14 DE MARÇO DE 2005

026ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidência: ANALICE FERNANDES

 

Secretário: EDSON APARECIDO

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 14/03/2005 - Sessão 26ª S. ORDINÁRIA Publ. DOE:

Presidente: ANALICE FERNANDES

 

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - ANALICE FERNANDES

Assume a Presidência e abre a sessão. Transfere sessão solene, a pedido do Deputado Geraldo "Bispo Ge" Tenuta, com a finalidade de realizar o lançamento do Conselho das Igrejas Apostólicas do Brasil, do dia 14/03, para 03/06, às 20 horas.

 

002 - PALMIRO MENNUCCI

Relata sua viagem à cidade de Paraguaçu Paulista, onde se reuniu com professores para discussão da situação do magistério no interior do Estado. Lê carta da professora aposentada Elza Ricci Guerra.

 

003 - MILTON FLÁVIO

Discorre sobre a eleição da Mesa Diretora desta Casa, que ocorrerá amanhã, e critica a postura do PT frente ao pleito da Assembléia.

 

004 - ROSMARY CORRÊA

De comum acordo entre as lideranças, pede o levantamento da sessão.

 

005 - Presidente ANALICE FERNANDES

Acolhe o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão preparatória, para escolha da Mesa do terceiro biênio da Décima Quinta Legislatura, amanhã às 15 horas, ficando sobrestada a ordem do dia. Levanta a sessão.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Edson Aparecido para, como 2º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - EDSON APARECIDO - PSDB - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Convido o Sr. Deputado Edson Aparecido para, como 1º Secretário "ad hoc", proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - EDSON APARECIDO - PSDB - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Srs. Deputados, antes de darmos início à lista de oradores inscritos ao Pequeno Expediente, esta Presidência, atendendo solicitação do nobre Deputado Geraldo “Bispo Gê” Tenuta, transfere a Sessão Solene convocada para o dia 14 de março de 2005, com a finalidade de realizar o lançamento do Conselho das Igrejas Apostólicas do Brasil, para o dia 03 de junho, às 20 horas.

Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado Romeu Tuma. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rogério Nogueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Macris. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Nivaldo Santana. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Arcanjo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ricardo Castilho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Souza Santos. (Pausa) Tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Na Presidência). Tem a palavra o nobre Deputado Edmir Chedid. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlinhos Almeida. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Dílson. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Baleia Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Felício. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Palmiro Mennucci.

 

O SR. PALMIRO MENNUCCI - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidente, Srs. Deputados, estive neste fim de semana em visita às cidades de Paraguaçu Paulista e Ourinhos, onde me reuni com centenas de professores, para sabermos deles quais os seus projetos, quais as suas dificuldades, enfim, tudo o que está se passando no magistério de São Paulo. Temos uma base grande aqui em São Paulo. Conversamos muito aqui em São Paulo, mas muitas vezes deixamos de ouvir os professores do interior.

Uma das professoras, de cerca de 90 anos de idade, mostrou o seu holerite. O salário não chega a mil reais mensais, com mais de 35 anos de magistério. Ela perguntou se eu poderia ler a carta que fala um pouco da sua vida de professora.

Assim, peço licença a Sra. Presidente para ler a carta que recebi da Professora Elza Ricci Guerra, com aproximadamente 90 anos, filha de Felipe Ricci e Piedade Barbosa Ricci:

 

“Histórico da vida da professora:

Nome: Elza Ricci Guerra

Nasc: 18/julho/1919

Naturalidade: Campinas

Filiação: Felipe Ricci

                         Piedade Barbosa Ricci

 

Meu pai, formado pela Escola Normal Primária de São Paulo (da Praça da República) em 1920. Eu tenho o diploma.

Minha mãe – professora leiga.

Em 1926, com 7 anos de idade, eu não tinha escola em que pudesse matricular-me. Meu pai era professor primário da única escola masculina de Monte Verde, distrito de Olímpia – Estrada de Ferro São Paulo – Goiaz.

