17 DE MAIO DE 2002

21ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM À SOCIEDADE SÃO VICENTE DE PAULO - VICENTINOS

 

Presidência: LUIS CARLOS GONDIM

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 17/05/2002 - Sessão 21ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: LUIS CARLOS GONDIM

 

HOMENAGEM À SOCIEDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO

001 - LUIS CARLOS GONDIM

Assume a Presidência e abre a sessão. Cita as autoridades. Anuncia que a sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Walter Feldman, atendendo solicitação do Deputado ora na Presidência, com a finalidade de homenagear a Sociedade de São Vicente de Paulo, Vicentinos. Convida todos a ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - ANTÔNIO GUIMARÃES

Diretor da Assistência Vicentina de São Paulo, saúda o Presidente, em exercício, Deputado Luis Carlos Gondim e lhe agradece a sessão. Descreve o trabalho vicentino junto ao povo mais pobre, visando seu desenvolvimento integral.

 

003 - ANTÔNIO CASTELÃO BRÁS

Vice-Presidente do Conselho Metropolitano de São Paulo, saúda o Presidente, em exercício, Deputado Luis Carlos Gondim e demais autoridades. Explica o significado de Avivamento Vicentino, Movimento dos jovens dentro da Sociedade de São Vicente de Paulo.

 

004 - DILERMANDO LUIZ COZATTI

Sacerdote, Diretor Espiritual do Conselho Metropolitano de São Paulo, parabeniza o Presidente, em exercício, Deputado Luis Carlos Gondim pela iniciativa da solicitação da sessão solene. Homenageia Frederico Ozanam, organizador da Sociedade de São Vicente de Paulo. Descreve a assistência humilde feita, "sem ibope", pelos vicentinos.

 

005 - GILBERTO RODRIGUES DE MORAIS

Como 2º Vice-Presidente do Conselho Particular de Biritiba Mirim cumprimenta o Presidente, em exercício, Deputado Luis Carlos Gondim, os confrades e as consórcias presentes. Fala de sua felicidade em estar representando cerca de 200 vicentinos que trabalham em Biritiba Mirim.

 

006 - ANTÔNIO CARVALHO DE FARIAS

Presidente dos vicentinos de Moji das Cruzes, fala de sua representação em Salesópolis, Biritiba Mirim e Guararema. Agradece ao Deputado Luis Carlos Gondim, Presidente em exercício, a homenagem ao trabalho vicentino.

 

007 - WILSON R. C. BETORELLI

Confrade vicentino de Santos, sublinha o que distingue a Sociedade de São Vicente de Paulo das demais instituições: o serviço prestado, semanalmente, aos pobres, considerados como seus mestres.

 

008 - CRISTÓVÃO GOMES GONÇALVES

Membro do Conselho Nacional do Brasil e do Conselho Geral Internacional  - SSVP, cumprimenta as autoridades. Descreve a ação caritativa de Frederico Ozanam. Registra a assistência que é dada aos pobres, em suas mais variadas necessidades, dentro e fora do País.

 

009 - Presidente LUIS CARLOS GONDIM

Discursa sobre sua experiência pessoal, como médico, em contato com os vicentinos. Lembra que fé e política têm de andar juntas. Descreve os começos da Sociedade de São Vicente de Paulo por um grupo de jovens, com Antônio Frederico Ozanam à frente. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - LUIS CARLOS GONDIM - PV - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Luis Carlos Gondim.

 

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O SR. PRESIDENTE - LUIS CARLOS GONDIM - PV - Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos da Sessão Solene do dia 17 de maio de 2002, considerando como lida a ata da sessão anterior.

Passaremos agora a nomear as autoridades presentes: Sr. Cristóvão Gomes Gonçalves, membro do Conselho Nacional do Brasil e do Conselho Geral Internacional; Reverendo Padre Dilermando Luiz Cozatti, Diretor Espiritual do Conselho Metropolitano de São Paulo; Sr. Antônio Castelão Bras, Vice-Presidente do Conselho Metropolitano de São Paulo, representado a sua diretoria; Confrade Antônio Guimarães, da Assistência Vicentina de São Paulo, representando todos os confrades desta Ordem; Confrade Antônio Carvalho de Faria, da Assistência Vicentina de Mogi das Cruzes, representando todos os confrades desta cidade; Confrade Wilson Betorelli, da Assistência Vicentina de Santos; Sr. Gilberto Rodrigues de Morais, 2o Vice-Presidente do Conselho Particular de Biritiba Mirim.

Senhores Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Walter Feldman, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de homenagear a Sociedade de São Vicente de Paulo - Vicentinos.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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 O SR. PRESIDENTE - LUIS CARLOS GONDIM - PV - Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar pela brilhante apresentação.

A partir de agora, convidaremos representantes da Ordem de São Vicente de Paulo, Vicentinos, para fazerem uso da palavra e trazer a todos o que representa essa Ordem no Brasil e no mundo. Essa foi uma das razões, ou a principal razão, que nos comoveu durante o último Avive, décimo quarto Avive, realizado no Ibirapuera, quando fizemos questão de homenagear os vicentinos.

