13 DE MAIO DE 2002

19ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO DO DIA ESTADUAL DE PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA

 

Presidência: ROSMARY CORRÊA

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 13/05/2002 - Sessão 19ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: ROSMARY CORRÊA

COMEMORAÇÃO DO DIA ESTADUAL DE PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA

 

001 - ROSMARY CORRÊA

Assume a Presidência e abre a sessão. Informa que a sessão foi convocada pela Presidência efetiva da Casa, por solicitação da Deputada ora na Presidência, com a finalidade de comemorar o Dia Estadual de Prevenção do Câncer de Mama. Convida a todos para, de pé, ouvirem o Hino Nacional Brasileiro. Nomeia as autoridades.

 

002 - FRANCISCO RICARDO GUALDA COELHO

Gerente médico do Instituto Brasileiro do Controle do Câncer, faz um breve histórico da instituição. Aborda a prevenção do câncer, de maneira geral.

 

003 - RITA DARDES

Professora Assistente da Escola Paulista de Medicina, informa o que é o câncer de mama, como tratá-lo e preveni-lo.

 

004 - SANDRA MARIA FUJIWARA

Médica radiologista especialista em mama, responsável pelo setor de mamografia da Sonolayer Centro de Diagnóstico, fala sobre promoção, na cidade de Guarulhos, de caminhadas e palestras abertas à população e também a empresas, com informações e orientações básicas na prevenção do câncer de mama.

 

005 - REYNALDO DE JESUS GARCIA

Presidente da Sociedade Internacional de Cirurgia de Tumores Músculo-Esqueléticos, expõe o vínculo que existe entre o câncer de mama e o  músculo-esquelético.

 

006 - Presidente ROSMARY CORRÊA

Anuncia a execução de número musical.

 

007 - ALFREDO DE BARROS

Presidente da Federação Latino-Americana e Conselheiro Fiscal da Unaccam - Liberdade, expressa sua percepção de que a questão do câncer de mama tem conquistado destaque na mídia, perante as autoridades de saúde e as mulheres, favorecendo o diagnóstico precoce e tratamento.

 

008 - JOSÉ ARISTODEMO PINOTTI

Diretor do Departamento de Mastologia e Professor Titular de Ginecologia da USP, discorre sobre a importância da educação comunitária e do voluntariado especializado em câncer de mama.

 

009 - Presidente ROSMARY CORRÊA

Procede à entrega de certificados às formandas do Curso de Voluntariado. Anuncia homenagem destas ao Dr. José Aristodemo Pinotti.

 

010 - JOSÉ ARISTODEMO PINOTTI

Agradece a homenagem recebida.

 

011 - Presidente ROSMARY CORRÊA

Anuncia homenagem das voluntárias à Sra. Lourdes Borges, Presidente da Unaccam.

 

012 - LOURDES BORGES

Agradece a homenagem recebida.

 

013 - Presidente ROSMARY CORRÊA

Anuncia a execução de número musical.

 

014 - LOURDES BORGES

Presidente da Unaccam-Liberdade, dá seu depoimento pessoal sobre a doença. Pede que seja melhor divulgado o curso de capacitação no meio médico.

 

015 - Presidente ROSMARY CORRÊA

Anuncia homenagens àquelas que têm se destacado na prevenção ao câncer de mama.

 

016 - JOSÉ ANTONIO MARQUES

Representante do Secretário de Estado da Saúde, Dr. José da Silva Guedes, apresenta os esforços governamentais realizados na luta contra o câncer.

 

017 - Presidente ROSMARY CORRÊA

Cita vitórias obtidas na divulgação da campanha de prevenção do câncer de mama. Conclama a todos para expandir a rede e trazer mais pessoas para esse trabalho. Anuncia a execução de número musical. Agradece a todos que colaboraram para o êxito desta solenidade. Encerra a sessão.

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dá por aprovada a ata da sessão anterior. Sras. e Srs., esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Walter Feldman, atendendo solicitação desta Deputada com a finalidade de comemorar o Dia Estadual da Prevenção do Câncer de Mama.

Convido todos os presentes para, que em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, cantado pelo Coral Juvenil do Centro Universitário Adventista, sob a regência do Maestro Fernando Campos.

 

* * *

 

-              É entoado o Hino Nacional Brasileiro.

 

* * *

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Esta Presidência agradece ao Coral Juvenil do Centro Universitário Adventista, que daqui a pouco nos brindará novamente com uma nova música.

Gostaríamos neste momento de anunciar a presença das autoridades aqui: Prof. Dr. José Antonio Marques, Ginecologia e Obstetrícia, representando o Exmo. Sr. José da Silva Guedes, Secretário da Saúde do Estado de São Paulo; Dr. Alfredo Carlos S. D. Barros, Presidente da FLAM, Federación Latino-Americana de Mastologia; Sr. Dr. Reynaldo de Jesus Garcia, Presidente da Sociedade Internacional de Cirurgia de Tumores Músculo-Esqueléticos; Sr. Dr. Francisco Ricardo Gualda Coelho, Gerente Médico do IBCC; Dr. Marcos Carvalho Costa, Vereador da Câmara Municipal de Sarapuí; Sra. Lourdes Borges, Presidente da Unaccam - Liberdade; Sra. Dra. Aparecida Heralda da Silva, Diretora da APAE de Itaquaquecetuba; Dra. Rita Dardes, Profª. Assistente da Escola Paulista de Medicina; Dra. Sandra M. Fujiwara, Médica Radiologista da Sonolayer Centro de Diagnóstico, a qual agradecemos também a ajuda para a realização deste evento; Sra. Ofélia Santos de Poce, da Associação Paulista Feminina de Combate ao Câncer De Volta à Vida; Dr. José Carlos Pascalicchio, do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho; Dr. Pascoal Marracini, do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho; Sr. Dr. Marcos Korukian, da Escola Paulista Médica de Oncologia Ortopédica; Dr. Ronaldo César Mendes; Dr. Ricardo Gualda Coelho; Sr. Francisco J. S. Bittencourt, da Framar Seguros; Dra. Viviana de Andrade Bittencourt, nutricionista; Maria Bernadete V. de Souza, assistente comercial da Seguradora Roma, a qual também agradecemos o patrocínio para o nosso evento; Sra. Neuza Toloi Lacava, Presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer de São Caetano do Sul; Sr. Dr. Reginaldo Silva, supervisor de ensino da Secretaria de Educação de Itaquaquecetuba, representando a Sra. Secretária, Sra. Maria Garcia; Sra. Lourdes Simões Fuzaro, da Associação das Voluntárias do Hospital do Mandaqui; Sra. Madalena Aguiar, diretora da Beneficência Hospital de Mairinque; Sra. Marisa Sanchez Rodriguez Moreno - Botuccan - Botucatu no Combate ao Câncer de Mama; Sr. Dr. Marcos Carvalho Costa, Vereador do PDT, da Câmara Municipal de Sarapuí; União Nacional Solidária no Combate ao Câncer de Mama - UNAMAMA, voluntárias aqui presentes; Voluntárias do Viva a Vida; Sra. Almaze Eudibe, esposa do Presidente do Rotary Clube de São Paulo-Norte, Sr. Gergos Eudibe; meus amigos, solicitaria às autoridades aqui presentes que ainda não declinaram seu nome, que pudessem fazê-lo às nossas funcionárias que estão aqui presentes. Teremos imenso prazer de poder citar o nome de todos vocês e agradecer muito a presença de cada uma neste evento, que se reveste de extrema importância para nós mulheres. Nós, mulheres, sabemos o quanto é importante esta reunião; às nossas formandas aqui presentes, a partir desta data, terão uma missão muitas vezes espinhosa mas que vai gratificar cada uma no seu exercício. Queremos agradecer a presença de todos, muito mesmo, por estarem aqui conosco nesta manhã, neste dia, na nossa segunda sessão solene do Dia Estadual de Prevenção do Câncer de Mama.

Esta Presidência concede a palavra neste momento ao Dr. Francisco Ricardo Gualda Coelho, gerente médico do IBCC, que irá nos falar como detectar o câncer com exames de rotina, da importância do check-up.

 

O SR. FRANCISCO RICARDO GUALDA COELHO - Primeiramente, meu bom-dia a todos. Queria inicialmente agradecer ao Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, nobre Deputado Walter Feldman, em nome do Instituto Brasileiro do Controle do Câncer, a quem eu aqui represento e, em especial, à Deputada Rosmary Corrêa, a quem devo especificamente o convite para estar aqui, minas senhoras e meus senhores.

Gostaria de também parabenizar essa iniciativa. É a primeira vez que estou aqui e fico feliz em saber que é o segundo evento dessa natureza que se realiza nesta Casa de Leis e não poderia ser diferente. Acho que para se tratar de um assunto tão importante é fundamental que se trate de uma forma solene. Isso muito me gratifica.

Também fico bastante contente e feliz por estar aqui porque o mês de maio é um mês que nos traz várias notícias relacionadas a câncer de mama. Por exemplo, no dia 5 de maio comemoramos o aniversário do Instituto Brasileiro do Controle de Câncer. Comemoramos 34 anos com muita felicidade no ano de 2002.

Também no mês de maio comemoramos o Dia Mundial do Câncer de Mama e agora temos mais uma data, que é o dia 13 de maio, o Dia Estadual de Prevenção do Câncer de Mama.

