01 DE MARÇO DE 1999

18ª SESSÃO ORDINÁRIA DO PERÍODO ADICIONAL DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA, DA 13ª LEGISLATURA

 

Presidência :   ALBERTO CALVO

Secretário :     WILSON TRISTÃO


 

O SR. PRESIDENTE –- ALBERTO CALVO – PSB  - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Wilson Tristão para,  como   2º Secretário “ad hoc”,  proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO – WILSON TRISTÃO  – PFL procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

O SR. PRESIDENTE – ALBERTO CALVO  - PSB - Convido o Sr. Deputado Wilson Tristão  para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO – WILSON TRISTÃO – PFL  procede à leitura da matéria do Expediente publicada separadamente da sessão.

 

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 Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Tem a palavra o nobre Deputado Erasmo Dias. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Walter Feldman. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Baccarin. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Pivatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vítor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edmir Chedid. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Nivaldo Santana. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jamil Murad.

 

O SR. JAMIL MURAD - PC DO B - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente e Srs. Deputados, este deputado e o deputado Denis Carvalho apesentaram um projeto de lei  nesta Assembléia Legislativa, que foi aprovada, criando o Crédito Educativo Estadual - Creduc. Na última semana, acompanhados de representantes da UNE e da União Estadual dos Estudantes, fomos ao gabinete do Secretário de Governo de Assuntos Estratégicos, Professor Angarita, solicitar regulamentação da lei aprovada, porque conseguimos aprovar para o Orçamento de 1999 uma verba de 5 milhões de reais para dar início ao crédito educativo no Estado de São Paulo.

Gostaria de parabenizar o jornal “Diário Popular” por uma reportagem de fundo intitulada “Crise expulsa 135 mil alunos das faculdades”. Estes alunos atingidos pelo desemprego ou por salários defasados e insuficientes têm ido à inadimplência. As conseqüências desta inadimplência são o abandono do estudo ou a expulsão do aluno de suas escolas. São 30% de inadimplentes, quando em 1994 eram apenas 12%. Em 1996 e 1997 foram 18% de inadimplentes e em 1998 já foram 30%.

Portanto, do começo  até o último ano do mandato do governo Fernando Henrique  o número de alunos inadimplentes triplicou. Sabemos, até por declaração de mantenedoras de universidades privadas, que sobram vagas nas universidades particulares, sobram cadeiras vazias e sobram, por outro lado, alunos nas ruas que  queriam adquirir mais conhecimento na sua nova profissão para poder viver melhor e poder dar a sua contribuição ao desenvolvimento de São Paulo e do Brasil.

Eles ficam na rua da amargura, desesperados e sem perspectivas. Não há perspectivas a curto prazo de uma ampliação das vagas das universidades públicas que este deputado tem defendido ao longo da sua vida pública. Então, continuamos a defender a ampliação das vagas das universidades públicas.

Já existe uma estrutura de vagas nas universidades privadas que os alunos precisam aproveitar e para isso eles estão sendo atingidos por uma política econômica violenta do governo federal que leva o povo ao desemprego, leva ao arrocho salarial e a economia do País a uma recessão. E, as conseqüências da recessão são o sofrimento e a dificuldade para pagar os estudos. Por isso o crédito educativo em São Paulo foi uma grande conquista para a juventude do nosso estado.

Gostaríamos de lembrar aqui o que disse um aluno : “ Esperei a minha vida toda para um curso universitário e agora vou ter de adiar o meu sonho”. Este é o sofrimento que atinge a juventude, atinge  aqueles que já fizeram a universidade e também aqueles que não fizeram, mas que desejam que a sua juventude tenha a  oportunidade de aumentar o seu conhecimento, a sua cultura e também  exercer uma nova profissão.

Neste sentido, solicitamos a urgência na regulamentação do Creduc - Crédito Educativo do estado de São Paulo - porque o ano letivo já começou. Existe dinheiro disponível aprovado pela Assembléia Legislativa de São Paulo, e agora é só regulamentar e liberar essa verba para diminuir a legião de sofredores que são expulsos das salas de aula por falta de poder aquisitivo para estudar.

Sr. Presidente e Srs. Deputados, passarei a ler os seguintes artigos :( ENTRA LEITURA )

 

O SR. PEDRO DALLARI - PSB - PARA UMA COMUNICAÇÃO  - Aproveito a oportunidade, Sr. Presidente, nobre Deputado Alberto Calvo, meu colega de bancada, para registrar a minha sua satisfação, bem como a de V.Exa. e do Partido Socialista Brasileiro, pela indicação da nossa correligionária de São Paulo, a nobre Deputada Luiza Erundina, ex- deputada nesta Casa, e agora deputada federal, para liderar a bancada do nosso partido na Câmara dos Deputados.

