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03 DE JUNHO DE 2002

25ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO DO "DIA DA COMUNIDADE ITALIANA"

 

Presidência: WALTER FELDMAN e VITOR SAPIENZA

 

Secretário: WADIH HELÚ

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 03/06/2002 - Sessão 25ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: WALTER FELDMAN/VITOR SAPIENZA

 

HOMENAGEM AO "DIA DA COMUNIDADE ITALIANA"

001 - Presidente WALTER FELDMAN

Abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Anuncia que convocou esta sessão solene a pedido do Deputado Vitor Sapienza, com a finalidade de comemorar o "Dia da Comunidade Italiana". Convida a todos para ouvir a execução dos hinos nacionais do Brasil e da Itália. Expressa satisfação com a grande afluência de público nesta sessão, que reafirma a importância da comunidade italiana no Estado.

 

002 - VITOR SAPIENZA

Assume a Presidência.

 

003 - RICARDO TRIPOLI

Em nome do PSDB, saúda os presentes e o proponente desta sessão, Deputado Vitor Sapienza. Lembra a importância dos laços que unem o Brasil e Itália.

 

004 - WADIH HELÚ

Em nome do PPB, fala da influência da imigração italiana para o desenvolvimento do Estado de São Paulo.

 

005 - ADOLFO URSO

Como Ministro do Comércio Exterior da República Italiana,  pronuncia discurso em língua estrangeira.

 

006 - Presidente VITOR SAPIENZA

Lê trechos da lei de sua autoria que criou o "Dia da Comunidade Italiana". Passa à entrega do troféu "Loba Romana" a vinte e sete personalidades de destaque na comunidade italiana, relatando seus respectivos dados biográficos.

 

007 - MÁRIO QUILICI

Como padre-inspetor do Liceu Coração de Jesus, agradece, em nome dos agraciados, o recebimento do troféu "Loba Romana".

 

008 - Presidente VITOR SAPIENZA

Agradece a todos que colaboraram para o êxito desta solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Wadih Helú para, como 2º Secretário "ad hoc", proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - WADIH HELÚ - PPB - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Gostaria de anunciar o nome das autoridades aqui presentes compondo a Mesa: Exmo. Sr. Adolfo Urso, Ministro do Comércio Exterior da República Italiana, a quem peço uma calorosa salva de palmas. (Palmas.) Exmo. Sr. Vincenzo Petroni, Embaixador da Itália. (Palmas.) Exmo. Sr. Gianlucca Cortese, Cônsul Geral da Itália em São Paulo. (Palmas.) Exmo. Sr. Cláudio Pieroni, Presidente dos Comitês e vice-Presidente do Consucre, que é o Conselho Parlamentar das Comunidades e Raízes e Culturas Estrangeiras aqui da Assembléia. (Palmas.) Exmo. Sr. Deputado Wadih Helú, Exmo. Sr. Jair Oliveira, Prefeito de Mairiporã, Exmo. Sr. Luiz de Freitas, Vereador de Mairiporã, excelentíssimos senhores membros do corpo consular, senhoras e senhores homenageados, senhoras e senhores, eu gostaria de cumprimentar todo o público, teria que escolher alguém e quero sugerir para representá-los, Dr. Alencar Burti, Presidente da Associação Comercial de São Paulo, uma das instituições mais antigas do Brasil, também representando a Comunidade Italiana. Muito obrigado, Dr. Alencar Burti. (Palmas.)

Srs. Deputados, senhoras e senhores, Sr. Ministro, esta Sessão Solene foi convocada por esta Presidência, atendendo solicitação do nobre Deputado Vitor Sapienza que, tradicionalmente, a convoca para comemorar o Dia da Comunidade Italiana em São Paulo.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Italiano e o Hino Nacional Brasileiro, executados pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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-              É executado o Hino Nacional Italiano.

 

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-              É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Agradecemos ao segundo-tenente e músico Ismael Alves de Oliveira, maestro da Segunda Seção da Banda do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Obrigado, tenente, é uma satisfação novamente recebê-los nesta Casa. Obrigado ao senhor e à banda sob o seu comando.

Sr. Ministro, autoridades presentes, senhoras e senhores, cabe-me neste momento passar a Presidência ao nobre Deputado Vitor Sapienza. Farei de pronto, mas gostaria de registrar aquilo que sentimos neste momento, tendo em vista a alta representatividade e a forte presença de brasileiros e italianos neste plenário, e fora deste plenário, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Há centenas, ou talvez milhares de pessoas que, por falta de condições físicas, não puderam adentrar este recinto, o que mostra a força desta solenidade, a correta convocação ou iniciativa do Deputado Vitor Sapienza que, há 14 anos, realiza uma sessão com essas características.

Já presenciei manifestações fortes como essas em convenções partidárias, tempos de disputa política, escolha de candidatos majoritários ou proporcionais dos partidos políticos que têm presença neste Estado e neste país, mas poucas vezes a Assembléia se viu tão engalanada, tão prestigiada com a presença dos senhores e das senhoras, reconhecendo, de maneira inequívoca, o papel e a força da comunidade italiana no Estado de São Paulo. É neste sentido que quero cumprimentar o Deputado Vitor Sapienza, estender esse cumprimento ao Deputado Ricardo Tripoli que também, ao lado de tantos outros, representa de maneira brilhante os italianos e os brasileiros na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

Temos que realizar manifestações semelhantes para mostrar que São Paulo só é grande e forte por conta da presença e da ação das comunidades e de raízes e culturas estrangeiras que aqui vieram, não apenas para sobreviver, para construir as suas famílias, mas para construir a riqueza do nosso Estado, uma riqueza material, mas principalmente uma riqueza de caráter humanístico, que é exatamente a força e a presença dos italianos em São Paulo. São muitos, são 14 milhões como me ensina o amigo Cláudio Pieroni, que aqui representa o Consucre, mas é uma força não apenas de características quantitativas. É a alma italiana que faz o São Paulo grande, forte e vibrante como ele é hoje.

