029ª
SESSÃO SOLENE PARA HOMENAGEAR OS “90 ANOS DO INSTITUTO DE ENGENHARIA”
DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA
Data: 18/08/2006 - Sessão
29ª S.
SOLENE Publ. DOE:
Presidente: FAUSTO FIGUEIRA
HOMENAGEAR OS "90 ANOS
DO INSTITUTO DE ENGENHARIA"
001 - FAUSTO FIGUEIRA
Assume a Presidência e abre
a sessão. Anuncia as autoridades presentes. Informa que esta sessão solene foi
convocada pela Presidência efetiva, a pedido do Deputado ora na condução dos
trabalhos, com a finalidade homenagear os 90 Anos do Instituto de Engenharia.
Convida a todos para, de pé, ouvirem a execução do Hino Nacional.
002 - CARLOS EDUARDO MENDES GONÇALVES
Presidente do Conselho
Consultivo do Instituto de Engenharia, parabeniza esta Casa pela homenagem
prestada ao Instituto de Engenharia. Destaca a participação do Instituto nos
principais momentos políticos do Estado de São Paulo.
003 - EDUARDO FERREIRA LAFRAIA
Presidente do Instituto de
Engenharia, agradece a homenagem e fala sobre o papel do Instituto no futuro do
país.
004 - ARNALDO JARDIM
Deputado Estadual,
cumprimenta o Instituto de Engenharia pelos seus 90 anos. Tece considerações
sobre o futuro da profissão de engenheiro.
005 - PAULO TROMBONE NASCIMENTO
Secretário Adjunto de Estado
dos Transportes, comenta a importância do Instituto de Engenharia na sua vida
profissional.
006 - Presidente FAUSTO
FIGUEIRA
Lembra a importância do
fundador do Instituto de Engenharia, Ramos de Azevedo. Diz sobre o
reconhecimento desta entidade por sua contribuição no desenvolvimento do Estado
de São Paulo e do Brasil, como o primeiro Código de Trânsito, a participação na
Revolução Constitucionalista de 1932, no Pró-Álcool e na Cosipa. Agradece a
todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.
* * *
O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
- É dada como lida a Ata da sessão anterior.
* * *
O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Esta Presidência convida, para compor a Mesa, o Dr. Paulo Trombone Nascimento, Secretário Adjunto de Estado de Transportes, representando neste ato o Exmo. Sr. Governador do Estado Cláudio Lembo; Dr. Eduardo Ferreira Lafraia, presidente do Instituto de Engenharia; Dr. Carlos Eduardo Mendes Gonçalves, presidente do Conselho Consultivo do Instituto de Engenharia.
Senhoras e Senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Rodrigo Garcia, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de homenagear os 90 Anos do Instituto de Engenharia.
Convido todos os presentes para, em pé, ouvirmos a execução do Hino Nacional Brasileiro.
* * *
- É executado o Hino
Nacional Brasileiro.
* * *
O PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Esta Presidência concede a palavra ao engenheiro Dr. Carlos Eduardo Mendes Gonçalves, presidente do Conselho Consultivo do Instituto de Engenharia.
Minhas
senhoras e meus senhores, hoje é um
dia de alegria e de saudade. De alegria por iniciarmos a comemoração dos 90
anos de vida nesta Casa das Leis à qual estamos ligados por tantos laços de
afinidade.
Entendemos que a Assembléia Legislativa do
Estado de São Paulo, símbolo de democracia, ao homenagear a nossa entidade,
quer testemunhar a todos, engenheiras e engenheiros de São Paulo e do Brasil, o
importante papel que o Instituto tem desempenhado, em toda a sua história, no
desenvolvimento da engenharia do país, assim como no restabelecimento e
aperfeiçoamento do regime democrático no Brasil.
E, saudade, pois o Instituto não poderia
deixar de hoje lembrar os seus maiores Ramos de Azevedo, Paula Souza, este
também o criador da Escola Politécnica de São Paulo, Plínio de Queiroz,
Alexandre Albuquerque e todos aqueles que construíram a nossa Casa e estão
presentes em nossa memória e em nossos corações.
Evocando essa memória, vem-nos à lembrança o
empenho do Instituto de Engenharia, quando se junta a Olavo Bilac em sua
Campanha Nacionalista e pela obrigatoriedade do serviço militar, que era
assunto de importância extrema na época.
A luta do IE pela instituição do direito de
voto e secreto aos homens e mulheres.
Este Palácio Nove de Julho, cujo nome
homenageia o extraordinário Movimento Constitucionalista de São Paulo, e que
está sendo comemorado agora no Hall Monumental deste Parlamento, tem em sua
vizinhança a nossa Casa, que foi um dos baluartes e a incentivadora da gloriosa
Epopéia de 32.
Foi fundamental e decisiva a participação do
Instituto na preparação e no desencadear da Revolução de 1932, quando organizou
as famosas Delegacias Técnicas, comandadas e dirigidas pelos engenheiros.
Com alguns deles, temos a alegria de
conviver. Mencionarei o meu colega que aqui está presente, Abrão Yasigi Neto.
(Palmas). Não sei se está presente, mas não poderia deixar também de dizer da
nossa alegria em conviver também com Archimedes de Barros Pimentel, e outros
tantos que, felizmente, ainda estão entre nós.
