31 DE MAIO DE 2010

026ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AO “DIA DA COMUNIDADE ITALIANA”

 

Presidente: VITOR SAPIENZA

 

RESUMO

001 - VITOR SAPIENZA

Assume a Presidência e abre a sessão. Informa a presença do Ministro Mauro Marsili, Cônsul-Geral da Itália, e do Senhor Cláudio João Pieroni, Membro dos Comitês de Presidência e Presidente da Federação Cultural Ítalo-Brasileiro do Estado de São Paulo. Comunica que a presente sessão solene fora convocada pelo Presidente da Casa, Deputado Barros Munhoz, atendendo solicitação do Deputado Vitor Sapienza, com a finalidade de comemorar o Dia da Comunidade Italiana. Convida todos os presentes para, de pé, ouvir os Hinos Nacionais Italiano e Brasileiro.

 

002 - MAURO MARSILI

Cônsul-Geral da Itália em São Paulo, faz relatos de quando assumira como Cônsul-Geral da Itália em São Paulo. Cita que trabalho, perseverança, honestidade e generosidade foram atitudes que marcaram a chegada dos imigrantes italianos no Brasil nos últimos 150 anos. Salienta a harmoniosa convivência entre italianos e brasileiros.

 

003 - LUIZ CARLOS LADEIA

Mestre-de-Cerimônias, anuncia a presença de convidados e faz entrega do Troféu Loba Romana aos homenageados.

 

004 - RUI CELSO REALI FRAGOSO

Professor de Direito, agradece a homenagem. Relata que a imigração italiana para o Brasil foi um dos maiores fenômenos já ocorridos na história da Humanidade. Informa sobre as contribuições que a imigração trouxe ao país nas mais diversas áreas. Alerta sobre a necessidade de aumento de intercâmbio educacional e acordos bilaterais entre as empresas dos dois países. Dá ciência de que no Estado de São Paulo vivem 13 milhões de italianos ou descendentes de italianos.

 

005 - Presidente VITOR SAPIENZA

Recorda momentos de sua infância quando ouvia notícias pelo rádio sobre a Segunda Guerra Mundial. Cita que a criação do Dia da Comunidade Italiana é para ressuscitar os valores dos italianos e seus descendentes no Estado de São Paulo. Lembra a primeira solenidade em homenagem à comunidade italiana. Informa que desde 1991 foram homenageadas 319 personalidades, além das 17 que foram homenageadas hoje. Cita que seu avô materno fugiu de casa aos 15 anos escondido no porão de um navio, e, assim, viera para o Brasil. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Vitor Sapienza.

 

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O SR. PRESIDENTE – VITOR SAPIENZA - PPS - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Senhor Ministro Mauro Marsili, Cônsul-Geral da Itália, senhor Cláudio João Pieroni membro dos Comitês de Presidência e Presidente da Federação Cultural Ítalo-Brasileiro do Estado de São Paulo, demais autoridades que nos honram com a presença, meus senhores e minhas senhoras, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente efetivo desta Casa nobre Deputado Barros Munhoz atendendo solicitação deste Deputado Vitor Sapienza com a finalidade de comemorar o Dia da Comunidade Italiana.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos os Hinos Nacionais Italiano e Brasileiro executados pela Banda da Polícia Militar sob a regência do Subtenente Músico PM Edson.

 

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- São executados o Hino Nacional da Itália e o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Esta Presidência agradece a Banda da Polícia Militar que nos honrou com os Hinos Nacionais da Itália e do Brasil.

Esta Presidência, iniciando os nossos trabalhos, concede a palavra ao Ministro Plenipotenciário Mauro Marsili, Cônsul-Geral da Itália em São Paulo.

 

O SR. MAURO MARSILI - Meu Presidente caro Deputado Vitor Sapienza, senhores Deputados, autoridades presentes, caros amigos, eu estou realmente feliz por estar aqui nesta noite para celebrar solenemente esta importante iniciativa generosamente promovida pela Assembleia Legislativa de autoria e organizada pelo Deputado Vitor Sapienza, a quem dirijo o meu mais sincero agradecimento.

Com alegria me dirijo à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo o meu mais profundo apreço pela organização também este ano da Sessão Solene em homenagem aos imigrantes italianos e seus descendentes.

Eu assumi como Cônsul-Geral em São Paulo há dois meses, mas já neste breve período pude perceber a extraordinária presença italiana neste Estado, as insubstituíveis contribuições de trabalho de prosperidade e de civilidade que os imigrantes italianos ofereceram. Pensando nos italianos que vieram para o Brasil nos últimos 150 anos me vem à mente quatro simples palavras que podem talvez resumir o espírito da presença dos nossos conterrâneos aqui no Brasil: trabalho, perseverança, honestidade, generosidade. Os italianos no Brasil trabalharam com força e coragem fazendo o melhor em todas as áreas. A persistência desses fez com que suas atividades fizessem parte integrante e indispensável da vida civil, econômica, cultural e social do Brasil. Com honestidade e dedicação os italianos ganharam respeito e admiração de todos aqueles que os acolheram. E finalmente com grande generosidade os nossos co-cidadãos contribuíram para o crescimento constante e o desenvolvimento deste país maravilhoso que é o Brasil.