Parabéns, Deputado Vitor Sapienza, muito obrigado Ministro pela sua presença, Sr. Embaixador, Sr. Cônsul, que tenhamos uma grande noite italiana e brasileira na Assembléia de São Paulo. Muito obrigado, Deputado Vitor, assuma a Presidência. (Palmas.)

 

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-              Assume a Presidência o Sr. Vitor Sapienza.

 

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O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Boa noite. Substituindo o nobre Presidente Walter Feldman, esta Presidência concede a palavra ao nobre Deputado Ricardo Tripoli que falará em nome da Bancada do PSDB.

 

O SR. RICARDO TRIPOLI - PSDB - Exmo. Sr. Presidente, sempre Presidente Vitor Sapienza, que Preside esta sessão, e que propôs nesta data a homenagem não só à Proclamação da República Italiana, mas também aos filhos de italianos e àqueles que prestaram serviços a nossa comunidade do Estado de São Paulo, o Prêmio ‘A Loba Romana’, que já como disse o Presidente Walter Feldman, há 14 anos, nós temos oportunidade, por iniciativa do Deputado Vitor Sapienza, de participarmos deste evento.

Exmo. Sr. Ministro do Comércio Exterior da República Italiana - Adolfo Urso, gostaria de dizer ao senhor, embora faça o meu pronunciamento em português, mas que ‘non è tutti i giorni qui habiamo um ministro qui a Casa. Siamo molto felici por potere participare de questo grande evento’.

Exmo. Sr. Ministro Vicenzo Petroni, Embaixador da Itália no Brasil, Exmo. Cônsul Geral de Itália em São Paulo, Gianlucca Cortese, estimado amigo, companheiro Cláudio Pieroni, Presidente do Comitê de Imigração Italiana no Estado de São Paulo, Exmo. Nobre Deputado Wadih Helú, Deputado Estadual à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, Exmo. Sr. Jair Oliveira, Prefeito de Mairiporã, amigo e companheiro; Luiz de Freitas, Vereador de Mairiporã, Senhores membros do Corpo Consular, vice-Cônsul, Cônsul Adjunto, aqui presentes, minhas senhoras e meus senhores, Sr. Tenente da Banda de Polícia Militar do Estado de São Paulo que executou de forma brilhante os hinos da Itália e do Brasil: eu gostaria de, primeiro falar um pouco sobre o nobre Deputado Vitor Sapienza, com quem temos uma grande afinidade, embora sejamos de partidos diferentes, nós torcemos por um mesmo time, somos dois Deputados estaduais, já Presidimos a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo e temos um grande orgulho de participarmos intensamente da coletividade italiana, que os nossos ancestrais nos emprestaram e que muito nos orgulham e nos honram.

Deputado Vitor Sapienza, com toda a sua tenacidade é um homem imbuído dessa corrente italiana, que o trouxe à São Paulo, que o trouxe à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; faz sempre questão de marcar essa presença, com esta cerimônia. Recolhe assinatura de Deputados, propõe, logo no início das sessões legislativas, que esse dia fique marcado na vida de cada um de nós, principalmente os nossos parlamentares aqui da Casa, que é um dia que deve ser comemorado: é o Dia da Proclamação da República Italiana e, concomitantemente, o prêmio que aqui oferece.

O Deputado Vitor Sapienza é um homem simples, fez carreira no serviço público estadual, conhece profundamente o Estado de São Paulo, um homem que tem talento, um homem digno, e que obviamente representa, com grande galhardia, o povo italiano aqui na Assembléia Legislativa de São Paulo. Receba, meu caro amigo, querido Deputado Vitor Sapienza, as homenagens da Bancada do PSDB, do Partido da Social Democracia Brasileira, pela forma como tem conduzido os casos da colônia italiana, não só na Assembléia de São Paulo, mas em todos os cantos que V.Exa. percorre em nosso Estado e em nosso país.

Deputado Vitor Sapienza, o Governador teve o privilégio com o Presidente da República de ter estado na Itália, há poucos dias, num grande evento no Vaticano, e depois tivemos o Presidente visitando o Presidente Giampi, com o nosso Governador. Mas com certeza, tanto Governador como o nosso Presidente não receberam tão grandes autoridades italianas num parlamento como V.Exa. recebeu hoje aqui.

Temos aqui o Ministro Cônsul Geral da Itália do Estado de São Paulo, temos o nosso querido Embaixador da Itália no Brasil e, mais do que isso, a presença do nosso Ministro do Comércio Exterior, aqui na Assembléia Legislativa, exatamente no dia que nós comemoramos a Proclamação da República Italiana, no dia que V.Exa. propõe esse evento.

Quero, aqui, dizer da grande satisfação de poder verificar o que disse aqui, no início, o Presidente Walter Feldman, a Casa superlotada, o que demonstra o volume de pessoas que têm interesse, que participam ativamente da nossa coletividade.

O Sr. Ministro perguntava na reunião, agora pouco na Presidência, quantos Deputados representavam aqui a colônia italiana, ou tinham sobrenome italiano, ou eram filhos, descendente de italianos. E nós dizíamos que cerca de 50% de Deputados desta Casa têm o sobrenome italiano, que é um grande orgulho para todos nós, sem menosprezo às demais categorias de pessoas que participam de outras comunidades, e que fazem também as suas festas aqui na Assembléia de São Paulo. Mas a italiana se destaca por tudo aquilo que ela prestou desde o período em que vieram para cá os italianos, na década de 20, e ajudaram a mola propulsora do Estado de São Paulo. Acredito que nós estamos estreitando cada vez mais os nossos laços, que eram laços somente de amizade, de carinho, de estima, mas que agora, obviamente, extrapolam esses horizontes.

