1 |
19ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO DO “DIA ESTADUAL DE PREVENÇÃO AO CÂNCER DE MAMA”
DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA
Data: 10/05/2004 - Sessão 19ª S. SOLENE Publ. DOE:
Presidente: ROSMARY CORRÊA
COMEMORAÇÃO DO "DIA ESTADUAL DE PREVENÇÃO AO CÂNCER DE MAMA"
001 - ROSMARY CORRÊA
Assume a Presidência e abre
a sessão. Anuncia e saúda as autoridades presentes. Informa que esta sessão
solene foi convocada pela Presidência efetiva, a pedido da Deputada ora na
condução dos trabalhos, com a finalidade de comemorar o "Dia Estadual de
Prevenção do Câncer de Mama". Convida a todos para, de pé, ouvirem a
execução do Hino Nacional.
002 - OSWALDO YOSHIMI TANAKA
Secretário-Adjunto da
Secretaria da Saúde, representando o Secretário Estadual de Saúde, Luiz Roberto
Barradas Barata, reafirma o compromisso da Secretaria da saúde com a prevenção
deste mal. Destaca a importância do exame de mamografia e do auto-exame de
mama.
003 - LUCILENE TOLEDO DO AMARAL FERREIRA
Relata sua experiência com a
doença e com os direitos do doente, lamentando a desinformação da sociedade.
004 - Presidente ROSMARY CORRÊA
Anuncia a execução de número
musical.
005 - GULNAR AZEVEDO SILVA
Coordenadora de Prevenção e
Vigilância do Instituto Nacional do Câncer Inca, representando o Dr. José Gomes
Temporão, Diretor Geral, fala das ações do instituto na prevenção do câncer,
principalmente para garantir o atendimento às pacientes do SUS.
006 - TALLULAH KOBAYASHI A. DE CARVALHO
Representante de Luiz Flávio
Borges D'Urso, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção São Paulo,
anuncia que a OAB está à disposição para fazer valer eventuais direitos de
pacientes com câncer.
007 - MARIA NAZARÉ BRAGA MARQUES
Faz depoimento sobre sua
luta contra o câncer e para garantir seu atendimento médico. Pede mais carinho
por parte dos atendentes de saúde para com os pacientes com câncer.
008 - MARIA WALNEIDE RIBEIRO ROMANO
Secretária do GAP, grupo de
Apoio a Pacientes com Câncer de Mama de Presidente Prudente, dá testemunho de
sua luta contra o câncer. Discorre sobre os objetivos do GAP, que é mantido por
trabalho voluntário. Pede mais
equipamentos de prevenção e tratamento mais rápido para pacientes de
câncer.
009 - Presidente ROSMARY CORRÊA
Conduz a entrega de
homenagens.
010 - GILZE COSTA FRANCISCO
Presidente do Instituto
Neo-Mama, apela para que sejam fornecidos às pacientes do SUS todos os
medicamentos necessários para o tratamento, bem como para o cumprimento dos
direitos legais previstos. Faz apresentação da sacola porta-dreno, de sua
invenção.
011 - Presidente ROSMARY CORRÊA
Anuncia a execução de número
musical. Conduz a entrega dos diplomas de formatura das voluntárias do Hospital
do Câncer.
012 - ELDA CANTISANI DE FRANCESCO
Psicopedagoga da Unaccam,
União e Apoio no Combate ao Câncer de Mama, paraninfa das formandas do Hospital
do Câncer, fala sobre planos de expandir a prevenção ao câncer de mama.
013 - PAULA OLIMPO COSTA
Em nome das formandas,
elogia e agradece o trabalho desenvolvido pela Unaccam.
014 - MARIANE PINOTTI
Diretora de Mastologia do
Hospital Pérola Byington, fala da importância do trabalho dos voluntários,
especialmente para humanização do tratamento a casos de câncer. Destaca a
importância para a saúde da mulher do Hospital Pérola Byington. Discorre sobre
a prevenção ao câncer de mama.
015 - ERMANTINA RAMOS
Presidente da Unaccam -
União e Apoio no Combate ao Câncer de Mama, entrega troféu em agradecimento ao
trabalho da Deputada Rosmary Corrêa.
016 - Presidente ROSMARY CORRÊA
Agradece a homenagem. Passa à entrega de flores às homenageadas, de quem elogia o trabalho. Cobra melhorias no atendimento a pacientes com câncer e em sua prevenção. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.
* * *
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
* * *
- É dada como lida a Ata da sessão anterior.
* * *
O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS -
CARLOS TAKAHASHI - Senhoras e Senhores, muito bom-dia. Sejam todos bem-vindos à Assembléia
Legislativa do Estado de São Paulo. Neste momento vamos iniciar neste momento a
sessão solene em comemoração ao Dia Estadual de Prevenção ao Câncer de Mama.
Inicialmente faremos a composição das cadeiras laterais, que são uma extensão
da Mesa Diretora dos nossos trabalhos.
Primeiramente,
convidamos a Dra. Tallulah Kobayashi A. de Carvalho, Diretora da OAB, neste ato
representando o seu Presidente, Dr. Luiz Flávio D’Urso; Dra. Vânia Soares de
Azevedo Tardelli, Diretora do Hospital Pérola Byington; Dra. Elda Cantisani Di
Francesco, Psicopedagoga da Uniccam - União Nacional de Apoio ao Combate do
Câncer de Mama; Dra. Maria Walneide Ribeiro Romano, representando o GAP - Grupo
de Apoio às Mulheres Mastectomizadas; Dra. Neusa Toloi Lacava, Presidente da
Rede Feminina de Combate ao Câncer, de São Caetano do Sul; S. Exa. o Sr.
Vereador à Câmara Municipal de Jundiaí, Antonio Carlos Pereira Neto; Dr. Carlos
Tiago Borghi Reboredo, mantenedor do Colégio Maria Nazareth; Dra. Maria Irene
Mangini, Presidente da Associação do Voluntariado do Hospital do Mandaqui; Dra.
Terezinha Pontes Cipriano, Presidente da Associação Viva Melhor, Grupo de Apoio
de Auto-Ajuda às Mulheres Mastectomizadas; Dra. Marta Junqueira Netto,
Presidente da Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais de São Paulo;
Dra. Efigênia Chamma, neste ato representando a Associação Comercial de São
Paulo, distrital Santana; Exma. Sra. Reinalma Montalvão,Vereadora à Câmara
Municipal de Caçapava; Sra. Carmem Sylvia Lacerda, Vice-presidente da
Associação Paulista de Combate ao Câncer e coordenadora do Núcleo “Volta à
Vida”. (Palmas.)
Neste
momento, faremos a composição da Mesa que irá presidir esta sessão solene.
Inicialmente convidamos S. Exa. a Deputada Estadual Rosmary Corrêa.; o Exmo.
Sr. Oswaldo Yoshimi Tanaka, Secretário-Adjunto da Secretaria de Estado da
Saúde; Dra. Ermantina Ramos, Presidente da União e Apoio no Combate ao Câncer
de Mama - Unaccam; Dra. Gulnar Azevedo Silva, Coordenadora de Prevenção e
Vigilância do Inca, neste ato representando o seu Presidente, Dr. José Gomes
Temporão; Dra. Mariane Pinotti, Diretora de Mastologia do Hospital Pérola
Byington, neste ato representando S. Exa. o Deputado Federal José Aristodemo
Pinotti (Palmas.).
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY
CORRÊA - PSDB - Senhoras e senhores, amigos e amigas aqui presentes, esta sessão solene
foi convocada pelo Presidente desta Casa, por solicitação desta Deputada, para
que pudéssemos fazer a nossa comemoração do Dia Estadual da Prevenção do Câncer
de Mama.
Como
já vimos fazendo há alguns anos, graças a Deus, a cada ano, mais pessoas estão
conosco e mais pessoas estão encontrando a ajuda necessária; cada vez está
havendo mais diplomadas da nossa querida Unaccam e do nosso Hospital das
Clínicas, da parte do Dr. José Aristodemo Pinotti.
Convido,
neste momento, a todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional
Brasil Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São
Paulo.
* * *
-
É executado o Hino Nacional Brasileiro.
* * *
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY
CORRÊA - PSDB - Esta Presidência agradece ao primeiro-sargento Levi, maestro da Banda
da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Muito obrigada pela presença e pela
ajuda de todos os senhores.
Queria
cumprimentar as autoridades presentes: Dr. Oswaldo Yoshimi Tanaka,
Secretário-Adjunto da Secretaria da Saúde. Estava confirmada a presença do
nosso Secretário da Saúde, Dr. Barradas, para estar conosco hoje, como já o fez
no ano passado, mas as senhoras e os senhores devem estar acompanhando o
problema da greve na Saúde. Infelizmente o Secretário ficou impossibilitado de
sair porque está conversando com os sindicatos e associações da área da Saúde
para tentar resolver esse problema bastante sério. Motivo justo para que não
tenha vindo nos prestigiar nesta sessão solene, mas nos encaminhou o seu
secretário-adjunto, Dr. Tanaka, que tenho certeza irá muito bem representá-lo.
Quem
não conhece a Dra. Ermantina Ramos? Se eu disser Ermantina, na realidade
ninguém vai conhecer; mas seu eu disser esta é a Tininha, nossa querida
batalhadora da Unaccam, a nossa presidente da União e Apoio no Combate ao
Câncer de Mama, todos, sem dúvida sabem quem é. É a grande mentora intelectual,
a grande batalhadora na luta das mulheres que têm problema de câncer; é uma
mulher que dá força, que batalha, uma mulher que está sempre à frente de tudo.
Então, quebrando nosso protocolo, que déssemos uma grande salva de palmas para
essa grande batalhadora. (Palmas.)
Ela
merece. Vocês não imaginam o quanto a Tininha se desdobra, corre no sentido de
fazer esse trabalho tão maravilhoso. Dra. Gulnar Azevedo Silva, coordenadora de
Prevenção e Vigilância do Inca. Neste momento ela representa o Dr. José Gomes
Temporão, Diretor-Geral do Instituto Nacional do Câncer - Inca. Nossa Dra.
Mariane Pinotti, Diretora de Mastologia do Hospital Pérola Byington,
representando, neste ato, o seu pai, nosso Deputado Federal Dr. José Aristodemo
Pinotti. Dra. Tallulah Kobayashi de Carvalho, Diretora da Ordem dos Advogados
do Brasil em São Paulo. Neste ato representa o seu Presidente Dr. Luiz Flávio
Borges D’Urso, Presidente da OAB, e também Conselheiro da Unaccam. Nossa
querida Dra. Vânia Soares de Azevedo Tardelli, Diretora do Hospital Pérola
Byington, esposa do nosso amigo Dr. Tadeu Tardelli. Dona Elda Cantisani di
Francesco, psicóloga, psicopedagoga, que também pertence à Uniccam. Maria
Walneide Ribeiro Romano, representante do GAP - Grupo de Apoio às Mulheres
Mastectomizadas; Neuza Toloi Lacana, presidente da Rede Feminina de Combate ao
Câncer, de São Caetano do Sul, que tem um trabalho muito ativo nessa área.
