26 DE MAIO DE 2008

022ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM "AOS GUARDAS-NOTURNOS DO ESTADO DE SÃO PAULO"

 

Presidente: FERNANDO CAPEZ

 

 

RESUMO

001 - FERNANDO CAPEZ

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia autoridades presentes. Comenta a condição de insegurança com que trabalham os guardas-noturnos. Relembra a história do Sr. Justino, guarda-noturno de seu bairro, que morreu atuando na sua profissão. Informa que a sessão solene foi convocada pela Presidência efetiva, a pedido do Deputado Fernando Capez, com a finalidade de homenagear os guardas-noturnos do Estado de São Paulo. Convida todos a ouvir, de pé, o Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - ALTINO FRANCISCO DA SILVA NETO

Presidente do Sindicato dos Vigilantes Noturnos do Estado de São Paulo, sente-se honrado com a homenagem prestada à categoria. Relata sua experiência profissional. Registra as preocupações e necessidades dessa categoria. Tece considerações sobre o que vêm passando os vigilantes noturnos do Estado de São Paulo.

 

003 - Presidente FERNANDO CAPEZ

Procede à entrega de placas comemorativas.

 

004 - EDUARDO JOAQUIM DE OLIVEIRA

Ex-presidente do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo, comenta o respeito que tem pelo trabalho realizado pelo Dr. Altino. Pede união à categoria, para que tenham seus direitos adquiridos.

 

005 - CARLOS ALBERTO PEGADO

Secretário Geral da União Geral dos Trabalhadores, comenta a luta do Deputado Fernando Capez pelo reconhecimento desta Casa a favor da categoria dos vigilantes noturnos. Homenageia o Sr. Júlio Francisco da Silva e o Sr. Altino Francisco da Silva Neto, pai e filho, respectivamente.

 

006 - CARLOS ALBERTO PINHEIRO

Presidente da Cooperativa dos Bombeiros, informa que criou a Cooperativa Nacional dos Bombeiros com objetivo de atender os militares, bombeiros das Polícias Militares, Marinha e Aeronáutica. Coloca-se à disposição do Sindicato dos Vigilantes Noturnos.

 

007 - Presidente FERNANDO CAPEZ

Informa que 400 mil vigilantes no Estado de São Paulo atravessam uma dura rotina para zelar pela segurança dos paulistanos e prestar informações importantes para a polícia, nas regiões que atuam. Refere-se ao Projeto de lei de sua autoria, que dispõe sobre o credenciamento de profissionais autônomos de vigilância diurna e noturna, junto à Secretaria de Segurança Pública. Entrega placa de homenagem ao Sr. Altino Francisco da Silva Neto, pelos relevantes serviços prestados à Vigilância Noturna no Estado de São Paulo. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Fernando Capez.

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Boa-noite ao nosso querido Altino, representando quatrocentos mil vigilantes noturnos e diurnos, pelos quais temos o mais profundo respeito.

  Esta Presidência passa a nomear as autoridades que vieram prestigiar esse lindo evento: Dr. Adolpho de Andrade Rebello, Delegado de Polícia há 38 anos representando o Diretor de Departamento de Identificação e Registros Diversos da Polícia Civil - DIRD; meu querido amigo, que apóia os trabalhadores, Canindé Pegado, Secretário Geral da União Geral dos Trabalhadores, UGT, é um prazer muito grande; Sr. Carlos Alberto Pinheiro dos Santos, Diretor Presidente da Cooperativa Nacional dos Bombeiros; Sr.Altino Francisco da Silva Neto, Presidente do Sindicato dos Vigilantes Noturnos do Estado de São Paulo. (Palmas.)

  Quando entrou pela primeira vez em meu escritório político, ainda estava em campanha, pelas mãos do empresário do ramo de segurança, Misael Antonio de Souza, homem respeitadíssimo, que priva da amizade do Delegado Geral de Polícia, olhei esse homem forte, firme, com autoridade, Altino, e depois de meia hora de conversa, pensei: estou diante de um homem digno, idealista, que quer que a sua classe seja reconhecida e respeitada, com retribuição justa por todos aqueles que podem dormir um pouco mais tranqüilos, enquanto estão trabalhando os vigilantes noturnos.

  Os vigilantes vivem hoje uma dupla insegurança.

A insegurança de quem está nas ruas, quando a população estava abrigada em suas casas, num ataque do PCC em maio de 2006, estavam ali os vigilantes noturnos, nas ruas, convivendo no dia-a-da com a violência.