O nosso Presidente da República Fernando Henrique tem dito insistentemente que o Brasil, obviamente, está mudando um pouco o seu relacionamento. Não que esteja terminando o relacionamento com os Estados Unidos da América do Norte, mas que nós deveremos direcionar cada vez mais, dentro de uma parceria ou de um processo de parceria, com a Europa. E sem sobra de dúvida, a porta de entrada da Europa mais próxima do Brasil, por conta das facilidades, da maneira como nós conduzimos o nosso processo, é a Itália, e percebemos que, daqui para a frente, há o relacionamento, seja ele dos partidos políticos que representam hoje o Brasil, das demais forças de sustentação ao Governo, ou muitas vezes até de participantes, de parlamentares e de oposição, mas que desejam o bem para o Brasil. E que possamos cada vez mais estreitar os nossos laços com a nossa querida Itália, seja no comércio, na indústria e no relacionamento cultural e educacional, buscando exatamente tudo aquilo que a Itália tem. Ou seja, que é a criatividade, pois os italianos são extremamente criativos, buscando sempre melhorar as performance daquilo que é produzido, tanto no campo da ciência, como no campo da cultura, como no campo da indústria e no campo do comércio.

Assim sendo, eu queria aqui, finalizando as minhas palavras, Sr. Presidente, cumprimentá-lo mais uma vez pela brilhante iniciativa, e em nome da bancada do PSDB, do Partido da Social Democracia Brasileira, por mais esta homenagem que presta não só à colônia italiana, mas a cada um que será aqui homenageado por V.Exa., e que com certeza guardarão, todos, no seu coração a auto-estima que V.Exa. resgata daqueles italianos que já moraram aqui, alguns que já se foram, mas que deixaram aqui os seus filhos que honram, com muito orgulho, o fato de terem sido filhos de italianos. Muito obrigado e tenham todos uma ótima noite. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Esta Presidência quer agradecer as palavras amigas e elogiosas do sempre Presidente, Ricardo Tripoli.

Passo a palavra agora ao nobre Deputado Wadih Helú que falará pela bancada do PPB.

 

O SR. WADIH HELÚ - PPB - Sr. Presidente Deputado Vitor Sapienza, cujos méritos foram proclamados e enunciados pelo nobre Deputado Ricardo Tripoli que nos antecedeu. Nós, Deputados em São Paulo, falamos pelo Partido Progressista Brasileiro, mas falamos muito mais: falamos por nós mesmos, que tenho a aventura de estar em São Paulo. Vim do interior desde o início de 1932. Então fica fácil para nós falarmos o que representa para São Paulo, em São Paulo, a comunidade italiana.

Mas antes, permitam-me os presentes, saudar o Exmo. Sr. Adolfo Urso, digníssimo ministro do Comércio Exterior da República Italiana; saudar o Exmo. Sr. Vincenzo Petroni, Embaixador da Itália em nosso Brasil; saudar o Sr. Gianlucca Cortese, Cônsul Geral da Itália em São Paulo; saudar o Sr. Cláudio Pieroni, Presidente dos Comitês e vice-Presidente do Consucre; saudar o nobre Deputado Ricardo Tripoli que aqui esteve, e bem como às demais pessoas que aqui se encontram, o Sr. Prefeito de Mairiporã, Jair Oliveira, o Sr. Vereador de Mairiporã, Luiz de Freitas, os senhores membros do Corpo Consular, senhoras e senhores homenageados, e o Segundo Tenente, músico, Ismael Alves de Oliveira, Maestro da Segunda Seção de Banda do Corpo Musical da Polícia Militar.

Meus senhores e minhas senhoras hão de compreender a nossa alegria de estarmos nesta tribuna, saudando não apenas a comunidade italiana, mas o orgulho de poder saudar a história da Itália no Brasil, uma nação que para cá enviou seus filhos, ou que nós, brasileiros, fomos buscar na Itália. E já há tantos anos passados, porque a imigração italiana começou em São Paulo em 1880.

Dez anos antes, São Paulo era uma cidade, em 1870, de 30 mil habitantes, Sr. Ministro, senhores presentes, e começou a vinda da colônia italiana, que nós paulistas fomos buscar. Fomos até a península, e de lá trouxemos, como irmãos, aqueles italianos que também trouxeram para São Paulo, e que participaram deste progresso vertiginoso que veio a ter São Paulo, porque na verdade, quando aqueles paulistas do século 19 foram à Itália buscar os irmãos italianos, eles traziam para São Paulo uma educação do primeiro mundo. Era o que representavam os italianos. E cresceu: 1880, 1890, 1900. Aquela cidade paulistana que tinha 30 mil habitantes em 1870 - no ano 2.000 - esta cidade tinha uma população de 200 mil habitantes: 110 mil italianos. É emocionante: o brasileiro, o paulista se integrou de tal forma que o italiano absorveu a nossa educação e trouxe o seu conhecimento. E aqui, então, São Paulo desenvolveu-se. E quando viemos meninos para São Paulo, vindo de interior, nós podemos afirmar que São Paulo era uma cidade do primeiro mundo, mercê da presença da comunidade italiana, que constitui a maioria dos nossos habitantes.

E veio o progresso no final do século 19, surge Francisco Matarazzo. Quem não se lembra? Quem não está a par do que representou em São Paulo as Indústrias Reunidas de Francisco Matarazzo? Quem não se lembra? E o prédio, que ainda está lá na Mooca, ali na Rua dos Trilhos, esquina da Paes de Barros, e que os senhores encontrarão um casarão de seis andares, ou quatro andares? Era o Cotonifício Crespi. Quem não se lembra? Aqueles que como eu, que aqui se encontram, senhores e senhoras de cabelos brancos, quem não se lembra da Mecânica Importadora, na Rua da Mooca, que era do Conde Siciliano? E assim houve entrelaçamento do italiano e do brasileiro.

