08 DE MAIO DE 2003

34ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidência: MARQUINHO TORTORELLO, ROMEU TUMA JR., JOSÉ BITTENCOURT e SIDNEY BERALDO

 

Secretário: JOSÉ CALDINI CRESPO

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 08/05/2003 - Sessão 34ª S. ORDINÁRIA  Publ. DOE:

Presidente: MARQUINHO TORTORELLO/ROMEU TUMA JR./JOSÉ BITTENCOURT/SIDNEY BERALDO

 

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - MARQUINHO TORTORELLO

Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia a visita de alunos e professores do Colégio Miguel de Cervantes, da Capital.

 

002 - BALEIA ROSSI

Ao analisar números da economia, critica o sistema tributário que penaliza quem produz e privilegia os especuladores.

 

003 - ROMEU TUMA JR.

Assume a Presidência.

 

004 - NIVALDO SANTANA

Manifesta preocupação com o corte na verba da Fundação Padre Anchieta e com o déficit de funcionários públicos no Estado. Reclama do congelamento dos salários do setor.

 

005 - MÁRIO REALI

Registra ter participado, ontem, da Marcha pela Moradia, da Praça da Sé ao Palácio dos Bandeirantes, para criação do Fundo da Habitação. Defende o sistema de mutirão autogerido com financiamento da CDHU.

 

006 - ORLANDO MORANDO

Expressa sua satisfação por fazer parte da Comissão de Meio Ambiente da Casa. Preocupa-se com a destinação final dos resíduos sólidos no Estado. Cumprimenta o jornal "Diário do Grande ABC" pelos seus 45 anos.

 

007 - JOSÉ  BITTENCOURT

Assume a Presidência.

 

008 - ROMEU TUMA JR.

Saúda o município de Itapecerica da Serra e o Deputado Arnaldo Jardim, que fazem aniversário hoje. Informa que protocolou PL concedendo gratuidade no transporte intermunicipal a policiais civis.

 

009 - Presidente JOSÉ  BITTENCOURT

Anuncia a presença do Vereador Délbio Teruel, Presidente da Câmara de Osasco e da Câmara Oeste, acompanhado pelo Deputado Emidio de Souza.

 

010 - ANA MARTINS

Defende a valorização do funcionalismo público. Refere-se à atuação da União de Movimentos por Moradia.

 

011 - ROMEU TUMA JR.

Assume a Presidência.

 

012 - SOUZA  SANTOS

Refere-se a casos de crimes domésticos. Considera a família célula-mater da sociedade.

 

013 - JOSÉ BITTENCOURT

Fala sobre a reforma da Previdência. Defende a apuração dos devedores da Previdência antes de se procurar taxar os inativos.

 

GRANDE EXPEDIENTE

014 - MARIA LÚCIA PRANDI

Discorre sobre o Programa Fome Zero e medidas adotadas pelo Governo Lula no atendimento às populações carentes.

 

015 - ALDO DEMARCHI

Defende o servidor público da perda de direitos decorrentes da reforma da Previdência.

 

016 - ENIO TATTO

Aborda a crise  por que passa a TV Cultura e cobra esclarecimentos de sua direção. Defende a apuração dos fatos por meio de uma CPI (aparteado pelo Deputado Ítalo Cardoso).

 

017 - Presidente ROMEU TUMA JR.

Anuncia a presença do Prefeito de Santo Antônio da Alegria, João Batista Mateus de Lima. Cumprimenta o Deputado Arnaldo Jardim pela passagem do seu aniversário.

 

018 - ARNALDO JARDIM

Disserta sobre o debate realizado no último dia 5, na Fiesp, sobre as agências reguladoras, como a ANP e a Anatel. Menciona os avanços do setor agropecuário do Brasil e de São Paulo.

 

019 - ÍTALO CARDOSO

Pelo art. 82, fala da Marcha da Moradia, ontem, até o Palácio dos Bandeirantes, pedindo ao Governador que cumpra o combinado há um ano. Estranha que a sala da imprensa esteja desativada.

 

020 - LUIS CARLOS GONDIM

Pelo art. 82, comenta a crise por que passam os hospitais para manter leitos de terapia intensiva com o pagamento insuficiente do SUS em Fortaleza, em Suzano e em Guarulhos. Pede levantamento urgente pelo Ministério da Saúde, sem corte de verbas.

 

021 - ANTONIO MENTOR

Por acordo de lideranças, solicita a suspensão  da sessão por 10 minutos.

 

022 - Presidente ROMEU TUMA JR.

Acolhe o pedido e suspende a sessão às 16h44min.

 

023 - Presidente SIDNEY BERALDO

Assume a Presidência e reabre a sessão às 17h12min.

 

024 - ROMEU TUMA JR.

De comum acordo entre as lideranças, pede a suspensão da sessão por mais 5 minutos.

 

025 - Presidente SIDNEY BERALDO

Acolhe o pedido e suspende a sessão às 17h12min, reabrindo-a às 17h21min.

 

ORDEM DO DIA

026 - Presidente SIDNEY BERALDO

Põe em votação e declara aprovado requerimento do Deputado Vanderlei Macris, propondo alteração da Ordem do Dia. Põe em discussão o PLC 41/02.

 

027 - JOSÉ  BITTENCOURT

Discute o PLC 41/02.

 

028 - ROMEU TUMA JR.

Assume a Presidência.

 

029 - MARIA LÚCIA PRANDI

Discute o PLC 41/02.

 

030 - GIBA MARSON

Para reclamação, apela ao Presidente Lula, para que interceda em favor da Presidente do PV na Colômbia, Ingrid Bittencourt, seqüestrada há 406 dias  pelas Farc.

 

031 - SEBASTIÃO ARCANJO

Por acordo de lideranças, requer o levantamento da sessão.

 

032 - Presidente ROMEU TUMA JR.

Acolhe o pedido. Convoca sessões solenes: para 30/05, às 20 horas, em comemoração da "Semana dos Povos Africanos", requerida pelo Deputado Sebastião Arcanjo; para 09/06, às 20 horas em homenagem à Igreja Universal do Reino de Deus, requerida pelo Deputado Milton Vieira, e para 13/06, às 20 horas, em comemoração do centenário da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, requerida pelo Deputado Vaz de Lima. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 09/05, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. 2º Secretário para proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - JOSÉ CALDINI CRESPO - PFL - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Convido o Sr. Deputado José Caldini Crespo para, como 1º Secretário "ad hoc", proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - JOSÉ CALDINI CRESPO - PFL Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - MARQUINHO TORTORELLO - PPS - Esta Presidência tem a grata satisfação de anunciar a visita a esta Casa dos alunos do Colégio Miguel de Cervantes, da Capital, acompanhados dos responsáveis, professores Paulo Roberto Menezes e Vlamir Massini. Recebam deste Parlamento as boas-vindas. ( Palmas.)

Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Baleia Rossi.

 

O SR. BALEIA ROSSI - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, público presente nas galerias, telespectadores da TV Assembléia, imprensa, ocupo a tribuna hoje para falar sobre um assunto que está na pauta de discussões no país, que é a reforma tributária. E a proposta de reforma tributária do Governo Federal, com certeza, tem aspectos positivos e negativos.

Trouxe alguns dados que vão ajudar nesta discussão: o superávit fiscal do Brasil, no primeiro trimestre deste ano, atingiu o fantástico valor de 22,8 bilhões de reais, que correspondem a 6,24% do PIB, 40% a mais do combinado com o FMI. Este desempenho mostra que a reforma tributária precisa ser centrada não apenas no ajuste orçamentário, mas principalmente na tão sonhada busca da justiça social. Todavia, a proposta de reforma se preocupa muito com a manutenção do superávit fiscal, e deixa para o segundo plano, como sempre, a correção das distorções no sistema de arrecadação tributária, que pune quem produz e privilegia quem especula. Infelizmente no Brasil é assim: quem produz paga e quem especula fica com o lucro.

A carga tributária nacional, como todos sabemos, é das maiores do nosso planeta: cerca de 37% do PIB. Somente na Alemanha e na Suíça o povo paga mais imposto do que no Brasil, com uma diferença, na Alemanha e na Suíça os serviços públicos oferecidos pelo governo são de excelente qualidade, muito diferente da realidade do nosso país.

E a nossa preocupação com a reforma tributária é que a carga tributária no nosso país, com a aprovação dessa reforma, ainda seja aumentada. Um exemplo claro disso é a questão do ICMS. Para evitar a guerra fiscal entre os estados, dizem que o ICMS pode ter uma alíquota unificada. Mas, se os estados unificarem esta alíquota, com a maior alíquota que existe hoje, com certeza, nós poderemos ter uma carga tributária maior, o que vai prejudicar ainda mais a população brasileira.

A proposta não modifica, Sr. Presidente, Srs. Deputados, outra distorção. Hoje, a receita vem basicamente da taxação do consumo e da produção, e não do lucro e da renda, como acontece nos países mais desenvolvidos. Se a reforma for aprovada tal como ela está, 45% da receita continuará vindo do consumo e da produção, e apenas 10% do lucro e da renda, exatamente o inverso dos países mais desenvolvidos, como, por exemplo, os Estados Unidos. Todo país que taxa mais o consumo e a produção do que a renda e o lucro comete a injustiça de cobrar de maneira igual contribuintes com poder aquisitivo desigual. E quando falamos de Brasil, o nosso país, isso é mais grave, porque as desigualdades entre ricos e pobres do nosso país, são vergonhosas.

Eram essas as considerações, Sr. Presidente, Srs. Deputados, que eu gostaria de colocar nesta tarde, e falar também do trabalho da Comissão de Acompanhamento da Reforma Tributária desta Casa, de que tenho a honra de participar e que, com certeza, a partir deste mês, terá muito trabalho, muita discussão e poderá dar a sugestão da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo para a reforma tributária que será votada no Congresso Nacional. Muito obrigado.

 

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Assume a Presidência o Sr. Romeu Tuma Jr.

 

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O SR. PRESIDENTE - ROMEU TUMA JR. - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Arcanjo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcelo Cândido. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Gonzaga Vieira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Nivaldo Santana. (Pausa.)

34ª Sessão Ordinária (p. 9)

 

O SR. NIVALDO SANTANA - PCdoB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, estamos bastante preocupados com as últimas medidas do Sr. Governador Geraldo Alckmin, que sem dúvida nenhuma tem prejudicado o Estado de São Paulo e tem criado um clima de grande inquietude em diversos segmentos da população.

Em primeiro lugar, como já em outras oportunidades havíamos dito aqui desta tribuna, o Governador Geraldo Alckmin cortou parte considerável do orçamento da Fundação Padre Anchieta, que é a fundação responsável pela TV Cultura. Essa importante emissora de TV educativa, que é um exemplo não só em São Paulo e no Brasil mas em todo o mundo, está numa situação dramática de crise financeira.

A empresa demitiu quase 300 funcionários, tem cortado recursos de áreas estratégicas e não tem passado pelo processo de modernização tecnológica. Adota ainda, conforme a imprensa tem divulgado, o sistema analógico, quando outras emissoras de televisão já usam o sistema digital. O Governador Geraldo Alckmin, mesmo diante dos reclamos dos diversos segmentos da sociedade, e mesmo diante dos protestos desta Casa, permanece indiferente e omisso diante da grave situação da TV Cultura.

Por isso é que nós subscrevemos e apoiamos o pedido do Deputado Tatto, que protocolou ontem um pedido de CPI para apurar as razões pelas quais a TV Cultura atravessa essa dificuldade muito grande. Esperamos, Deputado Tatto, que a solicitação de V.Exa. prospere aqui na Casa, porque a situação da TV Cultura, da Fundação Padre Anchieta, não é um problema deste ou daquele governo, é um problema do Estado de São Paulo, é um problema da sociedade, e a Assembléia Legislativo de São Paulo, sem dúvida nenhuma, tem condições de dar a sua cota de contribuição para impedir o descalabro técnico, operacional e financeiro da TV Cultura e da Fundação Padre Anchieta.

Nessa mesma linha de arrocho, o Governo do Estado de São Paulo não preenche um terço dos cargos da administração direta, conforme denunciou o jornal "Diário de São Paulo", e não contrata sequer concursados. Recentemente recebemos uma comissão de aprovados no concurso da Procuradoria Geral do Estado, que, não obstante terem sido aprovados e as enormes carências da Procuradoria, e apesar de o Governo do Estado ter-se comprometido a efetivar as contratações até o mês de abril, até o momento não foram contratados. Trata-se de uma grande fraude contra os concursados aprovados e contra os interesses da população de São Paulo, principalmente da população de baixa renda, que precisa se socorrer de serviços prestados pela Procuradoria Geral do Estado.

Todas essas medidas de arrocho orçamentário, revelando o desequilíbrio financeiro do Estado depois de oito anos de desgoverno do tucanato em São Paulo, teve seu coroamento com um comunicado da Comissão de Política Salarial do Governo do Estado que proibiu qualquer tipo de reajuste salarial para o funcionário público da administração direta e de estatais dependentes do Tesouro, o que significa que professores, médicos, servidores das mais diferentes secretarias, que já têm seus salários congelados há muitos anos, continuarão nessa situação de dificuldades, o que joga por terra o discurso propagandístico do Governo, que, depois de demitir milhares e milhares de servidores públicos, de privatizar grande parte das empresas estatais e comprometer os recursos do nosso Estado com um acordo leonino feito no governo anterior, mesmo com todas essas medidas a situação do Estado de São Paulo continua de insolvência financeira, de grande dificuldades.

Isso mostra, Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, que está mais do que na hora de o Estado de São Paulo reorientar sua economia, reorientar sua política. Não podemos mais conviver com um governo inerte e omisso, que não enfrenta as enormes demandas sociais, não cumpre nem medidas necessárias para uma efetivação de concursados da Procuradoria Geral do Estado, não toma nenhuma medida concreta no sentido de enfrentar a crise da TV Cultura e mantém apenas uma grande propaganda, quando a prática concreta revela que estamos numa situação de dificuldade.

Voltaremos ao assunto, dada a importância de se debater as dificuldades que nosso Estado vem atravessando. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - ROMEU TUMA JR. - PPS - Tem a palavra a nobre Deputada Maria Almeida. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Aldo Demarchi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mário Reali.

