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14 DE ABRIL DE 2011

022ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOOJI HATO, ULYSSES MARIO TASSINARI e CELSO GIGLIO

 

Secretário: JOSÉ CÂNDIDO

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOOJI HATO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Tece comentários acerca de lei que garante licença maternidade, direitos previdenciários e auxílio doença aos empreendedores individuais. Cita trabalhadores que pertencem à categoria. Afirma que grande parcela da população desconhece a lei. Solicita aos cidadãos que procurem seus direitos.

 

003 - Presidente JOOJI HATO

Registra a presença de comitiva de Deputados de províncias chinesas, em visita ao Brasil, e ressalta a importância da visita da Presidente Dilma Rousseff à China.

 

004 - VITOR SAPIENZA

Lê e comenta e-mail, enviado por professora da USP, com razões para que não sejam construídas mais usinas nucleares no Brasil. Pede aos demais Deputados que discutam o tema.

 

005 - CARLOS GIANNAZI

Exibe holerites de professores das escolas públicas do Estado. Considera insuficiente o bônus recebido por alguns professores. Critica contração do Magistério, por meio da lei 1093. Lamenta o salário pago aos professores da rede estadual de ensino. Pede por mais respeito do Governo com esses profissionais.

 

006 - ULYSSES MARIO TASSINARI

Assume a Presindência.

 

007 - JOOJI HATO

Comenta a possibilidade de novo referendo sobre o desarmamento e defende voto a favor. Reflete acerca dos males ocasionados por armas de fogo. Dá conhecimento de sua opinião, como médico, do assunto.

 

008 - WELSON GASPARINI

Comemora instalação de estúdio televisivo da Rede Record em Ribeirão Preto. Destaca a importância da obra para a região. Cita personalidades presentes na festividade. Ressalta o valor informativo da imprensa.

 

009 - JOOJI HATO

Assume a Presidência. Convoca sessão solene, a realizar-se dia 09 de maio, às 10 horas, com a finalidade de homenagear o "Dia Estadual de Prevenção ao Câncer de Mama", a pedido da Deputada Célia Leão.

 

010 - CARLOS CEZAR DA SILVA

Fala sobre a tragédia ocorrida em escola do Realengo, no Rio de Janeiro. Pede pela discussão de temas como desarmamento e bullying. Menciona projeto, de sua autoria enquanto vereador, que determina que escolas incluam em seu projeto pedagógico medidas de prevenção ao bullying. Faz homenagem póstuma aos alunos.

 

011 - OLÍMPIO GOMES

Lamenta a morte do policial militar Militão, integrante do 46º batalhão. Informa que os assassinos portavam fuzis. Pede por providências ao governo Estadual. Combate o valor da pensão paga aos familiares de policiais mortos.

 

012 - LUIS CARLOS GONDIM

Demonstra preocupação com a série de transferências ocorridas no 17º batalhão da polícia militar, em Mogi das Cruzes. Relata discussões ocorridas em frente parlamentar com o intuito de apreciar questões relativas à região do Alto do Tietê. Pede pela constituição da comarca de Arujá.

 

GRANDE EXPEDIENTE

013 - Presidente JOOJI HATO

Convoca sessão solene em homenagem ao "120º Aniversário da Imprensa Oficial" no dia 25 de abril, às 20 horas, a pedido do Deputado Cauê Macris.

 

014 - JOSÉ CÂNDIDO

Lamenta episódios de violência ocorridos na região metropolitana de São Paulo e no Estado como um todo. Comenta matéria jornalística acerca de atentados a tiros ocorridos na região da Baixada Santista. Informa assassinato ocorrido em Mogi das Cruzes. Sugere, como solução ao problema da violência, o desenvolvimento de trabalho e renda. Defende ações de desarmamento.

 

015 - JOÃO CARAMEZ

Lamenta a aprovação da Medida Provisória nº 511, pelo Senado Federal, que trata do trem-bala que ligará as cidades de São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro. Menciona estudo que afirma que o valor orçado inicialmente será superado até o final do projeto. Considera que a verba a ser utilizada na construção poderia ter melhor uso em outras obras na região metropolitana de São Paulo. Informa que o Metrô de São Paulo deveria ser alvo de investimentos do Governo Federal.

 

016 - WELSON GASPARINI

Condena o aumento da violência no País. Informa que o Governador Geraldo Alckmin propõe a construção de novos presídios no Estado de São Paulo, no entanto, enfrenta a dificuldade dos municípios não desejarem abrigar tais instalações. Propõe a regionalização dos presídios em nível Estadual. Critica a instituição da Justiça e as denúncias de mensalão ocorridas no Governo Lula. Elogia a iniciativa do Deputado Mauro Bragato em relação à Frente Parlamentar em Defesa da Malha Ferroviária Paulista.

 

017 - ANTONIO MENTOR

Para Questão de Ordem, indaga sobre a instauração de CPIs nesta Casa que, tratam de generalidades e fogem ao interesse público.

 

018 - Presidente JOOJI HATO

Registra a manifestação.

 

019 - CELSO GIGLIO

Lamenta a aprovação, pelo Senado Federal, de medida provisória que autoriza a construção de trem-bala. Condena a falta de utilização das rodovias e ferrovias já existentes. Defende o objeto da CPI, proposta pelo orador, que objetiva a investigação da qualidade do ensino das Universidades particulares no Estado. Menciona aterro que vem causando dificuldades à população de Osasco. Condena a falta de planejamento e de recursos técnicos da obra mencionada. Apela ao Prefeito da região para que este tome as medidas necessárias.

 

020 - CARLOS GIANNAZI

Pelo artigo 82, divulga a realização de audiência pública, hoje, na Assembleia, com concursados para o cargo de Oficial de Justiça do Tribunal de Justiça. Defende a aprovação de projetos de lei que criariam novos cargos para o órgão. Reivindica melhorias para a Justiça, entre elas, contratação de mais funcionários e reajuste salarial. Acusa o Governador de não fazer o devido repasse de recursos para o Tribunal de Justiça.

 

021 - CELSO GIGLIO

Assume a Presidência.

 

022 - CAMPOS MACHADO

Pelo art. 82, relembra sua trajetória no PTB. Fala do apoio dado a Geraldo Alckmin no decorrer dos anos. Rebate postura do PSDB quanto à parceria com outras legendas.

 

023 - JOÃO ANTONIO

Pelo art. 82, agradece os eleitores pela vitória nas urnas. Comenta o discurso do Deputado Antonio Mentor a respeito de CPIs. Manifesta-se contrário à banalização dos temas abordados nas Comissões Parlamentares de Inquérito. Declara seu respeito e consideração ao Deputado Campos Machado, apesar das divergências partidárias. Comenta matéria publicada no Jornal da Tarde de hoje. Destaca a afirmação do Governador Geraldo Alckmin, que admitiu que a rede metroviária da Capital é insuficiente para atender a demanda.

 

024 - DONISETE BRAGA

Pelo art. 82, declara que a bancada do PT não faltará aos compromissos assumidos neste Parlamento. Comenta debate na Rádio CBN, hoje, entre os Senadores Aloysio Nunes e Marta Suplicy, sobre transportes urbanos. Critica a falta de planejamento e de investimento do governo tucano em 16 anos de gestão em São Paulo. Ressalta a importância da audiência pública sobre o traçado norte do Rodoanel e seus impactos.

 

025 - CAMPOS MACHADO

Para comunicação, elogia o Deputado João Antonio. Retoma o debate sobre CPIs. Admite que os temas propostos por elas são de pouca relevância. Afirma redundância entre o que é concluído pelas Comissões Parlamentares de Inquérito e o que é apurado pelo Ministério Público. Diz que as CPIs têm caráter político. Questiona os resultados práticos das CPIs.

 

026 - JOÃO ANTONIO

Para comunicação, defende o debate qualificado, no campo das ideias, e o contraditório. Cita Platão e Sócrates no que tange à definição do termo sofistas. Explica a essência das CPIs. Critica o poder financeiro do Executivo e sua influência sobre as minorias. Afirma que este cenário não é benéfico para a Democracia. Defende o resgate da força do Legislativo quanto ao seu poder de fiscalização.

 

027 - CAMPOS MACHADO

Para comunicação, rebate o discurso do Deputado João Antonio. Enaltece, no entanto, a postura do parlamentar pela lealdade ao PT. Defende o papel do Governador Geraldo Alckmin.

 

028 - HAMILTON PEREIRA

Para comunicação, tece comentários sobre o debate entre os Deputados João Antonio e Campos Machado. Esclarece as funções do Legislativo. Explica o papel de cada Poder constituinte. Defende a implantação da CPI da "Máfia dos Radares" para dar um fim ao que considerou uma "indústria de multas".

 

029 - CAMPOS MACHADO

Para comunicação, manifesta-se contrário à instalação da CPI da "Máfia dos Radares". Questiona a diferença jurídica entre decreto e lei. Sugere que a bancada do PT manifeste apoio quanto ao resgate da dignidade do Parlamento no sentido de que o decreto jamais se sobreponha à lei.

 

030 - JOÃO ANTONIO

Para comunicação, afirma que o bem comum é o que justifica o trabalho dos Deputados. Diz que o PT foi constituído pela população para ser oposição programática e fará uso de todos os recursos disponíveis para isso. Explica que o decreto está na base da pirâmide quanto à hierarquia das normas. Concorda com o posicionamento do Deputado Campos Machado no que diz respeito aos papéis do Executivo e do Legislativo. Sugere que este Parlamento derrube decretos ilegais por meio de PDLs.

 

031 - OLÍMPIO GOMES

Para comunicação, lamenta a morte do soldado Militão Estevão Xavier, baleado durante ocorrência no bairro do Cursino, zona sul da Capital. Tece comentários sobre o debate entre os Deputados Campos Machado e João Antonio. Defende mudanças na área da Segurança Pública, a fim de que o cidadão se sinta protegido pela Polícia.

 

032 - CAMPOS MACHADO

Para comunicação, discursa sobre a Lei Orgânica da Polícia Civil, que é a Lei complementar nº 207/79. Defende o debate sobre Segurança Pública, de forma a valorizar os policiais civis.

 

033 - JOÃO ANTONIO

Para comunicação, chama a atenção do Legislativo no sentido de defender o Estado Democrático de Direito. Manifesta-se contrário ao governar por decreto, independentemente do partido político.

 

034 - CAMPOS MACHADO

Para comunicação, tece comentários sobre os termos aliado e alienado.

 

035 - OLÍMPIO GOMES

Para comunicação, apoia o resgate da dignidade da Polícia Civil. Defende a devolução da autonomia para a Corporação. Debate sobre alterações ocorridas na Polícia. Critica a Resolução SSP-45, de 2011, considerada uma distorção jurídica.

 

036 - CAMPOS MACHADO

Para comunicação, rebate o discurso do Deputado Olímpio Gomes.

 

037 - HAMILTON PEREIRA

Para comunicação, comenta o discurso do Deputado Campos Machado. Defende uma das prerrogativas dos Deputados, a de fiscalizar o Executivo.

 

038 - HAMILTON PEREIRA

Requer o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

 

039 - Presidente CELSO GIGLIO

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 15/04, à hora regimental, sem ordem do dia. Levanta a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Jooji Hato.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado José Cândido para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - JOSÉ CÂNDIDO - PT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlão Pignatari. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Caramez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Cláudio Marcolino, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. LUIZ CLÁUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, funcionários desta Casa, no dia de ontem fiz um breve comentário sobre o empreendedor individual. Acho importante reforçar o que muitas pessoas não sabem. Segundo uma lei aprovada no ano passado, os empreendedores individuais podem ter direitos previdenciários garantidos, licença-maternidade e auxílio-doença se houver algum acidente de trabalho ou doença.

Fazem parte das profissões que o empreendedor individual pode exercer: açougueiro, agente de correio franqueado, alfaiate, artesão de bijuterias, artesão de madeira, artesão de metais, astrólogo, azulejista, barbeiro, bordadeira, borracheiro, cabeleireiro, cantor/músico independente, carpinteiro, chaveiro, comerciante de bijuterias e artesanatos, comerciante de calçados, confeiteiro, costureira, eletricista de automóveis, encanador, fabricante de alimentos prontos congelados, fabricante de sucos de frutas, hortaliças e legumes, fotógrafo, funileiro/lanterneiro, gesseiro, instrutor de informática, instrutor de música, jardineiro, manicure/pedicure, marceneiro, pedreiro, pintor de paredes, pipoqueiro, promotor de eventos, proprietário de lanchonete, proprietário de restaurante, taxista.

Muitos desses trabalhadores não têm carteira registrada, não têm trabalho formal, mas poderão ser regularizados como micro-empreendedores individuais. Para isso é necessário acessar o site www.portaldoempreendedor.gov.br.

Até o dia 30 de abril as pessoas enquadradas como empreendedores individuais estão pagando 59 reais. Mas foi publicada na última sexta-feira, 8 de abril de 2011, uma Medida Provisória encaminhada pela Presidenta Dilma Rousseff reduzindo esse valor para R$ 27,25, que passará a ser cobrado a partir de 1º de maio. Pagando esse valor, como disse há pouco, os empreendedores individuais terão direito à previdência pública, licença-maternidade e auxílio-doença em caso de doença, ou seja, essas pessoas terão garantida uma remuneração mensal.

Além disso, a pessoa tem direito a CNPJ e a emitir nota fiscal, podendo prestar serviços a órgãos públicos. Também, durante um ano, tem direito a acompanhamento de um escritório de contabilidade credenciado no seu município.

É importante dizer também que faz parte dos direitos previdenciários o direito à aposentadoria, segurança que essas pessoas não tinham.

Portanto, a partir de 1º de maio, segundo estabelece a Medida Provisória apresentada pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, esses micro-empreendedores pagarão apenas R$ 27,25 - R$ 1,00 vai para o ICMS e R$ 5,00 para ISS, passarão a ter sua situação de trabalho regularizada e direito aos direitos previdenciários.

Micro-empreendedor, acesse o portal www.portaldoempreendedor.gov.br. É muito fácil fazer a sua regulamentação. Com isso você passa a ter sua situação formalizada, a ter mais segurança e a ter direitos. É uma lei que você pode e deve cumprir. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, estamos recebendo hoje na Assembleia uma comitiva de Deputados da China. Desejo a todos boas-vindas. A nossa Presidenta Dilma Rousseff visita a China e espero que esse relacionamento entre Brasil e China seja profícuo, que aumente as importações e exportações, o intercâmbio cultural entre os dois países. Que a China possa ajudar-nos a sermos uma das grandes nações, e caminhamos para isso. Somos um país pacifista, que busca sempre, com esse belo povo que temos, ajudar o mundo. Desejo que essa delegação tenha uma feliz estada em nossa cidade, no nosso Estado. Muito obrigado. (Palmas.)

Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza.

 

O SR. VITOR SAPIENZA - PPS - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público, telespectadores da TV Assembleia, Srs. Deputados da China, que nos prestigiam - é uma satisfação grande recebê-los -, caros amigos, entre as inúmeras correspondências que recebo, muita delas merecem registro. E hoje quero destacar um email que recebi da Doutora Ecléa Bosi, Professora Emérita da USP, da cadeira de Psicologia Social. Essa matéria é de tal relevância que passarei a ler o email:

“Cinco razões para dizer não às usinas nucleares

Razões ambientais

1. Não há risco zero em nenhum tipo de usina nuclear.

Acidentes naturais, falhas técnicas, e falhas humanas podem ocorrer, como já ocorreram nos Estados Unidos, na União Soviética, no Japão, nações que dispõem de alta tecnologia. Em Three Mile Island, em 1979, houve derretimento do reator. Em Chernobyl, em 1986, houve explosão do reator. Em Fukushima, o tsunami e o terremoto. Causas diferentes e todas imprevisíveis.