E no campo dos esportes? Já tive ocasião de lembrar, numa dessas festas em que há a presença dos senhores aqui, não é apenas o que o Sr. Presidente enunciou. Não essa presença que engalana esta Casa, mas é o amor que os trouxe, o amor à sua origem. E nós paulistas, irmanados com a colônia, também nos orgulhamos e também transmitimos esse amor. No Esporte, eu disse aqui, um corintiano como nós, falando da comunidade italiana, tem a obrigação, porque em 1910 São Paulo já tinha a metade da sua população, e talvez já tivesse seus 250 mil habitantes.

Nós estamos fazendo essa digressão para que o Sr. Ministro, com a tradução, saiba o que representa a colônia italiana para nós paulistas, e o que foi a presença do italiano. Naquele tempo do São Paulo dos 30 mil, quando passou a 200 mil e depois a 250 mil, todos os bairros que se formaram em volta - era o Brás, era a Mooca, era o Bexiga, mais para baixo o Bom Retiro, ao lado, a Barra Funda e, mais adiante, começando a surgir a Lapa - e para cá, do lado de Santo Amaro, onde predominava uma pequena colônia alemã, também os italianos foram formando em Vila Mariana. Essa é aquela São Paulo que nós conhecemos, e como não podia deixar de ser, na Barra Funda e no Bom Retiro 80% da sua população era de origem italiana.

São rememorações que eu faço porque gosto de contar esta história da presença de outras comunidades. A segunda era a portuguesa, que foi quem trouxe para o Brasil a sua primeira civilização. Depois vinham os espanhóis, vieram os árabes, os libaneses, os turcos, como se falava na ocasião. Já em 1908 chegaram os primeiros japoneses, e assim São Paulo foi crescendo.

Porém, em 1910, quando se formou o Corinthians, é bom que saibam os meus amigos da comunidade italiana, o Bom Retiro e a Barra Funda eram dois bairros nitidamente italianos. E, por via de conseqüência, a comunidade era corintiana. É bom que eu fale isso, mas é a verdade, é a realidade. É a presença da colônia italiana? Não. Da comunidade italiana? Sim. Da formação de São Paulo? Sim.

Para os senhores terem uma idéia, porque eu falo assim: primeiro presidente do Corinthians foi um alfaiate - Miguel Bataglia. Segundo Presidente do Corinthians: Alessandro Magnani. Aí, em 1914 veio um representante da Itália na Matarazzo, e forma aqui o Palestra Itália. A maioria dos italianos corintianos foram para o Palestra e daí nasceu aquela rivalidade que eu, menino, apanhei. Era a maior rivalidade que tinha: Palestra e Corinthians, porque era briga de irmãos, italianos do Corinthians com italianos do Palestra. E isso, foi toda a São Paulo.

Os mais antigos: quer coisa mais gostosa do que o Brás? Quantos? Não são muitos. Mas quantos participaram do ‘footing’ na Rangel Pestana, em que nós andávamos, e o automóvel seguia a linha do bonde, porque as demais áreas da Rangel Pestana eram do povo, era comunidade. E por aí viemos afora.

A participação da comunidade fez com que nós, na década de 30 e década de 40, fôssemos realmente uma cidade de primeiro mundo, era uma cidade européia, porque o italiano deu a nós essa condição. A condição de ter trazido para cá a civilização de um império que faz parte da história. De um império que, através dos milhares e milhares de anos, deu ao mundo, um exemplo de trabalho, de conhecimento e de cultura, e que foi solidário em todos os campos. Vieram para cá como foram para a Argentina, como foram para os Estados Unidos, e foram para o mundo.

Eu faço esse relato porque vendo os senhores e as senhoras aqui é o retrato quando o Presidente Walter Feldman diz que poucas vezes a Assembléia recebe tão luzidia presença. É o retrato do que representa, na verdade em São Paulo, a comunidade italiana que reverenciamos, que amamos, que temos também, como irmãos nossos, o sangue italiano pelo casamento que todos nós paulistas estamos integrados. E é ao nosso colega, companheiro e amigo Deputado Vitor Sapienza que Preside esta sessão, que é o autor do requerimento que proporciona essa festa, que agradecemos esse momento de alegria que nós sentimos nos olhares. Nós sempre agradecemos ao Vitor, companheiro de priscas eras, porque reuniões como esta, sessões solenes como esta, fazem a gente voltar tempos atrás, sentir saudades. Aqueles que têm mais tempo, mais anos de vida, sentem saudade, mas a presença dos senhores também representa para nós a certeza de que temos de continuar na luta, que outros dias melhores virão, porque os senhores nos deram o exemplo, e nós, paulistas e brasileiros, não esquecemos: aprendemos e seguiremos.

Parabéns aos senhores, parabéns Sr. Ministro, em nome de quem saúdo todas as autoridades aqui presentes. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - O Deputado Wadih Helú foi brilhante, mas espero que a tentativa de conversão que ele jogou em cima da Sociedade Esportiva Palmeiras não surta efeito. (Palmas.)

Tem a palavra o nosso Ministro Adolfo Urso.

 

O SR. ADOLFO URSO - É feito pronunciamento em italiano.

 

O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Autoridades já citadas, e vou procurar ser o mais breve possível, meus senhores e minhas senhoras, eu entendo que recordar é, de certa forma, viver, e vou me atrever a ler alguns tópicos da justificativa do meu projeto de lei que criou o “Dia da Comunidade Italiana”.

Quero, a seguir, fazer algumas citações, aliás duas: uma a respeito de uma pessoa ausente que recebeu a nossa Loba, e a outra com referência a um padre que aqui está presente, que é o Padre Rosalvino.

“Projeto de lei - Artigo 1º - É instituído o “Dia da Comunidade Italiana” a ser comemorado anualmente em dois de junho.

Artigo 2º - Essa Lei entrará em vigor na data de sua publicação”.