Quero agradecer e cumprimentar a Neuza por todo o trabalho que realiza lá em
São Caetano. Sr. Antonio Carlos Pereira Neto, Vereador da Câmara Municipal de
Jundiaí; Dr. Carlos Tiago Borghi Reboredo, mantenedor do Colégio Maria Nazaré;
minha amiga Maria Irene Mangini, presidente da Associação de Voluntariado do
Hospital do Mandaqui; Terezinha Pontes Cipriano, presidente da Associação Viver
Melhor, grupo de apoio e ajuda às mulheres mastectomizadas.
Quero
dizer que aqui que a Terezinha está numa cruzada, porque, acho que vocês sabem
que a Secretaria de Transportes e a Secretaria da Saúde tinham um convênio que
facilitava, tinha uma condução grátis para as mulheres portadoras de câncer de
mama e que estavam fazendo tratamento. Esse convênio de repente desapareceu.
Todas as pessoas que tinham algum tipo de deficiência, algum tipo de doença e
eram atendidas por esse convênio começaram a pagar a sua condução de novo. A
Terezinha está na batalha e até já me procurou algumas vezes. Já conversei com
o Dr. Barradas, que foi extremamente sensível ao problema.
Agora
estou fazendo contato com o Secretário de Transportes, Dr. Jurandir, para que
pelo menos possamos dar uma revisada nisso. Como eles próprios nos falaram,
existiam alguns abusos. Porém, não se pode coibir os abusos prejudicando uma
grande parcela de pessoas que realmente necessitam. A Terezinha está encampando
essa luta, está brigando por isso e estamos junto com ela. Esperamos que
brevemente possamos ter uma reunião com os dois secretários para tentar
verificar o que podemos fazer com referência a isso.
Seja
muito bem-vinda Marta Junqueira Netto, Presidente da Associação de Mulheres de
Negócios e Profissionais de São Paulo; minha querida Efigênia Chamma, que neste
ato representa a Associação Comercial Distrital Santana; minha querida
Vereadora Reinalma Montalvão,Vereadora atuante da Câmara Municipal de Caçapava;
Irene Araújo de Camargo Pires Fumach, Vereadora da Câmara Municipal de Itatiba;
Maria José Franco Penteado Corradini, presidente da Rede de Voluntárias de
Combate ao Câncer, de Itatiba. A Irene e a Maria José nunca faltaram nas nossas
sessões.
Emília
Fino Costa, que representa o Neo-Mama, de Santos. Aliás, esta semana inteira
está havendo eventos na cidade de Santos. É uma coisa muito bonita e eu quero
parabenizar a Emília e que leve o meu abraço a todos os participantes da
“Neo-Mama”, pelo trabalho maravilhoso que estão fazendo e pela semana que estão
organizando.
Quero
aqui cumprimentar também a querida Profa. Melissa, da Unip, através dos alunos
do 1º ano de Enfermagem que também estão aqui hoje abrilhantando a nossa Sessão
Solene. A presença de vocês aqui é muito importante para nós.
Acabei
me estendendo nas apresentações, pois existem apresentações protocolares em que
o Cerimonial me entrega papeizinhos e vou lendo o nome de todo mundo. Mas o
importante da nossa Sessão Solene é que ao ler os nomes das pessoas sabemos o
que cada uma delas faz. Sabemos o trabalho que realizam, sabemos quem são. Não
estamos pura e simplesmente anunciando nomes de autoridades em uma Sessão
Solene, estamos falando de pessoas que têm um valor extraordinário pela sua
luta, pelo seu trabalho, por tudo aquilo que elas fazem, por esse trabalho
maravilhoso e diuturno no combate ao câncer de mama. Por isso isto aqui não é
simplesmente uma relação de autoridades dada pelo Cerimonial, mas sim um rol de
amigos batalhadores e companheiros que persistem numa luta que muitas vezes faz
com que as pessoas se sintam até um pouco desestimuladas. Mas quando acabamos
encontrando tantas pessoas maravilhosas que vão se juntando isso faz com que a
energia volte e as pessoas continuem a lutar.
Quebrando
novamente o protocolo, concedo primeiramente a palavra ao Dr. Oswaldo Yoshimi
Tanaka, Secretário-Adjunto da Secretaria da Saúde, tendo em vista que ele vai
precisar se retirar para estar na Secretaria da Saúde trabalhando para que o
mais rapidamente possível essa greve termine e para que a nossa população do
Estado de São Paulo, que precisa tanto do atendimento médico, não seja
prejudicada.
O SR. OSWALDO YOSHIMI TANAKA
- Obrigado,
nobre Deputada Rosmary, sempre tão gentil. Em nome do Secretário Luiz Roberto
Barradas Barata, quero cumprimentar a todos e cumprimentar novamente a Deputada
Rosmary por essa iniciativa, pois ela vem batalhando não apenas neste dia, mas
no seu cotidiano; a Dra. Gulnar, do Inca, que tem sido nossa cabeça dentro do
sistema, tentando organizar esse sistema bastante complicado; à Tina, pela
batalha na União e à Mariane pelo exemplo que tem conseguido manter e seguido o
pai batalhador nessa área que tem um grande desafio pela frente.Gostaria aqui
de cumprimentar a todos os representantes da sociedade civil que têm contribuído
de alguma maneira substancial para esse processo que extrapola as nossas
capacidades.
Neste
momento, gostaria de trazer a palavra do Secretário reafirmando o nosso
compromisso e nossa dedicação a este problema que afeta muitas mulheres. Temos
visto que a prevalência do câncer de mama continua elevada e acho que todos os
indícios que existem não apenas no Brasil como no mundo mostram que é um
problema que tenderá a aumentar. Eu até estava trocando algumas informações
aqui com a Mariane, tendo em vista a própria condição que a mulher está
colocada hoje pela sociedade, isto é, menor número de filhos, maior necessidade
de uma vida agitada, a necessidade de se manter ativa por muito mais tempo,
exigindo reposições hormonais que aumentam o risco. Tenho dito que em saúde não
resolvemos problemas, só mudamos de problemas. O fato de tentar melhorar as
condições de vida das mulheres também tem acarretado outros riscos.
Quero
compartilhar com vocês uma preocupação nossa e que acho esta Sessão Solene
representa bem. É um problema que terá necessariamente que envolver toda a
sociedade, não só a sociedade civil organizada através dos grupos de apoio, mas
também pela possibilidade de conscientizarmos mais as mulheres a irem fazer o
exame de “screening” que é a mamografia. Várias mulheres se queixam da dor e se
queixam do incômodo do exame, mas realmente esse é o exame mais efetivo que
temos disponível e ele é extremamente importante para que possamos fazer o
diagnóstico precoce.
Acho
que a questão do auto-exame continua sendo um grande desafio, isto é, para quem
por alguma razão não tem acesso à mamografia, que pelo menos ela cuide do
auto-exame. Por mais que ela tenha condições acho que é extremamente importante
ela se apropriar de seu corpo, porque ele não será apenas examinado pelos
instrumentos, ou pelo médico. Acho que a mulher poderá assumir esse papel e
acho que caberá a nós, gestores, organizarmos o sistema para que a atenção
básica, todo aquele primeiro contato da mulher com o serviço de saúde, seja ela
com qualquer profissional, que recupere um pouco esta questão da auto-imagem,
que a mulher possa se apropriar do seu corpo e cuidar-se com o maior carinho
possível.
Competirá
a nós organizarmos o sistema que propicie a mamografia no tempo oportuno. Temos
um levantamento no Estado de São Paulo que a quantidade de mamógrafos que temos
é suficiente para fazermos os exames, mas temos ainda o problema de
distribuição e de acesso. Cremos que é possível organizar melhor esse sistema,
inclusive, com os equipamentos que temos e para isso acho que é extremamente
importante os representantes da sociedade civil nos ajudarem a colocar isso.
Estamos discutindo com as secretarias municipais que competirá a elas fazerem
essa primeira porta de entrada, tentar direcionar para que os exames de
diagnóstico precoce sejam feitos para que consigamos dar a retaguarda seja
laboratorial, ou clínica, para garantir o tratamento mais oportuno possível.
Estamos
tentando reorganizar os nossos equipamentos e o exemplo está no Hospital de
Vila Nova Cachoeirinha, chamado “Cachoeirão”, onde estamos destinando leitos
que eram da Obstetrícia para que possam fazer partos na maternidade, que é ao
lado da Prefeitura, e destinando os leitos que antes eram para a maternidade
para a ginecologia e essencialmente para câncer. Estamos agora reconfigurando
os nossos equipamentos de tal maneira que eles possam dar a integralidade
necessária para que o sistema de saúde funcione bem, isto é, façam um
diagnóstico precoce e um tratamento adequado.
Estamos
também, na área de câncer, retomando a questão dos protocolos e tentando fazer
com que os tratamentos sejam mais integrais, isto é, tanto o tratamento
cirúrgico, como a quimioterapia quanto a radioterapia sejam feitas num único
local, para que não tenhamos uma dispersão tão grande, como a que temos
observado no sistema. Acho que não é só com câncer de mama, mas sim em todas as
patologias oncológicas.
Queria
parabenizar novamente a nossa Deputada, que tem a preocupação de tornar essa
intenção numa política pública e também de envolver a sociedade civil e todos
os componentes. Acreditamos que essa iniciativa é meritória e terá todo o nosso
apoio. Esperamos contar com todos vocês neste processo, que não é só das
mulheres, mas sim de toda a sociedade brasileira, e que na verdade vem trazer,
para nosso desafio, o direito da mulher se auto-examinar e poder ter todos os
recursos necessários para fazer um diagnóstico precoce, e um tratamento
adequado.
Obrigado
a todos e espero contar com este apoio da Deputada Rosmary Corrêa e com todas
as instituições envolvidas nesta luta, que é o combate ao câncer de mama. Muito
obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY
CORRÊA - PSDB -
Queria agradecer ao Dr. Tanaka. É importante essa informação que ele nos
trouxe, e é bom que todos saibam que o Hospital da Cachoeirinha brevemente terá
um mamógrafo e teremos, então, o atendimento para as mamografias. Realmente é
importante essa distribuição. Já havíamos conversado a semana passada e na
realidade não nos faltam mamógrafos, o problema é que eles estão mal
distribuídos, e às vezes as mulheres acabam não tendo condições de serem
atendidas, não por falta do equipamento, mas sim por erro na distribuição.
Portanto, vem a calhar que essa preocupação esteja passando também pela
Secretaria da Saúde, no sentido de que possamos corrigir e procurar dar um
atendimento cada vez melhor às mulheres que necessitam desse exame.
Todos
os anos trazemos depoimentos de pessoas aqui, até para que levantem a moral
daquelas que muitas vezes estão desesperadas em função do momento em que estão
passando. Queria chamar então a Sra. Lucilene Toledo do Amaral Ferreira para
dar o seu depoimento.
