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14 DE MAIO DE 2012

028ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO “MAESTRO E COMPOSITOR GILBERTO MENDES PELOS SEUS 90 ANOS"

 

Presidente: TELMA DE SOUZA

 

RESUMO

001 - TELMA DE SOUZA

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Informa que o Presidente Barros Munhoz convocara a presente sessão solene, a requerimento da Deputada Telma de Souza, na direção dos trabalhos, com a finalidade de "Homenagear o Maestro e Compositor Gilberto Mendes pelos seus 90 anos". Convida o público para, de pé, ouvir o "Hino Nacional Brasileiro". Explica a ausência do homenageado, por motivos de saúde. Discorre sobre a importância de Gilberto Mendes na música. Lê a biografia do Maestro. Parabeniza e agradece o mesmo. Ressalta a simplicidade e a ética do homenageado.

 

002 - MARIA LÚCIA PRANDI

Ex-Deputada Estadual, saúda as autoridades presentes. Ressalta a importância do Maestro no cenário musical brasileiro. Parabeniza a Deputada Telma de Souza pela homenagem. Tece elogios à Deputada por feitos na cidade de Santos. Destaca o lançamento de CD de Gilberto Mendes na Bélgica, mostrando seu reconhecimento mundial.

 

003 - Presidente TELMA DE SOUZA

Anuncia apresentação do trailer "A Odisséia de Gilberto Mendes".

 

004 - ODORICO MENDES

Filho do homenageado Gilberto Mendes, saúda os presentes. Desculpa-se pela ausência do pai, por motivos de saúde. Lembra festival de música que projetou o homenageado. Informa que o pai foi funcionário da Caixa Econômica Federal por 35 anos. Destaca qualidades do Maestro. Cita música que Gilberto Mendes fez para seu filme. Fala do filme em que o pai atuará, "Saudade do Parque Balneário". Ressalta a simplicidade do pai. Afirma que Gilberto Mendes é respeitado e considerado no mundo todo. Agradece a Deputada Telma de Souza pela homenagem.

 

005 - Presidente TELMA DE SOUZA

Presta homenagem, com entrega de placa comemorativa aos 90 anos do Maestro e Compositor Gilberto Mendes, entregue ao seu filho, Odorico Mendes. Faz agradecimentos gerais. Informa que a sessão será transmitida pela TV Assembleia em data oportuna. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Telma de Souza.

 

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A SRA. PRESIDENTE – TELMA DE SOUZA - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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A SRA. PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Compondo a Mesa, tenho à minha direita o Sr. Odorico Mendes, filho do homenageado maestro Gilberto Mendes; à minha esquerda, sempre Deputada Estadual Maria Lúcia Prandi; novamente à minha direita, maestro Roberto Martins, compositor e regente do Madrigal Ars Viva e do Coral Municipal de Santos; e à minha esquerda, o vereador Francisco Leite da Silva, o famoso Bigode, representando o Presidente da Câmara Municipal de Cubatão, Donizete Tavares do Nascimento; também se encontra entre nós o Sr. Nelson Mendonça, Presidente da Sociedade Ars Viva; o Sr. Lucas Daniel Echimenco, ele me explicou que é um nome russo aportuguesado, representando o Deputado Estadual Celso Giglio, primeiro vice-Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo; e o meu queridíssimo escritor, amigo pessoal, tanto meu como do Gilberto Mendes, nosso querido maestro Flávio Amoreira.

Isso dito, Senhoras e Senhores, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente efetivo desta Casa, Deputado Barros Munhoz, atendendo solicitação desta deputada com a finalidade de homenagear o maestro e compositor Gilberto Mendes por seus 90 anos de existência. Convido neste momento a todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela seção da Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do subtenente músico PM maestro Araújo, a quem já dou meus agradecimentos. Muito obrigada.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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A SRA. PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Muito obrigada aos músicos, agradecimento feito ao subtenente músico PM maestro Araújo, muitíssimo obrigada.

Agradecendo a seção da Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, eu tenho a honra de dirigir algumas palavras a respeito do nosso homenageado, nosso querido maestro Gilberto Mendes.

Eu queria, antes de qualquer coisa, dizer que o meu querido amigo Gilberto Mendes não está entre nós por um motivo muito simples, o fato de hoje ele estar com uma gripe, porque o tempo mudou em Santos, ele não pode subir a Serra em função dessa situação. Sendo assim, ele está representado pelo Odorico Mendes e por todos nós, todos aqueles que sabem do valor de Gilberto Mendes no cenário musical do país, e eu diria até do mundo.

