02 DE AGOSTO DE 2002

34ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO DOS 50 ANOS DE FUNDAÇÃO DA CNBB

 

Presidência: WALTER FELDMAN e JOSÉ CARLOS STANGARLINI

 

Secretário: JOSÉ CARLOS STANGARLINI

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 02/08/2002 - Sessão 34ª S. SOLENE Publ. DOE:

Presidente: WALTER FELDMAN/JOSÉ CARLOS STANGARLINI

COMEMORAÇÃO DO 50º ANIVERSÁRIO DA FUNDAÇÃO DA CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, CNBB

 

001 - WALTER FELDMAN

Abre a sessão. Nomeia as autoridades. Anuncia que a sessão foi por ele convocada, por solicitação do Deputado José Carlos Stangarlini, para comemoração do 50º aniversário da fundação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB. Convida todos a ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro. Homenageia a CNBB pelo seu qüinquagésimo aniversário de fundação. Fala da expectativa anual pelo tema da Campanha da Fraternidade. Considera que o processo de globalização deve ser acompanhado pelo respeito àquilo que a civilização acumulou nos últimos milênios, num processo talvez mais avançado de respeito a tudo o que foi produzido. Dá as boas-vindas aos dirigentes da CNBB.

 

002 - JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Assume a Presidência. Cumprimenta o Presidente Walter Feldman e lhe dá parabéns por ter sido apontado, pelo jornal: "O Estado de S. Paulo", como um dos deputados mais atuantes da Casa.

 

003 - FERNANDO ANTÔNIO FIGUEIREDO

Presidente da CNBB, Regional Sul 1 e Bispo da Diocese de Santo Amaro, saúda o Deputado José Carlos Stangarlini, Presidente em exercício, da sessão e demais autoridades. Acentua a necessidade de um constante diálogo entre a CNBB e as instituições políticas.

 

004 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia um número musical.

 

005 - MANOEL PARRADO CARRAL

Bispo-auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e representando, na solenidade, S. Emcia. o Sr. Cardeal Cláudio Hummes, saúda o Deputado José Carlos Stangarlini, Presidente em exercício, e as demais autoridades. Fala da CNBB e sublinha sua dupla finalidade, de evangelizar e dar testemunho da ação redentora de Deus.

 

006 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia um número musical.

 

007 - RAYMUNDO DAMASCENO ASSIS

Como Secretário-geral da CNBB, saúda o Presidente, em exercício, o Deputado José Carlos Stangarlini, e os demais componentes da Mesa. Historia a CNBB, nestes cinqüenta anos de funcionamento. Aponta a Campanha da Fraternidade, que já existe há 40 anos, como uma presença da Igreja na sociedade brasileira, principalmente, junto aos mais sofridos, excluídos e marginalizados. Fala da responsabilidade dos políticos na condução do País e na solução dos problemas.

 

008 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Entrega certificados aos homenageados. Anuncia dois números musicais. Entrega placas evocativas dos 50 anos de fundação da CNBB. Convida os Srs. bispos para conhecerem o espaço ecumênico. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado José Carlos Stangarlini para, como 2º Secretário "ad hoc", proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Quero anunciar os componentes da Mesa: Deputado Walter Feldman, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; Sr. D. Raymundo Damasceno Assis, Secretário-Geral da CNBB; S. Revma. D. Manuel Parrado Carral, Bispo-auxiliar da Diocese de São Paulo, representando S. Ema. Revma. D. Cláudio Hummes, Cardeal Arcebispo de São Paulo; S. Revma. D. Fernando Figueiredo, Bispo da Diocese de Santo Amaro e Presidente da CNBB Regional Sul-1, que muito tem-me ensinado; Dra. Sandra de Jesus da Rocha, neste ato representando o Exmo. Sr. Secretário de Justiça de Defesa da Cidadania; S. Revma. D. Diógenes Silva Marques, Bispo da Diocese de Franca; S. Revma. D. Airton José dos Santos, Bispo-auxiliar de Santo André; Padre Lício de Araújo Vale, secretário executivo da CNBB Estado de São Paulo; meu amigo D. Fernando Legal, que me ensinou muito sobre ensino religioso, já citei nesta tribuna a sua participação, o seu empenho, esse importante evento conquistado pelo nobre Deputado Stangarlini e pelo governador Geraldo Alckmin da retomada do ensino religioso nas escolas do Estado de São Paulo.