Ela foi escolhida líder da bancada do PSB em Brasília na Câmara dos Deputados, junto àquela Casa do Congresso Nacional, por unanimidade dos membros do PSB e que enche de alegria  a nós do Partido Socialista Brasileiro aqui de São Paulo, pelo fato de que este é um elemento a mais para mostrar o crescimento e o fortalecimento do PSB paulista no âmbito do Partido Socialista em todo o País.

Certamente a liderança que Luiza Erundina imprimirá à bancada federal do PSB é de fortalecimento ainda maior da bancada e do partido como um todo no estado de São Paulo e também no País. Era a manifestação que tinha a fazer, manifestando a nossa alegria por este evento. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB -  Está registrada esta ótima notícia de V.Exa. e  sem dúvida nenhuma toda a Assembléia Legislativa se regozija com tal fato uma vez que a nobre deputada e ex-prefeita Luiza Erundina é realmente um dos expoentes da política brasileira.

Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reynaldo de Barros Filho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Paulo Teixeira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dráusio Barreto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sidney Cinti. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Paulo Barbosa Filho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Junji Abe.(Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos  Sampaio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jayme Gimenez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Elói Pietá. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ubiratan Guimarães. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alberto Calvo. ( Na Presidência)  Tem a palavra o nobre Deputado Wilson Tristão.

 

O SR. WILSON TRISTÃO - PFL - SEM REVISÃO DO ORADOR -  Sr. Presidente e nobres deputados - Telefonica - Continuação do Reinado Português e Espanhol.

Nos anos de 1500, quando da chegada dos portugueses aqui na chamada descoberta do Brasil, eles trouxeram para cá a sua cultura  e o seu poder de tomar o que não lhe pertenciam e levá-los aos seus reis. Durante alguns séculos, eles levaram desse pedaço de mundo chamado  América do sul, onde se encontrava o Brasil, nossas riquezas representadas por ouro, pedras preciosas e nossa nobre madeira. Desbravaram os nossos sertões, matando e aniquilando os verdadeiros brasileiros que aqui viviam - os índios.  Tempos depois mudaram e veio para cá a família real que moraram, viveram muito bem e aproveitaram também das  nossas riquezas. Foram chamados de sanguessugas da nossa Pátria. Depois conseguimos finalmente a nossa liberdade e acabamos virando uma Nação.

No ano de 1998, privatizou-se ou entregou-se a TELESP, ficando a empresa de telefonia paulista, vendida aos empresários portugueses. Houve uma concorrência e venceu evidentemente aquele que apresentou a melhor proposta. Mas o que não sabíamos naquela ocasião, e nem imaginávamos, era que esses benditos portugueses estavam aqui de volta e através da TELESP e da Telefonica, mais uma vez vieram aqui simplesmente para explorar o nosso povo paulista, aqui através da sua Telefonica.

Explico que quando tomaram conta da rede telefônica, foi feita a pergunta : Melhoraram os serviços ? Haviam prometido isso ? Infelizmente não fizeram. Vieram  muito esfomeados, numa loucura de aumentar o faturamento de sua empresa. Saíram por aí, instalando milhares de novas linhas. Cada nova linha instalada é um novo faturamento para a Telefonica, usando esse tipo de serviço, como o progresso e o cumprimento das metas prometidas.

É claro que nós paulistas e brasileiros queremos que todos os paulistas tenham acesso às linhas telefônicas. Isso é essencial e necessário para que se possa viver com tranqüilidade porque todo mundo necessita  muito da comunicação.

Mas não adianta. Instalaram-se milhares de telefones. E o que fizeram ? Arruinaram o sistema. Hoje, o sistema está uma verdadeira porcaria. São milhares de telefones que não funcionam. São telefones que engolem fichas. São telefones que ficam mudos durante muito tempo.  Os usuários reclamam da Telesp e eles dão determinado prazo para que o conserto venha a acontecer e que a Telefônica está muito preocupada em fazer as instalações de suas novas linhas.

Pergunto: quem é que vai assumir os prejuízos dos serviços essenciais não prestados? Ninguém, porque o telefone fica desligado durante um determinado tempo, às vezes, até meses. Assim mesmo, vem a conta no final do mês para que a pessoa pague a assinatura.