Os responsáveis pela construção das usinas sempre afirmam que a segurança das centrais nucleares é perfeita, mas o fato é que, não puderam nem podem evitar acidentes deste ou daquele tipo. Cuidado com os lobbies nucleares!

2. Não se pode garantir por milhares de anos a segurança dos depósitos de rejeitos provenientes dos reatores. O lixo atômico sobreviverá muito tempo depois que a usina for desativada.

3. Os efeitos cancerígenos das radiações são de conhecimento geral.

Razões sociais

4. No caso de Angra, não há condições de retirada imediata da população, caso se verifiquem acidentes que obriguem à evacuação imediata da zona contaminada.

Razões econômicas

5. O alto custo que importa a continuação do programa de construção de usinas nucleares (aproximadamente 8 bilhões de dólares cada uma) não compensa o uso que se fará da energia, que corresponderá a apenas 3 por cento do total das modalidades energéticas em operação no Brasil.

Resumindo: A continuação do programa de construção de usinas nucleares é arriscada, excessivamente custosa e, a rigor, desnecessária, considerando o leque de alternativas energéticas de que dispõe o país. Compõem esse leque os recursos hídricos, que são enormes, a energia solar, a eólica, além das energias extraídas da biomassa.

Observação: A Itália e a Suécia estão desativando o seu programa de usinas nucleares.O governo alemão está reconsiderando a conveniência de manter algumas de suas usinas nucleares.

Este é o momento oportuno para que o povo brasileiro se manifeste sobre os riscos de uma decisão de tamanha relevância.”

Faço este registro no sentido de fazer com que os Srs. eleitores, sejam de qual partido for, se manifestem, mesmo porque no momento em que há uma manifestação desse porte, nós, Deputados, enriqueceremos o nosso currículo e teremos muito mais condições de defender aquilo que o nosso povo quer, aquilo que o nosso Brasil precisa.

Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Engler. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Orlando José Bolçone. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Gilmaci Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente desta sessão, Deputado Jooji Hato, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, pena que os nossos colegas deputados da China já se retiraram, porque o que tenho para falar é muito sério. Até gostaria que eles levassem essa informação para a China, para que os chineses saibam como funciona a Educação no Estado de São Paulo.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Ulysses Mario Tassinari.

 

* * *

 

O Estado mais rico, praticamente, da América Latina tem um dos piores sistemas de Educação de todo o nosso continente. Gostaria de frisar que há uma propaganda enganosa do Governo do Estado em relação à distribuição dos bônus para os professores, essa política que tanto temos criticado de bonificação, gratificação, de prova de mérito, que tanto tem destruído a carreira do Magistério público do Estado de São Paulo.

E estamos recebendo agora, depois de concedido o famoso bônus para o Magistério, milhares e milhares de denúncias e reclamações de professores, dizendo que não receberam simplesmente o bônus. Ou se receberam, foram valores irrisórios de 50 reais, 60 reais, 50 centavos. Até trouxe aqui um exemplo, Sr. Presidente, para mostrar aos deputados e aos telespectadores da TV Assembleia.

Trouxe aqui alguns holerites para mostrar para os Srs. Deputados, as Sras. Deputadas e para os telespectadores da TV Assembleia. Este é o holerite de um professor da Rede Estadual de Ensino, que recebeu um bônus no valor líquido de 85 centavos. Temos vários holerites como esse; temos um outro aqui, de uma professora que recebeu 52 reais de bônus.

Isso é uma humilhação para o Magistério público. Pena que os nossos colegas Deputados da China não estão mais no plenário, para que eles levem e mostrem para os chineses como anda a Educação pública do Estado de São Paulo. O professor já tem um vale-refeição de quatro reais, conhecido como “vale-coxinha”. Além disso, o professor recebe bônus de 85 centavos, sem contar as outras mazelas que têm assolado a Educação no Estado de São Paulo, como a superlotação de salas, a famosa duzentena.

O professor hoje contratado através da lei 1093 só pode ficar na escola durante um ano. Após esse período ele é praticamente exonerado, ele não pode mais ficar no cargo e só pode voltar após um ano. Ele fica na quarentena. Nós falamos em duzentena porque ele fica 200 dias letivos fora da Rede Estadual de Ensino.

Essa é a situação real hoje da Rede Estadual de Ensino. Por isso estamos exigindo que o Governador Geraldo Alckmin respeite a data-base salarial dos servidores da Educação e de todo o funcionalismo público, cumprindo a lei, o reajuste salarial pelo menos das perdas da inflação. Ao menos isso. Os professores não estão pedindo nem aumento, estão pedindo reposição das perdas inflacionárias.

É inconcebível que um professor no nosso Estado tenha um salário de 700 reais, com um bônus de 85 centavos. Milhares e milhares de professores estão recebendo esse bônus.

Quando a população acompanhar os pronunciamentos do Governador Geraldo Alckmin, do Secretário da Educação, dizendo que estão distribuindo bônus para os professores, esse é o bônus real, que cada professor, que muitos professores estão recebendo na Rede Estadual de Ensino: 85 centavos. Esse valor não paga nem a impressão do holerite. O professor recebe esse bônus uma vez só durante o ano letivo.

É uma afronta à dignidade do professor, do Magistério como um todo, é uma afronta à Educação pública e também uma afronta aos nossos cinco milhões de alunos que estão matriculados na rede pública. Como o Estado mais rico da Federação tem a coragem de tratar o professor dessa maneira, pagando um bônus de 85 centavos?

Continuaremos cobrando, denunciando e lutando para que haja em investimento na Educação, sobretudo no Magistério público estadual. Essa é a nossa função aqui. Não toleraremos mais que alguns Deputados venham aqui a esta tribuna dizer que estamos fazendo oposição pela oposição, que estamos obstruindo de uma forma inconsequente.

Estamos aqui denunciando toda essa situação de abandono da Educação no Estado de São Paulo. Temos que fiscalizar o Poder Executivo e obrigá-lo a investir em Educação, Saúde, Segurança Pública e nas demais áreas sociais. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ULYSSES MARIO TASSINARI - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Moura. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, estamos vivenciando um novo referendo em relação ao desarmamento.

É com a arma que se mata. É com a arma, principalmente de fogo, que milhares de vidas são ceifadas, causando prejuízo enorme. É por causa da arma que os médicos têm muito trabalho nos pronto-socorros e nos hospitais, ocupando leitos caríssimos, que são os leitos cirúrgicos, leitos de UTI, consumindo recursos do SUS e impossibilitando o atendimento de outras patologias, outras doenças que vivenciamos nos hospitais, onde o atendimento deixa muito a desejar.

A arma traz muita tristeza às famílias. É com a arma que homens e mulheres são agredidos. Às vezes é uma mãe que ao se defender de um drogado acaba utilizando até da arma, ferindo seu filho, como aconteceu em Porto Alegre. Essa cidadã gaúcha hoje sofre de depressão: perdeu seu único filho, um drogado violento que agredia a família, agredia a mãe e o pai, e ela teve que utilizar uma arma para ferir, involuntariamente, e seu filho morreu nos seus braços.

Por conta de uma arma de fogo nós, cirurgiões, não sabemos o que aconteceu dentro do corpo, porque a bala ricocheteia na coluna vertebral, nas partes duras dos ossos e acaba percorrendo mil trajetos, ferindo vários órgãos e provocando uma hemorragia. É um trabalho imenso para os cirurgiões. Sou um deles, e operei muitos baleados nos pronto-socorros.

É por isso que luto a favor do desarmamento. É com a arma que as pessoas assaltam. A turma do mal utiliza para ferir. Um garupa de moto sente a impunidade, escondido no seu capacete, num veículo rápido como uma moto, e atira sem piedade.

E contra uma arma não podemos nos defender. Ficamos impotentes, ficamos reféns. E tudo isso é com a arma, principalmente as ilegais, as contrabandeadas, as roubadas.

Por isso esse referendo tem que ser vitorioso, não pode ser igual ao outro, que falava: você é contra ou a favor do desarmamento. Assim, o indivíduo vota a favor do desarmamento e pensa que está votando contra as armas.

Então, a melhor pesquisa é perguntar se o cidadão é favorável à venda, à comercialização, ao uso de armas, ou não. Aí, sim. Se não, poderá haver outras interpretações e a turma do bem acabará perdendo essa batalha. Somente duas cidades brasileiras - se não me falha a memória, Angaturama e Diadema - tiveram a vitória, que, acredito, seja contra as armas.

Caros deputados, caras deputadas, como médico, como deputado, sinto-me na obrigação de lutar pelo desarmamento, de lutar contra as armas. A nossa função, do médico e da turma do bem, é prolongar a vida. E a arma tira a vida. Quantas vidas não foram ceifadas? O pior é que a violência das armas atinge, principalmente, a faixa etária de 14 a 30 anos, os mais jovens.

Concluo dizendo “não” às armas. Vamos ganhar esse referendo. Se Deus quiser, vamos aprovar nesta Casa, que é a mais poderosa de todas as Assembléias do País, para que seja como uma caixa de ressonância e para que se propague um projeto de lei pelo desarmamento, pela blitz com desarmamento, para trazer a vida, porque a vida é o bem maior. Muito obrigado.

 

O Sr. Presidente - ULYSSES MARIO TASSINARI - PV - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tem a palavra a nobre Deputada Regina Gonçalves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Welson Gasparini.

 

O SR. WELSON GASPARINI - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, TV Record de Ribeirão Preto é a segunda da rede em todo o Brasil.

Ribeirão Preto tem mais um motivo para se orgulhar: abriga, desde a noite do último dia 12, o segundo estúdio em tamanho da Rede Record em todo o país e o maior do interior do país. Convidado pela direção da rede e pelo Governador Geraldo Alckmin participei da comitiva oficial que veio de São Paulo - incluindo a primeira dama, Lu Alckmin - para prestigiar o evento. Fiquei feliz por saber, como jornalista que fui durante grande parte da minha vida, da intenção da Record em privilegiar o jornalismo, dedicando-lhe quatro horas diárias da sua programação e, ao mesmo tempo, ampliando o espaço dedicado aos programas locais e regionais. Mais ainda: a unidade terá 50 profissionais no departamento de jornalismo e, a partir de agora, nela serão gerados cinco programas para toda a rede.

Partilhei, assim, ao lado do Governador Alckmin e do meu colega Deputado Rafael Silva - entre outras autoridades, como a prefeita Dárcy Vera; o presidente da Câmara, Nicanor Lopes e as vereadoras Glaucia Berenice e Silvana Resende - da alegria do presidente da Record Alexandre Raposo; do diretor comercial Walter Zagari e do diretor da Record Ribeirão Preto, João Batista Rodrigues, de entregarem à comunidade regional um investimento da ordem de R$ 10 milhões num estúdio de 450 m2 numa área de 3000 m2, tornando-se o maior complexo de jornalismo fora da sede, em São Paulo. Também participaram daquele momento algumas das expressões artísticas e jornalísticas da rede Record como a apresentadora Ana Paula Padrão, o apresentador Britto Jr., o ator Luciano Zafir e a atriz Amanda Françozo, ao lado de muitos outros.

O Governador Alckmin ressaltou - e eu concordo inteiramente com ele - de que a partir da inauguração desta nova sede haverá uma mudança da "geografia" do jornalismo, dando ensejo a uma divulgação mais intensa da pujança desta nossa região e das vocações de Ribeirão Preto em áreas distintas como Saúde, Educação, Agricultura, Turismo, Negócios, etc.

É Ribeirão Preto, enfim, cumprindo o seu destino de polo gerador de desenvolvimento econômico e social; uma verdadeira metrópole.”

Sem dúvida alguma, foi um dia de grande importância para Ribeirão Preto e para a nossa região. O Governador Geraldo Alckmin e sua esposa, indo a Ribeirão Preto para assistir a essa inauguração, demonstraram também o alto apreço à imprensa em geral.

Estamos vivendo uma época em que, mais do que nunca, a Nação brasileira precisa de uma imprensa forte, uma imprensa que realmente reproduza para o País todos os grandes anseios da população. É um momento em que os meios de divulgação, a grande mídia, precisam estar presentes nos grandes acontecimentos.

A TV Record, ao criar essa infraestrutura básica em Ribeirão Preto, faz com que a nossa cidade e a nossa região participem efetivamente do processo de levar às nossas autoridades as principais reivindicações da população e de levar ao conhecimento da população todos os acontecimentos nacionais e internacionais, para que se possa fazer uma boa análise e participar ativamente do processo de condução da democracia no Brasil. Muito obrigado.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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O Sr. Presidente - Jooji Hato - PMDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esta Presidência, atendendo à solicitação da nobre Deputada Célia Leão, convoca V. Exas., nos termos do Art. 18, inciso I, letra “r”, da XIII Consolidação do Regimento Interno, para uma Sessão Solene a realizar-se no dia 9 de maio de 2011, às 10 horas, com a finalidade de comemorar o Dia Estadual de Prevenção ao Câncer de Mama.

Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Cezar da Silva.

 

O SR. CARLOS CEZAR DA SILVA - PSC - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Deputado Jooji Hato, gostaria de cumprimentar Vossa Excelência. Cumprimento também as Sras. Deputadas e os Srs. Deputados e o público que nos acompanha pela TV Assembleia.

Hoje, uma semana após a tragédia no Rio de Janeiro, quero comentar um pouco a respeito desse acontecimento, que, com certeza, marcou as nossas vidas. Uma semana atrás, na manhã de 7 de março, 12 crianças tiveram suas vidas interrompidas no bairro do Realengo, na Cidade do Rio de Janeiro.

Elas estavam numa escola, um lugar aparentemente seguro. Os tiros disparados pelo jovem Wellington Menezes de Oliveira abateram as vítimas e também atingiram os familiares, os parentes, os amigos, a sociedade inteira. Desde então, todos nós, brasileiros, estamos em estado de choque, perplexos com a barbaridade de tanta violência.

O que fazer? As primeiras reações são emocionais, traduzidas em lágrimas e muita dor e tristeza. Perdemos a conta de quantas vezes choramos nesses dias assistindo na televisão as imagens da tragédia e ouvindo os depoimentos das vítimas com as descrições daqueles momentos de pânico provocados pelo atirador. Lágrimas rolaram em meio à leitura dos jornais e à reconstituição emocional de uma sala de aula.

A identificação com o cenário da tragédia é imediata. Todos nós passamos grande parte das nossas vidas numa sala de aula. Todos nós sabemos como na manhã daquela quinta-feira ensolarada e de calor aquelas crianças estavam na escola: manuseavam cadernos, canetas, lápis, conversavam com os amigos sentados ao lado e à frente, ouviam as explicações da professora sobre a matéria do dia. E, de repente, a porta se abre e um ex-aluno da escola com duas armas de fogo nas mãos começa a atirar nas crianças indefesas. Depois, ainda não satisfeito, ele entra em outra sala e repete aquela insanidade monstruosa, só parando porque um policial interceptou-lhe o caminho.

Aquelas crianças estavam ali construindo os seus sonhos. Queriam ser da Marinha, queriam ser modelos, advogados, jogadores de futebol, empresários. Eram alegres e cheias de vida. E todos esses sonhos acabaram naquela manhã de quinta-feira, restando aos parentes o desafio de administrar o sofrimento e pedir forças a Deus para suportar tanta dor.