 

O SR. MÁRIO REALI - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje venho à tribuna para falar da marcha de que participamos ontem, da União de Movimentos por Moradia, uma marcha com cerca de dez mil pessoas que saíram da Praça da Sé, de diversos locais, aglutinando diversos movimentos de moradia para ir ao Palácio dos Bandeirantes discutir com o Governador uma pauta de reivindicações.

Essa marcha é decorrente de um ofício encaminhado dia 28/02 e até a semana passada não havia retorno do Governador relativamente aos pleitos do movimento, que resolveu então pacificamente realizar a marcha para levar uma série de reivindicações. Vários Deputados do PT estiveram presentes - companheiros Enio Tatto, Maria Lúcia Prandi, Sebastião Arcanjo, Simão Pedro, Ítalo Cardoso - dando apoio ao movimento de moradia, que tem no seu eixo de reivindicações a criação do Conselho Estadual de Habitação e do Fundo Estadual de Habitação, projetos que estão nesta Casa há vários anos e que até hoje não entraram na pauta, embora se trate de uma demanda muito importante para democratizar o Estado e a democratização do orçamento. O que é feito com os recursos do CDHU, os 500 milhões de reais anuais, 1% do ICMS carimbados anualmente para investimentos na área de habitação?

A primeira preocupação da pauta do movimento é garantir a aplicação de 1% do ICMS na construção de moradias para as famílias de baixa renda. A União de Movimentos agrega várias associações de moradia e nessa discussão da participação e da democratização é muito importante ter acesso e discutir junto ao Governador quais as demandas que vão ser atendidas. Sabemos muito bem que, quando o recurso é pouco, se não houver discussão e participação as demandas atendidas em geral são as dos amigos do rei. Precisamos, então, de um acesso democrático e aberto, com uma discussão transparente para ver realmente quais as demandas que devem ser priorizadas. Por isso que a União tem batido sempre nessa tecla da criação do fundo e de um conselho de gestão democrática do fundo.

Outra questão é em relação ao que já temos na Constituição, no artigo 182, garantindo a função social da propriedade, e ainda no Estatuto da Cidade. Hoje, para os municípios terem acesso aos recursos da CDHU, é preciso que cumpram a função social da propriedade, devendo assim criar, através de sua legislação municipal, os planos diretores, definindo áreas de interesse social e oferecendo garantias de acesso à terra para todos, a fim de todos terem acesso à moradia digna e à terra urbana.

Outra questão colocada na pauta de reivindicações do movimento é a priorização da construção de moradias através do sistema de mutirão autogestionário. A União sempre trouxe essa discussão e temos constatado diversas experiências exitosas do ponto de vista da organização dos movimentos, da organização do canteiro de obras e de um barateamento do custo das unidades através de um processo de produção de moradias por mutirão, bem como na discussão dos projetos sobre sua melhor adequação para determinadas famílias, e ainda sobre a apropriação social dos recursos da CDHU através da transparência e da autogestão.

São mais de 15 anos de história de luta. Nosso companheiro, nobre Deputado Roberto Gouveia, aprovou uma lei nesta Casa garantindo 10% dos recursos da CDHU para serem utilizados em processo de mutirão autogerido. Hoje temos o sistema de empreendimento da empreitada global ou empreitada integral, em que os empreiteiros é que compram a terra e entregam as unidades à CDHU, mas a um custo muito mais elevado do que as unidades produzidas por autogestão. Então nós demos todo apoio a esse movimento e vamos estar juntos com os companheiros da União de Movimentos por Moradia.

Na próxima segunda-feira, inclusive, vamos ter aqui, organizado pelo nobre Deputado Simão Pedro, um debate sobre a questão da política habitacional envolvendo Governo Federal, Governo Estadual e também o Município de São Paulo. Vamos dar todo apoio à União dos Movimentos.

 

O SR. PRESIDENTE - ROMEU TUMA JR. - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Orlando Morando.

 

O SR. ORLANDO MORANDO - PSB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobres Deputados presentes, daqui a poucos minutos, o Presidente desta Casa, Deputado Sidney Beraldo, estará empossando uma comissão que tratará da destinação de resíduos sólidos no nosso Estado. Essa é uma comissão importante composta por vários Deputados, cuja maioria já pertence à Comissão de Meio Ambiente.

A destinação de resíduos de borracha, da construção civil, da madeira, resíduos provindos de agrotóxicos, de produtos químicos, é um problema grave em nosso Estado. É necessário, portanto, uma grande atitude do Deputado Arnaldo Jardim, que presidirá essa comissão. Sem dúvida, queremos produzir o melhor resultado para o nosso Estado, pois sabemos que esse é um problema que se agrava a cada dia.

Se não buscarmos uma destinação séria, justa, que venha a atender às necessidades da nossa população e que venham ao encontro das necessidades socioecológicas e socioambientais, dificilmente, conseguiremos caminhar. Levando em conta que o lixo de muitos países hoje é fruto de riquezas, no Brasil, a destinação dos nossos resíduos sólidos continua sendo um grave problema. Daqui a pouco essa comissão, da qual tenho muito orgulho de pertencer, tomará posse nesta Casa.

Quero aproveitar a oportunidade para cumprimentar o “Diário do Grande ABC”, inserido no Clipping da Casa e conhecido por todos, que, no próximo dia 11 de maio, completará seus 45 anos. Cumprimentamos toda a direção do “Diário do Grande ABC”, bem como sua equipe de trabalho, seus jornalistas e fundadores. A imprensa, temos convicção disso, é um dos meios mais importantes de divulgação, que dá transparência ao processo político. O "Diário do Grande ABC" faz parte da vida das nossas sete cidades, e quero cumprimentar a todos seus dirigentes pela competência com que faz o seu jornal, transmitindo a notícia a uma população de mais de três milhões de habitantes, tendo em vista que é o único jornal diário em toda aquela região.

No dia de hoje, além de cumprimentarmos o jornal "Diário do Grande ABC", fazemos votos para que esse jornal continue fazendo jornalismo com a transparência com que sempre fez, levando as notícias, tanto as ruins como as boas, fiscalizando as nossas atividades, as atividades das Câmaras Municipais, cobrando o posicionamento dos chefes do Executivo das sete cidades da região.

O jornal "Diário do Grande ABC" não é restrito apenas àquela região, pois traz notícias do Brasil e do mundo à toda aquela população. Mais uma vez, quero cumprimentar esse grande jornal e dizer da nossa solidariedade, do nosso apoio, para que continue com o dinamismo e dedicação com que faz seu jornalismo. Todas as manhãs, esse jornal traz as notícias mais verdadeiras a uma enorme população.

Levando em conta que a região do Grande ABC só agora começa a receber a TV a cabo, aquela população consegue manter-se mais bem informada por meio desse jornal. Sabemos a importância do jornal "Diário do Grande ABC" para nós moradores daquela região e também para os políticos. Desejamos a todos do "Diário do Grande ABC" uma boa sorte e que essa data possa se repetir, a cada ano mais, sempre com maior brilhantismo, e pujança.

 

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- Assume a Presidência o Sr. José Bittencourt.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PTB - Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado Romeu Tuma Jr.

 

O SR. ROMEU TUMA JR. - PPS - Sr. Presidente, nobre Deputado Bittencourt, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, senhores presentes nesta Casa de Leis, em primeiro lugar, quero cumprimentar, em meu nome e do meu partido, PPS, a cidade de Itapecerica da Serra, pelo seu aniversário nesta data. Encaminhamos nossos votos de profícuo sucesso ao Sr. Prefeito Lacir Baldusco, um grande administrador, um jovem que se tem mostrado afinado com os anseios da cidade. Itapecerica é uma cidade para a qual não só este Deputado, mas a chamada “Bancada Zona Sul”, integrada por vários Deputados como Enio Tatto, Ítalo Cardoso, tem reivindicado recursos, como a criação de uma Fatec. Ficam aqui os cumprimentos a Itapecerica da Serra, ao seu Prefeito, Vereadores e munícipes.

Quero ainda, Sr. Presidente, cumprimentar o nobre Deputado Arnaldo Jardim, líder da nossa Bancada, que hoje comemora também seu aniversário. Nossos cumprimentos ao nosso companheiro Arnaldo Jardim.

Sr. Presidente, ontem tivemos uma reunião com o Presidente desta Casa, e gostaria de expor o assunto para que o telespectador possa entender a importância do trabalho legislativo. Essa reunião contou com a presença de todos os Presidentes e Vice-Presidentes de comissões, quando, de forma democrática, foram estabelecidas algumas regras de procedimento, para que as comissões, tão reclamadas por nós e hoje já instaladas, pudessem atuar de forma correspondente com os anseios da sociedade, ou seja, fazendo planejamento anual, aproximando o Poder Legislativo da população que é o nosso interesse-fim, ou seja, o interesse público; que as comissões efetuassem, de uma forma bastante presente, o intercâmbio com a população, para que ela possa trazer os seus anseios a este Poder Legislativo. Quero deixar também o cumprimento ao nosso Presidente Sidney Beraldo pela forma absolutamente democrática com que conduziu a reunião de ontem, principalmente quando ressaltou que as comissões, sem dúvida nenhuma, serão o ponto forte desta legislatura.

Quero também, Sr. Presidente, informar que apresentei nesta data um projeto de lei que confere aos policiais civis do Estado de São Paulo o transporte intermunicipal gratuito. Por que essa medida? Primeiro, por uma questão isonômica. A Polícia Militar já goza desse direito. Segundo, porque inúmeros policiais civis moram em outras cidades. Se for possível este transporte gratuito a esses policiais, temos certeza absoluta de que as conduções coletivas estarão melhores protegidas, especialmente por se tratarem de policiais civis que, obviamente, estarão descaracterizados dentro do transporte coletivo. Limitamos, obviamente, essas vagas a três. Espero que esta Casa, uma vez que já foi aprovado aqui um projeto semelhante, possa se sensibilizar e verificar que isso não beneficiará somente a Polícia Civil, mas especialmente a população, que terá, dentro das conduções coletivas intermunicipais, policiais descaracterizados, podendo proteger a todos.

Para encerrar, Sr. Presidente, quero citar uma matéria que li no jornal de ontem, dando notícia de que um ministro da República disse que vai anunciar a lista dos devedores da Previdência. Venho falando sobre isso há quase um mês. Então apelaria à Presidência da República para que primeiro anunciasse a lista, cobrasse esses devedores, esses verdadeiros assaltantes da Nação para depois tornar o funcionário público o vilão da história. Que se apresente rapidamente essa lista de quem realmente deve à Previdência, arreste-se seus bens, ponha esses homens na cadeia e depois vamos ver o saldo que vai ficar, para poder penalizar o funcionário público, que sempre é tido como o vilão da história.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ BITTENCOURT - PTB - Esta Presidência associa-se ao discurso do ilustre parlamentar Romeu Tuma Jr. quando felicita o Município de Itapecerica da Serra pelo aniversário, como também o Líder do PPS, nobre Deputado Arnaldo Jardim.

A Presidência tem a grata satisfação de anunciar a presença do Vereador Délbio Teruel, Presidente da Câmara Municipal de Osasco e também da Câmara Oeste, uma entidade que congrega as sete Câmaras Municipais da região, que se faz acompanhar do nobre Deputado Emídio de Souza.

A S. Exa. as homenagens do Poder Legislativo. (Palmas.)

Tem a palavra o nobre Deputado Marcelo Bueno. (Pausa) Tem a palavra a nobre Deputada Ana Martins.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Romeu Tuma Jr.

 

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A SRA. ANA MARTINS - PCdoB - SEM REVISÃO DA ORADORA - Sr. Presidente, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, ouvintes da Rádio Assembléia, gostaria de abordar a questão que está em foco sobre o funcionalismo público. Sabemos que o funcionalismo do Estado de São Paulo está realizando a sua campanha salarial unificada. Essa campanha salarial tem as reivindicações dos diferentes segmentos do funcionalismo. Só na Educação são 140 mil professores; na Saúde, 92.500 funcionários públicos; na Segurança Pública, na ativa, 88 mil, sem falar das demais secretarias.

Nos últimos dez anos, com a implantação do projeto neoliberal que enxugou o estado e diminuiu as políticas públicas, o funcionalismo perdeu nos seus salários, na sua valorização, no plano de cargos e carreira e, em especial, a população perdeu na qualidade do serviço público. Se quisermos um serviço público qualificado, precisamos valorizar o funcionalismo, que com um melhor salário, com uma melhor formação para suas funções, poderá prestar um serviço de qualidade e atender a nossa população principalmente nas suas questões essenciais, como Educação, Saúde, Segurança.

Temos perdido muito com esse enxugamento, que não tem prioridades, que não valoriza serviços imprescindíveis para grande parcela da população e, principalmente, para o setor mais excluído. São os mais pobres que sofrem mais quando o posto de saúde não tem um bom atendimento, quando a escola diminui a qualidade do seu ensino, quando não equipa melhor a escola com biblioteca, computadores, atividades extras como teatro, esportes e outras atividades que ajudem a juventude a se interessar pela escola e faça dali uma preparação melhor para seu futuro. Por isso, gostaria de manifestar a solidariedade do PCdoB à campanha salarial do funcionalismo e reforçar os seus pleitos.

O professorado fará uma manifestação até o Palácio do Governo no dia 15 e os funcionários da Saúde, no dia 16. Esperamos que o Sr. Governador seja sensível aos pleitos desse funcionalismo, que é o braço direito de um governo. Que receba os funcionários públicos através de suas comissões, que haja o diálogo e reconheça as perdas que o funcionalismo vem tendo. Que o Sr. Governador mostre maior interesse para com esse segmento da população.

Para encerrar, gostaria de parabenizar a União dos Movimentos por Moradia, que esteve ontem no Palácio do Governo. Não foram recebidos pelo Governador, mas uma comissão voltará na semana que vem. Quero parabenizar também os Deputados Enio Tatto, Mário Reali, para citar alguns, que estiveram lá reforçando o movimento de moradia, que ainda é um problema bastante grave no nosso Estado e que exige medidas mais eficazes do Governo. Que essas lideranças sejam mais respeitadas, porque democracia se constrói com participação popular, com diálogo e com seriedade nas reivindicações que a população encaminha para os Poderes Públicos.