A SRA. LUCILENE TOLEDO DO
AMARAL FERREIRA - Bom-dia a todos. Gostaria, primeiramente, de agradecer a
oportunidade de estar aqui nesta sessão solene e poder relatar a minha
experiência. Gostaria de falar principalmente sobre os benefícios a que têm
direito as pessoas portadoras de câncer de mama.
Há
cerca de dois anos e meio recebi o diagnóstico de câncer de mama e antes mesmo
de fazer a cirurgia de mastectomia já fiz valer um dos meus direitos, que era o
resgate do FGTS. Não somente o meu, como o de meu marido também, uma vez que eu
constava na declaração de imposto de renda dele como sua dependente. Toda
mulher tem o direito de solicitar o resgate do seu Fundo de Garantia, bem como
o do seu pai ou do seu marido, em cuja declaração ela conste.
Passada
a cirurgia, fui em busca de outros direitos como, por exemplo, aquisição do
automóvel adaptado às minhas necessidades. Um automóvel automático, com direção
hidráulica, com isenção de ICMS e IPI. A partir daí começou uma verdadeira
luta, porque percebi que existe muita desinformação neste país. Ensina o
dicionário que desinformar é informar mal ou omitir informações. Acredito que
nada mais danoso para a mulher num momento de fragilidade não ter essas
informações colocadas à sua disposição. Fui a primeira pessoa em Jundiaí a
conseguir a compra do automóvel. Não foi fácil. Foi uma luta bastante difícil.
Precisei da ajuda de um parlamentar desta Casa e de outro de Brasília.
Quando
me refiro à desinformação, não quero dizer somente da mulher com relação aos
seus direitos, mas também às vezes do órgão público onde ela vai pleitear esses
direitos. Muitas vezes os funcionários não têm esclarecimentos sobre as leis.
Tive muita dificuldade quanto à autorização da agência da Receita Federal na
minha cidade. Um processo que deveria demorar em torno de uma semana a 15 dias,
no máximo, perdurou por mais de dois meses. E só consegui isso pedindo a
interferência de Brasília.
Na
semana passada, fui em busca de outros direitos e me dirigi à agência da
Receita Federal. A referida agência funciona das 13 horas às 16 horas e 45
minutos, para atendimento ao público. Num país onde a jornada de trabalho é de
44 horas semanais, a agência da Receita Federal atende o público somente por 18
horas. Você tem que se dirigir até a agência, pedir uma senha e ficar
aguardando. Uma mulher que está passando por um tratamento de câncer tem
dificuldade quanto a isso.
Como
não me era possível estar presente naquele horário, vali-me do telefone 0300 da
Receita Federal. Após ser informada que aquela ligação seria cobrada, passei
por dois ou três atendimentos eletrônicos até ser atendida por um funcionário.
Quando solicitei informações sobre isenção de IPI para portadores de neoplasia
maligna, ele me disse que esse tipo de informação não é dada por telefone, e
que eu deveria acessar o “site” da agência da Receita Federal. Todos sabemos
que a minoria da população brasileira tem acesso a computador e à Internet.
Numa pesquisa recente com alunos, foi verificado que 75% dos alunos não tem
acesso à Internet. E aqui não estamos falando de alunos. Os alunos são pessoas
privilegiadas. Estamos falando de mulheres que não têm acesso à Internet.
Portanto,
acredito que precisamos informar sempre as pessoas em relação aos benefícios
que podem vir juntos com o diagnóstico de câncer de mama. O que se espera é que
na hora de um diagnóstico como este, em que o médico afirma que a mulher está
com câncer de mama, ela não aceite isso simplesmente como uma fatalidade ou um
desígnio divino. É simplesmente uma outra fase da nossa vida. Ela não é melhor
e nem pior, é simplesmente diferente.
E
temos que fazer valer os nossos direitos. Não podemos ficar quietas.
Precisamos, em primeiro lugar, nos unir para que possamos auxiliar as pessoas
que não possuem os mesmos esclarecimentos que temos. Como já dizia o Padre
Antônio Vieira: “Palavras sem atos são como tiros sem bala. Atroam, mas não
ferem.” E para que possamos fazer com que esses tiros firam, não no sentido
maligno, precisamos nos unir e agir. Agradeço a oportunidade de ter participado
desta sessão solene. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY
CORRÊA - PSDB -
Gostaria de agradecer a Lucilene e dizer que o problema dos direitos das
pessoas portadoras de câncer é terrível. No ano retrasado foi publicada uma
cartilha com todos os direitos das pessoas portadoras de câncer. Contudo,
tivemos muita dificuldade em encontrar essa cartilha. Nela estão relacionados
direitos que poucas pessoas imaginam poder reivindicar. É importante que depois
verifiquemos onde podemos obter um maior número dessas cartilhas, pois tenho
absoluta certeza que seremos muito procuradas para fornecê-las.
Neste
momento, gostaria de passar a palavra para a Dra. Tallulah Kobayashi A. de
Carvalho, que representa aqui a Ordem dos Advogados do Brasil, Secção São
Paulo. Ela está representando o Presidente Luiz Flávio Borges D’Urso, que é
Conselheiro da Unaccam.
A SRA. TALLULAH KOBAYASHI A. de Carvalho - Bom-dia a todos, minha
querida Deputada, nossa delegada Rosmary Corrêa, que não adianta, ela é
Vereadora, pode ser até Presidente da República , mas será sempre a nossa
delegada Rosmary que para nossa alegria foi a primeira delegada a chefiar uma
delegacia de mulher e como seu exemplo proliferou, estamos dando ajuda a
algumas mulheres necessitadas.
Cumprimento
a todos na mesa, na pessoa dessa batalhadora, a Tininha, que dizia que queria
muito me conhecer, e venho aqui em nome da OAB, Ordem dos Advogados do Brasil,
dizer duas coisas: 1 - Pessoalmente tenho uma ligação e nem sabia com esse
assunto, que eu tenho mais de quinhentas clientes, às quais não cobramos
honorários evidentemente, aliás, acho que cobrei simbolicamente um real, porque
não podemos fazer nada sem honorários, para ir defendê-las nos Estados Unidos,
naquela ação contra a Dow Chemical e implante de silicone.
Dessas
mil e 500, ou mil e 600, 89% tiveram câncer de mama, ou seja, não fizeram
prótese para embelezamento e sim por necessidade. Estamos lutando porque o
resultado disso é que as mulheres dos Estados Unidos ganharam uma indenização
enorme, as mulheres brasileiras e de todo o resto, como eles chamam, tiveram
uma indenização muito pequena, então sem querer eu já estava lutando por essas
mulheres com câncer de mama.
E
aqui sabendo dos direitos da mulher que fez a mastectomia e passou por esse
problema ou está passando, eu vou colocar a Ordem dos Advogados à disposição da
Tininha. Vamos pegar uma cartilha dessa, estudar atentamente, vamos pela Ordem
dos Advogados passar por exemplo os revendedores de automóvel toda a legislação
para eles não dizerem que desconhece. E se, por acaso, alguma portadora disso
for em algum lugar exercer o seu direito e ao for cumprido, vamos colocar...
Olha gente, a Ordem dos Advogados tem mais de duzentos mil advogados e hoje
somos maioria.
Então
essas mulheres vocês poder ter certeza que irão junto com vocês para fazer
valer os seus direitos. Quero com isso dizer que Deus nos coloca nos lugares
certos, nas horas certas para alguma coisa. E quero dizer que mais de cem mil
advogados vão estar com vocês nessa batalha e vamos fazer valer os seus
direitos; isso é importante. É palavra da Ordem dos Advogados, e palavra da
Ordem a Rosmary Corrêa conhece muito bem. Um abraço a todos vocês, o meu
cumprimento e a minha alegria de estar aqui junto e força que estaremos junto
com vocês. Muito obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY
CORRÊA - PSDB - A Ordem dos Advogados do Brasil, não poderíamos esperar outra coisa. Muito
obrigada. Com certeza, estaremos agora e principalmente as companheiras que
necessitarem dessa ajuda jurídica vamos estar agora muito mais protegidas e
orientadas. A gente quer agradecer muito. E o ano que vem nessa noutra sessão
solene, vamos vir aqui para contar os casos que foram atendidos e o que
aconteceu. Vamos estar dando a estatística, não é? É o dever de cidadania da
ordem, com certeza.
Queremos
agora fazer uma apresentação musical. Temos aqui a companheira Sarita Salomão
Abrahão. Ela tem um depoimento para dar e ao mesmo tempo ela vai nos brindar
com duas músicas que vai apresentar para gente.
Enquanto
ela está descendo aqui, quero aproveitar para agradecer a presença da Dra.
Maria Clementina de Souza, Delegada de Polícia, minha colega, que junto comigo
iniciou em 1985 o trabalho da Delegacia de Defesa da Mulher; agradecer Anita
Fernandes, escritora que foi também presidente da Funap; quero agradecer também
ao Rotary Club São Paulo Norte, na pessoa da Gelsi Ypoki e da Emília Takikawa,
a presença aqui na nossa sessão solene, agradecer vários amigos, companheiros,
pessoas que estão aqui nos prestigiando hoje na nossa sessão solene É muito bom
contar com amigos e esta sessão solene, realmente, consegue trazer amigos para
cá.
Temos
também o professor Dr. Eduardo Blanco Cardoso, que é assessor científico da
Unaccam, que está aqui presente também conosco.
* * *
-
É
entoada a canção. (Palmas.)
* * *
A SRA. SARITA SALOMÃO
ABRAHÃO - Muito obrigada. Em primeiro lugar, agradeço a oportunidade e ao convite
de estar aqui falando para vocês.
Autoridades
presentes, meus senhores e minhas senhoras, eu não vim apenas para cantar. Na
condição de portadora de câncer de mama, sobrevivi e convidada a participar
desta cerimônia estou aqui, para trazer a minha colaboração para este precioso
encontro. Vitimada por três cânceres, no período dos últimos 15 anos, emergi
vitoriosa desta triste experiência.
Hoje
exerço atividade executiva, sendo diretora financeira de um grupo de empresas,
pianista clássica e na música popular sou pesquisadora e cantora profissional.
Tenho a lhes dizer que esta dura experiência deixa em cada um de nós as mais
diversas seqüelas, quer físicas, quer psicológicas, algumas vezes superadas, na
maioria das outras marcando apelo resto de nossas vidas. Fragilizadas, buscamos
amparo em algumas legislações, que nos poderiam certamente beneficiar.
Aproveito
o ensejo da presença de autoridades para questionar e reivindicar em nome de
todas nós. Sejam efetivamente respeitadas as leis vigentes, pois seriam no
mínimo um bálsamo para aliviar as dores que somos obrigadas a suportar. Muito
obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY
CORRÊA - PSDB - A Sarita vai nos brindar com uma outra música, mas daqui só há pouco.