Esta Sessão Solene foi convocada por esta presidência a pedido do nobre Deputado José Carlos Stangarlini para comemorarmos o 50o aniversário da fundação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB - e para tanto convido todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, que será executado pela Banda da Polícia Militar.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Quero agradecer ao maestro 2o Tenente Feliciano, da Seção da Banda Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que tanto contribui com as sessões solenes nesta Casa. Muito obrigado ao senhor e à Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, instituição que orgulha a todos nós, paulistas. (Palmas.)

Quero anunciar também a presença de S. Revma. D. Odilo Pedro Scherer, Bispo- Auxiliar de Arquidiocese de São Paulo; D. Fernando Legal, Bispo da Arquidiocese de São Miguel; D. Décio Pereira, Bispo de Santo André. Quero pedir permissão para anunciar meu amigo Padre Antônio Maria que também tem me orientado bastante na boa condução dos negócios e interesses públicos.

Quero, antes de passar a presidência a quem merece, o nobre Deputado José Carlos Stangarlini, que solicitou a realização desta sessão solene, pedir permissão aos senhores Bispos e todos os presentes para rapidamente divagar sobre algumas preocupações.

Primeiro, a nossa satisfação de realizar esta sessão solene em homenagem à CNBB, instituição que tanto respeitamos e consideramos, seja por conta de trabalhos internos que realiza na condução das atividades da Igreja Católica no Brasil, como também pelas atividades e preocupações sociais que a CNBB tem tido no desenvolvimento do estado brasileiro.

 Todos nós, todos os anos, aguardamos a decisão sobre a Campanha da Fraternidade, qual será o caminho que nos orientará no sentido de compreendermos naquele determinado momento qual é a preocupação maior da Igreja Católica em nosso país. Seguramente sempre sintonizada com os interesses maiores da nossa nação, numa contribuição adicional, efetiva e oportuna que pode dar solução a problemas estruturais acumulados que temos no desenvolvimento na nacionalidade brasileira.

Segundo, aproveitar para divagar sobre uma questão que me parece absolutamente fundamental nos dias de hoje. Conversava há poucos minutos com o Secretário de Estado do Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Jacques Marcovitch. Comentávamos sobre o período, o momento extraordinário pelo qual passa o globo terrestre. Enormes transformações econômicas, enormes mudanças sociais nas relações entre os povos, num processo ainda mal compreendido do que significa a globalização. Significa a extinção das culturas milenares ou seculares, significa o desrespeito das tradições e das opções que cada nação deve ter, a redução dramática das fronteiras tendo em vista os princípios e os valores econômicos.

Dizia o Secretário Jacques Marcovitch que muito pelo contrário, o processo de globalização deve ser acompanhado pelo respeito àquilo que a civilização acumulou nos últimos milênios, num processo talvez muito mais avançado de respeito a tudo que foi produzido. Talvez na produção de uma síntese maior que permita não apenas o fluxo adequado, troca de mercadorias, a troca de interesses legítimos que faz com que as nações, os povos possam se desenvolver, possam se alimentar, possam produzir, mas a consideração cada vez mais relevante da busca da paz, da busca de uma cultura maior que perpasse interesses regionais localizados, disputas de fronteiras, de subsolo, da água, do petróleo.

Essas questões interessam, evidentemente, ao desenvolvimento de cada nação, mas não podem se sobrepor a interesses maiores, como a construção de uma civilização, de uma sociedade humana que se renove em cima de bons princípios e bons valores no sentido mais humanista que esperamos da sociedade moderna.

