14 DE JUNHO DE 2010

029ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AOs “175 ANOS DA FUNDAÇÃO DA MONGERAL AEGON SEGUROS E PREVIDÊNCIA”.

 

Presidente: DAVI ZAIA

 

 

RESUMO

001 - DAVI ZAIA

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Informa que a presente sessão fora convocada pelo Presidente Barros Munhoz, atendendo solicitação do Deputado Davi Zaia, ora à Presidência, com a finalidade de comemorar os "175 Anos da Fundação da Mongeral Aegon Seguros e Previdência". Convida todos os presentes para, de pé, ouvir o Hino Nacional Brasileiro. Tece comentários sobre a publicação de um livro sobre os 175 anos da empresa. Faz relatos sobre o desenvolvimento desta ao longo do tempo.

 

002 - HELDER MOLINA

Diretor-Presidente Executivo da Mongeral Aegon, lê e comenta trecho do livro que trata da história da empresa. Fala sobre a situação atual da Mongeral Aegon. Elogia a todos que contribuíram para a formação da empresa. Entrega ao Presidente deste ato o primeiro exemplar do referido livro.

 

003 - ROBERTO FREIRE

Senador, cita que o Brasil não tem a tradição de empresas centenárias. Menciona que o jornal "Diário de Pernambuco" é a empresa mais antiga do País. Comenta que a Mongeral manteve a tradição, mas também acompanhou as mudanças políticas e econômicas do Brasil.

 

004 - NILTON MOLINA

Presidente do Conselho de Administração da Mongeral, fala que a história da empresa permeia três séculos. Informa sobre a origem do nome da empresa. Cita que os primeiros movimentos de Previdência Social no País datam do Governo de Getúlio Vargas e, posteriormente, com a criação do IAPs, Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários, Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários.

 

005 - Presidente DAVI ZAIA

Agradece as palavras do Senhor Nilton Molina. Fala que serão oferecidos exemplares do referido livro a todos os presentes. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Davi Zaia.

 

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O SR. PRESIDENTE – DAVI ZAIA - PPS - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Compondo a Mesa, temos o Sr. Nilton Molina, Presidente do Conselho de Administração da Mongeral Aegon, Sr. Fernando Mota, vice-Presidente do Conselho de Administração da Mongeral Aegon, Sr. Helder Molina, Diretor-Presidente Executivo da Mongeral Aegon, Sr. Valdemir Caputo, Diretor-Comercial Regional da Mongeral Aegon.

Senhoras Deputadas, Senhores Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente efetivo desta Casa, Deputado Barros Munhoz, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de comemorar os 175 Anos da Fundação da Mongeral Aegon Seguros e Previdência.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do 2º Tenente Músico PM Jassen Feliciano.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar, na pessoa do 2º Tenente Músico PM Jassen Feliciano.

Registramos a presença do Sr. Osmar Navarini, Diretor-Comercial da Mongeral Aegon, Sr. Sidney Uliris Bortolato Alves, Secretário-Geral da OAB-SP, representando Dr. Luiz Flávio D’Urso, Presidente da OAB, 1º Tenente Luciano Peixoto representando o Comandante do Policiamento de Aérea Metropolitana-2, ex-Deputado Rafael Baldacci.

Muitos podem indagar o motivo de a Assembleia realizar uma Sessão Solene para comemorar o aniversário de fundação de uma empresa. Propusemos esta Sessão Solene, primeiro, porque são pouquíssimas empresas que têm esse tempo de atividade ininterrupta, 175 anos, em um país como o nosso. Só isso já seria razão suficiente para a realização deste evento.

Em segundo lugar, por se tratar de uma empresa que nasceu pensando a questão da previdência, do seguro, em um momento em que o País não tinha a Previdência instituída oficialmente, pois ainda não era uma preocupação dos brasileiros, como é hoje.

Atualmente, esse é um dos temas mais importantes em discussão na sociedade brasileira. Algumas vezes, pensamos a Previdência como um tema debatido apenas no Congresso, mas a verdade não é essa, porque ele também é discutido pela sociedade. Quando assistimos a um debate no Congresso Nacional, no Senado Federal, fica claro que esta é uma preocupação de todos nós no dia a dia: quando a pessoa não pode mais continuar trabalhando para ter seu sustento, qual sistema de Previdência irá abarcar essa situação?

