso.

Agora, com todos vocês, a cantora Valdirene, que está conosco todos os anos. Ela vai nos brindar com a canção “Sonhos”. Muito obrigada, Valdirene!

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Obrigada, Valdirene, por essa canção maravilhosa. Essa indagação fica com todos nós: como será o futuro do nosso país?

Gostaria que, em pé, déssemos uma salva de palmas para os dois médicos que terão de se retirar, por conta das suas agendas: o Dr. Filassi e o Dr. Edmur. Muito obrigada pela brilhante colaboração no nosso evento. (Palmas.)

Dando continuidade, passo a palavra para a Sr. Maria do Carmo Cecchia Fernandes Pereira, Presidente da Unaccam.

 

A SRA. MARIA DO CARMO CECCHIA FERNANDES PEREIRA - Gostaria de cumprimentar a nossa Presidente, Deputada Analice Fernandes, e agradecer pelo seu empenho, e também a todos os presentes. Neste dia especial, quando a sementinha plantada pela Unaccam aflora, já é um meio caminho andado para ela se tornar em voluntárias capacitadas no combate do câncer de mama no Estado de São Paulo.

A Unaccam é ainda muito jovem: só tem nove anos de existência. Mas já capacitou 50 municípios do Estado de São Paulo, de norte a sul. Com a nossa comunicação e mobilização social, conseguimos muitos resultados positivos. Sabemos hoje que os mutirões de mamografia são uma realidade no Estado de São Paulo.

A nossa luta tem sido coroada com êxito. Sabemos que hoje é uma realidade as mulheres se preocuparem com as mamas. Isso nos tranquiliza. Com a ajuda do Estado, cercaremos essa doença. O pedido da Unaccam é que se cumpra a Lei Estadual de São Paulo, de nº 10.459, de 20 de dezembro de 1999, de prevenção do câncer de mama, fazendo com que toda mulher tenha o seu direito garantido ao exame clínico das mamas. Vamos chegar lá. Muito obrigada a todos.

 

A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Parabéns, Maria do Carmo. É um alento para todos nós sabermos que podemos contar com pessoas maravilhosas e abnegadas, como Maria do Carmo. Peço para que você, minha querida, continue no plenário porque neste momento chegamos ao instante máximo dessa Sessão Solene: iremos coroar os esforços daquelas pessoas que vieram todas as segundas-feiras, para se capacitarem e se tornarem, lá na sua comunidade, um agente importante na luta e no combate ao câncer de mama.

Peço que receba o seu certificado Aldeise de Lima Moura; Marlene de Fátima Nani Ventura; Arceliene Leite de Almeida Kita; Ângela Maria do Vale; Suely Aparecida Macedo; Adriane Soraya da Silva; Jurema Marques de Araújo; Soila Bertoia da Silva; Olívia Francisca de Lima; Mariana Forgerini; Iriana Scarlatti Roque; Sara Regina Moreira Panzani; Fátima Erachi.

Todas essas mulheres estiveram, durante esse ano, se capacitando e recebendo mais informações. Aproveito essa oportunidade para também dizer a todos os nossos telespectadores da TV Assembleia que, se quiserem tornar-se voluntários, esse curso de capacitação está aberto e à disposição daqueles que quiserem realmente fazer diferença.

Uma salva de palmas a todas essas voluntárias. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega dos certificados.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Gostaria, dando continuidade à nossa Sessão Solene, de convidar uma mulher guerreira e batalhadora. Falei sobre ela no início desta sessão, que ela é da minha querida cidade de Jales: a Vereadora, recém eleita, Pérola Maria Fonseca Cardoso, que faz um trabalho precioso na nossa cidade.

 

A SRA. PÉROLA MARIA FONSECA CARDOSO – Exmo. Sr. Deputado Barros Munhoz, Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo; Exma. Sra. Deputada Analice Fernandes, que preside esta sessão especial, em nome da qual eu saúdo todos os demais parlamentares e autoridades presentes; senhoras e senhores, sou vereadora em Jales e viajei 600 quilômetros porque julguei relevante participar de uma sessão como essa, o Dia Estadual de Combate ao Câncer.

