029ª SESSÃO
SOLENE
RESUMO
001 - DAVI ZAIA
Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes.
Informa que a presente sessão fora convocada pelo Presidente Barros Munhoz,
atendendo solicitação do Deputado Davi Zaia, ora à Presidência, com a
finalidade de comemorar os "175 Anos da Fundação da Mongeral Aegon Seguros
e Previdência". Convida todos os presentes para, de pé, ouvir o Hino
Nacional Brasileiro. Tece comentários sobre a publicação de um livro sobre os
175 anos da empresa. Faz relatos sobre o desenvolvimento desta ao longo do
tempo.
002 - HELDER MOLINA
Diretor-Presidente Executivo da Mongeral Aegon, lê e comenta trecho do
livro que trata da história da empresa. Fala sobre a situação atual da Mongeral
Aegon. Elogia a todos que contribuíram para a formação da empresa. Entrega ao
Presidente deste ato o primeiro exemplar do referido livro.
003 - ROBERTO FREIRE
Senador, cita que o Brasil não tem a tradição de empresas centenárias.
Menciona que o jornal "Diário de Pernambuco" é a empresa mais antiga
do País. Comenta que a Mongeral manteve a tradição, mas também acompanhou as
mudanças políticas e econômicas do Brasil.
004 - NILTON MOLINA
Presidente do Conselho de Administração da Mongeral, fala que a história
da empresa permeia três séculos. Informa sobre a origem do nome da empresa.
Cita que os primeiros movimentos de Previdência Social no País datam do Governo
de Getúlio Vargas e, posteriormente, com a criação do IAPs, Instituto de
Aposentadoria e Pensões dos Industriários, Instituto de Aposentadoria e Pensões
dos Comerciários.
005 - Presidente DAVI ZAIA
Agradece as palavras do Senhor Nilton Molina. Fala que serão oferecidos exemplares do referido livro a todos os presentes. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.
* * *
- Assume a Presidência e
abre a sessão o Sr. Davi Zaia.
* * *
O SR.
PRESIDENTE – DAVI ZAIA - PPS - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a
proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
Com base nos termos da
XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de
bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.
* * *
- É dada como lida a Ata da sessão
anterior.
* * *
O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS -
Compondo a Mesa,
temos o Sr. Nilton Molina, Presidente do Conselho de Administração da Mongeral Aegon, Sr. Fernando
Mota, vice-Presidente do Conselho de Administração da Mongeral
Aegon, Sr. Helder Molina, Diretor-Presidente
Executivo da Mongeral Aegon,
Sr. Valdemir Caputo,
Diretor-Comercial Regional da Mongeral Aegon.
Senhoras Deputadas,
Senhores Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi
convocada pelo Presidente efetivo desta Casa, Deputado Barros Munhoz, atendendo
solicitação deste Deputado, com a finalidade de comemorar os 175 Anos da
Fundação da Mongeral Aegon
Seguros e Previdência.
Convido todos os
presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela
Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do 2º Tenente
Músico PM Jassen Feliciano.
* * *
- É executado o Hino
Nacional Brasileiro.
* * *
O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS -
Esta Presidência
agradece à Banda da Polícia Militar, na pessoa do 2º Tenente Músico PM Jassen Feliciano.
Registramos a presença do
Sr. Osmar Navarini, Diretor-Comercial da Mongeral Aegon, Sr. Sidney Uliris Bortolato Alves,
Secretário-Geral da OAB-SP, representando Dr. Luiz Flávio D’Urso, Presidente da
OAB, 1º Tenente Luciano Peixoto representando o Comandante do Policiamento de
Aérea Metropolitana-2, ex-Deputado Rafael Baldacci.
Muitos podem indagar o
motivo de a Assembleia realizar uma Sessão Solene para comemorar o aniversário
de fundação de uma empresa. Propusemos esta Sessão Solene, primeiro, porque são
pouquíssimas empresas que têm esse tempo de atividade ininterrupta, 175 anos,
em um país como o nosso. Só isso já seria razão suficiente para a realização
deste evento.