 

O SR. PRESIDENTE - ROMEU TUMA JR. - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado João Caramez. (Pausa) Tem a palavra o nobre Deputado Souza Santos.

 

O SR. SOUZA SANTOS - PL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, amigos telespectadores da TV Assembléia, ouvintes da Rádio Assembléia e aqueles que estão trabalhando na Casa, mais uma vez estamos assistindo pela mídia a forma cruel com que a violência tem adentrado nos lares. Anteontem, na cidade de Santa Bárbara D´Oeste, tivemos um bárbaro crime, em que um pai mata o seu próprio filho. Na semana passada, tivemos outros casos em que pais matam filhos, e filhos que matam os pais e, assim, sucessivamente.

O grande problema é sobre qual é a causa deste problema. Diria que a violência é gerada dentro dos próprios lares, ou seja, os pais muitas vezes com a agenda ocupada não dão atenção aos filhos e passam a sua responsabilidade de pais para outros. Ou seja, deixam os filhos assistirem filmes violentos etc., etc. Assim, vemos serem formados verdadeiros delinqüentes dentro dos próprios lares. Isso é algo que prejudica, uma vez que a família, como todos sabem, é a célula-mater da sociedade, é a célula principal da sociedade, e se não existir família não existirá sociedade, não existirá país, não existirá nação. O que vemos hoje são os conceitos da família sendo vilipendiados dentro dos próprios lares.

Hoje, no meu programa, que apresento diariamente das 12 às 13 horas pela Rede Mulher de Televisão, noticiei essa barbaridade ocorrida em Campinas. Vimos fazendo sempre esse apelo para que os pais policiem os seus filhos e saibam aonde eles estão, aonde têm andado, com quem têm andado. Porque, de repente eles se tornam, ou estão se tornando, reféns de bandidos, reféns da violência, reféns das drogas, e em casa tanto o pai como a mãe não se preocupam por estar com a agenda lotada, ou estão preocupados com o trabalho. Isso não é errado, mas creio que os pais devem se preocupar com os filhos uma vez que os filhos foram gerados por eles e, de repente, temos nos deparado com verdadeiros inimigos dentro de casa, pais contra filhos e filhos contra os pais. Isso é uma tragédia que deve ser então analisada por educadores, por professores e por aqueles que têm este poder de educar para orientar pais e os filhos em casa.

Tenho feito este apelo na televisão, num programa de muita audiência: “Pai e mãe, vejam onde está o seu filho!” Por quê? Porque os bandidos estão aí, a maconha está aí, a cocaína está aí. A primeira vez é de graça, e instalado o vício o filho vai vender o tênis, a geladeira, vai procurar qualquer objeto de valor para trocar nas esquinas, porque as drogas estão nas esquinas. Em todas as esquinas existem drogas. Faço aqui, então, um apelo à toda sociedade, às famílias e aos pais que nos assistem neste momento: “Aonde está o seu filho neste momento? Com quem está o seu filho?” Por exemplo, a minha mãe sabe exatamente onde estou e quem sou. Assim, também cada pai e cada mãe devem se preocupar com os seus filhos.

Isso não é demagogia, mas é algo que devemos pensar e analisar com muita clareza, porque a violência não escolhe cara, a violência não escolhe família e não quer saber se você está bem, se você tem dinheiro, ou se você está devendo não. A violência está espalhada em todos os lugares. Assim, Sr. Presidente, fica o meu apelo para que venhamos a analisar e refletir mais na questão da família, que é a célula principal da nossa sociedade.

 

O SR. PRESIDENTE - ROMEU TUMA JR. - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Almeida. (Pausa). Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt.

 

O SR. JOSÉ BITTENCOURT - PTB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, caros telespectadores da TV Assembléia, ouvintes da Rádio Assembléia e aqueles que estão neste recinto público, quero trazer aqui o pensamento do ilustre Presidente do Superior Tribunal do Trabalho, Dr. Francisco Fausto, na abertura do VII Congresso da Confederação Geral dos Trabalhadores, na cidade de Praia Grande.

Achei interessante o seu pensamento, que deve ser objeto de análise, reflexão e meditação de todos nós, principalmente em relação ao desejo do Palácio do Planalto em querer taxar os inativos na reforma da Previdência. Ele disse que antes de taxar os inativos, seria interessante pelo menos publicar a lista dos devedores da Previdência para saber se nesta lista não se teria a possibilidade de cobrir o déficit tremendo da Previdência, o Instituto Nacional de Seguro Social - INSS.

Sras. e Srs. Deputados, é importante observarmos que há o desejo, pelo menos da sociedade, e isso reflete nas instituições do Poder Executivo, do Poder Legislativo e também no Poder Judiciário, de se tratar as questões com maior lisura e com maior transparência e analisar os temas com profundidade. Ao observamos o Executivo, através do mais alto mandatário desta Nação, dizendo que o Judiciário tem de abrir a caixa-preta, quem sabe agora não seria o caso do Executivo fazer com que através de uma determinação ao órgão competente, através do responsável competente, venha publicar, trazer à sociedade, os reais devedores da Previdência Social. Nesta linha, poder-se- ia trazer para a população a composição clara desta dívida histórica da Previdência do nosso país.

Sras. e Srs. Deputados, digo que o Dr. Francisco Fausto, com muita razão, trouxe esta reflexão. Ter-se- ia que abrir não apenas a caixa-preta da Previdência, mas a lista preta. Parece que há uma lista preta da Previdência de devedores, que a população desconhece. Assim, ao invés de abrir a caixa-preta do Judiciário - e o termo caixa-preta pode até soar de modo pejorativo - para não plagiar o nome, dever-se-ia abrir a lista negra dos devedores da Previdência para que a sociedade saiba quem de modo indevido está recolhendo e descontando na fonte os valores que pertencem à Previdência, não repassando-os para o Tesouro Nacional.

Sras. e Srs. Deputados, a União tem um crédito através da Previdência Social neste país, e é importante não abrir mão dele. Assim, quem sabe, estaria minimizando o déficit da Previdência, deixando de lado essa questão de taxar os inativos. Aliás, na minha parca visão jurídica, entendo que a discussão de taxar os inativos, que é o objetivo do Governo Federal para a Reforma da Previdência, vai desaguar no Supremo Tribunal Federal, que é a corte de justiça maior do nosso país, que é o guardião das questões da constitucionalidade no nosso país. De modo que, se isso ocorrer - esperamos que não ocorra e que os parlamentares federais tenham sensibilidade e não venham taxar os inativos - se isso acontecer, ferirá uma cláusula pétrea chamada direito adquirido. A Constituição tem um dispositivo dizendo que nenhum tipo de norma pode ferir o direito adquirido, a coisa julgada e o ato jurídico perfeito.

Certamente, essa discussão precisa ser melhor debatida. Aliás, esta Casa tem uma Comissão Especial para acompanhar, no Congresso Nacional, a reforma da Previdência. Esta Casa está atenta, bem como este Deputado, e o que depender de nossa postulação, gestão e diligência, no sentido de que os inativos não sejam taxados, estaremos viabilizando. Obrigado, Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados.

 

O Sr. Presidente - Romeu Tuma Jr. - PPS - Srs. Deputados, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

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- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O Sr. Presidente - Romeu Tuma Jr. - PPS - Srs. Deputados, tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi.

34ª Sessão Ordinária (p. 22)

 

A SRA. Maria Lúcia Prandi - PT - SEM REVISÃO DA ORADORA - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, todos aqueles que nos dão a honra de sua presença e todos aqueles que nos dão atenção através da TV Assembléia. Para muitos setores da sociedade, há quase que uma vontade de colocar o Programa Fome Zero como um programa meramente assistencialista e para vários setores da sociedade há uma certa má vontade para com o andamento do programa, no sentido de dizer que o programa está emperrado e que não tem avançado como se esperava.

Gostaria de resgatar a concepção do Programa Fome Zero, que vai muito além da mera distribuição de alimentos, além da bolsa-alimentação de cinqüenta reais. Na sua concepção, através do Presidente Lula, de toda equipe de Governo e do Conselho Nacional, coloca também mudanças para o país, mudanças de ordem estrutural. O sentido, como tão bem lembra o Presidente, é o de, além de dar o peixe, ensinar a pescar. Acima de tudo, encarar o problema de forma estrutural, aumentar a produção de alimentos, garantir a todos o acesso à alimentação, gerar emprego e renda. Enfim, o Programa Fome Zero traz no seu objetivo a possibilidade de garantir a emancipação e a plena cidadania de milhões de famílias.

Para todos aqueles que dizem que o programa não sai do papel, gostaria de elencar algumas ações do Governo Federal - que estaremos sentindo a médio prazo, algumas até a curto prazo - e das medidas que já foram implementadas em quatro meses de Governo. A primeira delas, que merece um destaque especial, é a renegociação da dívida dos pequenos agricultores, calculada em R$ 1,8 bilhão, que beneficiou 330 mil famílias, em todo o país. Principalmente, aquelas famílias que vivem em assentamentos da reforma agrária.

O Governo Lula editou uma Medida Provisória que reduz os impostos das cooperativas, incentivando o cooperativismo. Aumentou o repasse que faz para as Prefeituras pagarem a merenda da educação infantil, de R$ 56,4 milhões, pagos em 2002, para R$ 122,2 milhões neste ano, beneficiando 4,7 milhões de crianças de quatro a seis anos. Sabemos que o problema da merenda é sério e que, na maioria das vezes, a Prefeitura tem arcado com grande parte dessa complementação dos recursos que vêm do Governo Federal e do Governo Estadual.

Já como medida concreta, esse aumento bastante significativo para a merenda da pré-escola. Também criou uma política de preços mínimos para o leite, atendendo a uma antiga reivindicação do setor leiteiro. Isto está beneficiando um milhão de produtores que, em geral, têm grande dificuldade de comercializar os seus produtos. Esse preço mínimo varia de acordo com a região do país.

Está fornecendo cestas de alimentos para 60.756 famílias de 637 acampamentos de sem-terra. Sabemos que essa é uma medida emergencial e deve durar três meses, enquanto esses acampamentos não são organizados ou as famílias não sejam assentadas. Concedeu isenção do IPI para doações de alimentos feitas às entidades assistenciais e a municípios que integram o Fome Zero. Fechou um acordo com Mato Grosso do Sul para investir R$ 5,5 milhões num programa desenvolvido para comunidades indígenas. Pretende, com isso, expandir a agricultura para o consumo próprio, a criação de pequenos animais e o incentivo ao artesanato, beneficiando 11 mil famílias indígenas.

Aumentou os recursos destinados à agricultura familiar para R$ 4,4 bilhões, R$ 2,2 bilhões a mais do que no ano passado. Isso é extremamente significativo. Realmente, dobrou o recurso para a agricultura familiar. Desses R$ 2,2 bilhões a mais, R$ 800 milhões serão aplicados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - Pronaf. Sempre com uma preocupação voltada para a produção de alimentos como arroz, feijão trigo, mandioca e milho, para que a fome desapareça não através meramente de uma cesta básica, mas sim com a própria produção.

Está discutindo o Plano Safra da Agricultura Familiar, pela primeira vez, com sindicatos rurais e movimentos sociais ligados ao campo, tendo como objetivo estimular a cultura do arroz, feijão, milho, trigo, mandioca, leite e frango. Ampliou o limite de financiamento individual para o plantio do milho e do sorgo, com o objetivo de garantir a chamada safrinha, que é a produção entressafra, e criou uma linha de crédito especial para a comercialização dos produtos produzidos neste período. Aumentou o incentivo aos bancos privados para que esses concedam mais crédito ao agricultor familiar dentro do Pronaf. Qual é o objetivo dessa medida? É estimular e proteger o que é produzido com recursos do Pronaf para que não haja um desabastecimento de produtos no mercado.

E, muito importante também, firmou acordo com a ONU para a Ciência e a Cultura, através da Unesco, para aumentar a publicação e produção de material didático utilizado no Plano Nacional de Educação. Vamos buscar atingir com isso milhões de adultos analfabetos e muitos jovens também, o que hoje chega perto de 16 milhões. Assinou decretos de desapropriação de 203 mil hectares de terras improdutivas para fazer a Reforma Agrária. Essas terras estão em Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Distrito Federal, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina e Sergipe. Nelas serão assentadas cerca de 5.500 famílias, até o fim do ano.

Os repasses para compra de remédios de farmácia básica - antibióticos, antitérmicos e analgésicos - aumentaram de R$ 1,00 para R$ 2,00 por habitante nos municípios atendidos pelo Programa Fome Zero. O impacto será de R$ 32 milhões. O Governo aumentou os recursos do Bolsa Alimentação, que complementa a renda de famílias que têm crianças de até seis anos, gestantes e mães que estão amamentando. Em dezembro de 2002, um milhão, trezentas e oitenta mil pessoas recebiam o benefício, o que equivalia a um gasto de R$ 20,7 milhões. Em maio deste ano, o Bolsa Alimentação vai chegar até 1,83 milhão de pessoas, o que representa um gasto de R$ 27,4 milhões.

Portanto, gostaria de agradecer, pois acho que isso é de fundamental importância, uma vez que o Programa Fome Zero prevê todas essas ações que estão sendo colocadas em prática. Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - ROMEU TUMA JR - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado Aldo Demarchi..

 

O SR. ALDO DEMARCHI - PFL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, funcionários e telespectadores da TV Assembléia, vamos ocupar o tempo regimental que nos concede o Regimento desta Casa para falar de um assunto que está não só na grande imprensa mas como preocupação de toda comunidade e de toda sociedade, porque atinge uma grande parcela dos brasileiros, dos paulistas, enfim de todos os trabalhadores da nossa nação de décadas passadas. Refiro-me à reforma da Previdência.