A nossa capacidade emocional de suportar emoções fortes tem limite. E, desta vez, estes acontecimentos ultrapassaram todos os limites. Sem obter explicações, a sociedade abriu os debates sobre o que leva uma pessoa a cometer esse tipo de crime. As respostas não são fáceis. Mesmo assim, entraram na pauta das discussões temas - como já trazido pelo nobre colega Deputado Jooji Hato - como o desarmamento e o bullying, essa prática de violência física ou psicológica, de modo intencional e repetitivo exercida por indivíduos contra um ou mais pessoas para intimidar, agredir, causar dor, angústia ou humilhação à vítima.

Sobre este assunto, eu dei a minha modesta contribuição à cidade de Sorocaba. Como vereador, antes de assumir o mandato de deputado estadual, eu tive a honra de ter um projeto de minha autoria aprovado pela Câmara Municipal de Sorocaba e transformado na Lei n° 9.483 de 23 de fevereiro de 2011. Esta lei determina que as escolas municipais de educação básica (educação infantil e ensinos fundamental e médio), no município de Sorocaba, deverão incluir em seu projeto pedagógico medidas de conscientização, prevenção e combate ao bullying escolar.

A lei cita, entre os exemplos de bullying, acarretar a exclusão social, subtrair coisa alheia para humilhar, perseguir, discriminar, amedrontar, destroçar pertences, instigar atos violentos, inclusive utilizando-se de meios tecnológicos. Hoje, a internet é um meio terrível. Os objetivos desta lei são prevenir e combater a prática do bullying nas escolas, capacitar docentes e equipe pedagógica para ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema; incluir regras contra o bullying no regimento interno da escola; orientar as vítimas visando a recuperação de sua autoestima para que não sofram prejuízos em seu desenvolvimento escolar; orientar os agressores, levando em conta pesquisa que mostre as causas desse comportamento, sobre as consequências de seus atos para que eles possam se habilitar ao convívio em uma sociedade pautada pelo respeito, igualdade, liberdade, justiça e solidariedade.

A finalidade desta lei é lutar para que tragédias como a do Rio de Janeiro não aconteçam. Recordamos, nessas horas difíceis, o capítulo 18 de São Lucas da Bíblia Sagrada, no qual Jesus abençoa os meninos. Os versículos 15 a 17 mostram o carinho e a ternura de Jesus para com as crianças: "E traziam-lhes também meninos para que ele lhes tocasse; e os discípulos, vendo isto, repreendiam-nos. / Mas Jesus, chamando-os para si, disse: "Deixai vir a mim os meninos e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus. / Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como menino, não entrará nele." Alguns queriam repreender, mas Jesus disse “Olha, se alguém não se tornar como uma criança, jamais poderá entrar no reino dos céus.”

E, por fim, permitam-me, aqui, registrar a nossa singela homenagem às crianças mortas há sete dias: Luiza Paula da Silveira Machado, Karine Lorraine Chagas de Oliveira, Larissa dos Santos Atanázio, Rafael Pereira da Silva, Samira Pires Ribeiro, Mariana Rocha de Souza, Ana Carolina Pacheco da Silva, Bianca Rocha Tavares, Géssica Guedes Pereira, Igor Moraes da Silva, Laryssa Silva Martins, Milena dos Santos Nascimento.

Que Deus enxugue as lágrimas, traga consolo e abençoe as famílias dessas crianças. E também nos abençoe para que tenhamos forças e possamos nos solidarizar com os pais dessas pequenas vítimas.

No Livro de Eclesiastes, capítulo 3, diz que há um tempo determinado para todas as coisas. Muitas vezes, a nossa condição humana pergunta “Por que isso?” Mas a nossa competência não é saber o porquê, mas sim para que possamos, talvez, tomar iniciativas, para que mal como esse não venha a se repetir. Muito Obrigado, que Deus nos abençoe a todos.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Paulo Rillo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Leite Filho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Neves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rogério Nogueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Gerson Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Bezerra Júnior. (Pausa.)

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, São Paulo está na mão do Governo e de autoridades de Segurança Pública, mas se esquece de fazer o completamento nas mãos dos marginais.

Venho à tribuna com toda tristeza manifestar o pesar do povo paulista pela morte de mais um policial militar em serviço. Nesta madrugada, o soldado Militão do 46º Batalhão - que tinha como parceiro o soldado Pereira, que também foi baleado - foi covardemente executado, enquanto fazia a preservação do local do crime. Um veículo foi incendiado na via pública e houve um acionamento pelo 190 da Polícia Militar. Muito próximo ao local do incêndio desse veículo, na Rua Ribeiro Lacerda, temos a Avenida do Cursino com uma agência do Banco do Brasil. Uma guarnição de policiais militares do 1º BPTran, Batalhão de Trânsito, passou - isso já de madrugada - e viu violada uma porta do Banco do Brasil. Percebendo três veículos próximos à porta, os policiais, em vez de já partirem para a abordagem até pela inferioridade numérica possível, prosseguiram e entraram na primeira via para pedirem apoio. Mas já foram seguidos por um dos veículos, que passou a efetuar disparos de fuzil contra os policiais dessa guarnição do 1º BPTran.

A viatura foi alvejada, graças a Deus, os policiais não foram feridos, se jogaram da viatura, mas na rua de trás onde o soldado Militão, o soldado Pereira, o seu sargento Rodante, e mais dois companheiros de outra guarnição que apoiavam a ocorrência, ouviram os disparos. E quando fizeram menção de se deslocar, também foram atacados a tiros. Desta feita, o soldado Pereira foi ferido com tiro que lhe arrancou um pedaço do braço, e o soldado Militão ferido com um tiro no abdômen.

Para aqueles que não conhecem o impacto de armas de fogo, um tiro de fuzil passa como se estivesse um dedo perfurando manteiga nos coletes balísticos que são utilizados para o serviço policial. Consegue reter o impacto de um tiro de fuzil, coletes balísticos usados em guerra, pesadíssimos com oito, dez quilos, com componentes com blocos, placas de argila, que conseguem reter a velocidade e a força de um disparo de fuzil.

O soldado Militão foi socorrido no Hospital São Paulo, e às seis horas e 50 minutos, veio a falecer.

A sociedade perde mais um herói, que estava no cumprimento do seu dever. E se fosse ao contrário, o soldado Militão e o soldado Pereira tivessem acertado os marginais, estariam agora desesperados, porque o Governo está anunciando medidas restritivas com o DHPP, fazendo o acompanhamento, para evitar barbáries dos policiais, como o sargento Alves, do Rio de Janeiro, o herói dessa chacina que minimizou os efeitos da tragédia. Se fosse da PM de São Paulo, estava desgraçado da vida. Estava afastado do serviço, achincalhado. Essa é a situação que temos em São Paulo.

Por isso me revolta assomar à tribuna, falar de mais um companheiro morto, e saber exatamente que nada será tomada de atitude para evitar que aconteçam tais fatos.

O Deputado Luis Carlos Gondim ontem se queixava que vinte bravos policiais de Mogi das Cruzes foram afastados pelo comando da Polícia Militar simplesmente porque são policiais de enfrentamento. Policiais, capitães, comandantes estão sendo afastado das companhias de força tática, porque no passado tiveram ocorrência de resistência seguida de morte. É triste. Estamos chorando a morte do Militão. Graças a Deus os ferimentos do soldado Pereira não o colocam em risco de vida. Amanhã, estaremos no Mausoléu dos Heróis da Polícia Militar, heróis do povo paulista, prestando as últimas homenagens ao soldado Militão. Vai-se um herói, fica uma família com uma pensão miserável, com o pior salário brasileiro e uma incerteza para a sociedade: se conseguirão sair de casa e se conseguirão regressar vivos. Porque o soldado de polícia, que está no enfrentamento hoje, é morto simplesmente porque usa uniforme e é um defensor da sociedade.

Lamentável o episódio da morte desse herói, lamentável a postura do Governo do Estado e da Secretaria de Segurança Pública diante da violência que temos em São Paulo e das ameaças que promovem em relação aos policiais que bravamente combatem o crime.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Cauê Macris. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edinho Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim.

 

O SR. LUIS CARLOS GONDIM - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, ouvíamos o Deputado Olímpio Gomes fazendo esse comentário sobre a morte do Militão, e ao mesmo tempo comentamos ontem que estamos muito preocupados com a transferência de policiais do 17º Batalhão, policiais que estavam na linha de frente. Um desses policiais chegou a prender 50 bandidos e traficantes. Ele agora é transferido para cá e deixa a família lá à mercê desses bandidos. Será que não está deixando de se fazer um estudo psicológico antes dessa transferência? Está se ouvindo a situação desse policial, desse enfrentamento que teve, entrando em favela, em condomínios que são dominados por facções?

Então, é preciso tomar muito cuidado. Transferir comando do coronel, tudo bem. Mas quando você transfere o soldado, o cabo, o sargento ou o tenente, seria bom estudar qual o vínculo que ele já tem com aquela cidade, o que a sua família tem com aquela cidade, porque ele está sendo filmado. E o bandido vai deitar e rolar, como se diz na gíria também nadar de braçadas.

Sr. Presidente, hoje instalamos a frente parlamentar do Alto Tietê, que nós apoiamos imediatamente com a Deputada Heroilma, o Deputado Estevam Galvão, o Deputado André, o Deputado José Cândido, e fomos discutir com o Secretário de Assuntos Metropolitanos o que tem que ser feito no Alto Tietê.

Municípios como Itaquá, que possui mais de 400 mil habitantes e um crescimento desordenado; a falta de estradas, principalmente a ligação Arujá/Itaquá, a ligação Arujá/Ayrton Senna; vão construir uma nova pista em Guarulhos; o problema de lixo que ainda são despejados no rio Tietê; temos o problema do transporte metropolitano, transporte férreo, não temos um expresso ligando Mogi das Cruzes. Talvez no próximo ano comece a operar até Suzano. Eu digo talvez, porque é difícil você fazer uma reforma tão grande, como a construção de uma nova estação.

Então, temos que discutir tantos assuntos, como segurança pública. Precisamos de 200 homens no 17º Batalhão e de pelo menos 50 ou cem homens no 32º e no 34º, de Suzano e Itaquá.

Precisamos que o fórum de Brás Cubas seja aberto e construído um fórum novo. Precisamos que a cidade de Arujá se transforme em comarca, já liberado pelo ex-desembargador, Dr. Limongi, que até hoje não foi construída, uma cidade que tem uma renda per capita grande, com muitas indústrias e uma população de aproximadamente 120.000 habitantes.

Estamos fazendo essa frente parlamentar, vamos trabalhar juntos, se possível com o Governo do Estado, para o desenvolvimento da região leste do Estado de São Paulo. Só o Alto Tietê tem três milhões e 800 mil habitantes, isso significa praticamente um terço da população da Capital do Estado de São Paulo. Então temos um trabalho muito grande pela frente.

Quero parabenizar os Srs. Deputados Alencar Santana Braga, José Cândido, Heroilma Tavares, André e Estevam Galvão que estão conosco compondo essa Frente Parlamentar. Parabéns a todos vocês.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Esgotado o tempo do Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, esta Presidência, atendendo a solicitação do nobre Deputado Cauê Macris, convoca V. Exas., nos termos do Art. 18, inciso I, letra “r”, da XIII Consolidação do Regimento Interno, para uma Sessão Solene a realizar-se no dia 25 de abril de 2011, às 20 horas, com a finalidade de homenagear o aniversário de 120 anos da Imprensa Oficial.

Tem a palavra o nobre Deputado José Cândido, por permuta de tempo com o nobre Deputado Isac Reis.

 

O SR. JOSÉ CÂNDIDO - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, hoje lamentavelmente quase todos os deputados que usaram da tribuna falaram sobre a violência do civil contra a polícia, a violência da polícia contra o civil. Mas são violências que deixam estarrecidos o mundo e a Região Metropolitana de São Paulo.

Tenho aqui uma manchete do jornal “Tribuna Popular”, da cidade de Santos, de domingo, dia 10 de abril de 2011, que diz: “Grupo de extermínio faz arrastão da morte. A cidade por onde eles passam tem câmera de monitoramento. Os órgãos do Departamento de Homicídio têm dever de fazer o pedido de intervenção federal urgente. Precisamos salvar vidas. Queimaram ônibus para confundir a opinião pública. Até quando?. 

Pelo menos 11 pessoas foram baleadas na madrugada desse domingo, na Baixada Santista, e morreu uma delas. Segundo dados da Polícia Militar, foram sete registros em São Vicente e quatro em Santos. Todos os casos ainda estão sendo apurados.

Em Santos, os ataques foram em três bairros. No Boqueirão, uma testemunha relatou à polícia que um carro preto abordou dois rapazes na Rua Pindorama e o condutor do carro passou a atirar na direção deles. Paulo Roberto Barnabé, de 34 anos, natural de São Paulo, levou um tiro no tórax. Outro homem não identificado levou seis tiros, sendo dois no tórax, dois no abdome e dois no braço direito. Ambos foram levados ao pronto-socorro central, sendo que Paulo Roberto não resistiu aos ferimentos. Com a vítima ainda não identificada foi encontrado um cachimbo para uso de drogas.

Ainda, em Santos, uma pessoa foi alvo de tiros na Aparecida e outra no Macuco. Em São Vicente, na Vila Valença, dois homens foram alvejados. De acordo com a polícia, a dupla saiu de carro de uma casa noturna, da Rua 15 de novembro, no Centro de Santos e foi perseguida por uma moto até São Vicente. Lá o piloto da moto atirou em direção da dupla. Na Vila Margarida, tiros vindos do carro preto atingiram três homens e mais uma pessoa foi atingida. O local ainda não foi confirmado”.

Até quando essa violência domina a Baixada Santista, a Região Metropolitana de São Paulo, todo Estado de São Paulo e todo o nosso Brasil? Será que falta amor ao próximo? Será que falta mais um pouquinho de auto-estima da população do Brasil e do mundo? Quanto vale a vida de um ser humano? Não vale nada na presença de algumas pessoas.

No ano passado, tivemos uma audiência pública na Associação Comercial da Cidade de Santos. Nessa audiência levantamos várias denúncias, pedimos que providências fossem tomadas e de repente foi feita uma investigação. Prenderam 23 pessoas e mais da metade eram policiais bandidos, já expulsos da Corporação. Havia cidadãos civis e também policiais da ativa. Só que não parou por aí, de repente, aconteceu um arrastão, matando pessoas a esmo.

Na minha cidade, Suzano, também aconteceram crimes ainda não esclarecidos. Um rapaz foi morto, seu corpo está sumido até hoje e não se sabe quem o matou.

Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tenho assistido algumas vezes o discurso do Deputado Jooji Hato que está presidindo hoje esta sessão. Quase todas as vezes, o seu assunto é sobre a violência. Pergunto o que vamos fazer para que isso não aconteça mais? Existe a Comissão de Direitos Humanos, o DHPP, outros órgãos de apuração, mas a violência é tanta que estes órgãos não conseguem atender a demanda já que são poucos operários para muito trabalho. Acho que uma das soluções é aumentar a auto-estima do povo brasileiro, gerando trabalho e renda, e, talvez, o desarmamento porque há muitas pessoas que não sabem usar uma arma, nem para se defender, nem para atacar, e a usam.

Quero dizer que temos que tomar uma providência. Não adianta vir aqui na tribuna, não adianta uma manchete se a situação não melhorar e a cada dia, a cada hora um ser humano é tombado, seja ele um policial ou alguém inocente da sociedade civil, talvez abatido pelos policiais.