Em segundo lugar, por se
tratar de uma empresa que nasceu pensando a questão da previdência, do seguro,
em um momento em que o País não tinha a Previdência instituída oficialmente,
pois ainda não era uma preocupação dos brasileiros, como é hoje.
Atualmente, esse é um dos
temas mais importantes em discussão na sociedade brasileira. Algumas vezes,
pensamos a Previdência como um tema debatido apenas no Congresso, mas a verdade
não é essa, porque ele também é discutido pela sociedade. Quando assistimos a
um debate no Congresso Nacional, no Senado Federal, fica claro que esta é uma
preocupação de todos nós no dia a dia: quando a pessoa não pode mais continuar
trabalhando para ter seu sustento, qual sistema de Previdência irá abarcar essa
situação?
O Sr. Helder Molina, em
uma das visitas que fiz à Mongeral, falava sobre os
175 anos da empresa e da iniciativa de se fazer um livro contando essa
história. A partir daí, surgiu a proposta de realizar
esta Sessão Solene na Assembleia Legislativa de São Paulo, a Casa que
institucionalmente representa o povo de São Paulo, elaborando a legislação
estadual, e, ao mesmo tempo, marcando os fatos que compõem nossa história:
fatos e eventos públicos, que marcam a vida do país, e atos e fatos da vida
privada, empresas que são constituídas, setores que se organizam.
Justifico, assim, a
proposta, feita por nós e acatada pelo Presidente da Casa, Deputado Barros
Munhoz, de realização desta Sessão Solene, para que fique registrada, nos Anais
da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, a Comemoração dos 175 Anos da
Fundação da Mongeral Aegon
Seguros e Previdência, que, durante todo esse tempo, cumpriu seu papel e honrou
seus compromissos.
Temos grande satisfação
em receber na Assembleia Legislativa as pessoas que fazem parte dessa empresa e
os senhores que, de alguma forma, também participam da vida da Mongeral.
Fundada em 1835, foi
pioneira no lançamento do ramo de previdência e seguros. Hoje, associada à Aegon, é um dos maiores grupos de seguro do mundo. Como
disse, teremos o lançamento do livro que conta suas origens, remontando à
monarquia, sua sobrevivência às várias mudanças políticas e econômicas, que
sempre provocam sobressaltos e preocupações. Para a sobrevivência de uma
empresa desse campo, as mudanças econômicas, com certeza, trazem mais preocupações.
Em uma empresa que cuida
de previdência e seguro, como a Mongeral, as questões
não se resolvem em curto prazo, porque é preciso pensar sempre anos à frente.
Se pensarmos no período de contribuição de uma pessoa que faz um plano de
previdência e no período do benefício, estamos falando em um século.
Dá para imaginar o que
significam, para uma empresa, as mudanças econômicas que acontecem,
principalmente as profundas mudanças pelas quais nosso país passou nesse
período; ela tem de se sustentar, garantir as contribuições e, acima de tudo, o
benefício. Poucas empresas tiveram a felicidade de passar por essas
transformações econômicas, conseguindo cumprir suas obrigações. A Mongeral conseguiu esse feito, pois passou, durante esses
anos, por todas essas transformações.
Quem viveu na década de
70, 80, conheceu bem as altas taxas inflacionárias, a correção monetária, e
sabe como era difícil pensar previdência, pensar seguro, pensar compromissos ao
longo do tempo. Nos últimos 25 anos, com certeza, ficaram mais fáceis, pela
estabilidade monetária. Nós aqui somos muito jovens perto do 175 anos da Mongeral.
Não foi uma tarefa fácil
manter uma empresa ao longo período, pois a própria regulação do setor e da
atividade era praticamente inexistente. Alguns podem imaginar que a falta de
uma regulação mais específica poderia ser uma vantagem para exercer a
atividade, mas isso não é verdade, porque, depois, sempre surge uma regulação e
pega a atividade em andamento, como foi o caso da Mongeral.