A Sessão Solene nesta ilustre Assembleia Legislativa é útil para lembrar de tudo isso, e também para salientar a forte ligação de afeto com a Itália distante apenas geograficamente.

Finalmente, quero congratular os homenageados este ano e todos os membros da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que com a sua inteligência e sensibilidade lembram os grandes valores de civilidade dos nossos imigrantes estimulando ao mesmo tempo a sempre harmoniosa convivência civil no Brasil.

Viva a Itália. Viva o Brasil. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Agora passo a palavra ao nosso mestre-de-cerimônias que anunciará os homenageados desta noite.

 

O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - Inicialmente nós queríamos registrar a presença na Mesa da senhora Rita Blasioli Costa Presidente do Comites.

A chamada dos homenageados será feita por ordem alfabética. O nosso primeiro homenageado é paulistano, professor universitário, assessor do gabinete do Secretário Estadual do Meio Ambiente. Bacharel em ciências sociais pela PUC, licenciado em Ciências Sociais também pela PUC, pós-graduado em Sociologia pela Universidade de São Paulo, diplomado pelo Instituto de Estudos Internacionais da Universidade de Nice na França. Professor-Doutor em Sociologia pela Faculdade de Ciências e Letras de Assis, professor-doutor orientador do curso de pós-graduação na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Araraquara.

Dentre as suas inúmeras atividades no setor público, ele atuou como Chefe de Gabinete na Secretaria Estadual de Promoção Social e na Secretaria Estadual de Saúde, foi Secretário Executivo no Conselho de Reitores Cruesp, Chefe de Gabinete na reitoria da UnesP, assessor de gabinete do prefeito de São Paulo.

Chamamos o Doutor Antonio Carlos Bernardo. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - Na adolescência ele ingressou no seminário de Botucatu, e depois retornou a Sorocaba para concluir os seus estudos. Fez Filosofia e Teologia no Seminário Central do Ipiranga. Em 1954 foi nomeado Cônego e foi a Roma receber o título. Esteve na Diocese de Sorocaba durante 20 anos, e ocupou os principais postos.

Em 1977 foi eleito Bispo e tomou posse em Barretos e ali construiu paróquias, centros de estudos religiosos, noviciados femininos, construiu e Nova Cúria Diocesana, ordenou sacerdotes e trabalhou pela pastoral vocacional.

Em 1989 foi promovido a arcebispo Metropolitano de Botucatu e ali permaneceu por 12 anos. Dentre as suas obras consta a construção de um abrigo para sacerdotes idosos, doentes ou em trânsito.

O nosso homenageado é arcebispo emérito de Botucatu, fundador e dirige a Rede Vida de Televisão. Chamamos dom Antonio Maria Mucciolo. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - Aos 18 anos ele montou um galpão na Rua Benjamim de Oliveira, na ocasião região de residência de muitos comerciantes. Começou com queijo, derivou para atacado de miudezas e foi abastecendo as pequenas mercearias do bairro.

Na década de 60 começou a importar bacalhau e bebidas. Em 1966 sofreu um grande baque, houve uma grande enchente e ele perdeu tudo aqui em São Paulo e teve que recomeçar. Saiu do zero e com muito trabalho conseguiu se recuperar. Hoje a sua empresa a Santar é uma potência na importação e comércio de bebidas e alimentos, representante de grandes marcas do mercado internacional. Entre os amigos ele confessa que a empresa é o seu grande orgulho, no entanto, o maior deles é ter conseguido se formar em Direito aos 49 anos de idade.

Chamamos o empresário Antonio Miguel Salerno. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - Nascida em São Paulo, neta de imigrantes passou a sua infância na Mooca. Estudou o idioma e a cultura italiana, fez o curso de Letras na PUC com habilitação em Português e Francês.

A nossa homenageada dedicou a vida à preservação da cultura italiana no seio familiar. Em 1992 ingressou na Associação Piemontesi onde pôde estender os seus esforços além das fronteiras familiares. Há mais de 10 anos faz parte da direção daquela Associação.

Ela dedica o seu tempo no desenvolvimento da instituição, trabalha para estreitar ainda mais os laços entre Brasil e Itália, e parte desse trabalho permitiu o acordo entre as universidades de São Paulo e de Torino, que permitiu a estudantes brasileiros freqüentarem aquela universidade.

Chamamos a Sra. Cecília Maria Gasparini Manassero. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - Natural de Nápoles é responsável pelo Escritório Estadual de São Paulo do Patronato INAS-CISL, onde trabalha desde 1989. Ali são desenvolvidas inúmeras atividades de ajuda a comunidade e os seus descendentes, no que se refere principalmente no atendimento junto a órgãos públicos italianos e brasileiros no tocante a Previdência Social dos dois países. Presta também assistência aos italianos e descendentes que se encontram em situação de carência.

Chamamos a Sra. Concetta Esposito Santamaria. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - O pai do nosso homenageado foi pioneiro na produção de coletores para locomotivas e vagões de passageiros das estradas de ferro Sorocabana, Mogiana e Paulista. Ele herdou do pai a garra, a dedicação e apesar de todas as dificuldades assim nasceu a Coletores Brasil Indústria e Comércio, que desde o início se destacou pela qualidade e amor à arte de fazer coletores.