            Que saudade eu tenho do vigilante da minha rua, Sr. Justino, que vigiava o bairro da Aclimação, Dr. Adolfo, desde a Rua Safira até a Rua Pires da Mota, e qual não foi o meu drama quando um dia, acordei e minha mãe: “filho, uma tragédia, mataram o Justino esta noite.”

  Que trauma, tanto eu quanto minha esposa, também moradora do bairro da Aclimação, que à época, não conhecia, que mais tarde viria a ser minha namorada, minha noiva e minha esposa, tanto sofreu, pelo carisma que tinha o Justino, pelo seu esforço, pela sua preocupação em nos garantir a segurança.

  O vigilante noturno vive essa insegurança. Mas a sua insegurança é dupla porque, além da insegurança de todos pela criminalidade, é a insegurança pelas incertezas que gera à categoria pela falta do adequado reconhecimento.

Vamos a partir desta Sessão Solene, uma sessão singela, rápida, porque são vigilantes noturnos e a noite já começou, lutar pela aprovação do projeto que apresentamos, e daremos conhecimento a todos.

Temos aqui a figura dos nossos quatro homenageados - faltam dois ainda - que são: Claudio Botelho, de Santo André; pastor Delgado Queiroz, de São José dos Campos; Walderez Leite de Melo, de Atibaia; Julio Francisco da Silva, que prestou serviços em São Paulo por mais de 40 anos.

  Vamos agora, sob a proteção de Deus, iniciar os nossos trabalhos. Esta é uma Sessão Solene, que significa uma sessão prevista em lei, com Regimento extremamente rígido porque dá o tom de solenidade e ao mesmo tempo de importância. Não pode ter Sessão Solene para qualquer coisa. Só o Presidente da Assembléia Legislativa convoca a Sessão Solene após uma análise criteriosa e esta é uma Sessão Solene.

  Nomeadas as autoridades aqui presentes, informo que esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Exmo. Deputado José Carlos Vaz de Lima, atendendo solicitação deste Deputado, Deputado Fernando Capez, com a finalidade de homenagear os guardas noturnos do Estado de São Paulo.

  Convido todos os presentes para, em pé, ouvirmos ou cantarmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do policial militar, maestro, subtenente Benedito Paulo de Aguiar.

                                     

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-         É executado o Hino Nacional Brasileiro.

                              

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  O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - A Presidência  agradece a maravilhosa execução do Hino Nacional na pessoa do Subtenente Benedito Paulo de Aguiar. Agradecemos também a Polícia Militar, que tantos préstimos nos serve.

Se existe alguma norma de que não se deve aplaudir o Hino, essa norma não se segue nas sessões solenes que eu presido. O Hino Nacional é para ser cantado e aplaudido com entusiasmo.

            Esta Presidência vai conceder a palavra, sim, ao nosso querido Presidente Altino Francisco da Silva Neto para que faça o registro das agruras, preocupações e necessidades dessa categoria que tantos serviços presta a nossa coletividade.

  Altino Francisco da Silva Neto, com altivez, com a coluna ereta de quem tem orgulho e dignidade por aquilo que faz, por favor, brinde-nos com suas observações e considerações importantes sobre o que vêm passando os vigilantes noturnos do Estado de São Paulo.

 

  O SR. ALTINO FRANCISCO DA SILVA NETO - Boa-noite, Exmo. Sr. Fernando Capez, D.D. Deputado estadual, autoridades presentes, convidados, meus agradecimentos. Nesta data sinto-me muito feliz porque, em toda a existência da nossa categoria, nunca houve uma homenagem como esta. Por que digo isso? Porque a nossa categoria, infelizmente, vem sofrendo há mais de 50 anos, é sempre perseguida, humilhada, e sem nenhum apoio. Todas as oportunidades que tivemos de falar para a população foram negadas. Hoje esta Casa abre espaço dando essa oportunidade para nós, vigilantes noturnos, guardas noturnos - não importa a denominação, o que importa é o nosso trabalho, o que fazemos com dignidade e honestidade e termos a credibilidade da população. A população reconhece, nos apóia. A comunidade a quem prestamos nossos serviços reconhece nosso trabalho, sim. É evidente que em todas as categorias existem os maus profissionais, mas existem os bons e que hoje estão aqui representando os que não puderam vir. Os bons profissionais jamais serão atingidos por qualquer tipo de denúncia que uma ou outra pessoa possa fazer.