Esta Presidência concede a palavra ao Confrade Antônio Guimarães, da Assistência Vicentina de São Paulo

 

O SR. ANTÔNIO GUIMARÃES - Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Deputado, permita-me fazer a saudação inicial, porque essa é a praxe dos vicentinos. Em primeiro lugar, quero homenageá-lo por essa iniciativa pioneira. Penso que nunca estivemos tão próximos, em um local tão importante como esta Casa, que é a Casa do povo, de quem o senhor é um dos representantes. E nós somos povo e atendemos o povo.

Nossa missão de vicentinos é atender às classes menos abastadas, as mais carentes nas suas mínimas necessidades. Nosso trabalho de vicentino é árduo, mas constante. Um trabalho feito com amor, com carinho ao próximo. O próximo é povo, e estamos aqui na sua Casa, que é a casa do povo. Agradecemos por demais essa iniciativa de V. Exa. homenageando-nos. Queremos, em contrapartida, transmitir os agradecimentos sinceros dos vicentinos pelo reconhecimento dos nossos trabalhos.

O nosso trabalho está mais junto ao povo, procurando fazer com que ele tenha progresso e se desenvolva. Às vezes, nosso trabalho é criticado como assistencial, mas não é isso. Quem conhece bem o trabalho vicentino sabe que estamos procurando fazer a promoção social. A sociedade é complexa, todos conhecemos. Estou aqui na condição de Diretor de Assistência Vicentina, juntamente com meu Presidente Faedo, a quem também homenageamos. É a nossa obra unida.

Mantemos o Asilo de Vila Mascote e o Asilo do Jardim Bussocaba, que são obras exemplares, e, além do nosso trabalho nas residências dos menos favorecidos, amparamos também entidades que procuram amenizar o sofrimento, principalmente de pessoas de Terceira Idade.

Deputado, muito obrigado pela sua homenagem. Em contrapartida, a Assistência Vicentina de São Paulo lhe presta uma homenagem agradecida pela sua iniciativa. Esperamos que o senhor venha a ser vicentino, conforme a conversa que tivemos na ante-sala. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LUIS CARLOS GONDIM - PV - A simplicidade dos vicentinos realmente nos comove. Esta Presidência concede a palavra ao Sr. Antônio Castelão Brás, Vice-Presidente do Conselho Metropolitano de São Paulo.

 

SR. ANTÔNIO CASTELÃO BRÁS - Nobre Deputado Luiz Carlos, autoridades presentes, Padre Dilermando, Sr. Cristóvão, representando o Conselho Nacional, todos representantes do nossos Conselhos centrais, particulares, confrades, consórcias, não vou repetir o “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”, mas quero dizer a todos: boa noite.

Estamos aqui, para que o Deputado mais conheça o nosso trabalho, já citado aqui. Queríamos deixar gravado nos Anais desta Casa que Avivamento Vicentino é o movimento dos jovens dentro da Sociedade de São Vicente de Paulo. Nesse último Avivamento Vicentino, o 14o, que recebeu elogios de toda a imprensa vicentina, o senhor mesmo me alertou que haveria 12 mil pessoas; nas nossas contas eram onze mil e pouco, mas vale o número maior; e nós concordamos.

O trabalho vicentino não se refere apenas a levar o alimento ao nosso irmão mais necessitado. Atendemos também aqueles que chamamos, muitas das vezes, de “pobres envergonhados”. Hoje, o nosso povo tem necessidade não só de fome material. Encontramos, muitas vezes, necessitados de um conselho, de uma orientação, de um ombro amigo. Tudo isso, o confrade, a consórcia vicentina, faz com total desprendimento.

Essa homenagem que nos é prestada hoje ficará marcada indelevelmente não só nos Anais do Conselho Metropolitano de São Paulo, mas também no coração de todos nós, vicentinos, que aqui estamos, representando uma legião de quase um milhão de confrades e consórcias no mundo. Segundo alguns levantamentos que temos, no mundo, só a ONU tem mais pessoas inscritas do que a Sociedade São Vicente de Paulo. Nós, logicamente, temos que nos renovar constantemente. E fazemos isso por meio de quem? Por meio dos jovens.

Eu, por exemplo, que comecei muito jovem na Sociedade São Vicente de Paulo hoje estou aqui de cabelos brancos. É óbvio que atrás de mim tem de vir mais alguém com sangue novo, para que o Movimento tenha mais e mais adeptos, mais e mais força, novas idéias. Esse também é um trabalho da Sociedade São Vicente de Paulo junto às vocações vicentinas, junto aos jovens.

Quando nossos jovens lerem alguma notícia em algum dos nossos periódicos ou na TV aqui presente sobre esta homenagem, irão sentir-se orgulhosos de pertencer à Sociedade São Vicente de Paulo e poderem se engajar, trazer novos participantes, novos aspirantes.