Nos últimos cinco anos, tenho vivido intensamente esta causa, que abracei por gratidão. Tive um problema e acabei me submetendo a exames no Hospital de Câncer de Barretos, conhecido como PIoXII. Eu não tinha nada, felizmente.

Mas, fiquei tão impressionada com o tratamento humanizado dispensado pelos profissionais de Barretos que, ao retornar para Jales, decidi que me tornaria uma voluntária em nossa região.

Assim pensei, assim o fiz. E passei a coordenar os eventos da Fundação Pio XII em nossa região. Fizemos campanhas de arrecadação muito bem sucedidas, mas o que nos proporcionou satisfação enorme foi a campanha de medula óssea. Batemos todos os recordes de participação e tivemos a satisfação de encontrar alguns participantes considerados compatíveis.

Em 2005, surgiu a Associação de Voluntários de Combate ao Câncer, a AVCC-região de Jales, do qual também faço parte. Um grupo de mulheres aguerridas foi à luta. Hoje, a instituição é considerada de utilidade pública em nível municipal e, desde 29 de abril deste ano, graças à querida Deputada Analice Femandes, ganhou também a condição de utilidade pública estadual. Hoje, além de visitas domiciliares, a equipe da AVCC instalou um centro de tratamento de linfedema.

Mas, a luta continuou e o melhor estaria por vir. Depois de tratativas entre a Prefeitura Municipal de Jales e a Unimed de Jales, aquela cooperativa médica cedeu em comodato, por 50 anos, um hospital em construção para a Fundação Municipal de Educação, Saúde e Comunicação Dr. Masaru Kitayama.

O objetivo inicial era a instalação de um Ambulatório Regional de Prevenção e Tratamento de Câncer. Até que um dia o prefeito Humberto Parini e o deputado federal Vadão Gomes decidiram mostrar aquele hospital, com 1 1 mil metros quadrados de área, ao sr. Henrique Prata, presidente da Fundação Pio Xii, mantenedora do Hospital de Barretos.

O Sr. Prata viu o prédio e foi amor à primeira vista. Resultado: o hospital foi transferido para a Fundação Pio XII, que já tomou posse do local, onde está instalando uma Unidade Avançada, para exames de prevenção e procedimentos de média e alta complexidade.

Trata-se de uma verdadeira revolução na região Noroeste Paulista! O objetivo é atender pacientes de 101 municípios, inclusive de estados vizinhos.

Querida deputada Analice; vou viajar outros 600 quilômetros para voltar para Jales, onde Vossa Excelência nasceu e foi criada e tanto ama e é amada, como demonstraram amplamente as suas votações, sendo sempre a mais votada.

Mas, saiba Deputada,voltarei sem sentir cansaço, renovada com o ótimo astral desta comemoração, que é uma injeção de ânimo a todos aqueles que estão envolvidos nesta causa. Muito obrigada a todos!

 

A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Muito obrigada, Pérola, pelas suas palavras. E precisamos mesmo da classe política engajada, envolvida, para que possamos garantir políticas públicas lá na ponta, em todas as cidades do nosso Estado nessa luta. Muito obrigada, querida vereadora. Tenho certeza de que, mulher forte como você, não vai sentir cansaço nenhum voltando mais 600 quilômetros para Jales. Leve, Rosângela, o nosso abraço ao Prefeito Humberto Parini, que também está engajado nessa luta. Tanto está, que foi agora proferida pela Vereadora Pérola todo o trabalho que a prefeitura, junto com Deputados, junto com o Governo do Estado de São Paulo, está fazendo naquela pequena cidade, mas que será uma referência para toda a nossa região. Com a palavra, neste momento, a Vereadora Candinha, que tem também um trabalho excepcional. Foi essa mulher que depois de vencer a batalha contra o câncer, fundou a AVCC da Cidade de Fernandópolis.