Fui alfabetizada, não sei bem como, por minha mãe. Lembro-me ainda da primeira lição da cartilha, que começava assim: “Paulo corre atrás da bola”.

Em junho de 1928, a situação mudou. Foram criadas as Escolas Reunidas de Olímpia (1º e 2º anos). Minha mãe, após uma prova num concurso em Olímpia, foi nomeada para reger interinamente a 1ª Escola Mista Rural de Monte Verde, em Olímpia. Eu guardo esse documento da nomeação assinado pelo Governador do Estado – Júlio Prestes.

Eu já sabia ler e calcular. E comecei a cursar o 2º ano e só um semestre. Fui aprovada. Mas não havia o 3º ano.

1929 – No começo do ano meu pai levou-me para a casa de minha avó materna – Filomena – em Campinas. Entrei no Colégio Coração de Jesus. Mas tive que cursar, mais um semestre, o 2º ano, pois eu não sabia nada de francês nem de catecismo. Nesse colégio o ensino de francês começava no 2º ano.

Meu pai conseguiu ser removido para um Grupo Escolar em Fernando Prestes – Estrada de Ferro Araraquarense. No Grupo Escolar havia 4 séries. E lá fui eu para o 3º ano primário – um semestre, de julho a novembro. A professora chamava-se Maria de Lourdes Godoi.

1930 – Consegui fazer um ano inteiro a 4ª série, regularmente. O professor se chamava Domingos Gonçalves. Era moderninho. Promovia debates entre os alunos. O meu antagonista chamava-se Romeu.

Guardo uma mágoa. O diretor Prof. Otto Fenerich, no dia do encerramento, formou as filas no pátio como todos os dias e foi entregando a cada um o diploma dizendo simplesmente: “Seu canudo”. Eu ainda tenho esse diploma.

Em 1931 eu estava sem escola outra vez.

Em 1932 eu já estava com 13 anos e participei do movimento da revolução constitucionalista tricotando gorros, meias e agasalhos para os voluntários. Meu pai participou e João Guerra, que foi meu marido, também lutou. Lembro-me dos comícios em Fernando Prestes no coreto do Largo da Igreja. Escutei o grande orador – Ibrahim Nobre dizendo: “São Paulo não esquece, não transige, não perdoa”.

Em 1933, finalmente, em Catanduva, freqüentei um curso de Admissão do Ginásio e fui aprovada para o 1º ginasial.

Em 1934 fiz o 1º ano ginasial no Ginásio Estadual de Catanduva.

Em 1935, após um exame de seleção, fui transferida para a Escola Normal Feminina Padre Anchieta, em São Paulo, na Av. Celso Garcia.

Completei o curso em 1938 e já passei para o curso profissional. Virei normalista. E nessa época já estava noiva do João Guerra.

Do meu curso normal guardo muitas agradáveis lembranças. Fui aluna do Dr. Eduardo França, do Rafael Grisi, do Juvenal Wágner.

A formatura, no Teatro Municipal de São Paulo, aconteceu no dia 23/12/40. Eu tinha casado no dia 22 e não estive presente. Que pena!

Comecei minha vida de professora em Oriente, no Grupo Escolar, como substituta eventual e, depois, substituta efetiva. É que meu marido veio trabalhar na Fazenda Paredão, como chefe de escritório. Nessa Fazenda moramos 41 anos, de 5/3/41 até 30/7/82.

Como substituta eventual trabalhei 19 dias. Como efetiva, 999 dias remunerados. Em Pompéia, no 1º G. E. trabalhei 76 dias.

1946 – Por concurso – nome – admitida por ato de 2/3 publicado a 3/3/46 para a Escola Mista da Fazenda São João – 1º estágio, no município de Oriente. Tomei posse, como estagiária, a 7/3/46.