O exemplo vale muito mais do que palavras. Assim, se o vicentino der o exemplo do amor a Cristo na pessoa do irmão mais necessitado, esse exemplo fará com que possamos trazer mais jovens para a nossa Sociedade São Vicente de Paulo, e fazer o 15o Avive não com 12 mil, como aconteceu no Ginásio do Ibirapuera, mas 20 mil jovens. O confrade Cristóvão vai ter uma responsabilidade muito grande, porque vamos cobrar, no mínimo, 20 mil jovens no 15o Avive. O Vale do Paraíba tem muito mais jovens do que a Capital de São Paulo.

Era o que eu tinha a falar ao nobre Deputado, deixando bem claro nossa posição, agradecendo pela feliz iniciativa que V. Exa. teve em reconhecer um trabalho tão humilde, que é feito desde 1833 e hoje está no mundo todo. Tivemos o reconhecimento da Assembléia Legislativa de São Paulo. Em nome do Conselho Metropolitano, o nosso muito obrigado de coração.

V. Exa. pode ter certeza de que, em todas as nossas preces semanais, nossas orações serão para que tenha saúde, muita paz, e continue com esse espírito público, tentando valorizar aqueles que se dedicam ao trabalho anônimo, para que possam também ser reconhecidos pelas nossas autoridades constituídas. Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LUIS CARLOS GONDIM - PV - Esta Presidência concede a palavra ao Reverendo Padre Dilermando Luiz Cozatti, Diretor Espiritual do Conselho Metropolitano de São Paulo.

 

O SR. DILERMANDO LUIZ COZATTI - Em primeiro lugar, quero dizer o meu muito obrigado, como cidadão paulistano, pela primeira vez falando nesta Casa em que se discutem as leis, buscando atingir os ideais em benefício do pobre, das necessidades da cidade. Parabéns pela sua iniciativa, Deputado Luiz Carlos Gondim, que tive o prazer de conhecer no mencionado Avive do ano passado.

Quem é o vicentino? Vou começar pelo final. Amanhã, irá aniversariar uma grande personalidade, o papa João Paulo II, para quem peço uma salva de palmas. (Palmas.) Esse homem, à prova de bala, continua com seu ideal de levar Cristo a todas as pessoas. Entre as beatificações e canonizações que se propôs a fazer, viajará, em julho, para o Canadá e, depois, passará pelo México para canonizar um índio. Este ano, a Campanha da Fraternidade no Brasil foi sobre o índio.

O Papa mapeou a humanidade e procurou os ideais de santidade. Para nós, vicentinos, em Paris, ele fez questão de pegar o nome de Frederico Ozanam, um leigo, pai de família, professor na Sorbonne, que se inspirou, vendo a necessidade dos pobres, com seus jovens alunos universitários; desde jovem, ele lutou por esse ideal. Frederico Ozanam nada mais fez do que organizar essa Sociedade. É uma Sociedade de leigos.

Estou falando neste momento como um confrade bem velho. Na mesma época, em 1956, o jovem Luiz Faedo entrava para a confraria, e eu, menino, coroinha no Liceu, aprendia muito com o Sr. Atílio Faedo, que, por iniciativa particular, construiu muitas casas para os pobres. Eu vim saber disso em idade avançada, porque o vicentino tem uma característica: é humilde. Então, falar em aparecer na Câmara, na Assembléia, o pessoal não se sente bem. Ele se sente bem na casa do pobre. Ele se sente bem levando a comida, a palavra, o ânimo para o pobre.

Agradeço a Deus o fato de ter sido convidado, desde jovem, desde 13 anos, a ser vicentino. Depois de sacerdote, ficou fácil ser diretor espiritual. Então, a conferência caminha sem padre; caminha como Igreja, como cristão consciente. Tenho insistido que na Conferência também tenhamos uma expressão política. A filosofia do vicentino é: a mão esquerda não sabe o que a direita faz. Ele põe a mão no bolso e distribui o seu coração; reparte na humildade.

Eu definiria o vicentino da seguinte maneira: é o humilde cristão, voluntário; são pessoas que fizeram uma opção real pelos pobres. Seu amor, sua adesão a Cristo ressuscitado o leva a enxergar, no pobre, o próprio Deus. Puebla, em 1972, fez essa opção pelo pobre, mas, anteriormente, os vicentinos já viviam essa opção radical. É o leigo cristão consciente que vive em comunhão, que participa das comunidades sempre anonimamente, mas presente na vida do pobre, levando o amparo. E a pobreza na nossa cidade de São Paulo, mesmo no nosso Estado, cresceu muito. O sinal externo da pobreza são os pontilhões, o desemprego, as pessoas de todo tipo pedindo esmola na rua. E o vicentino vai àquele mais pobre e trabalha de maneira organizada.