Talvez falemos aqui coisas que o cidadão já está cansado de ouvir. No entanto, ele precisa ter esperança que alguém, com voz e com vez, pessoas que hoje estão com mandatos, que lhes foram confiados para defendê-los, levantem a voz e defendam realmente os seus direitos. Esse assunto ficou bem mais evidente porque no último dia 30 de abril o Presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, entregou no Congresso Nacional, com ampla cobertura da imprensa falada, escrita e televisada, a proposta das emendas constitucionais federais relativas à reforma da previdência. O ato foi marcado por uma série de cerimônias e discursos e passou à população e àqueles que assistiram, com a ajuda da mídia, a impressão de que estavam sendo entregues ao Congresso Nacional os projetos que vão tirar o país do atraso definitivo e encaminhá-lo à senda da justiça social que o governo federal prega e que todos almejamos. Mas não é bem assim.

A reforma da Previdência, no nosso entendimento, da forma como está sendo apresentada, é um mero paliativo com o caixa do sistema que foi criado há décadas atrás. E quando foi criado, foi criado com bastante esperança, porque naquele momento só havia contribuintes. Não havia beneficiários no início. Havia muitos contribuintes e poucos beneficiários. Muita arrecadação e pouco desembolso. Inclusive, esses recursos foram utilizados, anos e anos, para o desenvolvimento da nação. Muitas vezes mal aplicados e que hoje, por serem mal geridos e mal administrados, estamos com uma batata quente na mão. Essa reforma, ao centrar-se apenas na questão contábil, deixa de lado os principais problemas do Brasil focalizados nas áreas sociais e administrativas.

Ao contrário do que havia anunciado a equipe do atual governo e pelo próprio Presidente da República, a proposta teria direitos e benefícios anteriormente adquiridos pelos trabalhadores, pelos servidores, pelos ativos, aposentados e pensionistas. Vale lembrar que os servidores na maioria dos estados, inclusive em São Paulo, contribuem compulsoriamente para a Previdência Social e não participam das gestões desses recursos e, portanto, não podem ser prejudicados pelo desvio ou má administração, como citamos, desses recursos, e também pela falta de contribuição patronal, parte que caberia ao Estado. Sabemos que o Estado deveria, nesses anos todos, dar a sua contribuição como empregador, como existe na iniciativa privada. No entanto, nunca compareceu com a sua parte. Os únicos que contribuíram foram os servidores e trabalhadores. E agora quer- se penalizar tão somente o servidor, o aposentado, o inativo que ajudou a construir e a desenvolver este estado, essa nação.

Não podemos deixar de registrar que durante boa parte do governo que se findou, de Fernando Henrique Cardoso, tentou-se implantar essa reforma. Isso há sete ou oito anos atrás. O projeto acabou ficando apenas no papel, fato que ocorreu por diversos motivos. Um dos motivos foi a resistência de setores dentro do próprio governo. Isso porque as mudanças poderiam implicar na perda de alguns privilégios que altas esferas do setor público acumulam ao longo de todos esses anos da história brasileira.

Outro motivo, que é mais evidenciado e o principal, é que dentro do Congresso, especialmente dentro do partido que hoje governa o país, existia por parte dessas agremiações até vinculadas, não só o partido que governa, mas os partidos que dão apoio à esquerda, um torpedeamento no início da discussão dessas reformas. Eles tinham até uma razão, porque embora o PT tenha nascido do movimento operário do nosso ABC paulista, sempre contou, nesses anos todos, com uma grande participação e organização dos servidores públicos organizados com as entidades que representam os servidores públicos. Naquele momento, mexer nessa categoria representaria um sério prejuízo político e eleitoral.

Evidentemente que após vencidas as eleições e chegando ao poder, o panorama mudou de forma radical. O Presidente e seus companheiros decidiram colocar em prática as medidas muito mais duras do que aquelas encaminhadas inicialmente pelo então Governo do Fernando Henrique, se considerarmos que a reforma deveria ser iniciada de cima para baixo da pirâmide, onde se encaixam também privilégios odiosos. Talvez sem culpa, pois a culpa é daqueles que fizeram as leis protetoras, dando segurança àquelas pensionistas de Santos, da Marinha Mercante, as viúvas que recebem de 27 a 53 mil reais. Isso é um privilégio que deve ser cortado na reforma.

Não estamos discutindo contra a reforma, sabemos que ela é necessária. Mas não partindo da base da pirâmide, atingindo os menores, os menos favorecidos, os que ganham menos, os que deram o seu suor no trabalho, de uma forma efetiva para a nação, e hoje podendo ser frustrado o seu projeto de fim de vida.

Noticiou-se recentemente aqui, na Capital, os elevados salários da Câmara Municipal, onde existe até salário-esposa, o que representa um verdadeiro caso de polícia. O que precisamos cortar na reforma é esse tipo de privilégio. Com esse pretexto, acaba-se penalizando todo mundo, principalmente o servidor público. Quase todos os integrantes dessa classe trabalham com dedicação e vêm sendo penalizados já há quase oito anos, sem reajuste salarial. O pouco que tem se acrescido no seu contracheque, pode ter certeza, não alcançou os índices inflacionários estabelecidos nos últimos anos.

O que o Sr. Presidente e os senhores congressistas precisam levar em conta é que parte do rombo do pagamento das aposentadorias, de pensões, tanto no funcionalismo quanto também na Previdência Social, deve-se ao mau patrão que foi o governo, como já disse, que não contribuiu com a sua parte, como tem essa obrigação a iniciativa privada. Além disso, esse patrimônio do Instituto Nacional da Securidade Social sempre foi muito mal administrado pelo governo.

É importante registrar-se aqui que o combate à sonegação vem sendo feito de uma maneira praticamente simbólica. Estávamos ouvindo recentemente um economista da Unicamp que dava números à inadimplência com o INSS. A inadimplência chega a ser mais do que uma arrecadação anual do instituto, que nunca foram bem cobradas. Anteontem, aprovou-se a emenda 77, dando privilégio aos maus pagadores que estavam respondendo criminalmente por não receber. Deram amparo para que eles possam sair desse ato criminoso que cometeram um dia. Portanto, não vamos jogar em cima apenas de uma classe. Na nossa opinião, acreditamos que precisa ser feito uma auditoria para conhecermos os responsáveis dessa diferença que existe hoje.

Fiquei abismado também com um outro dado. Em janeiro deste ano, esse próprio economista da Unicamp nos deu a informação de que a arrecadação foi de quase 170 bilhões de reais, e o instituto desembolsou 130 bilhões de reais. Isso significa que não existe um déficit hoje, na forma contábil. O que precisamos é saber como isso vai ser gerido daqui para a frente. Se os responsáveis, aqueles que meteram a mão no dinheiro do servidor, ficarão impunes, sem responder processos criminais. A população brasileira tem pago um preço muito alto por isso.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, fiquei muito satisfeito porque os inativos não serão taxados. Faço parte desta Casa, já estou no terceiro mandato. Já tínhamos aqui um estudo feito da Previdência do Estado, através do saudoso Mário Covas, e ontem, numa estreita conversa que tivemos com o nosso líder - que é o Presidente do PFL e hoje vice-Governador, responsável por tratar deste assunto junto a esta Casa, e também por ser um estudioso da reforma da Previdência do Estado -, e ele nos garantiu - e isso para a nossa Casa é muito importante, principalmente para este Deputado que defendia - que os inativos do Estado não terão o desconto nos seus salários. A Lei Federal, que o Presidente Lula entregou ao Congresso, está bem claro e explícito que os inativos irão contribuir. O Estado de São Paulo ficará fora disso. O servidor do Estado contribui hoje com 6%, a título de pensão com o Ipesp, portanto não será onerado em mais um tostão.

Ficamos satisfeito com isso, principalmente com a notícia do vice-Governador, do nosso Presidente e líder do PFL. É ele o responsável nesse governo para cuidar desse projeto. Ele nos deu a garantia de que essa lei, que discutiremos nos próximos dias e nas próximas horas, dará tranqüilidade àquelas pessoas que defendem, que trabalharam, que fizeram os seus projetos de fim de vida, e que ajudaram a construir o nosso Estado e o nosso País, não serão oneradas em mais um desconto.

Deixo aqui, portanto, a nossa preocupação com a reforma. Precisamos estar atentos, conversando com os nossos colegas congressistas, para que realmente defendam o cidadão brasileiro. Porque ele não tem voz, a voz dele está aqui através desta tribuna, através deste microfone. Nós, sim, poderemos ser a caixa de ressonância para defender suas reivindicações, porque, muitas vezes, não tendo isso, ele irá para as ruas fazer as suas manifestações. Mas pode contar conosco nesta Casa, e também com os nobres pares, principalmente da bancada do PFL. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - ROMEU TUMA JR. - PPS - Tem a palavra, por permuta de tempo com o nobre Deputado Jorge Caruso, o nobre Deputado Enio Tatto, pelo tempo regimental de 15 minutos.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobre Deputado Romeu Tuma Jr., Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, ouvintes da Rádio Assembléia, público presente que nos visita, ontem conseguimos as assinaturas suficientes para protocolarmos um pedido de CPI, para investigarmos e apurarmos a crise por que está passando a TV e a Rádio Cultura, da Fundação Padre Anchieta.

Quero, em primeiro lugar, agradecer a todos os Deputados que assinaram o pedido, que manifestaram a sua preocupação e elogiaram a iniciativa, entendendo que é um assunto de responsabilidade de todos os Deputados desta Casa Legislativa. É um assunto que não podemos nos omitir, que precisamos debater, procurar soluções, apurar, verificar o que está acontecendo na Fundação Padre Anchieta, principalmente no que se refere à TV e Rádio Cultura.

Quero também destacar um requerimento do Deputado Orlando Morando protocolado ontem, no mesmo sentido e outro do Deputado Romeu Tuma Jr. Isso demonstra a importância do assunto, que envolve toda esta Casa e o interesse não só da população de São Paulo, mas do Brasil. A TV Cultura é uma emissora de televisão que ao longo dos anos tem prestado um grande serviço na área cultural, artística, jornalística, principalmente na área de educação infantil e esta Casa não pode se omitir com o que está acontecendo.

O que mais me estranha é o silêncio, diante das matérias que “O Estado de S.Paulo” e o “Jornal da Tarde” vêm fazendo a respeito do assunto, do Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, da Secretaria da Cultura e da própria emissora por parte do seu diretor Jorge da Cunha Lima, que não vem a público colocar claramente o que está acontecendo. Volto a dizer que esta emissora tem uma importância enorme para a cidade de São Paulo, para o Estado e para o Brasil, uma emissora que ao longo dos anos criou inúmeros programas importantes; que com sua programação séria ajudou na educação dos nossos filhos. Porém, hoje, ao assistirmos a TV Cultura, percebemos a queda na qualidade do seu trabalho.

Os meios de comunicação têm noticiado que a maioria da sua programação, como Mundo da Lua, Castelo Rá-Tim-Bum e X-Tudo, está sendo reprisada. Mais grave ainda: seus programas não estão sendo gravados. Sabemos que todos os programas são gravados para fazerem parte da história ou para utilização futura. Busca-se muitos programas e documentários do passado para se contar a história para as gerações que se sucedem.

 

O SR. ÍTALO CARDOSO - PT - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Primeiramente gostaria de saudar V.Exa. pela importância do tema que aborda; segundo, pela qualidade e profundidade com que trata da questão. É um assunto que vem preocupando. Vez por outra vemos em alguns jornais da nossa cidade a preocupação com a qualidade da programação da TV Cultura hoje. Em contrapartida vemos o descaso por parte do Governo para com essa emissora.

É inexplicável, uma emissora que tem como vocação um jornalismo de qualidade e informativo, sem contudo ser tendencioso, inclusive a história da TV Cultura mostra o quanto é importante como meio de comunicação educativa, estar hoje nessa situação: qualidade de trabalho péssima, funcionários amedrontados, técnicos sem a menor condição de trabalho. Há um verdadeiro sucateamento. Existe aí uma contradição, porque que olha o prédio da TV Cultura diz “Que maravilha, que prédio bonito! Mas, na realidade, o que se vê por dentro são equipamentos sucateados, de péssima qualidade, que não permitem, como V.Exa. bem aponta, sequer a gravação.

Percebemos também que o comercial tem cada vez mais ocupado o espaço da informação pública, que deveria ter a emissora. Os programas de notícia estão diminuindo, o tempo que os repórteres teriam para se aprofundar em algumas questões está sendo diminuído cada vez mais e a iniciativa privada tem colocado bastante dinheiro nessa emissora. Empresas como Natura e Bradesco estão investindo nessa emissora, fazendo com que ela possa competir com a Rede Globo, SBT e outros canais convencionais e quem paga com isso - e paga duplamente, porque quem paga mal paga duas vezes - é o contribuinte, que não tem uma programação de qualidade.

O pronunciamento de V.Exa. tem de ter conseqüências. Penso em conversar com os meus pares da Comissão de Fiscalização para convidar a vir a esta Casa o Sr. Cunha Lima para dizer o por quê da qualidade da TV ter caído tanto. Será falta de dinheiro? Não podemos admitir que uma emissora como esta, que já foi exemplo para o Brasil e para o mundo, com vários prêmios internacionais, fique na situação em que hoje se encontra. É de entristecer!

Fica esta pergunta no ar: Será que não fizeram a lição de casa direito? Mas ele foi eleito! Fica esta indagação para o debate e espero que os Deputados da situação venham falar alguma coisa sobre isso, porque com certeza seus filhos também estão sendo atingidos.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Agradeço sua contribuição, o apoio à iniciativa e o interesse sobre o assunto.

Programas importantes dessa TV, como o Roda Viva e os programas infantis, como bem lembrou o nobre Deputado Ítalo Cardoso, foram premiados no Brasil, inclusive é uma das emissoras que mais recebeu prêmios no Exterior no que diz respeito aos programas infantis. As fitas de gravação desses programas estão sendo reutilizadas e quando reutiliza-se uma fita, apaga-se a memória, o acervo que foi construído. Isso é ruim para a história do país, porque talvez seja a emissora que tenha o maior acervo cultural gravado em todas as áreas da história da Brasil. Há denúncia de que essas fitas estão sendo regravadas por falta de fitas para gravar.

Então, é preciso saber o que está acontecendo entre a direção da emissora e o Governo do Estado. Primeiro, porque o Governo do Estado não investe o que deveria investir. Quando da demissão de cerca de 300 funcionários, a maioria deles capacitados, importantes para a programação da TV na programação, na própria instituição. Os jornais colocam hoje, são cerca de seis bilhões, que não estão sendo revertidos, não estão sendo gastos. O jornal coloca que é uma briga política entre o Governo do Estado, que não está contente, com a administração da instituição Padre Anchieta.