O Sr. Helder Molina, em uma das visitas que fiz à Mongeral, falava sobre os 175 anos da empresa e da iniciativa de se fazer um livro contando essa história. A partir daí, surgiu a proposta de realizar esta Sessão Solene na Assembleia Legislativa de São Paulo, a Casa que institucionalmente representa o povo de São Paulo, elaborando a legislação estadual, e, ao mesmo tempo, marcando os fatos que compõem nossa história: fatos e eventos públicos, que marcam a vida do país, e atos e fatos da vida privada, empresas que são constituídas, setores que se organizam.

Justifico, assim, a proposta, feita por nós e acatada pelo Presidente da Casa, Deputado Barros Munhoz, de realização desta Sessão Solene, para que fique registrada, nos Anais da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, a Comemoração dos 175 Anos da Fundação da Mongeral Aegon Seguros e Previdência, que, durante todo esse tempo, cumpriu seu papel e honrou seus compromissos.

Temos grande satisfação em receber na Assembleia Legislativa as pessoas que fazem parte dessa empresa e os senhores que, de alguma forma, também participam da vida da Mongeral.

Fundada em 1835, foi pioneira no lançamento do ramo de previdência e seguros. Hoje, associada à Aegon, é um dos maiores grupos de seguro do mundo. Como disse, teremos o lançamento do livro que conta suas origens, remontando à monarquia, sua sobrevivência às várias mudanças políticas e econômicas, que sempre provocam sobressaltos e preocupações. Para a sobrevivência de uma empresa desse campo, as mudanças econômicas, com certeza, trazem mais preocupações.

Em uma empresa que cuida de previdência e seguro, como a Mongeral, as questões não se resolvem em curto prazo, porque é preciso pensar sempre anos à frente. Se pensarmos no período de contribuição de uma pessoa que faz um plano de previdência e no período do benefício, estamos falando em um século.

Dá para imaginar o que significam, para uma empresa, as mudanças econômicas que acontecem, principalmente as profundas mudanças pelas quais nosso país passou nesse período; ela tem de se sustentar, garantir as contribuições e, acima de tudo, o benefício. Poucas empresas tiveram a felicidade de passar por essas transformações econômicas, conseguindo cumprir suas obrigações. A Mongeral conseguiu esse feito, pois passou, durante esses anos, por todas essas transformações.

Quem viveu na década de 70, 80, conheceu bem as altas taxas inflacionárias, a correção monetária, e sabe como era difícil pensar previdência, pensar seguro, pensar compromissos ao longo do tempo. Nos últimos 25 anos, com certeza, ficaram mais fáceis, pela estabilidade monetária. Nós aqui somos muito jovens perto do 175 anos da Mongeral.

Não foi uma tarefa fácil manter uma empresa ao longo período, pois a própria regulação do setor e da atividade era praticamente inexistente. Alguns podem imaginar que a falta de uma regulação mais específica poderia ser uma vantagem para exercer a atividade, mas isso não é verdade, porque, depois, sempre surge uma regulação e pega a atividade em andamento, como foi o caso da Mongeral.

O Sr. Nilton Molina e o Sr. Helder Molina, quando fizerem uso da palavra, poderão relatar, com maior riqueza de detalhes, a história da empresa e o que significa fazer 175 anos.

Na época dos nossos avós, a preocupação com previdência era nenhuma. Meu avô nasceu em 1903, bem depois da Mongeral, e nunca se preocupou com previdência. A previdência dele era o número de filhos, que iriam tocar a roça. E foi assim que aconteceu. Ele faleceu no sítio onde morava, e todos continuaram trabalhando.

Meu pai nasceu na década de 30 e começou a se preocupar, porque entendeu que os filhos não iriam ficar na roça. Com certeza, quando não pudesse mais trabalhar, não teria condições de sobreviver no sítio. Por isso, já se preocupou em pagar o Funrural.

Nós que começamos nossa atividade em uma década mais recente sempre nos preocupamos com a carteira assinada, para ter acesso à Previdência oficial. Mais recentemente, passamos a nos preocupar em ter, além da Previdência oficial, um plano de previdência complementar.

Olhando a experiência de cada geração, podemos ver as mudanças em termos de preocupação com a previdência no Brasil. É essa história que a Mongeral representa de forma muito mais ampla, mostrando inclusive sua capacidade em acompanhar o conjunto de mudanças para estar sempre em dia com o que era necessidade de cada tempo. Melhor dizendo, mais à frente do que era a necessidade de cada momento.