O nosso homenageado autodidata e dono de um dom nato ele foi aprendendo com os próprios erros, e diz que o trabalho e a dedicação foram os seus melhores professores. Adotando a filosofia que a qualidade é a alma do negócio a sua empresa, é a que mais se destaca na fabricação de coletores elétrico, anéis coletores e anéis de mica no país, concorrendo em igualdade e condições dos produtos importados. Os seus produtos estão em motores de tração e geradores ferroviários e metroviários.

Para receber a nossa homenagem chamamos o empresário Djalma Basile. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - Formada na Faculdade São Judas, com pós-graduação também na São Judas e na Álvares Penteado. Trabalhou 12 anos na área financeira da Transportadora Borlenghi. Em 1995 passou a integrar o quadro do Patronato ACLI – Associação Cristã dos Trabalhadores Italianos, que presta auxílio aos italianos e aos seus descendentes principalmente junto a Previdência Social dos dois países.

Sempre se dedicou a pesquisa de documentos da Itália e do Brasil de modo a expandir e auxiliar a montagem de processos visando à conquista da cidadania italiana. Ao mesmo tempo estimula o aprendizado e a divulgação do idioma italiano. Além de participar como operadora no Patronato, participa ativamente de todas as atividades desenvolvidas pela ACLI, principalmente no Projeto Arte Solidária, ajudando uma comunidade carente na Zona Leste paulistana.

Chamamos a Sra. Eleonora Salvato. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - Ele começou a trabalhar aos 12 anos com automóveis numa oficina. Aos 18 anos foi trabalhar na Ford do Brasil, e ficou por três anos. Em 1951 foi nomeado na Secretaria de Estado da Saúde como mecânico exclusivo do senhor secretário. Em 1955 passou a subchefe das oficinas. Exerceu a função de fiscal de veículos na Comissão de Veículos Oficiais do Palácio do Governo, nos Campos Elíseos. Depois foi transferido para a cidade de Santa Rita do Passa Quatro.

Sempre lutando pelos interesses da comunidade em 1972 ele conseguiu a primeira ambulância para o Hospital Psiquiátrico daquela cidade. Em seguida mais cinco veículos junto ao Governo do Estado também para aquela instituição.

Ao longo da sua existência sempre ficou ligado à área automobilística, e foi o primeiro na adaptação de veículos para portadores de deficiência física.

Sua participação na comunidade foi além do trabalho, grande incentivador da cultura popular é personagem importante no carnaval de rua da cidade, contribuindo ao incentivo do turismo. Batalhador em prol da APAE ele foi idealizador da Festa Italiana para angariar fundos para aquela instituição.

Chamamos o Sr. Flávio Júlio Pagnanelli. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - Italiano formado em Farmácia pela Universidade de Turim, ele está no Brasil desde 1996. Exerceu a profissão na Itália e a partir de 1990 tornou-se voluntário no Servizio Missionário Giovani com sede na cidade de Turim. Essa instituição mantém o Arsenal da Paz.

Além dos serviços farmacêuticos foi coordenador da recepção e acompanhamento de novos voluntários. Organizador de eventos internos aberto a comunidade local. Integrante da equipe de acolhida de novos voluntários.

Em 1993 passou a integrar a Fraternidade da Esperança que lhe abriu perspectivas de atuação missionária em outros países. E três anos depois veio para o Brasil implantar o projeto do Arsenal da Esperança Dom Luciano Mendes de Almeida, nas instalações da antiga Hospedaria dos Imigrantes. Ali são acolhidos por dia em média 1.400 pessoas em situação de más condições sociais.

A instituição tem números que assombram: mais de 13 milhões de refeições foram oferecidas nos últimos 14 anos; 1.400 pessoas atendidas por dia; 360 mil quilos de alimentos; 700 mil entrevistados para acompanhamento junto às pessoas; cerca de 100 mil atendimentos realizados na área de saúde; 392 mil presenças em cursos de alfabetização, profissionalizantes, de informática e ensino religioso.

Apenas uma síntese, 48 mil presenças em encontros de grupos de apoio – Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos. Dois milhões e meio de horas de voluntariado graças a atuação de mais de 400 pessoas, muitas delas presentes aqui.

Esse trabalho mereceu reconhecimento como Utilidade Pública Federal, Estadual e Municipal, além dos prêmios “Bem-Eficiente 2003”, “Placa de Reconhecimento e Homenagem da ONU”, e o “Prêmio USP de Direitos Humanos”. Uma síntese do trabalho, do grande trabalho realizado pelo Sr. Gianfranco Mellino. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - Paulista de São José do Rio Preto, em 1994 ingressou no Seminário Propedêutico. Dois anos depois no Seminário Maio. De 1995 a 1997 fez estudos filosóficos na FAI. Entre 1997 a 2000 estudos teológicos na Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção.

Em sua carreira religiosa constam: Ordens menores Ministérios Acolitato e Leitorato, paróquia Santo Antonio do Caxingui; Ordem diaconal no Santuário Sagrada Família; Ordem presbiteral Santuário Sagrada Família; Administração paroquial, Paróquia Santo Antonio do Caxingui.