O Sr. Nilton Molina e o
Sr. Helder Molina, quando fizerem uso da palavra, poderão relatar, com maior
riqueza de detalhes, a história da empresa e o que significa fazer 175 anos.
Na época dos nossos avós, a preocupação com previdência era nenhuma. Meu
avô nasceu em 1903, bem depois da Mongeral, e nunca
se preocupou com previdência. A previdência dele era o número de filhos, que
iriam tocar a roça. E foi assim que aconteceu. Ele faleceu no sítio onde
morava, e todos continuaram trabalhando.
Meu pai nasceu na década
de 30 e começou a se preocupar, porque entendeu que os filhos não iriam ficar
na roça. Com certeza, quando não pudesse mais trabalhar, não teria condições de
sobreviver no sítio. Por isso, já se preocupou em pagar o Funrural.
Nós que começamos nossa
atividade em uma década mais recente sempre nos preocupamos com a carteira
assinada, para ter acesso à Previdência oficial. Mais recentemente, passamos a
nos preocupar em ter, além da Previdência oficial, um plano de previdência
complementar.
Olhando a experiência de cada
geração, podemos ver as mudanças em termos de preocupação com a previdência no
Brasil. É essa história que a Mongeral representa de
forma muito mais ampla, mostrando inclusive sua capacidade em acompanhar o
conjunto de mudanças para estar sempre em dia com o que era necessidade de cada
tempo. Melhor dizendo, mais à frente do que era a necessidade de cada momento.
Por essa razão, conseguiu
sobreviver todo esse tempo, cumprindo o papel ao qual se propôs em 1835, época
de sua fundação. O livro relata parte da história do Brasil e fatos importantes
da Mongeral. É essa a importância que queremos
destacar com a realização desta Sessão Solene, pois o tema previdência é um dos
mais candentes da atualidade do povo brasileiro.
Quando a Mongeral foi criada, a realidade não era a de hoje. Um
pequeno exemplo seria a comparação entre o número de filhos naquela época e
agora. Hoje, estamos começando a deixar de ser uma sociedade de jovens e
passando a ser uma sociedade formada por pessoas com mais idade. Portanto, a questão
da previdência é colocada com mais força.
Como Presidente desta
Sessão, como Deputado que propôs sua realização, temos uma grande alegria, pois
estamos comemorando os 175 Anos da Mongeral, uma
empresa que continua viva, cumprindo seu papel. Além disso, estamos tendo
oportunidade de falar sobre um tema tão importante para o nosso país.
Esta Sessão Solene está
sendo gravada pela TV Assembleia e será transmitida no próximo sábado, dia
A Presidência concede a
palavra ao Sr. Helder Molina, Diretor-Presidente Executivo da Mongeral Aegon.
O SR. HELDER MOLINA - Nobre Deputado Davi Zaia, nosso
muito obrigado por esta Sessão Solene. Nós da Mongeral
nos orgulhamos muito em estar novamente nesta Casa, que já nos acolhe muito
bem.
Meus companheiros,
colaboradores, parceiros e todos que estão aqui nos prestigiando em uma data
tão importante, como o Deputado Davi Zaia comentou, fizemos um livro que conta a história da Mongeral,
mesclada com um pouco da história do Brasil.
Em vez de falar dessa
trajetória, gostaria de ler a introdução do livro:
“Orgulho do passado,
compromisso com o futuro. A Mongeral Aegon, a mais antiga empresa de seguros e previdência do
Brasil, tem o imenso prazer de publicar sua história construída ao longo dos
últimos 175 anos. Durante todo esse extenso percurso, manteve-se em constante
evolução, renovando-se a cada ciclo para atender às expectativas e necessidades
de várias gerações de segurados. Quem tem compromisso com o futuro não pode
descansar sobre as conquistas do passado.