 

A SRA. CÂNDIDA DE JESUS SILVA NOGUEIRA - Bom-dia, nobre Deputada Analice Fernandes, em seu nome cumprimento todas as autoridades desta Casa. A Deputada nem imagina a emoção que tive quando recebi esse convite para poder estar aqui hoje. Foi muito emocionante. Estar aqui hoje é uma honra e uma graça divina. Muito obrigada. Deputada, quero cumprimentá-la pelo evento, que deve se realizar sempre pelo nosso Brasil afora.

Vou falar sobre a importância do diagnóstico precoce em se tratando de um câncer. Infelizmente, em 1994, eu recebi um diagnóstico de mieloma múltiplo, que me causou muita estranheza, porque é uma doença rara. Hoje, já não é mais tão rara. E o fato de ter descoberto essa doença, precoce, talvez seja o fato de estar aqui hoje - talvez seja uma chance de sobrevida. Fui transplantada de medula óssea. Infelizmente, em nossa cidade, ainda não temos um banco de medula - precisamos trabalhar nisso. Quando se recebe uma medula nova - no caso, fiz o autotransplante, em 1998 - é uma chance de sobrevida. E temos que lutar por isso.

Depois desse diagnóstico, Deputada Analice Fernandes, foi muito difícil ter uma vida normal, porque o diagnóstico do câncer nos assusta, nos amedronta e de certa forma, passamos a viver diferente, com certos cuidados que requer.

Depois de quatro anos de tratamento, eu comecei a me perguntar como viviam os outros pacientes da minha cidade. Como eram tratados os pacientes com câncer. Na verdade, quando não temos um problema, infelizmente, ignoramos e não tomamos conhecimento da causa. Essa pergunta que ficou batendo na minha consciência de como viviam os outros pacientes fez nascer então a AVCC. A nossa AVCC, de Fernandópolis, foi criada depois de uma palestra do Dr. Miguel, de Barretos. A AVCC de Fernandópolis não é ligada à AVCC de Barretos. É uma AVCC independente. Hoje, graças à atuação de pessoas que têm amor no coração, de pessoas que seguem os propósitos de Deus em suas vidas, de pessoas compromissadas com o bem-comum, graças a essas pessoas, se levantou um hospital que a senhora conhece em Fernandópolis. Lá funciona um hospital-dia, já com tratamento de quimioterapia - isso, devemos a Deus e àqueles que abraçam causas como essa.

Gostaria de deixar um pedido à Deputada Analice Fernandes e aos demais Deputados desta Casa - acho que já foi feito esse pedido, mas vale a pena reforçar: a nossa AVCC precisa de um credenciamento pelo SUS, para que mais pessoas possam ser atendidas. Graças a Deus, já é uma entidade que atende quase toda a região. Agora já tem Jales, com parceria de Barretos. E a nossa AVCC fez parceria com Barretos, juntamente com o nosso Prefeito Luiz Vilar e Júlio Semeghine, que esteve presente, e essa parceria veio a calhar. Mas precisamos de um credenciamento individual.

Quero agradecer novamente, Deputada Analice Fernandes, pela grande honra de poder participar de um encontro como esse.

Acredito em três coisas que foram muito importantes na minha vida. Acredito em Deus, pois Deus provê todas as coisas. Deus providencia todas as coisas, até mesmo um encontro como esse. Devemos acreditar no médico que está nos cuidando. É muito importante essa confiança. E uma coisa que aprendi com as queridas psicólogas: temos que confiar em nós mesmos também - eu posso, eu vou vencer, eu vou conseguir. Eu não estou curada. Estou em tratamento, inclusive estive internada na semana passada. E é aquela história - esperar com esperança. Acredito que tem que ser assim. Espero com esperança a qualquer momento uma medicação nova, porque mais importante do que a cura física, é a cura mental. Para que o câncer?

O câncer na minha vida serviu para que eu tivesse mais paciência, para que eu me aproximasse mais de Deus e para nascer uma AVCC em Fernandópolis.