Permitam-me também citar alguns, que já se
foram: o Coronel Engenheiro Alexandre Albuquerque, que comandava todas as
Delegacias Técnicas; também o meu pai, o Major Engenheiro Annibal Mendes
Gonçalves, que fabricava artefatos e munições no Departamento Central de
Munições. Aliás, nesta Casa, cheguei a ver algumas das peças que foram
fabricadas pelo grupo ao qual eles se integraram.
O Instituto de Engenharia, por suas
Delegacias Técnicas, se ocupou da logística de toda a operação militar,
organizou a retaguarda, as comunicações, os suprimentos, mobilizou a indústria
e ainda contribuiu com o sangue derramado de seus heróis, estudantes e já
engenheiros imortalizados nas hermas e placas do Mackenzie e do Instituto de
Engenharia.
Em 32 o Instituto escreveu uma das mais
belas páginas de sua história. Nessa ocasião, como depois, na 2ª Guerra
Mundial, a nossa ainda incipiente indústria, começou a ser implantada,
organizada, aperfeiçoada, graças ao esforço de nossa engenharia, representada
no Instituto pelos seus vultos mais eminentes.
Empresários, professores, profissionais
liberais, funcionários que, pela sua colaboração benévola e desinteressada,
tornavam o Instituto o verdadeiro centro da engenharia de São Paulo, onde se
feriam não só os debates sobre os problemas técnicos e científicos de toda
natureza, como também sobre as questões políticas e sociais que preocupavam a
Nação.
O movimento de opinião, que levou o governo
de então a declarar guerra às ditaduras fascistas do eixo, teve o Instituto na
sua linha de frente.
O fim da guerra viu o Instituto de
Engenharia ocupar lugar de realce nos movimentos cívicos que empolgavam o povo
brasileiro em sua luta pela redemocratização do país.
Deve-se assinalar, como brilhante tradição
do Instituto, o Simpósio de Ranulpho Pinheiro Lima, que também foi o grande
incentivador da Revista Engenharia. Como dizia, assinalando como brilhante
tradição do Instituto o Simpósio, mais adiante continuado pela Távola de Lauro
de Barros Siciliano, e agora pelo Centro Democrático dos Engenheiros, que é de
todos nós.
Cenáculos onde se debatiam e se debatem
temas de engenharia, sob todos os seus ângulos, como também as questões que
mais preocupam e interessam à opinião pública.
Temas que vão - e que estão muito na moda -
da inclusão do Brasil e do Instituto de Engenharia na era digital, aos
problemas energético, de saneamento, ambientais, transportes, até a reforma
política, a questão tributaria e também, - e como! - os mensalões, sanguessugas
e quejandos.
Mas voltando, com saudade, ao passado, não
poderia deixar de lembrar aos mais antigos e dizer aos mais novos, à velha e à
nova guarda, da importância do Simpósio na difusão das idéias brilhantes e
arrojadas de seus simposiastas.
Era uma simples mesa. Mas que mesa! Mesa do
Simpósio, ao redor da qual se reuniam as figuras mais representativas da
Engenharia do tempo. Tribuna livre onde desfilavam os mestres da engenharia, os
cidadãos atuantes e os colegas amigos.
Simpósio onde se desconheciam as posições
hierárquicas; onde alunos debatiam com os mestres, assalariados com os patrões,
funcionários com os chefes; onde a liberdade de palavra e de pensamento era
ilimitada.
O Simpósio viu consolidar-se a
regulamentação do exercício da profissão do engenheiro, a criação da Escola de
Engenharia Mauá, a fundação da Cosipa, o Álcool. O Proálcool nasceu do
Simpósio. Para mencionar apenas algumas realizações provindas das idéias
brotadas nesse colégio de sumidades.
Era fascinante para os jovens engenheiros e
estudantes, como eu, assistir aos debates daquela plêiade, desenvolvendo seus
brilhantes raciocínios e arrazoados. E depois, ao brindarem uns aos outros,
separarem-se, voltando à cátedra na universidade, às empresas, às secretarias
de Governo, às pranchetas dos projetos.
Eram reuniões que interpretavam a posição da
classe dos engenheiros face aos grandes problemas de ordem técnica ou de
natureza social e política.
Os poderes do Estado acompanhavam
atentamente tais debates e suas conclusões, que, na maior parte das vezes,
serviam de parâmetros para as decisões de governo.
Era o tempo em que o engenheirando, após
colar grau, incontinenti se dirigia ao Instituto para fazer sua inscrição,
mesmo antes de se registrar no CREA.
A Távola, sucessora do Simpósio, viu, ouviu,
debateu com professores, cientistas, ex-presidente, ex-governadores, senadores,
Deputados, acadêmicos, estudantes. O mesmo ocorre hoje com as reuniões dos
colegas, participantes do Centro Democrático dos Engenheiros.
De grande repercussão são os seminários,
congressos e encontros organizados e levados a cabo quase que diariamente pelo
Instituto de Engenharia.
Não poderia deixar de me referir às divisões
técnicas que representam um grande subsídio para todas as conclusões e todos os
estudos que o Instituto de Engenharia patrocina.
Pode-se dizer que, nesses 90 anos, o
Instituto sempre esteve à frente de todos os movimentos, lutas e ações pelo
desenvolvimento científico e tecnológico do país e pelo aperfeiçoamento de suas
instituições.