É muito difícil porque, quando saímos de casa, temos que nos despedir da família porque não sabemos se voltaremos vivos. Quando chegamos, temos que agradecer a Deus por estarmos vivos, porque cada um de nós está sujeito a qualquer tipo de violência. A nossa vida hoje não vale nada para as pessoas violentas.

Outro dia estava guiando o meu carro e na minha frente um motorista parou o carro para atravessar a lombada. Eu vinha meio rápido e para que não acontecesse o pior, tive de brecar bruscamente. Faltou menos de um metro para bater. Ele teve a coragem de parar o carro, sem estacionar devidamente, e vir tirar satisfação. Era um pirralhinho, mas estava valente porque de vez em quando punha a mão na cintura. Violência de graça. Se eu fosse reagir, não sei o que não poderia acontecer naquele momento. Este é o mundo que estamos vivendo. Precisamos de mais humildade e Deus no coração das pessoas.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado João Caramez, por permuta de tempo com o nobre Deputado Pedro Bigardi.

 

O SR. JOÃO CARAMEZ - PSDB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, amigos e amigas da galeria, primeiramente quero agradecer o nobre Deputado Pedro Bigardi pela permuta do tempo.

Venho à tribuna no dia de hoje para lamentar. Foi com tristeza e muito constrangimento que hoje ao ler os jornais tomei conhecimento de que o Senado da República aprovou a Medida Provisória nº 511 da Presidente Dilma.

O que esta medida provisória permite? Permite o financiamento e cria a estatal que vai gerenciar o trem-bala entre Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. E mais. Com a medida provisória o Governo fica autorizado a emprestar até 20 bilhões, valores de 2008, para o projeto via BNDES. Mais ainda: fica aprovado também um subsídio de cinco bilhões de reais para pagamento dos juros do projeto em caso de frustração no número de passageiros previsto pelo vencedor do leilão - sabemos que por duas vezes esse leilão foi adiado por falta de interessados.

Outra coisa que deve ser ressaltada é que se o trem-bala realmente for construído, só servirá para transportar passageiros, não será utilizado para transporte de cargas.

Um estudo feito tempos atrás pelo Instituto de Logística, dentre outros, chegou à conclusão de que este trem-bala irá transportar anualmente 25 milhões e 500 mil pessoas aproximadamente. E este projeto está orçado em 33 bilhões e 100 milhões de reais. Isto hoje.

Todos sabemos que ao termos a possibilidade de construir uma casa, por mais humilde que seja, se gastará mais do que o orçado inicialmente. Portanto, a experiência mostra que quando concluirmos a casa teremos gasto o dobro ou o triplo do que foi previsto inicialmente. Trinta e três bilhões e 100 milhões é o número que chegaram ao traçar o projeto. Mas na hora da sua execução, que são nada mais nada menos do que 107 quilômetros de pontes, 90 quilômetros de túneis - tudo isso dentro de áreas ambientais - com certeza chegaremos ao dobro ou triplo do valor orçado inicialmente.

O estudo mostra também que 70% dos usuários estarão utilizando este meio de transporte entre Campinas e São José dos Campos. Por quê? Porque estamos falando daquilo que foi amplamente debatido aqui na terça-feira ao discutirmos o projeto de reorganização da região metropolitana. Muito se falou da macro-metrópole, a macro-metrópole atingindo a região metropolitana de São Paulo, Campinas, Baixada Santista, a região de São José e Sorocaba. Logicamente que 70% das pessoas que utilizarão o trem-bala estarão nesse trajeto e 30% apenas poderão eventualmente fazer o seu trajeto completo até o Rio de Janeiro.

Então não sei por que tanta insistência do Governo Federal em querer aplicar esse montante no trem-bala se nós aqui temos vários projetos que poderiam ter o aporte do Governo Federal, como a Presidenta Dilma mesma fez com o Rodoanel no trecho norte.

A Presidenta Dilma, em contato com o Governador Geraldo Alckmin, assumiu o compromisso de entrar com um milhão e meio de reais para a construção do trecho norte, que será feito com recursos próprios do Estado de São Paulo, um total de quatro bilhões e 300 milhões de reais. Nós queremos isso. Essa parceria é fundamental para priorizarmos projetos que venham atender a necessidade da população, que venham atender a necessidade de um desenvolvimento mais amplo da nossa região metropolitana como, por exemplo, a expansão do metrô e da CPTM. Trinta e três bilhões de reais dariam para ampliar em 300 quilômetros a nossa rede de metrô. Mas o Governo não precisaria aplicar todo esse montante em São Paulo. Poderia dividir com São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Salvador, capitais que já têm uma linha de metrô implantada e precisam urgentemente da sua ampliação para atender melhor os trabalhadores daquelas cidades. Por outro lado, estaria dando uma mobilidade maior aos turistas que porventura vierem participar da Copa do Mundo e das Olimpíadas.

Outra parceria que poderia ser concretizada seria na construção do VLT entre o Aeroporto de Congonhas e a rede metroviária. A ligação expressa ferroviária entre a Estação da Luz e o Aeroporto de Guarulhos. Vou mais longe ainda. Já que insiste num trem, não precisa ser o trem-bala. Já que 70% dos usuários utilizariam este meio de transporte entre Campinas e São José, por que não fazer um trem expresso de Campinas a São José, compartilhando essa malha ferroviária com os trens de carga? Estaríamos atendendo a população, mas, sobretudo, o escoamento da produção industrial de uma grande parte da nossa macro-metrópole. Estaríamos também contribuindo para a melhoria do nosso clima. Por quê? Porque sabemos que o que mais provoca o gás de efeito estufa é o trânsito, os congestionamentos. Então, a partir do momento que você diversifica o seu modal de transporte distribuindo um pouco para a malha ferroviária, um pouco para a malha rodoviária, e, por que não dizer, um pouco para a malha hidroviária, estaríamos contribuindo para que o estado e o país tivessem um ar mais puro.

Digo isso, Sr. Presidente, porque é público e notório que o metrô de São Paulo, por exemplo, é o mais populoso do mundo, o que já foi comprovado, ultrapassando outras mega metrópoles. Já ficou provado que o metrô é o veículo mais apropriado para atender as nossas demandas. Então, se 33 bilhões dariam para ampliar em 300 quilômetros de metrô, por que não pegar parte desse recurso e aplicar no metrô de São Paulo? Somando-se com a CPTM, que são mais 260 quilômetros, teríamos hoje praticamente o metrô existente no México. Porque muitas pessoas criticam. O metrô de São Paulo e do México tem 40 anos. Todavia, o México tem 300 quilômetros de metrô e nós apenas 70. Mas as pessoas também se esquecem de dizer que lá no México 90% do metrô é em nível, em superfície, e o nosso é100% subterrâneo. Esquecem de dizer também que quem constrói metrô no México é o governo federal e não o estadual. Esquecem de dizer, ainda, que além do metrô temos a malha da CPTM que se interligam.

Desde que Mário Covas assumiu o governo do estado, em 95, sua prioridade foi fazer com que houvesse convergência dos meios de transporte público. Hoje, então, os 260 quilômetros da CPTM mais os 70 de metrô se interligam somando-se uma rede de mais de 300 quilômetros de transporte metro/ferroviário aqui em São Paulo.

Rogo, Sr. Presidente, ao Senado e à Câmara Federal, que pensem um pouco nisso. Acho que a medida provisória aprovada ontem à noite veio para atender interesses particulares. Porque, além de oferecer subsídio de 5 bilhões para cobrir eventuais frustrações com o número de passageiros, ela veio também criando estatal que servirá, sem dúvida nenhuma, para criar mais empregos para a turma do governo federal. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Por permuta com o nobre Deputado Vinicius Camarinha, tem a palavra o nobre Deputado Welson Gasparini.

 

O SR. WELSON GASPARINI - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, penso que um dos grandes problemas que vive a nação brasileira, hoje, é a violência. E a violência é fruto principalmente da falta de caráter. É a grande crise que o Brasil atravessa no momento. Certamente todos nós acompanhamos diariamente pelas tevês e pelos jornais notícias de fatos policiais e, que tristeza, todo dia é uma sequência de assaltos, de assassinatos causando intranquilidade nas famílias em geral. Hoje mesmo li notícia no ‘Correio Brasiliense’, de Brasília, de que uma loja é assaltada em Brasília a cada hora e meia. Meu Deus do céu! É a capital da República! É onde estão nossas autoridades maiores e a violência, lá, campeia pela cidade. Nos outros municípios deste país nem é bom falar.

Aqui em São Paulo, mesmo, qual a realidade? O Governador Geraldo Alckmin está lutando, colocando recursos para a construção de mais presídios em nosso estado e está tendo uma dificuldade: nenhuma cidade quer ser sede de presídio. Mas é preciso. Como vamos fazer? Há presídios cuja capacidade é de 400, 450 presos e abrigam 1200. Isso é um absurdo, pois acontece no estado mais desenvolvido do país. Nos outros estados é bom nem falar. Todas as cadeias do Brasil estão superlotadas e nos presídios é a mesma situação. E os crimes continuam acontecendo diariamente.

Há, ainda, outro problema: a Justiça no Brasil não funciona. A polícia prende os bandidos e dali a pouco estão todos na rua novamente. E, se a Justiça funcionasse, onde iria colocar toda essa gente? É preciso, sim, construir mais presídios, é uma das medidas, mesmo a Justiça demorando muito para resolver. Para que sejam aceitos os novos presídios, o que seria importante? Regionalizá-los. Que cada região ficasse com os bandidos daquela região. Hoje, infelizmente, há presídios para 1000, 1500 presos, que estão longe, e cujas famílias dos presos mudam para essas cidades enfrentando vários problemas. Há dificuldade de entrosamento das famílias com os presos. Tenho impressão de que se o governo de São Paulo fizesse uma regionalização do problema - quantos presos há, por exemplo, na região de Ribeirão Preto, bandidos que praticaram atos marginais na nossa região? Eles ficariam nos presídios da região de Ribeirão Preto e assim por diante. Seria mais fácil, então, que as regiões, os municípios aceitassem a construção dos presídios nos locais. Mas uma coisa é certa, também é preciso acabar com a fábrica de bandidos.

Vemos, hoje, o presidente do Senado, José Sarney, superpreocupado com a chamada lei do desarmamento. Também acho que o ideal seria não ter armas como temos hoje, mas, a grande maioria das armas nas mãos principalmente dos bandidos são armas ilegais que entram no Brasil por todos os cantos de nossas fronteiras. Então, o importante é reduzir a fábrica de bandidos neste país. E, com a corrupção que temos, é um estímulo para cada vez mais criar bandidos. Há dias, quando foi noticiado que a Polícia Federal fez um novo levantamento, e agora são mais 20, 30 nomes no chamado mensalão - e nome de gente importante-, que roubaram o dinheiro público.

Consultado o ex-Presidente da República, em Nova Iorque, “Presidente Lula, como que o senhor está vendo isso? Foi no seu governo.” A resposta dele foi: “Olha, até iniciar o processo, ouvir testemunhas e dar sequência, depois, nas determinadas esferas da Justiça, no ano 2.050 chegará ao final esse julgamento.” Então, quem tem medo de ser bandido? O mesmo acontece com bandidos comuns, com bandidos ricos, com os bandidos políticos, que ficam soltos, à vontade. Há quantos anos estão os processos que foram montados? A Justiça demora, no mínimo, 10, 15 anos para chegar ao final. E, se o bandido for rico e tiver bons advogados, não acaba nunca o processo.

Então, ao invés de plebiscito para saber se o povo quer ou não que haja desarmamento, meu Deus do céu, vamos fazer leis melhores neste país. Acho que ao invés de plebiscito o deputado tem de saber que se ele foi eleito o povo deu a ele um mandato para ele falar em nome do povo. Agora, precisa de uma bruta estrutura de um plebiscito para fazer uma pesquisa e saber o que o povo acha sobre esse assunto? Será que os deputados não têm uma delegação do povo para falar em nome dele? Se querem ouvir, os deputados vão às suas bases conversar com as comunidades para tomar posição através do voto. Isso evita uma grande despesa e um bruto trabalho para saber se o povo é a favor ou contra o desarmamento. Será que os deputados não sabem o que o povo pensa? Principalmente sobre esse assunto e sobre os assuntos que são mais difíceis, precisaria plebiscito? Isso se chama enfraquecimento do Congresso nacional, que está perdendo toda a sua força, e os deputados e senadores não estão se sentindo na condição de deliberarem sobre temas que inclusive já foram deliberados em outros plebiscitos anteriores.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, gostaria também de falar sobre outro assunto. Deputado Mauro Bragato foi muito feliz ao liderar a instalação nesta Casa de uma frente parlamentar em defesa da Malha Ferroviária Paulista. Diria mais, me inscrevi e quero participar dessa frente. Sou revoltado pelo que aconteceu no Brasil no que diz respeito à malha ferroviária.

Até certo tempo a malha ferroviária resolveu os grandes problemas de transporte no Brasil. Temos informação através da proposta de formação desta frente que no Brasil há 28 mil quilômetros de malha ferroviária, dos quais apenas 10 mil quilômetros estão hoje mais ou menos em uso. E o que é triste: vejo minha cidade de Ribeirão Preto, que tem uma malha ferroviária até Brasília e até São Paulo, onde passa um trem por dia. Enquanto nas rodovias não se aguentam mais os treminhões, os caminhões com duas ou três carrocerias, um vagão pode substituir três caminhões e um trem pode ter 10/20 vagões. Não quero afirmar isso, mas vou estudar nessa frente até onde determinados interesses econômicos acabaram com a ferrovia de nosso país.

Na Europa e nos Estados Unidos podemos ver o valor que as ferrovias têm naqueles países. E no Brasil está tudo abandonado. Estão retirando trilhos e vendendo como ferro velho. Quem está supervisionado isso? Quando foi feita a concessão para as empresas privadas, o que se pensava era que elas teriam interesse em dinamizar as ferrovias, em investir. Mas investiram em que? Investiram para acabar com as ferrovias. Chega-se a ter a impressão de que interesses econômicos fizeram com que acabasse a ferrovia no Estado de São Paulo e no Brasil. Abandonaram as ferrovias.

É preciso que o governo estadual de São Paulo e o governo federal tomem providências. Nessa frente parlamentar, vamos chamar gente para depor, vamos descobrir até onde e por que só tem incentivo para automóvel, caminhão, para tudo quanto é coisa. Agora, para ferrovia, é abandono. Deixam abandonadas. Há vários lugares onde não passa nenhum trem há mais de 10 anos. E ninguém reage isso.

Criaram uma mentalidade, Sr. Presidente, de que ferrovia era coisa antiga, de que o importante é a rodovia. Aqui entram determinados interesses. Então, os governantes passaram a investir maciçamente em rodovias e deixaram as ferrovias para os grupos particulares. Só que os grupos particulares vão ter de explicar por que aceitaram as concessões se não querem investir nisso? Quais os motivos de na Europa, nos Estados Unidos e em outros países a ferrovia dar um grande lucro, interessar ao processo de desenvolvimento daqueles países? No Brasil, não interessa, abandona-se isso. Há alguma séria atrás disso.

Deputado Mauro Bragato, parabéns por ter tomado a iniciativa. Não vou faltar em uma só reunião dessa frente parlamentar e convido os deputados para que façam o mesmo. Vamos saber por que as ferrovias em São Paulo e no Brasil estão abandonadas. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. ANTONIO MENTOR - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Senhor Presidente,

Com fundamento no artigo 260 da XIII Consolidação do Regimento Interno, formulo a Vossa Excelência a presente questão de ordem, a fim de obter esclarecimentos acerca dos critérios adotados por essa Presidência que a levaram a concluir pelo cumprimento dos requisitos constantes do § 2º do artigo 13 da Constituição do Estado, quando da admissão dos Requerimentos n.s 169, 170, 171, 172 e 173, de 2011, que propõem a criação de CPIs.