  Há 32 anos atuo como vigilante noturno com muito orgulho. Tive oportunidade de defender a categoria em diversas ocasiões e, em muitas portas que bati, muitas foram fechadas. “Não reconhecemos vocês, vocês são pessoas à margem da sociedade.” Ora, senhores, como à margem da sociedade se somos trabalhadores? Onde está o termo trabalhador que não é reconhecido para a nossa categoria até hoje? Profissões bem mais recentes já foram reconhecidas, nascidas há pouco tempo. Por que não a nossa, com mais de 60 anos de atividade no Estado de São Paulo, não sermos reconhecidos? Não somos trabalhadores? Ora, claro que somos. Nós prestamos serviço à comunidade, nós prestamos serviço de segurança para a população. Quantas vezes os filhos que chegam de madrugada da escola encontram seus pais aflitos? E o vigilante está lá, acompanhando aquele filho que chega da faculdade, que chega da escola. Quantas vezes não fazemos isso, senhores? Ora, acho até que deveria haver um reconhecimento ainda maior. Nós deveríamos ser considerados de utilidade pública. Mas, aos poucos estamos caminhando, batalhando. Não vamos desistir, porque há um ditado que diz: “Lutar sempre, vencer talvez, desistir jamais.”

E esse é o nosso lema. Jamais vamos desistir. As autoridades aqui presentes estão nos apoiando.

Quanto ao projeto de lei que está tramitando nesta Casa, tenho absoluta certeza de que vamos conseguir aprová-lo, apesar de muitas pessoas serem contrárias a ele. Sei muito bem quem são essas pessoas. Mas isso não importa. Importa esta Casa abrir as portas para nos receber, para darmos o primeiro no sentido de sermos reconhecidos como os Vigilantes Noturnos Autônomos do Estado de São Paulo. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Vamos passar à fase da entrega de placas comemorativas àqueles que se destacaram no exercício do seu mister, desempenhando com orgulho atividades que reconhecem a importância de ser um vigilante noturno. Peço à assessora que traga as placas para que possamos fazer a entrega. Quero convidar para vir à frente o Dr. Adolpho de Andrade Rebello, delegado de polícia, que representa o Departamento de Identificação e Registros Diversos - DIRD, para fazer a entrega da primeira placa ao Sr. Cláudio Botelho, de Santo André.

 

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- É feita a entrega da placa. (Palmas.)

 

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            O Dr. Adolpho de Andrade Rebello é delegado de polícia há 38 anos. Foi também morador do bairro da Aclimação, e conheceu o vigilante morto, nosso guarda-noturno morto, Justino.

            Chamo agora, à frente, o advogado Edgard Hermelino Leite Neto, para fazer a entrega de uma Placa Comemorativa ao Pastor Delgado Queiroz, de São José dos Campos.

 

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            - É feita a entrega da placa. (Palmas.)

 

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            O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Para fazer a entrega da Placa Comemorativa ao Sr. Júlio Francisco da Silva, que prestou serviço em São Paulo por mais de 40 anos, convido para vir à frente, o advogado, Chefe de Gabinete deste Deputado, Dr. Rogério Auad Palermo.

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            - É feita a entrega da placa. (Palmas.)

 

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            O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Chamo agora, para receber a Placa Comemorativa das mãos do homem a quem devo a honra, e o privilégio de ter conhecido o sindicato dos guardas-noturnos, ao homem idealista, que luta para que São Paulo tenha mais segurança, que me apresentou, sem pedir nada em troca, o Sr. Altino Francisco da Silva Neto, esse homem digno que tanto respeito.

Misael Antonio de Sousa fará a entrega a esta também digna Walderez Leite de Melo, de Atibaia. (Palmas.)

 

                                                           * * *

-         É feita a entrega da placa. (Palmas.)

 

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            O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - O senhor tem a palavra. Esta é uma Casa democrática. Esta Casa lhe pertence também.

 

O SR.  EDUARDO JOAQUIM DE OLIVEIRA - Sou ex-presidente do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo, órgão criado no Governo Franco Montoro. Fui Presidente durante oito anos desse conselho, com muita honra e com muito orgulho. (Palmas.)

Faço questão de colocar aqui algumas palavras a respeito do trabalho que o Dr. Altino vem desenvolvendo na cidade, no Estado de São Paulo e no Brasil. Sempre que tento fazer contato com meu amigo Altino ele está viajando pelo interior, ou fora do nosso Estado, e sempre em busca de mais companheiros para o nosso sindicato.