Comunico  à Presidência e aos Srs. Deputados que estaremos apresentando um projeto de lei, já que as autoridades responsáveis não tomam conta dos serviços telefônicos, para regulamentar passando a responsabilidade da própria Telefonica quando os telefones não estejam funcionando. Se o telefone não funcionar o usuário não pagará a mensalidade dessa linha e que seja deduzido da sua conta mensalmente o telefones não usados. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB -  Tem a palavra o nobre Deputado Misael Margato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Djalma Bom. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Cecília Passarelli. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Simionato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Lune. Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Dallari. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Lucas Buzato.

 

O SR. LUCAS BUZATO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR  - Sr. Presidente, Srs. Deputados e demais colegas, assomamos novamente à tribuna para trazer aquilo que é de conhecimento de todos, e para comentar um pouco o brilhante segundo mandato do Sr. F.H.C., chamado pelo Élio Gaspari na “Folha de S. Paulo”  Sr. FFHH, o homem que cometeu um estelionato eleitoral em cima do povo brasileiro, dizendo que precisava de um segundo mandato porque com este segundo mandato realmente ele teria o tempo necessário para resolver os graves problemas que o Brasil já vinha sofrendo antes da explosão do dólar.

Logo após o  Carnaval, em um dos meus primeiros pronunciamentos nessa minha volta à Assembléia Legislativa, havia comentado que como trabalho no setor financeiro - trabalho no Banespa - comentava-se no mercado financeiro que, na realidade, a demissão do presidente do Banco Central, o Sr. Francisco Lopes, não ocorreu apenas pelo fato de que ele cometeu um equívoco no alargamento das bandas cambiais mas sim que havia ocorrido algo muito mais grave: houve vazamento de informações. Vários bancos estavam numa posição no mercado conhecida como “vendidos” ou seja, eles tinham papéis e deveriam honrar a entrega de dólares dali a algum tempo. Com o vazamento dessas informações eles conseguiram reverter essa posição.

Então,  baseei este meu pronunciamento obviamente  numa pequena notícia que saiu no jornal  “Gazeta Mercantil”. O jornal não citava os nomes dos bancos que haviam se beneficiado com esse vazamento de informações, mas fiz o registro da denúncia.

A informação que também acabei passando aqui é que na outra ponta o grande prejuízo foi assumido pelo nosso glorioso Banco do Brasil. A informação do mercado é que o Bando do Brasil - eles usam esse termo - havia “micado”, havia ficado com prejuízo de mais de 5 bilhões de reais.

O nosso valoroso deputado federal Aloísio Mercadante ocupou a tribuna da  Câmara Federal e trouxe essa denúncia com mais dados, com mais subsídios, inclusive dando nome aos bois, colocando quais foram os bancos que, supostamente, se beneficiaram dessa operação de vazamento, e dizendo que o prejuízo do Banco do Brasil beirou 8 bilhões de reais.

Em um jornal de ontem lemos uma coluna do jornalista Élio Gaspari intitulada “Mercandante dá os números - o Banco Central deve procurar os nomes”. Acho que sobre o Hélio Gaspari não paira nenhuma suspeita, porque ele é uma das pessoas mais bem informadas desse País. Na coluna de ontem ele tomou o cuidado de não citar o nome dos bancos, o Mercadante já colocou que é o Citibank, o Safra , existe uma série de bancos que estão na Gazeta Mercantil do dia 24 de fevereiro. Ele coloca uma tabelinha onde coloca o seguinte: que no dia 5  o Banco “A” havia vendido 16.4; o Banco “B”, 21.3 ; 0 Banco “C”, 6.2. No dia 7, 16.4; 17.1; 21.5. Curiosamente no dia 12, na véspera da mudança cambial, esses bancos que vinham vendendo dólares, eles compram: um comprou 57,9 milhões, o outro comprou 26.1 milhões e o outro comprou 59 milhões.

O Élio Gaspari procura demonstrar também que houve realmente vazamento, sendo que o Banco do Brasil acabou arcando com o prejuízo de mais de 5 bilhões de reais.

Quando se fala em Banco do Brasil, estamos falando em dinheiro do contribuinte.

