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23 DE MAIO DE 2005

027ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO DOS 18 ANOS DA FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA

 

Presidência: SEBASTIÃO ALMEIDA

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 23/05/2005 - Sessão 27ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: SEBASTIÃO ALMEIDA

 

COMEMORAÇÃO DOS 18 ANOS DA FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA

001 - SEBASTIÃO ALMEIDA

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades. Informa que esta sessão solene foi convocada pela Presidência efetiva, a pedido do Deputado ora na condução dos trabalhos, com a finalidade de comemorar os 18 anos da Fundação SOS Mata Atlântica. Convida todos para, de pé, ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro. Fala sobre o momento que estamos vivendo em relação à defesa do meio ambiente e considera que a SOS Mata Atlântica tem de servir de exemplo para que outras entidades surjam no nosso país.

 

002 - FÁBIO FELDMANN

Secretário Executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e de Biodiversidade, observa a crescente importância do tema "preservação do meio ambiente" desde 18 anos atrás. Considera que o símbolo da relação da sociedade brasileira com a natureza é a mata atlântica.

 

003 - LUCIANO ZICCA

Deputado Federal, aborda o Projeto de lei federal da mata atlântica, de autoria do Ex-Deputado Fábio Feldmann, do qual elaborou o parecer final. Conta como estendeu a área de atuação de seu mandato para o meio ambiente.

 

004 - Presidente SEBASTIÃO ALMEIDA

Anuncia a execução de número musical.

 

005 - ROBERTO KLABIN

Presidente da Fundação SOS Mata Atlântica, avalia que a maior tarefa da entidade é tornar inteligível a questão do meio ambiente para a população.

 

006 - Presidente SEBASTIÃO ALMEIDA

Aborda o PL 676/00, que trata da cobrança pelo uso da água. Ressalta que o Legislativo tem um papel importante mediante a elaboração de leis que possam garantir o fornecimento de água. Parabeniza os associados da Fundação SOS Mata Atlântica. Anuncia a apresentação de vídeos institucionais. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO ALMEIDA - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO ALMEIDA - PT - Passamos, neste momento, à composição da Mesa: Fábio Feldmann, Secretário Executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e de Biodiversidade; Roberto Luiz Leme Klabin, Presidente da Fundação SOS Mata Atlântica; Luciano Zicca, Deputado Federal do PT.

Queremos também consignar as seguintes presenças: Gustavo Martinelli, Conselheiro da SOS Mata Atlântica; Yara Schaeffer Novelli, Conselheira da Fundação SOS Mata Atlântica; Carlos Marx Alves, Secretário do Meio Ambiente, representando o Prefeito de Osasco Emidio de Souza; Marcela Adams Ubirajara, representando o Vereador Antonio Raimundo, da Câmara Municipal de Guarulhos; Claudete Araújo Pereira, da Sociedade Ecológica e do PV de Osasco; Lúcia da Costa Ferreira, Coordenadora do Nepam, representando o Reitor da Unicamp.

Quero também mencionar ofícios recebidos da Câmara Municipal de São Paulo, do Vereador Domingos Dissei, Líder do PFL, justificando a impossibilidade de estar aqui, mas parabenizando a Fundação SOS Mata Atlântica; do Deputado Estadual Carlos Neder, também parabenizando a Fundação SOS Mata Atlântica pelos seus 18 anos; do Pedro Luiz Barreiro Passos, co-Presidente do Conselho de Administração, parabenizando aqui também a Fundação SOS Mata Atlântica; do Vereador Paulo Fiorino, que mandou telegrama, parabenizando por este momento vivido pela Fundação SOS Mata Atlântica; do Prefeito de Santo André, João Avamileno, também saudando o evento de hoje.

Senhoras e Senhores Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, nobre Deputado Rodrigo Garcia, atendendo à solicitação deste Deputado, com a finalidade de comemorar os 18 anos da Fundação SOS Mata Atlântica. Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO ALMEIDA - PT - Quero agradecer a presença de todos, especialmente das autoridades presentes, bem como das entidades e do Coral da Fundação Bradesco, que irá nos abrilhantar com algumas músicas bonitas daqui a pouco.