Quando nós fazemos esta homenagem, nós sabemos que é uma homenagem de pouca duração em tempo físico, se eu posso falar em tempo físico, mas é assim que é. Mas quando nós fazemos uma homenagem deste calibre, nós significamos para a pessoa homenageada a unanimidade dos 94 deputados desta Casa e, principalmente, a ação suprapartidária de todos, que pelo voto direto da população chegaram à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Acho que o Gilberto é uma pessoa que transcende esse tipo de homenagem, viu Odorico, mas se não vamos fazê-las, eu acho que fica uma lacuna, porque muitas vezes nós vemos homenagens que não têm a transcendência e principalmente o tamanho e o alcance daquilo que o seu pai tem feito em termos da música; e porque não, em termos da própria capacidade de ser humano, em fazer a humanidade cada vez mais especial. Sendo assim, queria ler algumas palavras sobre Gilberto Mendes. Sem ele a cultura brasileira não seria a mesma. No limiar da primavera de 1922, ano da Semana da Arte Moderna, a fértil Santos gerava mais um de seus brilhantes rebentos. Há 90 anos Gilberto Ambrósio Garcia Mendes estreava nos palcos da vida. Palco este onde surgiu para brilhar. Ele próprio costuma classificar sua obra como música de vanguarda erudita, gênero pouco divulgado pela grande mídia, mas que goza de grande prestígio em altos círculos intelectuais.

Reconhecidamente um dos maiores compositores do Brasil conta com mais de 200 obras em seu extenso e rico currículo. Doutor pela Universidade de São Paulo, jornalista, músico e compositor de renome internacional, Gilberto Mendes iniciou os seus estudos aos 18 anos no Conservatório Musical de Santos. Praticamente autodidata em composição, frequentou o renomado Curso de Verão de Música Nova em Darmstadt, na Alemanha, na década de 1960. A esta altura Gilberto Mendes já pavimentara o caminho que o levou a ser conhecido como um dos pioneiros da música experimental aleatória e do teatro musical no Brasil.

Em 1961, há 51 anos, criou com o colega e compositor Willy Corrêa de Oliveira, além do maestro alemão Klaus Dieter Wolf, que certamente será reconhecido mesmo com o passar dos séculos como um dos maiores legados culturais de Santos, a Sociedade Madrigal Ars Viva, que mantém um dos mais tradicionais corais do Brasil. Gilberto Mendes é também um dos signatários do Manifesto Música Nova, publicado pela Revista de Arte de Vanguarda Invenção de 1963. A trajetória do maestro santista é tão rica e diversificada a ponto de verbetes com seu nome constarem das principais enciclopédias e dicionários mundiais, como o inglês Grove, o alemão Rieman, o norte americano Dictionary of Contemporarry Music, entre inúmeros outros. Sua obra foi tocada nos cinco continentes, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. Destacam-se “Santos Futebol Music”, tão atual depois do Tricampeonato do Peixe, “Beba Coca-Cola” para corais, e o “Concentro para Piano e Orquestra” para orquestras, “Saudades do Parque Balneário Hotel”, e “Vila Socó Meu Amor” para grupos instrumentais, além de inúmeras outras, incluindo diversas peças para piano e canções.

No Brasil recebeu, entre outros, o Prêmio Carlos Gomes do governo do Estado de São Paulo, e foi indicado para o 1º Prêmio Multicultural do Jornal O Estado de S.Paulo. Em cerimônia no Palácio do Planalto em Brasília no ano de 2004, Gilberto Mendes recebeu a insígnia e o diploma de sua admissão na Ordem do Mérito Cultural, na classe de comendador do Ministério da Cultura, das mãos do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Como se já não bastasse, o maestro é membro honorário da Academia Brasileira de Música e do Colégio de Compositores Latino-Americanos de Música e Artes, com sede no México.

A arte tem mil facetas e tem facetas mil também. Da música o nosso homenageado explodiu na sétima arte. No cinema foi tema de “Odisséia Musical” de Gilberto Mendes. A obra dirigida por seu filho Carlos, irmão do Odorico, recebeu as melhores críticas dos mais diversos veículos especializados. Do Estado de S.Paulo, as palavras: “Trabalho delicado e muito, e muito agradável de se ver e ouvir”. Da Folha de S.Paulo, a seguinte frase: “É algo que se digere com incrível apetite”. E o Globo disse: “Os registros são igualmente acachapantes para leigos e conhecedores”.