Vou pedir licença para, antes de entrar no assunto que me foi delegado, fazer um breve histórico do Instituto Brasileiro do Controle do Câncer. Foi fundado em 1968 pelo nosso saudoso professor João Sampaio Góes Jr., falecido em 1977, e que inicialmente fundou o instituto para atender os casos de mama, fazer diagnóstico e do colo uterino.

O Prof. Góes também desempenhou outras funções relacionadas ao tema. Foi praticamente o fundador da Divisão Nacional de Câncer do Ministério da Saúde, cargo que ele ocupou no período de 1972 a 1975. Hoje, o IBCC é um hospital geral de câncer, com um forte perfil feminino. Para se ter uma idéia, apesar de o hospital ser um hospital geral, conforme estou noticiando aos senhores, 60% de nosso público é feminino, atendendo três milhões de mulheres desde a sua fundação, o que é motivo de orgulho para nós, sendo 90% oriundas do Sistema Único de Saúde, antigo SUDS, hoje SUS.

Para se ter uma idéia do perfil de tumores que o IBCC atende, dentre os tumores catalogados no Serviço de Arquivo Médico e Estatística de nosso hospital, 48% são cânceres de mama, seguidos de 26% de câncer do colo do útero, 14% de câncer de pele, 4% de câncer de pulmão, 4% de próstata e 3% de câncer de endométrio. Isso é uma realidade nossa, não é uma estatística importada. É uma estatística de um hospital da zona leste bem próximo de nós.

Especificamente na área de ginecologia, o Instituto Brasileiro de Controle de Câncer se destaca como um dos maiores centros de treinamento médico especializado no desenvolvimento inclusive de técnicas cirúrgicas, especialmente na área de reconstrução mamária. O hospital tem vários trabalhos publicados no Brasil e no exterior com contribuições verdadeiras na área de reconstrução mamária.

Também, mais recentemente, na área da pesquisa clínica, somos um dos braços internacionais e testamos hoje no Instituto Brasileiro uma vacina tetravalente contra o Papilomavírus humano, o HPV.

Somos também o licenciado no Brasil para a famosa Campanha contra o Câncer de Mama, aquele alvo azul que vocês conhecem e essa campanha tem sido de muita valia para o hospital. Para se ter uma idéia, desde 1995, quando a campanha foi instituída no Brasil, já gerou fundos para o hospital com os quais se pode ampliar a nossa área construída para três mil metros quadrados, além da aquisição de vários equipamentos, ou seja, crescer. Esse é o nosso lema, ou seja, crescer sem perder a direção.

Para se ter uma idéia, somente no ano passado o Instituto Brasileiro atendeu 180 mil mulheres. Hoje, estamos atendendo uma média de 15 a 16 mil mulheres por mês. Isso muito nos envaidece.

Ainda temos como projeto uma amplificação do hospital. Eu comentava há pouco com alguns colegas que estávamos em uma encruzilhada. Não tenho mais onde acomodar pacientes no Instituto Brasileiro de Controle do Câncer e, por isso, vamos ter que ampliar. Temos um projeto de um novo hospital onde pretendemos dobrar nossa capacidade construída em 15 mil metros quadrados, dobrar nossa capacidade de leitos de 66 para 145, entre outras melhorias. É um investimento da ordem de 15 milhões de reais.

Tudo isso é para atender a população de São Paulo, principalmente aqui na área da zona leste, que é nossa área de regionalização, de abrangência.

Entrando no meu assunto propriamente dito, gostaria de passar aqui a manhã toda conversando com as senhoras e senhores, pois é um assunto sobre o qual gosto muito de falar. Mas me são permitidos 15 minutos e vou, então, tentar fazer de uma forma abrangente, dar uma pincelada.

Sou cirurgião oncologista geral. Faço ginecologia oncológica, não especificamente mama, mas gostaria de falar para vocês um pouco acerca de prevenção de câncer, de maneira geral.

Estatísticas internacionais mostram que a mortalidade por câncer varia de 3 a 35%. É também sabido que quando fazemos o diagnóstico da doença sob a forma localizada, temos uma chance de propiciar cura para esses pacientes a cinco anos, na ordem de 78%. De maneira contrária, se essa doença for detectada em uma fase a disseminada da mesma, vamos conseguir uma sobrevida a cinco anos em apenas 12% dos pacientes, ou seja, o segredo é fazer o diagnóstico precoce.

Melhor do que isso então, é fazer a prevenção primária dessas doenças. Isso vai passar especificamente pela questão da educação para o câncer, que é isto que estou fazendo aqui com vocês hoje, falando sobre câncer, desmistificando o câncer, esclarecendo alguns tabus relacionados a câncer. Também existe um racional por trás dessa idéia, um racional óbvio em muitas das situações. É fácil de saber que tudo que interceptamos em uma fase inicial é passível de controle.

Nosso objetivo aqui vai ser fazer o diagnóstico na fase inicial dos tumores. Por quê? Porque infelizmente não conhecemos a causa da maioria dos cânceres. Temos que nos contentar de fazer o diagnóstico em uma fase inicial quando o desenvolvimento do tumor ainda é lento e poderemos atuar de maneira adequada, quando os índices de cura são mais elevados.

Isto porque o tumor tem um período de latência. Um tumor leva, às vezes, anos para se desenvolver e é nesta fase que vamos atuar.

Basicamente passa pela questão de falarmos de indivíduos assintomáticos. Não estou falando de pacientes ou pessoas que já apresentam algum sinal e sintoma da doença. Muitas vezes, aí, já não vai valer mais nada. A idéia é realmente fazer o diagnóstico antes que os sintomas se manifestem. De maneira ideal, afastar a doença quando conhecemos o fator causal.

Então, vocês já conhecem dois conceitos de prevenção. O primeiro, a Organização Mundial de Saúde coloca como prevenção primária, que é fácil de entender; é aquele em que conhecemos o agente causador da doença. O exemplo típico é o fumo e o câncer de pulmão. Ninguém mais discute que o fumo não causa câncer de pulmão. Um outro exemplo é o sol e o câncer de pele. Então, quando afastamos do ambiente de consumo, do ambiente cultural o fumo, ou passamos a nos expor ao sol de maneira adequada, estamos fazendo uma ação primária de prevenção.

Já na chamada ação secundária, já citada para os Srs. e Sras., não conhecemos a causa. Infelizmente, vai ser a maioria dos tumores. É exatamente o câncer de mama, o câncer do colo uterino; estamos prestes a concluir que, talvez, o Papilomavírus humano seja o causador do principal tipo de câncer do colo uterino, mas ainda falta um elo para concluirmos.

Então, quando não sabemos quem é o agente causador, contentamo-nos em fazer a prevenção na fase inicial. Quando vocês realizam uma mamografia, um auto-exame de mama, quando colho uma cocitologia oncótica, que é o nome do Papanicolau, estamos fazendo uma prevenção secundária.

Não é tão difícil assim fazer a detecção de câncer de forma precoce. Passamos pela idéia de que ninguém conhece melhor o corpo do que vocês mesmas. Tinha um professor na Faculdade de Medicina que dizia que ninguém conhece melhor a sua mama do que vocês mesmas. E é verdade. Temos que derrubar tabus e desenvolver uma atitude positiva conosco, perdendo o medo e nos tocando, por exemplo. E vão aí alguns sinais que não são necessariamente de que a pessoa tenha câncer, mas que nos ajudam a começar a pensar nessas questões: mudanças em hábitos intestinais e urinários, feridas que não cicatrizam, sangramento anormal vaginal, retal ou urinário, nódulos, sinais inflamatórios na pele, mama e na boca, dificuldade em engolir, tosse persistente, alterações em verrugas, pintas da pele, alteração da voz. Esses são os sete, oito famosos sinais de alerta com relação ao câncer e que já existem há 50 anos; não é nenhuma novidade, mas que às vezes insistimos em esquecer.

Ainda é bom lembrar que para boa parte dos tumores, pelo menos em sete regiões de nosso corpo, podemos, efetivamente, nos precaver em duas delas. Já falei para vocês: um é o câncer de pulmão, que quando afastamos o fumo, estamos efetivamente afastando a doença e a outra é o câncer de pele, praticamente ligado à radiação ultravioleta solar. Quando passamos a fazer o controle, fazendo a exposição solar adequada, estaremos fazendo profilaxia desse tipo de tumor, mormente agora que a camada de ozônio está cada vez menor e a proteção se torna ainda mais necessária.

E ainda as cinco áreas onde o seu médico poderá lhe ajudar a detectar a doença através de alguns exames com custo/benefício/efetividade aceitável, sem aqui vir fazer demagogia. Estou falando em termos de massa, não em termos de paciente que se auto-financia. Por exemplo: câncer do colo uterino. O Papanicolau foi publicado em 1946 em Nova Iorque pelo grego nacionalizado americano, quer dizer, já existe há quase 70 anos. Simples, barato, é para as pacientes de risco para câncer de colo, aquela paciente com início precoce em sua relação sexual, múltiplos parceiros, paciente que tem infecção pelo Papilomavírus humano e que eventualmente é tabagista e usa pílula anticoncepcional. Não vou entrar em mais detalhes porque os colegas que vão me suceder vão detalhar mais para as senhoras.

Com relação ao câncer de mama da mesma forma, é uma somatória; o exame de mama é um pouco mais difícil, mas existe o auto-exame de mama e que deve ser cada vez mais estimulado. É perfeito? Não, não é perfeito, mas é muito bom. Mamografia deve ser feita com critério, de maneira adequada, com uma leitura melhor ainda, Apesar de ela falhar em 15% das vezes, somando-se ao auto-exame e ao exame médico, quando bem indicado, periodicidade adequada, são armas fundamentais hoje para o controle, detecção precoce do câncer de mama. Meus colegas, mais uma vez, vão detalhar para as senhoras.