A escola ficava a 10 km de minha casa. Precisei comprar uma charrete de roda de ferro, um cavalo – o Conde – e ainda tratar um acompanhante. Eu saía às 6 horas da manhã e chegava à escola às 7h30. A estrada era muito acidentada. Havia uma subida muito íngreme em que eu e o menino precisávamos subir a pé, puxando o cavalo e a charrete.

Eu precisava pagar almoço na casa do administrador, todos os dias, para mim e o acompanhante. Mas era uma gostosura ensinar aquelas crianças (1º, 2º e 3º).

A volta para casa era penosa. O cavalo, cansado, parava muitas vezes. Sol quente. Muitas subidas. Houve dia em que gastamos 3 horas nesse trajeto de 10 km!!!

Cada dia eu pensava: Vou desistir, é muito sacrifício!

As professoras da zona rural, naquele tempo, costumavam dormir no local de trabalho. Eu não podia fazer isso, pois não aceitava a idéia de ficar longe do marido.

Em 1947 o delegado de Ensino – Sr. Otaviano – me convidou para trabalhar na Delegacia de Ensino de Marília. Para isso eu devia estar numa escola de 2º estágio. A 13/4/47 fui removida, por concurso, para a 2ª Escola Mista da Fazenda Altamira, 2º est. em Tupã (Ato de 23/3, publicado a 11/4/47).

Tomei posse e exercício no dia 14 e no dia 15 comecei a trabalhar na Delegacia de Ensino. A única via de comunicação era o trem, aliás ótimo. Eu tinha que embarcar às 10h e o trabalho na DRE começava ao meio-dia. E terminava às 18 horas. O trem para a volta passava às 19h. Assim eu tive que arranjar uma pensão para almoçar e jantar em Marília. É que ao chegar a Oriente, da estação eu ia diretamente para o Grupo Escolar alfabetizar os adultos (Era o Mobral!) Só regressava à casa às 21 horas.

Pela leitura do Diário Oficial fiquei sabendo de uma vaga no G. E. de Paulópolis. Solicitei remoção da 2ª Escola Mista da Fazenda Altamira para o G. E. de Paulópolis. Fui atendida – ato de 8/8/47 publicado a 21/8/47. Tomei posse, mas continuei comissionada na Delegacia de Ensino até 1º/3/48. Gozei férias de 11/2 a 1º/3/48.

1948 – E fui para Paulópolis. Uma classe com 48 alunos e 16 eram filhos de japoneses, um 2º ano.

Para Paulópolis o horário era mais favorável. O trem passava às 11h30 e voltava às 17h30. Confortável!

1949 – Por concurso fui removida para o Grupo Escolar de Oriente onde tomei posse a 9/3/49. Como professora, fiquei no Grupo Escolar de Oriente até 1955.

Em 1952 prestei o 1º concurso para Diretor de Escola. Fui aprovada em 6º lugar com 91,5. Não compareci à chamada porque não havia nenhum grupo que me permitisse voltar para casa todos os dias. Eu pensava que o meu direito de escolher estaria valendo para as chamadas seguintes, o que não aconteceu.

Só em 1954, quando se esgotaram os candidatos aprovados é que me convocaram para escolher. Desta vez compareci para desistir da escola. O presidente da banca me classificou de louca e eu retruquei: “Prestarei outro concurso, não fui aprovada para escolher em último lugar”. Ele me disse: “O próximo concurso vai ser muito difícil, será por testes”. E eu retruquei: “Não vai ser difícil só para mim”.

E realmente me inscrevi em 31/12/54sob o nº 455 com 62,1 pontos.

15/7/55 – Compareci às provas: inteligência, cultura geral e cultura especializada – por testes.

O resultado foi publicado a 30/8/55. Fui aprovada em 34º lugar. Dos 461 inscritos 69 foram aprovados, 391 reprovados  e 1 anulado.

14/9/55 – Fui designada , em caráter excepcional, para substituir D. Ofélia Monteiro durante o seu impedimento no G. E. da Usina Paredão, em Oriente. Maravilha! A usina ficava a 3 km apenas de minha casa!