Na justificativa eu quero destacar, inicialmente, que o projeto visava fazer uma comemoração na Casa com referência à Proclamação da República da Itália, que foi em dois de junho de 1946. Eu falava na época a respeito do que São Paulo representou dentro do Brasil. Falava também do peso dos imigrantes na formação de São Paulo. Citava, dentro da mesma linha do nobre Deputado Wadih Helú, em 1870, quando para São Paulo vieram os nossos irmãos substituindo o trabalho escravo nas fazendas de café, e por aí eu segui mencionando a pizza, o espaguete, a polenta, o risoto, as festas religiosas, os cultos aos santos comemorados na Itália, o uso da sanfona e de jogos como a bocha.

Dentro desse quadro também nós demos uma ênfase à substituição do escravo, mostramos que as lições que o povo italiano nos dava sobre liberdade - liberdade essa que não se compreende como subserviência -, e lembrávamos também, confirmando aquilo que o nobre Deputado Tripoli mencionou que, já na época, esta Casa tinha em torno de 60 a 65% de descendentes italianos.

Logo a seguir, três anos após, nós criamos o Troféu que recebeu o nome de ‘Loba Romana’. O intuito era homenagear aqueles que se destacaram dentro desta integração ítalo-brasileira, porém não foi só isso, nós tínhamos outras intenções: nós tínhamos intenções de, talvez, resgatar a presença de hospital italiano. Nós tentamos, na época, ressuscitar o Hospital Matarazzo, eu tive oportunidade de estar lá com o embaixador italiano na época, quando foi feito um pedido absurdo, na época, ao embaixador, no sentido de uma subvenção para custeio. Eu lembro bem das palavras do embaixador, dizendo mais ou menos o seguinte: “Se o empreendimento não tem condições nem de se sustentar no aspecto custeio, ele não é digno de receber apoio de quem quer que seja.”

De certa forma, vendo aquilo que estava acontecendo, eu me desanimei. Porém, ao longo dos anos eu encontrei o Padre Rosalvino seguindo a orientação de um santo italiano, São João Bosco, que cuida - não ele, Padre Rosalvino - de aproximadamente seis mil crianças em Itaquera, sem praticamente auxílio algum do Governo, com raça, com fibra, e as coisas foram acontecendo.

No ano passado eu tive mais um exemplo do que é possível ser feito pela colônia italiana. Eu conheci um médico de nome Zambrini em São Bernardo, ele me procurou e me disse o seguinte: “Nós recebemos, há 40 anos atrás, por doação, uma área para fazer a Santa Casa de São Bernardo do Campo.” E me contou uma história meio confusa de que aquilo estava embaraçado pelo fato de também ter sido feito uma doação ao Rotary Clube. Eu fui visitar o local e é uma área de aproximadamente 80 mil metros incrustados dentro do centro de São Bernardo.

Através de medidas políticas, nós conseguimos desembaraçar o problema que existia entre São Bernardo, Rotary e a Santa Casa de São Bernardo. Na época eles atendiam, numa espécie de pronto socorro, 500 pessoas por mês. Eu olhei e vi aquele filho de italiano, professor da Faculdade de Medicina na época, e senti mais um visionário: “Mais um que não vai fazer nada, que está sonhando.” Isso foi há aproximadamente um ano, e na semana passada tive oportunidade de retornar a São Bernardo.

Aquele visionário, que para mim era visionário, filho de italiano, professor da Faculdade de Medicina, já hoje atende sete mil pacientes por mês. Ele acreditou, está fazendo com que as coisas aconteçam, e aí fica o grande desafio: por que é que um servidor de um santo italiano, pobre Padre Rosalvino, um professor filho de italiano Zambrini acredita que é possível se fazer, e nós, com toda essa pujança, ficamos esperando que as coisas aconteçam?

Eu quero, antes de chamar os homenageados deste dia, lançar um desafio: será que nós iremos ficar filhos de italianos? Será que nós iremos ficar, Sr. Embaixador, Sr. Ministro, sempre na esperança de que alguém venha a fazer? Ou temos ou não a competência para nós fazermos? Fica aí a grande indagação. Eu, sozinho, não posso resolver, mas acredito que nós, no conjunto, poderemos. Muito obrigado. (Palmas.)

Os senhores representantes do Governo italiano pedem licença para se ausentar, tendo em vista um outro compromisso, e eu acredito que nós nos sentimos homenageados com a presença deles, e façamos votos de que se Deus quiser nós possamos, juntos, enfrentar o desafio que eu lancei esta noite. (Palmas.)

Com o ‘Troféu Loba Romana’, distinguimos aqueles que melhor vem representando os valores de nossos antepassados, pela tenacidade e dedicação do trabalho, à causa social. Todos os homenageados apresentam um extenso ‘curriculum vitae’ sobre as enormes benesses que vêm prestando à comunidade ítalo-brasileira.

Contudo, com o intuito de não tornarmos a solenidade muito extensa, chamaremos cada um dos agraciados, relatando um breve resumo das suas atividades.

 

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-              É dado início à cerimônia de entrega dos troféus aos homenageados.

 

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O SR. PRESIDENTE VITOR SAPIENZA - PPS - O nosso primeiro homenageado é o Sr. Ado Sartori Filho, fisioterapeuta, trabalhou em clínica médica na cidade de Pádova, onde ministrou vários cursos. Foi professor da USP e é sócio-proprietário de duas clínicas de fisioterapia, é professor no curso de pós-graduação em Fisioterapia na Unicid e na FMU. (Palmas.)

Sr. Alencar Burti, Presidente da Federação de Associações Comerciais do Estado de São Paulo e da Associação Comercial de São Paulo. Foi o primeiro Presidente da Fenabrave, Diretor vice-Presidente da ‘Viva o Centro’, fundador da Associação Brasileira dos Distribuidores Ford e do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos. Foi eleito Líder Empresarial Nacional pelo Fórum Gazeta Mercantil. (Palmas.)