Gostaria
de passar a palavra agora à Dra. Gulnar Azevedo Silva, Coordenadora de
Prevenção e Vigilância do Inca, ela que representa o Dr. José Gomes Temporão,
Diretor Geral do Instituto Nacional do Câncer.
A SRA. GULNAR AZEVEDO SILVA - Gostaria de cumprimentar a todos os presentes, à Deputada Rose, que nos convidou a participar desta sessão solene, à Tininha, à Dra. Tallulah, representando a OAB, enfim, a todas as autoridades, representantes das organizações presentes e à platéia.
Para nós, do Instituto Nacional do Câncer - estou representando o Dr. Temporão, que não pôde estar presente em razão de um compromisso no Rio de Janeiro - é uma grande honra estar aqui nesta sessão solene num dia tão importante, o Dia do Controle do Câncer de Mama no Brasil.
Nós, do Ministério da Saúde, através do Instituto Nacional do Câncer e da Área Técnica da Saúde da Mulher, com o apoio da Sociedade de Mastologia, em novembro do ano passado realizamos um seminário com o objetivo de aprovarmos um representante de sociedades organizadas. Vários grupos de mulheres estiveram presentes, representantes de universidades, muitas pessoas representando serviços, tanto estaduais como municipais. Aprovamos nessa reunião em Brasília um consenso com recomendações para o controle do câncer de mama.
Vou deixar com a Deputada Rose todo esse material, que está disponível no site do Inca, “www.inca.gov.br”. Nele trazemos todas as recomendações que temos colocado e nos comprometemos, junto ao Ministério da Saúde, a considerar que isso é fundamental para diminuir esse tipo de mortalidade: o câncer é o que mais mata na população feminina brasileira. Ela é tão importante nas cidades da região Sudeste e Sul quanto nas cidades do Nordeste e Norte, na realidade é um tipo de câncer que ao mesmo tempo em que começou nas regiões mais desenvolvidas do país, já aparece em todo o território nacional.
Sei que todos aqui, mais até do que nós, conhecem a realidade dessa doença. Temos por obrigação garantir a sobrevida e, nesse sentido, fazemos a campanha: “Conhecer é possível e se conhecemos, conseguimos ter a cura como possível.” Conhecer é fundamental para isso. Não é fácil viabilizar o trabalho de todos dentro do Sistema Único de Saúde porque isso significa garantir uma ação a todas as mulheres nas faixas etárias que estamos preconizando a recomendação. Atingir essa meta não é simples. Acreditamos que até 2007 vamos poder tornar isso viável para toda a população feminina, mas o importante é saber o seguinte: dentro das recomendações que estão sendo feitas existe um trabalho de planejamento e acreditamos que até 2007 vamos poder oferecer o rastreamento para a população onde o consenso aprovou que seria a população com direito a essas ações todas.
Vou resumir basicamente o que seria isso, algo que foi aprovado por consenso, pactuado pelas diversas pessoas representando as autoridades federais, estaduais e municipais em Saúde, as organizações, a sociedade de especialidade em ginecologia, mastologia, radiologia. É importante que essa informação todas as mulheres tenham disponível.
Para a faixa etária dos 40 anos, aquelas mulheres que não têm nenhum sinal, nenhum sintoma, deve ser garantido o exame físico da apalpação das mamas por profissional treinado com periodicidade anual. O sistema de Saúde está se organizando para poder oferecer isso. Na faixa etária entre os 50 e 69 anos, além desse exame físico, a apalpação das mamas, a cada dois anos deve ser garantida uma mamografia. Isso com certeza vai fazer com que a mortalidade nos primeiros anos diminua 20%. Isso é importante se pensarmos na magnitude que é o problema do câncer de mama no País.
Para as mulheres de risco e aí, sim, a atenção tem de iniciar mais cedo, a partir dos 35 anos a gente preconiza não só o exame físico por profissional treinado como também a mamografia anual. Aquelas que em sendo rastreadas apontar o aparecimento de algum sintoma, vão seguir um monitoramento diferente. É importante que se coloque isso. As mulheres que tiverem em seu primeiro exame alguma lesão que tenha necessidade de acompanhamento vão seguir um caminho diferente do que seria para as mulheres sem sintomas e sem sinais.
O que é importante a partir daí? Que possamos garantir essas ações no Sistema Único de Saúde, que o SUS possa trabalhar em todos os seus níveis de competência garantindo isso. Além disso, o que recomendamos? Isso está bem claro nesses três documentos que foram feitos, um na forma integral do consenso dos profissionais de Saúde, outro na forma resumida, que chamamos de síntese-documento e outro na forma de material de educação para a população, onde se coloca ‘a cura é possível, conhecer é necessário’.
O que colocamos em relação ao auto-exame? O auto-exame deve ser estimulado, deve fazer parte do conhecimento de cada mulher sobre o seu corpo, deve vir dentro de todas as ações que são feitas em relação à Educação e Saúde. Mas achamos importante informar que ele não substitui a apalpação das mamas realizada por profissional treinado. É importante que as mulheres saibam disso. Além do auto-exame, que já vinha sendo divulgado pela mídia, é importante se associar para essas situações que estamos recomendando a apalpação, o exame clínico das mamas por profissional treinado e a mamografia. Achamos importante que esta mensagem seja passada e nós, do Ministério da Saúde, nos comprometemos até 2007 estruturarmos uma rede de atenção do serviço de Saúde que possa garantir para todas as brasileiras essas ações, que são fundamentais para reduzirmos essa mortalidade.
Estou muito emocionada. Acho muito importante que esta solenidade traga pessoas que já passaram por esse tipo de atividade e não se vêem diminuídas, pelo contrário, querem ajudar outras pessoas. Nós, no Instituto Nacional do Câncer no Rio de Janeiro, temos trabalhado com todos os estados do Brasil e queremos dizer que estamos juntos nesta luta. Queremos oferecer nosso serviço. Temos participado de várias atividades pelo país todo e temos condições de sairmos vencedores se tivermos todo mundo trabalhando numa grande rede construída com os profissionais de Saúde, com a população, com a sociedade organizada que tem feito um trabalho tão bonito. Agradeço pela oportunidade e estamos à disposição para o que for necessário. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Agradecemos a Dra. Gulnar pela sua presença. Vou guardar esse material com muito carinho para poder ser uma fonte reprodutora de informações àquelas que tiverem necessidade.
Quero anunciar a presença da Dona Olga Eleotério da Silva, Vice-presidente da Sincopetro, Sindicato dos Postos de Gasolina. O cafezinho que tomamos um pouco antes do início da nossa sessão foi gentilmente doado pelo Sincopetro. Gostaria também de agradecer à Avon, que todos os anos colabora conosco através de folhetos. Muito obrigada, mais uma vez, pela presença e pela ajuda na nossa sessão solene.
Queria citar a presença da Dra. Miriam Batista, Delegada de Polícia, da Professora da Fig que também é presença marcante nas nossas sessões solenes. Muito obrigada.
Queria dar um abraço na minha querida Dona Ivonete e no Roberto, à mãe da Denise, minha amiga, que com certeza não veio porque está trabalhando, porque também é presença constante nas nossas solenes.
Queria também agradecer a Dra. Tânia, nossa médica lá da sofrida Zona Leste. Muito obrigada também por estar aqui conosco.
Neste momento gostaria de chamar Maria Nazaré Braga Marques para dar o seu depoimento.
Mas antes dela falar, gostaria que a Marlene ficasse em pé. Há dois anos a Marlene esteve aqui na nossa sessão solene pela primeira vez. Ela acabava de sair de uma cirurgia e estava fazendo quimioterapia. Estava carequinha como a Maria Nazaré. Eu quero que vocês vejam como está a Marlene hoje. Que coisa boa e maravilhosa vê-la como está. (Palmas.) Graças a Deus.
A SRA. Maria Nazaré Braga Marques - Gostaria de cumprimentar a Mesa na pessoa da Deputada Rose e agradecer o convite à Tininha e a todas as autoridades presentes.
Quando somos procuradas por essa visita tão inoportuna que é o câncer de mama, eu, o dia que soube, disse ao médico: “ele vai me envergar, mas não vai me quebrar jamais.” Meu depoimento hoje é um depoimento de luta por ser guerreira e entender que a mulher é o que é pelo que é e não pelo que ela tem. Em 1998 fiz mastectomia total. Em 1999 fiz um transplante de medula óssea. Dois meses após o transplante de medula, tive uma intercorrência, e tive uma paralisia total, bilateral. Fiquei quatro meses sem poder ficar em pé e oito meses sem escrever. Após quatro meses, sentindo-me um pouco firme, pedi ajuda de duas pessoas e voltei a trabalhar. Estou até hoje. Ausento-me às vezes porque tenho de ser internada. Após esse problema da paralisia, fiquei com seqüela, sim, mas hoje, um pouco afastada, dirijo por todos os lugares, por São Paulo toda.
Em 2002, fazendo revisão do transplante a cada seis meses, recebi a notícia, através de tomografia abdominal, de que eu estava sendo visitada novamente. Ele estava vindo alojar-se no meu fígado, com metástases hepáticas. Nada me assustou. Nada. Jamais devemos deixar de lutar. Fiz algumas condutas pelo SUS, outras particulares e chegou o momento em que o dinheiro acabou. Procurei vários convênios e ninguém me aceitou, porque eu era uma paciente com doença preexistente. Só consegui entrar num convênio através de um pacote da empresa onde trabalho, da qual sou diretora-geral. Foi difícil no começo, porque todo funcionário de convênio passa textualmente, para quem pede informação, o que está escrito no contrato. E nem sempre o que está no contrato é o nosso direito. Vou citar um exemplo rapidinho.
Foi-me pedida uma fisioterapia de membros superiores e inferiores, drenagem linfática de membros superiores e inferiores, pois, pelo excesso de quimioterapia e corticóide, fui perdendo a movimentação dos braços e das pernas por causa da paralisia. Isso há oito meses. Fui pegar a guia para autorização, mas não me foi autorizada a drenagem linfática. Perguntei por quê. Ela disse: “Porque drenagem linfática, no contrato, é estética.” Disse a ela: “Gostaria que você registrasse um questionamento meu e me desse resposta. Uma mulher que não tem a mama, não tem a musculatura superior e inferior do tórax, porque não fez reconstituição mamária, tem problema com estética?” Ela disse: “Não posso lhe responder.” Eu falei: “Peço 24 horas para que você me dê uma resposta.” Ela não me respondeu em 24 horas. Tornei a ligar e ela me disse que está escrito no contrato que é estética. Eu disse: “Tudo bem.” Todo funcionário tem um superior. Eu sempre busquei falar com alguém e conhecer alguém. Ela recebe ordens de alguém. Pedi para falar com o médico auditor do convênio e o médico falou comigo. “Gostaria que o senhor me desse uma resposta.” Ele disse: “Em 10 minutos.” Ele me retornou a ligação em 10 minutos, pediu-me desculpas e disse: “Ela não entendeu e não sabe que drenagem linfática é tratamento complementar de uma pessoa mastectomizada.”