Quero falar um pouco sobre o momento que estamos vivendo, em relação à defesa do meio ambiente. A nossa Mata Atlântica, mesmo com toda luta de entidades como a SOS Mata Atlântica, ainda possui 52 mil quilômetros quadrados que necessitam ser protegidos para evitar que as 25 mil espécies de plantas, como jequitibá, jacarandá, palmito, xaxim etc sejam destruídas. Esse trabalho da SOS Mata Atlântica tem de servir de exemplo para que outras entidades surjam nos vários cantos do nosso país.

Sabemos da riqueza do nosso país e da importância de preservarmos a espécie animal. Cada espaço de mata destruída é uma ameaça para a onça-pintada, para a jaguatirica, para o macaco-prego e para tantas outras espécies que vão perdendo o seu lugar de vida. Portanto, cabe-nos essa tarefa da preservação da vida.

Alguns dados nos chamam a atenção, como, por exemplo: de 1985 a 1990 foram cortadas um bilhão e 200 mil árvores. É algo chocante que só nos leva a refletir cada vez mais sobre a importância de uma luta permanente para garantir que a vida continue existindo no nosso planeta.

Daqui a pouco, nas intervenções daqueles que representam essa ONG, que tem um papel tão importante na sociedade, certamente poderemos compreender melhor a necessidade de aumentar esse time de defensores da natureza.

Teremos, em seguida, a participação do Coral da Fundação Bradesco, sob a regência da Maestrina Sônia de Morais de Azevedo, com as músicas: ‘Ai que saudade de-ocê’, de Vital Farias; ‘Depende de nós’, de Ivan Lins; e um “pot-pourri” com várias músicas, como ‘Disparada’, de Geraldo Vandré e Theo de Barros, ‘Asa Branca’, de Luiz Gonzaga, ‘Vira, Virou”, de Kleiton e Kledir, e ‘Aquarela do Brasil’, de Ary Barroso.

Neste momento, passo a palavra ao Sr. Fábio Feldmann, Secretário Executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e de Biodiversidade.

 

O SR. FÁBIO FELDMANN - Em primeiro lugar eu queria saudar o nosso presidente Sebastião Almeida, que teve a feliz idéia de convocar este ato comemorativo dos 18 anos da SOS Mata Atlântica; saudar o presidente da SOS Mata Atlântica, o Roberto Klabin, meu amigo de muitos anos, companheiro de jornadas ecológicas, e também à minha esquerda o Deputado Luciano Zicca, que foi o responsável pela aprovação do Projeto de lei da Mata Atlântica, de minha autoria, que tramita no Congresso Nacional desde1992; saudar todos os presentes, começando pela minha amiga de muitos anos, que representa a comunidade científica aqui, a Yara Schaeffer Novelli, que é talvez uma das principais personalidades da comunidade científica no que tange ao conhecimento de mangues. Falar em mangue é falar na Yara Novelli.

Queria saudar também os voluntários presentes, na pessoa do Belo, saudar o Coral da Fundação Bradesco, a Márcia Herota e o Mario Montovani, os líderes, além do meu amigo Carlos que hoje é o Secretário de Meio Ambiente de Bauru.

Deputado, eu serei muito breve. Acho que nesses 18 anos da SOS Mata Atlântica muita coisa mudou no mundo. Há 18 anos, quando um grupo de pessoas resolveu fundar a SOS Mata Atlântica, ninguém imaginaria que esse tema estaria na agenda dos tomadores de decisão do mundo inteiro.

 O meu melhor exemplo, que sempre comento com o Luciano Zicca, é o Protocolo de Kioto. Ninguém poderia imaginar, há 18 anos atrás, que o tema principal de preocupação da humanidade diz respeito às mudanças que a humanidade causou no clima do planeta e que ameaçam a vida e a biodiversidade nele.

Há dois lados quando falamos do Protocolo de Kioto. Tem o lado positivo, que é mostrar que esse tema ganhou importância, e tem obviamente a contrapartida, que é a necessidade de tomada de providências.