Padre Angelo Moroni, nasceu em Paderno, Dada. Dedicou a sua vida a favor dos mais pobres e atualmente dirige o Recanto Nossa Senhora de Lourdes, que atende crianças e adolescentes, em período integral, diurno, e ambulatório médico-terapêutico, sendo todos carentes. (Palmas.)

Sr. Attílio Fania, jornalista, nasceu em Torino, sempre atuou na Itália e no Brasil em prol dos mais necessitados. Periodicamente publica nos jornais italianos artigos e interesses da comunidade, membro dos comitês, trabalha na Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria. (Palmas.)

Sr. Edson Rogatti, matemático, é Presidente do Conselho Diretor da Santa Casa de Misericórdia de Palmital, foi Secretário e Vereador da Câmara Municipal e Presidente do Rotary Clube e Apae de Palmital. É o atual Presidente da Avenida de Serviços à Comunidade, tendo exercido com brilhantismo todos esses cargos. É considerado um dos melhores provedores de Santa Casa do Estado de São Paulo. (Palmas.)

Sr. Fabrício Sanfins, bisneto de italianos, vindo das regiões da Calábria e de Veneto. Formou-se em Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais, tendo concluído a residência médica em Otorrinolaringologia. É voluntário na Associação de Pacientes Diabéticos e Hipertensos, e na Santa Casa de Misericórdia dedica-se de corpo e alma à divulgação da cultura italiana. (Palmas.)

Sr. Giovanni Crizi, nascido em Milão, é engenheiro químico e professor do Mackenzie. Foi vice-Presidente da Regional São Paulo da Associação Brasileira de Engenharia Química e Diretor do Lions Clube de São Paulo, Cambuci, foi do Conselho do Círculo Italiano e é Diretor do Círculo Giuliano Friolano de São Paulo. (Palmas.)

Padre Giuseppe Bortolato, nasceu em Mirano, província de Veneza, descobriu sua vocação para o sacerdote e para a vida religiosa. E com 13 anos de idade entrou no Seminário Escalabriniano de Bassano Del Grappa, enviado ao Brasil como missionário para os imigrantes. Acompanha a comunidade italiana na Igreja de Nossa Senhora da Paz. (Palmas.)

Sr. Giuseppe Troppi Somma, nasceu na cidade de Piemonte, região do Vesúvio e chegou ao Brasil na década de 50. É Presidente da Cavemaq, maior empresa do Brasil no segmento de máquinas de costura industriais, e do megaempreendimento turístico Parque Hotel Piemonte em Minas Gerais. Adotou, mesmo sem conhecer, uma família carente na cidade de Jacobina, na Bahia. Eu tive oportunidade de visitar a empresa do Giuseppe no Bom Retiro. Ele tem uma integração junto às famílias e aos seus empregados, digna dos maiores elogios possíveis e imagináveis. É homem humano, e que, com o seu exemplo, dignifica o italiano no Brasil. (Palmas.)

Sr. Guido Clemente, nasceu em Sassari, Sardenha. Foi Presidente do Museu Ciberti, Professor Titular de História Romana da Faculdade de Letras da Universidade de Florença, Secretário de Cultura da Prefeitura de Florença e vice-Presidente da Comissão Nacional Unesco entre outras atividades. É o Diretor do Instituto Italiano de Cultura, nomeado pelo Ministério das Relações Exteriores da Itália. (Palmas.)

Sr. Jácomo Spampinato Neto, contador pelo Liceu Coração de Jesus e em Economia pela PUC. Desenvolve e apresenta palestra sobre Recursos Humanos e Comportamento Humano e recebeu do Ministério do Trabalho, por sua atuação marcante na área de RH, a Medalha de Segurança do Trabalho e Previdência Social. É Diretor de Planejamento da Fundação Internacional do Lions e membro titular do Concselho Fiscal do Clube Espéria. (Palmas.)

João Forte, advogado e proprietário da Empresa Aratans, que atua no ramo de empreendimentos imobiliários, foi sócio do Lions Clube do Pari, do Elos Clube Suelsa de Queirós, membro-fundador da Loja Maçônica Paul Arres e Antonio Simões Ladeira, e do Rotary Clube de Jardim São Bento, além de ser membro do Conselho Regional de Economia, de Contabilidade e dos Corretores de Imóveis. (Palmas.)

Sr. João Moreto, neto de italianos de Milão, é empresário do mercado de alimentos, cuja matriz está localizada no Município de Caieiras, possuindo filiais no Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife e Vargem Grande do Sul, empregando atualmente 540 funcionários, mantém importante objetivo de aperfeiçoar suas atividades, trabalhando e se integrando com todos os seus funcionários, dando também um exemplo de integração ítalo-brasileira. (Palmas.)

Sr. Lúcio Baptista Nassaro, neto de italianos de Pádua, atuou no grande período de expansão das estradas paulistas, através do DER, como especialista em pavimentação, tendo trabalhado em todas as obras rodoviárias da região sudoeste do Estado. Atualmente dedica-se integralmente à difusão de um cristianismo esclarecido e engajado. (Palmas.)

Sr. Marcelo Janson Angelini formou-se em Direito pela PUC São Paulo, é sócio da Sabatine Scomov Advogados, atua no Setor de Direito Público, sendo Coordenador Nacional da Associação Giovanni Ítalo-Brasiliani, foi Delegado-Representante do Brasil na Primeira Conferência Mundiale de Giovanni Toscani na Itália e Coordenador da Primeira Conferência Virtual dos Jovens Ítalo-Brasileiros realizada no Museu do Imigrante. (Palmas.)

Sra. Marinella Della Negra, natural de Borbosésia, Itália, é sócia da Associação Piemontesi em el Mundo, é Consultora do Ministério da Saúde para Assuntos relacionados à Aids pediátrica, é Presidente e fundadora da Entidade que presta Assistência à Criança Portadora de HIV. É professora-assistente da disciplina de Moléstias Infecciosas da Faculdade da Santa Casa de Misericórdia e da Associação Paulista de Medicina. (Palmas.)