1956 – Houve a chamada para a prova de personalidade – 20 e 21/2. Dessa chamada foram excluídos 8 candidatos, cujas provas foram anuladas (fraude?).

Finalmente, no dia 1º/6/56 compareci perante o mesmo professor-presidente da banca e escolhi a diretoria do Grupo Escolar da Usina Paredão (então vaga). Por decreto de 8/6/56 publicado a 10/6/56, nomeada, por concurso, para exercer o cargo de Diretor QEPPII – Padrão M. do Grupo Escolar da Usina Açucareira Paredão S/A. Posse e exercício a partir de 14/6/56.

1957 – O proprietário da Usina, Dr. Alfredo Giorgi, construiu um prédio novo para a escola, agora com o nome de G. E. Maria Milanesi Giorgi. Para a inauguração, em 14/12/57, houve uma grande festa com a presença do Bispo D. Hugo Bressane de Araújo, o Secretário da Educação Vicente de Paula Lima e o Padre Isidoro Stênico. Tenho fotografias desse evento.

1963 – Em 1963, a partir de 4 de março fui afastada para fazer o Curso de Administradores Escolares no Instituto de Educação Monsenhor Bicudo em Marília, nos termos do art. 1º da Lei 5058 de 23/12/1958, no período de 4/3/63 a 31/12/64, sem prejuízo de vencimentos e vantagens do cargo.

Foram 2 anos agradáveis estudando as seguintes matérias: Psicologia, Estatística, Sociologia, Economia Política, Administração Escolar, Educação Comparada, Filosofia Educacional, Biologia.

Em 1964 – licença-prêmio – viagem à Europa e Estados Unidos – de 31/7 a 28/9.

Terminado o Curso reassumi por ofício no dia 1º/01/65. Continuei trabalhando no mesmo Maria Milanesi Giorgi até a aposentadoria.

Eu poderia, através de concurso de remoção, escolher qualquer grupo de Marília. Sempre compareci às chamadas para desistir. Questão de comodidade. O Grupo Maria Milanesi Giorgi estava no mesmo município em que eu morava. Além disso, havia muita facilidade na gestão da escola, pois os donos da Usina forneciam para todos os alunos tudo: material escolar, alimentação, uniformes, agasalhos.

Assim permaneci lá até o dia 15/10/71, quando saiu publicado o ato de minha aposentadoria. Continuei ainda a supervisionar o funcionamento do Mobral.

Durante toda a minha vida de professora fiz muitos cursos de férias e de aperfeiçoamento. Eis a relação deles:

1-     Curso de Psicologia Educacional em 20/11/55 por Dra. Noemy Silveira.

2-     Psicologia da Aprendizagem em 21/11/57 – Dra. Noemy Silveira.

3-     Metodologia da Aritmética em 22/8/57.

4-     Curso Intensivo de Educação Física Infantil em 18/4/59.

5-     O canto na Escola Primária em 14/10/60.

6-     Curso de cinema – 31/7/61.

7-     A arte na Educação – Faculdade de Filosofia – 25/8/60.

8-     Literatura Brasileira – 31/5/60.

9-     Seminário de Estudo para o Magistério Primário – 22/10/62.

10-    Estudos sobre a adolescência – 10/9/62.

11-    Técnica de Teatro Escolar – no Teatro Leopoldo Froes – 27/7/65.

12-    Supervisão Escolar – 21/9/66.

13-    Supervisão de Recursos Audiovisuais – 21/2/67.

14-    Estética – Psicologia e História da Arte – Clube do Cinema de Marília – 28/6/67.

15-    Orientação e Atualização Pedagógica – 21/8/70.

Nota – De todos esses cursos eu possuo ainda os certificados de aproveitamento.”