Preliminarmente, cumpre esclarecer que estamos utilizando o instituto da questão de ordem como instrumento para fazer chegar a Vossa Excelência nosso recurso contra a admissibilidade dos requerimentos já mencionados, uma vez que não existe previsão regimental que nos possibilite recorrer contra a decisão da Presidência que aceitou como constitucionais proposições consideradas inconstitucionais por outros parlamentares.

No dia 16 de março último, foram protocolados 12 requerimentos, todos eles assinados por representantes da bancada governista, propondo a criação de número equivalente de Comissões Parlamentares de Inquérito, destinadas à investigação de temas diversos, que vão desde saber as causas do uso abusivo do álcool pela população do Estado até investigar as consequências do consumo de gordura hidrogenada e da gordura trans, passando pelos problemas dos serviços de implantes e próteses dentárias.

Como as regras regimentais permitem o funcionamento concomitante de apenas cinco CPIs, Vossa Excelência fez publicar, em 23 de março, os cinco primeiros atos de criação, ou seja, nos termos do § 2º do artigo 34 do Regimento Interno, Vossa Excelência concluiu que aqueles cinco requerimentos preenchiam, plenamente, os três requisitos constitucionais estabelecidos para a criação de uma CPI: fato determinado, prazo certo e indicação do número de componentes. Ato seguinte, fez publicar os atos de constituição das CPIs, com a nomeação dos respectivos membros.

Concordamos que todos os Requerimentos preenchem, sem sombra de dúvida, dois dos requisitos exigidos constitucionalmente: prazo certo e indicação do número de componentes. Discordamos, entretanto, quanto ao cumprimento do terceiro requisito que, sob nossa ótica, é o fundamental: o fato determinado.

Também os estudiosos do tema consideram o “fato determinado” como o mais relevante dos requisitos. Sobre ele tecem inúmeras considerações, algumas das quais reproduzimos a seguir:

Ives Gandra Martins assim se expressa:

“Tenho pra mim que os dois vocábulos dizem exatamente o que escrito está, ou seja, somente um “fato determinado” pode ser objeto de uma CPI. Não temas genéricos, como corrupção, inflação, responsabilidade, política econômica, etc., mas apenas um aspecto bem definido a ser apurado.

Se um fato determinado estiver sob suspeita de irregularidade, tal ponto poderá ser investigado por uma CPI, mas apenas tal ponto. Corrupção, em geral, não pode ser objeto de CPI. Corrupção neste ou naquele órgão, a partir de clara suspeita de sua ocorrência, sim. Corrupção em muitos e variados órgãos da administração só poderá ser examinada, se forem desdobradas as CPIs em tantos quantos forem os fatos que ostentaram indícios a serem investigados.[1]

Fábio Konder Comparato fala em “risco de abuso de poder parlamentar”, em “periclitação das liberdades fundamentais”, se os fatos forem abstratos, se as situações objeto das investigações tiverem contornos indefinidos.[2]

Yuri Carajelescov reforça a necessidade de deliberação clara e precisa do objeto das investigações.[3]

Uadi Lammêgo Bulos afirma que “fato encejador de CPI é aquele concreto, individuado, certo e inconcusso.” Para ele, “o conceito não abriga meras suposições, ocorrências genericamente enunciadas, sem qualquer definição precisa.” Continua afirmando que “apenas são passíveis de investigação parlamentar os fatos delimitados, demarcados, exatos, em cujo regaço se delinearam acontecimentos de relevante interesse para a vida da Nação. Crises abstratas, problemas momentâneos, conflitos de interesses pessoais, embates de suscetibilidades, perseguições a pessoas ou entidades, tudo isso não se enquadra na exigência constitucional, porquanto o § 3º do artigo 58 (da Constituição Federal) inadmite requerimentos contendo fatos amorfos e indiscriminados.[4]

Este autor é categórico em seu posicionamento, afirmando que a instauração de CPIs para investigar generalidades configura abuso e que é inconstitucional apresentar fatos vagos como argumento capaz de permitir a criação de CPIs. [5]

Finalmente, o Dr. Andyara K. Sproesser, durante longos anos assessor nesta Casa, reafirma a necessidade de existência de interesse público para que o fato possa ser objeto de CPI. Diz o autor:

“Certo, haverá de estar presente no fato determinado, motivadamente, o interesse público determinante do inquérito, porque avista dele, seguramente, foi que a Constituição acabou por lhe dar guarida e instituir a CPI como seu instrumento de ação, a ponto de lhe facultar poderes especiais. Não teria sentido, pois, que o fato determinado pudesse estar desprovido de interesse público ou que pudesse corresponder exclusivamente a interesses privados.[6]

Se nos detivermos a analisar o objeto de cada uma das cinco CPIs já criadas, concluiremos que eles não se enquadram nas caracterizações desenvolvidas pela doutrina para o “fato determinado”, que não demonstram a existência de interesse público e que, por sua generalidade, acabam por invadir a competência fiscalizatória do Poder Legislativo da União. Vejamos:

I - Requerimento nº 169, de 2011( CPI criada pelo Ato nº 20/2011)

Fato a ser investigado: a prática de irregularidades e de má qualidade na prestação dos serviços de TV por assinatura, fornecidos pelas respectivas empresas concessionárias.

A investigação pretende abranger todos os prestadores desse tipo de serviço. Para ser determinado, o fato deveria se referir, neste caso, a uma prestadora de serviço específica, em que estivesse ocorrendo alguma irregularidade de forma reiterada e que resultasse em dano ao consumidor. Somente assim poderia ser estabelecida alguma conexão com a competência legislativa concorrente dos Estados-membros na área de consumo e responsabilidade por dano ao consumidor e, em decorrência, com a competência para investigar. A prestação do serviço de TV por assinatura faz parte das telecomunicações cuja regulação e fiscalização é competência do Governo Federal, que o faz através da Anatel. Por isso faz-se necessária a explicitação da conexão existente com as competências dos Estados.

Com a generalidade com que foi proposto, o fórum mais adequado para o estudo do tema seria a Comissão Permanente de Transportes e Comunicações, ou, melhor ainda, a Câmara dos Deputados.

II - Requerimento n° 170, de 2011 (CPI criada pelo Ato nº 21/2011)

Fato a ser investigado: a razão da remuneração irrisória paga aos médicos pelas Operadoras de Planos de Saúde.

O requerimento é amplo demais, pois envolve todos os planos de saúde. O problema tratado é geral, referindo-se às relações profissionais de determinada categoria (médicos e demais prestadores de serviços médicos) e as operadoras de planos de saúde.

O requerimento não propõe investigar a qualidade dos serviços prestados aos usuários dos planos de saúde, mas sim, a remuneração dos profissionais.

A regulação dos planos de saúde, a cargo do Governo Federal, é feita através da Lei 9.656, de 1998 que prevê, em seu artigo 18, que o prestador de serviço poderá se relacionar com as operadoras de planos de saúde na condição de contratado, credenciado ou cooperado. Foi criada, no âmbito federal, através da Lei nº 9.961, de 28 de janeiro de 2000, a Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, como órgão de regulação, normatização, controle e fiscalização das atividades que garantam a assistência suplementar à saúde.

A generalidade do requerimento é tal que não fica clara a conexão entre o tema e a competência da Assembleia Legislativa para investigá-lo.

Como objeto de estudo, seria mais adequado se desenvolvido pela Comissão de Administração Pública e Relações do Trabalho.

III - Requerimento nº 171, DE 2011 (CPI criada pelo Ato nº 22/2011)

Fato a ser investigado: as causas e consequências do consumo abusivo de álcool entre cidadãos paulistas e, especialmente, as razões que determinaram o aumento exponencial do consumo dessa substância nos últimos cinco anos.

O tema representa preocupação para a humanidade desde os primórdios, quando, segundo registra a Bíblia, após o dilúvio, Noé se embriagou e sua nudez foi vista pelo filho Cã, que contou o fato a seus irmãos, em vez de cobrir o pai (Gênesis 9:22). Desde sempre, o homem busca formas de aliviar o peso representado pelo simples ato de viver. Pretende-se investigar um aspecto do comportamento humano que se reproduz em todos os países, não apenas no Brasil ou em São Paulo.

Não se identifica, neste requerimento, qualquer fato determinado. Não há qualquer referência a suspeitas de comportamento inadequado de algum fabricante, no sentido de induzir o consumidor ao vício ou de tentar convencer, artificiosamente, as crianças e os adolescentes a fazer uso de produtos alcoólicos. A fabricação e a comercialização de tais produtos é totalmente lícita e a propaganda tem regras estabelecidas.

O consumo abusivo de álcool é problema muito sério, afeto a diversas áreas: saúde, economia, agricultura, finanças. Mereceria ser estudado a fundo, mas não por meio de CPI. Poderia sê-lo por uma Comissão Especial, instituto previsto no artigo 35-A do Regimento Interno, ou pelas Comissões Técnicas cujas áreas de atuação lhe sejam conexas.

Convém lembrar, por oportuno, que o Presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, rejeitou, recentemente, requerimento de criação de CPI sobre o mesmo tema, proposto pelo Deputado Vanderlei Macris, sob o argumento de que faltava o “fato determinado”.

IV - Requerimento nº 172, de 2011 (CPI criada pelo Ato nº 23/2011)

Fato a ser investigado: a real situação do ensino superior praticado pelas instituições particulares, âmbito do Estado de São Paulo.

A apuração pretende abranger toda a rede de ensino superior particular e não algum dos estabelecimentos de ensino que a compõem, por alguma irregularidade cometida.

É certo que o Estado tem competência legislativa concorrente no que se refere à educação. Assim sendo, teria, também, competência para investigar irregularidades relacionadas ao tema.

Acontece que a avaliação da qualidade do ensino superior oferecido pelas instituições particulares é competência da União, nos termos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que inclui as instituições de ensino superior criadas e mantidas pela iniciativa privada no Sistema Federal de Educação (artigo 16) e dá à União competência para autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino (artigo 9º).

V - Requerimento n° 173, DE 2011 (CPI criada pelo Ato nº 24/2011)

Fato a ser investigado: os problemas relacionados à contratação de serviços odontológicos, especialmente aos relacionados a implantes dentários, próteses e demais serviços congêneres (não abrange os planos odontológicos regidos pela ANS - Agência Nacional de Saúde).

O objeto, da forma como foi proposto, abrange todos os profissionais e empresas existentes no Estado que se dedicam aos implantes dentários. Não se menciona, especificamente, determinada empresa contra a qual paire a existência de irregularidades ou dano causado ao consumidor que tenha utilizado seus serviços. O Estado já dispõe se órgão específico - a Fundação Procon - cuja razão de existir é tentar buscar solução para as questões ligadas às relações de consumo, buscando a proteção da parte mais fraca.

Os Ministros do Supremo Tribunal Federal têm reafirmado, em suas decisões referentes às comissões parlamentares de inquérito, que o exercício do poder constitucional de fiscalizar e investigar se refere ao “comportamento dos órgãos, agentes e instituições do Estado, notadamente daqueles que se estruturam na esfera orgânica do Poder Executivo.” (MS 26.441. Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 25-4-2007, Plenário, DJE de 18-12-2009). A Ministra Carmem Lúcia, em seu voto na ADI 3619, afirma que “o poder democrático dota a maioria parlamentar do mando e a minoria, do controle e a fiscalização dos desempenhos havidos pelo órgão.” Na mesma ADI 3619, o Ministro Carlos Brito caracteriza as CPIs como “instrumento de investigação situado no âmbito funcional maior da fiscalização do Poder Legislativo sobre o Poder Executivo.”

Curiosamente, nenhum dos doze requerimentos de criação de CPI protocolados até agora, dentre eles os cinco acima descritos, propõe investigação direcionada a qualquer órgão do Poder Executivo. As relações que se pretende investigar encontram-se todas elas na órbita da vida privada. Relembramos, aqui, os ensinamentos do Doutor Andyara, que afirma que as relações de pessoas físicas ou jurídicas de direito privado com pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, que só interessam aos intervenientes, se excluem da investigação parlamentar.[7]

Curiosamente, também, nenhum dos requerimentos teve sua origem nas hostes oposicionistas. A bancada situacionista chamou para si o monopólio da investigação. As cinco CPIs já aceitas e os demais sete requerimentos já protocolados, todos de iniciativa da bancada situacionista, têm propósito claramente obstrutivo ao direito constitucionalmente garantido às minorias de investigar as ações daqueles que se ocupam da administração pública. Propor esse número elevado de requerimentos tem apenas o objetivo de inviabilizar a prática efetiva e concreta do direito de investigar.

Diz o Ministro Celso de Mello que a “maioria legislativa não pode frustrar o exercício, pelos grupos minoritários (...) do direito público subjetivo que lhes é assegurado pelo art. 58, § 3º da Constituição e que lhes confere a prerrogativa de ver efetivamente instaurada a investigação parlamentar...” (MS 26.441)

Na prática, é o que pretende a maioria governista nesta Casa. Após a vitória obtida pelo Partido dos Trabalhadores na ADI 3619, que declarou inconstitucional o dispositivo que exigia a aprovação dos requerimentos, tiveram que lançar mão de outra estratégia e descobriram esta: ocupar quase todo o prazo de uma legislatura com CPIs que não guardam qualquer relação com a atividade governamental e, dessa forma, impedir que a oposição, mesmo que consiga as assinaturas necessárias, possa protocolar qualquer pedido de investigação.

A argumentação acima desenvolvida tem por objetivo:

1.                       indagar a Vossa Excelência, primeiramente, que parâmetros foram adotados na conceituação de “fato determinado”, para fins de aceitação, como constitucionais, dos requerimentos nºs 169, 170, 171, 172 e 173, de 2011;

2.                       protestar junto a Vossa Excelência por essa atitude inaceitável da bancada situacionista e solicitar medidas que garantam à minoria seu direito constitucional de investigar o comportamento dos órgãos, agentes e instituições do Estado, em especial as que se estruturam na esfera do Poder Executivo.

3.                      por último, requerer a Vossa Excelência que reconsidere a decisão de criar essas CPIs, uma vez que, a se manter a situação atual, seremos obrigados a recorrer ao Poder Judiciário para que não sejam frustradas nossas possibilidades de investigar e fiscalizar os atos do Governo.

Sala das Sessões, em

Deputado Antonio Mentor

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio.

 

O SR. CELSO GIGLIO - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, amigos aqui presentes, funcionários da Casa, a minha fala se reporta a um problema local lá da minha Osasco, da minha querida Osasco, mas face aos pronunciamentos feitos anteriormente pelo Deputado Antonio Mentor, pelo Deputado João Caramez e pelo Deputado Welson Gasparini, gostaria também de emitir a minha opinião sobre esses fatos.

Na verdade, o que aconteceu no País foi um desmantelamento da nossa malha viária. E quando se fala em trem-bala, de Viracopos para o Rio de Janeiro, eu não leio em nenhum jornal a respeito do aproveitamento do leito das estradas já existentes. O trem de prata, que corria de São Paulo para o Rio de Janeiro, foi desativado, mas as linhas devem estar lá, e não servem para mais nada, pelo que se entendeu.