Vou citar rapidamente o caso do Protocolo de Kioto. Os cientistas reunidos no painel intergovernamental de mudanças climáticas, em 1990, disseram que o mundo na verdade sofreria graves problemas e que temos que reduzir a emissão de carbono na ordem de 60%, que as mudanças no planeta se dariam entre 300 a 500 anos, e um aumento de temperatura média entre 1,5 a 3,8 graus Celsius. Alguns anos depois os cientistas reconhecem que cometeram um equívoco, que o aumento da temperatura média no planeta será de 3,5 a 5,8 graus Celsius no espaço de tempo de 50 a 100 anos.

Portanto, acho que a humanidade nunca esteve numa situação tão crítica. E a resposta da sociedade se dá através da sociedade civil, de organizações não-governamentais como a SOS Mata Atlântica. A SOS está lançando um manifesto dos 18 anos, ou seja, a SOS alcança a maioridade, e ela usou uma expressão feliz: que o símbolo da relação da sociedade brasileira com a natureza é a Mata Atlântica. Por quê? Porque quando os portugueses chegaram ao Brasil o que eles viram foi a Mata Atlântica.

A relação que os europeus mantiveram com a natureza se reflete na Mata Atlântica. Ou seja, praticamente substituídos aqueles complexos de ecossistemas naturais nos vários ciclos econômicos.

 Portanto, claro, como os mineiros se utilizavam das minas de carvão no século retrasado - não diria nem século passado, eu diria que a Mata Atlântica é o grande símbolo da consciência ambiental no Brasil. Na medida que nós conseguirmos conservar a Mata Atlântica nós conseguiremos mudar a relação que temos com a sociedade.

Finalizando, Deputado, gostaria de fazer um comentário sobre este Parlamento. Nos regimes democráticos os parlamentos têm um papel absolutamente fundamental, ou seja, é através da legislação, do espaço que o Parlamento cria, que a sociedade pode se manifestar. Talvez nós só valorizemos o Parlamento e a democracia na ausência da democracia e na ausência do Parlamento.

Quero parabenizar V. Exa. por ter convocado esta sessão e dizer que espero que daqui a 18 anos, quando a SOS Mata Atlântica estiver completando o seu trigésimo sexto aniversário, poderei dizer que temos que mudar o símbolo da SOS Mata Atlântica. O símbolo da SOS Mata Atlântica é “Estão tirando o verde da nossa bandeira”.

Poderemos celebrar a vitória da SOS Mata Atlântica quando nós pudermos mudar o símbolo da entidade e mostrar que a Mata Atlântica está preservada. Portanto, a sociedade brasileira está preservada, ou seja, conseguimos estabelecer uma nova modalidade de relação com a natureza. E, ao invés de índice de desmatamento de 26 mil km2 por ano, poderemos dizer que estamos recuperando a Amazônia e estamos salvando o planeta para geração presente e futura.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO ALMEIDA - PT - Quero lembrar que Fábio Feldman foi o primeiro Presidente da SOS Mata Atlântica.

Gostaria de mencionar também a presença de Sra. Juliana Freitas Lima, do Instituto de Registro Imobiliário do Brasil.

Passarei a palavra, neste momento, para o Deputado Federal Luciano Zicca, membro da Comissão de Meio Ambiente, e que foi o relator do Projeto Mata Atlântica, coordenador do grupo de trabalho.

 

O SR. LUCIANO ZICCA - Boa-noite a todos os presentes, ao Deputado Sebastião Almeida, autor deste requerimento de homenagem à ONG SOS Mata Atlântica, ao nosso querido Roberto Klabin, Presidente da SOS Mata Atlântica, e também ao meu amigo Fábio Feldmann, autor do projeto de lei.

Tive o privilégio de coordenar o debate depois de 12 anos de tramitação na Câmara e, depois, fui relator, a quem coube elaborar o parecer final aprovado na Câmara dos Deputados. Quero dizer, Fábio Feldmann, que não fui o responsável pela aprovação. Fui uma ferramenta em perfeita sintonia com o SOS Mata Atlântica no enfrentamento de muitos interesses.