 

A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Ana Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afanasio Jazadji. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Said Mourad. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Waldir Agnello. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mário Reali. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ubiratan Guimarães. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Orlando Morando. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcelo Bueno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jonas Donizette. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Beth Sahão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Carlos Stangarlini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ricardo Tripoli. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Almeida. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Valdomiro Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vinicius Camarinha. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Alves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roque Barbiere. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Wagner Salustiano. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fausto Figueira. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Rosmary Corrêa. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Arnaldo Jardim. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Havanir Nimtz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio.

 

O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - Sra. Presidente, Srs. Deputados, público que nos assiste, hoje, como não poderia deixar de ser, o nosso pronunciamento vai ao encontro da expectativa da população de São Paulo em relação a esta Casa, que amanhã escolhe sua nova Mesa Diretora. Todos acompanharam o longo período em que a chamada bancada governista discutiu exaustivamente não apenas a composição, o nome e, mais do que isso, quais seriam as tarefas a serem executadas pela próxima Mesa Diretora.

Todos sabem da importância para São Paulo desse entendimento, esse senso comum que tem presidido as relações entre a Assembléia de São Paulo e o nosso governo. Sem nenhuma subserviência, sem nenhuma dependência, mas todos trabalhando na direção daquilo que o nosso Estado precisa. Os nossos primeiros pronunciamentos nesta Casa foram nessa direção. Tínhamos assistido e lamentado o infeliz episódio da eleição da Câmara Municipal, em que, desrespeitando princípios, desrespeitando acordos, desrespeitando regras que ajudou a construir, o PT fez aquela brincadeira com a cidade de São Paulo. As conseqüências e os resultados são conhecidos. Já entramos no mês de março, chegamos à metade do mês e somos obrigados a ler todos os dias nos jornais que não se realizou nenhuma sessão na Câmara. Mas, isto pouco importa. Ao PT, o que interessa é a inviabilização do governo do Prefeito Serra. Não importa se carências continuam existindo, se dificuldades atormentam a população de São Paulo, o importante é desqualificar os partidos políticos, é desqualificar o Poder Legislativo. Afinal de contas, o PT tem demonstrado que não tem nenhum apreço à democracia e gasta todo o seu tempo, investe todo o seu conhecimento em relações - inclusive, com movimentos revolucionários como a Farc - para alcançar os seus objetivos.

Apesar do veneno tomado na Câmara Federal, dos seus próprios parceiros, porque além de tudo não cumpre acordos, não executa ou não leva a cabo a propostas com os partidos políticos, lá não há dificuldade. Lá, parece que as coisas se encaminham. Se precisar, o Governo Federal que já contratou mais de 40 mil funcionários, contrata mais 40 mil. Já dobrou a folha de pagamento com pessoal, se for o caso, triplica, tira verbas do social. Se faltarem ministérios para contemplar os antigos e os novos aliados, amplia-se esses ministérios. Afinal de contas, não é prática nova, já vem sendo feita há muito tempo.

O que não imaginávamos é que esta prática chegasse à Assembléia de São Paulo, reduto da democracia, Casa onde sempre se respeitou princípios e caráter. Tentou-se de tudo, tudo aquilo que é possível e aquilo que não é aceitável na política, mesmo a mais rasteira. E ouvimos desta tribuna Deputados que acreditavam que o Líder do PT estava em Brasília negociando a solução do problema da CTEEP. Não. Que isso! Srs. Deputados, amigos de São Paulo, cidadãos de São Paulo, ele estava buscando argumentos. Argumentos que pudessem convencer Deputados, inclusive alguns aliados, a mudarem suas posições, a transigirem com os seus princípios, se afastarem do seu caráter e, sobretudo, a faltarem com princípios mais comezinhos da política, como, por exemplo, a palavra.

Ouço dizer que o candidato que foi patrocinado pelo PT a um custo elevadíssimo se diz homem do Governo. Tenho impressão de que o Deputado Rodrigo Garcia não conhece o Governo, onde até ontem ele militava. O fato de se sentar ao lado do Governador na sexta-feira à noite, empenhar a sua palavra, exigir a ausência do PT da Mesa Diretora e, no instante seguinte, a um custo que nenhum de nós sabe, a um preço que nenhum paulista pode pagar ou aceitar, lança-se candidato, mas não abre mão do seu papel de aliado do Governador.