Autor de extensa folha de realizações no campo religioso, desde 2003 ele responde pela Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus.

Chamamos o Pároco José Lúcio Emer. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - Ele foi um dos primeiros colocados no vestibular da Faculdade de Medicina da USP. Formou-se em 1960 e iniciou carreira em dermatologia ao lado de uma das maiores autoridades brasileiras no assunto professor Sebastião Almeida Prado Sampaio.

Durante a especialização prestou concurso e ingressou como assistente no Hospital das Clínicas. Defendeu tese em 1964, e em seguida prestou concurso e ingressou como professor-adjunto do serviço de Dermatologia do HC. Em 1970 passou a chefiar a disciplina de Dermatologia na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e ali permaneceu até 1975. Em seguida por concurso ingressou como docente na Escola Paulista de Medicina onde foi responsável por vários cursos de pós-graduação. Em 1972 ingressou como professor titular de Dermatologia na Faculdade de Medicina do ABC onde ocupou diversos cargos.

O nosso homenageado é orientador da Faculdade de Medicina da USP, orientador na Faculdade de Medicina da Unifesp, e Diretor-Presidente da Faculdade de Medicina do ABC.

Chamamos o Doutor Luiz Henrique Camargo Paschoal. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - Nascida em Santo Antonio de Posse e em seguida a família mudou-se para Mogi Mirim. Aluna destacada nas escolas Francisco Picolomini e Monsenhor Nora, em 1977 ela ingressou da Faculdade de Engenharia Civil da PUC em Campinas. Formou-se em 1981 e a partir de então dedicou-se no ramo da perícia judicial na área de engenharia civil nas comarcas de Mogi Mirim, Mogi Guaçu e Itapira.

Fez pós-graduação e mestrado na Escola Politécnica da USP, obtendo o grau de Mestra em Engenharia de Transportes Rodoviários. Fundou e presidiu e Associação de Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos da Região de Mogi Mirim. Presidiu também a Associação Brasileira de Engenheiros Civis, setor São Paulo.

Ingressou na carreira política, foi a primeira mulher a assumir o cargo de vereadora em Mogi Mirim, cargo que ocupou durante cinco mandatos consecutivos. Foi a primeira mulher a assumir a Mesa Diretora daquela Casa, e também a primeira mulher a presidir o Conselho Deliberativo da Associação Paulista de Municípios.

Chamamos a Sra. Marilene Mariottoni. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina e Cirurgia da Universidade Cagliari. Doutor em Ginecologia e Obstetrícia pela Faculdade de Medicina da USP, e professor livre docente de Ginecologia e Fisiopatologia da Reprodução da Unesp. É diretor da Divisão de Reprodução Humana do centro de Referência da Saúde da Mulher – Hospital Pérola Byinton, setor em que trabalhou desde 1991. Trabalhou no setor de esterilidade conjugal do Hospital Macedônio Melloni em Milão, onde foi responsável pelo Programa de Inseminação Intra-Peritoneral.

Tem dois livros editados e mais de uma centena de trabalhos publicados no Brasil e no exterior. Tem cerca de 200 participações como palestrante em congressos, cursos e simpósios no país e no exterior.

Nosso homenageado é o Doutor Mário Cavagna. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - Formado em Letras com habilitação em Português e Inglês pela Faculdade Farias Brito, em Pedagogia com habilitação em Administração Escolar. Pós-graduado em Educação pela Universidade de Guarulhos.

O nosso próximo homenageado é professor de Gramática da língua portuguesa no Colégio Progresso em Guarulhos, professor de língua portuguesa no curso de Letras das Faculdades Integradas de Ciências Humanas, Saúde e Educação de Guarulhos, professor de língua portuguesa no curso de Letras da Universidade de Guarulhos.

Mantém participação ativa em inúmeros eventos no mundo universitário guarulhense, tanto em bancas examinadoras, como na promoção de cursos e palestras.

É grande incentivador e divulgador da cultura italiana no município e, desde 1976 produz e apresenta o programa Canzoni d´Italia pela Rádio Boa Nova de Guarulhos. Além disso, apresenta vinhetas comentando erros e problemas praticados no idioma português.

Chamamos o Professor Pedro Russo Neto. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - O nosso próximo homenageado é formado em Direito pela PUC. Foi Presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo, Conselheiro da OAB, Presidente da Comissão Especial de Ensino Jurídico da OAB. Professor titular de Direito Comercial nas Faculdades Metropolitanas Unidas desde 1985. Vice-Presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo. Diretor da Escola Paulista de Advocacia.

Aos 35 anos de idade de 1991 a 1993, foi diretor da Faculdade de Direito da FMU, foi o mais jovem diretor de uma faculdade no Brasil. Foi professor de Direito da PUC. Membro do Conselho Jurídico da Federação do Comércio do Estado de São Paulo. Consultor jurídico da Dersa. Diretor jurídico da Federação Paulista de Futebol.

Autor de vários trabalhos jurídicos publicados em revistas especializadas, autor de seminários, congressos e palestras sobre Direito ministrado em todo país.