O câncer do cólon e do reto também; com um simples toque retal. O Prof. Antônio Prudente, do Hospital do Câncer, costumava dizer: é melhor sujar o dedo do que a nossa reputação. Não se deixa de fazer um toque retal em um paciente, pois boa parte dos cânceres do aparelho digestivo encontra-se na ampola retal. Um simples toque retal pode fazer o diagnóstico e mais, vamos estar tocando a próstata. Lembrem-se que a próstata é a mama dos homens. A incidência está ficando realmente muito elevada e podemos identificar alguns tumores com um simples toque retal. Não há necessidade de se fazer um PSA, que é um marcador caro, que não está disponível em termos de massa. Câncer do endométrio, a parte interna do útero; um sangramento pós-menopausa pode denunciar a presença desse tumor.

Então, se vocês souberem que a incidência no Brasil dos principais tumores é o câncer de pele, em primeiro lugar, seguido do câncer de mama, do colo uterino, do estômago, boca e próstata, com esses simples exames que relatei vamos poder atuar sobre boa parte do perfil do tumor que incide no Brasil. Não só aqui no Brasil, provavelmente no mundo também.

Para finalizar, gostaria de dizer que 80% da causa dos cânceres é conhecida. Está no ambiente de trabalho, é tão antiga quanto o próprio homem. Tem a ver com o que vocês estão comendo, o ar que vocês estão respirando, a água que vocês estão bebendo. E são, portanto, teoricamente evitáveis; 80% do câncer é evitável. Então se sabemos como fazer a prevenção, o que está acontecendo de errado? Provavelmente passa por esta questão da educação para o câncer. Passa por uma questão de termos médicos sensibilizados, pacientes estimulados e políticos conscientes para poder propiciar acesso à saúde à nossa população. Não adianta falarmos nada disso se o paciente não tem acesso ao serviço de saúde. Não existe combinação mais cruel do que câncer e pobreza. Muito obrigado, era isso que queria dizer para vocês. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Esta Presidência agradece ao Dr. Francisco e neste momento passarei a palavra à Dra. Rita Dardes, Profª. Assistente da Escola Paulista de Medicina, ginecologista com doutorado nos Estados Unidos na área de pesquisa em câncer de mama; modelador seletivo do receptor do estrogênio para tratamento do câncer de mama.

Gostaria de agradecer muito a presença das voluntárias do Hospital das Clínicas, a Associação Viver Melhor, de Santo André, representada pela Vera Emília Teruel.

 

A SRA. RITA DARDES - Bom dia a todos. Primeiramente, gostaria de agradecer a presença de todas vocês, parabenizá-las, porque esse trabalho que vocês vão fazer é muito importante para nós, mulheres.

Estou muito honrada, em primeiro lugar por ser mulher, ginecologista e pesquisadora nesta área de câncer de mama. Hoje trago um assunto muito importante para informar e objetivar o que é o câncer de mama, como podemos tratá-lo e, o mais importante, para prevenir este câncer.

Vou falar um pouco sobre o nosso hormônio mais conhecido e muito importante no nosso organismo, o estrogênio. O estrogênio é um hormônio feminino e é muito importante porque dá os caracteres sexuais secundários da mulher. O que é isso? Dá a distribuição da gordura; portanto, temos a cintura assim definida, o culote, tudo isso devido ao estrogênio.

O estrogênio é também responsável pela proteção do nosso sistema cardiovascular. Portanto, nós mulheres, temos uma menor incidência de acidentes como o infarto, antes da menopausa, do que comparado aos homens. Isso pelo fator protetor do estrogênio, que também dá uma proteção importante para os ossos. Por isso não temos osteoporose, com maior incidência, antes da menopausa.

Podemos dizer que o estrogênio é percebido quando entramos na menopausa. O que acontece? Temos uma onda de calor infernal, a sudorese noturna, secura vaginal, dor na relação sexual. Isso tudo é percebido e as pacientes chegam ao meu consultório dizendo que vão ficar loucas. Respondo que vamos repor a sua taxa hormonal, porque isso é uma queda do nível de estrogênio.

Então, esse estrogênio é bom? Ótimo. Vivemos por causa do estrogênio. Aliás, ciclamos por causa do estrogênio, temos a gravidez, geramos, sou mãe, vocês são mães por causa do estrogênio. No entanto, este estrogênio é também um vilão, principalmente para dois cânceres femininos: o câncer de endométrio e o câncer de mama.

Todas as vezes o estrogênio é responsável por esses cânceres? Não, existe um câncer de mama que não responde ao estrogênio, não precisa do estrogênio para se desenvolver e crescer. Mas a grande maioria, sim. Precisa do estrogênio para a sua carcinogenese, para se desenvolver e para sua manutenção. Então, como fazer se o estrogênio é um vilão em certos cânceres?

Na década de 60 foi descoberto por Gensen - em 1962 - o receptor do estrogênio. O que é o receptor do estrogênio? É uma proteína que está dentro da célula e esse receptor é essencial para que a molécula do estrogênio se adira a esse receptor e propicie a sua ação, fazendo com que haja o seu desenvolvimento, a sua atividade. Sem o receptor, o estrogênio não tem a sua atividade, não atua no corpo da mulher.

 Então, nada mais lógico do que se pensar: vamos criar drogas que bloqueiem esse receptor que aí não teremos ação do estrogênio. Assim, foram criados os moduladores do receptor do estrogênio. Quem são eles? São os denominados cermes, porque são moduladores seletivos do receptor do estrogênio. São seletivos porque, dependendo do local da sua ação, vai ter uma atividade estrogênica ou um atividade antiestrogênica. Antiestrogênica bloqueia a ação do estrogênio.

No tecido mamário, tem uma ação antiestrogênica. Bloqueia o receptor e, portanto, o estrogênio não tem a sua atividade. Já no tecido ósseo ou no tecido cardiovascular, tem uma atividade estrogênica, isto é, protege contra as doenças cardiovasculares, diminuindo o colesterol ruim, aumentando o colesterol bom e, além do mais, previne a osteoporose. Portanto, os cermes são drogas de muita utilidade no nosso meio, porque protegem a mama e, além do mais, protegem o sistema cardiovascular e o sistema ósseo da mulher.

Quem são esses cermes? O mais utilizado no mercado é o famoso Tamoxifeno, com o nome comercial Novadex, que quase todas as pacientes com câncer de mama têm essa terapia adjuvante. O Tamoxifeno já está no mercado há mais de 30 anos em estudo e está preconizado para todas as pacientes com câncer de mama que são receptoras de estrogênio positivo, independente do estado desse câncer, com linfonodos positivo ou negativo. Temos que dar a essa paciente uma terapia com o Tamoxifeno adjuvante de cinco anos. Estudos clínicos comprovaram que o uso de 20 miligramas por dia, durante cinco anos, essas pacientes que têm receptor de estrogênio positivo têm uma melhora significativa comparado com um ano ou dois anos. Essas mulheres têm uma redução importante na recidiva local e na proteção da mama contralateral, que é muito importante.

Agora, o que tenho mais orgulho de falar para vocês é que hoje estamos atuando na ação da prevenção do câncer de mama. Essas drogas não servem somente para tratar o câncer de mama, mas sim para preveni-lo. Então, todas as mulheres devem receber essa droga? Não, não é isso que estou dizendo. Mas existem casos das pacientes que são denominadas alto risco de desenvolve câncer de mama. Quem são essas pacientes? Pacientes que têm dois ou três históricos familiares com câncer de mama, familiares de primeiro grau: tia, avó, prima, todas elas têm câncer de mama. Será que vou ter? Seus riscos são grandes.

Pacientes que tiveram um carcinoma lobular in sito, que é uma doença controlada, tem um grande risco de ter. É uma paciente de alto risco. Ou pacientes que têm alguma alteração genética, que é sabido com os estudos genéticos.

Essas pacientes devem receber o Tamoxifeno, que foi aprovado no FDA em 1998. Temos isso como uma prevenção do câncer de mama; essas pacientes devem utilizar 20 miligramas também de Tamoxifeno por um determinado período, uns cinco anos. Essas pacientes têm uma proteção significativa. Nós, hoje, temos essa arma, esse combate preventivo contra o câncer de mama nas pacientes que têm alto risco de desenvolver a doença. Existe um novo cerme, que é muito conhecido no mercado, que se chama Raloxifeno, cujo nome comercial é Evista. Este cerme é largamente utilizado para a prevenção da osteoporose, só que existe um estudo clínico que esta sendo realizado, e se findará em 2005, que está comparando a droga Tamoxifeno com esta chamada Raloxifeno, para se saber se o Raloxifeno é melhor ou igual ao Tamoxifeno para prevenir o câncer de mama em pacientes que apresentam alto risco de desenvolver a doença. Uma vantagem do Raloxifeno sobre o Taloxifeno é que o Raloxifeno não tem tanta atividade no útero, isto é, não promove proliferação uterina. Tem menos efeitos colaterais.