Se eu tivesse deixado, eu não teria feito a drenagem, estaria com as pernas travadas e com os braços piores do que estavam. Não devemos então deixar de lutar nunca. Temos de ir até o fim e não esmorecer, primeiro, porque a mutilação de uma mama não nos deixa mais feias de maneira nenhuma, pelo contrário. Trouxe-me até benefício: fui fazer uma mamografia particular, perguntei quanto era e ela me disse R$ 120. Quando fui pagar, era só R$ 60. Perguntei o porquê. “Porque a senhora tem uma só.” Pensei: “Pelo menos alguma coisa para ajudar, não?”
É a terceira vez que sou a Piná, aquela modelo negra careca, maravilhosa. Não me sinto nem um pouco diferente. Sempre digo que com cabelo eu parecia doente e que careca pareço saudável. E não faço questão nenhuma de ser diferente. Temos de nos conhecer, entender e nos unir cada vez mais. Faço parte do mesmo convênio e foi graças à minha disposição de lutar que o convênio hoje paga as condutas mais modernas. O meu tratamento é uma luta muito grande.
Aliás, eu gostaria de pedir que os funcionários da área da Saúde que nos atendem, tivessem um pouco mais de afeto. A vida de uma pessoa que tem câncer já é muito dolorida. Muita gente, quando recebe a notícia, deixa de lutar. Minha gente, é uma visita; a gente não nasce com ele. Da mesma maneira que ele entrou, vai ter de sair um dia. Não sei por onde, nem como. Vamos, então, lutar e pedir que todos nos atendam com jeitinho e educação. Vamos pedir com afeto para recebermos afeto. Uma pessoa, quando deita para fazer uma quimioterapia, fica entregue às mãos de um profissional. E esse profissional deve ter consciência e oferecer carinho, porque não é todo mundo que tem o colo de que precisa em casa.
Muitos maridos acabam com o casamento quando a mulher tira uma mama. Muitos maridos não ficam mais com a mulher no mesmo quarto, porque a mulher tirou uma mama. Não é nada disso. Somos mais bonitas, porque tiramos uma mama e temos a coragem de sair às ruas e lutar, com ou sem prótese, lutar pela vida, porque o importante é viver e ser feliz. Obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Realmente esse depoimento toca fundo em cada uma de nós. Ela disse uma coisa certa: o profissional da Saúde tem de ter sensibilidade no trato, no atendimento de todos os doentes, mas há situações que são um pouco mais especiais. A paciente que vai se submeter a uma quimioterapia, a uma radioterapia, precisa daquele algo mais, da solidariedade, do sentimento, da boa vontade. E isso é ensinado no curso, cujas alunas voluntárias vamos hoje diplomar. Não são funcionárias da Saúde, mas verdadeiros anjos que vão levar uma palavra amiga, que vão levar um pouco de alegria, felicidade a tantas pessoas, principalmente, no caso delas, às nossas mulheres que estão passando por esses problemas. Temos de trabalhar muito com o pessoal da Saúde nesse sentido.
Na mesma linha, queria que desse seu depoimento para a gente a Maria Walneide Ribeiro Romano, Secretária do Gap, Grupo de Apoio a Pacientes com Câncer de Mama, de Presidente Prudente.
A SRA. MARIA Walneide Ribeiro ROMANO - Bom-dia a todos. Sra. Presidente, nobre Deputada Rose, em nome da Apampesp, Associação de Professores Aposentados do Magistério Público do Estado de São Paulo, quero agradecer pelo convite e pela oportunidade de hoje poder dar meu depoimento como mastectomizada e também. De São Paulo quero agradecer ao convite e a esta oportunidade de estar aqui hoje, dando o meu depoimento, como mastectomizada, e também apresentando o Gap, Grupo de Apoio a Pacientes com Câncer de Mama, do qual sou fundadora e secretária, na cidade de Presidente Prudente.
O
meu depoimento é rápido. Eu tive o câncer pela primeira vez, em 1991, estava
com 35 anos. E, uma recidiva, cinco anos após. Fiz mastectomia bilateral.
Graças a Deus, com muita luta e apoio, principalmente da família, venci as duas
etapas. Aposentei-me precocemente, por invalidez, devido a um diagnóstico de
metástases na coluna. Como sou funcionária pública, me submeti a um exame pelo
departamento médico, e fui aposentada em três meses, após solicitar a
aposentadoria.
Quando
chegou o laudo da ressonância magnética, graças a Deus, não tinha metástases,
mas já estava aposentada, não pude reverter o processo. Mas, continuo
trabalhando, não como professora, mas voluntariamente nesta causa de combate ao
câncer de mama. Como voluntária, estou aqui representando o Gap. Vou deixar a nossa documentação à
Dra .Rosmary Corrêa, para que possa conhecer melhor o nosso grupo. Vou ler
rapidamente o que é o Gap.
O
Grupo de Apoio a Pacientes Portadoras de Câncer de Mama foi fundado em 1996, em
março, sem fins lucrativos, e com o objetivo de melhorar a qualidade de vida
das mulheres que estão vivendo essa difícil situação, que é enfrentar um
diagnóstico de câncer de mama. Visa proporcionar uma reabilitação da paciente
em seu meio familiar, profissional e social, resgatando os seus valores e
tentando amenizar com carinho, amizade, companheirismo e cumplicidade às dores
e sofrimentos que acompanham a doença e o seu tratamento.
Possuímos
uma sede própria cedida por voluntários, porque não temos fins lucrativos.
Portanto, não podemos pagar aluguel, no centro da cidade. Temos voluntários que
nos pagam a conta de água, conta de luz, e pacientes voluntárias que
desenvolvem um plantão semanal na nossa sede, prestando atendimento às pacientes
que procuram a sede e também à população em geral.
Nossas
pacientes confeccionam próteses, e distribuímos gratuitamente as que nos
procuram, próteses externas, sutiãs adequados, perucas, lenços e materiais
informativos. Realizamos reuniões mensais, com acompanhamento psicológico,
fisioterápico, recreativo, onde são proferidas palestras por diversos
profissionais, abordando temas de interesse para o grupo. São também realizadas
atividades recreativas, festividades e passeios. Hoje, também contamos com um coral
formado pelas pacientes que freqüentam o grupo, que é o coral que recebeu o
nome de uma paciente, que nos deixou há pouco tempo, Coral Elizabeth Junqueira,
do GAP
Mas,
o que gostaria de, em linhas gerais, apresentar e deixar aqui, Deputada Rosmary
Corrêa, nesta Casa de Leis, da qual a senhora é uma ilustre representante, é
uma reivindicação em nome de todas as mulheres, e também as autoridades
presentes, que nós precisamos combater a doença antes que ela apareça. Então,
através do auto-exame, sim, mas do exame pelo profissional e do encaminhamento
necessário após o diagnóstico.
No
interior, nós carecemos muito dessa assistência, porque após termos o
diagnóstico ou ser detectado um nódulo, a paciente se submete a uma longa fila
de espera, principalmente se for SUS. É uma demora imensa para realizar um
exame de mamografia. Até eu, enquanto funcionária pública, tendo o Iamspe, que
é o nosso Instituto de Assistência Médica, também em submeti à fila de espera.
Precisei para realizar o meu tratamento radioterápico, pagar, porque exigia
pressa o tratamento.
Então,
que possamos encontrar uma forma de articular essas organizações, esses órgãos
públicos responsáveis pela saúde, em nosso Estado, em nosso país, como disse
aqui o Dr. Tanaka, encontrar uma forma de distribuir melhor esses mamógrafos
nas unidades básicas de saúde, e principalmente nos institutos de assistência
médica. Nós temos 19 Ceamas pelo interior do Estado de São Paulo, e nenhum
possui mamógrafo. E, quantas mulheres somos funcionárias publicas, e que
recolhemos compulsoriamente para esse instituto, 2% dos nossos salários. Em
linhas gerais, fica aqui o nosso agradecimento e a nossa reivindicação, com
carinho a todos, muito obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY
CORRÊA - PSDB - Quero cumprimentar Apampesp, na pessoa da sua presidente Dirce, com as
suas conselheiras, participantes que estão aqui. A Apampesp é a Associação de
Professoras Aposentadas do Estado de São Paulo. Realizamos aqui há cerca de 15
dias uma audiência pública para discutir o Estatuto do Idoso. E, elas trouxeram
quase 600 professoras aposentadas deste Estado de São Paulo inteiro, que vieram
e participaram ativamente da nossa audiência pública. Eu queria agradecer a sua
presença.
Vamos
agora fazer duas homenagens. A primeira homenageada é um homem, vejam só. É o
Edinilson dos Santos. O Edinilson é um garçom, voluntário, que ajuda todo o
pessoal, e ele vai receber o Troféu Lunacan, que vai ser entregue pela Maria
Eugênia Lopez, que é a tesoureira da Unaccam. Por favor, Edinilson. (Palmas.)
* * *
- É prestada a homenagem. (Palmas.)
* * *
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY
CORRÊA - PSDB - Há 10 anos, segundo a Tininha, ele trabalha de graça, aqui para a
Unaccam. Merece todos os nossos elogios.
E
a segunda homenageada é a Herta Elias, que é aluna de destaque do ano de 2004.
Ela vai receber o seu troféu Unaccam, através da Selma Cardoso, Vice-presidente
da Unaccam. Aluna destaque de 2004. (Palmas.)
* * *
- É prestada a homenagem. (Palmas.)
* * *
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY
CORRÊA - PSDB - Queria também citar a presença de Jandira Triton Delgado, que é uma
fundadora das Casas André Luiz. O Sr. João Vitor Ricardi, que é diretor do
Sindicato das Indústrias de Perfumaria e Toucador do Estado de São Paulo, da
Sipatesp, presidente da Suavity Lorys Cosméticos.
Vou
chamar a Gilze, que é presidente do Instituto Neo-Mama, que vai fazer uma
apresentação da sacola porta-dreno. Temos muitas sacolas, e depois vamos
verificar sae alguma entidade ou associação estiver precisando, vamos fornecer
para vocês.
A SRA. GILZE MARIA COSTA
FRANCISCO - Bom-dia
a todos. Eu cumprimento a Delegada Rosmary Corrêa, em nome de todas as
autoridades, minha amiga Tininha, e não poderia deixar de comparecer, houve um
problema no meu carro. Eu já soube que foi falado sobre a semana que vai haver
em Santos, desde a corrida, até o dia da beleza, e as palestras que ainda
acontecerão.
Mas
eu não poderia deixar de falar para vocês, aproveitando já o que foi dito, que
às vezes, as pessoas, principalmente as funcionárias, e não só os funcionários,
os médicos peritos que atendem às mulheres com câncer de mama, e que adoram
dizer que temos que dar graças a Deus porque nós só tivemos câncer de mama, eu
espero que esses homens nunca conheçam de perto ou na sua família, o que é ter
só um câncer de mama.