O nosso homenageado é o Doutor Rui Celso Reali Fragoso. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - Ela é Máster em Língua Italiana pela Universidade de São Paulo, com seis pós-graduações, um mini-curso e um curso de extensão. Além disso, realizou diversas palestras, simpósios e seminários na Universidade de São Paulo e na Federação das Entidades Culturais Ítalo-Brasileiras do Estado de São Paulo.

Possui curso de formação de professores pela Universidade de Perugia. Ela é integrante da Comissão dos Concursos de Redação organizados pela Fecibesp e pelo Comitê dos Italianos no exterior. Diretora cultural, professora e coordenadora dos cursos de língua italiana da Sociedade Cultural Brasilitalia de São Bernardo do Campo, coordena e administra cursos a 250 alunos de todas as idades, oferecendo bolsas de estudos aos mais necessitados.

Desde 2004 desenvolve trabalho junto a coletividade italiana e seus descendentes na Câmara Municipal de São Bernardo do Campo. Promove eventos culturais de folclore como a Festa da Befana voltada para crianças carentes e, ao mesmo tempo, divulgando o folclore e a cultura italiana.

Chamamos a Sra. Sonia Maria Galuchi. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - A nossa última homenageada tem origens em Verona, terra de seus avós. Ela cresceu numa família de forte base religiosa cristã, profundo censo de família e apego às suas raízes. Ativa participante de movimentos religiosos sempre teve a vida voltada para os mais carentes moradores de sua cidade.

As dificuldades vividas na infância e na juventude a impediram de estudar, e somente depois após o nascimento de seus filhos voltou para os bancos escolares e formou-se em História. Orgulhosa de suas origens foi em busca de seu passado e hoje conseguiu a cidadania italiana. Apaixonada pela cultura da Itália fez questão de estudar o idioma e visitar o país.

Em sua luta em benefício dos mais necessitados, durante muitos anos organizou a Festa Italiana no município de Jaguariúna de grande participação popular, divulgando a cultura italiana e angariando recursos para entidades assistenciais. Além disso, promoveu vários eventos voltados para a captação de recursos para a Associação Amigos do Padre Gomes, entidade mantenedora do Centro de Convivência que atende a menores carentes e o Raízes da Vida que abriga idosos carentes.

Participou da luta para a restauração da centenária Igreja Matriz daquela cidade, e é considerada uma batalhadora pelos interesses da comunidade. É uma referência na cidade de Jaguariúna.

Chamamos a Sra. Therezinha Aparecida Chiavegato Marion. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - Gostaríamos de registrar a presença do senhor Flávio Giannini, Vice-Presidente do Sindicato e Associação dos Auditores Fiscais Tributários do Município de São Paulo; da senhora Ester Scappini, Presidente da Associação Polesani Nel Mondo di Rovigo; senhor Akio Ogawa, 1º Vice-Presidente do Conscre; senhor Gustavo Reis, prefeito de Jaguariúna; senhor Alexandre Curiati e senhor Nei Cardoso representando o Deputado estadual Antonio Salim Curiati; senhor André Leal Módolo tesoureiro da OAB - Subseção de São Bernardo do Campo; senhor Hiroyuki Minami vereador municipal de São Bernardo do Campo; senhor Perricône Michele Presidente da Sociedade Cultural Brasilitália; senhor Rezkalla Tuma representando a Fearab América; senhor Aléxis Pomerantzeff delegado Nacional da Defesa Civil; senhor Leonel Aguiar, da Ajorc; senhor Paulo Brasil Corrêa de Melo Presidente do Sindecon;senhor Jair Paes de Lira, coordenador da Defesa Civil do Município de São Paulo; Desembargador Renzo Leonardi representando o Presidente da Apamagis doutor Paulo Dimas Mascaretti; senhor Arthur Corrêa de Mello Netto, diretor econômico financeiro da Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo; senhor Rafael Gomide, editor chefe da Câmera Record e Repórter Record; senhora Karina Lajústicia, assistente do diretor institucional da Record; Capitão Marília, do Exército Brasileiro; Doutor Sérgio Turra Sobrani, Subprocurador; senhor Britto Júnior, apresentador da TV Record; senhor Luciano Faccioli, jornalista e apresentador da TV Record; senhora Débora Santilli, apresentadora da TV Record; senhor Zacarias Pagnanelli, diretor executivo nacional de Relações Institucionais da Rede Record; Doutor Barreto; senhor José Renato e senhor Daniel, senhora Rosa e senhora Rosinha; senhora Eva Zimerman, diretora de Relações Públicas da Sociedade Hebraica; doutor José Carlos Blat, promotor; senhor Roberto Giúzio, empresário; doutor Eduardo Castanheira, delegado de Polícia da Alesp.

 

O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Esta Presidência tem a honra de pedir para falar em nome dos homenageados o Doutor Rui Celso Reali Fragoso, palmeirense como Presidente, e se Deus quiser futuro Presidente da OAB.

 

O SR. RUI CELSO REALI FRAGOSO - Deputado Vitor Sapienza, eu peço licença para em seu nome saudar todas as autoridades anteriormente declinadas que compõe a Mesa Diretora desta noite.