Vejam as Sras. que hoje estamos lutando, graças à pesquisa nessa área de câncer de mama podemos combater, temos armas para prevenir. Isso, acho, é o “X” da questão. Há muitas pacientes que têm problemas familiares, alterações genéticas. O que vamos fazer com essas pacientes? Temos, hoje, como prevenir o câncer de mama. Gostaria de deixar essa mensagem para vocês: o Tamoxifeno é uma droga que até hoje é a de escolha, é a melhor para o câncer de mama, mas existem diversos cermes, moduladores seletivos, em laboratório sendo pesquisados e que vão ser lançados, com efeitos tão bons ou melhores do que o Tamoxifeno. Muito obrigada. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Queremos agradecer à Dra. Rita e neste momento passaremos a palavra à Dra. Sandra Maria Fujiwara, médica radiologista especialista em mama, médica responsável pelo setor de mamografia da Sonolayer Centro de Diagnóstico.

Queria aqui registrar a presença do Dr. José Aristodemo Pinotti, Diretor do Departamento de Mastologia e Prof. Titular de Ginecologia da USP.

 

A SRA. SANDRA MARIA FUJIWARA - Bom dia a todas. Em nome da Sonolayer Centro de Diagnóstico quero parabenizar a Deputada Rosmary Corrêa por essa belíssima iniciativa que muito contribui para a saúde da mulher brasileira. Quero também agradecer ao Exmo. Presidente desta Casa, Deputado Walter Feldman, e demais membros pelo reconhecimento ao nosso trabalho, trabalho da nossa instituição no combate ao câncer de mama.

Seguindo os ensinamentos dos ilustres professores aqui presentes e a exemplo da belíssima campanha realizada pelo IBCC, promovemos na cidade de Guarulhos caminhadas e palestras abertas à população e também a empresas, onde levamos informações e orientações básicas à população na prevenção desse mal que hoje é o que mais acomete a mulher brasileira e no mundo.

A aquisição do primeiro mamógrafo digital do Estado de São Paulo reforça esse nosso trabalho, possibilitando o diagnóstico cada vez mais precoce do câncer de mama, objetivo de todos aqui presentes.

Muito obrigada. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Agradecemos a Dra. Sandra e mais uma vez o apoio que foi dado pela Sonolayer para que este evento pudesse ser realizado.

Gostaria de passar a palavra, agora, ao Dr. Reynaldo de Jesus Garcia, Presidente da Sociedade Internacional de Cirurgia de Tumores Músculo-Esqueléticos. Vai falar sobre câncer de mama versus músculo esquelético, o vínculo que existe entre um e outro.

 

O SR. REYNALDO DE JESUS GARCIA - Bom dia. Em primeiro lugar gostaria de agradecer pelo convite, agradecer ao Exmo. Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, Deputado Walter Feldman, contemporâneo de faculdade, e à Deputada Rosmary Corrêa pela excelente promoção deste evento e pela oportunidade de trazer todas vocês para este encontro muito importante para a saúde pública e para a mulher.

É com muito orgulho que me encontro aqui neste plenário para proferir algumas palavras neste dia especial. Milhares de mulheres, em todo o estado e no Brasil, sofrem este tipo de câncer, que não escolhe idade para o seu início. Atendemos pacientes na Escola Paulista de Medicina desde os 18 até 80 anos de idade portadoras do câncer de mama. Mas, felizmente, nos últimos anos temos acompanhado uma importante melhora, principalmente no diagnóstico precoce, o que representa tumores de mama diagnosticados e detectados precocemente; significa com muito menor tamanho.

Isso representa uma melhor possibilidade de tratamento e de cura desta doença, como já foi falado previamente por nossos colegas. No entanto, freqüentemente, mesmo tumores de pequeno tamanho apresentam o que chamamos de metástases ósseas. O que significa isso? Significa que essas células do tumor de mama conseguem entrar nos vasos, atingir a corrente sangüínea e se estabelecer, se esconder, vamos dizer assim, dentro do esqueleto. Os lugares principais onde isso acontece são a região da coluna e a região da raiz dos membros. Seria basicamente no úmero, na parte superior do braço e no fêmur.

Aproximadamente 30% das pacientes em estágios avançados têm essas metástases ósseas. Nessas pacientes é muito importante a prevenção das fraturas desses membros superiores e inferiores e é mais importante, ainda, a prevenção da progressão dessas lesões na coluna, quando pode haver o comprometimento da medula e a paralisia dos membros inferiores. Graças a Deus, isso tem sido menos freqüente. Por que? Porque nos últimos anos os esquemas de quimioterapia e de hormônioterapia, associados à radioterapia têm melhorado o tratamento dessas lesões. Hoje, podemos não só prevenir essas lesões ósseas, como também tratá-las, quando elas acontecem, com segurança e, principalmente, evitando a dor, que é um dos sintomas que acontecem quando há o acometimento ósseo, uma dor de difícil tratamento e as lesões, levando à paralisia pela coluna.

Os exames de detecção precoce são importantes e devem ser cobrados dos médicos, dos que estão acompanhando o paciente. Esses exames, basicamente, são: o mapeamento do esqueleto, que deve ser feito rotineiramente nos casos de estado mais avançado, para que essa lesão possa ser diagnosticada precocemente. Aí, essa lesão vai ser entendida, radiografada e tratada antes que aconteça a fratura. Isso depende do paciente, do ginecologista, do oncologista clínico. Tudo isso é importante para que não aconteça a fratura e o comprometimento da coluna.

Em São Paulo temos centros de excelência, vários como vimos, o IBCC, para tratamento dessas lesões. Entre eles temos a Escola Paulista de Medicina, o Hospital São Paulo, onde diariamente é atendido um grande número de pacientes, onde são diagnosticadas precocemente e tratadas todas as lesões ósseas.

Hoje sabemos que com a utilização dos alendronatos, que são os medicamentos que nossa colega citou agora, cujos nomes comerciais Arédia, Zometa, são medicamentos que previnem essas lesões ósseas, o número de fraturas, o número de pacientes com comprometimento de medula e paralisia diminuiu intensamente. Isso tem que ser usado com muito critério, com muito cuidado, orientado pelo colega.

Felizmente, nas pacientes que já apresentam esse comprometimento, podemos tratar ainda; podemos substituir o osso acometido, colocando prótese que permite à paciente uma reestruturação total daquele membro acometido e, com isso, a paciente pode voltar rapidamente para o trabalho e também com isto temos o controle local da doença.

Cirurgia de coluna: hoje podemos realizá-las muitas vezes com procedimentos ambulatoriais, minimamente invasivos onde podemos com catéteres, com agulhas colocar, por exemplo, uma bolinha de cimento acrílico, uma quantidade de cimento acrílico destruindo a lesão e dando estrutura para a coluna, evitando, assim, a compressão da medula.

Em resumo, acho que o diagnóstico precoce do câncer, o tratamento efetivo e, uma vez estabelecido o câncer, o diagnóstico precoce das lesões ósseas, deve ser feito e deve sempre ter em mente, porque estou vendo que ainda posso clinicar mais 15, 20 anos e vamos ter ausência total de lesão óssea nas pacientes com câncer de mama. Isto vai ser realmente um sucesso muito grande e isso depende muito de vocês, também, essas voluntárias que podem fazer esse tratamento, essa educação que pode nos ajudar muito.

Esse trabalho de prevenção do câncer é um trabalho de todos, todos que estão envolvidos nisso. Acho que a parte de vocês é muito importante. No próximo ano vamos realizar aqui no Brasil um Congresso Mundial de Oncologia Ortopédica. Tenho certeza de que vamos poder mostrar para os colegas estrangeiros os resultados do nosso tratamento que seguramente, graças a todos, graças a essas equipes multidisciplinares, são tratamentos que têm sucesso e têm melhorado muito nos últimos anos. Muito obrigado e um bom dia a todos. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Vamos ouvir agora mais uma apresentação do Coral do Centro Universitário Adventista, sob a regência do Maestro Fernando Campos.

Gostaria também de registrar a presença da Major Lucy, vice-presidente da Associação de Mulheres Policiais aqui do Estado de São Paulo.

 

* * *

 

-              É entoado o número musical.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Muito obrigada ao coral, ao Maestro Fernando Campos. Parabéns.

Passarei agora a palavra ao Dr. Alfredo de Barros, Presidente da Federação Latino-Americana e Conselheiro Fiscal da Unaccam - Liberdade.

 

O SR. ALFREDO DE BARROS - Bom dia a todos, Deputada Rose, autoridades presentes à Mesa, as minhas primeiras palavras são para cumprimentar a Deputada Rose, que tem sido uma grande defensora da causa do câncer de mama e uma aliada desse nosso movimento. Oxalá tivéssemos mais parlamentares com a sensibilidade dela a esta causa.

Gostaria de cumprimentar também a voluntária Tininha, que é uma voluntária anônima. Faz as coisas acontecerem, mas não aparece. Acho que ela tem grande parte do mérito dessa atividade que está acontecendo aqui hoje, assim como muitas outras atividades ligadas ao voluntariado e ao câncer de mama no Estado de São Paulo.

Queria cumprimentar também o Prof. Pinotti, que é o patrono do voluntariado contra o câncer de mama do Estado de São Paulo, e que tem dedicado a sua vida médica principalmente ao diagnóstico e tratamento do câncer de mama e que é um aliado também expoente desse nosso movimento.

Estamos caminhando um pouco. Sinto que há uma maior sensibilidade da mídia, das autoridades, há uma aceitação das mulheres e, ano após ano, essa questão do câncer de mama tem ganhado um pouco mais de destaque, tanto das autoridades de saúde como da mídia e principalmente da mulher, que está prestando mais atenção ao seu próprio corpo e que está favorecendo o diagnóstico precoce e tratamento.