Tivemos como contraponto esta informação, no jornal de ontem : “ Governo tira 2.04 bilhões da área social, quer dizer, o Governo fez um corte profundo, em todos os programas de ajuda da área social. Por exemplo: o apoio à criança carente teve um corte de 19.8%; o apoio ao deficiente, 22.3%  menos; o apoio à pessoa idosa vai receber  menos 22%; o adolescente, 73%  menos do que recebeu no ano passado. Só para termos uma idéia, recebeu 85 milhões, e este ano vai receber 22 milhões.

Por que o governo tucano, do Sr. Fernando Henrique Cardoso, essa mentira que existe ocupando o cargo de Presidente deste País, não vai atrás de quem vazou as informações, para saber quem é o responsável por esses bancos ganharem mais de cinco bilhões em cima do Banco do Brasil, em cima do contribuinte? Ele procura esconder isso. E para esconder isso, ele se articula junto à grande mídia. Temos a coluna do Élio Gaspari colocando isso, mas quase não se vê isso nos jornais. O Presidente FHC não tem nenhum escrúpulo de cortar verbas destinadas a ajudar os pobres, os oprimidos, aqueles que não têm nenhum tipo de condição, nenhuma rede de sustentação para enfrentar essa miséria, esse  desemprego, essa desagregação social pela qual estamos passando. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB -  Tem a palavra o nobre Deputado Afanasio Jazadji. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Tanaui. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Célia Leão. (Pausa.) Esgotada a lista dos oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à lista suplementar. Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi. (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Afanasio Jazadji. V. Exa. desiste da palavra. Tem a palavra o nobre Deputado Jamil Murad.

           

O SR. JAMIL MURAD - PC DO B - SEM REVISÃO DO ORADOR -   Sr. Presidente Srs. Deputados, venho à tribuna para protestar contra o corte de 360 milhões de reais do orçamento da saúde do Estado de São Paulo. Esta medida antipopular beira a irresponsabilidade e é um crime contra o nosso povo, porque neste momento enfrentamos uma epidemia de dengue e, segundo as palavras do Secretário da saúde, agora já existe a dengue hemorrágica, que pode ter desfecho fatal no Estado de São Paulo. Já foi constatado na cidade de Riolândia, no interior do Estado de São Paulo a existência da dengue hemorrágica. E aqui, Srs. Deputados, ou se aplica dinheiro para contratar pessoal, meios, campanhas, para eliminar a dengue, ou muitos e muitos paulistas vão pagar, com a vida, pela irresponsabilidade dos governantes.

Já em 9 de julho de 98, havíamos protestado contra o corte de  verba da SUCEN - Superintendência de Controle de Endemias - e não fomos ouvidos. O que   aconteceu? A doença aumentou e agora está mais grave. As doenças não acabam de maneira espontânea. Elas só acabam através de conhecimentos científicos e responsabilidade dos governantes  para aplicarem os meios necessários para liquidá-las. De maneira espontânea, elas não acabam, pelo contrário, elas se alastram e vitimam mais pessoas . Existe sarampo, meningite, leptospirose, aumento da tuberculose;  três mil pessoas por ano adoecem de hanseníase, que é a doença da pobreza. Ao mesmo tempo, há o sucateamento dos centros de saúde, o Governo privatizou  nove hospitais recém concluídos, paralisou as obras dos outros hospitais este ano para se adaptar às diretrizes do Governo Central.

Hospitais  universitários vão  se privatizando ao atender convênios e particulares, expulsando aqueles que não podem pagar. Dentro dessa política nacional de cortes nos gastos sociais, queremos dizer que, no Estado de São Paulo não podemos seguir essa política. Aqui, o que adiantou acompanhar essa política? A dívida do Estado era 41 bilhões em dezembro de 94, e agora  em dezembro de 98 era 61 bilhões, de acordo com as palavras do Secretário da Fazenda.

Pagamos religiosamente 250 milhões por mês nossa dívida junto ao Governo Federal. São três bilhões por ano, enquanto que para a saúde do Estado de São Paulo, com 33 milhões de habitantes, são reservados apenas um bilhão e  meio, metade do que é reservado para os banqueiros, para os parasitas que mamam, que sugam o sangue e o suor do trabalhador e do nosso povo.

Por isto que esta política do Estado de São Paulo, acompanhando e seguindo as diretrizes do Banco Mundial, do FMI, por determinação do Presidente Fernando Henrique Cardoso, é uma política que só leva a mais sofrimento, a mais doenças, a mais desespero, como o desemprego, como a falta de vagas para os estudantes, como o alastramento das epidemias.