Como se vê, motivos e láureas para justificar esta homenagem do povo paulista aqui nesta noite não faltam. Ter a homenagem de celebrar a vida por intermédio da entrada do genial Gilberto Mendes em sua nonagésima década de existência, não tem preço. Para fugir do convencional, aplaudamos hoje não a obra, mas o homem, seu pai, Odorico. Parabéns e muito obrigada pelo Brasil e pelo mundo ao maestro Gilberto Mendes. Obrigada. (Palmas.)

Com a palavra, antes do Odorico, a nobre e sempre Deputada Maria Lúcia Prandi, amiga pessoal também de Gilberto Mendes. Por favor.

 

A SRA. MARIA LÚCIA PRANDI - Boa noite a todos. Sra. Presidenta desta sessão, nobre Deputada Telma de Souza; filho do homenageado, o nosso querido Gilberto Mendes, caro Odorico; nosso maestro digníssimo continuador do trabalho de Gilberto Mendes no Ars Viva, nosso querido Roberto Martins; nosso vereador da cidade de Cubatão, querido Bigode; Senhoras e Senhores, um abraço especial a todos que estão aí e que conhecem de perto a importância do Gilberto Mendes no cenário artístico brasileiro.

Eu disse que a Deputada Telma de Souza me pregou uma peça, não pensava em usar a palavra. Mais uma vez, Deputada Telma de Souza, quero parabenizá-la, porque como você disse, algumas convenções muitas vezes não são tão valorizadas por muitos, especialmente as pessoas que estão à frente do tempo, são de vanguarda, especialmente artistas como Gilberto Mendes. Mas é nosso dever, especialmente neste momento, você ocupando o cargo na Assembleia Legislativa mais importante do nosso país, no Estado mais importante também do Brasil, deixar registrado na história esta homenagem dos 90 anos de Gilberto Mendes.

Pra nós, amigos e admiradores de Gilberto Mendes, o importante é guardar em nosso coração, tê-lo como a amigo, ter a honra e o privilégio de tê-lo como eleitor, mas, acima de tudo, é nosso, é seu dever e você faz sempre com maestria, como você reeditou o Festival de Música Nova quando prefeita de Santos que havia sido abandonado, deixar registrado na história para que outras depois de nós reconheçam sempre a importância de pessoas e artistas como Gilberto.

Você já disse tudo, disse da obra dele, mas acima de tudo da figura humana. E Gilberto é daquelas pessoas que tem posição na vida. Daqueles artistas que vem ao mundo e fazem da arte a verdadeira transformação, não só na arte, mas na maneira de ver o mundo no seu respeito ao ser humano ao seu país e mundialmente conhecido. Eu nunca vou esquecer quando em viagem ao exterior vi com enorme emoção o lançamento de um CD do Gilberto Mendes na Bélgica, aquilo me tocou mais do que qualquer coisa que eu pudesse estar vendo no Velho Mundo, porque era o companheiro, o amigo, o artista, o brasileiro reconhecido internacionalmente.

Embora corinthiana, parabéns a todos os santistas de nascimento ou de coração ou de torcida do Santos mesmo, brincadeira a parte, pelo Tricampeonato. Todos nós estamos muito felizes hoje, a cidade está feliz, o Estado está feliz; mas, acima de tudo, estamos felizes, os amigos e os admirados do Gilberto, por seus 90 anos. E ele nos brinde ainda por muitos anos com a sua genialidade e sua amizade. Muito obrigada. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Obrigada, sempre Deputada Maria Lúcia Prandi, por suas palavras generosas a respeito de Gilberto Mendes.

Antes de passar a palavra para Odorico Mendes, representando o nosso homenageado, nós vamos ver a apresentação do trailer do filme “A Odisséia de Gilberto Mendes”, dirigido por seu outro filho, Carlos Mendes, e narrado por sua neta, Nara. (Palmas.)

 

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- É feita a apresentação do trailer.

 

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A SRA. PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Pois é, esse jovem de 90 anos, antes de se dedicar integralmente a carreira musical, foi caixa bancário da Caixa Econômica, e vejam como atividades tão dispares podem acontecer quando alguém tem um propósito ou um dom maior.

Agora chega de falar. Agora a palavra é com seu filho, seu DNA, por favor, Odorico Mendes.