Queridos Bispos, queridos representantes da CNBB, o meu amigo, deputado José Carlos Stangarlini, tem sido representante extraordinário da Igreja Católica na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, representação que deve existir, que compõe um segmento da maioria da nação brasileira, portanto a voz deve a todo momento ser ouvida, pronunciada e defendida não apenas sob o comando do deputado José Carlos Stangarlini, mas por todos nós que acreditamos ser esses princípios justos, adequados e sintonizados com o sentimento do povo brasileiro, particularmente para aqueles que mais precisam de nós, aqueles que vivem nas periferias das grandes cidades, distantes da região metropolitana, com dificuldades de sobrevivência, que precisam de uma palavra amiga, precisam do anúncio da palavra de Deus para poder dar continuidade às dificuldades, para superar as barreiras da sua vida e da sua sobrevivência.

Quero, neste sentido, dizer que temos muita esperança. Colocamos aqui atrás da presidência uma obra de arte feita por Picasso que simboliza o desejo de paz entre todos os povos, paz dita em várias línguas; independentemente da pronúncia, do sotaque, o significado é o mesmo. Nós queremos e precisamos de paz. Não há nada que justifique a retirada precoce da vida. Insurjo-me diariamente contra os conflitos do Oriente Médio. São povos irmãos, são semitas de origem, deram uma enorme contribuição à construção do pensamento no Ocidente e no Oriente. E lá estiveram aqueles que ainda hoje são lembrados com vigor, com força, orientando o nosso rumo, o nosso caminho e os nossos passos. É um solo sagrado, portanto, deve ser preservado por todos. Devemos nos insurgir sempre contra essa tentativa desumana e descabida de fazer com que esses princípios maiores sejam subjugados por interesses econômicos, territoriais ou valores inferiores em relação ao que nós tanto acreditamos.

Nesta relação adequada entre o mundo da Igreja e o mundo da política, que é o mundo de representação dos interesses legítimos, deve haver uma membrana osmótica em relação permanente. Isso para podermos ter os valores e os princípios que a Igreja nos passa, para que possamos permanentemente informar aqueles que fazem a sua militância na fé, na elevação do espírito, dados de como também nós podemos dar a nossa efetiva contribuição às atividades de caráter material que defendemos, como a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Nesse sentido, quero dizer que recebo com muita alegria os representantes da CNBB nesta Casa, pelo carinho, respeito, admiração, por tudo que já foi feito pela CNBB, pela Igreja Católica no nosso país e por tudo ainda que será feito nessa integração correta, soberana, humanística à qual todos nós, efetivamente, damos a nossa contribuição.

Sejam bem-vindos, parabéns nobre Deputado José Carlos Stangarlini. (Palmas.)

 

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- Assume a Presidência o Sr. José Carlos Stangarlini.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - É uma alegria muito grande, Sr. Presidente, poder assumir a presidência dos trabalhos. Quero fazer uma saudação muito especial ao Presidente Walter Feldman, meu amigo, por esta oportunidade, e também parabenizar o jornal “O Estado de S. Paulo” por matéria publicada na quarta-feira, em que a ONG Voto Consciente determinou e mostrou os deputados mais atuantes e com os projetos mais importantes. Dos 94 deputados desta Casa, o Deputado Walter Feldman e eu tivemos a alegria de fazer parte desse rol dos deputados mais atuantes. Parabéns, nobre Deputado Walter Feldman. (Palmas.)

Registramos também, com muita alegria a presença do nobre Deputado Vítor Sapienza, grande companheiro. Vamos passar a palavra a D. Fernando Antônio Figueiredo, que é o presidente da CNBB Regional Sul 1 do Estado de São Paulo e Bispo da Diocese de Santo Amaro.

 

O SR. FERNANDO ANTÔNIO FIGUEIREDO - Minhas saudações fraternas, em particular ao Presidente da Assembléia Legislativa, Deputado Walter Feldman, como também ao nosso deputado e amigo José Carlos Stangarlini; ao nosso secretário-geral da CNBB, D. Raymundo Damasceno Assis; a todos os Bispos que estão presentes fazendo parte deste plenário. Quero também saudar os padres, religiosos que vejo, leigos e quantos que se encontram entre nós e de modo particular também ao Padre Lício, secretário da CNBB; à Irmã Eni, que trabalha conosco na CNBB e a imprensa toda que está aqui, mas particularmente, repito, ao deputado Stangarlini por essa grande homenagem que é prestada à CNBB.