Obrigada, Deputada. Obrigada, senhores. Que Deus abençoe a todos. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Muito obrigada, Candinha, pelas suas palavras de encorajamento, de fortalecimento para aquelas pessoas que estão nos ouvindo nesta manhã através da TV Assembleia.

Sabemos que essa palavra causa medo, temor, mas temos a obrigação, através do nosso trabalho, de plantar a semente da esperança.

Quero anunciar a presença do Prefeito da Cidade de Gastão Vidigal Carlos Neide Castilho. Muito obrigada pela presença.

Convido para fazer uso da palavra a presidente do Instituto Neo Mama de Prevenção e Combate ao Câncer de Mama Sra. Gilze Maria da Costa Francisco, que anualmente acompanha esta sessão. Ela irá nos falar da importância da responsabilidade social.

 

A SRA. GILZE MARIA DA COSTA FRANCISCO - Sra. Presidente, na sua pessoa cumprimento todos os parlamentares e políticos presentes; na pessoa do digníssimo médico à sua direita cumprimento todos os médicos presentes. Quero mandar um abraço especial a Reinalma, que está aqui, uma grande amiga, com quem inaugurei a Casa G, o grupo de Caçapava. Um abraço especial para a Dra. Maria Antonieta Barbosa, que tem um trabalho meritório e reconhecido nacionalmente, um trabalho que nunca deve ser esquecido dado à sua relevância. Ela não se curvou ao que lhe aconteceu e dentro da sua profissão fez muito mais do que já fazia.

Como presidente do Instituto Neo Mama, em que tenho o prazer de dirigir essa grande dádiva de Deus, gostaria de contar à Deputada, que é uma enfermeira como eu, que Fortaleza da Barra, em Santos, está iluminada de rosa desde o dia 9 e ficará até o dia 17 em função do Dia das Mães, em função do Dia Estadual de Prevenção e Combate ao Câncer de Mama e também para alertar as mulheres sobre o mutirão que acontecerá no dia 30.

Fortaleza da Barra é um monumento muito conhecido na Baixada Santista. Toda Santos consegue visualizá-la. Parte de São Vicente e Cubatão também. Quem desce a Serra pode ter a chance de conhecer esse monumento que vai ficar de rosinha. É o toque do Instituto Neo Mama alertando sobre o mutirão. Será, acima de tudo, um alerta para a vida. É sobre isso que quero falar com vocês.

Tudo o que dito até agora vocês não devem esquecer, por favor, mas estou aqui para falar sobre a vida, sobre possibilidades, sobre capacidade de vencer, sobre perseverança, generosidade. Estou aqui para falar para abraçar as negatividades e transformá-las em coisas úteis, principalmente em vida. Nós, mulheres - só por esse fato, como foi dito, somos o maior fator de risco, nós que vivemos o dia-a-dia com tanto estresse - somos capazes de vencer, somos capazes de coroar a nossa vida com conquistas fruto da nossa luta, somos capazes de vencer obstáculos grandes.

Para vocês que estão se formando hoje como voluntárias não esqueçam a importância do papel do voluntariado na vida daqueles que estarão próximos de vocês, seja em que estágio for da doença, seja em que época for do tratamento. Nunca desmereçam a importância da voluntária, do médico, da psicóloga, da enfermeira. Todos têm o seu papel e nenhum é substituível.

Acho muito importante a presença dessas empresas que todos os anos vêm aqui. Este ano eu acrescento a Moinho Paulista, que está com uma parceria importante com a gente. Essas empresas têm uma responsabilidade social muito grande. Elas fazem com que o Instituto Neo Mama, ano após ano, apesar das dificuldades que enfrenta, continue prestando um serviço de excelência, um serviço pioneiro, um serviço muito gratificante, um serviço que faz com que a gente levante da cama todos os dias com a certeza de que onde formos encontraremos mulheres que precisam da nossa ajuda, que precisam de muita coragem para chegar na porta da instituição e entrar para ser atendida. Para isso conto com um time muito grande de mulheres que me ajudam das mais diversas formas e de quem não posso abrir mão. Parte delas está aqui. Outras ficaram em Santos, não puderam vir porque o ônibus era pequeno, mas o importante é que elas estão aqui e vivas, vivas não só diante do câncer. Estão vivas para a vida, estão vivas para fazer com que a vida de outras mulheres tenham uma importância muito especial.