Com certeza não pode estar contente mesmo, porque desde 96 essa direção assumiu, e de lá para cá, a qualidade só tem caído, a crise só tem se agravado. Mas, por não concordar com administração, acho que não pode um Governo do Estado, um Estado tão importante como São Paulo, que é o carro-chefe desta nação, não ter a competência e a sensibilidade de manter a qualidade, correndo o risco até de sair do ar a TV Cultura. O Governo do Estado precisa tomar uma posição. Precisa colocar dinheiro, investir, para que a qualidade da TV Cultura possa ser mantida.

Os funcionários podem ficar tranqüilos, estão muito descontentes e sem muitas expectativas, porque também sofrem com essa crise. O Governo do Estado precisa tomar uma decisão, os representantes do governo precisam se pronunciar nesta Casa, para colocar para toda a população, e para nós, Deputados, o que está ocorrendo.

Gostaria de pedir o apoio de todos os Srs. Deputados, do Sr. Presidente, para que essa CPI fosse votada e aprovada, para que pudéssemos contribuir para salvar a TV Cultura, a Rádio Cultura. Convocar o diretor, como o nobre Deputado Ítalo Cardoso colocou aqui, para vir falar sobre o assunto; convocar os Sindicatos dos Artistas, dos Jornalistas, Radialistas, que mandaram farta documentação, com denúncias do que está ocorrendo. O fato de ter uma divergência política, de não estar contente com a administração da TV Cultura, não é suficiente para sucateá-la, os seus equipamentos, queda da qualidade e deixar uma população perplexa, porque é uma TV que aprendemos a gostar. O Estado de São Paulo tem orgulho enorme, uma TV que exporta programas, uma TV de enorme qualidade.

Quem não se lembra da programação, matéria prima de Serginho Groismam, que tanto a juventude acompanhou? Quem não se lembra de programas como Nossa Língua Portuguesa, com o professor Pasquale Cipro Neto, que tinha uma audiência enorme? Ou o Castelo Ra-tim-bum, que concorria com as TVs comerciais, com altos índices no Ibope? O Governo do Estado investe tanto dinheiro em publicidade, nas outras emissoras de TV, e não consegue manter uma TV educativa, que tem grande responsabilidade na educação dos nossos filhos, no jornalismo, uma TV que foi de ponta. Diversas cidades do Estado já não recebem mais a imagem da TV Cultura, como Jundiaí, Presidente Prudente, Leme, São José do Rio Pardo. Em Campinas, já está chegando precariamente.

Peço o apoio do Sr. Presidente, Srs. Deputados, não vou me cansar de vir a esta tribuna, para pedir aprovação dessa CPI, para aprová-la, para investigarmos, verificando o que está acontecendo, pois essa é a contribuição que esta Casa tem obrigação de dar, para salvar e não deixar a TV Cultura, a Rádio Cultura saírem do ar. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - ROMEU TUMA JR. - PPS - Esta Presidência tem a grata satisfação de anunciar a visita a esta Casa, do Sr. João Batista Mateus de Lima, Prefeito de Santo Antônio da Alegria, do Partido do PPS, a quem nós saudamos e solicitamos uma salva de palmas. (Palmas.)

Tem a palavra o nobre Deputado Arnaldo Jardim. Preliminarmente, quero cumprimentar V. Exa., em meu nome pessoal, já tive a oportunidade de fazê-lo no Pequeno Expediente, em nome dos nossos colegas, seus pares, e especialmente em nome da Presidência efetiva desta Casa, pela passagem do seu aniversário. Grande e nobre Deputado Arnaldo Jardim, que V. Exa. tenha muita saúde e que Deus continue abençoando-o. (Palmas.)

 

O SR. ARNALDO JARDIM - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigado, Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Romeu Tuma Jr, quero agradecer essa demonstração de carinho, cumprimentá-lo, assim como cumprimentar a todos os nossos colegas, Deputados, assessores que ao longo do dia têm nos brindado com demonstrações de carinho, que reforçam a nossa disposição de trabalho. Sensibilizado, agradeço.

Sr. Presidente, quero relatar a esta Casa iniciativa que participamos, ocorrida na última segunda-feira, pela manhã, na Fiesp, numa iniciativa daquela entidade, sobre agências de regulação. Reunião muito importante, que contou com a participação do Presidente da Fiesp, Dr. Horácio Piva, coordenada pelo Instituto Roberto Simonsen, o qual tem na direção dos seus trabalhos o Dr. Ruy Altenfelder, a quem reiteramos os nossos respeitos e aplausos pela iniciativa.

Pude compor a mesa daquele evento, ao lado do Deputado Federal, Dr. Alberto Goldmam, Dr. Sevi Campi, que preside a Associação Brasileira de Agências de Regulação. Integraram os trabalhos o Dr. Sebastião Rego Barros, Presidente da Agência Nacional do Petróleo, o Dr. Luiz Shimura, Presidente da Agência Nacional de Telecomunicações, o Dr. José Mário Abdo, Presidente da Associação Nacional de Energia Elétrica - Aneel. Estiveram também representadas as agências do setor de transportes, assim como as nossas agências estaduais, como Cesp, Artesp.

Foi um seminário que serviu para avaliar, posicionar e aprofundar a discussão em torno do debate sobre agências de regulação, onde, Sr. Presidente, pude expor algumas das nossas preocupações sobre o assunto. E, não só preocupações, permitam-me dizer, mas coerente com o que tem sido a nossa tentativa de sempre, quando discutimos uma determinada questão, apresentamos as nossas preocupações, mas, acima de tudo, apresentamos propostas e sugestões que vão no sentido de aperfeiçoar esse instrumento importante, que são as agências de regulação.

Poucas conhecidas ainda do público, necessário se faz que sejam acompanhados os seus trabalhos, e que uma série de dispositivos sejam adotados para dar a eles mais transparência, portanto, credibilidade, portanto, efetividade. Expusemos a sugestão de que, em primeiro lugar, todas as normas publicadas pelas agências tenham uma maior publicidade; que tenhamos as reuniões de diretoria feitas de forma aberta, para que possam ser acompanhadas pela imprensa, pela sociedade, e à semelhança do faz uma série de agências dos Estados Unidos, Europa, possam ser transmitidas pela televisão. Afinal, nessas reuniões são discutidas itens como o que é uma tarifa social de eletricidade; qual vai ser a meta de universalização do setor de telecomunicações; de que forma se reajustará o pedágio, questões que têm uma incidência direta na vida de cada um de nós, cidadãos.

Propusemos que sejam aperfeiçoados os mecanismos, através dos quais ocorrem a indicação dos membros da agência, e que seja instituído um processo através de legislação adequada, para que não só se outorgue um mandato, e os mandatos tenham um critério de intocabilidade, mas que seja também instituído, paralelo a isso - até para que haja um equilíbrio -, um mecanismo de avaliação sistemática do desempenho de cada um desses diretores, e para que ainda se aperfeiçoem os instrumentos de quarentena.

Afinal de contas, bem sabemos, há inúmeros casos registrados, publicados pela imprensa, de pessoas que até há poucos instantes presidiam um processo de concessão de privatização e que, depois, passam a integrar diretorias de empresas privadas. Ou ainda o contrário: pessoas que estavam nas empresas privadas e que passaram a integrar os quadros da agência, que posteriormente iria decidir assuntos econômicos e funcionais de relevância para essas próprias empresas.

Apresentamos ainda, Sr. Presidente, uma série de sugestões para que aquilo que ficou destacado, e que depois ganhou relevância inclusive na imprensa, que é a autonomia financeira da agência, possa ser preservada através da instituição de mecanismos de repasse, através de duodécimo. Hoje particularmente - isso tem ocorrido no Governo Federal - houve o contingenciamento de verbas das agências de regulação, o que tem comprometido sua efetividade, sua capacidade real de fiscalizar e de regular.

Quero destacar que, a partir de um debate que realizamos aqui na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, imprimimos um livreto, o qual colocamos à disposição dos telespectadores e daqueles com acesso à nossa comunicação. Pedimos então que nos contatem, para que possamos enviar esta publicação, que contém uma série de reflexões e que detalha nossas propostas para o tema. A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou representação desta Casa para participar do Congresso da Associação Brasileira de Agências de Regulação, que vai se realizar agora nos próximos dias 25, 26, 27 e 28 de maio, no Rio Grande do Sul, onde estaremos para poder continuar nossa participação nesse instrumento tão importante que são as agências de regulação.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero ainda trazer um outro testemunho, que dá seqüência àquilo que tem sido nossa preocupação na ação parlamentar, que é a preocupação com relação ao desenvolvimento científico e tecnológico. Quando aqui vivemos o processo constituinte, que gerou a nova Constituição do Estado de São Paulo, tive a responsabilidade de ser autor do anteprojeto em torno do qual se deu o debate constituinte aqui na Casa, juntamente com uma equipe de trabalho de parlamentares.

Naquele nosso anteprojeto, que acabou sendo sacramentado de forma definitiva, e que constitui hoje texto integrante da nossa Constituição Estadual, há destinação permanente de 1% das verbas do ICMS à nossa Fapesp. É à luz disso que temos observado a Fapesp ganhar cada vez mais consistência, numa posição de vanguarda por excelência no desenvolvimento científico e tecnológico do nosso País, num momento em que escasseiam verbas, particularmente do Governo Federal, para o setor de desenvolvimento científico e tecnológico, cumprindo a Fapesp um dever ainda mais estratégico para nosso País.

Afinal de contas, como bem diz o Governador Geraldo Alckmin, que reiteradas vezes vem lembrando isso, houve um momento em que as nações se dividiam ou se confrontavam no terreno militar, para depois passar ao econômico. Hoje é no campo de conhecimento que se estabelecem as diferenças entre as nações. É à luz disso que temos visto a Fapesp amparar uma série de pesquisas que orgulham a todos nós. Vou destacar o aspecto mais ligado ao setor da agricultura, da agropecuária do nosso Estado e do nosso País.

Tornou-se público, todo mundo comentou, o caso do amarelinho, da "xylella fastidiosa", isto é, a capacidade de decodificar esse gene, de modo a nos permitir enfrentar essa doença que vem causando prejuízos da ordem de 110 milhões de reais por ano para nossa citricultura. Houve mais. Tivemos também um desdobramento, à luz de recursos que nos foram propostos numa parceria da Fapesp com - e surpreendamo-nos todos - a Associação de Vinho da Califórnia, para que pudéssemos decodificar geneticamente a formação da uva, identificando alguns dos problemas que acometiam a vinicultura na Califórnia. Caminhamos também de forma significativa na decodificação do genoma do eucalipto, gerando espécies mais produtivas, mais precoces, que alavancam hoje a competitividade do nosso setor de papel celulose.

Estavam lá na Fapesp, ontem, além de mim, o Deputado Waldir Agnello, o Deputado Adilson Barroso, ao lado do Governador Geraldo Alckmin, quando se iniciou o trabalho de decodificação do genoma do boi. Para que todos nós tenhamos uma idéia do que isso significa, hoje já temos o segundo maior rebanho bovino do mundo. Somos ultrapassados pela Índia, onde, como todos nós sabemos, por uma questão religiosa não se abatem bovinos - não se trata portanto de um rebanho comercial. Temos portanto o maior rebanho comercial do mundo. Mais do que isso, alçamos este ano à categoria dos maiores exportadores de carne do mundo: serão um milhão, 150 mil toneladas, gerando a carne recursos da ordem de um bilhão e 100 milhões de dólares, e o couro, recursos da ordem de 850 milhões de dólares, sem mencionar nossa indústria calçadista de couro, que alça à casa também de um bilhão de dólares de exportação este ano.

Então, exatamente para poder dar seqüência a isso é que ontem foi anunciada uma parceria com a iniciativa privada, no caso a Central Bela Vista Genética, uma empresa de renome no setor, que investe no setor de decodificação genética e transplante de embrião, no aprimoramento genético do nosso rebanho, para que possamos, a partir desse trabalho científico, termos espécies com maior precocidade, maior qualidade da carne, maior ganho de peso, portanto aumentando ainda mais nossa competitividade internacional.

Quero saudar a direção da Fapesp, através de seu diretor-superintendente, o professor Carlos Vogt, de seu Presidente do conselho, professor Francisco Romeu Landi, do Dr. Perez, que é o seu diretor científico nessa importante e inédita parceria, que soma recursos da iniciativa privada àqueles investimentos que autorizamos aqui, para que possamos aumentar nossa competitividade.

Por falar em competitividade, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero ressaltar que parece que agora temos a possibilidade de enfrentar de forma decisória nossa discussão sobre a questão do ICMS do álcool. Todos nós acompanhamos na semana passada no Agrishow, quando, a par de uma série de anúncios feitos pelo Governador Geraldo Alckmin e de medidas relativas ao apoio ao agronegócio, tivemos a presença especial do Presidente Lula anunciando recursos para estocagem do álcool, bem como a retomada da mistura ao nível de 25% do álcool combustível, com o que temos portanto consolidada a retomada do programa de álcool combustível.

Precisamos agora fazer nossa parte. E a parte desta Assembléia Legislativa, como desdobramento até de tudo que nós discutimos aqui, por ocasião da CPI dos Combustíveis, deve ser no sentido de acolher a iniciativa do Sr. Governador Geraldo Alckmin e promovermos a diminuição da incidência do ICMS sobre o álcool combustível de 25% para 12%. Quero nesse sentido saudar a iniciativa do Deputado Geraldo Vinholi, que preside nossa Comissão de Agricultura, ao lado do Deputado Luiz Gonzaga, que, pela Comissão de Finanças, ambas comissões estáveis desta Casa, realizarão um debate público com o Sr. Secretário da Fazenda, Sr. Secretário da Agricultura, na próxima quarta-feira, às 10 horas, para debater exatamente essa situação: a incidência do ICMS do álcool, o que ela tem causado.