Quero aqui prestar uma homenagem especial a um amigo, que foi um guerreiro na defesa da Mata Atlântica no Congresso Nacional: o companheiro Mário Mantovani, que prestou inestimável trabalho ao país e a nós todos.

Quero fazer uma homenagem a uma assessora do Deputado Fábio Feldmann que contribuiu para que eu pudesse me introduzir na luta ambiental. Costumo dizer que sou hoje militante ambientalista com a tarefa de pagar o meu passivo ambiental. Trabalhei muitos anos numa empresa que poluiu muito, por falta de política de defesa do meio ambiente, por falta de consciência e por falta de informação. Trabalhei muitos anos na Petrobras, na Refinaria de Paulínia.

Quando fui eleito Deputado pela primeira vez - durante os quatro anos do meu primeiro mandato, quando convivi com o Deputado Fábio Feldmann - fui membro da Comissão de Minas e Energia. Em 1997, numa terça-feira, eu estava no corredor das Comissões da Câmara dos Deputados e encontrei uma moça muito simpática, mas apavorada. Ela disse: “Olha, Deputado. O Deputado Paulo Bornhausen, de Santa Catarina, avocou para a Comissão de Minas e Energia o projeto de lei da Mata Atlântica, e produziu um relatório absurdo que propunha um texto totalmente oposto ao que determina a Constituição.” Era a possibilidade de cada município legislar sobre o seu pedaço da Mata Atlântica. Ela disse: “Olhando o espelho da Comissão, eu só identifiquei o senhor para enfrentar esse desafio.”

Eu passei uma noite mal dormida, mas acordei muito inspirado, talvez pelos espíritos da mata que me asseguraram uma condição que permitiu produzir um enfrentamento. Perdemos no plenário, mas eu recorri e conseguimos declarar como não-escrito o que o rapaz havia escrito.

A partir daí, assumi a bandeira obrigatória de enfrentar e me tornei autor de um projeto que também o Deputado Fábio Feldmann foi o primeiro autor: projeto da criação de uma política nacional de resíduos que, esperamos, caminhe no Congresso Nacional, já que, depois de vários anos sem nenhuma iniciativa do Executivo, o Governo do Presidente Lula está remetendo, este mês, um projeto para discutir com a sociedade a elaboração de uma política nacional de resíduos. Há um movimento, inclusive, para que eu possa relatá-lo também depois da experiência com o Projeto da Mata Atlântica.

Por isso, fiz questão de passar aqui, hoje, para participar desta homenagem àqueles que construíram: voluntários, militantes anônimos que, sob a coordenação do SOS Mata Atlântica, produziram a possibilidade de aprovarmos na Câmara o projeto que agora precisa ser tocado no Senado, urgentemente, sob pena de  não o fazendo, assistirmos a às tragédias urbanas aumentando a cada ano por absoluta falta de uma política correta de preservação do meio ambiente.

Falei que iria homenagear uma assessora do Fábio e não citei o seu nome. Trata-se da Dra. Irismar, a Íris, que hoje está na Prefeitura de Curitiba. Ela foi uma parceira heróica na luta pela produção do relatório final do Projeto da Mata Atlântica.

Espero, daqui a 18 anos, estar vivo para ver o esforço dessa militância cotidiana, premiadao com a recuperação da nossa Mata Atlântica.

Um boa-noite a todos e parabéns, Deputado Sebastião Almeida. ! (Palmas.)

 

O Sr. Presidente - Sebastião Almeida - PT - Muito obrigado, Deputado Luciano Zica, pela sua presença, pelas suas palavras. Agradeço também ao Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Guarulhos, meu amigo Décio Pompeu. Obrigado pela presença. ! Agradeço, ainda, a presença de vários assessores do Vereador Alencar, do PT de Guarulhos.

Passamos, neste momento, ao coral maravilhoso da Fundação Bradesco. Agradecemos a todos os integrantes do coral e também à maestrina Sônia de Morais de Azevedo. Na verdade, tivemos a oportunidade de ouvir somente uma canja que eles deram para o jornal. Agora, vamos ter a íntegra da apresentação.