Sabemos que a CNBB comemora 50 anos em que estamos organizados em conferência. Poderia dizer que é uma bênção a CNBB trazer uma maior unidade visível a todo nosso episcopado. Quando falamos unidade visível, queremos apontar para o exercício da comunhão entre os Bispos e da missão que lhes é própria.

 A Igreja é fundamentalmente comunhão e a sua missão é anunciar o Evangelho do Senhor para que tal comunhão se estabeleça em todos os níveis, desde o familiar até as estruturas sociais, levando adiante, concretizando as palavras do Senhor: “O que fizerdes ao menor dos meus irmãos foi a mim que o fizestes”. Do interior mesmo desta entidade da Igreja nasce a exigência da partilha, a exigência da solidariedade. Como sabemos, a palavra solidariedade evoca a idéia de participação, daí estar ela presente na construção de uma sociedade sempre mais justa, livre e fraterna.

A CNBB, sempre movida pela determinação do Senhor de evangelizar e santificar o mundo, nunca deixou de compreender nesta sua missão as atividades pastorais que não só compreendem a vida interna da Igreja através, por exemplo, das Pastorais como a Litúrgica, a Catequética, mas também a sua ação promocional em relação à família, à juventude, à população carente e necessitada.

A CNBB sempre manifestou seu interesse pela realidade sofrida do povo em todos os seus aspectos, como o grave drama da disparidade social, o desemprego, o acesso de todos à educação e à reforma agrária.

Neste sentido, acentuaria que o fundamento da defesa dos direitos humanos se encontra na dignidade da pessoa humana reconciliada com Deus, a imagem e semelhança com as quais ela foi criada. Nesse contexto se situa um dos últimos documentos aprovados na última Assembléia Geral da CNBB: Exigências Evangélicas e Éticas para a Superação da Fome e da Miséria.

Neste momento, Srs. Deputados e todos que aqui se encontram, gostaria simplesmente de acentuar a necessidade de um constante diálogo entre a CNBB e as instituições políticas. Não nos cansaremos nunca de repetir que rechaçamos todo o poder totalitário e propomos incansavelmente o serviço como meta cotidiana da autoridade. Não existe autoridade sem que ela se concretize no serviço. Se os partidos políticos se resumissem em satisfazer ambições pessoais ou oligárquicas, não mereceriam a confiança do povo. Se a Igreja se afastasse dos seus princípios éticos, morais e religiosos estaria se distanciando da sua missão. Mas cada qual fiel à sua identidade, Igreja e instituições políticas num diálogo sério, unidos daremos esperança ao nosso povo e estaremos construindo uma sociedade brasileira mais santa, mais digna, mais justa.

É o que desejamos e esperamos, que esta homenagem seja justamente um sinal que proclame esse nosso diálogo que vai se realizar não só agora, mas no futuro. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Obrigado D. Fernando pela sua palavra animadora. Ouviremos agora, pelo Coral da Igreja Nossa Senhora do Brasil, a música “Marcha Pontifícia”.

 

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-           É feita apresentação musical.

 

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 O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Agradecemos a belíssima apresentação do Coral da Igreja Nossa Senhora do Brasil com a regência do maestro Padre José Valdemir com a música “Marcha Pontifícia”. Muito obrigado.

 Ouviremos agora D. Manoel Parrado Carral, Bispo-auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e representando aqui Sua Eminência, D. Cláudio Cardeal Gomes.