De Dina Sfat a Patrícia Pilar muita coisa melhorou neste país em termos de câncer de mama. O próprio modo de se encarar a moléstia. Dina Sfat, excelente artista, tanto quanto Patrícia Pilar, ocultou seu câncer de mama, fez tratamentos alternativos, não científicos, por muito tempo, e faleceu por uma metástase cerebral fulminante. Patrícia Pilar descobriu seu tumor no auto-exame, tornou esse fato público, está fazendo tratamento cientificamente comprovado que funciona e está ajudando demais a conscientização do problema perante as mulheres ao se manifestar, ao se deixar fotografar, ao falar, ou seja, muita coisa mudou. Isso é muito bom.

Mas o câncer de mama ainda é um problema sério de saúde pública. No Brasil temos duas realidades: a dos nossos consultórios particulares e a realidade dos hospitais públicos. No nosso consultório particular atendemos basicamente convênios e algumas clientes particulares; 70% da população tem direito a SUS, 28, 29% são dependentes de planos de convênio e 1 ou 2% faz a medicina exclusivamente privada.

Nos nossos consultórios atendemos 60% de mulheres com carcinoma in situ ou estadio 1. In situ, o índice de cura é de 100% e o estadio 1 é de 96% em cinco anos. Nos hospitais públicos atendemos 60% de mulheres com tumores estadio 3 e 4, 3 tumores com mais de 5 cm é o diagnóstico, e 4 com metástase por ocasião do diagnóstico.

São dois panoramas muito distintos, de desigualdade que acontece em nosso país. O câncer de mama aumenta demais a sua incidência em nosso meio. Por que isso acontece? Já sabemos bastante, não sabemos tudo, mas principalmente se deve à mudança de hábito reprodutivo. A mulher que antes engravidava sete, oito, nove, dez vezes e amamentava por mais de um ano, hoje engravida duas, três vezes e quase não amamenta e se amamenta é apenas por alguns meses. A mama fica à mercê do estrogênio, que é o vilão da história, conforme a Rita mostrou. O estrogênio é o endógeno que o ovário produz.

Tenho 25 anos de formado, trabalhando com mama, e nunca vi até hoje uma mulher que tenha mais que cinco filhos e os tenha amamentado e tenha um carcinoma de mama. Não estou falando de sarcoma, que é um tipo de lesão mais raro, mas que não decorre do epitélio mamário. Eu nunca vi. Claro que deve existir, mas eu nunca vi.

Então, está aí um grande motivo pelo qual o câncer de mama está aparecendo tanto. Como enfrentar essa situação? Como enfrentar este problema? Primeiro, tentando evitá-lo, se é que é possível. Mas muita coisa pode ser feita. A população tem saber que deve comer bem, evitar dieta gordurosa, comer muito verde, fibra, mais soja. Evitar comer carne de porco e gorduras. Deve evitar o sobrepeso, a obesidade. Deve evitar pílula anticoncepcional na adolescência. Deve fazer ginástica. Isso precisa ser transmitido para a população.

Acima de 40 anos, deve fazer mamografia uma vez por ano. Acima de 30 anos, fazer o auto-exame mensal. As pessoas de nível mais diferenciado sabem disso e fazem; têm uma maior aderência e têm mais acesso aos mecanismos de diagnósticos e, por isso, educação para a saúde e acesso ao diagnóstico precoce fazem com que elas se curem e tenham tumor inicial e cirurgias pouco mutilantes, tirando parte da mama. Se tirarem a mama inteira, há reconstrução de mama, porque elas podem pagar ou têm convênio que patrocina isso.

O outro panorama é terrível; são aquelas pessoas que dependem do SUS. Não têm mamógrafo, não têm tratamento direito. É claro que estamos melhorando; ninguém passa do zero para o dez sem passar pelo número 1, pelo 2, pelo 3. Não conseguimos transformar o Brasil em uma Suécia em um estalo de dedos. Mas acho ainda muito pouco; muito pouco o que é feito. Fui presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia durante três anos, estive em Brasília várias vezes tentando fazer algum movimento organizado em termos de prevenção secundária mas não consegui nada. Acabou o meu mandato e ainda estamos na fase de planejamento, mapeando os recursos. Foram três anos. Acho que há boa vontade, mas há um pouco de falta de capacidade administrativa, porque não posso concordar que em três anos não se faça nada.

Em paralelo, assisti nesses três anos a um grande crescimento do terceiro setor contra o câncer de mama: o movimento voluntariado, que estava um pouco desorganizado; existiam grupos em diversos centros do Brasil e que foram se organizando. Hoje temos registrados mais ou menos 60 centros de voluntariado no Brasil contra o câncer de mama ligados à Unaccam. Apelamos à Unaccam, a Sociedade Brasileira de Mastologia, para dar um embasamento técnico-científico, uma assessoria, e ao sair da Sociedade de Mastologia fui escolhido para a Federação Latino-americana de Mastologia,  na primeira semana criei o voluntariado contra o câncer de mama na América Latina, chamado Américamama. Ou seja, em 15 países da América Latina, filiados à federação que estou presidindo, há um movimento organizado de mulheres, aliás não existe, mas sim a idéia. Conseguimos já criar na Argentina, no Uruguai e na Venezuela. Tenho viajado, tentando criar movimentos. Preciso encontrar as Tininhas, as Marilenas Garcia, as Lourdinhas, as Gracielas nos diversos países. Estou procurando, estou fazendo crescer esse movimento.

Finalizo festejando a iniciativa. Cada vez que se fala, que se divulga a causa do câncer de mama ganhamos mais adeptos. Saibam vocês que morre no Brasil uma mulher por hora, de câncer de mama. Enquanto nós estamos aqui já morreu mais de uma mulher e, ao final desta cerimônia, certamente terão morrido duas.

Se as mulheres fizessem um simples auto-exame de mama nós reduziríamos essa mortalidade no Brasil a - acredito - 2/3 do que acontece hoje, ou seja, ao invés de morrer uma a cada hora, seria uma a cada três ou quatro horas, com um simples auto-exame de mama. Se fizessem mamografia, então, conseguiríamos que essa mortalidade fosse bastante reduzida. Muito obrigado. Saiamos voluntários, técnicos dessa causa tão importante. Vamos multiplicar as ações para prevenir e combater o câncer de mama.

(Palmas).

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Esta Presidência passa a palavra ao Dr. José Aristodemo Pinotti, Diretor do Departamento de Mastologia e Professor Titular de Ginecologia da USP, responsável pelo Curso de Capacitação do Voluntariado. As nossas voluntárias estão tomando posse hoje, recebendo diploma. O Dr. Pinotti vai falar sobre “A Importância da Educação Comunitária e do Voluntariado Especializado em Câncer de Mama”.

 

O SR. JOSÉ ARISTODEMO PINOTTI - Deputada Rosmary, a quem eu quero cumprimentar, porque é o terceiro ano consecutivo que ela organiza esta sessão de grande importância, relacionada a um problema também de grande importância, demais autoridades presentes, Dr. Alfredo Barros, Presidente da Sociedade Latino-Americana de Mastologia, este ano vamos ter 32 mil novos casos de câncer de mama no Brasil e vão falecer nove mil mulheres de câncer de mama.

Dr. Alfredo já “pintou” o quadro etiológico, ou seja, o que causa o câncer de mama. O câncer de mama é de uma etiologia múltipla, não temos uma razão básica, como é o câncer do pulmão, em que o cigarro é responsável por 80% dos casos de câncer de pulmão.

O câncer de mama é um câncer ambiental, é o câncer da mulher metropolitana, da mulher que tem poucos filhos, que os tem tardiamente, ou que não os tem, que começa a menstruar muito cedo, que toma hormônio, que vive num ambiente tenso da metrópole, que trabalha, que sofre stress. Essa é a mulher típica das grandes metrópoles.

Fica muito difícil prevenirmos primariamente o câncer de mama, como nós podemos prevenir primariamente o câncer de pulmão ou até o de colo uterino. Se nós ensinarmos as mulheres a praticarem coito protegido elas não vão ter câncer de colo uterino. Mas o câncer de mama é muito difícil, porque, é quase impossível nós dizermos hoje, para uma moça de 17 anos, vá morar no campo, comece a ter filhos aos 18, tenha dez, dê de mamar dois anos a cada um de seus filhos, não seja estressada que você não vai ter câncer de mama.

O que nos sobram são duas coisas extremamente importantes para diminuirmos a mortalidade por câncer de mama e melhorarmos a qualidade de vida das mulheres que tiverem câncer de mama: o diagnóstico precoce e o tratamento correto, eficiente.

O Dr. Alfredo disse bem. As mulheres que têm algum poder econômico vão em busca, nem sempre encontram, mas na maioria das vezes encontram as duas coisas. Hoje temos nas mãos conhecimento e tecnologia para praticamente garantir que em quase todos os casos - digo quase todos porque na Medicina não existe nem sempre nem nunca, aliás, existe um ditado francês que se adapta muito bem a isto: ”Na Medicina e no Amor não existe nem sempre nem nunca”. Temos que trabalhar sempre com probabilidades. Mas hoje nós temos conhecimentos, instrumentos, tecnologia para garantir que para a maioria das mulheres podemos fazer o diagnóstico precoce do câncer de mama, tratá-las adequadamente, curá-las e oferecer a elas um aspecto estético freqüentemente melhor do que o aspecto estético que elas tinham antes de terem o câncer de mama.