Companheiro Deputado Rodrigo Garcia, Judas também fez parte da mesa da Santa Ceia e ninguém pode dizer que ele não foi apóstolo de Cristo, até pelo menos aquele momento! É bem verdade que terminou enforcado por si próprio. É um gesto que, eventualmente se presta aos covardes, porque ele não resistiria, não teria condições de suportar e enfrentar a vergonha de ter traído Cristo por conta de trinta moedas.

Os tempos mudaram, os valores são outros, as moedas são outras. Não sei, neste momento, quais seriam as 30 moedas que trouxe o Líder do PT do seu grande dirigente, o companheiro José Dirceu. Mas uma coisa é importante que se diga: o fato de Judas ter tomado a última ceia com Cristo não faz dele um exemplo a ser seguido.

Não podemos imaginar, presidindo esta Casa, alguém que não respeitou e não honra a sua própria palavra. Não porque lhe tenha sido exigida, mas porque, espontaneamente, procurou o Governador para expressar a sua posição.

Como é que ele pode - agora, falo em nome da Assembléia Legislativa - assumir compromissos se não os cumpre? Como é que pode a Assembléia de São Paulo ficar de joelhos e presidida por alguém que não tem respeito por si próprio, não tem respeito pela sua história e se presta agora a fazer este triste papel na tentativa de inviabilizar um Governo que promete dois anos de grande progresso para São Paulo? Mas continua querendo dizer para todos e por todos que ele é um homem de governo.

Não, Deputado. Quem anda conosco tem de ter uma outra atitude, tem de ter um outro comportamento: não pode ter desvios de caráter dessa natureza; não pode fazer de conta que não sabe a que papel se presta neste momento; não pode, neste instante, aceitar as benesses do PT tentando, aqui em São Paulo, provocar uma derrota equivalente à que o próprio PT aplicou ao seu candidato em Brasília e dizer que tudo continua como dantes.

O marido que trai, até a noite anterior dormia com a sua esposa. Isso não o faz menos traidor. O fato de ter permanecido tanto tempo conosco amplia não somente a insegurança em relação ao seu caráter e à sua atitude, mas, sobretudo, a sua capacidade de manter com esta Casa um diálogo. Como é que um líder vai poder negociar com um presidente se não se sabe, se não se tem segurança de que a sua palavra será mantida, se o seu rosto sereno, se o seu discurso tranqüilo, se o seu compromisso consistente, na verdade, não reservam por trás uma surpresa tão desagradável quanto essa?

Nós, da Assembléia Legislativa - uma maioria se não expressiva, pelo menos suficiente - vamos continuar mantendo os compromissos que assumimos no passado, em função do entendimento que temos de que São Paulo vai muito bem e que continuará indo muito bem, apesar do PT.

É possível que, neste momento, estejam engaiolados em algum hotel, de tal maneira que ninguém possa fazer contato. Cativeiro é o termo. Cativeiro é, efetivamente, uma prática que muitos conhecem: bandidos executam, com freqüência, esse tipo de ação. Mas não é comum na política. A política e a democracia exigem alguns princípios, os quais respeitamos. E por isso, Deputado Cândido Vaccarezza, é que não aceitamos o triste papel que V. Exa. se prestou a executar.

Agora o PT submerge como se não tivesse trazido a mala. O PT submerge como se não lhe tivesse oferecido benesses. O PT submerge como se não tivesse articulado essa sórdida ação que a Assembléia assiste. Mas fiquem tranqüilos, senhores. Felizmente a trama foi abortada antes do prazo. Os contatos não foram tão sigilosos. A população de São Paulo pôde tomar conhecimento. E nesse momento, seguramente, séria como é, rejeita. Mas é bom que a população acompanhe.