Então, para vocês que estão aqui, eu gostaria de contar assim como eu conto para a Deputada Analice Fernandes, que o Instituto Neo Mama elaborou um projeto inédito em nível de Brasil chamado “Pacto pela vida, prefeito amigo do peito”. É um projeto que vai fazer com que as cidades da região da Baixada Santista se manifestem através de políticas públicas de Saúde a curto, médio e longo prazo, visando reduzir minimizar o impacto do câncer de mama na região, que tem o maior número de câncer de mama no Estado, tanto em incidência como em mortalidade. Então, é dever, é principio, é obrigação do Instituto Neo Mama fazer com que este índice seja reduzido e para isso contaremos com ações contínuas, regulares e monitoradas, monitorando as responsabilidades assumidas pelos prefeitos, pelos secretários de Saúde, pelos vereadores.

Queremos, a partir de 2010, ter algum resultado positivo desta experiência inédita e passar para outras regiões, fazendo com que o câncer de mama seja minimizado em São Paulo. É uma necessidade. Infelizmente, a gente acorda para as coisas pela dor. Tenho certeza de que muita gente veio porque ouviu falar ou conheceu a história dessas pessoas.

Gostaria também de convidar a Deputada e minha colega de trabalho Analice Fernandes a assinar o ‘Pacto pela vida.’ Os deputados estaduais da região já estão sendo procurados e estão muito receptivos. Todos assinarão o pacto. Temos também dois deputados federais que serão procurados nos próximos dias. Espero que no ano que vem eu esteja aqui contando as novidades, não só falando da responsabilidade social, algo que ninguém tem obrigação de fazer. Mas muita gente acredita no trabalho sério de instituições que visam levar vida para a mulher, levar vida a todos aqueles que possam ser ajudados.

Por último, gostaria de parabenizar todas as mães, aliás, todas as mulheres. As mulheres são mais cuidadosas, atenciosas, são maternais. Todo mundo é um pouco mãe.

Mulheres, sintam-se parabenizadas.

À Deputada Analice Fernandes prestarei uma pequena homenagem, pequena mesmo.

A vocês, mulheres, parabéns por serem poderosas, por serem mulheres de ação, por não ficaram na letargia, por não se deixaram abater pelas contingências da vida. Que acreditaram, apesar de tudo o que estava lhes acontecendo, que tinha um Deus que estava segurando as pontas e fez com que todas vocês viessem hoje aqui, apesar de todas as vezes eu pedir que a gente lotasse este auditório. Acho muito importante esse congraçamento de instituições e espero contar com vocês no ano que vem, incluindo as recém-formadas no curso.

Quero perguntar se vocês sabem por que Deus pegou só uma costela do homem para fazer a mulher. Vocês sabem? Primeiro, porque ele podia viver sem a costela; segundo, porque se ele pegasse um pedacinho a mais nós seríamos impossíveis. Ninguém agüentaria com a gente. (Palmas.)

Gostaria de convidar para receber pela Clínica Mult Imagem, que nos ajuda com mamografias e tem o patrocínio do programa ‘Um toque pela vida’, o Sr. Luiz Carlos Pereira Pinho, representando o Dr. José Carlos Clemente, diretor clínico.

 

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- É feita a entrega da placa.

 

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A SRA. GILZE MARIA DA COSTA FRANCISCO - Solicito a presença do Dr. Antonio Fernandes Ventura, diretor-presidente, do Dr. Bruno Antonini, diretor-administrativo, representantes da Unicred Metropolitana.

 

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- É feita a entrega da placa.

 

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A SRA. GILZE MARIA DA COSTA FRANCISCO - Sra.Luciana Astolpho, supervisora de recursos humanos da Libra Terminais.

 

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- É feita a entrega da placa.