Ao chegar à idade provecta, o Instituto de
Engenharia, honrando suas nobres e caras tradições, patrimônio inalienável que
lhe foi legado, está à altura de nossa época. A sua voz é e tem que continuar a
ser ouvida, sua independência assegurada, sua liberdade defendida.
A Casa do Engenheiro pode, deve e continua a
ser não só o dinâmico e atualizado centro de estudos e de debates científicos e
técnicos, como também o da discussão e defesa dos princípios pelos quais sempre
lutou, em toda sua longa e rica história.
E bem por isso deve ter assegurado o livre
gozo e uso de seus bens, condição, se não suficiente, necessária para continuar
a percorrer seu caminho de trabalho em prol da comunidade paulista e
brasileira.
Para que o Instituto continue a ser, como
dizia, o centro da engenharia de São Paulo é condição “sine qua non” que tenha
recursos que permitam desenvolver suas atividades e, para isso, precisa dispor
livremente de seu patrimônio.
Sabemos que pode contar com a compreensão, o
interesse e o apoio da augusta Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.
O Instituto de Engenharia orgulha-se de ser
recebido por esta Assembléia, reitera a identidade de anseios e ideais que com
ela partilha, vendo-a como a legítima representante dos princípios que
informaram sua fundação e acompanham sua trajetória de quase um século.
A despeito de todas as crises e
dificuldades, a despeito da época conturbada com que nos deparamos, com todas
suas contradições e paradoxos, o mundo e o Brasil progridem e, por certo,
chegaremos à síntese que, imagino eu, esteja com o racionalismo de Descartes e
as idéias de Pascal.
A Assembléia de São Paulo e o Instituto de
Engenharia estarão sempre na linha de frente.
O Instituto de Engenharia compreende o
significado da homenagem que lhe presta a Assembléia Legislativa de São Paulo,
agradece profundamente a honra que recebe e manifesta a certeza de que sempre
com ela caminhará, lado a lado, comungando os mesmos ideais, pelo cada vez
maior desenvolvimento e progresso moral, intelectual e político de nossa terra
de Piratininga. (Palmas.)
O Sr. Presidente - Fausto Figueira - PT - Antes de dar a palavra ao próximo orador, passo a nominar algumas autoridades aqui presentes: Engenheiro Roberto Salvador Scaringella, Presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego; Engenheiro Rui Arruda Camargo, Diretor Secretário do Instituto de Engenharia; Engenheiro João Batista de Oliva, Presidente da Associação Brasileira dos Engenheiros Eletricistas de São Paulo; Alfredo Cotait Neto, suplente do Senador Romeu Tuma e membro do Instituto de Engenharia; Abrahão Henrique Badra, Presidente da Associação dos Moradores da Vila Nova Conceição; Engenheiro Jason Pereira Marques, Diretor de Assuntos Acadêmicos do Instituto de Engenharia; Hélio Cava, vice-Presidente da Associação dos Assistentes Agropecuários do Estado de São Paulo; Edemar de Souza Amorim, vice-Presidente de Atividades Técnicas; Tunehiro Uono, vice-Presidente de Relações Externas; Engenheiro Plínio Assmann, representando a empresa Trends Engenharia e Tecnologia; Nélson Neuton Ferraz, gerente de Projetos da WTS Engenharia; Abran Belk, Diretor de Informática do Instituto de Engenharia; Engenheiro Ronaldo da Rocha, vice-Presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária.
Passo a palavra ao Dr. Eduardo Ferreira Lafraia, Presidente do Instituto de Engenharia.
O SR. EDUARDO FERREIRA LAFRAIA - Deputado Fausto Figueira, quero cumprimentá-lo e, dessa forma, cumprimentar todos os Deputados presentes.
Quero cumprimentar o meu amigo, Presidente do Conselho Consultivo do Instituto de Engenharia que, com a emoção que lê o seu discurso, demonstra a emoção que todos sentimos neste evento.
Caro Paulo Trombone, amigo do Instituto de Engenharia, hoje representando o nosso Governador Cláudio Lembo.
Existem diversas entidades ligadas à engenharia presentes - não vou citar todas. Quero cumprimentar o João Del Nero, Presidente do Sinaenco - São Paulo e, dessa forma, cumprimentar os demais presidentes presentes.
Ex-Presidentes do Instituto de Engenharia. Temos aqui presentes, hoje, seis ex-Presidentes: Cláudio Amaury D’laqua, Maçahico Tisaka, Arpad Mihalaic, Plínio Osvaldo Assmann, Hélio Martins de Oliveira e José Roberto Bernasconi. Muito obrigado pela presença! (Palmas.)
O Instituto de Engenharia é dividido: temos a Diretoria; temos o Conselho Superior, o Conselho Consultivo, comandado pelo Mendes Gonçalves, composto por ex-presidentes e ex-vice-presidentes - é o nosso conselho dos sábios-; e temos o Conselho Deliberativo. Grande parte dos membros desses dois conselhos está presente. Obrigado pela presença, também!
Quero fazer um destaque ao cumprimentar os sócios presentes. Também fazer um destaque aos sócios remidos do Instituto de Engenharia. São pessoas que já cumpriram sua missão, que já trabalharam muito no Instituto de Engenharia, que têm mais de 30 anos de casa e que na hora do aperto, na hora em que o Instituto precisa de apoio, sempre comparecem e têm dado um significativo apoio nesta época de dificuldades por que temos passado.