Infelizmente, estamos oferecendo isso a um número muito limitado de mulheres, e não podemos oferecer à grande maioria, como é a nossa vontade. O pior é que não é culpa das mulheres. A grande maioria das mulheres, mesmo as que têm no sistema público a única oportunidade de serem tratadas, sabem que precisam fazer as suas mamografias e o auto-exame, gostariam de ser bem tratadas caso tenham um câncer de mama. O que falta a elas é o acesso a esse tipo de coisa. Houve melhoras importantes, sem dúvida. Nós implantamos no Pérola Byington um excelente serviço de tratamento de câncer de mama e também no Hospital das Clínicas e Escola Paulista de Medicina, todos eles à disposição das mulheres usuárias do SUS. Mas isso atende a uma pequena, ínfima parcela das mulheres que nós deveríamos atender em termos de diagnóstico e tratamento.

Freqüentemente se diz que as mulheres não procuram porque elas são ignorantes, porque têm vergonha de despir o dorso, não fazem auto-apalpação porque não sabem fazer. Nada disso é verdade. As mulheres, mesmo as mais simples, das camadas sociais menos favorecidas querem cuidar da sua saúde, querem cuidar de seu corpo. O que é necessário é dar a elas o acesso; quando elas têm elas vêm às centenas, aos milhares. Mas, infelizmente, isso não tem acontecido na medida correta.

Agradeço a todas vocês o trabalho que têm realizado na Unaccam, um trabalho extremamente importante que precisa estar casado com um trabalho governamental mais responsável, a fim de resolver esse problema. Afinal, são nove mil mortes por ano que poderiam facilmente, se fizéssemos diagnóstico precoce e tratamento eficiente, em poucos anos ser diminuídas pela metade, ou até mais.

Quando existe uma mortalidade alta por uma doença que nós não temos meios para diagnosticar e tratar, é uma fatalidade. Mas se os meios estão à nossa disposição, para fazer diagnóstico precoce e tratar, e esses meios não são usados, isso não é uma fatalidade. A meu ver é um crime que se comete contra as mulheres anualmente.

De maneira que tenho conversado muito com as nossas companheiras do Unaccam e tentado mostrar a elas que o trabalho delas é de uma importância muito grande, não só no acompanhamento das mulheres mastectomizadas - e elas fazem um esforço muito grande na recreação e recuperação do movimento do braço - como também no diagnóstico precoce e também no papel que todas as senhoras podem exercer, como cidadãs, no sentido de pressionar para que essas facilidades tecnológicas possam estar à disposição de todas as mulheres e não só de algumas que têm poder aquisitivo para comprar.

A saúde - e eu praticamente dediquei a minha vida inteira a isso - não é uma mercadoria, é um direito, conforme o artigo 196 da Constituição. Saúde é um direito de todos e um dever do Estado. O Estado cobra impostos caros que deveriam reverter a esse direito à atenção médica, à saúde, particularmente às mulheres. As mulheres não têm sido priorizadas nessa área.

Cito um dado, que é muito importante. No censo que foi publicado recentemente, a mortalidade infantil brasileira caiu, mas assim mesmo é quatro vezes maior que a da Europa e países que cuidam prioritariamente da saúde. Assim mesmo é maior que em quase todos os países latino-americanos que têm a mesma renda per capita. Portanto, temos ainda um longo caminho a trilhar.

Mas a mortalidade materna, que da mesma forma que a infantil mede o cuidado que se tem com as mulheres de um determinado país com a saúde delas, não é quatro vezes maior que a mortalidade materna na Europa e Estados Unidos. No Brasil é 20 vezes maior. Na cidade de São Paulo, a mais rica da América Latina, a mortalidade materna é de 58 por 100.000 nascidos vivos. Isso significa 10 vezes mais que a mortalidade materna em Portugal, que é de 5,6 por 100.000 nascidos vivos.

De maneira que a mulher não tem sido prioridade na saúde. E ela, pela própria constituição do seu temperamento e de seu caráter, não é prioridade dela mesma. A prioridade na saúde da família, para a mulher, é sem dúvida nenhuma o filha ou filha. A segunda prioridade tem sido o companheiro, o marido. E ela se coloca lá atrás como prioridade. Está na hora de nós, e principalmente as autoridades governamentais, como é o caso da Deputada Rosmary, que está aqui e tem feito essa pressão, colocarmos a mulher como prioridade um na questão da saúde. Não só porque ela merece, como precisa, porque os índices de mortalidade e morbidade têm sido bem mais elevados do que os que deveríamos ter, face ao desenvolvimento econômico do nosso país. Quero parabenizar a todos por esta reunião. Estou muito feliz e espero que a Rosmary continue e será reeleita Deputada Estadual, se ela se candidatar, e tenho certeza de que sim. Que continue a fazer as suas reuniões, porque é um momento de reflexão, de transferência de informações e principalmente de um afinamento da nossa cidadania, da nossa politização, para que as mulheres possam fazer um pouco mais de pressão, uma vez que a pressão das mulheres é extremamente importante.

A saúde não pode continuar sendo mercadoria, pois é um direito. Ficamos muito espantados ao ver que a saúde é mais privatizada no Brasil do que na França e Inglaterra, cujos povos têm um poder econômico muito maior. É preciso que vocês falem com outras mulheres, principalmente as de nível sócio-econômico mais baixo, e digam que saúde não é um favor, mas um direito.

Freqüentemente percebemos que as mulheres menos favorecidas economicamente entendem saúde como um favor. Agradecem exageradamente quando obtêm atendimento no setor público - e elas não têm que agradecer, pois é obrigação nossa dar essa assistência - e não reclamam quando não têm. Ficam nas filas esperando pacientemente.

Hoje, uma mulher que vê na televisão que ela precisa fazer uma mamografia a cada dois anos - ou a cada ano, dependendo do caso - e vai ao centro de saúde dizer que viu na televisão que o Ministério da Saúde está fazendo uma grande promoção, para realização de exames de mamografia, e que ela deseja marcar esse exame, o certo seria que a atendente do centro de saúde dissesse: “pois não, é verdade, a senhora tem 45 anos, nunca fez mamografia, então seu exame está marcado para daqui a 15 dias ou uma semana, em tal lugar e tal hora. A senhora volte aqui com o resultado para o ginecologista ver”.

Isso não acontece. Existe a realidade virtual da televisão, que é completamente desvinculada da realidade real do usuário pobre do sistema de saúde. Tenho hoje, na minha disciplina de Ginecologia, e o Dr. Alfredo pode me dar um número correto de mulheres esperando um diagnóstico histológico de câncer para serem operadas.

 

O SR. ALFREDO DE BARROS - Não sei ao certo, mas é por volta de cem. A nossa fila para cirurgias é para cinco meses depois do diagnóstico.

 

O SR. JOSÉ ARISTODEMO PINOTTI - De mulheres com diagnóstico histológico de câncer mamário, esperando meses para serem operadas. Não podemos mais aceitar essa fratura entre uma realidade virtual que existe na televisão, nas propagandas, nos jornais, nos grandes veículos da mídia e uma realidade concreta, do sofrimento das mulheres trabalhadoras de São Paulo. É contra isso que eu tenho lutado. Freqüentemente conseguimos fazer boas coisas, mas é preciso que as coisas se mantenham e se multipliquem. Tenho certeza de que as senhoras que estão aqui vão colaborar muito, aliás, já estão colaborando muito, mas nenhuma ONG, nenhum terceiro setor tem obrigação de substituir a ação do Governo na assistência médica. É o Governo que cobra imposto, e os impostos são pagos, são caros e abundantes, e devem reverter ao objetivo final dele, que é oferecer saúde gratuita, boa e humana à população, particularmente a carente.

Muito obrigado. Parabéns a todos. (Palmas).

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Quero agradecer ao Dr. Pinotti e dizer que realmente o Governo tem que estar à frente de tudo isso. Está na hora de o senhor retornar a Brasília, candidato que é, para nos representar como Deputado Federal e nos ajudar, além do que já nos ajuda, na área política. Contamos com o seu retorno para lá, que é onde o Sr. deve ficar, com certeza.

Solicito ao Dr. Pinotti e ao Dr. Alfredo para descerem até o plenário onde faremos a entrega dos certificados às nossas formandas do Curso de Voluntariado.

Gostaria de comunicar que o grupo de apoio Viva Melhor, de Santo André, convida a todos a participarem da campanha de prevenção ao câncer de mama, no período de 13 a 19 de maio. Elas estarão em vários pontos da cidade e encerrarão as atividades com uma grande caminhada. Elas pedem a colaboração das companheiras de São Paulo para realizar esse evento. O telefone para contato é 4426-8597.

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Agradecemos a presença do Dr. Alfredo, da Lourdinha e do Dr. Pinotti.