Minhas senhoras, meus senhores, meus companheiros do Troféu Loba Romana, Voltaire já dizia que um momento de felicidade vale mais que mil anos de celebridade. Começo esta breve mensagem, integrando-me de corpo e alma ao pensamento do grande filósofo francês.

Este é um momento de muita felicidade na nossa trajetória. Não me refiro ao conceito da satisfação material, mas à felicidade que existe dentro de nós, o encontro do homem com a sua essência, com os seus valores, com a sua história.

História. Eis aqui a chave que abre a porta desta Casa nesta noite. Ei-la proporcionando a grandeza desse momento. Ei-la arregimentando uma apreciável coleção de amigos e amigas. Nossa história, a história de nossas famílias, a história dos nossos antepassados, a história de uma nação que se encontra com outra nação.

Aqui estamos por conta da tessitura entre as histórias de um país do velho continente, berço da civilização, chamado Itália, e uma nação fincada nos trópicos, bela e grandiosa, e que se apresenta como uma das mais promissoras do futuro.

O Troféu Loba Romana, que recebo nesta data, chega emoldurado por laços históricos, honra, emoção e recordação. Chega com respeito à tradição do passado, revivida pelas novas gerações, e compromissada com os valores da solidariedade, da amizade, da fraternidade e da integração entre dois povos. E, sobretudo, chega para reafirmar o compromisso de nossa parte de perpetuarmos os princípios, os valores e os ideais de nossas gentes e de nossos ancestrais, integrando, ainda mais, os sonhos, os anelos coletivos de duas pátrias. 

Neto de italiano, aprendi que os homens se diferenciam pela forma como enfrentam, convivem e aceitam os desafios. Em minha memória, lembro a garra dos primeiros italianos que vieram ao Brasil, como os meus avós maternos. Gente de fibra, gente valorosa, gente determinada, que soube aproveitar as oportunidades, distingui-las, valorizá-las e fincar no solo deste território as sementes de seu trabalho. Nossos antepassados compreenderam que era preciso ter plena percepção de que a vitória só se consegue com luta, com esforço, com enfrentamento das dificuldades, e principalmente com coragem. Seguiram à risca o preceito de Elliot: “Somente aqueles que se arriscam a ir longe sabem até onde podem chegar”. Foi assim que transformaram os obstáculos em pontes para o futuro. Foi assim que traçaram os caminhos de suas conquistas. Pioneiros que buscavam a chance de construir as bases sólidas de um futuro, vivenciaram mudanças e delas participaram numa experiência única de vida. Aprendi com eles que mudanças são inevitáveis e constituem forças que devem ser avaliadas e aproveitadas.

Minhas senhoras, meus senhores, a imigração italiana para o Brasil foi um dos maiores fenômenos já ocorridos na história da Humanidade. À medida que o número de imigrantes e seus descendentes ia crescendo, o Brasil modificava os seus costumes. Os imigrantes, por sua vez, também modificavam os seus, sem deixar de introduzir elementos tipicamente italianos, como festas, práticas religiosas e hábitos de alimentação.

A contribuição dos italianos para a sociedade brasileira foi muito além. Criados na cultura do esforço e do trabalho, introduziram novas técnicas agrícolas, artesanais, arquitetônicas, artísticas e colaboraram na urbanização das cidades. Plasmaram formas especiais de vida, costumes típicos, plantaram sementes de uma cultura que se sedimentou nesta terra de prosperidade.

Em 1901, 90% dos operários fabris de São Paulo eram italianos. Foram, portanto, protagonistas no desenvolvimento do maior centro urbano econômico da América Latina. Ofereceram uma contribuição multifacetada. Nas artes, a galeria da fama exibe perfis fantásticos como Alfredo Volpi, Eliseu Visconti, Menotti del Picchia, Adolfo Celi e Pietro Maria Bardi, criador, junto com Assis Chateaubriand, do Museu de Arte de São Paulo e seu diretor por 45 anos. É impossível esquecer Cândido Portinari, Meccatti e Anita Malfatti, para citar apenas alguns. Apenas alguns. Na indústria, o exemplo mais notável foi de Francesco Matarazzo.

A imigração foi, e continua sendo, motivo de inspiração para obras televisivas e cinematográficas.  Em todas, mostra-se a garra do imigrante italiano. E com o intuito de aproximar e unificar os imigrantes italianos foi criado em 1914 o time Palestra Itália, hoje conhecido como Sociedade Esportiva Palmeiras, sem dúvida e sem favor um dos maiores times do futebol brasileiro e da América Latina. (Palmas.) Eu não tenho dúvida disso, eu não tenho a menor dúvida disso.

Como disse Rui Barbosa, a quem eu levo o nome em homenagem, o Rui que o meu pai escolheu era por Rui Barbosa: “O Estado de São Paulo é a expressão do espírito ianque americano perfumado pela graça do gosto italiano”.

Na educação, o primeiro nome que nos envaidece é o de Maria Montessori, a educadora que transformou o ensino tradicional. Deu novo sentido às escolas, tornando-as instituições de educação e vida e não só de instrução. Não se pode esquecer o papel fundamental que o Colégio Dante Alighieri desempenha no ensino, e desempenhou em milhares de brasileiros. Eu particularmente tenho a honra de ter tido, a minha esposa que está aqui presente procuradora do município Maria Flávia que lá estudou por toda a vida, e os meus dois filhos aqui presentes que também lá estudaram.