Poucas empresas no mundo
chegaram aos 175 anos em plena atividade. Muito poucas na mesma cidade e no
mesmo endereço. Pouquíssimas podem se orgulhar de permanecer dedicadas ao mesmo
tipo de negócio, empenhadas na satisfação dos ideais de proteção e segurança de
milhares de famílias. A Mongeral Aegon
fez isso.
Sem deixar de operar um
dia sequer, desde 1835, nossa companhia permeou dois regimes de governo:
Monarquia e República. Sobreviveu a revoluções, guerras locais e mundiais, a
crises políticas e econômicas, a toda sorte de dificuldades, mantendo seus
tradicionais valores vivos e incólumes e uma jovialidade que desafia o tempo.
Este livro conta uma
história de sucesso, repleta de desafios e atos de pioneirismo, através das
pessoas que fizeram tudo acontecer: dirigentes, funcionários, parceiros,
corretores, segurados e beneficiários da companhia. Foram estadistas,
militares, servidores públicos, aristocratas, profissionais liberais e
trabalhadores de todas as especialidades que contribuíram para edificar essa
obra sólida e longeva, com dedicação, crença, sacrifício e esperança. Acima de
tudo e de todos, os nossos clientes, personagens principais em cada vitória e
em cada realização. Eles são o nosso maior patrimônio e merecem o nosso eterno
agradecimento.
Hoje, a Mongeral Aegon é uma empresa
moderna, dinâmica e criativa, perfeitamente afinada com um país em permanente
desenvolvimento. Assim como o Brasil do século XXI, assumimos nossa
responsabilidade com o futuro, sempre atentos às necessidades da população.
Quando a expectativa de vida avança, já nos antecipamos ao idealizar produtos
específicos para a terceira idade. Se os riscos dos profissionais de Segurança
Pública aumentam, estamos prontos a lhes garantir maior proteção na mesma medida
em que as mulheres expandem seu papel na sociedade. Ampliamos nossas soluções
para atender às suas exigências.
Da mesma forma, agimos em
benefício dos profissionais liberais, militares e servidores públicos. Estamos
sempre um passo à frente das mudanças, procurando fazer por merecer a confiança
e o prestígio dos nossos clientes, o respeito e a admiração dos nossos
concorrentes.
Por tudo isso, a Mongeral Aegon completou os
primeiros 175 anos com motivação para muito mais. Este é o espírito que permeou
a nossa trajetória até aqui e nos estimula a continuar. Desde os escriturários
que, ainda no século XIX, registravam manualmente cada um dos movimentos, à luz
vacilante das lamparinas, os incansáveis corretores que percorrem quilômetros
por todos os dias, no trabalho contínuo de descobrir necessidades e produzir
recursos às gerações de famílias que confiaram o seu futuro à nossa empresa,
até os órfãos e viúvas que viram as nossas promessas serem cumpridas.
A todos
que nos ajudaram e nos ajudam nessa missão o nosso muito obrigado.”
Deputado
Davi Zaia, quero passar às mãos de V. Exa. o
primeiro exemplar do livro sobre a história da Mongeral
que entregamos
* * *
- É feita a entrega dos
livros sobre a Mongeral.
* * *
O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS -
Dando prosseguimento
à sessão, queremos registrar a presença do Senador Roberto Freire, a quem
concedemos a palavra para que faça sua saudação.
O SR. ROBERTO FREIRE - Nobre Deputado Davi Zaia, pessoas
presentes, inicialmente, quero fazer um registro: apesar dos meus 32 anos de
mandato parlamentar, esta é a primeira vez que falo desta tribuna e confesso
que isso nos causa certa emoção.
Quero saudar o
Diretor-Presidente, Dr. Helder Molina, o vice-Presidente
do Conselho de Administração da Mongeral Aegon, Dr. Fernando Mota, o Presidente do Conselho de
Administração, Dr. Nilton Molina, o representante do Comandante do Policiamento
de Aérea Metropolitana-2, Tenente Luciano Peixoto, o Secretário-Geral da OAB-SP,
Dr. Sidney Uliris Bortolato
Alves, representando Dr. Luiz Flávio D’Urso, Presidente da OAB; Dr. Osmar Navarini, Diretor-Comercial da Mongeral
Aegon e o Sr. Valdemir Caputo, Diretor-Comercial Regional da Mongeral
Aegon, antigo companheiro e amigo.