Por essa razão, conseguiu sobreviver todo esse tempo, cumprindo o papel ao qual se propôs em 1835, época de sua fundação. O livro relata parte da história do Brasil e fatos importantes da Mongeral. É essa a importância que queremos destacar com a realização desta Sessão Solene, pois o tema previdência é um dos mais candentes da atualidade do povo brasileiro.

Quando a Mongeral foi criada, a realidade não era a de hoje. Um pequeno exemplo seria a comparação entre o número de filhos naquela época e agora. Hoje, estamos começando a deixar de ser uma sociedade de jovens e passando a ser uma sociedade formada por pessoas com mais idade. Portanto, a questão da previdência é colocada com mais força.

Como Presidente desta Sessão, como Deputado que propôs sua realização, temos uma grande alegria, pois estamos comemorando os 175 Anos da Mongeral, uma empresa que continua viva, cumprindo seu papel. Além disso, estamos tendo oportunidade de falar sobre um tema tão importante para o nosso país.

Esta Sessão Solene está sendo gravada pela TV Assembleia e será transmitida no próximo sábado, dia 19, a partir das 21 horas.

A Presidência concede a palavra ao Sr. Helder Molina, Diretor-Presidente Executivo da Mongeral Aegon.

 

O SR. HELDER MOLINA - Nobre Deputado Davi Zaia, nosso muito obrigado por esta Sessão Solene. Nós da Mongeral nos orgulhamos muito em estar novamente nesta Casa, que já nos acolhe muito bem.

Meus companheiros, colaboradores, parceiros e todos que estão aqui nos prestigiando em uma data tão importante, como o Deputado Davi Zaia comentou, fizemos um livro que conta a história da Mongeral, mesclada com um pouco da história do Brasil.

Em vez de falar dessa trajetória, gostaria de ler a introdução do livro:

“Orgulho do passado, compromisso com o futuro. A Mongeral Aegon, a mais antiga empresa de seguros e previdência do Brasil, tem o imenso prazer de publicar sua história construída ao longo dos últimos 175 anos. Durante todo esse extenso percurso, manteve-se em constante evolução, renovando-se a cada ciclo para atender às expectativas e necessidades de várias gerações de segurados. Quem tem compromisso com o futuro não pode descansar sobre as conquistas do passado.

Poucas empresas no mundo chegaram aos 175 anos em plena atividade. Muito poucas na mesma cidade e no mesmo endereço. Pouquíssimas podem se orgulhar de permanecer dedicadas ao mesmo tipo de negócio, empenhadas na satisfação dos ideais de proteção e segurança de milhares de famílias. A Mongeral Aegon fez isso.

Sem deixar de operar um dia sequer, desde 1835, nossa companhia permeou dois regimes de governo: Monarquia e República. Sobreviveu a revoluções, guerras locais e mundiais, a crises políticas e econômicas, a toda sorte de dificuldades, mantendo seus tradicionais valores vivos e incólumes e uma jovialidade que desafia o tempo.

Este livro conta uma história de sucesso, repleta de desafios e atos de pioneirismo, através das pessoas que fizeram tudo acontecer: dirigentes, funcionários, parceiros, corretores, segurados e beneficiários da companhia. Foram estadistas, militares, servidores públicos, aristocratas, profissionais liberais e trabalhadores de todas as especialidades que contribuíram para edificar essa obra sólida e longeva, com dedicação, crença, sacrifício e esperança. Acima de tudo e de todos, os nossos clientes, personagens principais em cada vitória e em cada realização. Eles são o nosso maior patrimônio e merecem o nosso eterno agradecimento.

Hoje, a Mongeral Aegon é uma empresa moderna, dinâmica e criativa, perfeitamente afinada com um país em permanente desenvolvimento. Assim como o Brasil do século XXI, assumimos nossa responsabilidade com o futuro, sempre atentos às necessidades da população. Quando a expectativa de vida avança, já nos antecipamos ao idealizar produtos específicos para a terceira idade. Se os riscos dos profissionais de Segurança Pública aumentam, estamos prontos a lhes garantir maior proteção na mesma medida em que as mulheres expandem seu papel na sociedade. Ampliamos nossas soluções para atender às suas exigências.