 

O SR. ODORICO MENDES - Boa noite. Em nome do Gilberto, quero agradecer a todo mundo, Deputada Telma de Souza, muito obrigado. Ao Roberto também, e pedir desculpas por ele não poder ter vindo. Meu pai é asmático desde sempre e qualquer mudança de temperatura rola uma asma, e aqui em São Paulo ele piora, e rolou uma febre e o médico não deixou ele vir. Ele queria muito vir, mesmo porque pra ser artista no Brasil, toda e qualquer homenagem é muito importante. Então, eu agradeço não só em nome do Gilberto, como em nome de quem mexe com artes, porque se não é uma arte popular, consegue muito pouca projeção.

Inclusive, até acho assim, uma das coisas que colaborou muito para a produtividade do Gilberto foi o fato de que, de uma maneira ou de outro, ele foi conseguindo com a ajuda de muita gente, inclusive da senhora a manutenção do Festival que projetou a obra de muita gente. E que integrou a música brasileira com a música internacional, e gerou com isso uma qualidade e uma quantidade também que não é normal em muitos artistas brasileiros que encontram bastante dificuldade de conseguir recursos e sobreviver. Meu pai trabalhou 35 anos na Caixa, porque música erudita não dá recurso para ninguém sobreviver dela. Porém, a meta dele com a música era fazer música, não ganhar dinheiro. Também eu digo assim, ele não sofreu com isso, ele foi um pai muito legal, deu muito abertura.

Imaginem que eu, com 18 anos, falei que queria estudar cinema. Naquela época pior coisa do mundo, artista era sinônimo de malandro. O cara é o maior artista! Então, em geral, quando a gente falava que ia ser músico ou cineasta, ator nem se fala, normalmente não se recebia apoio dos pais. Eu tive a sorte de ser filho de uma pessoa moderna, extremamente inteligente e culto, e se fosse olhar nos moldes normais, ele teria me repreendido como pai. Mas ele não era exatamente um cidadão normal, porque ele trabalhava no banco e depois virava a noite compondo no piano, e tínhamos de ficar quieto, não podia fazer barulho, não podia fazer nada. Até ia para os vizinhos às vezes.

Mas o que eu digo é isso, para o Gilberto a música é tudo. Ele não viveu da música, ele viveu para a música. E apesar de todo esse papo de Música de Vanguarda, Música Nova, eu diria que a Música Nova e a Música de Vanguarda foi um período da vida dele que dentro da obra dele de repente nem é o maior, mas que ficou muito marcado como Música Nova, e eu acredito que devido ao Festival, porque o Festival de Música Nova que ele trabalhou mais como produtor do que músico, porque tocava muito mais música de todo mundo. Mas acabou refletindo na imagem, mas se pegar a obra do meu pai tem desde canções, obras para piano simples, para grandes orquestras, que são obras instrumentais e que são obras normais, que em nenhum momento eu diria que ele se propôs, eu digo isso porque eu o escuto falando, a se colocar como nenhum renovador da música. Foi um movimento que rolou naquele momento, dos anos 60, 70 e depois normalizou, virou música. Ele gosta de ser chamado como músico contemporâneo.

E eu agradeço muito de ter podido trabalhar com ele, eu tive a honra que ele fez a música do meu último filme, eu sou cineasta, eu sou diretor e produtor há anos, e de longe a melhor coisa do filme é a música dele. Não foi nem eu que falei isso, foi dito. Tenho a honra de trabalhar com um longa metragem cujo roteiro estou desenvolvendo junto com ele, ele vai ser ator, ele vai ser um dos personagens do filme. Ele é um pianista num boteco. E o título é “Saudades do Parque Balneário Hotel”, meu pai tem uma ligação enorme com esse Parque Balneário, porque lá que se dançava naquela época. Vocês vão ver muito do Parque Balneário nos textos dele, na obra dele e agora ele me convenceu a botar esse título no filme, que é um título horrível para filme, imagina “Saudades do Parque Balneário Hotel” nem cabe nos letreiros de cinema, mas como ele é pé quente, eu vou colocar. É um filme que retrata o ambiente que o Gilberto cresceu, é um cidadão que está escrevendo um livro e vai procurar inspiração nos artistas da cidade que frequentam um bar onde ele é pianista. E então rolam várias coisas da história de Santos, como quando os ingleses aportaram lá, quando afundaram um navio alemão na Argentina e vieram consertar ali, e o Clube Inglês deu uma festa para os oficiais, e muitos ingleses ficaram lá em Santos, moram lá até hoje, eu conheci alguns inclusive.