Deputado, V. Exa. está de parabéns por essa iniciativa de homenagem na Assembléia, porque o vicentino merece. Ele é um representante do povo e daquele que não tem voz nem vez. Há alguns anos, fazia um trabalho na Praça da Sé e tive a ousadia de levar, ao Grêmio 11 de Agosto, um pobre. Dei-lhe um camisa de manga comprida, uma gravata. Ele, por iniciativa, pagou uma pensãozinha, e foi falar. Esse homem falou bonito. Quando chegou à noite, ele fez uma denúncia para os fiscais, porque pegavam suas barraquinhas, e, na mesma noite, esse homem quase morreu. O que salvou foi que um membro da Polícia Militar - esta que nos prestigiou hoje com o Hino Nacional - que viu aquele homem falando na Faculdade de Direito e depois o viu sangrando. Normalmente, a polícia, nesses casos, fica pensando que é um homem de rua, um bêbado, mas acabou salvando a sua vida. Ele morava na Praça da Sé e era um sofredor de rua.

Quando o pobre faz uma denúncia, vai mexer com alguém, talvez um pobre de espírito em uma situação pior que a dele. O vicentino é aquele homem que vai defender o pobre, levantando a sua moral e dignidade. O irmão vicentino só aparece uma vez no ano, pedindo esmola nos cemitérios - é a única vez que o vicentino aparece -, e aquela coleta é usada em benefício dos pobres.

Quem são os vicentinos? São aquelas formiguinhas que trabalham. No Brasil, temos quatro mil obras associadas entre asilos e creches. No Estado de São Paulo, são 300 obras unidas, sendo 13 na capital. Não precisamos nem fazer o mapeamento da cidade, porque o vicentino está semanalmente em contato com o pobre. Na humildade, no silêncio, ele leva a migalha, reparte o pão, e, sobretudo, levanta a moral do pobre. Na capital, os vicentinos atendem perto de 50 mil pessoas. No silêncio, sem alarme, sem sair em jornal.

Foi mencionado aqui, pelo confrade Antônio Brás, a imprensa vicentina: revistas, boletins, aquilo que se faz, sem nome, sem aparecer. Indo às reuniões do metropolitano, vamos sentindo a presença do vicentino. Assim, essa homenagem, que eu diria justa, não vai sair em grandes canais de televisão. Certamente, não vamos dar ibope, não somos um “Big Brother”.

Somos verdadeiramente irmãos - nós nos chamamos de confrades -, e o que nos une é Cristo e o amor ao pobre. Diante disso tudo, dessas poucas idéias que mencionei aqui, quero agradecer-lhe por sua iniciativa. Posso chamá-lo de amigo, de irmão em Cristo, porque sei que é engajado - trabalha com curso de noivos - como cristão. Que possa continuar esse trabalho, lutando pelos mais pobres, que um dia receberão, agradecidos, a todos nós na casa do Pai. O nosso agradecimento a Deus por tantos irmãos vicentinos, homens e mulheres.

Comecei homenageando o Papa e termino falando da criança, e aqui estão algumas crianças nos colos dos pais. Quero lembrar não o confrade vicentino e o filho de que ele cuida e educa, mas aquela criança que não tem escola, não tem documento, não tem registro, que veio para São Paulo e está numa situação de necessidade. O vicentino vai visitá-la e procura fazer esse trabalho de colocar a família em condições de vida e dignidade.

Falo agora como cidadão paulistano. Essa homenagem é devida a quem tanto faz sem nenhuma esperança de reconhecimento humano, é um interesse somente pela causa de elevar a dignidade do pobre. Parabéns à família vicentina, parabéns a Ozanam um exemplo para todos nós, que deve ser colocado nos altares; como leigo cristão fundou essa sociedade. E que possamos ser vicentinos em todos os campos da sociedade para transformá-la.

Agradeço a Deus, e que o nobre Deputado Luiz Carlos Gondim, presidente desta sessão, possa, realmente, estar a serviço dos pobres. Talvez ele não vá ter grande reconhecimento por parte dos outros colegas, mas, diante de Deus, o seu lugar fica garantido, porque Jesus disse que tudo que fizéssemos por amor ao mais pequenino era por Ele que estávamos fazendo. E aqui estão os representantes daqueles pobres que não teriam nem roupa e se sentiriam envergonhados por sentar numa cadeira dessas, porque é luxo demais para eles. Na sua casa, às vezes, não tem nem um caixote, nem um sofá.

Queremos dizer, em nome do pobre - representado por esses seus amigos, pelos amigos de Ozanam, pelos vicentinos que dedicam o seu dia-a-dia - , aquilo que todo pobre diz: “Deus lhe pague.” Muito obrigado por ter colocado em evidência e prestado essa homenagem à Sociedade São Vicente de Paulo, a Frederico Ozanam, a toda a família vicentina. Deus lhe pague. Que Deus derrame suas bênçãos sobre sua família, sobre esta Casa, e que daqui saiam leis justas, perfeitas, que o pobre possa ter voz e vez na nossa sociedade.

Deus lhe pague e muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LUIS CARLOS GONDIM - PV - Com a palavra o Sr. Gilberto Rodrigues de Morais, 2º Vice-Presidente do Conselho Particular de Biritiba Mirim.