Minhas senhoras e meus senhores, em primeiro lugar, eu agradeço ao Deputado Fausto Figueira por ter proposto esta homenagem aos 90 Anos do Instituto de Engenharia. É uma homenagem que nos sensibiliza bastante.
Não sei se o senhor sabe, Deputado, mas o Instituto é uma entidade de associação voluntária. Todos que estão aqui são sócios do Instituto porque querem. Ninguém tem obrigação de ser sócio do Instituto. É a hora em que o engenheiro se transforma em cidadão e vem defender o Brasil, a engenharia, o nosso desenvolvimento por convicção. Estamos fazendo isso há 90 anos. O Instituto de Engenharia encarregou Carlos Mendes Gonçalves de falar da história do Instituto, das grandes conquistas e dos grandes feitos.
Além de preservar a nossa história e homenagear os nossos antecessores, temos de pensar no futuro do Brasil e da Engenharia. Vou falar um pouquinho sobre os próximos 90 anos. Espero que daqui a 90 anos, quando estivermos aqui, tenhamos um quadro um pouco diferente, e acredito, melhor. Estamos preparando o instituto para esse Mundo Novo.
Aquelas reuniões que o Mendes Gonçalves cita, da Távola, do Centro Democrático, nesse Mundo Novo já não tem muito espaço. É um mundo de uma comunicação nova, diferente. Não se sai mais do seu escritório às seis da tarde, vamos até o Palácio Mauá tomar um aperitivo e discutir os problemas do Brasil. Hoje, se fizer isso, você perde uma hora com o deslocamento. Com isso não estou criticando o meu amigo Scaringella, que está presente, responsável pelo trânsito de São Paulo. Mas vamos dizer que a comunicação mudou. Hoje nós queremos o Instituto de Engenharia se comunicando com o engenheiro que está em São José do Rio Preto, que está no Rio de Janeiro, que está em Manaus. Num evento na semana passada tivemos uma transmissão ao vivo pela Internet. O diretor do Banco Mundial acessou e participou do nosso evento via Internet.
Esse é o futuro do Brasil. Nesse período de globalização não vamos mais disputar com a empresa que fala português, que está ao nosso lado. Vamos disputar o mercado, talvez, com uma empresa que está na Ásia, ou na Europa. Então, vamos ter de nos preparar para enfrentar esse novo mundo. E penso que estamos no caminho. Com essa fundação nos últimos 90 anos temos infra-estrutura suficiente para nos preparar para os próximos 90 anos. São idéias novas que estão sendo discutidas, novas formas de gestão e de operação. Ontem, inclusive, tivemos um almoço no Instituto de Engenharia para discutir como financiar a infra-estrutura tão necessária para o Brasil nos próximos anos. Temos de parar de depender do governo, temos de inventar novas formas.
O Engenheiro Arnaldo Jardim, que por acaso é Deputado atualmente e que estava presente nesse almoço ajudou-nos a discutir esse assunto.
Esse é um instituto que eu vejo como sendo do Brasil do futuro. É um instituto provedor de conteúdo. Temos de juntar todas as informações que existem sobre a engenharia brasileira e facilitar o acesso a essas informações. Sinto hoje que temos, como missão do instituto, de organizar todos esses vetores que, muitas vezes, estão trabalhando de forma desordenada, atirando para os lados. Temos de alinhar os vetores de forma que todas essas entidades aqui presentes, que todo o nosso trabalho funcione numa linha contínua e tenha um ponto de convergência em algum lugar.
Além de ser um provedor de conteúdo, juntando as informações das diversas entidades, temos de transformar esse instituto numa entidade articuladora de esforços, coisa em que a engenharia está trabalhando muito. Não falta esforço e trabalho da engenharia. O brasileiro é trabalhador. Muitas vezes o que falta é uma articulação desses esforços no mesmo sentido. Com uma comunicação mais rápida e com uma visão de articulação da sociedade esse será o instituto que estamos mirando.
Deputado Fausto Figueira, isso é uma coisa que, de uma certa forma, a Assembléia está fazendo também, que vocês fazem, eleitos pelo povo. Mas existem algumas coisas que são significativas. A Assembléia está fazendo agora a Consolidação das Leis Paulistas. É um trabalho magnífico. Estão tentando, para quem não sabe, consolidar as leis que não funcionam, ou que já foram substituídas por outras leis, facilitando os códigos paulistas de forma que seja mais fácil sabermos o que é que está vigente e como fazermos para seguir a lei e fazer com que as coisas aconteçam.
Uma outra coisa que a Assembléia está fazendo, dentro dessa linha que falei, de articulação que o instituto faz no setor da engenharia, é a articulação da sociedade. Nós assinamos recentemente com a Assembléia um protocolo de cooperação técnica que, quando acionado pela Assembléia, ou, quando precisarmos de alguma coisa dela, vamos trabalhar de forma conjunta. Isso que a Assembléia fez com o Instituto de Engenharia dá para fazer com uma porção de entidades de São Paulo. Quer dizer, o que a Assembléia Legislativa está fazendo? Está articulando os esforços da sociedade para um caminho conjunto. E eu cumprimento a Assembléia por esse trabalho que está sendo feito.