 

O SR. MANOEL PARRADO CARRAL - Nobre Deputado José Carlos Stangarlini e demais deputados; Dra. Sandra de Jesus, representante do Secretário de Justiça do Estado de São Paulo; D. Raymundo Damasceno, secretário da nossa CVV; D. Fernando Figueiredo, presidente da nossa Regional Sul-1; irmãos Bispos; caros sacerdotes, irmãos, irmãs que aqui se encontram, é com satisfação que represento nesta solenidade o Sr. Cardeal Arcebispo de São Paulo, D. Cláudio Hummes, ocasião que, por solicitação do nobre Deputado José Carlos Stangarlini, esta Casa presta homenagem à CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, pelos 50 anos de existência.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil reúne mais de 420 Bispos em todo território brasileiro e acompanhou nestes 50 anos as grandes mudanças pelas quais passou o nosso país. A sua preocupação primeira sempre esteve e estará voltada para a evangelização. Evangelizar, no entanto, não se reduz a proclamar a boa notícia da salvação, mas sem dúvida, a dar testemunho da ação redentora de Deus.

Neste sentido, a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo homenageia neste ato pessoas, homens concretos que procuraram dar o melhor de si para que, ao comemorar 50 anos, a CNBB pudesse ter sua atuação reconhecida como uma utilidade no caminhar do nosso povo. Pessoas como o profético D. Hélder Câmara, já intercedendo por nós no céu, fraterno companheiro, amigo da paz e humano pastor internacionalmente conhecido, em tempos de trevas soube ser luz para os irmãos e irmãs e para os seus concidadãos e concidadãs. Não cito outros, pois são tantos que faríamos injustiça se nos esquecêssemos de alguém. Citei D. Hélder porque ao falar de 50 anos de CNBB é quase impossível não recordá-lo.

Homenagear a CNBB é, como disse, homenagear pessoas que fizeram a história dessa caminhada de ação organizada em favor da unidade e da comunhão. Seria ingênuo dizer que não houve nesse tempo uma ação política. Toda ação que visa ao bem comum é essencialmente política e deve sempre ser. É no desempenho ético da política que se privilegia o direito e a justiça - nome preferido das passagens bíblicas que se referem ao tributo maior de Deus: a justiça.

Quero, pois, agradecer em meu nome e em nome do senhor cardeal Arcebispo de São Paulo, a quem represento nesta homenagem para a qual o presidente desta Casa, o nobre Deputado Walter Feldman gentilmente nos convidou. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Agradecemos a D. Manoel pela sua manifestação e também pedimos que o senhor leve um abraço a S. Ema. Revma. D. Cláudio Hummes.

Ouviremos pelo Coral da Igreja Nossa Senhora do Brasil a música “Cantate Domino”, sob a regência do Maestro Padre José Valdemir Barbosa.

 

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-           É feita a apresentação musical.

 

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 O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Agradecemos mais uma vez a belíssima apresentação do Coral da Igreja Nossa Senhora do Brasil. Ouviremos agora palavra de D. Raymundo Damasceno Assis, secretário-geral da CNBB.

 

O SR. RAYMUNDO DAMASCENO ASSIS - Sr. Presidente, Deputado José Carlos Stangarlini; D. Fernando Figueiredo, presidente da Regional Sul-1 do Estado de São Paulo; D. Manoel Parrado Carral, representante do Sr. Cardeal D. Cláudio Hummes; Dra. Sandra Rocha, representante do Secretário de Justiça do Estado de São Paulo; irmãos do episcopado, do sacerdócio, senhores e senhoras, serei breve nas minhas palavras por dois motivos. Primeiro, porque diz o provérbio latino “esto brevis et placebis” - "sê breve e agradarás". Segundo, porque acostumado em Brasília e tendo sido convidado várias vezes para participar de sessões na Câmara dos Deputados e também no Senado Federal o protocolo do Congresso Nacional é bastante rígido e nunca permite que alguém convidado use da palavra.

Aqui o protocolo é mais democrático, mais flexível, de modo que percebi que os demais convidados puderam usar da palavra e evidentemente também se prepararam melhor para este momento. Eu, acostumado a esse protocolo em Brasília, não preparei nenhuma palavra especial para este momento, por isso a brevidade destas minhas palavras.