 

O SR. GILBERTO RODRIGUES DE MORAIS - Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo. Exmo. Sr. Deputado Gondim, caros confrades e consórcias presentes, nosso boa noite. Fico muito feliz por estar representando todos os vicentinos do município de Biritiba Mirim, um município humilde da Grande São Paulo, onde os vicentinos chegam a 200. Semanalmente, todos estão presentes nas casas das famílias carentes, que são em número de 80 a 90.

Hoje, para nós, vicentinos, é um dia marcante que, com certeza, ficará para a história, porque é uma grande homenagem feita a todos nós que dedicamos um pouco do nosso tempo em benefício dessas famílias, que, muitas vezes, sofrem das mais diversas enfermidades. Gostaria de agradecer e dizer o nosso muito obrigado.

Usando as palavras do Padre Dilermando, que, por intercessão de São Vicente, do Beato Ozanam, Deus possa derramar suas bênçãos, trazendo muita saúde. Esse gesto, tenham certeza, será muito importante para todos os vicentinos da nossa região. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LUIS CARLOS GONDIM - PV - Esta Presidência concede a palavra ao Confrade Antônio Carvalho de Faria, da Assistência Vicentina de Moji das Cruzes.

 

O SR. ANTÔNIO CARVALHO DE FARIA - Boa noite a todos. Srs. Deputados, represento Moji da Cruzes, como Presidente, sendo as minhas cidades Salesópolis, Biritiba- Mirim, Guararema, cujos confrades e consórcias represento.

Em primeiro lugar, quero agradecer a Deus por nos colocar aqui - tanto eu como toda a família vicentina - e dizer que o mais difícil do trabalho vicentino é tirar o sorriso de um pobre sofrido. De uma criança, nós tiramos, mas, de um pobre sofrido, é muito difícil, como nosso querido Deputado conhece, pois trabalha na nossa obra unida de Salesópolis, na Santa Casa. Toda segunda-feira ele está lá, não como deputado, representante do povo, mas como médico da nossa família vicentina. Ele não tem preguiça e nunca diz “não”.

A homenagem de hoje é importante para nós, assim como para ele. Eu não o conhecia pessoalmente, mas, pelo trabalho que ele faz, eu o conheço. Se ele fosse um mau trabalhador, eu não estaria aqui. Em nome do nosso povo vicentino - de Mogi, Biritiba, Guararema, Salesópolis, São Paulo, do Brasil, do mundo -, eu agradeço o dia de hoje, que jamais vou esquecer. Ficará marcado para nós e para essas crianças que estão aqui hoje.

Agradeço em nome de toda família vicentina, e que Deus sempre o conserve assim, com muita saúde, muita paz, muito trabalho, que cuide de nossos filhos. Essa é a homenagem que nós vicentinos retribuímos ao senhor, porque seu trabalho é maravilhoso e merece uma salva de palmas de nossa parte. O senhor é um vicentino também, porque é um voluntário na Santa Casa. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LUIS CARLOS GONDIM - PV - Esta Presidência concede a palavra ao Confrade Wilson Betorelli, da Assistência Vicentina de Santos.

 

O SR. WILSON R. C. BETORELLI - Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. O que difere a sociedade das demais instituições é essa preocupação com o próximo, é o serviço que prestamos semanalmente, durante o ano todo, como o padre salientou, sem descanso algum.

Esse alimento espiritual não faz diferença para nós, deputado. Que seja evangélico, espírita ou qualquer outra religião. O importante é que essa pessoa está sofrendo, está precisando de uma mão estendida. E é esse o nosso trabalho. Como a Igreja já colocou no II Concílio do Vaticano, a caridade é o pilar da Igreja.

Estamos aqui, justamente, para ser instrumento de Deus, para servir àquele necessitado, Na parte espiritual, levamos a palavra de Deus. Somos a luz e o caminho para a Igreja. Na parte material, levamos o alimento, remédios e algumas outras coisas, como uniformes escolares. A nossa preocupação é tão grande que não deixamos, por hipótese alguma, de fazer uma visita sequer. Para os nossos velhinhos, temos asilos; para as crianças, temos as creches. Aqui em São Paulo, temos hospitais para cuidar do próximo.

Como São Vicente de Paulo sempre nos fala, o pobre são os nossos mestres e senhores. Toda vez que vou à casa de um pobre, eu me preparo antes, porque muitos não têm escolaridade. O que é mais surpreendente é que, por mais que nos preparemos, sempre o pobre nos ensina alguma coisa. Por isso, eles são nossos mestres. E nós estamos lá para servir. Por isso, são nossos senhores.

Segundo um pensamento de São Vicente de Paulo, em primeiro lugar, devemos servir a Jesus Cristo, onde Deus sofre, onde Deus chora, onde Deus está ferido.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LUIS CARLOS GONDIM - PV - Esta Presidência concede a palavra ao Sr. Cristóvão Gomes Gonçalves, membro do Conselho Nacional do Brasil e do Conselho Geral Internacional.