Quero dizer que na nossa visão a mudança da sociedade brasileira não passa só pelo governo, não passa só por esta Casa. Passa, principalmente, pela sociedade. E o instituto é uma entidade que há 90 anos luta por isso. Em 1916 um grupo de engenheiros resolveu criar uma entidade ligada à Engenharia. No começo de 1917, em fevereiro, criaram a primeira diretoria, que foi presidida por Ramos de Azevedo. A partir dessa data, há 90 anos estamos trabalhando e lutando por isso. Hoje, se não trabalharmos em conjunto, sociedade com os poderes públicos, poderemos quando muito ter um crescimento uniforme. Mas o crescimento uniforme é muito pouco para nós. Temos de crescer aos saltos, exponencialmente, e buscar o atraso que temos. Temos de pensar hoje em como os nossos filhos e os nossos netos terão uma vida melhor.
O Brasil, na verdade, se pensarmos bem, vendo os índices de desenvolvimento econômico e social, já melhorou bastante. Mas isso não pode nos satisfazer. Temos de fazer com que ele cresça com muita rapidez. Essa é a missão do Instituto de Engenharia, na minha visão, Deputado Fausto Figueira. Essa é a missão da Assembléia Legislativa. Penso que é também a missão de cada um que aqui está presente. Agradeço mais uma vez à Assembléia Legislativa e peço ao Deputado Fausto Figueira que transmita o nosso agradecimento ao Presidente desta Casa, Deputado Rodrigo Garcia. Muito obrigado. Contem com o Instituto de Engenharia. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Antes de passar a palavra ao próximo orador gostaria de nominar mais algumas autoridades: Engenheiro Silvio Motta Pereira, Diretor de Engenharia da CPTM; Engenheira Miriam Fontana, representando a sub-Prefeitura de Parelheiros; Sr. Frederico Bussinger, Secretário Municipal de Transportes, o Engenheiro, por enquanto Deputado Estadual Arnaldo Jardim, quiçá Deputado federal, a quem concedo a palavra.
O SR. ARNALDO JARDIM - PPS - Exmo. Sr. Deputado Fausto Figueira, 1º Secretário desta Casa e Presidente desta sessão. Quero cumprimentá-lo por esta iniciativa. Isso demonstra sua sensibilidade: um médico cuidando bem da Engenharia. Fico muito feliz por essa sua iniciativa de realizar esta Sessão Solene. Não posso deixar de vincular este momento a um dos últimos momentos em que estivemos juntos. Estivemos juntos outras vezes, mas, particularmente no Instituto de Engenharia quando participamos lá de um painel em que se discutiu estrategicamente a questão do Porto de Santos. Eu penso que os dois fatos falam por si só. De um lado a presença do Deputado Fausto Figueira que demonstra essa sensibilidade, ele que integra a Mesa diretora da Assembléia, e o fato de ter discutido isso como representante regional, mostrando que tem uma visão estratégica de desenvolvimento.
Cumprimento
o Sr. Lafraia e todos os membros da Mesa, as pessoas que aqui estão. Estou
absolutamente feliz em vê-los nesta Sessão, meu caro Fausto Figueira. Você os
conhece mas penso que tenho, até por dever do ofício, a obrigação de conhecer
mais as pessoas que aqui estão. Nós temos aqui a elite da engenharia nacional,
a melhor representação da engenharia de projeto e de consultoria. Temos aqui
pessoas que, no âmbito de funções públicas exercem, a partir da sua condição de
engenheiro, responsabilidade muito acentuada nos diferentes segmentos: área de
Transportes com acentuada presença e a área de Saneamento também se fazendo
representar, enfim, temos aqui, de forma geral, uma presença marcante da área
da construção.
Temos
segmentos, do ponto de vista das entidades de classe, do conjunto daquilo que
representa o CREA e o Sindicato dos Engenheiros, portanto, temos a melhor e a
mais viva expressão da Engenharia nacional.
De
minha parte, quero dizer da minha alegria de recentemente ter sido eleito, ao
lado de outros, para o Conselho do Instituto de Engenharia, o que significou
uma ampliação de minha responsabilidade, do meu vínculo com o Instituto.
Estamos
vivendo um momento muito importante da vida nacional.
Vou
fazer uma colocação política, que não será partidária evidentemente, porque não
é adequado, muito menos eleitoral, mas neste momento político, no sentido mais
profundo da palavra do que estamos vivendo, em que estamos redefinindo rumos,
qualquer que seja o resultado destas eleições sabemos que teremos de fazer um
ajuste muito sério do modelo econômico que aí está.Teremos de buscar um modelo
que viabilize a possibilidade de investimentos na infra-estrutura do País,
coisa que não se faz há muito tempo de uma forma mais significativa.
Vamos
ter de repensar a nossa base de Educação no seu sentido amplo, de educação
tecnológica especificamente.
Recentemente
tivemos algumas tentativas importantes nesse sentido. A Poli teve um papel
destacado nesse sentido quando lançou a Poli 2015: o pensamento sobre a
formação do engenheiro. Estamos nos preparando para um processo continuado de
aprendizado.
O
nosso diploma, que hoje é permanente, como o é o do médico, não será assim mais
brevemente. Será algo como uma carteira de motorista, que terá de ser renovada
de tempos em tempos, uma licença provisória para exercer a sua profissão, onde
o volume do conhecimento, a velocidade da compreensão das coisas exigirá que
essa atualização seja permanente.