Portanto, Sr. Governador, V. Exa. que conhece como é duro enfrentar uma doença com todo carinho, com todo apoio técnico, apoio social de nossa sociedade, imagine para aqueles que além da doença não têm o apoio, não têm o carinho, não têm a vaga, não têm o medicamento, não têm a esperança.

Neste sentido, Sr. Presidente e nobres Srs. Deputados, lutaremos com todas as energias para que esse corte de 360 milhões não se efetive, para que volte a reinar no Estado de São Paulo um consenso que desapareceu sob as diretrizes de Fernando Henrique e do FMI.

 

O SR. PRESIDENTE ALBERTO CALVO - PSB - Tem a palavra o nobre Deputado Cesar Callegari. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Paulo Teixeira.

 

O SR. PAULO TEIXEIRA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobres Srs. Deputados, assomo a esta tribuna para discutir o momento que vivemos no Brasil e a profunda crise de desemprego provocada principalmente a partir da adoção de uma política pelo governo federal, mais especificamente no momento em que se construiu a campanha para presidente da República do Sr. Fernando Henrique Cardoso em 1994, em que ele resolveu adotar as políticas impostas pelo FMI e pelo consenso de Washington, que obrigam o Brasil a abrir suas fronteiras para as importações como forma de combate à inflação que até então era um problema muito sério no País para ser administrado.

A inflação brasileira tem como origem o problema da oferta. O Brasil não consegue dar conta do seu mercado interno, e daí resulta o problema inflacionário. E o candidato a presidente da República, o Sr. Fernando Henrique Cardoso, adotou uma política de curto prazo para combater os aspectos inflacionários.

Essa política de curto prazo, foi abrindo o País às importações de maneira abrupta, elevando-se as taxas de juros, o que fez com que o país sobrevalorizasse o real em relação ao dólar, tendo como resultado o que ele pretendia, ou seja, ganhar as eleições de 1994. Mas, quatro anos após, estamos vendo as consequências da adoção dessa política. Consequência, em primeiro lugar, a desindustrialização do`País, cujos resultados trouxeram um forte desemprego. Apenas na Região Metropolitana de São Paulo temos um milhão e meio de desempregados. Recentes pesquisas da Fundação CEAG dão conta que parte destes desempregados já não tem mais disposição para procurar emprego, tal o desânimo profundo porque não têm mais qualquer perspectiva de conseguir um posto de trabalho. Em segundo lugar, o resultado dessa política econômica foi uma dívida muito volumoso. Saímos de um patamar de 65 bilhões de dívida interna para um patamar, hoje, de 350 bilhões de dívida interna.

Por último, quero dizer que a situação esteve tão grave que o Governo Federal buscou a ajuda do FMI, que hoje monitora, quase cotidianamente, a economia brasileira.

O Sr. Fernando Henrique Cardoso refutou todas as críticas da oposição, não dando credibilidade à oposição quando fazia propostas alternativas ao Governo Federal. Vendeu inclusive segmentos importantes do patrimônio público para, segundo ele, saldar a dívida interna  e externa. E o que aconteceu nesse período foi o acréscimo dessa dívida, em quase sete vezes.

Sr. Presidente e Srs. Deputados, é fundamental dizer desta tribuna o quanto  essa política foi irresponsável para este País, elevando-o inclusive à condição de quarto país do mundo em taxa de desemprego - como dá conta um estudo realizado pelo economista Marcio Poitman, da Universidade de Campinas.

Neste momento,  a sociedade brasileira reage a essa irresponsabilidade e a essa política que levou o País a um maior endividamento e a uma maior perda da sua autonomia de realização de política econômica e de solução dos problemas sociais.

O endividamento dá conta que, na semana passada, os programas sociais importantíssimos, como os programas da cesta básica e da  renda mínima,  sofreram cortes  no orçamento  federal, por conta dessa política que só dá conta do pagamento aos credores internacionais,  isola e exclui milhões de brasileiros  do acesso  à renda e à riqueza neste País.

Sr. Presidente, é fundamental ressaltar nesta tribuna o trabalho que a CNBB -Conferência Nacional dos Bispos -  está realizando. Neste ano de 1999, toda a campanha da quaresma está sendo destinada a refletir o problema do desemprego, e a CNBB não deixa de tocar em aspectos importantes.

É fundamental rever  o pagamento da dívida externa brasileira. O Brasil hoje paga  quase que a metade do seu orçamento federal para  os credores internacionais, reservando somente a metade do seu orçamento para todos os gastos  necessários a este País. É fundamental que o Governo reveja a relação com os  especuladores estrangeiros. É daí a proposta que temos para a centralização do câmbio.