Para Campinas também, e bem próximo de Viracopos, havia os trilhos da antiga Companhia Paulista, tão usados por quem residia no interior, e também não se fala em aproveitamento. Fala-se em construir tudo de novo, como se nós tivéssemos dinheiro sobrando para jogar fora.

Em relação ao Deputado amigo Antonio Mentor, que fez aqui a sua manifestação, face ao não atendimento do PT na questão das CPIs, eu gostaria, autor que sou da proposição de uma dessas CPIs, Deputado Antônio Mentor, que diz respeito à situação dos cursos superiores particulares do Estado de São Paulo, se nós não investigarmos, pergunto a V. Exa., estamos tirando da Assembleia, estamos tirando da nossa responsabilidade alguma coisa que teremos que investigar: por que se permite isso, qual o órgão que permite que o ensino oferecido nas escolas privadas seja de tão baixa qualidade.

Nós vamos ver quem é o órgão que está falhando, se é o Governo estadual, se o Governo Federal, mas a nós, Deputados, cabe, sim, avaliar perfeitamente o que acontece, porque a maior parte dos nossos jovens, sobretudo os mais pobres, não estuda nas Universidades públicas, estuda nas Universidades privadas, graças à inversão que ocorre, até o término do fundamental, o colegial de antigamente. A escola pública era melhor. Nós estudávamos em escola pública. Hoje é o inverso: a escola particular é melhor.

Na Universidade pública, que é melhor, quem consegue entrar é o aluno que faz um cursinho sofisticado, que se reporta a professores. Os outros alunos não conseguem, de forma alguma, meu caro Giannazi, defensor da Educação, adentrar as Universidades públicas pelo fato de que o ensino é deficitário. E onde vão estudar? Vão estudar nas escolas privadas, nas quais praticamente não se exige vestibular e o curso oferecido é geralmente de má qualidade. Não sei por que não poderemos trabalhar e apurar essas responsabilidades. Foi por isso que fizemos a propositura dessa CPI.

Mas quero falar do meu problema em Osasco, de forma rápida.

Das cerca de 1000 residências existentes no local, aproximadamente 180 delas apresentam rachaduras e deslocamento de paredes e muros, afundamento nos pisos, causando em alguns casos emperramento de portas e janelas.

Algumas rachaduras, que pude ver pessoalmente, atingem centímetros, chegando a permitir a visualização do andar superior a partir do andar térreo.

Os moradores estão alarmados com o fenômeno, e a eles toda razão, pois problema de tal importância pode evoluir até para o desabamento das casas, colocando em risco a integridade física e a vida das pessoas que lá residem.

Prejuízos de toda sorte decorrem desses fatos, pois já há casos de compra e venda de imóveis desfeitas em função da insegurança de quem chega no bairro. Inevitável a desvalorização dos imóveis.

O Conjunto dos Metalúrgicos existe há cerca de 25 anos sem histórico anterior parecido.

Coincidência ou não, tais problemas começaram com o início do aterro que está sendo executado pela prefeitura em área verde lindeira ao bairro destinado a implantação de área de lazer. A área é um fundo de vale onde há um curso d'água chamado Córrego do Sapateiro, entre o Conjunto dos Metalúrgicos e o Residencial Guimarães Rosa, que também já sofreu graves prejuízos decorrentes desse aterro, por ocasião das fortes chuvas no ano passado. Sem escoamento, a água invadiu áreas comuns e de lazer do condomínio, prejudicando seriamente a piscina, a quadra esportiva, parque infantil e o salão de festas. Construções que estavam antes vários metros acima do fundo do vale, hoje estão enterradas.

Esse episódio foi objeto de denúncia no Ministério Público do Meio Ambiente em Osasco, onde o respectivo processo ainda tramita.

Nos causa muita preocupação, a maneira como esse aterro é executado. Mesmo a olhos de leigos, deixa transparecer a falta de planejamento, a absoluta falta de critérios técnicos. O local recebeu e ainda recebe material de má qualidade, entulho, lixo e sabe-se o que mais, depositados por caminhões que operam dia e noite, transitando pelas ruas do bairro, cujo pavimento também não é adequado para tráfego pesado. Aquilo mais parece um "bota-fora" de restos de construção do que um aterro para receber um parque.

O bota-fora que já atinge em alguns pontos mais de 10 metros de altura, com centenas de milhares de metros cúbicos de material, encobriu os dispositivos de drenagem (escadas hidráulicas) do talude e entupiu as saídas de águas pluviais. Encobriu também toda a rede de esgoto, provavelmente causando danos pelo peso excessivo do aterro e pelo material inadequado. Entupimentos são frequentes nas casas próximas.

Não me cabe aqui tecer críticas à implantação do parque, posto que de há muito é reivindicação dos moradores do bairro, mas não posso me omitir. Apelo ao Senhor Prefeito, com o respeito que lhe é devido, para que esclareça e tome as devidas providências. Nós estaremos fazendo a nossa parte.

É de se supor que a administração municipal tenha conhecimento das obrigações legais para se intervir em áreas verdes, desde estudos de impacto ambiental cuidadosos até os necessários licenciamentos, visto que o fundo do vale é curso de um córrego.

No local não se vê placa da obra, responsável pela execução, fiscalização, nem tampouco responsabilidade técnica.

O bairro carece de informações. Ninguém até o momento falou em verificar com rigor técnico qual a causa real do fenômeno, se alguma medida será tomada para frear as rachaduras, se serão compensados por prejuízos ou se as casas serão devidamente reparadas.

Como já afirmei, não sou contra o parque, que é necessário e será muito bem recebido pelos moradores do Conjunto dos Metalúrgicos e outros bairros próximos, mas me manifesto pelo respeito a esses moradores, pela integridade física e pelo patrimônio representado por suas casas, obtido com muito sacrifício, e também pelos danos irreparáveis que esse aterro traz ao meio ambiente.

Parte significativa da comunidade do Conjunto dos Metalúrgicos está apreensiva. Não quer que o sonho da área de lazer se transforme no pesadelo de ver suas casas destruídas. Desejo com eles me solidarizar e pedir urgentes providências da prefeitura para dar respostas àqueles moradores.”

Peço que este pronunciamento seja enviado ao Sr. Prefeito de Osasco, ao Ministério Público do Meio Ambiente e à Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Muito obrigado.

 

O Sr. Presidente - Jooji Hato - PMDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, está esgotado o tempo destinado ao Grande Expediente.

 

O SR. Carlos Giannazi - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público presente, telespectador da TV Assembleia, hoje, vamos realizar uma audiência pública na Assembleia Legislativa, no Plenário José Bonifácio, junto com as pessoas que foram aprovadas no último concurso para o cargo de oficial de Justiça no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Celso Giglio.

 

* * *

 

Dois anos atrás, essas pessoas prestaram concurso e, até agora, não foram chamadas. Não houve a chamada de um único oficial de Justiça aprovado no concurso, sendo que há um déficit de três mil vagas no Poder Judiciário, só nesse cargo. No total, faltam 15 mil servidores no Poder Judiciário. É por isso que o Tribunal de Justiça não consegue atender à demanda do Estado.

No entanto, na pauta de votação, encontram-se paralisados vários projetos de lei para criar cargos por meio de concurso público de provas e títulos. Por exemplo, cito o PLC nº 49, de 2009, que cria os cargos de assistente social judiciário e psicólogo judiciário. Esse projeto está parado. A Assembleia Legislativa não está votando nada e não vota esse projeto, que não é nem de deputado, mas do Tribunal de Justiça.

Outro projeto que se encontra parado nesta Casa desde o ano passado é o PL nº 714, de 2010, que cria duas mil vagas de escreventes para os fóruns, para as comarcas do Estado de São Paulo. Há também o PLC nº 49, de 2010, que faz uma correção na área da gratificação dos estenotipistas e dos pesquisadores do Tribunal de Justiça. Esse projeto já está em Regime de Urgência, mas não sei por que não entra em votação.

Portanto, no mínimo, há três projetos do Tribunal de Justiça que deveriam ser votados em caráter de extrema urgência, para que o Tribunal de Justiça possa realizar o concurso público de provas e títulos com vistas a desafogar quem está trabalhando em excesso. Existem trabalhadores do Poder Judiciário exercendo as funções de 15, 20 pessoas.

Fazemos um apelo aos partidos políticos, aos deputados e às deputadas para que haja um esforço concentrado e possamos, assim, votar esses projetos, pelo menos do Tribunal de Justiça. Já que não se vota projeto de deputados, vamos votar pelo menos os projetos criando esses cargos através do concurso público de provas e títulos, e melhorar a situação do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Ainda dentro desse tema, não posso deixar de aproveitar a oportunidade de exigir que o Tribunal de Justiça cumpra o acordo firmado com as entidades representativas dos servidores e conceda o reajuste salarial de 20,16 por cento. Foi o acordo assinado pela Presidência do Tribunal de Justiça e as entidades representativas dos servidores, quando a greve foi suspensa no final de 2010. O Governador Geraldo Alckmin afirmou que faria uma suplementação orçamentária para viabilizar esse reajuste. Mas, até agora, mesmo com excesso de arrecadação de aproximadamente 800 milhões de reais, ele não está repassando dinheiro para o Tribunal de Justiça, nem os 10% que ele anunciou. E o Tribunal de Justiça continua à míngua, em estado de penúria, como afirmou recentemente em São Paulo o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo está no maior abandono, num processo de penúria. Faltam funcionários, estrutura. Hoje, a nossa Justiça Estadual é cara, burocrática, lenta e não funciona adequadamente. E massacra os seus próprios servidores.

A Assembleia Legislativa então poderia dar duas grandes contribuições: votando esses três projetos que acabei de citar, pressionando tanto o Governador Geraldo Alckmin como o Presidente do Tribunal de Justiça a conceder o reajuste. Não é o aumento salarial na verdade, mas a reposição das perdas inflacionárias dos servidores do Poder Judiciário. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PELO ART. 82 - Meu amigo, meu Presidente, meu Prefeito, meu Deputado Federal e meu Vice-Presidente Celso Giglio, ora na Presidência. Quero dizer inicialmente, Deputado Celso Giglio, que, se fui líder da bancada do PTB foi porque, em 91, V. Exa. fez todo o trabalho para que eu fosse líder. Cheguei aqui apenas como advogado, que tinha dado certo na vida não por mérito, por estrela. E o Deputado Celso Giglio, com a bancada de 14 deputados, articulou uma frente de maneira que este advogado criminalista fosse escolhido líder de uma bancada. E eu colecionava figurinha desses deputados. Foi o Deputado Celso Giglio que me fez líder de uma bancada e hoje estou 21 anos liderando essa bancada , a qual V. Exa. fez os trabalhos.

Deputado Donisete Braga, de quando em quando consigo brincar com dicionário e ver determinadas palavras, a etimologia das palavras, seus significados. Hoje de manhã olhei a letra “c”, na palavra “compromisso”. Antonio Houaiss, autor de conhecido dicionário da língua portuguesa diz que compromisso é penhor moral, empenho, obrigação assumida por uma ou mais pessoas. É um acordo com honra. Não é o Deputado Campos Machado, mas é Antonio Houaiss que diz. Eu leio integralmente a sua definição. Diz Aurélio Buarque de Holanda que palavra é aquela que sai do coração para se transformar em verdade. É a validade da palavra empenhada. Isso é compromisso.

Há 13 longos anos sou parceiro do PSDB. Em 98, eu e o Deputado Celso Giglio fomos avalistas do acordo com o Governador Mário Covas. Quando Covas se encontrava sozinho, sem o apoio até do seu partido, nós estivemos lá. Em 2000, fui candidato a vice-prefeito de Geraldo Alckmin - foi quando o conheci. Em 2002, candidato a vice-governador, veio a verticalização, mas nós apoiamos Geraldo Alckmin. Em 2006, novamente apoiamos Geraldo Alckmin e José Serra. Em 2008, fui candidato a vice novamente de Geraldo Alckmin quando era candidato a prefeito. Em 2010, fomos contra o mundo, contra o vento. E só o avião decola contra o vento. Fomos contra o vento para apoiar Geraldo Alckmin, meu amigo, meu irmão. Agora verifico que essa tal de palavra tem sangue, minha gente. Como diz Machado de Assis, as palavras doem mais quando descumpridas do que um punhal no coração de um homem. E a palavra pouco importa aqui.

Acabo de saber que o PSDB, partido aliado, diz que partidos com menos de 10 deputados vão ser “tratorados”. Essa palavra não cabe no meu dicionário, Deputado Celso Giglio. E todo dia, à noite, passei a ler a Bíblia, e leio sempre o mesmo texto: “Há tempo para tudo.” Tempo para construir e destruir, para plantar e colher, para amar e odiar. Mas o que me deixa mais feliz com os meus sonhos, meus princípios, é a frase final: “Há fase de amor e há fase de ódio, e o tempo de paz e há o tempo de guerra.”

Posso admitir tudo aqui, menos que o PSDB, partido do qual somos aliados, há 13 anos, nos falte com a palavra. Palavra dada, digo sempre, é a flecha arremessada. É o tiro que sai de uma arma, não volta jamais. Se quiserem paz, teremos paz. Se quiserem guerra, teremos guerra, meu Presidente, meu irmão, Deputado Celso Giglio.

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - Estou emocionado com as palavras do Líder do PTB, Deputado Campos Machado, que demonstrou reconhecimento imerecido. Estou feliz com esse pronunciamento. Agradeço muitíssimo o Deputado Campos Machado.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, nobres senhores Deputados e senhoras Deputadas, venho a esta tribuna para falar de um assunto relevante. Obtive 81 mil votos na capital e 29 mil votos fora dela. Desses 29 mil votos, 20 mil votos foram da Grande São Paulo. Um assunto em pauta na imprensa é a questão do transporte público metropolitano.

Queria falar um pouco sobre essa questão. Mas, não poderia deixar de abordar sobre a fala anterior do Deputado Campos Machado.

Antes, porém, gostaria de dizer que fiquei muito satisfeito pelo estudo jurídico feito pelo Deputado Antonio Mentor, da minha bancada, a respeito das CPIs.

E o Deputado Antonio Mentor segue a mesma linha de um pronunciamento que fiz desta tribuna. Acho que não podemos banalizar as CPIs. As CPIs têm que ter objeto determinado, relevância na investigação e não podemos aqui nesta Casa fazer CPIs como se fossem grupos de estudo de assuntos irrelevantes. Travamos um bom debate em plenário sobre as CPIs. E não podemos fazer de conta que estamos investigando em nome de um grande parlamento, que é o Parlamento paulista.

Em relação ao pronunciamento do Deputado Campos Machado, meu amigo, meu colega Deputado, mas, além disso, uma pessoa que já respeitava antes estar nesta Casa, e que passo a respeitá-lo muito mais, em que pesem as nossas divergências partidárias.

Provavelmente travaremos neste plenário grandes debates políticos sempre no campo das idéias, nunca no campo pessoal, e com certeza faremos grandes acordos que serão sempre honrados. Vossa Excelência pode contar com este Deputado que sempre terá essa mesma postura, reta, e faremos sempre bons acordos em nome da população paulista.

Mas, gostaria de falar do transporte público. Hoje, o Jornal da Tarde traz uma matéria consistente: “O Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin - pela terceira vez Governador deste Estado - assume de público que a quantidade de quilômetros construídos pelo Governo do PSDB no município de São Paulo, no que diz respeito à rede metroviária, foi muito aquém do desejado e do necessário para resolver o problema do transporte público na cidade de São Paulo.” É declaração do Governador Geraldo Alckmin. E eu concordo. Enquanto nós iniciamos nosso metrô na Cidade de São Paulo, a cidade do México também iniciou na mesma época o seu metrô. Lá na cidade do México, são 271 quilômetros de metrô construídos. Aqui na Cidade de São Paulo, nós ainda não chegamos a 70 quilômetros. O Governo tucano, que comanda este Estado há 17 anos, este Governo construiu pouco mais de um quilômetro e meio de metrô/ano. Essa é a realidade dos fatos.