O que eu queria falar para encerrar é que é importante dizer que o Gilberto é uma pessoa simples. Ele nunca quis o glamour, a fama, o que ele queria era fazer a música. E ele sempre foi comunista de carteirinha, como todo bom artista dos anos 60, tinha que ser comunista, senão não fazia sucesso. A maioria nem sabia o que era isso, mas era comunista. E que eu diria que com bastante orgulho que ele conseguiu, em minha opinião pelo menos, o que ele almejou. E que todo mundo reconheceu no mundo inteiro. Eu viajei o mundo inteiro atrás das obras dele, e em qualquer canto ele sempre muito respeitado, muito considerado, e ele sempre soube retribuir, ele sempre trouxe pra cá as pessoas que levavam os brasileiros pra lá quando ele tinha oportunidade. Então, eu fico muito feliz de ser filho dele, e muito feliz de vocês estarem o homenageando. Muito obrigado, e mais uma vez desculpem por ele não poder ter vindo. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Eu que agradeço ao Odorico, e não vou ficar quieta se eu não disser alguma coisa sobre o Parque Balneário Hotel. Eu vejo que há pessoas jovens na platéia e quem é de Santos sabe que nós tivemos algumas décadas atrás um hotel de muita elegância. Mais do que luxo, era elegante, e era principalmente um espaço onde as formas arquitetônicas, o mármore usado, os espelhos bizotados, os candelabros, a pérgula, vejam bem essa palavra, a pérgula, um pequeno caramanchão onde havia sempre a noite um conjunto tocando e casais, evidentemente, dançando.

Na verdade, quando nós vimos o Gilberto dançando com a neta, ele fez um livro, como é mesmo o nome Flávio? “Cada Um Com Sua Dança, A Dança de Cada Um”, onde ele coloca as várias músicas, músicas do cancioneiro popular internacionais de Cole Porter a Frank Sinatra, porque ele é um dançarino. Vendo o Gilberto dançar, eu desconfio muito de quem não dança, sabia? Eu acho estranho uma pessoa que não dança, tem algo errado com a pessoa. É uma declaração pós morten pra mim, não é possível que a pessoa não dance. O que quer dizer, não é Renata, quem dança percebe alguma coisa a mais que os comuns mortais.

Eu falo isso do Gilberto, porque quem priva da amizade dele sabe como ele é simples. Este é o grande paradoxo, a grandeza dele é medida pela simplicidade e pela facilidade do acesso que se tem a ele. É uma pessoa extremamente exigente com a estética, com a ética, com os padrões políticos, com os padrões que ele até hoje é um representante. A elegância dele andando no fim do filme com aquele vento batendo nos cabelos, aquela figura longilínea, realmente aquilo é heráldico, viu Odorico. Eu acho que ele tem o porte físico dele toda dimensão da grandeza que ele já alcançou, e aquilo que ele compreende e percebe do que nós pessoas comuns nessa vida.

Então, quero agradecer mais uma vez a todos os Senhores e Senhoras que aqui estão. Mas antes de terminarmos esta sessão, nós vamos ofertas uma placa comemorativa com o timbre desta Assembleia para que Odorico seja o portador para o Gilberto Mendes. Aliás, vocês perceberam que o Odorico não fala “meu pai’, ele fala o Gilberto. Olhem a intimidade de pai e filho, isso não é pouca coisa. Então, eu gostaria que agora pudéssemos fazer uma homenagem concreta ao maestro Gilberto Mendes na entrega desta placa. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da placa.

 

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A SRA. PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Odorico diz que ele é publicitário e tem que mostrar a placa, não tem jeito.

Os dizeres são o seguinte: Há uma frase de Ludwig Van Beethoven, que diz o seguinte: “A música é capaz de reproduzir em sua forma real a dor que dilacera a alma, e o sorriso que inebria. Ludwig Van Beethoven”, “A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, por iniciativa da Deputada Telma de Souza - PT, parabeniza o maestro e compositor santista Gilberto Mendes pelos seus 90 anos de vida, música e arte. São Paulo, 14 de maio de 2012. Telma de Souza, Deputada Estadual PT”.  (Palmas.)

Esgotado o objeto da presente sessão, a Presidência agradece as autoridades e a todos que com sua presença colaboraram para o êxito desta solenidade. Lembrando que nós teremos a reprodução desta sessão sábado, às 22 horas, no canal 13 da Baixada Santista, e no canal da TVA aqui de São Paulo.

Isso deliberado, declaramos encerrada a presente sessão.

Muito obrigada. (Palmas.)

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 33 minutos.

 

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