O Governo Federal não poderia deixar que esse capital   especulativo tivesse saído nessa  rapidez do Brasil e que continua saindo. É fundamental que se faça uma reforma tributária, e que se acabe com  a progressividade do imposto no sentido inverso. Hoje, quem paga  imposto  neste País são os pobres. Pagam impostos diretos, através dos produtos que  consomem.

 É importante dizer que no Brasil, tanto a cesta básica quanto os produtos de luxo, como barcos, armas  e munições têm o mesmo padrão de alíquotas  de impostos. Os pobres pagam tanto imposto quanto os ricos. A classe média e os trabalhadores pagam imposto sobre imposto de renda e os ricos não têm impostos, trabalham sob a informalidade, e também não têm impostos sobre as grandes fortunas, operações financeiras, etc.

Por isso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, é fundamental mudar o modelo  econômico,  fazer uma reforma tributária no Brasil, fazer uma política de retomada do emprego, uma política de retomada  da atividade econômica neste País.

O presidente do Banco Central, quando foi sabatinado na última sexta-feira   - aliás, quero  também parabenizar o MST, que fez um belo movimento, mostrando que a partir de agora a raposa  tomaria conta do galinheiro -, disse que  agora o Brasil vai retomar  as atividades econômicas pela via da exportação.

Quero dizer que um industrial falido, assim como um agricultor descapitalizado, terão muitas dificuldades em retomar suas atividades econômicas, num país em que se cobra 50% de juros para o empréstimo de recursos. Não vai ser fácil retomar a atividade econômica apenas por uma postura apressada, atabalhoada, desastrosa de deixar  o dólar se desvalorizar ao  ponto  de custar 2.6% como está acontecendo no Brasil.

A atividade econômica  será retomada na medida em que sinalizar uma política econômica com juros baixos, com subsídios, com apoio de médio e longo prazo para que o pessoal possa retomar ao patamar de produção neste País.

Para concluir o meu pronunciamento, quero dizer da importância da campanha que está sendo encetada pela Conferência Nacional  dos Bispos do Brasil. Em todas as dioceses do Brasil,  faz-se  avaliação e crítica da política econômica, mas principalmente  a igreja brasileira está concentrada no esforço  de promover inúmeras cooperativas, programas de geração de renda, retomar empresas que estavam falindo, inclusive um  trabalho importante se desenvolve, hoje, na universidade brasileira, de construir  perspectiva de uma economia solidária que dê conta desses programas.

Passo a ler a carta que a Pastoral Episcopal publicou, avaliando os aspecto do desemprego e propondo medidas que tenha efeito concreto para retomada do patamar de emprego, de distribuição de renda no País e para dar conta do enorme desespero que segmentos importantes da sociedade vivem hoje e revelam no aumento da criminalidade, na desesperança e na perda dos programas sociais  de inúmeras pessoas neste País. (ENTRA LEITURA)

Sr. Presidente, Srs. Deputados, deste plenário, conclamo a todos a se juntarem à Campanha da Fraternidade, mesmo os não cristãos,  para construírem também  perspectivas de geração de renda, apoiar as cooperativas, dando as mãos aos desempregados que estão vivendo no Estado de São Paulo e no Brasil para  darmos  conta desse  enorme sufoco que  a política irresponsável do Sr. Fernando Henrique provocou em  segmentos expressivos da população brasileira.

 

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O SR. PRESIDENTE ALBERTO CALVO - PSB - Esgotada a lista de oradores inscritos na lista suplementar do Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

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            -Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE ALBERTO CALVO - PSB - Tem a palavra o nobre Deputado Dráusio Barreto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Gilberto Nascimento.

Sobre a mesa uma comunicação do nobre Deputado Gilberto Nascimento, cedendo o seu tempo para o nobre Deputado Afanasio Jazadji.

Tem a palavra o nobre Deputado Afanasio Jazadji, por cessão de tempo do Sr. Gilberto Nascimento,  por 15 minutos.

 

O SR. AFANÁSIO JAZADJI – PFL- Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - O pedido de V. Exa. é regimental e a Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia de hoje, aditada do seguinte Projeto de Lei, vetado: PL nº 485, de 1998.

Está levantada a sessão.

 

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            - Levanta-se a sessão às 15 horas e 38 minutos.

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