 A nossa Conferência começou muito modestamente no Palácio São Joaquim no Rio de Janeiro em 1952. Foi criada, como já foi dito aqui, pela inspiração de D. Hélder Câmara e também pelos arcebispos e Bispos daquela época. Destacaria também, além de D. Hélder, uma pessoa muito importante na origem da Conferência, que foi um grande arcebispo de São Paulo, D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, que foi também o primeiro presidente da nossa Conferência.

Destaco também a pessoa, na época Monsenhor Montini, que posteriormente se tornou o Papa Paulo VI, foi justamente esse ponto de ligação na secretaria de estado entre a Igreja no Brasil e a Santa Sé com o Papa na época, Pio XII, para que a nossa Conferência fosse aprovada e assim pudesse funcionar a partir de 1952 como uma das primeiras conferências episcopais no mundo. E ela cresceu, tornou-se realmente grande e hoje podemos dizer que é a maior ou uma das maiores conferências episcopais no mundo, maior pelo menos quanto ao número de bispos residenciais, maior número de dioceses. Se contarmos os números de bispos integrantes da conferência e os eméritos, aqueles que já renunciaram a seu cargo, a sua responsabilidade no governo de uma diocese, somos cerca de 420 bispos, portanto também a maior em número entre as conferências episcopais do mundo.

Ao celebrar esses 50 anos da nossa conferência, evidentemente temos de louvar e agradecer a Deus pelo surgimento da conferência e pela sua caminhada ao longo desses 50 anos sempre fiel à sua missão e sempre solidária ao nosso povo, aos problemas do nosso país, acompanhando a história do nosso país, história na qual a Igreja está presente há meio milênio, portanto desde o começo do Brasil, quando aqui aportaram os primeiros missionários, os primeiros colonizadores, de modo que a Igreja sempre marcou uma presença muito forte e a história do nosso país se confunde com a história da própria Igreja.

Entre os oradores foi destacada esta presença da Igreja na sociedade brasileira, sobretudo junto aos mais sofridos, aos mais excluídos, aos mais marginalizados. Evidentemente, um dos momentos dessa presença que se torna mais pública, mais visível é o momento da Campanha da Fraternidade que já se realiza no Brasil há quase 40 anos e cada vez retomando sempre um tema atual, um tema que está sempre presente na agenda da sociedade, e muitas vezes até com uma visão prospectiva de futuro, como foi o caso da campanha deste ano: “Os povos indígenas e a fraternidade - por uma terra sem males”.

Para o ano que vem estamos preparando a Campanha da Fraternidade sobre os idosos e, para 2004, já estamos preparando a Campanha da Fraternidade sobre a água, portanto, temas de atualidade, de interesse da sociedade, sobre os quais a Igreja lança sempre uma luz, cada ano convidando a todos para aprofundarem os temas propostos e, nesta reflexão nas comunidades, nas bases, procurar encontrar respostas, soluções para os desafios que os temas de cada Campanha da Fraternidade nos apresenta.

Esta é a presença da Igreja. Não quero me esquecer neste momento da presença da Igreja acompanhando todo esse processo eleitoral no nosso país, tão importante neste momento quando vamos eleger os nossos representantes para o legislativo, para o executivo em plano nacional, em plano estadual. A Igreja não foge a esta sua responsabilidade de ajudar a iluminar aqueles que vão exercer esse seu direito, esse seu dever de cidadão de iluminar também com a sua palavra. Por isso lançou aquele documento, certamente conhecido de todos “Eleições 2002 - Propostas para uma Reflexão”. A partir daí, sabemos que nas dioceses, nas paróquias, muitas outras cartilhas, muitos outros documentos foram distribuídos em toda parte para ajudar os nossos eleitores no exercício da sua cidadania, para escolherem com responsabilidade, com liberdade, representantes cada vez mais capazes, competentes, dignos, para que o nosso país possa crescer, desenvolver-se, mas sempre com justiça social.