A contribuição italiana para o Brasil se estendeu também para o campo do Direito, como no nosso Código Penal e no Direito Processual Civil. Juristas italianos lecionaram na tradicional Faculdade do Largo de São Francisco. São muitos os laços que nos unem. Juntos, escrevemos um passado e nossa missão, hoje, é trabalhar para aprimorar as relações educacionais e judiciais entre as duas nações.

Há necessidade de aumentarmos o intercâmbio educacional. Na área econômica, precisamos finalizar acordos bilaterais e estreitar o relacionamento entre as empresas dos dois países. O diálogo inteligente e coerente entre especialistas é sempre o caminho mais viável para a solução de eventuais pendências.

Sabemos que as relações internacionais têm processos distintos e os desacordos que se estabelecem ao longo do tempo são normalmente resolvidos por meio do diálogo e da cooperação, dentro da lei e por autoridades competentes, até porque o Direito é a mais universal das aspirações humanas. Nós, os advogados, os deflagradores das soluções, em síntese, conciliadores sem transigência de princípios e batalhadores sem trégua e nem leviandade reconhecemos os grandes objetivos que tem que ser superados e atingidos para um forte sentimento de propósito geral de interesse das duas nações.

Verdade é que os nossos imigrantes amaram o Brasil e a ele se adaptaram. E o país retribuiu com afeto. Adotou os italianos como brasileiros. Não fez deles um grupo étnico. Ao contrário, desde o primeiro aperto de mãos, os braços se mantêm entrelaçados, as atitudes se bifurcaram, a convergência de gostos e atitudes consolidou uma pátria única, indissolúvel e indivisível.

Nesse início de século XXI, quando se toma por base o número de brasileiros descendentes de italianos, é fato curioso que aqui no Brasil nós temos a maior população italiana fora da Itália. Os números podem não ser exatos, mas as estimativas que oscilam entre 23 a 25 milhões os brasileiros com algum grau de ascendência italiana. Em minha crença, há até mais. Este número representa 15% da população do país. Só no Estado de São Paulo vivem 13 milhões de italianos ou descendentes de italianos.

Amigas e amigos, ao usar essas modestas palavras a minha atribuída de razão de ser um advogado, e em nome de todos os laureados, com certeza com melhores condições que as minhas, quero reiterar a importância das nossas raízes. Elas não podem ser esquecidas. Cada vez mais devemos manter aceso o diálogo entre passado e presente, pois estes são estas as portas que se abrem para o futuro. Não podemos esquecer os que cruzaram o Atlântico, deixando seu país em busca de sonhos. Vamos propugnar para que o Brasil trilhe caminhos mais largos na rota das relações políticas e econômicas com a Itália. Vamos propugnar para a expansão do intercâmbio de conhecimentos e experiências. Nas questões, eu não posso deixar de falar, de pendências judiciais entre Brasil e Itália devem ser identificados os seus valores e levar em conta que as realizações podem, às vezes, ser inferiores às aspirações. Auto-avaliação, perspectiva de tempo e aproveitamento criativo de experiências atuam como guias íntimos para a determinação do curso correto de uma decisão ou de uma ação. Como escreveu James Michener, um dos autores mais lidos do mundo, que dividiu suas atividades entre o meio universitário e editoriais até os 40 anos de idade, quando decidiu ser escritor, ele disse certa vez: “Se acontece que um homem se descobre a si próprio, se fica conhecendo os limites de sua coragem e a posição que deve assumir e da qual não poderá abdicar, então ele terá encontrado um lugar que poderá ocupar com dignidade todos os dias a sua vida”.

Senhoras e senhores, os ilustres laureados, por meu intermédio, Deputado Vitor Sapienza, agradecem de coração esta homenagem e querem compartilhá-la com todos os amigos e familiares que aqui estão presentes. Agradecer é dividir e é isso que queremos fazer neste momento. É essa a nossa forma de reafirmar a amizade que nos une, o apego às tradições e o orgulho que carregamos em nossa alma. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - LUIZ CARLOS LADEIA - Registramos a presença do Doutor Sérgio Turra Sobrani, Subprocurador de Justiça.

 

O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Senhor Ministro Plenipotenciário Mauro Marsili, Cônsul-Geral da Itália; caro amigo professor Rui Celso Reali Fragoso em nome de quem eu saúdo os homenageados, meus senhores e minhas senhoras, eu havia preparado um discurso, porém li para a minha esposa e ela disse: “Não faça o discurso, desabafe o que você tem dentro de você, que fica mais fácil pra você e para todo o pessoal que hoje estamos prestigiando.”