Da mesma forma, agimos em benefício dos profissionais liberais, militares e servidores públicos. Estamos sempre um passo à frente das mudanças, procurando fazer por merecer a confiança e o prestígio dos nossos clientes, o respeito e a admiração dos nossos concorrentes.

Por tudo isso, a Mongeral Aegon completou os primeiros 175 anos com motivação para muito mais. Este é o espírito que permeou a nossa trajetória até aqui e nos estimula a continuar. Desde os escriturários que, ainda no século XIX, registravam manualmente cada um dos movimentos, à luz vacilante das lamparinas, os incansáveis corretores que percorrem quilômetros por todos os dias, no trabalho contínuo de descobrir necessidades e produzir recursos às gerações de famílias que confiaram o seu futuro à nossa empresa, até os órfãos e viúvas que viram as nossas promessas serem cumpridas.

A todos que nos ajudaram e nos ajudam nessa missão o nosso muito obrigado.”

Deputado Davi Zaia, quero passar às mãos de V. Exa. o primeiro exemplar do livro sobre a história da Mongeral que entregamos em São Paulo e um outro para que fique nos Anais desta Casa.

 

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- É feita a entrega dos livros sobre a Mongeral.

 

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O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Dando prosseguimento à sessão, queremos registrar a presença do Senador Roberto Freire, a quem concedemos a palavra para que faça sua saudação.

 

O SR. ROBERTO FREIRE - Nobre Deputado Davi Zaia, pessoas presentes, inicialmente, quero fazer um registro: apesar dos meus 32 anos de mandato parlamentar, esta é a primeira vez que falo desta tribuna e confesso que isso nos causa certa emoção.

Quero saudar o Diretor-Presidente, Dr. Helder Molina, o vice-Presidente do Conselho de Administração da Mongeral Aegon, Dr. Fernando Mota, o Presidente do Conselho de Administração, Dr. Nilton Molina, o representante do Comandante do Policiamento de Aérea Metropolitana-2, Tenente Luciano Peixoto, o Secretário-Geral da OAB-SP, Dr. Sidney Uliris Bortolato Alves, representando Dr. Luiz Flávio D’Urso, Presidente da OAB; Dr. Osmar Navarini, Diretor-Comercial da Mongeral Aegon e o Sr. Valdemir Caputo, Diretor-Comercial Regional da Mongeral Aegon, antigo companheiro e amigo.

Quero saudar o nobre Deputado Davi Zaia por esta iniciativa, pois, em um país como o Brasil, ter uma empresa com mais de 170 anos de existência é algo merecedor de todas as homenagens.

Em outros países, as instituições são mais permanentes, o que reflete, do ponto de vista cultural, maior respeito à tradição, maior civilidade em processos democráticos. Isso traz um pouco o passado, e o reverenciar o passado significa que também temos condições de ter um futuro a ser reverenciado. Quando isso não acontece, é um pouco “terra arrasada”. O Brasil, infelizmente, não tem o costume de garantir processos mais permanentes que reflitam, como está acontecendo aqui, uma instituição a caminho do bicentenário.

Sou de um Estado que tem a mais antiga instituição brasileira, o jornal “Diário de Pernambuco”. É o jornal mais antigo em circulação na América Latina; o segundo é o “El Mercurio", do Chile. É algo que orgulha os pernambucanos e também os brasileiros, mas ainda é pouco, porque temos certa idade como país.  Diferentemente daqueles que falam de 500 anos, nossa história é um pouco mais recente. A história do povo brasileiro, do falar português, não passa dos 300 anos. Portanto, é preciso ter certo cuidado em falar de 500 anos. Essa época talvez seja uma referência ao pau-brasil, não ao mínimo de nação organizada, como temos hoje.

A questão da tradição é muito mal entendida no Brasil. Participei de debates na tribuna da Câmara dos Deputados, quando discutíamos as reformas no mundo do trabalho. A principal delas, com a liderança de Mário Covas, discutindo se deveríamos ou não mudar as relações de trabalho e a própria institucionalidade dessas relações nos portos brasileiros.

Mário Covas era de Santos e tinha, no Governo Itamar, época em que exerci a liderança do Governo, uma preocupação muito grande, porque aquilo significaria romper mais de 50 anos de relações de trabalho estruturadas, organizadas. Eu diria que, em alguns momentos, até com certa “esclerose”. Mas não era fácil dizer isso.