É
nesse quadro de desafio nacional estrutural, é nesse quadro do desafio da
Engenharia, como bem disse o Lafraia, cada vez mais globalizada, com um
aprendizado permanente, que se localiza a missão do Instituto de Engenharia.
Distinto
em relação à questão do sindicato, que é reivindicativo, que fala mais no
exercício da profissão, distinto daquilo que é a função do CREA, o Instituto de
Engenharia tem de ser sempre uma instância de pensar estrategicamente o nosso
País dentro do contexto internacional.
Está
aqui o nosso querido Cláudio, da Upadi, que tem essa visão internacionalista -
como muitos de nós - de pensar localmente. Nós temos aqui a representação de
subprefeituras, então, temos a conexão daquilo que é o pensar global e o agir
local, que deve estar sempre presente na compreensão do engenheiro e na missão
do Instituto de Engenharia.
Portanto,
acho que é momento de comemorar - e como diz Milton Nascimento “se muito vale o
já feito, mais vale o que será” - aquilo que é a história gloriosa do Instituto
de Engenharia e a certeza de que ele vai estar atualizado, presente, mobilizado
para fazer com que o profissional do desenvolvimento, o engenheiro, tenha,
através da representação do Instituto de Engenharia, atue no sentido de pensar
o nosso País, o nosso Estado, a nossa gente. Parabéns a todos. Viva o Instituto
de Engenharia! Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Esta Presidência quer
destacar a presença do Dr. José Roberto Bernasconi, Presidente do Sinaenco.
Passo
a palavra, neste momento, ao Dr. Paulo Trombone Nascimento, Secretário Adjunto
de Estado dos Transportes, representando o Exmo. Sr. Governador Cláudio Lembo.
O SR. PAULO TROMBONE NASCIMENTO – Bom dia a todos. Exmo. Sr. Presidente, nobre
Deputado Fausto Figueira, 1º Secretário desta Casa, que preside hoje este
evento.
Quero,
antes de mais nada, dar-lhe os parabéns pela sensibilidade que V. Exa. demonstra
para com a Engenharia, para com essa maravilhosa Casa da Engenharia que é o
Instituto de Engenharia. Realmente merece destaque em qualquer colocação que se
faça hoje.
Quero
cumprimentar o Doutor Carlos Eduardo Mendes Gonçalves, que aqui representa o Conselho
do Instituto. Todos sabem da importância desse órgão dentro do Instituto de
Engenharia. Ao cumprimentá-lo também o faço a todos os sócios e dedicados
integrantes do Instituto de Engenharia.
Meu
amigo Deputado e Engenheiro Arnaldo Jardim, cujo brilhantismo vimos há
instantes. Como sempre, é um prazer encontrá-lo e contar com V. Exa. nas lutas
da Engenharia, o que tem sido uma constante. E estando em Brasília, contaremos
com um ponto de apoio muito sólido. Espero que V. Exa. venha a ser eleito e nos
ajude no futuro, no Congresso Nacional, a colocar essa temática na linha de
frente.
Quero
cumprimentar o meu amigo Frederico Bussinger, Secretário Municipal dos
Transportes e na sua pessoa, a todas as autoridades municipais aqui presentes.
Não
poderia ser diferente em relação ao meu amigo Eduardo Lafraia, conhecido
recente, mas já grande amigo, porque se revela um líder com sensibilidade para
as circunstâncias do mundo moderno. Da mesma forma, na sua pessoa, cumprimento
todos os ex-presidentes do Instituto aqui presentes, a quem respeito muito.
Como lembrou bem o Deputado Arnaldo Jardim, representam a fina flor da
Engenharia paulista e brasileira. Eu diria até que representam uma fração
significativa do que é a Engenharia comprometida em nosso planeta.
Estamos
aqui para comemorar os 90 anos de história do Instituto de Engenharia e eu tive
uma modesta participação, mas sofri uma grande influência do Instituto de
Engenharia. Quando estava terminando o meu curso de Engenharia, comecei a fazer
reuniões. A primeira entidade de Engenharia onde tive oportunidade de
participar foi justamente o Instituto de Engenharia, em 1979, quando estava no
quinto ano de Engenharia e ainda lá no Palácio Mauá tive oportunidade de
participar de uma série de discussões sobre desenvolvimento tecnológico do
Brasil. E isso é simbólico.
Eu
suspeito que muitas das nossas autoridades e lideranças no desenvolvimento
econômico, na atividade tecnológica, na indústria, possivelmente tiveram
trajetórias parecidas. Em algum momento tiveram ocasião de interagir de perto
com essa poderosa caixa de idéias que é o Instituto de Engenharia. Caixa de
idéias que não se contenta em deitar sobre o leito das glórias passadas, mas
continuamente se renova, continuamente busca refletir as novas necessidades e o
novo mundo que sistematicamente se apresenta para todos nós na sociedade
brasileira e, em particular, para todos nós na área da Engenharia.
O
Instituto de Engenharia é muito forte nessa capacidade de funcionar como um
elemento de síntese, um instrumento de articulação do debate público e de
construção de novas visões, conceitos, de proposições concretas, além de ajudar
a formar quadros de altíssima qualidade naquela fase da educação da pessoa em
que ela sai da escola e passa a viver a prática e precisa de um espaço onde
refletir em conjunto com os colegas os problemas que não são resolvidos a
partir dos bancos escolares. Mas, dependem do debate público, da discussão
coletiva.