E também não quero deixar de recordar aqui esse compromisso da Igreja no Brasil, evidentemente em parceria com toda sociedade civil, com o governo, com a sociedade civil, naquele grande mutirão de superação da miséria e da fome. Sabemos que o nosso país ainda tem um número grande de pessoas que vivem na faixa da pobreza; 53 milhões, dizem as estatísticas, e dentre esses 53 milhões, 15 milhões ainda abaixo da faixa de pobreza, portanto, vivendo na miséria, em condições incompatíveis com a dignidade humana, com a riqueza seja material ou em relação aos recursos humanos do nosso país.

Os políticos, evidentemente, têm uma responsabilidade muito grande na condução do nosso país e na solução desses problemas atendendo, tendo em vista esses clamores, essas exigências éticas, evangélicas para a solução de todos esses problemas, sobretudo da miséria e da fome.

Quero, portanto, já concluindo, agradecer ao deputado José Carlos Stangarlini pelo pedido para a realização desta sessão solene em homenagem aos 50 anos da nossa Conferência. Agradecer ao presidente desta Assembléia, deputado Walter Feldman, que nos deu alegria, a honra de abrir esta sessão em homenagem a nossa Conferência. Agradecer à presença de D. Fernando Antônio Figueiredo, presidente do Regional, de D. Manoel, representante do cardeal, da representante do Secretário de Justiça, a Dra. Sandra da Rocha, os demais Bispos aqui desta Regional, os presbíteros presentes, outras autoridades e a todos que aqui compareceram como expressão deste reconhecimento, deste apreço, pela nossa Conferência, pelo trabalho que ela vem desempenhando.

A Conferência deseja continuar fiel à sua missão, que é uma missão, sem dúvida nenhuma, de evangelizar, mas uma evangelização como foi acentuado aqui em diversos momentos pelos oradores, rica, ampla, complexa, que implica uma mensagem explícita sobre os direitos, sobre a dignidade da pessoa humana, o centro da missão da Igreja é a pessoa humana, seus direitos, seus deveres, fundado na sua dignidade, uma evangelização que implica sempre uma mensagem sobre a vida familiar, base, fundamento da sociedade, da Igreja, uma evangelização que implica também uma mensagem sobre a paz como foi bem salientado aqui pelo presidente desta Assembléia, com uma mensagem sobre a vida em comum, uma mensagem sobre a justiça, uma mensagem sobre o desenvolvimento, enfim, uma mensagem corajosa, rigorosa sobre a libertação no seu sentido integral, a libertação de todo homem e do homem inteiro, do homem em todas as suas dimensões.

Esse é o compromisso, de continuar fiel a esta sua missão. Muito obrigado, deputado José Carlos Stangarlini pela sessão com a qual quis homenagear a nossa Conferência e obrigado a todos que aqui compareceram e o faço em nome da presidência da Conferência e de todos os demais irmãos Bispos do Brasil.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Agradecemos a D. Raymundo Damasceno Assis. Assumimos este compromisso aqui com vocês, D. Fernando Figueiredo e D. Manoel.

Passaremos agora a uma entrega de alguns certificados para os senhores Bispos em homenagem à CNBB.

 

O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - Neste momento S. Exa., o Deputado José Carlos Stangarlini, fará a entrega dos certificados aos Bispos aqui presentes.

 

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- São entregues os certificados às seguintes personalidades: D. Raymundo Damasceno Assis, secretário-geral da CNBB; D. Diógenes Silva Marques, Bispo da Diocese de Franca; D. Décio Pereira, Bispo da Diocese de Santo André; D. Fernando Legal, Bispo da Arquidiocese de São Miguel Paulista; D. Amauri Castanho, Bispo da Arquidiocese de Jundiaí; D. Airton José dos Santos, Bispo-auxiliar da Diocese de Santo André; D. Mauoel Parrado Carral, Bispo-auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, região episcopal Sé; D. Odilo Pedro Scherer, Bispo-auxiliar de Arquidiocese de São Paulo, região episcopal Santana.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Ouviremos, mais uma vez, o Coral da Igreja Nossa Senhora do Brasil com as músicas “Jesus, Alegria dos Homens” e “Magnificat”.