Procederemos à entrega dos diplomas: Ilma Costa de Freitas, Marlene Aparecida Ribeiro, Raísa Denkoff de Almeida, Andréa dos Santos Fernandes, Maria do Carmo Pereira, Rosana Gimenes Perriconi, Cristiane Tabar, Maria Eugênia Querina Lopes, Rui José de Campos Pantano, Consuelo Gimenes Pascoal, Maria de Fátima Perisson, Rute Furtado Castraveli, Elda Cristianse de Francesco, Maria de Souza Nogueira, Rute Furtado Castraveli, Eliana Arlindo Ferreira, Maria de Fátima Sousa Nogueira, Rute Lopes, Eliana Lima, Maria Elisa Passos Maia, Rute Rodrigues da Silva, Fátima Anita dos Santos, Sandra Maria Margucci de Campos, Fátima Aparecida Lazzarini, Maria de Lurdes Umber, Sandra Sayão Jafet, Francisco de Chagas Davi, Maria Lusinete Batista, Gladys Fraira, Silvia Carramaschi, Silvia Zulmara Reitkir, Maria Salete Gomes Campos, Yeda Karam Araújo Viana, Júlia Aparecida da Silva, Marli de Sousa Barbosa, Fátima Simões Scolari, Maria Magali Arayun, Selma Maria Cortês Cardoso, Julia Aparecida da Silva, Marli Wassato, Susana Padovan, Lair Yun Dias, Neusa Maria Garcia, Viviane Morutzi, Sueli Teresinha Bigato da Silva, Neusa Maria Garcia, Leda Mendonça de Amaral, Neusa Tolói Lacava, Vera Lúcia Bueno de Aguiar, Vilma Teresa Bregardi, Vilma Stigal Tomasso, Maria Luiza Passos Máia.

Mais uma vez agradecemos a todos, a presença do Dr. Pinotti, do Dr. Alfredo, da Lurdinha pela entrega dos diplomas.

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Uma salva de palmas para as formandas, que gostariam de fazer uma homenagem ao Dr. Pinotti, por intermédio da Maria de Fátima, da Associação de Combate ao Câncer de Barretos.

 

O SR. DR. JOSÉ ARISTODEMO PINOTTI - “Nós, voluntárias do Hospital do Câncer de Barretos, participantes do 3º Curso de Capacitação em câncer de mama, embebidas nas verdades de sua insígnia e sabedoria, somos testemunhas de que quem ama faz acontecer.” Muito obrigado. (Palmas).

Gostaria de dar aqui o meu testemunho ao Hospital de Câncer de Barretos. Ele é fruto de algumas pessoas que se dedicaram e conseguiram fazer há muitos anos, no interior do Estado de São Paulo, um hospital de câncer de primeiríssima linha. Freqüentemente o Hospital do Câncer de Barretos passou por crises, muitas vezes tentaram fechá-lo, mas a comunidade de Barretos, os médicos - o Dr. Prado e outros, as voluntárias - resistiram bravamente.

Eu me orgulho também de quando fui Secretário de Saúde de São Paulo colaborei bastante, de uma maneira até muito justa, com o Hospital de Câncer de Barretos. Precisamos descentralizar o atendimento do câncer, na medida em que isso for possível, para que as mulheres tenham cada vez mais perto de suas cidades um atendimento adequado. O Hospital de Câncer de Barretos tem condição de atender câncer de mama da mesma forma que nós temos condição no Hospital de Câncer em Campinas.

É um exemplo a ser seguido, e fico muito honrado com esta homenagem. Muito obrigado.

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Teremos em seguida uma homenagem das voluntárias à Lourdinha, Presidente da Unaccam. (Palmas).

 

A SRA. LOURDES BORGES - Agradeço a Barretos e demais cidades participantes. Quero aproveitar a oportunidade para me colocar à disposição dos grupos do interior onde ficou faltando a minha palestra. Eu me comprometo a ir no final de semana - basta marcarmos - a fazer a palestra lá na sua cidade. Essa palestra me emociona muito, quero fazer, faço questão de fazer, porque mexe demais com todas nós, mulheres, e principalmente com os casais que sofrem com o câncer de mama. Muito obrigada. (Palmas).

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Quero registrar aqui a presença do Deputado Jorge Caruso, líder do PMDB.

Ouviremos agora apresentação do Coral do Centro Universitário Adventista, sob a regência do Maestro Fernando Campos.

 

* * *

 

-              É entoada a canção. (Palmas.)

 

* * *

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Tem a palavra a Senhora Lourdes Borges, Presidente da Unaccam-Liberdade.

 

A SRA. LOURDES BORGES - Bom dia a todos. Para os que não me conhecem, sou uma sobrevivente de câncer. Fui convidada para dar um depoimento, em poucos minutos. Falar pouco, para algumas pessoas é difícil. Para mim, é quase impossível. Escolhi então parte de um trabalho que vem sendo realizado no nosso grupo.

Certa noite reuni amigos queridos em minha casa, para apresentar um namorado. Primeiro, preciso explicar que sou viúva, tenho dois filhos aborrecentes, uma bagagem de vida razoável e uma enorme vontade de viver.

Lá estava eu, feliz como uma adolescente, apresentando uma pessoa muito especial, que, assim que soube de nossos trabalhos, colocou-se à nossa disposição para falar como companheiro de mulher mastectomizada. Mastectomizada é uma palavra difícil.

Acho que aqui todos sabem que a mama é o símbolo da sensualidade feminina. Quando um homem, seja qual for o motivo, perde a sua capacidade sexual, não tem mais vontade de nada, sente-se no total vazio. Com a mulher é a mesma coisa, com o agravante de que não existe Viagra que possa ajudá-la.

Se a mulher não tem mama, é pior ainda. Ela pode até estar ali, com a mesma vontade de antes, mas sem coragem de tirar a roupa. Eu costumo dizer, em nossas palestras, que se uma mulher estiver sozinha, nua num quarto, e alguém abre a porta de repente, ela cobre os seios. E se ela não tiver um braço, uma perna, ela vai continuar cobrindo os seios. Isso explica bem a importância da mama para a mulher.

É aí que entra nosso trabalho, como voluntários. Não é só fazer reuniões de apoio, é também conhecer todos os aspectos da doença, para poder ajudar efetivamente. O curso de capacitação faz isso notavelmente. Os brilhantes professores abordam noções gerais dos aspectos físicos, sociais e emocionais que envolvem a paciente. Todos os itens estão entrelaçados.

Voltando à minha história, reuni os amigos, apresentei o namorado e falei do livro que escrevi e não sabia como arranjar um patrocínio para concretizar o meu sonho. Eu tinha um livro pronto, com índice cuidadosamente trabalhado e precisava de ajuda, muita ajuda. Para minha surpresa, disseram que todos os dias dezenas de mulheres escrevem sobre o câncer mamário e que eu tinha que ter muita paciência para esperar que alguém se interessasse em editar aquele trabalho.

Acontece que quem é sobrevivente de câncer não quer esperar e não pode esperar. Hoje eu sei que na verdade a minha história não tem a menor importância. As páginas escritas com muitas lágrimas também já não têm importância, porque, segundo os meus amigos, muitas pessoas já escreveram sobre isso. Ninguém quer saber de câncer.

Ainda hoje algumas pessoas dizem: “ela tem aquela doença”. É o estigma. Algumas pessoas só vão acordar no dia em que o problema bater à sua porta. Na verdade, só o vizinho é assaltado. Só o vizinho sofre acidente. Só o vizinho tem câncer.

Se naquele sonho - do livro - eu retirasse todas as letras, restaria ainda o mais importante: as linhas, as cores, as imagens, a emoção. Temos aqui - na mão da Graciela - uma mulher que perdeu a mama. Ela tem uma cicatriz no corpo e na alma. É uma imagem forte, que ninguém gostaria de levar para casa, nem foi feita com esse objetivo. Com certeza é uma imagem para ser mostrada nas escolas públicas para ensinar como se proteger do câncer. Sabemos que meninas de 13 anos já estão com câncer de mama.

É preciso ensinar a mulher a conhecer melhor o seu corpo, a não ter vergonha de se apalpar, saber o dia certo para o auto-exame. Não adianta você chegar para uma senhorinha já na melhor idade, lá no grupo de apoio, e dizer: “a senhora tem se apalpado?” Precisamos ensinar aos jovens, mesmo aos meninos, que temos um computador maravilhoso que é o nosso corpo e que precisamos cuidar dele com muita atenção e carinho.

Certa vez fizemos uma exposição dentro de um hospital com 49 telas. Nessa época eu estava fazendo quimioterapia e não podia ficar o tempo todo atendendo as pessoas. Nós então deixamos um livro de visitas, na saída, onde nós receberíamos algum recado ou nome de quem que estaria nos prestigiando. As enfermeiras se revezavam para me contar a reação das pessoas diante das imagens..

Entrou um senhor, advogado, 50 anos. Deixou as seguintes palavras no nosso livro: “Lourdinha, seus quadros são de muito mau gosto. Vai ter coragem assim lá adiante”. Uma senhora que entrou em seguida leu o recado dele e escreveu embaixo: “Esse Dr. Antonio deve ser igual ao meu ex-marido, que me abandonou quando fiquei sem a mama. Só que o meu marido não tem diploma, é cortador de cana. A minha filha quer levá-lo ao psicólogo, mas ele diz que não é louco. Quem sabe um dia ele volta. Eu sei que você me entende.”

As palavras dessa senhora mostram a dificuldade que a mulher encontra para retornar ao seu dia-a-dia. E o homem também sofre, sofre até mais, porque não recebe nenhuma ajuda psicológica. Ele leva a esposa para fazer tratamento, mas ele também está perdido. Nesse momento, uma paciente que está bem pode até ajudar psicologicamente, porque ela é a prova viva de que o tratamento dá certo. Mas sabemos que não é fácil. Sabemos que os hospitais estão no limite, que os médicos não têm todo o tempo disponível, de que a mulher precisa.

Na verdade, eles estão precisando de voluntárias capacitadas para ajudá-los. Agora os hospitais já podem contar com as voluntárias. É preciso divulgar o curso de capacitação no meio médico, para que se conheça um trabalho sério, coeso, feito com base científica e que não pode ser feito à parte, mas somando-se esforços, para o bem-estar das pacientes.