É
por isso que me sinto extremamente à vontade em representar o nosso Governador,
Professor Cláudio Lembo, Reitor da Universidade Mackenzie, liberal de
carteirinha, homem de grande sensibilidade social e que sabe da importância da
sociedade civil, que sabe o quanto é vital para o desenvolvimento de um estado,
de um País, a existência de entidades fortes, capazes de refletir e construir
visões amplas a partir dos anseios, às vezes, um tanto quanto brownianos - se
me permitem aqui o comentário de um engenheiro - que a sociedade produz muitas
vezes em direções contraditórias.
São
necessários espaços de reflexão onde se construam essas visões, que podem
servir de referência para as decisões de quem tem momentaneamente oportunidade
de participar do poder ou do estado. É nessa linha que eu trago aqui o
cumprimento do Governo do Estado pelos 90 anos do Instituto de Engenharia.
Presidente Eduardo Lafraia, o senhor hoje tem a responsabilidade de conduzir esta casa e de nos ajudar a comemorar um passado glorioso. Mais do que isso: tem a responsabilidade de nos ajudar a construir a próxima etapa: o futuro. E espero daqui a 90 anos poder comemorar os 180 anos do Instituto de Engenharia, já então com os cabelos bem brancos, mas ainda entusiasmado com a capacidade que tem o nosso Instituto de nos empurrar para a construção de uma sociedade mais justa e de apostar no desenvolvimento do País. O Governador não poderia jamais deixar de participar desta reunião e não encaminhar aqui ao Instituto os seus profundos votos de parabéns e os seus votos de vida longa e próspera à Casa da Engenharia. Obrigado a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Minhas senhoras e meus senhores, Dr. Carlos Eduardo Mendes Gonçalves, Presidente do Conselho Consultivo do Instituto de Engenharia, que nos emocionou falando da sua casa; companheiro, amigo, Dr. Eduardo Ferreira Lafraia, Presidente do Instituto de Engenharia; Dr. Paulo Trombone Nascimento, que representa neste ato o Governador Cláudio Lembo - e nós do Partido dos Trabalhadores pela postura do Governador Cláudio Lembo já estamos nos acostumando a chamá-lo de companheiro Cláudio Lembo -; ex-Presidentes do Instituto de Engenharia, Cláudio Amaury Dall’Acqua; Maçahico Tisaka; Jan Arpad Mihalic; Plínio Oswaldo Assmann; Hélio Martins de Oliveira; José Roberto Bernasconi; eu queria aproveitar e praticar um pouquinho de nepotismo e fazer homenagem a um tio meu, Ruy de Salles Penteado, engenheiro e que está hospitalizado; não está aqui fisicamente mas representado pelo seu sobrinho que preside e propõe esta homenagem.
Estamos fazendo hoje esta sessão no Auditório Franco Montoro. Normalmente as sessões são realizadas no Plenário Juscelino Kubitschek, que está sofrendo uma obra de engenharia.
Para mim é uma honra prestar esta homenagem em nome da Assembléia Legislativa. É muito bom termos mandato porque mandato significa fazermos em nome das pessoas que representamos alguma coisa que elas desejam que façamos. Hoje interpreto um sentimento coletivo. Esta proposta nasceu minha, mas é assumida pela Assembléia como um todo. Hoje, esta homenagem é do Parlamento, da Casa Legislativa, que dos poderes constituídos é o mais democrático. Aqui estão Deputados de todos os matizes e credos políticos, de todas as ideologias. Neste momento, o Poder Legislativo do Estado de São Paulo, a maior Assembléia Legislativa do País, presta essa homenagem em nome do povo do Estado de São Paulo ao Instituto de Engenharia.
É uma honra para mim prestar esta homenagem em nome da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, a uma instituição quase centenária que teve como um dos fundadores e primeiro presidente uma pessoa da envergadura do engenheiro Francisco de Paula Ramos Azevedo.
Ramos Azevedo foi um homem que olhou para o futuro ao erguer na cidade de São Paulo monumentos como o Teatro Municipal, a Pinacoteca do Estado ou o popular Mercado da Cantareira.
Também em Santos, cidade que me acolheu e onde criei raízes, deixou sua marca registrada na construção do belissimo e prédio da Câmara Municipal, onde fui Vereador por três mandatos.
Talvez como sua última homenagem a Santos, foi nesta cidade que Ramos de Azevedo faleceu em junho de 1928.
Falo em Ramos de Azevedo porque ele, como homem de visão, com certeza previu vida longa para o Instituto de Engenharia - hoje aos 90 anos uma das mais tradicionais entidades de engenheiros do Brasil.
O que é ser engenheiro ou engenheira? Para mim, que sou médico e portanto leigo no assunto, ser engenheiro ou engenheira e ser concretizador de sonhos.
Um administrador público quando sonha em realizar uma grande obra, como uma estrada, por exemplo, quem ele chama para concretizar o objetivo sonhado?
Um industrial que quer expandir sua empresa, quem ele chama para elaborar a planta e erguer o futuro complexo?
Chegando a mais perto de nós, o sonho da casa própria é realizado or quem?