Em relação à rede ferroviária, o que tinha, eles destruíram. E na cidade São Paulo em todas as eleições, do Serra e do Governo Kassab, entre as propagandas eleitorais está a construção de corredores de ônibus, e nada foi feito. Seis anos de Governo, sabe quantos quilômetros de corredores de ônibus foram feitos em São Paulo? Zero. Agora, a propaganda eleitoral vai em direção contrária, porque fazem um discurso para ganhar a eleição e praticam outro discurso no exercício do Governo.

Portanto, se não invertermos a lógica histórica implementada em São Paulo - que prioriza o transporte individual, de automóveis, construindo viadutos, avenidas, muitas delas de fundo de vale, ocupando margens de rio e com isso contribuindo para degradar ainda mais o nosso meio ambiente -, e se não investirmos pesadamente no transporte público, estaremos contribuindo com o caos na região metropolitana.

Este pronunciamento é para fazer coro ao Governador Geraldo Alckmin, que hoje no “Jornal da Tarde” traz: “Construímos muito pouco e quero dizer que a responsabilidade é toda dos tucanos. Dezesseis anos foi tempo suficiente para planejar e executar obras para reverter essa situação e melhorar o transporte público, para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos na cidade São Paulo, na Grande São Paulo e no Estado.” Muito obrigado.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, indico o nobre Deputado Donisete Braga para falar pelo Art. 82, em nome da Liderança da Minoria.

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga, pelo tempo regimental.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, quero agradecer ao Deputado Carlos Giannazi pela indicação. Eu ouvia atentamente o meu amigo Deputado Campos Machado, que indagava sobre o significado da palavra “compromisso”. E como bem colocou o Deputado João Antonio, V. Exa. pode ter a convicção de que a Bancada do PT, representada por 24 Sras. Deputadas e Srs. Deputados, nunca faltará aos compromissos assumidos. Seja para a deliberação de matérias, seja para que nós possamos fazer um grande debate sempre pensando na política de fortalecimento do nosso Estado. Esse é o desafio da Assembleia Legislativa, e a Bancada do PT, que sempre prezou pelo compromisso, pela palavra, V. Exa. pode ter a certeza de que assim sempre procederemos.

Sr. Presidente, seguindo a linha de intervenção do meu colega, Deputado João Antônio, não poderia deixar de mencionar que hoje pela manhã, acompanhei atentamente pela rádio CBN o debate envolvendo dois senadores que representam o Estado de São Paulo: o senador Aloysio Nunes, do PSDB, e a nossa senadora do PT, Marta Suplicy, que governou a nossa cidade, que implementou, que investiu, que modernizou os investimentos que V. Exa. muito bem conhece, porque foi vereador durante três mandatos e liderou a Bancada do PT na Câmara Municipal, foi o Líder da nossa então prefeita Marta Suplicy. Por isso V. Exa. falou com muita propriedade com relação à falta de investimento e de planejamento dos tucanos durante esses 17 anos.

Gostaria de reiterar as políticas desencadeadas no Governo Federal do Presidente Lula, e agora com a nossa Presidente Dilma Rousseff, quando reafirma a necessidade de termos um transporte para facilitar a vida dos usuários, que precisam se locomover de uma cidade para outra, como o trem-bala, que é um projeto extremamente importante e crucial para o crescimento do nosso país.

E hoje, pude presenciar o senador Aloysio Nunes dizendo-se contra esse programa importante do Governo Federal que tem inclusive o investimento também no BNDES. Existe já o recurso. Portanto, nobre Deputado Hamilton Pereira, o nosso Pais precisa urgentemente recuperar a malha ferroviária brasileira, a malha ferroviária da CPTM, também precisa de investimento no metrô.

Falou muito bem o Deputado João Antonio, hoje o México tem quase 300 km de metrô. O metrô do México começou na mesma época de São Paulo e ainda não tem 70 km de metrô. Esse é o projeto dos tucanos. Esse modelo, nós não queremos mais aqui em São Paulo.

Não é à-toa que o Governo Federal, a nossa Presidente Dilma Rousseff, vai investir para que o Brasil possa melhorar a malha ferroviária. Deputado Ary Fossen, V. Exa. que já foi prefeito de Jundiaí e é Deputado estadual, muito em breve vai poder elogiar o trem-bala do nosso País que vai trazer o desenvolvimento econômico, a geração de emprego e renda, mas, acima de tudo, a integração com a Região Metropolitana de Campinas para melhorar o nosso Estado de São Paulo, especialmente o nosso País.

Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, para finalizar o meu pronunciamento, quero dizer da importância da audiência pública, que está sendo realizada neste instante. Deputado João Antonio a discussão do traçado norte do Rodoanel há uma série de preocupações com os impactos negativos que poderão causar na região norte. Hoje centenas pessoas estão participando dessa audiência pública para não prejudicar a vida das pessoas, mas, sim, para ter uma obra importante no interesse comum de todos. Muito obrigado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, inicialmente quero dizer ao Deputado João Antonio que eu o tenho na conta de um amigo legal e a amizade se faz eternamente. Você planta a semente da amizade, você cultua a árvore pela vida inteira.

Quero dizer ao nobre Deputado João Antonio que não é a questão de CPIs. Sr. Presidente, não posso concordar com ele.

Cito novamente, Deputado Celso Giglio, o meu amigo, meu irmão Deputado Cândido Vaccarezza. Ele é o exemplo vivo do que o PT pensa a respeito de CPIs e aqui, nesta Casa, era o maior defensor de CPIs que eu já vi em 20 anos de mandato. Em Brasília, é o maior inimigo que adversário de CPIs.

Eu sempre achei que CPIs, quase todas elas, são palanques, teatros, nem Maria Della Costa sabe interpretar tão bem a CPI como pretende a oposição. Evidentemente que as CPIs, que estão sendo apresentados aqui, não têm nenhum cunho.

Imaginemos que a CPI de pedágio, pretendida pela Bancada do PT, logre êxito, qual é o resultado? Para onde vai o relatório afinal, Deputado Celso Giglio? Ao Ministério público, que já está apurando os fatos. Para que redundância em Direito, o princípio da economicidade que manda. Para que, Deputado Celso Giglio, enviar os resultados de uma CPI a um órgão que já está apurando? Sabe por que, Deputado Celso Giglio? É um palanque político Eu não tiro a bandeira, as razões da oposição, mas é um palanque eminentemente político.

Agora que inventaram o telão, quero dizer que o telão está sendo muito mal aproveitado. Já colocaram vacas no telão, mulheres se despindo. Portanto, Sr. Presidente, sou, fui e serei completamente contra CPIs, que aqui se pretende instalar, porque não tem fundamento. Temos quase 15 CPIs, qual vai trazer alguns resultados práticos a esta Casa? Não esquecendo que temos eleições no horizonte de 2012. Se não tivessem eleições, eu até poderia imaginar qual era a meta.

Estamos trabalhando, Sr. Presidente. O meu partido pode ter 500 candidatos a prefeito e vice. Vou ter muito cuidado com o que vou fazer, como agir e como responder, Deputado Roque Barbieri, pelas ações que vão fazer.

Vamos trazer uma Central? Vamos, sim. A terceira Central Sindical deste País vai se incorporar ao PTB. Tem que ter muito cuidado. Eu já cometi um erro aqui com outra força sindical. Portanto, quero, uma vez mais, dizer ao Deputado João Antonio que ele merece o meu carinho, o meu respeito, e eu o chamo, prazerosamente, de meu amigo.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, nobre Deputado e amigo Campos Machado, tenho aprendido muito com V. Exa. aqui e tenho notado que em todo os discursos V. Exa. remete a passado antigo da humanidade para balizar, para justificar o conteúdo do seu discurso. Tem, por exemplo, buscado argumentos na Grécia antiga, na democracia ateniense.

Quero dizer a V. Exa. que uma das coisas que eu mais gosto é do debate qualificado no campo das idéias. Se há algo que a humanidade mais distorceu na história, foi o papel dos sofistas na democracia ateniense, que, depois de Platão, falando pela boca de Sócrates, dizia que os sofistas eram aqueles que conseguiam a partir da persuasão transformar a mentira em verdade.

Se investigarmos o papel dos sofistas na democracia antiga, esse não foi o papel deles, os chamados professores de rua. Mas quero dizer a V. Exa. que, adotando a tese desvirtuada do sofismo, diria que vários - e não V. Exa. - nesta Casa de fato faz da capacidade de persuasão uma maneira de justificar o injustificável. Nessa concepção desviada do que foi o sofismo, posso dizer que muitos desta Casa fazem, de fato, o argumento sofismático para justificar a CPI.

Quero dizer que, de fato, V. Exa. tem razão. Em tese, nenhuma situação gosta de CPI. Tem lógica. Aqui estou discutindo em tese. A lógica é o seguinte: quem está no poder quer governar, executar o seu programa; quem está na oposição tem na democracia o papel de fiscalizar. E é essa essência da democracia que promoveu o contraditório.

As CPIs, independente de Brasília, porque lá está governando o PT, junto com os aliados, ou em São Paulo porque nós estamos na oposição, foram concebidas como um instrumento da oposição para poder fiscalizar a situação. Essa é a essência da CPI, é um instrumento das minorias. Quando, seja em qualquer parlamento, o poder da caneta do Executivo sufoca as minorias não é bom para a democracia.

A democracia pressupõe contraditório, Deputado Campos Machado. Pressupõe abrir condições para que uma parcela minoritária, mas que, também, faz parte do Estado, que é a oposição, possa desenvolver métodos de fiscalizar o poder avassalador, que é o poder do Executivo no Estado democrático brasileiro.

A Constituição de 88 - e aqui estou discutindo em tese, não estou discutindo partidos políticos, nem interesse partidário - concedeu ao Executivo um enorme poder: o poder econômico porque nele está a competência de distribuir os recursos e o poder da caneta que é o da nomeação. Portanto, as minorias são sempre sufocadas pelo Executivo e isso não é bom para a democracia.

Se eu estivesse em Brasília provavelmente estaria fazendo esse debate teórico no campo das ideias. Aqui em São Paulo vou travar esse bom debate, resgatar a força do Legislativo paulista, resgatar o poder de fiscalização desta Casa porque faz bem para a democracia e faz bem para o dinheiro público.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, verifico que o Deputado João Antonio falou três minutos a mais do que eu. Segundo, S. Exa. cometeu dois pequenos equívocos: falou de Platão esquecendo-se de que Platão dizia que a mentira é uma verdade disfarçada. O meu amigo Deputado João Antonio lamentou o passado como se eu estivesse trazendo as coisas que aconteceram com o Deputado Cândido Vaccarezza para hoje. O passado é a ponte que nos conduz ao presente e nos leva ao futuro. Eu não posso viver o presente sem conhecer o passado e tenho de ter o futuro no meu horizonte.

O Deputado João Antonio, ao que me consta, reconheceu que CPI é um instrumento da oposição. Estivesse o Deputado João Antonio - e teria votação para isso - na Câmara dos Deputados, seguramente seria um dos porta-vozes da Presidenta Dilma e do Deputado Cândido Vaccarezza para dizer-se contra, ainda que em tese, à criação de CPIs. Se fosse eu líder do Governo era isto que esperaria do Deputado João Antonio: o cavalheirismo, a lealdade que ele tem de sobra. Mas ele se encontra aqui.

O Governador, meu amigo, meu irmão Geraldo Alckmin, ele tem de cumprir a sua missão, que é ser oposição no sentido cabal da palavra e sendo oposição aqui em São Paulo ele precisa que mecanismos de oposição sejam criados. O Deputado Cândido Vaccarezza seria um outro Deputado, não teria o meu respeito, se não lutasse contra as CPIs. É isso que falo, meu Presidente Celso Giglio. Vossa Excelência já foi prefeito e sabe do que falo. Hoje, o prefeito de Osasco é do PT. Pergunte se o meu amigo Emidio de Souza quer alguma CPI na Câmara Municipal de Osasco? Ele não quer não. É por isso que quero louvar o Deputado João Antonio, cujo comportamento será de fidelidade ao seu partido e às suas tradições, mas se o destino brincar com ele como os cometas brincam no céu, hoje brincam e amanhã desaparecem, ele vai ser inimigo de CPIs caso a Presidência da Nação esteja com o PT. Esta é a vida. Nós teríamos de ter uma vida para ensaiar e outra para viver. Mas infelizmente nós só temos uma vida: a de viver. Não temos a vida para ensaiar. Por isso V. Exa. não ensaiou e vive a vida com dignidade, honradez e seriedade.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, estou acompanhando atentamente este debate que se trava entre o Deputado Campos Machado, a quem respeitamos muito, e o Deputado João Antonio.

Acaba de ocupar o microfone de apartes o nobre Deputado Campos Machado para tecer comentários sobre o papel das CPIs.

Eu gostaria de falar aos telespectadores que nos assistem neste momento sobre o papel do Poder Legislativo e das Sras. Deputadas e dos Srs. Deputados desta Casa.

Nós temos como papel precípuo estabelecido pela Constituição elaborar leis porque a República é composta de três Poderes: Poder Executivo, que executa as leis; Poder Judiciário, que julga o cumprimento das leis e Poder Legislativo, que elabora as leis. Portanto, aqui em São Paulo nós, deputados estaduais, elaboramos as leis do Estado. Além disso, compete-nos também, estabelecido na Constituição, fiscalizar os atos do Poder Executivo. Não só do Poder Executivo.

Eu, por exemplo, estou colhendo assinaturas para a constituição de uma CPI que visa investigar a máfia dos radares no Estado de São Paulo, denunciada pelo programa Fantástico da Rede Globo. Não se trata de uma CPI contra os atos o Governador, mas sobre algo grave que vem ocorrendo em nosso Estado, que coloca essas máquinas às vezes em locais escondidos, sem sinalização, porque criou a indústria da multa. Também compete-nos fiscalizar os atos dessas empresas que fazem contratos com o Poder Público, seja estadual, seja municipal, no âmbito do Estado de São Paulo. Portanto as CPIs são legítimas, sim, em que pese, às vezes, em alguns temas, o Ministério Público já estar investigando. Neste caso não está.

Então é bom que os telespectadores, muitos dos quais votaram nos deputados que aqui se encontram, saibam qual é o nosso papel.

Assim, eu quero pedir às deputadas e aos deputados desta Casa que aponham sua assinatura ao nosso pedido de CPI que quer investigar essas empresas de radares que se constituíram numa verdadeira indústria da multa no nosso Estado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, desde logo quero dizer que sou contra a proposta do Deputado Hamilton Pereira, meu amigo particular. Sou contra por princípio.

O que pretende o Deputado Hamilton Pereira com essa CPI que está em décimo nono lugar, que só será instalada possivelmente em setembro de 2012? Qual a pretensão do nobre Deputado Hamilton? Tem quase 20 CPIs na frente, mas a divulgação agora é natural.

Mas, Sr. Presidente, ontem despachei com V. Exa. um pedido. Nós temos de discutir seriamente uma questão que afeta esta Casa. O que vale mais: o decreto ou uma lei? De que serve a lei se o decreto se sobrepõe à lei? O decreto só serve para regulamentar uma lei. O decreto exige o cumprimento de uma lei. Não sou eu que falo. Aqui no nosso Estado, infelizmente, o decreto vale mais.