 

O SR. CRISTÓVÃO GOMES GONÇALVES - Confrade
Betorelli, Padre Antônio Carvalho, Confrade Gilberto Rodrigues, Confrades Antônio Brás e Antonio Guimarães, querido Padre Dilermando - vocês sabiam que o Padre Dilermando não é somente padre, também é músico, gosta muito de um pandeiro e nos alegra sempre com sua presença? -, querido Deputado Gondim, quero ser breve para não cansar a nossa comunidade. Saúdo todos com nossa saudação de praxe: louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!

Queremos, inicialmente, dizer que, há mais de um século, no auge da chamada Conferência de Estorial, o jovem Ozanam e seus companheiros debatiam vários temas religiosos, políticos, históricos, econômicos, que a França vivia na sua época. No meio da platéia, levantou-se um rapaz chamado Croet, que interrompeu Ozanam e disse o seguinte: “Vocês falam muito, mas não fazem nada pelos pobres.” Aquilo inquietou o jovem Ozanam e, de lá para cá, começou essa maravilha que é a Sociedade São Vicente de Paulo no mundo.

O primeiro gesto de Ozanam, Deputado Gondim, foi tirar do seu próprio sustento algumas lenhas - naquela época era muito frio - e levá-las a uma pessoa pobre que não tinha com o que se aquecer. Aquela historinha que conhecemos de que o Ozanam levou um feixinho de lenha é um pouco diferente. Ozanam tirou da sua própria lareira e, naquela noite, passou frio. Poucas pessoas sabem disso, porque contam somente que Ozanam levou o feixe de lenha para o pobre. Foi o primeiro gesto dele. E, naquela noite, Ozanam passou frio.

De lá para cá, vocês já conhecem. A Sociedade São Vicente de Paulo está presente em todo o mundo. Estive há dois anos nos Estados Unidos, visitando os vicentinos de lá.

Na Flórida, um Estado riquíssimo, os vicentinos mantêm um restaurante para imigrantes e pobres. Dão almoço e jantar, diariamente, para 500 pessoas. Os vicentinos também estão presentes na Serra Leoa, no fundão da África, onde a fome é fome mesmo. Os vicentinos estão presentes na Europa, no Oriente. Os vicentinos recentemente mandaram cinco toneladas para os pobres da Argentina e, constantemente, socorrem algumas catástrofes, como, há dois anos, aconteceu com o furacão Mitch na Guatemala e Honduras.

Estive, o mês passado, na Espanha, reunido com vários formadores do mundo inteiro desse comitê de formação do qual faço parte, e ouvimos, queridos confrades e consórcias, o quanto bem a Sociedade faz no mundo inteiro. Nos campos de refugiados do Oriente Médio, os vicentinos estão lá, enviando toneladas de alimentos. Os vicentinos estão no mundo inteiro ajudando o próximo.

Para não irmos tão longe, fiquemos no Estado de São Paulo. Para acrescentar os números que o Padre Dilermando forneceu, somente idosos, os vicentinos mantêm no Estado de São Paulo cerca de 10 mil idosos. Desses 10 mil, pelo menos 1.500 deles precisam, diariamente de assistência médica. Esse é um trabalho que a Sociedade faz no mundo inteiro.

Finalizando, quero dizer que a Sociedade São Vicente de Paulo é conhecida e citada pelo Santo Padre o Papa como uma das principais, senão a principal, organizações mundial no combate à fome. O registro de suas palavras está no documento “A Fome no Mundo” do Conselho Pontifício.

Não se pode comparar o nosso trabalho a uma mera filantropia. Tudo o que o vicentino faz, deputado, é conseqüência de um chamado de Deus que ele teve em seu coração. Tudo o que fazemos é conseqüência desse chamado. Onde foi esse chamado? No Livro dos Gênesis, Deus disse a Moisés: “Eu ouvi o clamor do povo e desci para socorrê-lo.” Teologicamente, fundamentamos o início da Sociedade São Vicente de Paulo nesse ouvir o clamor do pobre e descer para ajudá-lo. A Sociedade São Vicente de Paulo, Deputado Gondim, é o eco desse clamor do povo a Deus, que desceu para socorrê-lo. A Sociedade continua fazendo isso até os dias de hoje. Que fiquemos com essas palavras sobre a Sociedade São Vicente de Paulo.

Digo uma palavra ao Deputado que faz hoje nesta Casa uma conferência, podemos assim dizer. Estamos reunidos, falando da Sociedade São Vicente de Paulo. Vamos fazer desse plenário uma conferência vicentina. Qual é o significado de os vicentinos virem a esta Casa de Leis, a esta Assembléia? O que significa a iniciativa do Deputado Gondim?

O Deputado está fazendo um reconhecimento público daquilo que a Sociedade faz pelos pobres. É o poder público enxergando a Sociedade São Vicente de Paulo como mais um órgão no combate à fome, no combate à pobreza. Muitas das coisas que são dever do Estado, do município, da Federação, a Sociedade faz. A Sociedade São Vicente de Paulo é uma parceira do Estado para o equilíbrio social, seja numa cidade, num cidade, num país.