Quero saudar o nobre
Deputado Davi Zaia por esta iniciativa, pois, em um
país como o Brasil, ter uma empresa com mais de 170 anos de existência é algo
merecedor de todas as homenagens.
Em outros países, as
instituições são mais permanentes, o que reflete, do
ponto de vista cultural, maior respeito à tradição, maior civilidade em
processos democráticos. Isso traz um pouco o passado, e o reverenciar o passado
significa que também temos condições de ter um futuro a ser reverenciado.
Quando isso não acontece, é um pouco “terra arrasada”. O Brasil, infelizmente,
não tem o costume de garantir processos mais permanentes que reflitam,
como está acontecendo aqui, uma instituição a caminho do bicentenário.
Sou de um Estado que tem
a mais antiga instituição brasileira, o jornal “Diário de Pernambuco”. É o
jornal mais antigo em circulação na América Latina; o segundo é o “El Mercurio", do Chile. É algo que orgulha os
pernambucanos e também os brasileiros, mas ainda é pouco, porque temos certa
idade como país. Diferentemente daqueles
que falam de 500 anos, nossa história é um pouco mais recente. A história do
povo brasileiro, do falar português, não passa dos 300 anos. Portanto, é
preciso ter certo cuidado em falar de 500 anos. Essa época talvez seja uma
referência ao pau-brasil, não ao mínimo de nação organizada, como temos hoje.
A questão da tradição é
muito mal entendida no Brasil. Participei de debates na tribuna da Câmara dos
Deputados, quando discutíamos as reformas no mundo do trabalho. A principal
delas, com a liderança de Mário Covas, discutindo se deveríamos ou não mudar as
relações de trabalho e a própria institucionalidade dessas relações nos portos
brasileiros.
Mário Covas era de Santos
e tinha, no Governo Itamar, época em que exerci a liderança do Governo, uma
preocupação muito grande, porque aquilo significaria romper mais de 50 anos de
relações de trabalho estruturadas, organizadas. Eu diria que, em alguns
momentos, até com certa “esclerose”. Mas não era fácil dizer isso.
Para Mário Covas, era,
até porque era um democrata, tinha tolerância, debatia e, quando convencido,
até mudava sua posição. Mas havia aqueles que não queriam mudar e apelavam para
a tradição das relações de trabalho nos portos brasileiros. A esses, eu
respondia o seguinte: “Tradição pode ter algo cultural, determinada
instituição.” Hoje, se voltasse a falar – naquela época, falei apenas no
“Diário de Pernambuco” -, iria citar a Mongeral. Isso
é importante em tradição, deve ser ressaltado. Em relações sociais, tradição é
uma das coisas mais reacionárias que existem, porque a sociedade muda e exige
que as relações acompanhem o tempo, a vida.
Uma instituição como a Mongeral tem 175 porque manteve a tradição, mas mudou com a
vida. Só é hoje o que é, porque traz essa tradição que se afirma para o futuro.
Falar em tradição no
Brasil é importante. Não é saudosismo, não se trata de reacionarismo, mas da
afirmação da necessidade concreta de termos instituições fortes, respeitadas,
com tradição, até para que possamos ter um futuro melhor.
Parabéns à Mongeral Aegon!
O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS -
Agradecemos as
palavras do Senador Roberto Freire e registramos a presença do Sr. Nuno Davi,
Diretor da Mongeral, Sr. Luiz Friedehaim,
Diretor da Mongeral, Sr. Dr. Arnor
Gomes Júnior, Presidente da OAB-PREV/SP.