Portanto este momento, Deputado Fernando Capez, é muito importante não só para o Dr. Altino, não só para o Excelentíssimo Deputado, mas para todos nós, conforme já foi enfatizado por Vossa Excelência. Em cada esquina, em cada rua, em cada avenida, ou a qualquer momento de dificuldade por que passamos temos lá um vigilante noturno, ou até um vigilante diurno, para nos proteger.

Diante dessas colocações, não poderia me omitir. Portanto, deixo aqui meus cumprimentos sinceros e peço a essa classe, conforme já foi solicitado pelo digníssimo Presidente Dr. Altino, que se una em torno deste objetivo. Mas eu diria, até numa linguagem coloquial, que temos de pegar o touro pela cabeça e não pelo rabo porque, conforme o nobre Deputado Capez salientou, vocês representam 400 mil seguranças - se não me falha a memória - no Estado ou na cidade de São Paulo. Desculpem-me se cometo aqui algum erro numérico. Mas, vejam bem: 400 mil; vocês talvez não tenham imaginado ainda a força que os senhores têm. Não é só a força de trabalho, porque isso já está mais do que provado. Nas nossas andanças diárias temos a oportunidade de constatar a presença dos senhores, com sol, com chuva, com dia bonito, com dia feio, com morador descontente. Isso tudo os senhores já demonstraram. Agora, o que falta é transformar, ou os senhores acreditarem mais nessa força que está dentro de cada um dos senhores aqui presentes.

  Eram essas as palavras que eu gostaria de registrar, e parabenizá-lo pelo encaminhamento das propostas apresentadas pelo nosso Sindicato, e pedir ao senhor, e como pedirei aos demais e ao nobre Presidente e aos seus companheiros de Diretoria, que não desistam mesmo. Hoje tenho 63 anos e não conheço facilidades. Só conheço dificuldades, até quando estamos organizados.

  Esta Casa é uma Casa de dificuldades. Aqui só comparece quem vem para se socorrer ou recorrer. Essa é a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Muito obrigado. (Palmas.)

 

  O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Parabéns!

A Dona Yeda me comunica que também solicita a palavra, e será atendido, Carlos Alberto Pegado, nosso querido Canindé, Secretário Geral da União Geral dos Trabalhadores, amigo desta Casa, dos vigilantes, um companheiro nosso que eu respeito muito.

 

  O SR. CARLOS ALBERTO PEGADO - Deputado Fernando Capez, Presidente desta Sessão Solene, senhores e senhoras, autoridades presentes, Deputado Fernando Capez, o senhor está lutando por uma causa justa, ao reivindicar que esta Casa reconheça a categoria dos vigilantes noturnos como uma categoria que tem a sua atividade definida, em todos os recantos desta cidade, a sua atividade definida na prestação de serviços que ela faz, e muitas vezes não reconhecida, do ponto de vista da legalidade.

Isso para nós é motivo de uma luta por si só. Quando nós atuamos na sua campanha, e junto com a UGT, nós nos unimos para defender justamente os menos favorecidos. E os menos favorecidos, Deputado, o senhor observa aqui de frente, dentro deste plenário, que são justamente esses companheiros que não têm dia e nem hora para colocar o seu trabalho à disposição da comunidade.

Mais ainda, esses companheiros têm uma dignidade tão grande e tão profunda, maior do que qualquer outra categoria de trabalhador existente neste país. São pessoas que, pela sua luta, com sua dignidade, estão criando seus filhos. Pode haver corrupção em todos os setores de atividade neste país, mas nunca ouvimos dizer que um vigilante noturno tenha sido incapaz de exercer, com a dignidade que lhe é peculiar, a sua tarefa de prestador de serviço para a sociedade.

Queremos homenagear duas pessoas, em nome de todos os senhores e senhoras presentes. O Sr. Júlio Francisco da Silva, hoje com 74 anos, saiu do interior da Bahia e veio para São Paulo aos 24 anos de idade. Há 50 anos está na nossa cidade, com mais de 40 anos de atividade na vigilância noturna. É o pai deste nobre companheiro: Dr. Altino.

Deputado Fernando Capez, muitos não sabem que Altino é um vigilante cuja atividade passou de pai para filho. Ele diz: “Tenho o corpo furado de bala, de faca, por causa de tanto trabalho e por enfrentar tantas adversidades, durante os 40 anos, dentro desta cidade. O Altino é o “Dr. Vigilante”. O Altino é advogado e não deixou, mesmo como advogado, de exercer sua atividade no dia-a-dia da vigilância noturna.