Sr. Mário José Bianchi é médico, advogado e empresário do ramo publicitário, trabalhou como clínico-geral na Bayer do Brasil, Hospital do Tatuapé, e como cardiologista na Policlínica Santa Amália e Hospital do Mandaqui. Atua desde 1984 no Centro de Vigilância Sanitária, sendo Diretor da empresa Castela Bacci Promoções de Publicidade, com quase 20 anos de existência. (Palmas.)

É o terceiro padre que nós vamos homenagear, mas só que esta pessoa tem uma dedicação, ou melhor, um peso especial, porque é salesiano e é inspetor do colégio que colaborou muito pela minha formação, Liceu Coração de Jesus: Padre Mário Quilici. (Palmas.)

Filho de italianos de Toscana, Luca, estudou no Liceu Coração de Jesus, ingressou na Congregação Salesiana em 1942, e ordenou-se sacerdote. Dedica a sua vida ao aprendizado religioso, foi diretor do Colégio Salesiano Dom Bosco de Piracicaba, do Colégio Liceu Coração de Jesus do Instituto Dom Bosco e é o atual Diretor da Casa Provincial, com 60 anos de vida religiosa. Completará neste ano o Jubileu de Ouro do Sacerdócio. (Palmas.)

Sr. Norberto Spitaletti, filho de italianos de Benevento, é empresário do ramo de construção civil, já tendo executado mais de 150 mil metros quadrados de área construída, com cerca de 1.500 unidades residenciais e comerciais em Osasco, São Paulo e Sorocaba. Recentemente entregou um shopping de serviço em Alphaville, e foi Secretário da Prefeitura do Município de Osasco. (Palmas.)

Sr. Oto Luiz Guglielmetti, neto de italianos oriundos da cidade de Rovigo. Completou ensino médio em sua terra natal, Palmital, vindo se formar médico no Brasil, fez residência médica em Cirurgia Geral no Hospital São Camilo, trabalhou como chefe de Departamento de Clínica Médica e Cirúrgica do Hospital e Maternidade de Santa Marina, atualmente é proprietário da Clínica São Remo, onde trabalham 30 profissionais da área de saúde, prestando atendimentos às pessoas carentes do bairro de Vila Santa Catarina, em São Paulo. (Palmas.)

Sr. Pasquale Cipro Neto, graduado em Letras pela USP, é professor do Sistema Anglo de Ensino, colaborador e assessor da “Folha de S.Paulo” na área de língua portuguesa, idealizador do Programa Nossa Língua Portuguesa da Rádio e TV Cultura e colunista dos jornais “O Globo”, “Diário do Grande ABC”, “Gazeta do Povo” em Curitiba, “O Povo de Fortaleza”, “O Liberal” de Belém e “Correio Popular” em Campinas. É o idealizador e apresentador do Programa Letra e Música da Rádio Cultura, é autor de livros didáticos pela Editora Scipione. (Palmas.)

Paulo Ramos Gianesella, neto de italianos, dedicou-se ao comércio, chegando a gerente da Singer, e depois da PAF Máquinas de Costura, juntamente com seus irmãos, dar continuidade à atividade iniciada por seu pai, de loteamentos e empreendimentos imobiliários, inaugurado com o loteamento Parque Petrópolis, no Município de Mairiporã, sendo hoje um conglomerado com mais de três mil residências. (Palmas.)

Pernice Crescenzo, nasceu na cidade de Torre Del Greco, Itália, vindo para o Brasil com 16 anos, foi funcionário da Sociedade Italiana de Navegação e correspondente consular na cidade de Novo Horizonte. É um dos fundadores do Círculo Italiano de Peruíbe, sempre colaborando na divulgação da Cultura e Língua Italianas, até hoje faz parte da diretoria do Círculo Italiano de Peruíbe. (Palmas.)

Sr. Primo Cippiciani, filho de italianos, atuou na lavoura de café na Fazenda Sampaio Moreira em Cajuru, onde sua família e demais italianos vieram trabalhar. Estabeleceu-se no comércio de armazém, atendendo principalmente a freguesia da roça, foi representante dos “Diários Associados” na cidade de Cajuru e região e atuou como delegado de polícia substituto. Foi agraciado com o título de Cidadão Cajuruense, outorgado pela Câmara Municipal de Cajuru, e é pai de 17 filhos. (Palmas.)

Raffaele Papa, italiano, chegou ao Brasil em 1982, passando a ensinar latim na Faculdade Estadual de Petrolina, Pernambuco, ministra aulas de italiano em várias escolas, das quais destacamos Colégio Dante Alighiere e o Círculo Italiano, onde exerce o cargo de Secretário de Diretoria desde 1990. (Palmas.)

Wagner Ferrari, coronel da Polícia Militar do Estado de São Paulo, é o atual comandante do Corpo de Bombeiros, graduou-se pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco e formou-se em engenharia civil pela Universidade Mackenzie. Recebeu inúmeras condecorações e láureas, como a “Medalha Brigadeiro Tobias Aguiar”, a “Medalha Dom Pedro II do Distrito Federal”, além das láureas de mérito de 1º, 4º e 5º graus. (Palmas.)

Yvonne Capuano, médica formada pela Escola Paulista de Medicina, cursou o 2º grau no Colégio Bandeirantes, é autora de vários trabalhos médicos publicados em revistas, livros e publicações científicas no Brasil e no exterior. Recebeu importantes prêmios como o de Personalidade do Ano pelo Instituto Brasileiro de Administração e Desenvolvimento Educacional, Troféu “Gente que Faz”, da TV Bandeirantes, Mulher Empresária do Ano da Rede Record de Televisão e Medalha de Mérito Anita Garibaldi do Governo de Santa Catarina. (Palmas.)