Esta Presidência concede
a palavra ao Sr. Nilton Molina, Presidente do Conselho de Administração da Mongeral.
O SR. NILTON
MOLINA - Exmo.
Deputado Davi Zaia, Senador Roberto Freire, em nome dos quais cumprimento
os demais membros da Mesa, autoridades presentes, colaboradores do Mongeral – diretores, corretores, funcionários -, minhas
senhoras e meus senhores, não vou contar a história da Mongeral,
porque levaria muito tempo.
Para isso, fizemos um
livro, que conta uma história maravilhosa, Deputado. Esse livro foi feito com
muito amor, muito carinho e tem diversos objetivos. Além de consagrar a
história da Mongeral, conta também a
história da Previdência brasileira. Esse livro foi feito para ficar nos Anais
desta Casa e fazer parte de todas as bibliotecas brasileiras, ser um livro de consulta sobre a história da Previdência no
Brasil.
Deputado Davi Zaia, muito obrigado pela oportunidade que deu a todos nós
de sentir, mais uma vez, um enorme orgulho por pertencer à Mongeral.
Esteja certo, Deputado, de que todos nós estamos aqui envolvidos no dia a dia
da Mongeral e nos sentimos homenageados pelo Governo
do Estado de São Paulo, pelos Srs. Deputados, e por V. Exa. que
convocou esta Sessão Solene.
Falar em 175 anos chega a
ser uma coisa abstrata. Nós convivemos com isso todos os dias e passamos a nem
perceber mais o significado de 175 anos. A história da Mongeral
permeia três séculos. O ano de 1875 pertencia ao século XIX. Passamos o século
XX todo e estamos no século XI.
Daqui a 25 anos seremos
bicentenários. Quando examino a história da Mongeral,
fico perplexo. Procuro investigar como foi possível permanecer jovem, forte,
vibrante, inovador com 175 anos de idade. A perplexidade é ainda maior, porque
a Mongeral, na sua origem, era o INSS da Coroa - se
pudéssemos resumir sua função – em um momento em que o mundo não falava em
Previdência.
As primeiras iniciativas
do Estado em termos de Previdência no mundo foram na Alemanha, no governo de
Bismarck, nos últimos anos do século XIX. Nessa ocasião, a Mongeral
já tinha 70 anos de existência. Iniciava-se o movimento da grande revolução
industrial na Europa. As máquinas das indústrias eram absolutamente primárias e
ocasionavam inúmeros desastres aos operários, que perdiam mãos, membros em
decorrência disso.
Bismarck foi o
primeiro-homem da Alemanha, um país já poderoso, e criou ali a primeira semente
da Previdência Social do mundo. Estou me referindo aos últimos vinte anos do
século XIX, ou seja, por volta de 1880.
Em 1835, 50 anos antes,
portanto, o assunto Previdência, que ainda nem tinha esse nome, não fazia parte
do diálogo das pessoas. No caso de uma morte prematura do chefe da família ou
de uma invalidez prematura, não se pensava nos recursos para a sustentação,
como hoje entendemos previdência.
Na origem, pessoas
interessantíssimas, que faziam parte da elite, pessoas que devem ter sido
iluminadas, criaram a Mongeral, que não tem apenas
175 anos, que não é apenas a primeira entidade de previdência e seguro de vida
no Brasil. É muito mais que isso. Se jogarmos um olhar sobre o mundo, são
pouquíssimas – não mais do que cinco – as companhias que têm mais do que 175
anos.
Como alguns brasileiros
conseguiram imaginar uma entidade que se dedicasse naquele momento à
previdência dos indivíduos e das famílias dos funcionários da Coroa? Temos de
voltar ao próprio nome da entidade. Na sua origem, a Mongeral
chamava-se Montepio de Economia dos Servidores do Estado, que, no caso, eram os
servidores da Coroa.