 

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-           É feita apresentação musical.

 

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 O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Mais uma vez obrigado ao Coral da Igreja Nossa Senhora do Brasil pela apresentação. Daremos continuidade às homenagens.

 

O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - Neste momento S. Exa., o deputado José Carlos Stangarlini, fará a entrega das placas.

 

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- São entregues as placas. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Srs. Deputados, funcionários desta Assembléia, ouvintes da TV Assembléia e demais veículos de comunicação aqui presentes, Revmo. D. Raymundo Damasceno Assis, secretário-geral da CNBB; D. Fernando Antônio Figueiredo, Bispo da Diocese de Santo Amaro e presidente Regional Sul-1 da CNBB; D. Manuel Parrado Carral, Bispo-auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, representando neste ato S. Ema. Revma. D. Cláudio Hummes; D. Diógenes Silva Marques; Bispo da Diocese de Franca; D. Airton José dos Santos, Bispo- auxiliar da Diocese de Santo André; D. Odilo Pedro Scherer, Bispo-auxiliar de Arquidiocese de São Paulo; D. Fernando Legal, Bispo da Arquidiocese de São Miguel Paulista; D. Décio Pereira, Bispo da Diocese de Santo André; Padre Lício de Araújo Vale, secretário executivo da CNBB Estado de São Paulo; Dra. Sandra de Jesus da Rocha, neste ato representando o Exmo. Sr. Secretário de Justiça e Defesa da Cidadania, quero fazer uma saudação ao Padre Antônio Maria, e neste ato quero saudar todos sacerdotes aqui presentes em nome do Padre Antônio Maria. Esta manhã reveste-se de fundamental importância para todos nós, já que a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, representando sua gente, homenageia o maior organismo religioso do nosso país pelo seu 50o aniversário.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, fundada em 1952, neste ano completa o seu jubileu de ouro. Cinco décadas. O que aconteceu nestes últimos 50 anos, em nosso País, no que se refere ao contexto político, social e econômico caracteriza, sem dúvida alguma, o momento da história em que ocorreram as maiores transformações sociais. Mas o fato que merece a nossa atenção é o de que a CNBB sempre se fez presente em todos os episódios recentes da história nacional desempenhando um papel fundamental, o de zelar pelo cumprimento dos valores do Evangelho, de orientar os rumos de acordo com as diretrizes cristãs e mostrar que somente os ensinamentos de Jesus podem guiar uma nação pelo rumo certo.

Assim também foram as tradicionais Campanhas da Fraternidade, quantas pessoas redescobriram o valor do Evangelho, da Igreja e da família, do fruto da terra a partir da reflexão sobre suas mensagens. Como se não bastasse, hoje a Assembléia Legislativa homenageia também os nossos padres, já que neste próximo domingo a Igreja comemorará o Dia do Padre. Abster-se de si mesmo pelo ideal de tornar o Evangelho conhecido entre todas as criaturas obedecendo o mandamento de Jesus. Esse é um dos ministérios que tornam o ofício de ser sacerdote o mais sublime entre todos. Com toda a certeza, a comunidade católica é eternamente grata a vocês e por isso os cumprimentamos por ocasião desta data tão importante.

Porém, antes de encerrar este pronunciamento, quero agradecer todos os Bispos e padres aqui mencionados, todos os presentes. Queremos convidar para que vocês conheçam o nosso espaço ecumênico que temos aqui e foi também de nossa iniciativa. O prédio tem 40 anos de idade e não tínhamos um espaço ecumênico onde poderíamos nos encontrar para fazer as nossas orações.

Quero agradecer a presença de todos e dizer que nossa proposta quando assumimos o mandato desta Casa, concentrar os esforços para aprovação do ensino religioso nas escolas públicas estaduais e assim concretizar um sonho pelo qual há muitos anos esta Regional - a CNBB do Estado de São Paulo - tanto gostaria que viesse a acontecer. Muito obrigado pela presença de todos, até uma próxima oportunidade. (Palmas.)

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 12 horas e 31 minutos.

 

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