Como arte-educadora que sou, meu depoimento continuará através do pincel e das cores. Vou incomodar, sim. É o meu grito de alerta. Vocês também estão vendo outras telas, de uma coleção com flores no lugar da cicatriz. Essas flores representam não só a reconstrução da mama, mas principalmente a reconstrução da vida. Elas estarão sempre juntas para lembrar que é possível recomeçar. Recomeçar com a força de todos nós fica mais fácil. Precisamos de todas as autoridades: da saúde, da política, da mídia, da educação, do lar. Precisamos também daquela autoridade que está dentro de todos nós, da experiência de vida.

Hoje temos aqui uma experiência e tanto. O dia de hoje é uma aula para todos nós, um exemplo não só para pacientes ou ex-pacientes, mas também aos seus maridos, filhos, parentes, amigos, vizinhos, compassivos, enfim, a todos os mortais.

Muito obrigada. (Palmas).

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Chegou a hora de prestarmos algumas homenagens. Todas vocês são homenageadas, mas nós elencamos algumas pessoas que, representando-as, vão receber essas homenagens. Dia 15 é o Dia do Assistente Social. Quero convidar a Isabel, assistente social do Hospital do Câncer, para receber uma homenagem em nome de todas as assistentes sociais. (Palmas).

Quero chamar também a nossa querida Tininha. (Palmas).

A homenagem que vou fazer agora representa o trabalho de todas vocês, para um vencedora, como tantas que aqui estão. Uma pessoa que enfrentou e está enfrentando o câncer, e vai sair vitoriosa. É o nosso exemplo hoje: Marlene. (Palmas). Que Deus te abençoe, te dê muita luz. Sabemos que você estará rapidamente se engajando com as nossas voluntárias, sendo mais uma vitoriosa no combate ao câncer. Parabéns. (Palmas).

Vamos entregar as flores para a Coordenadora do Coral Juvenil do Centro Adventista, dona Rute Costa, com as nossas homenagens e agradecimentos. (Palmas).

Passo a palavra ao Sr. Dr. José Antonio Marques, da Ginecologia e Obstetrícia, representante do Secretário do Estado, Dr. José da Silva Guedes.

 

O SR. JOSÉ ANTONIO MARQUES - Gostaria de agradecer primeiramente ao Dr. Walter Feldman, pelo convite, e também parabenizar novamente a Delegada Rose - no ano passado não pude estar aqui, mas participei da primeira reunião, por essa cruzada, essa luta incessante contra o câncer, doença que mais mata as mulheres no Brasil.

Quando falamos de prevenção, de mamógrafos, a realidade que temos em São Paulo não é boa. No Amapá existe um mamógrafo do SUS. Nos mais de 400 municípios do interior da Bahia não existe um só mamógrafo do SUS, nem para o diagnóstico da lesão palpada, quanto mais quando se fala em detecção precoce, o que implica não só no exame que as mulheres têm que fazer, mas em um exame de mamografia.

Esse voluntariado, isso que vocês fazem é uma coisa muito importante. Quando fazemos a detecção precoce, a mulher tem chances de se curar, de não morrer dessa doença. No ano de 2000, a Secretaria da Saúde, junto com a Fundação Oncocentro e o Hospital Pérola Byington, testou e implantou o registro hospitalar do câncer, ou seja, um registro de todos os cânceres do Estado de São Paulo. São feitos registros principalmente dos centros de alta complexidade em oncologia, chamados Cacons e todos dos hospitais que atendem o câncer, inclusive os de mama.

Quando nós confrontamos o número que deveria ser o de câncer de mama no Estado de São Paulo em um ano - que o Instituto Nacional do Câncer calcula, com base no número de mulheres que existem, por faixa etária - com o número dos registros hospitalares, constatamos que estão faltando quase duas mil mulheres. Isso significa que existem duas mil mulheres por ano em que o câncer de mama não é detectado. Por isso é importante o esforço de todos, não só do Governo do Estado, das Universidades, dos professores e principalmente das mulheres.

No ano passado nós treinamos 1.500 auxiliares e enfermeiras para fazerem apalpação de mama e ensinarem nos postos de saúde como fazer o auto-exame. Isso não é suficiente. Esse trabalho que vocês estão fazendo e que a delegada Rose toca para a frente, faz campanha e propaganda, é muito importante. Temos que reproduzir isso.

Vi a prova que vocês fizeram no término do curso e posso afirmar que muito médico especialista não passa nessa prova que vocês fizeram. (Palmas.) Vocês realmente têm que levar esse trabalho para a frente. Vocês devem cobrar as autoridades, os exames, os diagnósticos, pois todo governo democrático funciona desse jeito: o povo cobrando onde o imposto tem que ser aplicado.

Parabéns a todos. Eu, como atual Diretor do Hospital Pérola Byington, que o Prof. Pinotti fundou há mais de dez anos, procurando levar esse trabalho no mesmo nível como ele sempre foi, quero colocar o Hospital à disposição de vocês, da Delegada Rose, para a abertura que podemos dar.

Muito obrigado. (Palmas).

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Agradecemos a todas as autoridades presentes, por todo esse trabalho maravilhoso que o Dr. Pinotti faz no curso de capacitação, a todas vocês que quiseram estar nesse curso. Vocês resolveram doar o seu tempo - não o de sobra, mas o retirado das suas coisas importantes, pois ser voluntário é importante - para estarem nesse curso, para ajudar outras pessoas.

Agradecemos a cada uma das pessoas aqui presentes, por estarem aqui conosco neste momento. Agradecemos muito ao nosso Dr. José Antonio Marques. Quem esteve aqui no ano passado pode se lembrar de que eu fiz severas críticas porque a Secretaria da Saúde não tinha sequer mandado um representante. Hoje ele chegou e já falou: “Olha aqui, Delegada, eu recebi a informação depois do evento. ” Eu já o perdoei porque ele está aqui este ano. Temos que reclamar e temos que ter alguém para ouvir, para levar a alguém de direito. Já tivemos até o Hospital que foi colocado à nossa disposição. Muito obrigada pela sua presença.

Estamos no terceiro ano desta sessão solene. Vocês não sabem das vitórias que já conseguimos. Vários Vereadores, inclusive o de Sarapuí, aqui presente, estão levando a cópia de nosso projeto para instituir nas cidades deles o Dia Municipal da Prevenção e Combate ao câncer de mama. Vários vereadores, em vários municípios, já apresentaram esse projeto, já foi sancionado pelo prefeito da cidade e já se tornou lei. Temos, portanto, em vários municípios do Estado de São Paulo o Dia Municipal da Prevenção do câncer de mama. É uma vitória nossa. Precisamos expandir a nossa rede, trazer mais e mais pessoas para se juntarem a nós nesse trabalho, porque, pelos dados apresentados hoje aqui pelos nossos palestrantes há um número enorme de mulheres ainda desinformadas, que ainda morrem justamente pela falta de prevenção do câncer de mama. Nós podemos ajudar essas pessoas e fazer que menos mulheres venham a morrer, dando apoio moral e solidariedade, principalmente entre nós, mulheres. É aquela palavra que nós sabemos dar para aquela companheira que está passando por um momento de dificuldade. Só nós, mulheres, sabemos fazer isso, porque como mulheres sabemos como a companheira está sentindo. Sempre conhecemos a palavra que vai chegar no coração dela e vai animá-la, fazer entender que o câncer de mama tem cura, que ela vai ultrapassar todas as dificuldades, e em conjunto com a família dela e todos nós ela vai superar esse momento. Isso só nós sabemos dizer e fazer. Por isso fico muito feliz a cada ano, quando nos reunimos aqui na Assembléia, que é a casa do povo, de todos nós, e damos certificados para mais um grupo de voluntárias que vão se unir àquelas já existentes nesse trabalho de formiguinha que todas nós estamos fazendo.

Parabéns a todas vocês. Que Deus abençoe a cada uma, que ilumine e coloque na boca de cada uma as palavras necessárias para ajudar as pessoas com as quais vocês vão conviver. Que vocês possam dar a elas apoio e solidariedade. Que Deus nos ajude e nos ilumine a todos. Nós sabemos das dificuldades que todos temos, mas de dentro dessas dificuldades nós encontramos forças para superar, vencer todos os obstáculos e chegarmos à vitória.

A Maria do Carmo me pediu que fizesse uma leitura de um texto que com certeza vai coroar a nossa sessão:

“Método Infalível - Aproxime-se mais. Tente sentir do que um abraço é capaz. Quando bem apertado, ele ampara tristezas, sustenta lágrimas, combate incertezas, põe a nostalgia de lado. E é até capaz de amenizar o medo, se for cheio de ternura. Ele guarda segredos e jura cumplicidade. Um abraço amigo de verdade divide alegrias e se apraz em comemorações. Abraços são pequenas orações de fé, de força e de energia. Olhe para o lado. Há sempre alguém que quer ser abraçado e não tem coragem de dizer. Enlace-o. O pior que pode acontecer é ganhar de volta um sorriso de carinho ou, quem sabe, uma palavra sincera. Você vai descobrir que ninguém está sozinho e que a vida pode ser um eterno céu de primavera. Olhe do lado. Com certeza tem alguém que vai gostar de receber um abraço. Que tal nós nos abraçarmos?”

(Palmas).

Ouviremos agora mais uma apresentação do Coral.

 

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-              É entoado número musical.

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade.

Está encerrada a sessão.

 

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-         Encerra-se a sessão às 12 horas e 45 minutos.

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