Devo lembrar que até
mesmo no início do século XX, mais no século XIX, todas as companhias de seguro
de vida do mundo, sem exceção, foram criadas como mútuas – o caso específico do
Mongeral. No século XIX, não era razoável que uma
empresa com finalidades lucrativas tivesse lucros do infortúnio humano. Essa é
a razão pela qual todas – sem exceção –as grandes companhias de seguro de vida
do mundo foram criadas como mútuas. A Mongeral foi
criada como uma companhia mútua, voltada, naquele momento, para os aspectos
previdenciários dos funcionários da Coroa.
No Brasil, os primeiros movimentos de Previdência Social, como entendemos
hoje, foram no Governo de Getúlio Vargas. Antes disso, por volta de 1930,
nasceram no Brasil as Caixas de Pecúlios e Pensões, Caixas profissionais,
basicamente das ferrovias. Mas eram Caixas privadas. O primeiro movimento do
Estado brasileiro no campo da Previdência foi em 1940, 1941 e 1942, quando nasceram os IAPs, Instituto
de Aposentadoria e Pensões dos Industriários, Instituto de Aposentadoria e
Pensões dos Comerciários.
Nessa ocasião, Deputado Davi
Zaia, a Mongeral já tinha
cem anos. Uma coisa impressionante. Digo que fico perplexo ao examinar a
história da Mongeral, pois, quando o Brasil inventou
os institutos de Previdência, a Mongeral já tinha cem
anos.
Outra coisa interessante
na história da Mongeral é que ela nunca foi uma
grande companhia. Sempre foi uma companhia média. Confesso aos senhores que
procuro respostas para entender como essa companhia média, focada em um
negócio, pôde suportar todos os acontecimentos de 175 anos de idade. Acredito
que seja uma companhia especial. Alguém olhou, e ainda olha, por ela.
Como qualquer empresa, a Mongeral, nesses 175 anos, certamente teve momentos de
grandes sucessos e grandes fracassos. O sucesso pouco importa neste momento. O
que vale é investigar – e o livro vai oferecer isso aos senhores - como e o que
aconteceu nos momentos graves da história da Mongeral.
Os senhores vão verificar na leitura do livro que, em cada momento grave dessa
história, apareceu alguma coisa, algum fato, que tirou a Mongeral
desse problema, fazendo com que ela sobrevivesse esses 175 anos.
Com a responsabilidade de
estar falando na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, a única coisa
que todos nós – corretores, funcionários e dirigentes – da Mongeral
podemos prometer aos senhores é que dobraremos esse tempo. Daqui a 175 anos,
outros dirigentes estarão aqui saudando deputados, companheiros e colegas,
comemorando trezentos anos de vida.
Muito obrigado a todos, e
um agradecimento especial ao nobre Deputado Davi Zaia.
O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS -
O Sr. Nilton Molina,
hoje, foi econômico na contagem de sua história. É sempre um prazer ouvi-lo
falar sobre a Previdência em geral, um tema tão candente e importante, em
debate no nosso País.
Queremos agradecer as palavras
do Sr. Nilton Molina e dizer que o livro, cujo exemplar será oferecido a todos
os presentes, certamente, dará oportunidade para que todos conheçam um pouco
mais da história do Brasil, da tradição da empresa e a importância desse tema.
Como disse o Senador
Roberto Freire, as relações sociais vão mudando. Por isso, precisamos nos
atualizar para responder a cada momento. A Mongeral
se adaptou ao longo desse tempo e manteve suas tradições.
Estamos honrados em ter
realizado esta Sessão Solene, que contou com a participação de todos os
senhores.
Esgotado o objeto da
presente sessão, esta Presidência agradece às autoridades, à minha equipe, aos
funcionários do Serviço de Som, da Taquigrafia, do Serviço de Atas, do
Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV
Legislativa e das Assessorias Policiais Civil e
Militar, bem como a todos que, com suas presenças, colaboraram para o êxito
desta solenidade e convida a todos para um coquetel no Hall Monumental.
Está encerrada a sessão.
* * *
- Encerra-se a sessão às
21 horas e 18 minutos.
* * *