 

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A SRA.GILZE MARIA DA COSTA FRANCISCO - Mais palmas para ela que vai ser mamãe. (Palmas.)

O Moinho Paulista estaria representado pelo Sr. Eduardo Wilson Ascêncio, que teve um problema meio sério hoje de manhã e não pode comparecer. A placa será entregue posteriormente.

A todos vocês um excelente final de dia, uma excelente semana. Fiquem com Deus e espero nos encontrarmos novamente até mesmo antes do ano que vem. Tenham bastante fé porque com fé tudo é possível.

 

A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Obrigada, Gilse, por suas palavras, e parabéns pela iniciativa do ‘Pacto pela Vida’. Tenho certeza de que o prefeito de Gastão Vidigal, que está presente juntamente com sua esposa Nanci Silva de Castilho, gostou bastante da ideia. Obrigada, Primeira-Dama.

Convido para fazer uso da palavra o Dr. Carlos Elias Fristachi, que é mastologista e coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Câncer Dr. Arnaldo.

 

O SR. CARLOS FRISTACHI - Gostaria de agradecer a Exma. Deputada Analice Fernandes pelo convite e dizer que neste Dia Estadual de Combate ao Câncer de Mama esteve representado neste recinto o mais novo hospital de câncer da América Latina. O maior, como a senhora disse. Mas também o mais antigo hospital da América Latina, o qual represento, o Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho.É o mais antigo do Brasil e ainda hoje presta relevantes serviços à Cidade de São Paulo e ao Estado de São Paulo. E, graças ao apoio da Secretaria de Saúde do Estado conseguimos uma estereotaxia, um aparelho acoplado ao mamógrafo. É com muita satisfação que recebemos, para uma das etapas de capacitação, as voluntárias da Unaccam, Dona Maria do Carmo. Antigamente era a Tininha que trazia para nós. Vemos que essas moças que vão lá no Instituto para participar dessa etapa de capacitação são bastante interessadas.

Aqui estão representantes do Estado de São Paulo, de várias cidades pois a realidade do câncer de mama é um pouco diferente em cada região. Aqui em São Paulo, em algumas regiões estamos vivendo outra realidade. Como o Dr. Edmur falou, a mamografia já é uma realidade, há pouca espera, mas, quando se faz o diagnóstico ainda temos bastante dificuldade de encaminhar para a biópsia.

Na nossa região, em Jales, já foi dito, tem a questão do linfedema, e temos um pouco menos aqui. Mas queria ressaltar a importância das voluntárias da Unaccam e de outros voluntariados engajados no combate ao câncer de mama. A sensibilidade de mudança de atitude, que antes era em busca da possibilidade de se fazer a mamografia. Hoje temos a necessidade e a Dona Maria do Carmo já chamava a atenção e ajudava-nos no sentido de possibilitar a biópsia e, assim, o diagnóstico precoce, com chance de cura para essas pacientes.

Encerro, agradecendo a todos vocês, voluntárias e voluntários do combate ao câncer de mama, e a esta Casa, na pessoa da Exma. Deputada Analice Fernandes. Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Muito obrigada por suas palavras, Dr. Carlos.

Lembro a todos que este evento acontece anualmente um dia após o Dia das Mães. Para presentear todas as mães presentes convido mais uma vez a nossa cantora Valdirene para cantar a música chamada “Mãe”.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - A cantora Valdirene, por três anos consecutivos, acompanha-nos e ajuda-nos nessa luta. Mais uma vez agradeço pela presença a todas as autoridades, dos vereadores e vereadoras, primeiras-damas, voluntárias, entidades. Gostaria que todos vocês se colocassem em pé, porque, nesta manhã, acabam de conhecer uma nova pessoa querida, uma pessoa que vai se tornar, aonde for, uma voluntária. Quero que com muita coragem abracem bem forte quem está a seu lado. (Pausa.)

Damos por encerrada esta Sessão Solene em comemoração ao Dia Estadual de Combate ao Câncer de Mama.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 12 horas e 35 minutos.

 

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