Para quê apresentarmos um projeto, discutir o projeto, aprovar o projeto e sancionar o projeto se um simples decreto, sem ouvir esta Casa, vai invalidar a lei? De que ainda esta tese bonita de que ao Executivo cabe executar, ao Judiciário julgar e ao Legislativo legislar se não cuidamos de nós mesmos?

Eu quero fazer um apelo à Bancada do PT: que nos ajude, a partir da próxima reunião do Colégio de Líderes, a resolver esta questão. O que vale mais: uma lei, pela qual lutamos aqui, congresso de comissões, audiências públicas uma atrás da outra. Se amanhã vem um decreto joga por terra o trabalho de 2, e anos.

Apelo, portanto, à nobre bancada do PT, formada por deputados por quem tenho profundo respeito, principalmente pela palavra empenhada, pois eles não recuaram em um milímetro a palavra dada ao presidente Barros Munhoz. Imprensa, pressões do próprio partido do presidente Barros Munhoz e eles não recuaram. É importante que se diga isso.

Nobre Deputado João Antonio, convido, portanto, V.Exa., que é combativo, o Deputado Hamilton, que sabe o que é sofrer, porque sofreu, sobreviveu e venceu, nos ajudar nessa batalha, pela dignidade desta Casa, no sentido de que o decreto jamais se sobreponha a uma lei. É um aluno se colocando no lugar de mestre.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Veja como é importante o debate no parlamento. Nem tudo é divergência entre situação e oposição. E é nesse confronto de ideias que vamos fazer uma síntese para prosseguir no rumo correto, que é sempre o bem comum, que é o que justifica o Estado.

Quero fazer uma rápida referência à questão das CPIs. Disputamos as eleições no Estado de São Paulo com um programa. Perdemos. Por 70 mil votos não fomos para o segundo turno. Perdemos para Geraldo Alckmin, que tem um programa para governar. Nós fomos conduzidos pela oposição para sermos oposição. Outros, como o PSDB e o DEM, foram conduzidos a nível de Brasil para serem oposição.

Nós, Deputado Campos Machado, vamos cumprir o papel que a população nos atribuiu, que é de ser oposição programática. Esteja certo, V.Exa., sempre, de que não vamos enveredar pelo caminho do pragmatismo nesta Casa. Vamos fazer sempre oposição programática. E vamos utilizar todos os recursos, inclusive o direito democrático de fiscalizar por meio de CPIs.

Mas o que nos une neste debate, hoje, neste plenário? Veja, V.Exa., temos um ordenamento jurídico no país, uma constituição rígida, lei infraconstitucional e um sistema hierárquico de leis. E o decreto está lá embaixo, na base da pirâmide na hierarquia das normas. De maneira, nobre Deputado, que só posso concordar com V.Exa.. E digo mais: nossos constituintes de 88 sabiamente nos deram um instrumento da mais alta importância. Porque, quando o chefe do Poder Executivo tenta governar por meio de decretos, por cima das leis legalmente constituídas, a constituinte nos deu um instrumento forte que é a competência do Legislativo para sustar decretos ilegais por parte do Poder Executivo. Façamos uso também desse instrumento. Para cada decreto ilegal, inconstitucional do chefe do Poder Executivo aprovemos nesta Casa um PDL sustando o ato do Executivo para fazer valer a hierarquia das normas neste país e que a lei de fato consiga estar acima dos decretos. Muito obrigado.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, antes de expressar a minha concordância com muitas vezes o Executivo legislar em matéria que não é de sua competência e extrapolar os seus limites, gostaria de lembrar à sociedade que hoje tombou morto em serviço, a tiros de fuzil, o soldado Militão do 46º Batalhão da Polícia Militar da região do Cursino. Ele será sepultado amanhã às 9 horas da manhã no Mausoléu dos Heróis da Polícia Militar. A família, por convicção religiosa, não quer cerimônia fúnebre ou velório. O IML acabou de liberar ao corpo, rapidamente, por uma intervenção do próprio Dr. Celso Perioli, superintendente da Polícia Técnico Científica para agilização dos procedimentos.

Eu não poderia deixar de dar conhecimento pela TV Assembleia aos Srs. Parlamentares de que mais um companheiro acabou tombando no cumprimento do dever. O Militão morreu em serviço, assim como o sargento Alves no Rio de Janeiro minimizou uma tragédia que seria maior se ele não tivesse agido, e quero dizer que em termos de segurança pública estamos dando alguns passos para trás neste estado.

Quando se fala em intervenções e que o Poder Legislativo tem obrigação de fazer a correção, como o projeto de decreto legislativo do deputado Campos Machado, que não é uma birra, uma pirraça com a Secretaria, com o governo, nada disso, pois não vejo nesta Casa ninguém mais aliado com o governo do que o deputado Campos Machado. Entretanto, a questão da Corregedoria da Polícia Civil está ferindo moralmente a instituição policial civil.

Bem como foi publicado na quarta-feira o meu projeto de decreto legislativo para o qual peço apoio de todos os pares, principalmente do deputado Campos Machado, que é altamente respeitado por todos os partidos, por todas as convicções nesta Casa. É para anular uma atitude da Secretaria de Segurança Pública de transferir a apuração de ocorrência de resistência seguida de morte praticada por policiais militares, civis e guardas civis metropolitanos. Só guarda metropolitano de São Paulo. As outras 23 Guardas no entorno do Demacro, não. Os outros 600 municípios do interior deixa como está. Isso coloca a população numa situação de insegurança.

Eu já disse mais de uma vez que podemos divergir em vários pontos políticos, programáticos, partidários, mas, quando falamos de segurança pública, não torcemos por jacaré em filme de Tarzan. Queremos que dê certo, que o Governador Geraldo Alckmin acerte nos seus programas de segurança pública e sistema prisional; queremos que o comandante geral seja cada vez mais efetivo, assim como o delegado geral, o superintendente da Polícia Técnico Científica. Que o cidadão sinta a força e a presença da polícia protegendo-lo. Infelizmente não sentimos que isso está acontecendo.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, peço desculpas a V.Exa. por estar utilizando o microfone de apartes a todo momento, mas eu queria tratar de um assunto específico. Lei Orgânica da Polícia Civil. É a Lei Complementar 207/79. Essa lei, há 30 anos, estabeleceu que a Corregedoria da Polícia Civil é um órgão ligado à Delegacia Geral da Polícia Civil. E o subdelegado geral é o corregedor. O que aconteceu nos últimos meses? Jose Serra, o ex-governador, baixou um decreto sob a inspiração do atual secretário da Segurança Pública, um homem de caráter, um bom promotor público, um bom ex-policial militar e o que fez o Sr. Secretário da Segurança Pública? Retirou a Corregedoria da Polícia Civil e trouxe para o seu gabinete. Não fez o mesmo a Polícia Militar.

Ah, mas são diferentes. Não são não. São 3200 delegados cujo passado foi jogado ao chão. Aí aparece no jornal: “800 delegados envolvidos em casos de corrupção”. Fiz o requerimento, Sr. Presidente. Vieram as informações, não tem 150, menos de 5%. Quais são os casos? Um delegado sozinho tem 10 casos; ele contabiliza como se fossem 10 delegados. Aí os outros casos: falta de gravata, sapato não engraxado, batida de carro. Sob esse argumento, com menos de 5%. S.Exa. jogou a dignidade da Polícia Civil ao chão. Comecei minha vida, como acadêmico de Direito, defendendo a Polícia Civil, a melhor Polícia Civil do mundo. Mas acontece que agora os investigadores têm medo, têm receio. A Corregedoria agora grava imagens. É teatral, agride esposas de investigadores, humilha os delegados. E quero crer, uma polícia eficiente, correta. O que eles querem é que a Polícia Civil rasteje feito cobra e só olhe para cima quando vem a luz do sol.

Sr. Presidente, a partir de terça-feira vou travar vários combates nesta Casa: o primeiro para valorizar a lei acima do decreto; o segundo, como falar em segurança se não valorizamos os policiais civis, os humilhamos? Esta não vai dizer mais não. Quero convidar a bancada do PT, a maior da Casa, para que mostre a sua força, para que defenda esse PDL para reparar a maior injustiça já praticada contra a Polícia Civil.

Por isso ontem, no Colégio de Líderes, peticionei ao Deputado Celso Giglio, para que encaminhasse ao meu amigo, Deputado Barros Munhoz, que se encontra hospitalizado, para que leve ao Colégio de Líderes uma das mais sérias discussões que esta Casa vai ter. Primeiro, o decreto e a lei. Segundo, a dignidade da Polícia Civil do Estado de São Paulo.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Quero dizer ao Deputado Campos Machado que para este deputado é uma questão de princípio. Até pela minha formação como advogado, tenho de defender o estado democrático de direito. E governar por decreto é um atentado, em qualquer governo, independente do partido político, contra a democracia, contra o estado democrático de direito. Portanto, nobre deputado, V.Exa. vai ter o apoio integral do Partido dos trabalhadores. Vamos votar urgentemente esse PDL sustando o ato do Executivo, porque acho um desrespeito a uma lei votada por esta Casa. Governar por decreto é virar as costas para o Legislativo. V.Exa. sabe disso.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - V.Exa. sabe muito bem que estou defendendo alguma coisa que talvez o governo não queria. Vou dizer uma vez mais aqui: Dr. Geraldo Alckmin é meu amigo e meu irmão. Deveria estar aqui tentando manter o decreto. Que aliado sou eu? Dia desses, disse ao Deputado Giannazi: aliado não quer dizer alienado; são dois sentidos diferentes. Com todo carinho, com toda fraternidade que tenho por Geraldo Alckmin, meu amigo - nossas famílias são amigas, dona Lúcia chama minha esposa de Marlene de irmã - com toda fraternidade, me desculpe Sr. Governador, não recuo um milímetro nessa luta para derrubar esse decreto. O dia em que deixarmos esta Casa ao sabor dos ventos partidários, esta Casa sucumbe.

Quero agradecer, portanto, ao Deputado João Antonio, que falou em nome da bancada do PT e quero dizer que vamos às últimas consequências para derrubar esse decreto em homenagem a esta Casa e à Polícia Civil do Estado de São Paulo.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - PARA COMUNICAÇÃO - Apenas para que fique absolutamente claro, Deputado Campos Machado, não tenho a condição sequer de falar em nome da bancada do PDT, mas tenha V.Exa. a certeza de que marcharemos juntos para que se resgate a dignidade da instituição Polícia Civil, que foi ferida. Quero dizer que a questão da retirada da corregedoria e sua passagem diretamente ao gabinete do secretário é simplesmente uma manobra política, que acaba ferindo mortalmente a instituição, não muda o trabalho da corregedoria, seja da Polícia Civil ou da Polícia Militar. Já dizia o Deputado Conte Lopes, do seu partido, mais de uma vez, e um professor de polícia, que quem prende o mau policial é o bom policial.

Não é o promotor, não é o juiz, não é o presidente do Conseg; é o bom policial. Então, precisamos devolver a autonomia da Polícia Civil e a ligação dela ao Delegado Geral e ao Conselho Superior da Polícia Civil, simplesmente porque todos os atos de corregedoria continuam sendo praticados pelos bons policiais que lá servem. Mas a instituição está sendo agredida nesse tempo todo.

Então, isso não é próprio. Temos de perseverar por isso. E mais, o Deputado João Antonio falava do governante que quer governar por decretos. Veja bem, V.Exa. falou da Lei 207, a Lei Orgânica da Polícia civil. Em relação a essa Resolução 45, da transferência da competência da apuração dos delitos praticados por policiais para o DHPP, estamos ferindo o próprio processo penal e o próprio processo penal militar. Foi um avanço na legislação brasileira quando em 96 - digo com felicidade, como policial militar -, a Lei 9299, pela qual Hélio Bicudo lutou muito, tirou a competência do julgamento pelo Tribunal de Justiça Militar dos crimes dolosos contra a vida praticados por policiais militares. E nós, a esmagadora maioria dos policiais militares, comemoramos porque nos estavam dando legitimidade no julgamento popular. E isso aconteceu realmente. Só que naquele momento a competência de julgamento mudou para a Justiça comum, a competência da apuração continua a ser por inquérito policial militar.

Então, V.Exa. estava falando justamente da impropriedade e agora temos essa aberração jurídica criada na Resolução 45, que revoga dispositivo do código de Processo Penal e do Código de Processo Penal Militar.

Então, lutamos em nome da segurança pública da população, em nome da preservação das instituições policiais. Como policial militar ficaria extremamente magoado se arrancassem a corregedoria da Polícia Militar da instituição Polícia Militar. E não posso ser leviano e dizer que acho bacana que façam isso com uma instituição que é minha co-irmã, a Polícia Civil do Estado de São Paulo.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, para finalizar minha participação, uso óculos porque não enxergo bem, mas escuto maravilhosamente bem. E ouvi a chamada Oposição dizer: “Si hay gobierno, soy gobierno”, referindo-se a mim. Nunca vi na minha vida um Deputado do PT se voltar contra as ordens do prefeito ou do Governo. São todos cabeças-baixas. Fui presidente do Conselho de Prerrogativa.

Instituí aqui, junto com o Deputado Rui Falcão. Respeito esta Casa. Nós nem entrávamos em Secretarias, porque tínhamos que ser fotografados. Graças a esse Conselho, que fui presidente, a única comissão que presidi nesta Casa em 20 anos, podemos entrar livremente. Agora, essa conversinha mole de que “hay gobierno, soy gobierno”, isso é conversa de pascácio. Não estou aqui para ouvir conversa mole de pascácio, Sr. Presidente. Já me voltei dezenas de vezes contra a posição do ex-Governador José Serra. Nunca me agachei para ninguém, a não ser para pegar o que é posto no chão e levantar.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, esta declaração agora do nobre Deputado Campos Machado vem ao encontro, obviamente, do interesse de todos nós, parlamentares desta Casa, porque o Conselho de Defesa das Prerrogativas dos Parlamentares foi um entendimento, inclusive, de todas as bancadas, particularmente. E quero elogiar, inclusive, o nobre Deputado Campos Machado por liderar. No entanto, o Deputado se contradiz na medida em que uma das prerrogativas fundamentais dos parlamentares desta Casa é a fiscalização dos atos do Executivo. Ora, quando o Presidente do Conselho de Defesa das Prerrogativas Parlamentares se coloca contra qualquer tipo de investigação dos atos do Executivo, obviamente que está diminuindo o papel precípuo e constitucional dos parlamentares desta Casa.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 17 horas e 42 minutos.

 

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[1] Martins, Ives Gandra da Silva. Regime Constitucional das CPIs, in Artigos, Pareceres, Memoriais e Petições. Disponível em HTTP://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_25/artigos/Art_Ives.htm Acesso em 12/04/2011.

[2] Comparato, Fábio Konder. Comissão Parlamentar de Inquérito. In Revista Trimestral de DireitoPúblico, nº 10, p. 62.

[3] Carajelescov, Yuri. Comissões Parlamentares de Inquérito à luz das disciplinas constitucional, legal e jurisprudencial luso-portuguesa e brasileira. Curitiba: Juruá, 2007, p. 107.

[4] Bulos, Uadi Lammêgo. Comissão Parlamentar de Inquérito: técnica e prática. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 218.

[5] Op. cit. p. 219/220. .

[6] Sproesser, Andyara K. A Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI no Ordenamento Jurídico Brasileiro. São Paulo: Assembleia Legislativa do Estado, 2008. P. 227/228.

[7] Op.cit. p. 227