 

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- É feita apresentação musical.

 

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O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO ALMEIDA - PT - Que maravilha! Isso é uma coisa que só brasileiro pode fazer. Mais uma vez, quero agradecer à maestrina Sonia de Morais de Azevedo. Nosso abraço a todos os integrantes do Coral da Fundação Bradesco pela belíssima apresentação.

Gostaria de agradecer também a presença do Sr. Vlamir Landucci, representando o Vereador Attila Russomano, da Câmara Municipal de São Paulo; da Sra. Sonia Mara Simonetto, representando o Vereador Unaldo Santos, da Câmara Municipal de Guarulhos.

Esta Presidência concede a palavra ao Sr. Roberto Luiz Leme Klabin, que tem uma brilhante missão à frente da Fundação SOS Mata Atlântica.

 

O SR. ROBERTO KLABIN - Boa-noite a todos. Deputado Sebastião Almeida, obrigado por abrir esta Casa e homenagear a SOS Mata Atlântica. Meu amigo Fábio Feldmann, Deputado José Zicca, conselheiros da SOS e todos amigos presentes, tenho um discurso muito interessante preparado pelo Mário Mantonvanni, mas não vou lê-lo. Ao contrário, vou prestar conta aos senhores desses 18 anos, e vou fazê-lo em latim.

“Quo usque tandem, Catilina, abutere patientia nostra. Grecia capta cepit ferum victorem cepit et artes intulit agresti Latio. Alea jact est.”

Os senhores entenderam alguma coisa? É assim que a maior parte da população brasileira também entende a questão do meio ambiente. Para alguns, é ininteligível e essa é a nossa maior tarefa. Não basta construir ao longo desses 18 anos toda uma história de luta, criar o conceito da Mata Atlântica, identificá-la, criar mecanismos para estudá-la, mapeá-la, e, a partir daí, criar meios para pressionar a população, a sociedade em geral, políticos a tomar atitudes em relação a sua conservação.

Completados esses 18 anos nos deparamos com um desafio muito maior: transformar essa questão, a linguagem do meio ambiente numa linguagem muito mais acessível às pessoas. As pessoas hoje em dia entendem essa linguagem como muito elitista, muito complicada. Temos de descomplicá-la. Temos de levar a questão do meio ambiente para o dia-a-dia das pessoas. Temos de entender quais são as prioridades das pessoas e aproximar a questão meio ambiente dessas prioridades e não ficar falando nessa linguagem que poucos entendem, ou apenas os especialistas se interessam por ouvir. Portanto, esse é o nosso maior desafio.

Depois das solenidades que tivemos no Ibirapuera nestes últimos três dias, entendemos que este é realmente o grande desafio dessa entidade. As quase 30 mil pessoas que passaram por toda a organização que foi montada puderam entender, pois transformamos essa linguagem complicada numa coisa mais acessível. As pessoas viram os estandes, acompanharam os trabalhos realizados, viram as experiências que estão sendo realizadas não somente aqui em São Paulo, como em todo o Brasil, porque trouxemos essas experiências para São Paulo e iniciamos uma tentativa nova de nos aproximar das pessoas.

Agora esse desafio vai se transformar em questões concretas, como fazer esse grande tipo de feira todos os anos e, quem sabe, levar isso para os outros 17 estados da Federação que têm Mata Atlântica, onde vamos divulgar os trabalhos daquelas ONGs que estão trabalhando em prol da Mata Atlântica.

Queria que vocês entendessem que esse desafio não é brincadeira, porque senão vamos ficar falando para poucos. Vocês aqui entendem essa mensagem, para vocês isso é fácil, mas para a grande maioria não é.

Quero agradecer a todos vocês, àqueles que me ajudaram a chegar à Presidência da SOS Mata Atlântica. Passado tanto tempo continuo na Presidência, já faz 14 anos, aliás, sinto-me quase como Fidel Castro, mas é que não arranjaram alguém para me substituir.