Já apresentamos aqui nossa opinião, nossos dados sobre a questão. É uma evasão fiscal imensa, uma perda tributária muito significativa para o Estado de São Paulo. Que possamos corrigir isso, Sr. Presidente, não esperando a reforma tributária que não sabemos quando e como ocorrerá. Queremos que ocorra rápido, que diminua a guerra fiscal, mas também queremos que isso possa ser feito já pela Assembléia, por meio da aprovação da medida enviada pelo Sr. Governador. Essa medida já está escudada em cuidado que tivemos quando da aprovação do Orçamento do Estado de São Paulo para este ano, onde está prevista a nossa arrecadação. Fez-se todo um estudo que foi avaliado e planejado à luz do coeficiente de 12% incidente sobre o álcool combustível. Muito obrigado, Sr. Presidente. Reitero os meus agradecimentos pela gentil menção pessoal feita por V.Exa. no início do nosso pronunciamento.

 

O SR. PRESIDENTE - ROMEU TUMA JR. - PPS - Srs. Deputados, está esgotado o tempo destinado ao Grande Expediente.

 

O SR. ÍTALO CARDOSO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, pessoas que nos acompanham das galerias e pela TV Assembléia, faço uso desse espaço regimental para falar da bela manifestação ocorrida ontem. Bela por um lado, mas triste por outro.

O motivo que levou mais de 15 mil pessoas - segundo a imprensa -, mas com certeza bem perto de 20 mil pessoas ao Palácio dos Bandeirantes para tratar de um assunto com o Sr. Governador tem a ver com esta Casa. Foi a questão da moradia no Estado de São Paulo. A União dos Movimentos de Moradia, uma entidade que lida com essa questão no País inteiro, organizou juntamente com várias outras entidades essa manifestação.

Tive oportunidade de, juntamente com outros Deputados, como os Deputados Simão Pedro, Sebastião Arcanjo, Maria Lúcia Prandi, Mário Reali, o ex-Deputado Henrique Pacheco, de participar de uma reunião com o Secretário-Adjunto, Deputado Mauro Bragato, que se viu em uma situação muito difícil. Primeiro, porque se trata de uma pessoa de fino trato, conhecido por todos nesta Casa e hoje Secretário-Adjunto da Habitação.

O Deputado Mauro Bragato, vendo-se em uma situação difícil, foi obrigado a assumir que parte considerável, ou quase tudo, que o Movimento de Moradia levou para tratar no dia de ontem com o Governador já era compromisso assumido pelo Governo do Estado com esse mesmo movimento, alguns há mais de um ano. De novo naquela pauta não tinha nada. Aquelas pessoas foram ao Palácio dos Bandeirantes ontem pedir ao Governador que cumprisse o que o Governo Estadual assumiu há um ano. Que cumprisse aquilo que ele, como vice-Governador deste Estado, assumiu com esse movimentos.

Os líderes desse movimento não aceitaram sair de lá sem conversar com o Governador. Foi feita, então, uma comissão de trabalho para a semana que vem, quando essas lideranças, juntamente com alguns secretários ligados ao setor, terão uma conversa com o Governador para que ele explique àquelas pessoas que não têm um teto neste Estado o porquê da demora e quando se vai resolver.

Entre as questões está o uso de 1% do ICMS, já aprovado por esta Casa, especificamente na área de moradia. E isso não acontece. Esse dinheiro é usado como contingenciamento de caixa que é devolvido depois. Não se consegue explicar porque esse dinheiro não é usado. Outra questão é a da política habitacional que possa atender àquelas pessoas que recebem até três salários mínimos, nobre Deputado Campos Machado. Não se pode pensar apenas em uma parcela da sociedade.

Entendo como vitoriosa essa marcha feita ontem até o Palácio dos Bandeirantes. Não se explica por que não deixaram essas pessoas chegarem com carro de som na porta do Palácio, e também por que nem o Governador, nem o Secretário da Habitação, recebeu essas 20 mil pessoas que estavam lá. Esperamos que aquilo que o ex-Deputado Mauro Bragato se comprometeu com essa comissão não caia novamente no esquecimento, uma vez que o que ele mesmo combinou fora assumido há mais de seis meses, algumas coisas há quase um ano.

Quero deixar registrado o nosso protesto pelo fato de nem o Secretário nem o Governador ter recebido essa comissão. Espero que fique a lição, porque o Movimento saiu de lá muito disposto. Se não resolver, outras manifestações acontecerão e de outras formas. No mínimo tem de ficar a lição.

Outro assunto que gostaria de me referir nesses segundos que me restam é com relação à fala do Deputado Enio Tatto na tarde de hoje. Nessa discussão por que passa a TV Cultura, também a Assembléia Legislativa tem uma dívida hoje com os meios de comunicação. A sala de imprensa desta Casa está desativada, Sr. Presidente. Não se explica que uma Casa como esta - seja que argumento for - não tenha uma sala de imprensa à altura. Se por acaso estiver em reforma, que seja concluída logo. Ao que parece a sala de imprensa da Assembléia Legislativa foi extinta e a Mesa Diretora tem de dar explicações. Muito obrigado.

 

O SR. LUIS CARLOS GONDIM - PTB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, temos assistido aos problemas das Unidades de Terapia Intensiva no País e no Estado. Temos observado o que tem ocorrido no Ceará, em Fortaleza, e denunciamos o problema que ocorreu na cidade de Suzano. Foram fechados os cinco leitos disponíveis para o SUS e, em Mogi das Cruzes, nove leitos. Uma coisa ficou muito clara: o que se paga pelos leitos de Unidade de Terapia Intensiva pelo SUS é insuficiente para manter os leitos abertos.

Temos já denunciado isso várias vezes, e agora a coisa está estourando em todo o país e também aqui no Estado de São Paulo. Se uma empresa privada assume leitos de Unidade de Terapia Intensiva em um hospital, recebe entre 100 e 120 reais a diária de cada leito. Está provado que essa diária deverá ser entre 350 e 400 reais. Existe uma defasagem muito grande e que tem de ser corrigida urgentemente pelo Sistema Único de Saúde. Precisamos de mais leitos na UTI.

A nossa região tem aproximadamente 13 municípios, de Salesópolis até Guarulhos. São dois milhões e 600 mil habitantes. Deveria haver 132 leitos de terapia intensiva, mas temos 38. Comentamos e denunciamos isso em jornal, mas também recebemos boas notícias, como a que tivemos através do atual diretor da DIR-3, Sr. José de Oliveira, comunicando que o Governador liberou seis leitos para Mogi das Cruzes com toda a aparelhagem, no total de R$ 193.600,00.

O que está acontecendo em Suzano, Itaquaquecetuba, Ferraz, Guarulhos, tem de ser visto e revisto porque o sucateamento da saúde é muito grande, principalmente em Unidades de Terapia Intensiva, nas quais essa aparelhagem fica ligada continuamente. O que se gasta de antibióticos, de cânulas, de oxigênio em Unidades de Terapia Intensiva, não há entidade filantrópica que suporte esse gasto por dia e por mês. Precisamos que sejam revistas todas essas unidades pagas. Não tenho a diária de um paciente SUS, mas tenho certeza de que é menor do que 25 reais, para dar cinco alimentações, lavar roupa etc. É impossível um hospital sobreviver.

Isso tem de ser visto, temos que estar em acordo total, os Deputados estaduais de São Paulo e de outros estados, e fazer assim um levantamento urgente, tentando implorar que o Ministério da Saúde não corte verbas do Sistema Único de Saúde, como foi feito pelo atual Presidente da República e várias vezes por Fernando Henrique Cardoso. O reflexo está na população morrendo. Isso poderá acontecer com qualquer um de nós. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. ANTONIO MENTOR - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos por dez minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - ROMEU TUMA JR. - PPS - Srs. Deputados, tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado Antonio Mentor e suspende a sessão por 10 minutos.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 16 horas e 44 minutos, a sessão é reaberta às 17 horas e 12 minutos, sob a Presidência do Sr. Sidney Beraldo.

 

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O SR. ROMEU TUMA JR. - PPS - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos por mais cinco minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Srs. Deputados, tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado Romeu Tuma Jr. e suspende a sessão por mais cinco minutos.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 17 horas e 12 minutos, a sessão é reaberta às 17 horas e 21 minutos sob a Presidência do Sr. Sidney Beraldo.

 

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O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Esgotado o tempo destinado ao Grande Expediente, passamos à Ordem do Dia.

 

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- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Srs. Deputados, há sobre a mesa requerimento do nobre Deputado Vanderlei Macris que requer, nos termos regimentais, que a disposição das proposituras da presente Ordem do Dia seja alterada na seguinte conformidade: que o item nº 16 passe a figurar como item nº 1, renumerando-se os demais itens.

Em votação. Os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Item 1 - Discussão e votação do Projeto de lei Complementar nº 41/02, de autoria do Sr. Governador. Altera dispositivos da Lei nº 10.261, de 28 de outubro de 1.968, que dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo.

Tem a palavra, para discutir a favor do PLC nº 41/02, o nobre Deputado José Bittencourt, pelo tempo regimental de 30 minutos.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Romeu Tuma Jr.

 

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O SR. JOSÉ BITTENCOURT - PTB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, nós estamos discutindo o Projeto de lei Complementar nº 41/02, de iniciativa do Governo do Estado, que altera a Lei 10.261, de outubro de 1968, que dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo. Este projeto denominado Via Rápida altera de modo bem preciso os artigos 239 e 240 do Estatuto do Funcionalismo Público Civil do Estado de São Paulo.

Pudemos dar uma lida neste projeto. E não só lermos, mas meditamos e refletimos a respeito da viabilidade deste projeto. Não só o Governo, mas entendo que toda a organização, seja ela pública ou privada, precisa ter o chamado regime disciplinar definido. Desse modo, aqueles maus servidores que agirem com prevaricação, agirem com desdém à sua obrigação de prestar serviço, evidentemente precisam ser enquadrados e instaurado o devido processo administrativo.

Quero, nestas linhas introdutórias, antes de analisar algumas questões deste projeto, Srs. Deputados e ilustres telespectadores da TV Assembléia, dizer que a nossa linha de conduta, não só como parlamentar, mas também os servidores públicos estaduais, municipais e federais precisam saber que o serviço que eles prestam é de relevante interesse para a comunidade e para a sociedade. O artigo 37 da nossa Constituição Federal, promulgada no dia 10 de outubro de 1988, reza que os princípios que norteiam, a atividade pública direta ou indireta, os princípios que fundamentam e dão base à atuação do gestor público, seja de qual área for, do Legislativo, do Executivo ou do Judiciário - estamos falando basicamente do Executivo -, precisa estar pautada sua atuação com base na legalidade, na impessoalidade, na moralidade, na eficiência e publicidade, outro princípio que deve nortear os atos de todo o servidor público.

Claro que este projeto consegue um mecanismo jurídico para que o Executivo, pela chamada Via Rápida, consiga extirpar do funcionalismo público pessoas que estão agindo com - repito - desdém, à sua obrigação, agindo com desídia, em desacordo à sua obrigação de servidor público.

Quero dizer aos Srs. Deputados e aos telespectadores que, há um tempo atrás, basicamente no ano passado, através da Lei Complementar nº 922, de julho de 2002, esta Casa também votou a chamada Via Rápida e alterou a Lei Orgânica da Polícia Civil. A Corregedoria da Polícia Civil, hoje, tem um instrumento legal que pode extirpar da corporação, com base legal, agentes que estão agindo de modo inadequado com a função, agindo em desacordo com a sua função.

Aqui nesta Casa existem ilustres parlamentares que têm uma aproximação e uma vivência não só porque é policial civil. Com o serviço prestado à sociedade e à própria corporação, têm vivência e sabem muito bem o quanto o PLC nº 922, de julho de 2002, representou para a corporação. Aperfeiçoou os instrumentos jurídicos, principalmente da Polícia Civil do Estado de São Paulo, alterando a Lei Orgânica daquela corporação, dando instrumento legal para que se agisse pela Via Rápida no sentido de disciplinar agentes públicos que estão atuando em desacordo com o princípio da moralidade, da eficiência, da legalidade, princípios que estão agasalhados na nossa Constituição.

Srs. Deputados, quero trazer também aqui algumas considerações. Primeiro, deixar claro que este Projeto de lei Complementar nº 41/2002, que estou comentando, teve inspiração no próprio Projeto de lei Complementar nº 922, de julho de 2002. Na mensagem do governador isso está muito claro isso e evidencia que este projeto, Sras. e Srs. Deputados, ilustre Bancada do PT, do PTB, do PSDB, PV, PSB, PP, PRONA e demais bancadas desta Casa, não saiu da imaginação do Palácio dos Bandeirantes, da cabeça dos tecnocratas, mas da necessidade de mostrar para a população de que é preciso ter instrumentos jurídicos, legal, que venham a dar condição ao Executivo tomar as medidas disciplinares, pela via rápida.

Há uma outra coisa que é bom deixar claro, Sr. Presidente. Todo esse procedimento, que deverá ser instituído pelo PLC nº 41, que comento neste instante, é no âmbito administrativo. Assim, o Governador Geraldo Alckmin, que é homem sério e honrado, que quer o bem deste Estado, o bem dos brasileiros do Estado de São Paulo, princípios que não podem ser mudados em qualquer esfera da nossa vida, e que são contemplados na Constituição Federal estão aqui inseridos neste projeto, tais como o direito à ampla defesa, o direito ao contraditório, o direito a ter advogado, mesmo no âmbito administrativo, o direito ao advogado ao compulsar os autos, a ter acesso ao processo administrativo, de tal modo que o Governo teve a preocupação de que o princípio da ampla defesa, o contraditório, fosse respeitado ao elaborar este projeto, o que não poderia ser de modo diferente.

Colocamos aqui que a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, as Sras. e os Srs. Deputados estão viabilizando ao Executivo, votando de acordo com os seus princípios, com as suas consciências, com os seus pensamentos, um instrumento legal que possa facilitar e dar mais celeridade ao seu projeto. E, no procedimento administrativo, possibilitando ao Executivo tirar do meio do funcionalismo público pessoas - com todo o respeito - que são verdadeiros parasitas, que denigrem e até depõem contra a classe dos funcionários públicos. Existem pessoas sérias em todas as esferas e em todas as associações de representação de classes. No funcionalismo não poderia ser diferente, existem pessoas sérias, mas também pessoas que estão praticando ações tipificadas no nosso ordenamento jurídico, como ações delituosas e crimes.