O Altino, deputado, tem 32 anos de atividade de vigilância noturna e 22 anos na advocacia. Todos os meses, ele vai à sede da UGT, central à qual seu sindicato é filiado, para pagar religiosamente a contribuição como associado.

Vejo sindicatos poderosos, ricos, que, para receber uma mera contribuição, é preciso cobrar, telefonar, mandar carta. E esse cidadão, com a idade que está, vai, como filiado, todos os meses, religiosamente, pagar a sua cota-parte à central sindical.

Fiz questão de vir aqui com meus principais funcionários que estão comigo há mais de 14 anos - Débora e Paulinho -, amigos do Dr. Altino, não podemos perder esta solenidade. Temos uma estima pelo Dr. Altino que V. Exa. não pode sequer imaginar, deputado. Temos muita consideração por esse homem, pelo trabalho que tem feito para representar dignamente essa categoria, pela luta que tem desempenhado para conseguir que essa categoria tenha seu reconhecimento formal. Estou 30 anos no movimento sindical. Tenho o orgulho de dizer que temos neste país dirigentes sindicais dignos de serem realmente dirigentes sindicais com letra maiúscula. Para esse companheiro eu tiro o meu chapéu e empenho todo apoio a qualquer luta que esse homem vier a fazer em prol da regulamentação da atividade do vigilante noturno. Vossa Excelência está de frente para uma grande ação, pode acreditar nisso. E para essa ação contará com o apoio da União Geral dos Trabalhadores. Somos mais de 600 sindicatos, mais de seis milhões de trabalhadores. Mas, dentre esses 600 sindicatos e mais de seis milhões de trabalhadores que representamos, graças a Deus temos os vigilantes noturnos conosco. Muito obrigado e parabéns pela solenidade.

 

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Antes de passarmos aos instantes derradeiros, tem a palavra o último inscrito, o companheiro, presidente da Cooperativa dos Bombeiros, Carlos Alberto Pinheiro.

 

O SR. CARLOS ALBERTO PINHEIRO - Boa-noite a todos, posso dizer que o nobre Deputado Fernando Capez é um nobre amigo, uma pessoa de quem gosto muito, admiro bastante, um jovem deputado. Gostaria de cumprimentar todos os homens e mulheres presentes prestigiando a categoria dos vigilantes noturnos. Meu amigo Altino, um homem que conheço há dez anos e que aprendi a respeitar pela sua postura. Altino é um homem probo, transparente, está à frente dessa categoria, veio das bases mais humildes da sociedade, como meu amigo Eduardo, que está ali, um homem humilde demais, foi secretário de um dos governos de São Paulo, Secretário para Assuntos Comunitários de um dos governos de São Paulo, e trouxe uma grande mensagem para o nosso amigo Altino, que está à frente dessa luta, uma luta verdadeira de trabalhadores que merecem respeito.

De vez em quando a mídia noticia fatos isolados, mas existem bons e maus profissionais em todas as categorias, e nessa categoria também não seria diferente. Altino, você pode contar com a Cooperativa Nacional dos Bombeiros, que está sempre junto com você. No lançamento da Cooperativa, no dia 13 de dezembro de 2005, você esteve presente, e eu pensei: “vou prestigiar meu amigo Altino, porque eu o conheço, é um homem de força, de fé, e com certeza, junto com o deputado e seus amigos da categoria atingirá seu objetivo, que é o reconhecimento dessa profissão”.

Criei a Cooperativa Nacional dos Bombeiros com objetivo de atender os militares, bombeiros das Polícias Militares, Marinha e Aeronáutica. Veio um grupo chamado de bombeiros profissionais civis, que atua em todos os estados e trabalha em shopping, em condomínios, e passa pela mesma dificuldade que os vigilantes noturnos, por não ser reconhecido. Eu os trouxe para debaixo dos meus braços. Foi apresentado por um deputado distrital, o Projeto de lei 2084/91, em Brasília, que tramita há 17 anos e não é aprovado por não haver interesse das classes. São profissionais que precisam de apoio e eu apóio essa classe. Conte comigo, Altino, para o que você precisar. Um grande abraço e parabéns pela sua luta! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Temos no Estado cerca de 400 mil vigilantes noturnos, os quais atravessam uma dura rotina para velar pela segurança dos paulistanos.