Deputado, muito obrigado pela oportunidade.

 

O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO ALMEIDA - PT - Nós é que agradecemos a você, Roberto Klabin, pelo trabalho que faz na SOS Mata Atlântica. Sabemos dos desafios.

Assumi, neste ano, a Presidência da Comissão de Defesa do Meio Ambiente e espero poder contribuir com o mandato para que, ao final do ano, possamos dizer que fizemos alguma coisa para preservar a natureza. A natureza pede socorro e é tarefa de todos nós nos preocuparmos em garantir a vida das espécies e a sobrevivência da vida humana. É isso, na verdade, que está em jogo. Espero que a SOS Mata Atlântica exerça uma pressão aqui na Assembléia Legislativa.

O meu mandato é muito focado na questão da água, da preservação dos nossos mananciais. Parece ironia, mas eu, Deputado do PT, brigo muito para que um projeto do Governador Mário Covas encaminhado a esta Casa em 1998, sobre a cobrança do uso da água, o Projeto 676, seja votado. É um projeto muito importante, que vai garantir recursos para os nossos mananciais, para as nossas bacias, a fim de garantir a preservação da mata, evitar a ocupação irregular e a continuidade da nossa água.

Este projeto está encalacrado na Assembléia há sete anos, um projeto dessa importância e dessa natureza. Dá até impressão de que não temos problema de água no nosso país. Mas é com entidades como a SOS Mata Atlântica exercendo seu trabalho no dia-a-dia, dentre outras entidades da sociedade civil e agora os comitês de bacia, que espero que num futuro muito próximo esta Casa possa dar um exemplo concreto do que é criar condições para que os comitês de bacia possam continuar produzindo água para a região metropolitana.

A água na região de São Paulo está cada vez mais distante do ser humano. Parece que as pessoas ainda não se deram conta de que é necessário agir. O Legislativo tem um papel importantíssimo na elaboração de leis que possam garantir que o copo d’água não falte na mesa de ninguém.

Então, muito obrigado e parabéns mais uma vez! Parabéns a todos os associados da SOS Mata Atlântica, que conta com mais de 100 mil sócios. Sem dúvida nenhuma é a maior entidade ambiental com esse número de sócios para lutar no dia-a-dia em defesa da natureza. Neste momento, em nome dos Deputados desta Casa e em nome da Comissão de Defesa do Meio Ambiente, quero parabenizar todos os integrantes da SOS Mata Atlântica.

 No início da música aqui cantada pela Fundação Bradesco há uma frase simples: “Depende de nós se o mundo ainda tem jeito.” Então, está nas nossas mãos. A coisa simples, se cada um fizer um pouquinho podemos ter a certeza que dá para construir um mundo diferente.

A SOS Mata Atlântica produziu alguns vídeos, algumas campanhas que, às vezes, são chocantes. Mas é preciso chocar mesmo. Às vezes, como o Klabin disse no início da sua fala, dá a impressão que se está falando, falando, e é uma voz que clama no deserto. Assim, vamos relembrar alguns vídeos institucionais com o recado, com a mensagem da SOS Mata Atlântica para o nosso povo.

 

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- É feita a apresentação de vídeos institucionais.

 

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O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO ALMEIDA - PT - Está dado o recado para todos nós. Quero parabenizar a SOS Mata Atlântica pelas campanhas que tem feito, que chocam as pessoas. Tem que mexer mesmo com o ser humano para ver se a partir daí as coisas começam a mudar.

Antes do nosso encerramento, gostaria também de agradecer à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, desenvolvimento do PT de São Paulo. Parabenizo pelo 18 anos da SOS Mata Atlântica, representada aqui pela Secretária Silvana Halla. Muito obrigado pela presença.

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades, aos funcionários da Casa e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade e convida para um coquetel no Hall Monumental e para uma visita à exposição no Espaço V Centenário.

Muito obrigado. Viva a SOS Mata Atlântica! (Palmas.)

 

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-         Encerra-se a sessão às 21 horas e 29 minutos.

 

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