Não quero aqui elencá-los nem descrevê-los, pois V.Exas. conhecem muito bem. De tal modo que este Projeto de lei Complementar traz no seu bojo a possibilidade de o Executivo dar uma resposta à sociedade, de modo célere e eficiente, sem ferir os princípios constitucionais da ampla defesa do contraditório, tampouco sem ferir os princípios da presunção da inocência, que é instrumento que dá base jurídica fundamental e individual ao cidadão brasileiro.

Em síntese, este projeto aperfeiçoa o processo administrativo e dá possibilidade de investigação, pela via rápida e célere, ao procedimento investigativo para a eventual quebra de deveres no serviço público estadual. É de bom alvitre nós aqui ponderarmos que o governo está, acima de tudo, dando uma resposta à sociedade, neste particular. Este projeto contempla a possibilidade da chamada apuração preliminar. Possibilita verificar, diante do fato concreto, os indícios da prática e da quebra do dever no serviço público. Então, existe a figura da chamada apuração preliminar em que se pode afastar preventivamente a pessoa. Não demiti-la, tampouco demiti-la a bem do serviço público, mas afastá-la preventivamente, dentro do chamado instituto da apuração preliminar, e garantindo a esse servidor estadual, no rito procedimental, todas as fases, para que ele possa assim utilizar o princípio da ampla defesa, o princípio do contraditório, e produzir provas.

Quero deixar claro que nenhum cidadão pode fazer prova contra si próprio, quando ele for instado a comparecer a juízo. Principalmente, no âmbito criminal, ninguém é obrigado a fazer prova contra si próprio. Esse direito está assegurado na própria Constituição. Ele vai se defender da acusação. Aliás, diga-se de passagem que, quando um cidadão é acusado, é preciso que ele saiba o teor e o conteúdo da acusação. A acusação não pode ser genérica, ela tem de ser clara e objetiva, até para possibilitar ao acusado a mais ampla defesa, sob pena de produzir depois até nulidade.

Existem denúncias, no âmbito processo criminal, que são julgadas ineptas; isto é, por não tipificar adequadamente a conduta delituosa e por não deixar clara qual a acusação que está ali sendo dirigida ao acusado. Este projeto contempla portanto a possibilidade da apuração preliminar, com afastamento preventivo, repito, dando ampla possibilidade de defesa da pessoa que ali está sendo acusada.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, quero deixar claro também que este projeto sofreu emendas de Deputados, não só da base do Governo como também da oposição. Há quatro emendas da oposição, que não foram contempladas pelo relator aqui designado, mas este projeto teve a eficiência necessária para que também assegurasse ao acusado, ao servidor público estadual, o chamado direito de petição, inclusive é um instrumento que consta da Constituição Federal. O servidor acusado tem o direito de peticionar, de fazer a sua própria postulação, o chamado “jus postulandi”, no âmbito administrativo. Este projeto traz a tipificação aos atos infracionais, isto é, dá o devido enquadramento das ações praticadas por servidores estaduais por quebra de deveres de sua responsabilidade.

Ao estudar este projeto, vislumbramos que o Governo teve a paciência - no chamado instituto de apuração preliminar e afastamento preventivo - de colocar que tudo isso é a bem da moralidade ou da própria instrução procedimental, da instrução processual.

Este projeto merece, precisa ser aprovado por esta Casa, dando uma resposta à sociedade e um instrumento ao Executivo no sentido de que os servidores públicos estaduais que não agem de acordo com o Estatuto do Funcionalismo Público Estadual não merecem continuar prestando serviço para a sociedade.

Sabe qual é o sentimento que sobe ao meu coração? É de que este instrumento jurídico vai dar motivação aos bons funcionários públicos, aos bons servidores públicos. Quero inclusive trazer um pensamento: a lei é feita não para quem a cumpre, não para quem anda de acordo com os princípios morais, éticos que regem a nossa sociedade. A lei é para aqueles que não obedecem os princípios éticos e morais da sociedade. O que quero dizer em síntese, para deixar mais claro, é que o cidadão de bem, o homem de bem, a mulher que atua na obediência dos princípios que norteiam e dão fundamento às boas relações sociais, não têm medo da lei. De tal modo o servidor, aquele que age no estrito cumprimento dos seus deveres, não tem medo da lei. A lei é para quem pratica uma conduta anti-social, para quem age em desrespeito ao princípio da reserva legal. É este agente delituoso que tem de ter medo do braço da lei.

A lei não deve ser vista como instrumento que amedronte o bom cidadão. A lei tem de ser vista como instrumento jurídico que amedronte aquele que pratica e age na contramão das boas relações sociais. Ou seja, quem age, quem atua com conduta anti-social, para este, o peso e o rigor da lei, sem deixar de observar o princípio da ampla defesa, o princípio do contraditório, da presunção de inocência, porque isto faz parte dos direitos e garantias fundamentais do cidadão brasileiro, que aliás, é cláusula pétrea da nossa Constituição.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, quero trazer uma reflexão sobre este projeto. Quando o servidor público estadual é acusado por quebra do dever, quando ele é citado para o interrogatório, o projeto contempla que ele tem de ter dois dias para se apresentar, no mínimo. Ele tem de ser citado no prazo de 48 horas.

No processo criminal, no âmbito do processo crime, o primeiro momento em que o acusado, em que o réu se apresenta ao magistrado, é nesta primeira fase, na chamada fase de interrogatório, onde ele vai ter o primeiro contato com aquele que vai apurar as circunstâncias internas e externas que motivaram o réu praticar aquela conduta anti-social. No processo administrativo, o Governo deixa isto claro, aliás, preserva esta possibilidade dando 48 horas. Quer dizer, é o prazo mínimo para defender-se seja na esfera administrativa, seja na esfera judicial.

Portanto este projeto, no meu entendimento, não necessita de reparos. Aliás, a fase da apresentação de emendas já acabou. Estamos agora simplesmente discutindo a viabilidade deste projeto, que é um instrumento bom, que vai trazer para o Executivo a possibilidade de dar uma resposta rápida à sociedade. Aliás, não é à toa que este projeto é denominado como ‘via rápida’ e pode, dentro da apuração preliminar dos fatos, afastar preventivamente o acusado, dando-lhe a oportunidade da ampla defesa e do contraditório, à bem da moralidade - o princípio que norteia a atuação do servidor público estadual - à bem do próprio serviço público e acrescentaria ainda, Sr. Presidente, Srs. Deputados, à bem também do próprio acusado.

É muito constrangedor, à pessoa acusada de uma determinada prática de quebra do dever do serviço público, ficar na sua repartição, continuar trabalhando. Aliás, isto é um fator positivo. Vai dar possibilidade para o acusado, de refletir, pensar, construir a sua defesa, de tal modo que acho até benéfico o instituto que o Governo estabelece no procedimento administrativo da ‘via rápida’, a chamada apuração preliminar com o afastamento preventivo do acusado de quebra do dever do serviço público estadual.

Encerro a minha manifestação dizendo que neste projeto o Governo do Estado dá a possibilidade de o acusado, eventualmente não tendo recursos próprios na hora da produção da sua defesa, ser contemplado com o chamado advogado dativo. Encontramos isso como prática. Aliás, é lei. No âmbito do processo criminal, da Justiça comum estadual, todo acusado considerado pela lei como pobre ou sem condições - e aí a presunção é "juris tantum", ou seja, até prova em contrário - basta uma simples declaração do interessado de que é necessitado e não pode arcar com os custos para a constituição de um advogado particular, na Justiça comum estadual, o Estado fornece defensor, através da Procuradoria Geral do Estado, e também através de convênio do Estado com a OAB de assistência jurídiciária. E, repito: essa presunção é "juris tantum", basta declarar, e a parte contrária que venha impugnar, alegando que ele não faz jus ao benefício da Justiça gratuita.

O ilustre Governador do nosso Estado, na sua mensagem, deixa muito claro. O próprio projeto também contempla que o funcionário público, declarando que não tem condições de arcar com o advogado particular, pode prover-se do advogado dativo. Até com isso, Srs. Deputados, o Governador se preocupou, contemplando o projeto com o advogado dativo. O funcionário público tem sua receita, seus proventos, seu salário, e poderia muito bem constituir o advogado de sua preferência. Mas, para aqueles que se declararem necessitados, o próprio projeto contempla o chamado advogado dativo.

De sorte que, são essas as minhas palavras a favor desse projeto. A bancada do PTB e a bancada de sustentação do Governo nesta Casa, e por que não dizer a bancada da oposição, será sensível a essa questão e estará votando nesse projeto a fim de que possibilitemos instrumento legal ao Executivo do nosso Estado para processar e julgar pela via rápida o servidor público estadual. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - ROMEU TUMA JR. - PPS - Não havendo oradores inscritos para falar contra, para falar a favor tem a palavra o nobre Deputado Campos Machado. (Pausa.). Tem a palavra o nobre Deputado Marcelo Cândido. (Pausa.). Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.). Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi.

34ª Sessão Ordinária (p. 48)

 

A SRA. MARIA LÚCIA PRANDI - PT - SEM REVISÃO DA ORADORA - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, todos aqueles que nos dão a honra de sua atenção, naturalmente não terei a veemência nem toda a informação de que dispõe o nobre Deputado Bittencourt, que é na verdade um professor de direito constitucional.

No entanto, entendemos que a questão do funcionalismo público diz respeito diretamente a toda população, não só aos servidores públicos, como à população que é atendida pelos serviços públicos. Entendemos que, lamentavelmente, ao longo especialmente dos últimos oito anos temos tido uma desvalorização significativa do servidor público, especialmente no que se refere às condições de trabalho e às questões salariais. Isso faz com que os serviços públicos percam cada vez mais qualidade e a população acabe por ser mal atendida.

Somos favoráveis a uma máquina pública competente, bem capacitada, remunerada dignamente, mas, também somos favoráveis à responsabilização dos servidores públicos no que diz respeito à sua função, que é extremamente nobre, como o próprio nome diz: "servidor público", aquele que atende a população, aquele que serve a todos os cidadãos, e que é na verdade um braço do Estado, que chega na ponte da população.

O Sr. Governador não tem sido muito rápido: eu diria, aliás, que não tem tido pressa e muitas vezes tem se omitido em relação à reposição do quadro do funcionalismo. Temos muitas secretarias com cargos a serem preenchidos. Este governo, embora esteja há oito anos no poder, não se tem caracterizado pelo aperfeiçoamento da máquina pública. Pelo contrário, tem desmontado-a freqüentemente através de uma série de ações. Podemos citar o próprio desmonte do serviço de saúde pública, as questões da educação, com uma redução de mais de cem mil professores, tendo em vista não só o processo de reorganização escolar, como também o processo de empobrecimento curricular.

Não é um governo que esteja se caracterizando pela realização de concursos públicos. Temos nas universidades, embora sendo autônomas, com seus recursos próprios, um número enorme de vagas não preenchidas, assim como nos institutos de pesquisa, na própria Secretaria de Educação, da Saúde, em tantas outras, prejudicando a qualidade do serviço público. Mas, entendemos que o projeto tem seu mérito, no sentido de dar uma aceleração na responsabilização dos servidores públicos.

No entanto, é preciso que tenhamos a garantia sempre da defesa, e de que perseguições pessoais não prevaleçam sobre o direito constitucional, e previsto também na legislação do funcionalismo da defesa do contraditório, como tão bem colocou o nobre Deputado Bittencourt. O projeto tem alguns méritos, que gostaríamos de elencar, mas também desperta-nos algumas preocupações.

Por exemplo, ele atualiza os termos técnico-jurídicos contidos na lei estadual, já que a modificação é proposta para o Estatuto, que é de 1968. Depois disso, tivemos a nova Constituição Federal e a Constituição Estadual de 89. Há então uma atualização no sentido desses termos. Ele é mais abrangente no tratamento da prescrição, contemplando hipóteses de suspensão, impedindo, como é previsto na própria legislação civil, ações a priori mais rigorosas. Revoga a sessão referente à prisão administrativa. Na verdade, faz isso bastante tardiamente, porque a Constituição Federal não recepcionou o instituto da prisão administrativa. O Estatuto do Funcionalismo regulamenta o procedimento investigativo preliminar, o que era uma lacuna. Entendemos que essa regulamentação permite ao funcionário, dentro de normas bastante claras e específicas, proceder a sua defesa.

Temos uma preocupação, e há controvérsias, com relação à chamada Comissão Processante. O projeto do Sr. Governador extingue a figura da Comissão Processante. Para muitos, essa Comissão é incompatível com a atual ordem democrática. Outros, entretanto, especialmente muitas Prefeituras, pela sua experiência, têm Comissão Processante com uma longa tradição de eficácia e respeitabilidade. O projeto extingue essa figura, e, para a maioria, ela é mesmo incompatível com a atual ordem democrática.

O projeto acolhe e regulamenta a forma recursal de caráter ordinário, que abrange o reexame de fatos e de argumentos técnicos, e não apenas dos argumentos técnicos como antes. Há uma grande preocupação, porque, se, por um lado, temos de dar agilidade - por isso o projeto recebe o nome de “via rápida” -, por outro lado, há a redução dos prazos procedimentais. Entendemos que a lei como está hoje deixa as coisas rolarem por muito tempo sem uma conclusão, mas uma redução extremamente rigorosa também nos preocupa.

Esse procedimento acaba também por reduzir a chamada burocracia cartorária, que também somos contra. Muitas vezes, ela é impeditiva ao bom funcionamento do serviço público, a sua própria agilidade e, nesse caso, também há possibilidade de uma apuração de fatos.

O projeto cria novas figuras infracionais. A legislação mais recente prevê figuras de infração, como questões de assédio e de ordem comportamental. O projeto incorpora todos esses mecanismos contra o servidor que possa ferir, com seu comportamento, aquilo que a nossa lei não permite no sentido do respeito mais amplo à cidadania.