Esse é o PT ético. Ético como foi em Santo André. E vocês sabem quais são os limites que o PT tem. Ou melhor, os limites que o PT não tem, mesmo quando se trata de sacrificar companheiros. O importante é manter o poder.

Ainda ontem ouvíamos dirigentes dizer que os militantes que receberam dinheiro das Farc serão desfiliados. Mas já ganharam a eleição, companheiros. Já deram um bom destino ao dinheiro coletado. Já cumpriram com o objetivo que a coleta pretendia produzir. A população brasileira começa a se cansar disso, dos Valdomiros e de tantos outros atos que, nesta Assembléia não vão prosperar.

Não é por outra razão que hoje, numa segunda-feira, e mais do que eu que fiquei um tempo ausente, todos sabem que não faltariam Deputados do PT para, nesse momento, virem aqui discutir, virem questionar. Mas eles, Sra. Presidente, não aparecerão nem para protestar contra o tempo que nós utilizamos de forma exagerada da tribuna. Espero que alguém venha aqui pedir pela ordem, questionar este Deputado o não-cumprimento dos cinco minutos regimentais. Mas, para isso, vão ter que olhar nos olhos deste Deputado. Vou ter que ousar olhar nos olhos dos nossos telespectadores. Vão ter de enfrentar a verdade que os envergonha e que o fez ficar escondido no fim de semana. E é bem verdade, levaram suas famílias, muitos deles, para que elas não ouvissem dos paulistas e paulistanos o que pensam destes Srs. Deputados.

Vocês não perdem por esperar. A ética na política não será enterrada nesta Casa pelo PT. Existem ainda Deputados que acreditam na democracia, que fazem política por acreditarem que essa é a forma adequada e democrática de expor as suas idéias. Não se preocupam em calar a boca daqueles que falam trazendo alguns militantes para vaiar e impedir que a sua voz seja ouvida.

Amanhã estaremos aqui no plenário votando, de forma transparente, cumprindo com cada palavra, com cada item dos compromissos que assumimos com esta Casa. Quando digo assumimos é porque essa não é uma proposta de um indivíduo, essa não é uma proposta de um partido. Essa é a proposta dos homens sérios desta Casa, que não têm vergonha de defender um Governo. Mas que, defendendo-o durante anos, participando deste Governo, jamais se permitiriam transigir com a palavra. Jamais abririam mão de princípios que cada um de nós aprendeu desde cedo nas nossas casas, e que teve o reforço de homens como Franco Montoro e Mário Covas, homens que perderam o mandato, que renunciaram a posições, mas não abriram mão de princípios. O tempo vai revelar. Mas posso dizer que alguns Deputados terão enorme dificuldade em levantar os olhos nesta Casa. Já andavam de quatro. Agora, terão que rastejar. Rastejar para que nenhum de nós possa olhá-los de frente.

Mas quero dizer que a população de São Paulo é vigilante. A população de São Paulo é rigorosa. A população de São Paulo concede e aceita quase tudo. Só não aceita que negociem a nossa soberania em função de princípios e objetivos que seguramente, não cabem no coração e na alma do povo paulista. Muito obrigado.

 

A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Dando seqüência à lista suplementar de oradores inscritos no Pequeno Expediente, tem a palavra o nobre Deputado Ênio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder. (Pausa.)

 

A SRA. ROSMARY CORRÊA - PSDB - Sra. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

A SRA. PRESIDENTE - ANALICE FERNANDES - PSDB - Havendo acordo entre as lideranças, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas., nos termos do Art. 11 da Constituição do Estado de São Paulo e do artigo 9º da XII Consolidação do Regimento Interno, para a Sessão Preparatória da 3ª Sessão Legislativa da 15ª Legislatura , a realizar-se amanhã, às 15 horas, para a eleição dos membros da Mesa e seus substitutos, ficando sobrestada a Ordem do Dia da referida sessão.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 07 minutos.

 

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