Para Mário Covas, era, até porque era um democrata, tinha tolerância, debatia e, quando convencido, até mudava sua posição. Mas havia aqueles que não queriam mudar e apelavam para a tradição das relações de trabalho nos portos brasileiros. A esses, eu respondia o seguinte: “Tradição pode ter algo cultural, determinada instituição.” Hoje, se voltasse a falar – naquela época, falei apenas no “Diário de Pernambuco” -, iria citar a Mongeral. Isso é importante em tradição, deve ser ressaltado. Em relações sociais, tradição é uma das coisas mais reacionárias que existem, porque a sociedade muda e exige que as relações acompanhem o tempo, a vida.

Uma instituição como a Mongeral tem 175 porque manteve a tradição, mas mudou com a vida. Só é hoje o que é, porque traz essa tradição que se afirma para o futuro.

Falar em tradição no Brasil é importante. Não é saudosismo, não se trata de reacionarismo, mas da afirmação da necessidade concreta de termos instituições fortes, respeitadas, com tradição, até para que possamos ter um futuro melhor.

Parabéns à Mongeral Aegon!

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Agradecemos as palavras do Senador Roberto Freire e registramos a presença do Sr. Nuno Davi, Diretor da Mongeral, Sr. Luiz Friedehaim, Diretor da Mongeral, Sr. Dr. Arnor Gomes Júnior, Presidente da OAB-PREV/SP.

Esta Presidência concede a palavra ao Sr. Nilton Molina, Presidente do Conselho de Administração da Mongeral.

 

O SR. NILTON MOLINA - Exmo. Deputado Davi Zaia, Senador Roberto Freire, em nome dos quais cumprimento os demais membros da Mesa, autoridades presentes, colaboradores do Mongeral – diretores, corretores, funcionários -, minhas senhoras e meus senhores, não vou contar a história da Mongeral, porque levaria muito tempo.

Para isso, fizemos um livro, que conta uma história maravilhosa, Deputado. Esse livro foi feito com muito amor, muito carinho e tem diversos objetivos. Além de consagrar a história da Mongeral, conta também a história da Previdência brasileira. Esse livro foi feito para ficar nos Anais desta Casa e fazer parte de todas as bibliotecas brasileiras, ser um livro de consulta sobre a história da Previdência no Brasil.

Deputado Davi Zaia, muito obrigado pela oportunidade que deu a todos nós de sentir, mais uma vez, um enorme orgulho por pertencer à Mongeral. Esteja certo, Deputado, de que todos nós estamos aqui envolvidos no dia a dia da Mongeral e nos sentimos homenageados pelo Governo do Estado de São Paulo, pelos Srs. Deputados, e por V. Exa. que convocou esta Sessão Solene.

Falar em 175 anos chega a ser uma coisa abstrata. Nós convivemos com isso todos os dias e passamos a nem perceber mais o significado de 175 anos. A história da Mongeral permeia três séculos. O ano de 1875 pertencia ao século XIX. Passamos o século XX todo e estamos no século XI.

Daqui a 25 anos seremos bicentenários. Quando examino a história da Mongeral, fico perplexo. Procuro investigar como foi possível permanecer jovem, forte, vibrante, inovador com 175 anos de idade. A perplexidade é ainda maior, porque a Mongeral, na sua origem, era o INSS da Coroa - se pudéssemos resumir sua função – em um momento em que o mundo não falava em Previdência.

As primeiras iniciativas do Estado em termos de Previdência no mundo foram na Alemanha, no governo de Bismarck, nos últimos anos do século XIX. Nessa ocasião, a Mongeral já tinha 70 anos de existência. Iniciava-se o movimento da grande revolução industrial na Europa. As máquinas das indústrias eram absolutamente primárias e ocasionavam inúmeros desastres aos operários, que perdiam mãos, membros em decorrência disso.

Bismarck foi o primeiro-homem da Alemanha, um país já poderoso, e criou ali a primeira semente da Previdência Social do mundo. Estou me referindo aos últimos vinte anos do século XIX, ou seja, por volta de 1880.

Em 1835, 50 anos antes, portanto, o assunto Previdência, que ainda nem tinha esse nome, não fazia parte do diálogo das pessoas. No caso de uma morte prematura do chefe da família ou de uma invalidez prematura, não se pensava nos recursos para a sustentação, como hoje entendemos previdência.