E como diz o presidente do Instituto de Engenharia, engenheiro Eduardo Ferreira Lafraia; "Em tudo tem um pouco de engenharia"!
O Instituto de Engenharia, nos seus 90 anos de vida, foi muito além de seu princípio básico de assistir e prestar serviços aos profissionais da área ou as empresas.
Como bem lembra o presidente Lafraia, foi no Instituto de Engenharia onde se elaborou o primeiro Plano Diretor da cidade de São Paulo e o primeiro Código de Trânsito, este apresentado no ano de 1949.
Foi também no interior do Instituto que muito se debateu a Revolução Constitucionalista de 1932. Foi em seu interior onde pioneiramente também começou-se a falar no Pró-Alcool e na Cosipa, e quero render homenagem a meu presidente da Cosipa, Plínio Asman, com quem tive a honra de trabalhar durante os anos em que fui médico da Cosipa.
Em resumo: nos últimos 90 anos a história do Instituto se funde à história de São Paulo.
Mas nem tudo são flores. De duas décadas para cá muitas grandes empresas na área da engenharia deixaram de existir devido ao baixo crescimento econômico brasileiro. Por isso muita competência profissional e know-how ficaram hibemando.
Mas sem a intenção de partidarizar o problema e muito menos fazer proselitismo político, o Brasil está achando o seu rumo, haja vista pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas divulgada esta semana.
Segundo a FGV, 53,6%, portanto mais da metade das indústrias brasileiras, pretendem investir em novas fábricas e na compra de equipamentos.
Qual a finalidade destes investimentos? É para aumentar a produção. E só há aumento da produção se houver crescimento.
Serão, portanto, cerca de R$ 21,5 bilhões em investimentos de um único setor da economia nacional.
Em seus 90 anos, o Instituto de Engenharia fez por merecer muitas glórias. Sabedora deste passado e olhando para o futuro, como fez Ramos de Azevedo, a sua atual diretoria está sintonizada com o tempo presente.
Em tempos de informática, a meta de criar de um Instituto Virtual é sem dúvida meritória.
O Instituto virtual vai reunir todas as experiências espalhadas e as democratizará para os engenheiros com um simples toque de computador.
Por tudo o que já disse, tenho a convicção que o Instituto de Engenharia continuará a reunir voluntariamente engenheiros e engenheiras para debater os interesses da categoria e, principalmente os interesses da sociedade brasileira.
Quero citar um engenheiro aqui presente, Scaringella, meu companheiro de lutas estudantis e resistência à ditadura nos anos 70.
Nesta sessão solene a Assembléia Legislativa reconhece a contribuição de uma entidade no desenvolvimento de São Paulo e do Brasil para reduzir as desigualdades sociais e no desenvolvimento técnico e científico da engenharia.
Faço parte da Mesa Diretora desta Casa e tenho orgulho de trabalhar com
o Deputado Rodrigo Garcia, Presidente desta Assembléia. Foram citadas aqui duas
coisas que julgo extremamente importantes pelo Presidente Lafraia, que é a
consolidação das leis, e esse convênio que temos feito com entidades
representativas que permite a elas, de uma maneira organizada, participar do
processo legislativo. Nós legisladores devemos ouvir a sociedade como um todo
para que o processo legislativo seja aprimorado. Cerca de 22 mil leis estaduais
regem hoje a nossa vida e nesse cipoal de leis muitas vezes nós nos perdemos e,
a rigor, não conseguimos exercer os nossos direitos. Então, a consolidação da
legislação, que está sendo feita com participação de todos os partidos
políticos e promovida por esta Mesa Diretora, é um importante instrumento de
avanço democrático que temos procurado atualizar e democratizar na nossa
Assembléia Legislativa. E quero ressaltar a importância do papel do nosso
Presidente Rodrigo Garcia.
Encerro desejando vida longa e continuidade de sucesso para o Instituto
de Engenharia, parceira oficial desta Casa de Leis quanto às proposituras de
interesse da categoria e da população paulista.
Não tenho certeza de que estaremos presentes fisicamente nos próximos 90 anos e na comemoração dos 180 anos. Mas seguramente como aqui estão os ex-presidentes, estaremos presentes e daremos continuidade, nas próximas gerações, com o fruto que estamos produzindo, seja o fruto intelectual, sejam os filhotes que criamos para continuar honrando o Estado de São Paulo.
Fico muito feliz por ter proposto esta homenagem, que é fruto de uma convivência. Como aqui destacou o Deputado Arnaldo Jardim, quero falar da importância de eu ter participado, entre tantos eventos de interesse nacional realizados pelo Instituto, de um importante seminário para discutir a questão do Porto de Santos, um porto do Brasil e não somente da Cidade de Santos, da Baixada Santista, do Estado de São Paulo. Também quero aproveitar para destacar a figura do Sr. Frederico Victor Moreira Bussinger, ex-diretor da Codesp e que hoje dirige a Secretaria de Transportes da Cidade de São Paulo.
Estas são as minhas palavras, meu agradecimento aos senhores por me terem proporcionado a oportunidade de, em nome de todos, prestar esta homenagem pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. (Palmas.)
Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades, aos funcionários desta Casa e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade. E convida a todos para um coquetel no Hall Monumental. Muito obrigado. (Palmas.)
Está encerrada a sessão.
* * *
- Encerra-se a sessão às 11 horas e 18 minutos.
* * *