O que se está vendo hoje neste plenário é um deputado, Deputado Gondim, reconhecer o grande trabalho que a Sociedade faz no combate à fome, à miséria, ao analfabetismo, e no cuidado com crianças, idosos, em todo Estado de São Paulo.

Queridos confrades e consórcios, encerro parabenizando-os por terem vindo a esta Casa de Leis receber esta homenagem. Parabenizo o Deputado por olhar a Sociedade São Vicente de Paulo e reconhecer nela uma parceira do Estado no equilíbrio social do Estado de São Paulo. Um grande abraço a todos. Parabéns ao Deputado, parabéns a vocês. Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LUIS CARLOS GONDIM - PV - Fiquei comovido com as palavras do nosso amigo de Mogi das Cruzes e nossa região. Sr. Confrade Wilson Betorelli, Sr. Confrade Antônio Guimarães da Assistência Vicentina de São Paulo, Sr. Antônio Castelão Brás, vice-presidente do Conselho Metropolitano de São Paulo, Reverendo Padre Dilermando Luiz Cozatti, Sr. Cristóvão Gomes Gonçalves, senhoras e senhores, eu havia preparado um discurso.

Os senhores sabem que vivemos em um meio muito difícil. Nesse meio político, é uma situação difícil, e você, embora um cristão, aqui são muitos deputados com essa formação, tem de ter um serviço de jornalismo, uma equipe por trás, senão, não consegue tem contato com os 645 municípios. São Paulo é muito grande.

Imaginamos hoje, sem medo de errar, uns oito milhões de pobres no Estado de São Paulo. Trinta por cento da nossa população está empobrecida. Eu pensei em dar uma satisfação aos vicentinos, o que me levou a reconhecer os vicentinos.

Durante o 14º Avive, eu disse ali ao padre, em off: “Eu fui tocado por Jesus. Fui tocado por São Vicente e pelo povo do movimento dos vicentinos.” A caridade sempre foi uma das ações nossas, pois filho de um pai com onze filhos, que fez com que todos reconhecessem o próximo. Esse amor ao próximo deve ser cultuado por todos e sabemos que os vicentinos fazem isso muito bem.

Quantos milhares de seres humanos vocês, vicentinos, têm ajudado que teriam vontade de estar hoje como deputado aqui reconhecendo o trabalho de vocês? É o terceiro domingo em uma igreja, o primeiro domingo na outra, é a coleta, é a ajuda. É aquela peregrinação para levar uma cesta básica ou a auto-estima, que é levantar o espírito da pessoa: aquele sofredor de um câncer na fase final. Eu sou médico e chegavam os vicentinos no Hospital A. C. Camargo, ou no Hospital Santa Rita, onde fui médico muito tempo, ou no Hospital das Clínicas, para dizer: “Você vai ficar bom.” Sabíamos que a pessoa estava na fase final e dizíamos: “Tomara que ele fique bom. A oração desse senhor é muito boa.” Depois, vim descobrir que ele era vicentino.

Eles faziam aquela visita das três horas e havia alguns pacientes que não tinham nem a quem dizer: “Estou doente.” Mas a mão do vicentino foi lá. Sou médico há 28 anos, achava aquilo muito bonito e dizia: “Ainda vou ser vicentino.” Eu sempre dizia isso e creio que está chegando o momento.

Ao reconhecer essa dedicação como estamos fazendo agora, vem um pensamento: será que eles vão pensar que é uma coisa política? Veio-me um documento, “Fé e Política”, e eu comecei a ler na Igreja. Tentei justificar para mim mesmo esse reconhecimento aos vicentinos. V. Exa. que é vereador bem o sabe.

“Fé: crer, temer e ter amor a Deus.” Como eu iria definir a política em um momento como esse para os vicentinos? Tudo é política. Política de miséria, política da fome - que vocês vão socorrer -, política de saúde. Quero que qualquer um de vocês vá agora a uma central de vagas e marque uma consulta para a cardiologia. Enquanto vocês estavam aqui chegando, telefonaram-me para dizer que não conseguiam transferir uma pessoa de Suzano para o Hospital do Servidor Público. E eu tive de falar com o prefeito para liberar uma ambulância. Isso não é função de deputado. Mas tive de fazer isso há poucos minutos, e minha assessoria, em vez de estar aqui, está tentando fazer essa transferência.

Política social. Quantas pessoas largadas, como disseram nos discursos, em viadutos, em outros lugares, sem eira nem beira, sem condição nenhuma, que chegam às mãos do vicentino? E esse é o papel de nós políticos. Talvez mais o Poder Executivo - não culpem a ele como vereador, nem a mim como deputado, nem aos outros deputados - ou a política econômica. Nas cidades que visitamos, há asilos, santas casas, dirigidas por vicentinos, todos pedindo esmola em uma igreja, em outra. Eu digo esmola no bom sentido. É ajuda. No nosso trabalho, todos têm de se apresentar de paletó e gravata, aí, eles olham e dizem: “Será que o senhor não poderia dar quatro leitos diferentes para a nossa sociedade?” Quando temos uma utilidade pública municipal, vereador, e precisamos da utilidade pública estadual, se não tiver o deputado, não vamos conhecer, por exemplo, aquela Ordem dos Vicentinos, como está ocorrendo hoje em Santa Branca com madres francesas que não recebem nenhuma ajuda da Secretaria de Bem-Estar Social, porque não são reconhecidas pelo Estado. O projeto está circulando agora porque estamos apresentando.