Gostaria
também de fazer um apelo às autoridades presentes, a respeito das medicações,
em que as mulheres do SUS não têm acesso ainda, e que são medicações
importantíssimas e determinantes na sobrevida dessas mulheres. Eu falo aqui não
só em nome das mulheres que eu conheço, e que precisam dessas medicações, que
estão fazendo tratamento com outras drogas, porque o próprio médico não tem, e
muitas vezes ela não tem como entrar com liminar, nós do instituto estamos
entrando com liminares. E, graças a Deus, estamos sendo atendidas.
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY
CORRÊA - PSDB - Agora já tem, Gilze. Estamos aqui com a Ordem dos Advogados, que vai
nos auxiliar.
A SRA. GILZE MARIA
COSTA FRANCISCO - Por favor,
cheguei atrasada e espero, realmente, que haja um empenho. Se pela Constituição
somos todos iguais, na hora da doença isso não deve ser diferente.
Temos que ter acesso às medicações de primeira linha, não importa
o convênio, não importa se é SUS, não importa se essa pessoa não tem nem
RG, como acontece muitas vezes.
Gostaria,
também, de sugerir às pessoas que têm em suas mãos o
poder de ceder ou não. Na realidade, os benefícios da maioria são
federais e seriam só constatações. Mas, gostaria que
as pessoas que têm o poder de
assinar a constatação fossem bem orientadas em
relação aos pré-requisitos e documentações que são entregues pelas pacientes, porque têm
sido exigidas algumas coisas um pouco inconvenientes.
Por exemplo, um perito do INSS, procurado para dar o aval para que uma paciente mastectomizada tivesse direito a isenção de benefícios na compra de seu carro zero quilômetro, falou que negaria porque ela não dirige com os seios, e sim com as mãos. Num outro caso, a paciente procurou o seu benefício para isenção de Imposto de Renda, pós-aposentadoria. Até hoje, é exigido por escrito - o que não consta em lei, e nem tem como constar porque quero saber baseado em quê - que o médico diga se a neoplasia maligna está ativa ou não. Isso não existe. Todas que tivemos câncer de mama, seremos portadoras do gene do câncer de mama, até a nossa morte.
Não
temos como comprovar, e muito menos um médico tem como atestar, que estamos
livres da doença ou que ela está ativa ou inativa. Fiquei com a
doença inativa por 38 anos, até descobrir que tive câncer de mama. O que
está faltando um pouquinho é que ...
nNesta sala não
estão presentes tantas entidades, mas médicos, peritos e pessoas que acham que
detêm o poder e que podem ser senhores da vontade de quem, na
realidade, só está solicitando um benefício que, por lei, lhe é concedido.
Agora,
vou falar da sacola porta-dreno. Como
tive câncer de mama, posso dizer que a única dor que senti foi na hora
de pegar a sacola com o dreno. Quem já ficou com dreno sabe o quanto dói, por melhor que
seja a sacola, abaixar-se e pegá-la. Idealizei
uma sacola que está dentro de padrões de indústrias que
fabricam sacolas. É esta aqui. Ela tem que ter esta estrutura - não
necessariamente este papel, mas esta estrutura -, a alça um pouco menor. Dessa maneira,
na hora em que a paciente sentar-se ou deitar-se, ela vai pegar essa
alça sem sentir dor. Haverá algumas dessas sacolas para distribuição,
principalmente para quem trabalha em voluntariado hospitalar,
para as mulheres já poderem sair do hospital com esse peso a menos, que vai se
acumulando tanto nas costas de
quem ficou doente.
Vamos
distribuir essas sacolas para algumas entidades. Por
favor, divulguem. Ela não é patenteada, fui eu que a idealizei.
Por favor, ninguém faça a maldade de patentear essa
sacola para depois impedir que outros grupos possam usá-la. Procurem
patrocínio, não é um produto caro. Se você for mandar fazer desse jeito, até
com papel pardo, ela vai dar certo se tiver essa estrutura
embaixo e a alça mais larga. Explicando, não há dúvida que qualquer fabricante
de sacola vai conseguir reproduzi-la, à altura da
dignidade que precisamos nessa hora.
Estarei
à disposição para distribuir. Em nome das
pacientes, dos grupos e das instituições como a minha peço para que, por
favor, paremos de aproveitar a idéia de alguém para patentear e, dessa
maneira, amarrar todas as entidades. Acho que
inventividade, imaginação e respeito é o principal nas nossas atividades. Uma
patente quebra tudo isso. Deixo aqui meu
recado e ofereço a sacola porta-dreno. Mais
uma vez, agradeço à Tininha e à Delegada
Rose pela oportunidade de falar com vocês, o que é sempre um prazer.
Obrigada!
(Palmas.)
A SRA.
PRESIDENTE - Rosmary Corrêa - PSDB - Enquanto a
Sarita vai nos brindar com uma nova música, gostaria que o Dr. Blanco descesse.
Em seguida, vamos fazer a entrega dos diplomas das voluntárias
que estão se formando hoje.
A
Sarita vai cantar agora. Gostaria que alguém trouxesse os
nomes das voluntárias, para podermos citá-las. O Dr. Blanco e a Tininha podem
ir descendo para que, logo em seguida, possamos fazer a
entrega dos diplomas.
A SRA. SARITA SALOMÃO
ABRAHÃO - Para homenagear a colônia italiana, que
certamente deve estar representada aqui, uma canção italiana para
vocês!
* * *
- É feita a apresentação musical. (Palmas.)
* * *
A SRA.
PRESIDENTE - Rosmary Corrêa - PSDB - Para quem
não sem lembra, essa música foi cantada
pelo Roberto Carlos e ele ganhou o Festival de San Remo. A única
gravação feita em voz feminina é a da Sarita. Para quem é do meu tempo, que se
lembra do Roberto, sabe que ele ganhou o Festival de San Remo cantando essa música.
Tininha,
Dr. Blanco, parece que os nomes estão nos diplomas. Então, o Dr. Blanco vai
utilizar o microfone aí embaixo e vai chamar todas as diplomadas
pelo Hospital do Câncer.
O SR. EDUARDO BLANCO CARDOSO - Bom
dia a
todas! Agradeço à Deputada Rose, à Tininha e,
especialmente, a uma figura que está representada hoje por essa excelência
feminina: a Dra. Mariane Pinotti, representando
o nosso querido Professor Dr. José Aristodemo Pinotti.
Hoje, assisti com muita atenção os nomes das pessoas homenageadas, as pessoas que fizeram e fazem tanto pelos outros. Não podia me omitir de resgatar a figura do Professor José Aristodemo Pinotti, que tanto tem feito pela saúde da mulher, que tanto faz em todos os pontos nos quais o Professor desenvolve sua medicina com grande maestria e, particularmente, em câncer de mama. O Professor Pinotti permite que possamos viver um momento tão alegre. Ele tem nos dado o espaço físico para que um curso único no país seja levado para os ambientes universitários. Colocando todo o “staff” médico para que essas amigas, essas mulheres possam obter os conhecimentos necessários e certamente se tornarem eficazes no acompanhamento e na inter-relação entre médicos e pacientes.
Vocês são realmente bem-sucedidas, merecem todo o nosso reconhecimento. Sabemos que esse êxito conta com a nossa presidente aqui do meu lado e também com o nosso querido Professor Pinotti. Para eles dois peço um forte aplauso. (Palmas.)
Convido a Dra. Mariane Pinotti, que integra o “staff” de mastologia na USP, a nos acompanhar nesta entrega. Vou pedir a Tininha apresentar a equipe da nossa família Unaccam, que são permanentes voluntárias e melhores amigas.
A SRA. Ermantina Ramos, a “TININHA” - Antes de apresentar nossas amigas, gostaria de agradecer a presença do Dr. José Luís, ele é uma pessoa-chave dentro do nosso trabalho da Unaccam e principalmente com o que conseguimos através dos advogados. A nossa luta neste é pelo direito dos pacientes. Estamos com um problema muito sério com o direito dos pacientes. Temos leis, mas não são cumpridas. Estamos aqui por causa de uma lei, a Lei 10.459, que a nossa querida Deputada sancionou, ajudou, o nosso Governador Mário Covas assinou, mas não conseguimos fazer com que seja cumprida. Essa lei só pede o exame clínico das mamas uma vez por ano.
Se tivéssemos essa lei cumprida jamais chegaria paciente com cinco, 10 centímetros, como chega ao hospital. Isso é um crime. O câncer demora 10 anos para chegar a um centímetro. Depois que chegou a um centímetro, multiplica a cada três anos. Não poderia deixar de falar isso. É importante cumprir a lei na nossa cidade, no nosso Estado. Se existe, vamos cumpri-la. Se eu não pagar o IPVA, sou multada. Existe uma lei tão simples, é só fazer o exame clínico das mamas. Entre um exame e outro, como diz o Inca, fazemos o auto-exame, mas teremos um ano sem prejudicar e sem medo de um câncer estar com um tamanho de cinco centímetros. Por gentileza, a senhora nos ajudará, não? Muito obrigada.
A SRA. Mariane Pinotti - Este foi o nosso propósito neste ano. Todos os anos chamamos médicos ilustres e, neste ano, pedimos que viessem advogados e jornalistas para que nos ajudassem a divulgar o nosso trabalho. Nesse sentido, que se cumpra a lei.
Sônia, a nossa mexicana, está indo embora; nossa vice-Presidente, Selma; Rosana; Íria, Arlete; Giana, Maria do Carmo; minha companheira de sempre, Maria Eugênia, estão todas aqui para nos ajudar.
O SR. EDUARDO BLANCO CARDOSO - Vamos proceder ao chamado das nossas amigas: Adriana Rodrigues Pereira, para receber das mãos da Dra. Mariane o certificado. Ângela Maria Fiorotti. (Palmas.) Carla Rivero Molina. (Palmas.) Cláudia Cristina Spera. (Palmas.) Clara Shnaider Siveki. (Palmas.) Daniele Rodrigues Caneseli. (Palmas.) Elizabet Cecília Moreto Gobato. (Palmas.) Eugênia P. Silvestre. (Palmas.) Eveline Yana Elias Ricardi. (Palmas.) Gilda da Silva Duarte Novaes. (Palmas.) Graça Aparecida de Toledo. (Palmas.) Herta Elias. (Palmas.) Isabel Agrion. (Palmas.) Isabel Buesa Busom. (Palmas.) Isabel Navero Russo. (Palmas.) Ivanete Ferrucci Almeida. (Palmas.) Leila M. Melhado. (Palmas.) Liandra Maria Levada Ferreira. (Palmas.) Marceia Camargo Franzse. (Palmas.) Marcela Gebera. (Palmas.) Maria Alice Legarte Lordy. (Palmas.) Maria Isabel Speranein Palaro. (Palmas.) Maria de Fátima Costa Von Zuben. (Palmas.) Maria Rosemeire da Barbosa Souza. (Palmas.) Marlene Depolito Santi. (Palmas.) Marli de Oliveira Leme. (Palmas.) Mônica Flores Ardigó Moreira. (Palmas.) Nélia Cristina de Carvalho Caneschi - diretora da Rádio Costa Azul de Ubatuba. (Palmas.) Paula Olimpo Costa. (Palmas.) Rosângela Alécio Ferreira Pavani. (Palmas.) Sumie Nishida. (Palmas.) Sonia Soares. (Palmas.) Sueli Chantelli Martin. (Palmas.) Suely Cury Samahi. (Palmas.) Terezinha de Jesus Cuenca Sabin Casal. (Palmas.) Thalita Romano Balint. (Palmas.) Vanessa Cassinelli Chenta. (Palmas.) Vânia Bernardete Rodrigues da Silva. (Palmas.) Vera Lúcia Atallah Salem. (Palmas.)