Alguém poderá dizer: Por que o Dia da Comunidade Italiana? Eu volto a 1988 quando eu ia me dirigir a Santos para fazer uma palestra na Associação Comercial de Santos e um deputado federal, num discurso, propôs a construção de um monumento aos nordestinos, que haviam construído São Paulo. Aquilo me chocou, me chocou e me fez voltar à minha infância. Infância decorrida no final dos anos 30, início dos anos 40, em que aquele italianinho do Bom Retiro, na sua casa, ouvia a rádio ondas curtas, que anunciava que o Eixo estava ganhando a Guerra dos Aliados. Italianinho que não pôde estudar em italiano porque na época era proibido falar publicamente o italiano, ou japonês ou alemão. Coisa que nos Estados Unidos não foi feito. Isso é detalhe de um falso patriotismo que muitas vezes caracteriza as nossas autoridades.

Aquilo me chocou, me chocou e eu revivi todo o início da industrialização praticamente de São Paulo. Pensei e fiz um projeto de lei criando o Dia da Comunidade Italiana em que eu pensava em tentar sacudir e ajudar a ressuscitar os valores dos italianos e seus descendentes no Estado de São Paulo.

Lembro-me bem da primeira solenidade em que nós tínhamos aproximadamente 150, 200 pessoas que cabiam nesse auditório e lá em cima ficava praticamente vazio. Já dizem que no próximo ano vamos ter que fazer a solenidade no Memorial da América Latina, diante da quantidade de pessoas que nos tem prestigiado.

As coisas avançaram. Nós tivemos aí a ideia de criar a Loba Romana que seria o marco de tudo que a gente precisava fazer no sentido de criar um símbolo, um símbolo de reconhecimento àqueles não só descendentes de italiano; nós tivemos a oportunidade de homenagear um japonês, tivemos a oportunidade de homenagear o Deputado Wadih Helú, Presidente do Sport Clube Corinthians que aqui veio, e no seu exagero disse até que São Paulo devia a sua formação total aos italianos. Não foi bem assim, mas ele deu vazão a um sentimento de admiração que todos nós temos pela Itália.

Em decorrência disso, nós tivemos oportunidade ao longo de 1991 até os dias de hoje de homenagear 319 personalidades, além das 17 que foram homenageadas hoje. Nós temos uma comissão que recebe as diversas indicações, analisam, e muitas vezes vetam. Porém, algumas decisões foram em comum, por exemplo, uma que é muito importante, nós não aceitamos em hipótese alguma representação. Ou a pessoa homenageada vem, ou fica para uma próxima oportunidade. Nós tivemos grandes figuras como ministros, radialistas, e jornalistas que foram eleitas, porém, tentaram apresentar representantes, mas a comissão por decisão unânime não aceita representantes.

Dentro desse quadro ainda, nós tivemos oportunidade de junto com uma equipe escrevermos um livro chamado Café Amargo, e por tal nós somos homenageados com uma honraria que para mim é muito importante que foi um troféu denominado Cristovão Colombo, entrega pelo Circulo Italiano de São Paulo.

A luta continua. Foi muito feliz o Professor Rui Celso Reali Fragoso quando fez um relacionamento entre as dificuldades que possam a vir existir na relação Brasil-Itália, Itália-Brasil. Nós entendemos que uma das forças do povo italiano é o poder de argumentação, é o poder de tentar resolver as coisas de forma amistosa. Lembro-me bem hoje, graças a Deus, Cônsul,V.Exa. tem uma forma mais clara, mais democrata de entender os justos problemas da nossa comunidade. Eu quero inicialmente parabenizá-lo pelo português corretíssimo do seu discurso. Até alguém me disse: “Será que o cônsul mandou algum representante?” Não foi bem assim.

O nosso Rui Celso Reali Fragoso fez uma colocação que há uns anos eu tentei também fazer a um dos cônsules: que haveria necessidade de um intercâmbio maior da mesma maneira que os Estados Unidos faz com o Brasil em que os alunos do colegial fazem convênios, eles estudam lá e tem a validade aqui, estudam aqui e tem a validade lá. Qual foi a minha surpresa quando ele me propôs uma coisa diferente: ele propôs que ele conseguiria que os melhores alunos da USP, da Unicamp e Unesp fossem fazer um estágio na Itália. Eu disse: “Isso se chama roubo de cérebros. Se o pessoal italiano quiser fazer a mesma coisa conosco, nós também aceitamos.”

Então dentro desse quadro, Cônsul, eu quero nessa oportunidade, primeiro, parabenizar todo esse pessoal, porque com toda sinceridade a quantidade de pessoas nunca foi tão grande como nós estamos tendo hoje. E agradeço ao governo italiano por ter me concedido o título de Cavalheiro. Com toda sinceridade, é uma honraria que eu acredito muito. Sou católico praticante, mas quero fazer uma confissão: meu avô materno fugiu de casa com 15 anos de uma cidadezinha chamada Tito, perto de Nápole. No primeiro navio que ele encontrou, ele se escondeu no porão e veio parar no Brasil. Eu acredito que ele está lá em cima olhando e dizendo: “Valeu a pena. Porque ao contrário, aquela região é tão inóspita, tão parecida com o nosso Nordeste, que se eu ainda estivesse vivo, eu teria sido um grande criador de cabras, e um grande produtor de queijo, que é típico daquela região.”

Antes de encerrar, agradeço a presença de todos os senhores e quero convidá-los para um pequeno coquetel no saguão de entrada.

Muito obrigado. (Palmas.)

Está encerrada a presente sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 31 minutos.

 

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