Na gíria policial, elas e eles são conhecidos pelo apelido quase poético de “sereno”. Mas na vida real, a rotina de um vigilante noturno nada tem de poesia. A pé, de bicicleta, de moto, num carrinho velho ou enfurnados em guaritas nada confortáveis, eles varam noites a fio na rua. Munidos de apitos, cumprem o papel de assegurar um sono mais tranqüilo a paulistanos que, cotizados com os vizinhos, pagam pelo serviço de vigilância e ronda que, teoricamente, deveria ser garantido pelo Estado, mas em cuja lacuna, os guardas noturnos atuam com tanta competência. Além disso, muitas vezes, passam informações importantes para a polícia, contribuindo para a diminuição da criminalidade nas regiões em que atuam.

Propusemos, através de Indicação ao Exmo. Sr. Governador Estado de São Paulo,  que seja feito um cadastramento comum de todos os guardas noturnos,  aos quais seriam entregues rádios na  freqüência da polícia para que se criasse  ali uma corrente de informação. O guarda de uma rua avisa o da rua de cima, o da rua ao lado, que avisa o batalhão da polícia e que avisa a delegacia. É como se o Estado tivesse, sem nenhum custo, seus olhos multiplicados em milhões, em questão de segundos. Uma simples questão de gerenciamento. Os guardas-noturnos são muito mais importantes do que se possa imaginar e do que possa supor nossa vã consciência.

  O Projeto de lei estadual nº 729, de 2007, por nós apresentado, dispõe sobre o credenciamento de profissionais autônomos de vigilância diurna e noturna junto à Secretaria de Segurança Pública.

  É um cadastro que reconhece a importância, um cadastro que reconhece a existência, um cadastro que é o passo inicial para o reconhecimento pleno, legal e jurídico dessa atividade.

  Na vida, temos que fazer escolhas, opções, às vezes dolorosas, às vezes custosas, que nos trazem ônus, que nos trazem encargos. Meu pai ensinou-me que uma mulher, que um homem pode ter vários defeitos, mas não deve lhe faltar coragem: coragem para assumir posições, coragem para ficar ao lado daquilo que parece ser o certo. A mim, não só parece, mas tenho absoluta convicção de que a razão está com os guardas-noturnos. Temos condições, sim, de mobilizar os deputados para aprovar essa lei. (Palmas.)

  Lembro-me de uma instituição, que prezo muito, que é minha co-irmã: a Polícia Militar. Essa instituição estava passando um momento difícil após as cenas da favela Naval terem ganhado as telas, principalmente através da Rede Globo de Televisão. Era uma campanha reiterada e diária contra a instituição. Ali, foi cunhado o lema: “amigo policial militar, não somos poucos, somos muitos”.

Amigos guardas-noturnos, não somos poucos, somos muitos. Se estivermos unidos, comporemos uma força maior do que qualquer exército da América Latina. Só que um exército de homens de bem e mulheres de bem, de idealistas, que só querem uma coisa, só querem vencer uma guerra: a guerra pelo respeito, pelo reconhecimento. Estaremos ao lado de vocês!

Meus amigos; Altino; guardas-noturnos; principalmente o meu pessoal de equipe do Conselho Político, ligado ao gabinete, dos meus assessores todos. Só lhes peço uma coisa: não me deixem esmorecer; não me deixem esquecer. Lembrem-me diuturnamente desse compromisso moral que celebrei antes de ser deputado, e que renovo aqui, em público, de que cumprirei até o último segundo deste meu mandato. (Palmas.)

  Após tudo que ouvi, me sinto sinceramente pequeno para fazer a entrega da última placa. (Palmas.) Muito obrigado.

A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, na Sessão Solene para prestar tributo aos guardas noturnos do Estado de São Paulo, homenageia o Sr. Altino Francisco da Silva Neto, Presidente do Sindicato dos Vigilantes Noturnos do Estado de São Paulo, pelos relevantes serviços prestados na vigilância noturna. Deputado Fernando Capez, com a data de hoje. (Palmas.)

 

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-         É feita a entrega da placa.

 

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  O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Esgotado o objeto da presente sessão que, ao mesmo tempo, marca o início pelo trabalho em prol da aprovação da lei, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece as autoridades e aos funcionários da Taquigrafia, da Ata, do Som, da Polícia Civil, da Polícia Militar, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar e, em nome de todos os funcionários, quero prestar uma homenagem à Dona Yeda, sempre tão presente e com 60 anos de Assembléia Legislativa! (Palmas.) Ela é o exemplo maior da perseverança que deve nos nortear na busca de nossos objetivos.

  Está encerrada a sessão e uma boa noite a todos. (Palmas.)

 

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-         Encerra-se a sessão às 21 horas.

 

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