Só
me resta dar os parabéns a todas as nomeadas. Convidamos aquelas que estão
motivadas a participar e, seguramente, em breve, teremos uma legião de
voluntárias no Estado de São Paulo. Esse é o grande sonho de todos nós. Eu me
despeço. Reencontramo-nos no Hospital das Clínicas, nossa querida e velha casa
da Dr. Arnaldo. Muito obrigado a todos. Um grande abraço. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY
CORRÊA - PSDB - Um grande aplauso para o Dr. Blanco e para todas as nossas voluntárias
diplomadas hoje.
Aproveito
para anunciar a presença de Madalena Ferreira, Presidente do Conseg Vila
Maria/Vila Guilherme, da minha querida, sempre Vereadora, Mia Mafalda, lá de
Ubatuba, que também está nos prestigiando. Informamos para vocês que a Dra.
Tallulah comunicou-me que faremos um ofício ao Instituto Nacional de
Propriedade Industrial para informar sobre a sacola e impedir que haja qualquer
registro desta sacola por qualquer pessoa mal intencionada. Providenciaremos
isso.
Neste
momento passo a palavra à Dra. Elda Cantisani de Francesco, psicopedagoga da
Unaccam.
A SRA. ELDA CANTISANI DE
FRANCESCO - Deputada
Rosmary, demais autoridades, senhoras e senhores, queridas afilhadas, estou
aqui como paraninfa hoje, mas diante de tantos depoimentos eu acho que eu
deveria deixar o meu. São 14 anos de uma vida muito feliz e de um trabalho
intenso. Por isso, a minha colaboração na Unaccam, como diretora pedagógica do
curso.
Agora
falo como paraninfa. Um grupo muito especial, de alunas brilhantes, esforçadas,
o que pude verificar nos trabalhos. Não só na nossa dissertação de conclusão do
curso, como também dos questionários respondidos, das nossas provas finais com
respostas tão bem elaboradas. Vocês estão de parabéns! Estão aptas, realmente,
a freqüentarem o nosso segundo módulo, o Curso de Educação Continuada. Durante
esses quatro anos, temos diplomado muitas voluntárias. Temos formado muitas
voluntárias capacitadas. E dia-a-dia temos tido resultados não só da Capital,
mas também do Grupo de Apoio do interior. E assim vão se realizando os nossos
ideais. Mas eles não param por aí.
Há
cerca de 20 dias estive apresentando um trabalho de psicanálise, na França, e
num dos dias eu li, em letras em negrito, no jornal, ‘prevenção sobre trilhos’.
Fiquei muito interessada. Tratava-se de um trem com cinco vagões, que vinha da
Alemanha. Estava parado na França, em várias cidades, e indo depois para a
Bélgica e Áustria, com pessoas especializadas, fazendo palestras, distribuindo
panfletos e, ainda mais, colhendo depoimentos de pessoas que haviam tido a
doença, ou que pertenciam a grupos de risco, sob o tema: ‘Compreender é
Combater’.
Achei
isso maravilhoso, e então lembrei da nossa Presidente, fundadora da Unaccam, da
Tininha, que tem um ideal também de um “mama-móvel”, que é um ônibus com
pessoas especializadas para poderem esclarecer, e também um mamógrafo com uma
técnica e um médico para leitura dos exames, e que iriam a diversas cidades do
interior, principalmente as de difícil acesso. Então, teríamos, não só como na
Europa, ‘prevenção sobre trilhos’, mas ‘prevenção sobre rodas’ - Unaccam, e
depois, quem sabe, uma nova maneira de prevenir o câncer de mama. Mas nós
estamos caminhando e chegaremos lá.
Gostaria
ainda de agradecer a toda a equipe da Unaccam, principalmente dos médicos,
doutores e doutoras, que cedem o seu tempo precioso para as nossas aulas, tão
bem ilustradas, e que não deixam de responder uma questão sequer, ao final de
cada aula, porque são muitas. Nós não terminamos as nossas questões, os nossos
interesses. E também ao Dr. Blanco, que, no dia-a-dia, esclarece e nos ajuda em
nossas sugestões. E ainda as senhoras do Unaccam, que eu diria incansáveis,
nossas senhoras, que cada uma na sua parte contribui para o sucesso do nosso
curso. Muito obrigada. Para vocês, meninas, eu diria um “até breve”, porque em
agosto nós nos veremos novamente, com novos trabalhos. (Palmas).
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY
CORRÊA - PSDB - Obrigada, Elda, a sempre paciente orientadora de todas as nossas
voluntárias.
Passo
a palavra à Sra. Plácida, para falar em nome das voluntárias que estão se
diplomando.
A SRA. PAULA OlImpo Costa - Bom
dia, presentes, platéia, colegas. Dizem que nada acontece por acaso. Vai ver é
por isso que estou hoje aqui falando para vocês. Já faço parte do voluntariado
de uma outra Instituição. Por intermédio dessa eu vim conhecer a maravilha que
é a Unaccam. A Unaccam não só capacita as voluntárias. A Unaccam tem mais
alguma coisa, além dessa linguagem verbal que ela nos dá de capacitação. Ela
tem uma outra linguagem corporal, que é no olhar, no sorriso, é no toque, é no
beijo. Ela te põe como pessoa, ela te põe como voluntária, ela te molda como
pessoa, também.
Foi
isso que eu senti de principal na Unaccam. Mas não devemos ficar só na nossa
capacitação como voluntária em câncer de mama. Nós devemos ampliar mais a nossa
capacitação para o câncer, de uma maneira geral. É isso que tenho para dizer a
vocês, de que voluntária deve ser humilde, generosa, solidária. Enfim, dar tudo
de si. E que não deve criar expectativa nenhuma com relação ao próximo e em
relação a você. Trabalhe sem expectativa, sem esperar nada, com tudo que vocês
têm de bom.
Sofri uma grande perda e fui muito feliz na minha vida várias vezes. Outras pessoas já ouviram isso de mim. Sofri uma grande perda e achei que a felicidade tinha acabado e que nunca mais iria ser feliz. Mas graças ao apoio de um irmão, Carlos, e de algumas amigas minhas que me incentivaram eu descobri esse caminho. E estou feliz de novo aqui. Quero agradecer a vocês todos que estão participando desse meu momento de felicidade hoje também. Muito obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Parabéns, Plácida. Em seu nome, cumprimento a todas as nossas formandas de hoje. Quero citar também a presença da representante da Vereadora Myryam Athiê, e a senhora sua mãe, que está ali representando a Vereadora conosco. (Palmas.) Agradeço muito a presença.
Neste momento, quero passar a palavra a Dra. Mariane Pinotti.
A SRA. MARIANE PINOTTI - Bom dia a todos. É quase boa tarde. Agradeço a possibilidade de me aceitarem representando o Prof. Pinotti, meu pai que, na verdade, até ontem à noite estava tentando se remanejar para conseguir vir aqui, mas não foi possível e me pediu para vir no seu lugar. Agradeço à Deputada Rosmary e cumprimento pelo evento e pela sua vida de luta em questão da causa da mulher. Cumprimento a Dra. Tallulah, da OAB; a Dra. Gulnar, do Inca; Tininha, nossa amiga de muito tempo; Dra. Vânia, minha diretora no Hospital Pérola Byington, e as demais autoridades presentes e a todos do voluntariado.
Nós, que lidamos com o câncer de mama, com pacientes de câncer em geral, mas principalmente com as pacientes vítimas de câncer de mama, sabemos o quanto o trabalho das voluntárias é importante em todos os sentidos, não só melhorando emocionalmente, mas em qualidade.
Temos voluntários e alunos presentes, temos um controle de qualidade quase que constante. O voluntário está lá e conhece melhor aquilo tudo e pode nos cobrar, da equipe médica e da equipe do hospital, o melhor tratamento possível. Isso temos feito, o Prof. Pinotti fez isso durante toda a sua vida. A humanização do atendimento nos lugares onde ele trabalha é sempre uma razão de orgulho para a gente. O Pérola é tido como um hospital que acolhe. Todo mundo conhece o Pérola porque é aquele hospital que não manda ninguém embora. E então, a Dra. Vânia sente isso hoje, mas realmente a humanização do atendimento nos locais onde o professor passou e onde estamos trabalhando é sempre priorizado. E as voluntárias, os voluntários e os alunos fazem com que isso continue. Por isso, brindamos a presença de vocês, no dia-a-dia, com muita alegria.
Todo mundo já falou bastante de câncer de mama e não vou me encompridar nesse assunto, mas temos de dizer que estamos engajados na luta com vocês tanto da prevenção, quanto dos direitos das pacientes que são portadoras de câncer de mama, e conseguir que sejam válidos e tragam benefícios reais as suas vidas. Sabemos que a paciente, durante o seu tratamento, deve vir ao hospital muitas vezes. Passam por uma série de tratamentos incômodos para o seu dia-a-dia, efeitos colaterais da quimio, da radio e da cirurgia. Precisam se ausentar do trabalho, uma série de questões atrapalha a sua vida, e os benefícios que são garantidos deveriam ser garantidos a elas, diminuindo um pouco esse fardo que elas carregam durante esse tempo. Estamos engajados na luta para que elas consigam esses benefícios e essa é uma questão que a Deputada tem brigado muito, e o professor também. Continuamos nisso com vocês.
A outra questão já foi colocada muito bem pela Dra. Gulnar, do Inca, que é a questão da prevenção. É lógico que precisamos tratar pacientes que têm câncer de mama, nunca vamos nos abster disso. A incidência dessa doença vem aumentando não só no Brasil, mas principalmente nos países desenvolvidos. Então, o tratamento do câncer de mama também é uma coisa muito importante, mas pelo menos tentarmos diagnosticar precocemente é a nossa luta.
As pacientes de alto risco são na verdade 5% dos casos de câncer de mama. Ou seja, uma pequena porcentagem dos casos de câncer de mama ocorre em pacientes que têm alto risco, com risco familiar, ou que têm hiperplasia típica lobular ou ductal, e que por isso tem o risco aumentado. São um grupo no qual temos de atuar de uma forma diferente. Elas são 5% dos cânceres de mama. De 95 a 98% dos casos são o que chamamos de câncer de mama esporádico, e que acontece numa mulher que não tem alto risco. Na verdade, todas nós temos alto risco a câncer de mama. É uma doença que a prevalência aumentou de uma maneira assustadora no século passado.