A fé e a política têm de andar juntas. Não adianta nos escondermos da política agora. Essa justificativa e explicações que queríamos dar são para dizer o porquê do reconhecimento, o porquê do trabalho. Quem foi ou é médico de posto de saúde sabe que tudo aquilo que estamos fazendo aqui é em reconhecimento ao trabalho de vocês.

Fizemos um discurso que vou passar para vocês em respeito ao meu jornalismo, à minha equipe:

“Estava com fome e me deste de comer. Estava com sede e me deste de beber. Estava nu e me vestiste. Estava preso e foste-me visitar. Era peregrino e me acolheste. Estava doente e cuidaste de mim. Em verdade, vos digo, quando fizerdes isso ao mais humilde de meus irmãos foi a mim que fizestes (Mateus, 25).”

É com imensa honra que cito neste momento as palavras de São Mateus para traduzir o significado do valoroso trabalho da Sociedade São Vicente de Paulo e de toda família vicentina, que, através da história, vem trazendo à humanidade o mais nobre exemplo de caridade e trabalho cristão. Fundada em 1833, a obra vicentina presta assistência material e espiritual a milhares de pessoas em todo o mundo, graças à atuação de seus associados que enxergam nos mais necessitados a imagem do próprio Cristo.

A Sociedade São Vicente de Paulo é uma organização católica, internacional de leigos, que conserva até hoje a simplicidade no esquema das reuniões semanais e suas conferências nas visitas domiciliares aos pobres. Contando com verdadeiro exército de voluntários, a Sociedade São Vicente de Paulo está empenhada em aliviar o sofrimento do próximo, promover a dignidade, a integridade humana, através de ensinamentos de Jesus Cristo.

Na Europa, em 1833, a Igreja Católica vinha sendo muito atacada pelo ateísmo e pelo materialismo que se alastravam pela sociedade através do pensamento racionalista. Diante de tal quadro ameaçador, um grupo de jovens franceses, com idade de 19 a 23 anos, decidiu agir em defesa da Igreja para provar a excelência da verdade da religião católica.

Um desses jovens, Antonio Frederico Ozanam, então com 20 anos, era líder de um grupo que fundou a chamada Conferência de Caridade, em 2 de abril de 1833, com o objetivo de ajudar aos pobres, glorificar a Deus nas pequenas coisas. Desde o início, a Sociedade, que estava sendo criada por aqueles rapazes católicos fervorosos, encontrou profunda identificação com a obra de São Vicente de Paulo, cujo exemplo de abnegação em auxílio aos pobres o tornou conhecido como santo da caridade.

Desde aquela primeira Conferência fundada em Paris, no século XIX, até os dias de hoje, o trabalho da Sociedade de São Vicente de Paulo tem sido marcado pela retidão de sua conduta no espírito da religião, levando aos menos favorecidos não apenas o socorro material, mas sobretudo o ensinamento do nosso Senhor Jesus Cristo, da Igreja Católica e da vida dos santos.

Fiel aos princípios de seu fundador, Antonio Frederico Ozanam, e inspirada no pensamento do seu patrono São Vicente de Paulo, a família vicentina tem demonstrado a preocupação de renovar-se constantemente e adaptar-se aos novos caminhos da sociedade contemporânea e da globalização.

Hoje está presente em 131 países com quase um milhão de membros, levando socorro mútuo a quantos precisarem, independente de raça, cor, posição social, nacionalidade, credo político ou religioso. Com o maior orgulho, o Brasil é considerado hoje o maior país vicentino do mundo, com 420 mil membros aproximadamente, unidos pelo amor ao próximo, que buscam santificação pessoal através da prática da caridade.

Por todos os aspectos aqui mencionados, prestamos hoje, nesta Casa de Leis, nossa humilde homenagem à Sociedade São Vicente de Paulo, com a esperança de que esse exemplo de trabalho humanitário, de valor inestimável, possa fazer brotar no coração de cada cidadão a semente do amor incondicional ao próximo, da forma que Jesus Cristo ensinou. Somente assim, senhoras e senhores, poderemos alcançar um mundo melhor e mais justo, com igualdade social e respeito à dignidade humana.

Essas são as nossas palavras que fazemos dos vicentinos aqui no Brasil e no mundo inteiro. Muito obrigado. (Palmas.)

Senhoras e senhores, esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade.

Está encerrada a sessão.

 

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-         Encerra-se a sessão às 21 horas e 45 minutos.

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