O Art. 4º nos traz grandes preocupações, porque nos deixa muitas dúvidas. Temos a Emenda nº 3, do então líder do Partido dos Trabalhadores, Deputado Carlinhos Almeida, que suprime o Art. 4º das disposições transitórias da propositura. O Art. 4º, conforme se encontra no projeto de lei, determina que serão de 30 dias os prazos para recursos e pedidos de reconsiderações, cujo prazo original esteja transcorrendo no momento da entrada em vigor da lei. Esse prazo também correrá a partir do primeiro dia útil posterior à terceira publicação da respectiva intimação, que será providenciada pela administração.

A emenda do nobre Deputado Carlinhos Almeida, com a supressão deste artigo justifica-se da seguinte maneira: sobre os prazos recursais, vale a regra vigente ao tempo da intimação, ainda que, no decurso do prazo, sobrevenha modificação. Em assim sendo, deve sempre prevalecer a sistemática atual para os servidores que já receberam julgamento desfavorável, de maneira que, para eles, cabe pedido de revisão a qualquer tempo, não valendo realmente o condicionamento do pedido de prazo. Entendemos que o direito à revisão é um direito do cidadão, neste caso do servidor público, que pode recorrer mesmo que já tenha tido um julgamento desfavorável, e que não se limite ao prazo determinado.

Gostaríamos também de destacar a Emenda nº 1 da nobre Deputada Mariângela Duarte, hoje Deputada Federal, que atende ao princípio da presunção da inocência. Da forma que está o projeto, o registro do procedimento é registrado, ainda que a infração esteja prescrita. A emenda pretende o mero arquivamento, sem nenhum registro, uma vez que a infração foi prescrita. Que isso então, realmente, seja esquecido, até pelo que a própria lei determina, ou seja, em havendo a prescrição, não há por que deixar o registro.

São essas as considerações que gostaria de fazer, porque entendemos ser direito da população ter um serviço público de qualidade. É de fundamental importância que, cada vez mais, o servidor público tenha consciência do seu papel importante e da sua responsabilidade para com a qualidade de vida das pessoas, seja qual for a sua função: administrativa, ou na agilização do seu procedimento, ou na atuação direta junto à população, ou num serviço técnico especializado, ou num atendimento hospitalar, ou na questão da escola, ou num guichê de repartição pública, onde, muitas vezes, o cidadão não tem o tratamento que merece.

Baseado nesses princípios do direito de bom atendimento ao cidadão, entendemos também a responsabilidade do servidor público. Penso que o projeto atualiza muitas questões, mas, de nenhum modo podemos entender que a chamada via rápida, como está sendo denominado o projeto, fique meramente na responsabilização, fiscalização e cobrança do servidor público. Nós queremos uma via rápida para todos os serviços públicos, e não apenas para a apuração da responsabilidade do servidor público. Defendemos que o não agir corretamente deve receber o rigor da lei, mas entendemos que, para termos esse serviço público de qualidade, é preciso que tenhamos investimentos e políticas públicas, que o governo reconheça a importância do servidor público, a importância que o Estado de São Paulo acumulou com os seus funcionários reconhecidos nacional e internacionalmente pela sua competência - cito especialmente os institutos de pesquisa.

Falo também do investimento que a população brasileira já fez para com esses servidores públicos; muitos deles foram aperfeiçoados, capacitados ao longo de sua carreira na máquina pública. Pelas condições de trabalho, pelo desmonte do Estado a que estamos sendo submetidos especialmente nesses últimos oito anos e pela falta de condições adequadas de trabalho, muitos servidores públicos abandonam o serviço público e buscam empregos na iniciativa privada. Toda a sociedade perde com isso, porque já investiu nessa burocracia estatal, nesse aparelho do Estado esperando uma prestação de serviços de qualidade.

Quero dizer que não sei se o Sr. Governador, com esse projeto via rápida, começa pelo lado mais correto em relação ao serviço público, porque continuamos vendo os hospitais com inúmeras dificuldades de atendimento, continuamos vendo as salas de aula superlotadas, continuamos assistindo às filas para atendimento de saúde, continuamos vendo o desespero de jovens, de famílias para a gratuidade da educação, em especial em cursos técnicos profissionalizantes, dos quais houve uma verdadeira privatização por parte do Estado. Continuamos assistindo à mesma angústia desses jovens e pais em relação à busca da vaga na universidade pública e a grande dificuldade para que a maioria possa se formar, capacitar-se para entrar no mercado tão competitivo.

Vemos uma série de criação de agências. Preocupa-nos tremendamente o caráter dessas agências. Esta Casa, por exemplo, já votou a Agência de Agronegócios. Temos outras mudanças para a Secretaria da Agricultura, em especial da Cati, que presta um enorme serviço ao agricultor, ao produtor, às Prefeituras e que hoje se encontra desmontada. Justamente nesses órgãos temos um número incrível de engenheiros agrônomos, de pecuaristas, vários técnicos, muitos com grande capacitação para a prestação de serviço adequado para a população direta ou indiretamente. A máquina pública tem sido submetida a esse abandono total. Entendemos que a legislação deva ser atualizada, até de acordo com a Constituição Federal de 1988, com a Constituição Estadual de 1989, que deva receber todas as questões mais recentes que foram incorporadas, novas figuras infracionais. Por outro lado, entendemos que o artigo 4º das Disposições Transitórias ainda deixa essa grande preocupação e, apesar de a Emenda nº 3 não ter sido contemplada pela relatora Célia Leão, continuamos na sua defesa, esperamos que o Plenário possa acolhê-la, bem como a Emenda nº 1 da Deputada Mariângela Duarte.

Mas queria também dizer que se por um lado o governo espera via rápida, deveria ser mais rápido. Tivemos ontem uma das maiores manifestações de uma população historicamente organizada, combativa, resistente que são os movimentos de moradia. Vimos, de três pontos diferentes desta enorme cidade, milhares de pessoas se dirigirem ao Palácio dos Bandeirantes. Eram mulheres com idade avançada, jovens, homens, algumas mulheres mais novas com criança no colo que foram até o Palácio dos Bandeirantes. Os movimentos de moradia querem uma audiência com o Sr. Governador para que se possa discutir a política habitacional do Estado de São Paulo.

Esta Casa é testemunha de que todos os anos temos votado um por cento da alíquota do ICMS para a política habitacional do Estado de São Paulo. Todo ano, ao final das nossas atividades, dos balanços apresentados pelo governo, lamentamos que mais um ano se passa sem que todos esses recursos tenham sido realmente destinados para a habitação. O que temos colocado é a ausência de uma política habitacional, porque uma política habitacional vai além da mera construção de unidades pela CDHU.

Temos tido, principalmente nas regiões metropolitanas onde o custo do terreno é extremamente alto, uma política que expulsa cada vez mais para mais longe dos serviços públicos a população de baixa renda, com os enormes conjuntos habitacionais situados em bairros longínquos, na maioria das vezes sem os serviços públicos como escola, creche, rede básica de saúde e muitas vezes até sem condições de transporte.

A União dos Movimentos de Moradia solicita essa audiência com o Governador desde 28 de fevereiro. O movimento, que já tem amadurecimento mais do que reivindicação, leva propostas e espera respostas mais imediatas do plano dos cortiços, o que temos cobrado aqui desta tribuna, tendo em vista os recursos do Banco Interamericano que já vieram para o nosso estado.

A lei aprovada por esta Casa, já devidamente regulamentada e que não tem sido cumprida, diz que do 1% do ICMS 10% precisam ser destinados aos programas de mutirão e de autogestão. O próprio Tribunal de Contas tem chamado atenção para o não cumprimento dessa porcentagem de 10% nesses programas de envolvimento da população. Há uma regulamentação, talvez haja alguma coisa que precisa ser modificada.

Concordamos que o Estado tem todo o dever de fazer com que o repasse de recursos seja feito com extrema lisura e também com a cobrança por parte dos movimentos dos recursos destinados aos investimentos. Porém, temos o acompanhamento de inúmeros programas absolutamente exitosos mas que são insuficientes e que poderíamos ter uma quantidade muito maior.

Lamentamos que o programa de Educação, chamado ‘Projeto Profissão’, implantado pela Ex-Secretária da Educação, Sra. Rose Neubauer, utilizou recursos imensos do Estado, mas não teve o retorno na profissionalização dos nossos jovens. Denunciamos aqui também o problema do chamado ‘Projeto de Empreitada Global’, a compra de terrenos direto por toda uma empresa. Não aceitamos a desculpa da CDHU, que muitas vezes constrói mais unidades habitacionais em muitas cidades pelo interior onde há mais facilidade de terrenos, do que em regiões favelizadas e em regiões metropolitanas com maior dificuldade.

Assim, é preciso diversificar os programas através de reurbanização de favelas. Lamentavelmente, pelo menos na minha região, há mais de 150 favelas, só na cidade do Guarujá há pelo menos 56 favelas e eu conheço apenas um programa no momento, que é na cidade de São Vicente, na chamada Favela México 70.

Por parte do governo federal, temos todo um empenho, vontade e desejo na regularização fundiária nas terras do patrimônio da União. Então, lamentamos a maneira descortês com que o governo nos tratou. Estavam lá os Deputados Enio Tatto, Mário Reali, Tiãozinho, Ítalo Cardoso e outros, além de 30 movimentos lá representados. Fomos recebidos com delicadeza e atenção pelo Secretário Adjunto de Habitação, Ex-Deputado, grande colega, grande Deputado e companheiro desta Casa, Mauro Bragatto. Mas, penso que se não fosse a sensibilidade dele não sei como teríamos sido recebidos. Digo não a nós, seis ou sete Deputados, mas às seis mil pessoas que saíram de três pontos desta cidade e foram até o Palácio dos Bandeirantes, nada mais do que para oferecer propostas, sendo que a maioria dessas propostas já tem experiência de muito êxito para que se tenha realmente uma política habitacional que atenda às necessidades da população.

Hoje, a Prefeita Marta Suplicy entregou 134 apartamentos na Avenida Celso Garcia, através do ‘Programa Mutirão e Autogestão’. Tivemos a oportunidade de acompanhar todo o processo do chamado Casarão da Celso Garcia, que envolveu grandes negociações com o Banespa e com a Caixa Econômica Federal. Nós, que vimos aquele projeto nascer, as famílias organizadas e os movimentos organizados hoje receberem aquilo que é direito, através da sua organização e o Poder Público respeitando a organização dessas pessoas, nos deixa profundamente otimistas.

Lamentamos que o Governo estadual continue na mera, antiga, ultrapassada, não-eficaz e muito cara construção de unidades habitacionais. Construções são necessárias, mas há diferentes formas de se fazer. Moradia é direito e não pode ser tratada como sorte. Não podemos continuar com essa política de inscrições, na qual enche-se um estádio e sorteia-se o imóvel. Alguns terão sorte e terão moradia. Outros continuarão pela sua trajetória de desespero, sem direito a um teto e às condições mínimas de privacidade e de segurança, de que todo cidadão precisa.

Outra reivindicação dos movimentos é no sentido de que só falta o Governo estadual para termos um Conselho Estadual e um Fundo Estadual de Habitação. Sobre isso, há projetos na Casa, inclusive não só de minha autoria. Espero que o Governador, que quer a via rápida para o funcionalismo, implante a via rápida também para o atendimento da população.

 

O SR. GIBA MARSON - PV - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, Srs. Deputados, assomo à tribuna para trazer uma mensagem e um apelo do Partido Verde ao Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje faz 406 dias que foi seqüestrada pelas Forças Revolucionárias da Colômbia - Farc, a Presidente do Partido Verde da Colômbia, Ingrid Bittencourt. Ela foi seqüestrada quando era candidata à Presidência da República daquele país. Na Colômbia, de um lado temos a ação das Farc, seqüestrando pessoas inocentes, e, de outro lado, temos o governo da Colômbia dando continuidade à sua política de não dialogar com a sociedade e tentar resgatar centenas de pessoas que estão seqüestradas pela força, o que está colocando em risco a vida daqueles que hoje estão em cativeiro.

Estamos usando esta tribuna para fazer um apelo ao Presidente da República do Brasil, Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, no sentido de intervir e convencer o Presidente da Colômbia, Sr. Álvaro Uribe, de que o caminho da força não é aquele que querem os ativistas, os familiares e os amigos das pessoas que estão em cativeiro. Preferem, apesar da dor desses quatorze meses de incertezas, continuar com esperanças do que correr risco de uma intervenção militar, cujo desenlace pode ser tanto feliz quanto trágico.

Acreditamos que o caminho da paz e do diálogo deve ser perseguido. Apelamos, às autoridades constituídas do Brasil e da Colômbia, no sentido de conservar as vidas de nossos irmãos e irmãs colombianos, que estão em cativeiro por pensarem em um planeta melhor para todos nós. Esta, Sr. Presidente, é a mensagem do Partido Verde do Brasil com referência a essa situação, que se arrasta por 406 dias. Muito obrigado.

 

O SR. Sebastião Arcanjo - PT - Sr. Presidente, gostaria de me solidarizar, pelo Partido dos Trabalhadores, com a reclamação feita pelos militantes do PV nesta Casa, sobretudo com relação a essa agressão cometida a um de seus militantes, candidato a Presidente da República na Colômbia.

Havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, com relação à tramitação dessa matéria em debate, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - Romeu Tuma Jr. - PPS - Srs. Deputados, antes de levantar a sessão, esta Presidência comunica que, atendendo à solicitação do nobre Deputado Sebastião Arcanjo, convoca V. Exas., nos termos do Art. 18, inciso I, letra ‘r’, da XI Consolidação do Regimento Interno, para uma Sessão Solene a realizar-se no dia 30 de maio do corrente ano, às 20 horas, com a finalidade de comemorar a Semana dos Povos Africanos.

Nos mesmos termos regimentais, esta Presidência, atendendo a solicitação do nobre Deputado Milton Vieira, convoca V. Exas. para uma Sessão Solene a realizar-se no dia 9 de junho do corrente ano, às 20 horas, com a finalidade de homenagear a Igreja Universal do Reino de Deus.

E ainda, nos mesmos termos regimentais, esta Presidência, atendendo a solicitação do nobre Deputado Vaz de Lima, convoca V. Exas. para uma Sessão Solene a realizar-se no dia 13 de junho do corrente ano, às 20 horas, com a finalidade de comemorar o Centenário da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil.

Em havendo acordo de líderes, antes de dar por levantados os nossos trabalhos, convoco V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 18 horas e 30 minutos.

 

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