Então, esse primeiro passo que o Ministério da Saúde está dando, oferecendo mamografia para paciente acima de 50 anos é um passo importantíssimo. Isso vai gerar um atendimento posterior muito importante no sentido do diagnóstico dessas mamografias alteradas, do aumento do volume dos casos de lesões não palpáveis. Ou seja, de casos detectados por mamografia, suspeitos, que é uma área da mastologia mais complicada, e que requer mais recursos. Isso precisa ser resolvido com o passar do tempo, mas o fundamental é que continuemos lutando para chegarmos ao ideal. O ideal seria que possamos dar a mamografia a partir dos 40 anos, a todas as mulheres brasileiras. E, a partir de 35 anos para as pacientes de alto risco.
É uma luta que não vai parar por aqui, vamos continuar. Vai gerar muito esforço e muito trabalho de todos os hospitais que tratam e que lidam com diagnóstico do câncer de mama. Não será simples, mas estamos todos dispostos a continuar neste trabalho, porque isso traz um benefício incalculável financeiramente, e principalmente emocionais. Estaremos economizando muitas vidas de mulheres em plena atividade, de mulheres que têm muito para oferecer ainda, tanto para a sua família, quanto para o nosso país.
Era esse o recado que queria deixar e agradeço muito a vocês. Sei que é tudo muito árduo no curso, e no trabalho das voluntárias principalmente. O médico, tecnicamente, escapa um pouco da dureza do dia-a-dia, do dia inteiro com uma paciente que está sofrendo, que está com dificuldade, que está emocionalmente abalada. E o voluntariado nos ajuda demais nesse momento.
Quero cumprimentar ao grupo que está se formando, às voluntárias em geral, e agradecer em nome do Prof. Pinotti a possibilidade de estar aqui com vocês hoje. Muito obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Agrademos muito a Dra. Mariane que vem seguindo os passos do pai. Do Prof. Pinotti não precisamos falar a respeito. Ele é uma pessoa que conhecemos há bastante tempo, mora no coração de todos nós e sabemos da sua luta e do seu maravilhoso trabalho. Sempre brinco com ele porque sou a sua maior fã. Ele merece realmente porque é uma pessoa extremamente competente, batalhadora e humana no atendimento, principalmente a esses casos do câncer de mama.
Está presente também a minha amiga Dirce, que é do voluntariado do Darci Vargas. Agradeço também a sua presença. Peço neste momento para Tininha para fazer algumas homenagens.
O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - CARLOS TAKAHASHI - Teremos agora uma homenagem muito especial.
Neste momento, Dra. Ermantina Ramos, Presidente da Unaccam - União e Apoio no Combate ao Câncer de Mama, entrega a sua homenagem, o Troféu Unaccam, a S. Exa. Deputada Estadual Rosmary Corrêa, simbolizando a profunda gratidão que todos aqui presentes têm pelo seu trabalho sério e comprometido com a dignidade da mulher. À Deputada Rosmary Corrêa, a gratidão de todas aqui, de todas aquelas que participam ativamente desse movimento. (Palmas.)
* * *
- É feita a entrega da homenagem. (Palmas.)
* * *
A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Por essa não esperava. Muito obrigada a todos. Isso só nos dá força para continuarmos o nosso trabalho.
Agora gostaríamos de entregar flores para a Dra. Mariane agradecendo muito a sua presença e a todo o seu trabalho. Também para a Dra. Tallulah, que está perdida agora com a Unaccam, porque a OAB, por intermédio dela, estará aqui nos ajudando nos direitos das pacientes portadoras de câncer.
Queremos ainda agradecer a presença da Dra. Gulnar do Inca e pedir que volte sempre, porque precisamos muito de pessoas como a senhora. Leve nosso abraço ao Dr. Temporão. Não podemos deixar de cumprimentar a Gilze pelo trabalho que Neo-Mama está fazendo em Santos, onde há eventos a semana toda para a comemoração da semana.
Queremos também homenagear a Sarita pelo seu testemunho, pela música que você nos trouxe, assim como a Maria Walneide, representante do Gap. Continue esse trabalho bonito em Prudente, porque é importante para todos.
Lucilene, muito obrigada pela presença. Continue firme e forte, batalhando, brigando pelos direitos. Maria Nazaré, o ano que vem quero ver você cheia de cabelo, como a Marlene, mais bonita do que está.
Quero homenagear o Legislativo na pessoa de uma Vereadora que está sempre conosco, minha querida Reinalma Montalvão, de Caçapava, em nome de quem também homenageio todos nossos Vereadores presentes. Caminhamos para o final da nossa sessão. Não tenho muito que falar porque, na realidade, tudo já foi dito aqui por pessoas muito mais competentes do que eu. Quero apenas dizer do meu agradecimento muito especial a todos que aqui estão.
Há dois ou três anos, em uma das nossas sessões, fiz severas críticas ao nosso Secretário da Saúde, na época o Dr. Guedes, que nunca havia mandado sequer um representante para uma Sessão Solene tão importante como esta, que trazia tantas reivindicações e falas de pessoas que, melhor do que quaisquer outras, poderiam mostrar à Secretaria da Saúde o problema grave que atingia a mulher portadora de câncer de mama.
Logo em seguida, o Dr. Guedes saiu, e o Dr. Barradas, que assumiu, começou a comparecer. No ano passado esteve aqui e, por justíssimas razões, não compareceu este ano, mas mandou o Secretário-Adjunto que, em minha opinião, saiu-se muito bem. Temos aqui a Dra. Vânia, do Pérola Byington, que sempre está conosco, independente do setor em que esteja.
Acredito que as autoridades, principalmente as detentoras do poder na Secretaria da Saúde, têm de estar presentes em sessões como esta, para ouvir o que está acontecendo e o que se está passando. Vejam que coisa bonita a presença da Dra. Tallulah, representante da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção São Paulo. Ela sabe que está assumindo um compromisso com todas nós e que o nosso Presidente Luiz Flávio D´Urso vai honrar esse compromisso. Se ele não honrasse, ela, como mulher, como advogada, iria reunir todo mundo para fazer trabalho e ajudar.
Temos, sim, falta de remédios. Como a Gilze bem disse, o SUS não está dando os remédios específicos que as mulheres portadoras de câncer de mama precisam. É um absurdo. Os exames ainda são difíceis, apesar de termos mamógrafos em grande número, como relatou a Tininha, a distribuição dos mamógrafos não está sendo feita na medida necessária para o atendimento das mulheres.
Fico muito preocupada, porque, às vezes, a mulher faz o exame e descobre que tem alguma coisa, mas ainda está no início. Temos o caso de uma senhora de um grupo de mães que, há oito meses, está tentando fazer uma cirurgia, porque está com o seio enorme, não pode nem andar mais, e ainda não conseguiu ser atendida. Está tudo detectado, mas ela não conseguiu ser atendida em um hospital, para fazer a operação. Tomei conhecimento desse caso, neste fim de semana, e fiquei horrorizada com o que vi. Esse, eu vi. E aqueles que nós não vemos? E aqueles dos quais não tomamos conhecimento, porque não chegam até nós? Quantas pessoas têm um caso desse para falar? Muitas vezes isso ocorre não por culpa da Secretaria da Saúde, de quem quero sair em defesa, mas de pessoas mal preparadas que sequer sabem avaliar a gravidade do caso. (Palmas.)
Temos o hábito de culpar as autoridades, mas, às vezes, até o porteiro do hospital, que não sabe como fazer o encaminhamento, acaba prejudicando a pessoa que está doente e precisa de ajuda. Isso acontece em todos os setores. Está na hora de começarmos a gritar, a falar, a questionar. A cada ano que fazemos esta sessão e vejo um número maior de mulheres, entidades, parlamentares, médicos, que se unem ao nosso trabalho - agora, também com a OAB -, fico muito feliz. Acredito que está valendo a pena. Tem de valer a pena, e vamos fazer com que valha a pena.
Prometi à Terezinha, e volto a repetir, que vou cobrar não a Secretaria da Saúde em si, porque conversei muito com o Dr. Barradas, e ele próprio acha que deveria ter sido feito de uma outra maneira, mas principalmente a Secretaria de Transportes, com referência ao passe grátis para a mulher que tenha feito mastectomia e tenha tirado os linfonomas. Peço desculpas, porque não conheço bem esses nomes técnicos.
A Secretaria de Transportes cortou o passe de todo mundo, porque pensou que estava havendo abuso, sem se preocupar em verificar quem realmente estava precisando dessa ajuda. Como uma mulher vai fazer para ir a uma sessão de quimioterapia, se tem de ir várias vezes? Como ela vai, se, muitas vezes, não tem condição sequer de pagar a condução? Isso inviabilizou mais ainda a possibilidade de essa mulher conseguir se tratar e, conseqüentemente, se curar.
Temos de lutar por tudo isso. Temos de aproveitar sessão como esta para colocar as coisas em “pratos limpos” e falar para que todos ouçam. Esta sessão está foi transmitida até meio-dia e pouco pela TV Assembléia e, com certeza, muitas pessoas a assistiram ao vivo e viram esses depoimentos. Como vamos deixar que tantas mulheres com uma doença como esta, com uma condição enorme de cura, morram por falta de atendimento?
É preciso trabalhar na prevenção. Segundo a Dra. Mariane, o SUS fará isso agora. Espero que realmente se concretize, porque estou cansada de ouvir dizer que vai acontecer alguma coisa, as pessoas procuram e quem tem de informar não sabe de nada. Temos de trabalhar, lutar e exigir. É para pôr em prática? Vamos saber onde tem. Se não tem, por que não tem. Vamos gritar e reivindicar. Esse é o nosso papel. Esse é o meu papel como legisladora, como parlamentar, como detentora de uma cadeira nesta Assembléia Legislativa. Fui colocada aqui pela vontade das pessoas que acreditam em mim, e, a essas pessoas, tenho de dar satisfação do meu trabalho.
Eu gosto muito do que faço. Eu trabalho com amor. Os senhores não imaginam o quanto gosto de trabalhar nessas causas, de lutar por aqueles que não têm voz. Tenho muito orgulho em poder ser a voz daqueles que não têm condições de falar. Enquanto eu tiver vida, vou fazer com que isso aconteça. (Palmas.)
Muito obrigada a todos vocês pela presença. Vamos terminar do jeito que eu gosto. Vamos ficar todos em pé. Todos vocês ficaram aí, desde as 10h30, uma sentada ao lado da outra, muitas não se conheciam. Com certeza, muitas pessoas não tiveram condições de olhar para a companheira ou companheiro do lado e ver quão importante essa pessoa é, principalmente pelo fato de estar aqui na nossa sessão.
Vamos dar um abraço na nossa companheira ou companheiro do lado e dizer: “Você é um show.” (Pausa.)
Agora que todas nós somos um show, esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade.
Está encerrada a sessão.
* * *
- Encerra-se a sessão às 12 horas e 34 minutos.
* * *