Na origem, pessoas interessantíssimas, que faziam parte da elite, pessoas que devem ter sido iluminadas, criaram a Mongeral, que não tem apenas 175 anos, que não é apenas a primeira entidade de previdência e seguro de vida no Brasil. É muito mais que isso. Se jogarmos um olhar sobre o mundo, são pouquíssimas – não mais do que cinco – as companhias que têm mais do que 175 anos.

Como alguns brasileiros conseguiram imaginar uma entidade que se dedicasse naquele momento à previdência dos indivíduos e das famílias dos funcionários da Coroa? Temos de voltar ao próprio nome da entidade. Na sua origem, a Mongeral chamava-se Montepio de Economia dos Servidores do Estado, que, no caso, eram os servidores da Coroa.

Devo lembrar que até mesmo no início do século XX, mais no século XIX, todas as companhias de seguro de vida do mundo, sem exceção, foram criadas como mútuas – o caso específico do Mongeral. No século XIX, não era razoável que uma empresa com finalidades lucrativas tivesse lucros do infortúnio humano. Essa é a razão pela qual todas – sem exceção –as grandes companhias de seguro de vida do mundo foram criadas como mútuas. A Mongeral foi criada como uma companhia mútua, voltada, naquele momento, para os aspectos previdenciários dos funcionários da Coroa.

No Brasil, os primeiros movimentos de Previdência Social, como entendemos hoje, foram no Governo de Getúlio Vargas. Antes disso, por volta de 1930, nasceram no Brasil as Caixas de Pecúlios e Pensões, Caixas profissionais, basicamente das ferrovias. Mas eram Caixas privadas. O primeiro movimento do Estado brasileiro no campo da Previdência foi em 1940, 1941 e 1942, quando nasceram os IAPs, Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários, Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários.

Nessa ocasião, Deputado Davi Zaia, a Mongeral já tinha cem anos. Uma coisa impressionante. Digo que fico perplexo ao examinar a história da Mongeral, pois, quando o Brasil inventou os institutos de Previdência, a Mongeral já tinha cem anos.

Outra coisa interessante na história da Mongeral é que ela nunca foi uma grande companhia. Sempre foi uma companhia média. Confesso aos senhores que procuro respostas para entender como essa companhia média, focada em um negócio, pôde suportar todos os acontecimentos de 175 anos de idade. Acredito que seja uma companhia especial. Alguém olhou, e ainda olha, por ela.

Como qualquer empresa, a Mongeral, nesses 175 anos, certamente teve momentos de grandes sucessos e grandes fracassos. O sucesso pouco importa neste momento. O que vale é investigar – e o livro vai oferecer isso aos senhores - como e o que aconteceu nos momentos graves da história da Mongeral. Os senhores vão verificar na leitura do livro que, em cada momento grave dessa história, apareceu alguma coisa, algum fato, que tirou a Mongeral desse problema, fazendo com que ela sobrevivesse esses 175 anos.

Com a responsabilidade de estar falando na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, a única coisa que todos nós – corretores, funcionários e dirigentes – da Mongeral podemos prometer aos senhores é que dobraremos esse tempo. Daqui a 175 anos, outros dirigentes estarão aqui saudando deputados, companheiros e colegas, comemorando trezentos anos de vida.

Muito obrigado a todos, e um agradecimento especial ao nobre Deputado Davi Zaia.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - O Sr. Nilton Molina, hoje, foi econômico na contagem de sua história. É sempre um prazer ouvi-lo falar sobre a Previdência em geral, um tema tão candente e importante, em debate no nosso País.

Queremos agradecer as palavras do Sr. Nilton Molina e dizer que o livro, cujo exemplar será oferecido a todos os presentes, certamente, dará oportunidade para que todos conheçam um pouco mais da história do Brasil, da tradição da empresa e a importância desse tema.

Como disse o Senador Roberto Freire, as relações sociais vão mudando. Por isso, precisamos nos atualizar para responder a cada momento. A Mongeral se adaptou ao longo desse tempo e manteve suas tradições.

Estamos honrados em ter realizado esta Sessão Solene, que contou com a participação de todos os senhores. 

Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência agradece às autoridades, à minha equipe, aos funcionários do Serviço de Som, da Taquigrafia, do Serviço de Atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV Legislativa e das Assessorias Policiais Civil e Militar, bem como a todos que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade e convida a todos para um coquetel no Hall Monumental.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 18 minutos.

 

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