Tem a palavra o Sr. Mário Quilici.

 

O SR. MÁRIO QUILICI - Exmo. Sr. Dr. Vincenzo Petroni, d.d. Embaixador do Governo da Itália no Brasil, Exmo. Sr. Deputado Walter Feldman, d.d. Presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, Exmo. Sr. Deputado Vitor Sapienza, idealizador do Dia da Comunidade Italiana, Exmas. Autoridades eclesiásticas, civis e militares, é com muita emoção e alegria que nos reunimos nesta Casa do Povo para comemorar solenemente o "Dia da Comunidade Italiana", idealizado e concretizado pelo ex-aluno salesiano Deputado Vitor Sapienza.

É extremamente, significativo este momento para todos nós. Profundamente nobre e gratificante é recordar os nossos antepassados, manifestando a eles a gratidão do Brasil e homenageando-os na pessoa de alguns dos seus descendentes.

Coube a mim, representando os homenageados desta noite, agradecer a honraria de que fomos alvo, com a entrega do "Troféu Loba Romana". Faça-o com muito prazer.

O Brasil é um país interessante. "Sui generis", mesmo. Quem caminha atentamente pelas ruas de São Paulo não pode deixar de exclamar: o mundo, com sua riqueza de raças e culturas, está aqui. Europeus, africanos, asiáticos, latino-americanos, índios, mestiços, mulatos... enfim, a verdadeira pátria da humanidade acolhida nos braços da Santa Cruz,1 esta terra "abençoada" e mãe de todos.

A opulência de São Pauto de hoje, destaque entre tantas cidades brasileiras, deve-se à vida abnegada de tantos imigrantes, estrangeiros ou nacionais, que aqui vieram buscar o seu sustento, deixando em suor e sangue a marca de sua coragem. Entre tantos grupos de imigrantes, um sobressai-se: o dos italianos.

O "Dia da Comunidade Italiana" é, pois, uma ocasião oportuníssima para recordarmos os inúmeros beneficios que a imigração italiana trouxe ao Brasil e de modo especial ao nosso querido Estado de São Paulo, a partir de 1882.

Um acordo celebrado entre o governo italiano e o brasileiro permitiu que uma grande leva de trabalhadores italianos embarcassem em diversos navios e zarpassem para o Brasil. A saga foi lindamente celebrada no seriado da Rede Globo, "Terra Nostra". A travessia do Atlântico era uma aventura arriscada, longa e penosa. Além da precariedade das condições da viagem, havia a incerteza de encontrar trabalho nas terras de além mar. Mas eles partiram, e com orgulho posso dizer que entre eles estava meu pai e mais seis irmãos, meus avós maternos e minha mãe, como também os parentes de todos os colegas que foram homenageados hoje.

A origem dessas famílias italianas era humilde. Eram homens e mulheres pobres e simples que traziam a grande virtude da laboriosidade, unida a uma honestidade a toda prova. A grande fé em Deus era a marca registrada de todas as famílias aqui desembarcadas. O sonho de encontrar o paraíso nas terras da América, o "fare l'America" tão sonhado por todos eles, batia de frente com a dura realidade aqui encontrada. O tratamento que receberam não foi melhor que aquele que era dado aos escravos.

Explorados pelos proprietários rurais e como tinham que adquirir tudo o que era necessário para viver nas sedes das fazendas, os imigrantes viam o fruto de seu trabalho terminar constantemente em dívida.

Muitos retomaram desencantados com a América. Outros deixaram as fazendas, indo para as cidades, a fim de trabalhar na Indústria e no Comércio. Trabalhadores, industriosos, econômicos, unidos, os italianos começam a destacar-se na sociedade paulistana. Os nomes vão aparecendo: Ramenzoni, Scarpa, Matarazzo... Com sua formação, bons negociantes, passam a fazer fortuna. Os bairros de São Paulo são seu habitat. Bela Vista, posteriormente o Brás, a Mooca, Lapa, Bom Retiro adquirem a face da Itália.

Na literatura brasileira, o poeta paulistano Antonio de Alcântara Machado descreve e exalta em versos modernistas os valores e as proezas dos primeiros italianos que, aqui, se estabeleceram em sua obra-prima: Brás, Bexiga e Barra Funda.

A partir de 1900 começou a integração. O crescimento industrial e econômico exigia uma classe operária com melhor preparo e os italianos, por sua disposição ao trabalho e por serem católicos, preenchiam esse requisitos.

Os italianos destacaram-se, também, pelo seu amor às artes, à música, à cultura e no campo da educação, através do tradicional Liceu Coração de Jesus, dirigido pelos Salesianos e o Colégio Dante Alighieri. Pode-se dizer que hoje São Paulo é uma cidade italiana.

Em nome dos agraciados com o "Troféu Loba Romana" agradeço ao Dep. Vitor Sapienza e aos organizadores deste evento, a distinção de que fomos alvo ao receber o "Troféu Loba Romana".

Voglio concludere queste parole, dichiarando publicamente che siamo orgogliosi della nostra origine. Voglio anche manifestare il nostro ringraziamento e la nostra ammirazione ai nostri genitori per il coraggio di lasciare la própria pátria e venire al Brasile lavorando per la grandiositá di questa nazione.

Che Dio benedica gli organizzatori di questa festa e tutti noi qui reuniti.

 

O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Meus senhores e minhas senhoras, esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade e convida todos para o coquetel no Hall Monumental, e o nobre Deputado Wadih Helú e este Deputado que Preside esta sessão esperam que, nos próximos quatro anos, o Deputado Wadih Helú possa fazer a saudação e este Deputado possa continuar a presidir, dependendo do apoio de vocês. Muito obrigado.

Está encerrada a sessão.

 

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-              Encerra-se a sessão às 21 horas e 35 minutos.

 

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