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05 DE AGOSTO DE 2005

034ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AO DIA DA COMUINIDADE ALEMÃ

 

Presidência: ROMEU TUMA

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 05/08/2005 - Sessão 34ª S. SOLENE Publ. DOE:

Presidente: ROMEU TUMA

 

COMEMORAÇÃO DO "DIA DA COMUNIDADE ALEMÃ"

001 - ROMEU TUMA

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades. Informa que a presente sessão foi convocada pela Presidência efetiva, a pedido do Deputado ora na condução dos trabalhos, para comemorar o Dia da Comunidade Alemã. Convida todos para, de pé, ouvirem os Hinos Nacionais da Alemanha e do Brasil.

 

002 - STEFAN GRAF VON GALEN

Representante da Comunidade Alemã no Conscre desta Assembléia Legislativa, assegura que esta data enaltece cada vez mais as relações entre o Brasil e a Alemanha. Põe-se à disposição desta Casa para estreitar ainda mais os laços que unem estes dois países.

 

003 - INGO RENAUX

Presidente de Honra da Corporação Alemã em São Paulo, agradece aos Deputados desta Casa pelo PL que institui o Dia da Comunidade Alemã. Recorda as dificuldades que encontram os que para cá imigram e o espírito acolhedor da sociedade brasileira.

 

004 - HUBERTUS VON MOOR

Cônsul-Geral da Alemanha em São Paulo, aponta que a imigração dos alemães ao Brasil deu início a uma cooperação muito proveitosa para os dois países, processo este que se mantém até hoje.

 

005 - Presidente ROMEU TUMA

Expõe os motivos que o levaram a propor a criação do Dia da Comunidade Alemã. Tece algumas considerações sobre o que vem acontecendo no país e conclama os eleitores a exercerem seus direitos com responsabilidade. Historia o movimento imigratório alemão. Assevera que a Alemanha é hoje uma das principais parceiras do Brasil nas áreas econômica e cultural. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - ROMEU TUMA - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida a ata anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - ROMEU TUMA - PMDB - Esta Presidência passa a nomear as autoridades que compõem a Mesa: Sr. Hubertus Von Moor, Cônsul-Geral da Alemanha no Estado de São Paulo; Sr. Ingo Renaux, Presidente de Honra da Corporação Alemã em São Paulo; Sra. Úrsula Dormien, Presidente da Corporação Alemã em São Paulo; Sr. Stefan Graf Von Galen, representante da Comunidade Alemã no Conscre desta Assembléia Legislativa.

Srs. Deputados presentes, senhoras e senhores, digníssimas autoridades, informamos que esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, nobre Deputado Rodrigo Garcia, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de comemorar o Dia da Comunidade Alemã.

Convido todos os presentes para, em pé, ouvirem os Hinos Nacionais alemão e brasileiro, executados pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do Maestro 2º Tenente PM Jocen Feliciano.

 

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- São executados os hinos nacionais.

 

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O SR. PRESIDENTE - ROMEU TUMA - PMDB - Esta Presidência agradece, entusiasticamente, o Maestro 2º Tenente PM Jocen Feliciano, sempre presente nas nossas sessões solenes, pela celebração destes dois hinos, que já estávamos acostumados a ouvir aos domingos. Mas com a queda do Schumacher e da Ferrari matamos a saudade hoje. Muito obrigado.

Queríamos anunciar, também, a presença do Sr. Thomas Johnes, representando o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico; do Sr. Udine Verardi, representando o ilustre Deputado Antonio Salim Curiati; e do Sr. José Roberto dos Santos, representando o Sr. Cônsul-Geral da Suíça, Giambatista Mondada.

Esta Presidência quer, neste momento, conceder a palavra ao particular amigo, grande companheiro, Sr. Stefan Graf Von Galen, representante da Comunidade Alemã no Conscre desta Assembléia Legislativa.

 

O sr. Stefan Graf Von Galen - Prezado Sr. Deputado Estadual, Dr. Romeu Tuma; prezado Sr. Hubertus Von Moor, Cônsul-Geral da República Federal da Alemanha em São Paulo; prezado Sr. Ingo Renaux, Presidente de Honra da Corporação Alemã em São Paulo; prezada Sra. Úrsula Dormien, Presidente da Corporação Alemã em São Paulo; prezados colegas do Conscre; prezadas senhoras e senhores, é com imensa honra, alegria e satisfação que estamos hoje comemorando mais uma vez o Dia da Comunidade Alemã.

Esta data é muito significativa e enaltece cada vez mais as relações entre o Brasil e a Alemanha. Tenho certeza de que estamos com isto mantendo acesa a chama das tradições alemãs que os nossos antepassados tanto prezaram. Agradecemos uma vez mais ao nobre Deputado Dr. Romeu Tuma por ter se engajado nesta missão e declarar o dia 25 de julho como o Dia da Comunidade Alemã.

Sr. Deputado Romeu Tuma, tenha a certeza que eu, como representante da comunidade alemã no Conscre, como Presidente da Associação Escolar Benjamin Constant, mantenedora do Colégio Benjamin Constant, fundado há 104 anos por imigrantes alemães, outras escolas, clubes, igrejas e outras entidades alemãs, estaremos sempre à disposição desta Casa para estreitar ainda mais os laços que unem estes dois países.

Muito obrigado.

 

o Sr. Presidente - Romeu Tuma - PMDB - Esta Presidência convida para fazer uso da palavra o Sr. Ingo Renaux, Presidente de Honra da Corporação Alemã.

 

O SR. INGO RENAUX - Ilustríssimo Sr. Presidente da Mesa, Deputado Romeu Tuma; ilustríssimo Dr. Hubertus von Moor, digníssimo Cônsul-Geral da Alemanha em São Paulo; ilustríssima Sra. Úrsula Dormien, porta-voz da Confederação das Comunidades de Língua Alemã em São Paulo; ilustríssimo Sr. Stefan Von Galen, membro do Conscre; senhoras e senhores.

É com imensa satisfação que venho a esta casa dos representantes do povo do Estado de São Paulo. Venho com o coração alegre, com a sensação grata de personagem e beneficiário de mais uma dentre tantas histórias de sucesso e acolhimento: a história da imigração e da integração de um povo imigrante batalhador, dedicado e vencedor.

Venho com o coração cheio de sentimentos de gratidão a este nosso povo brasileiro e paulista, em especial neste momento a esta Casa, na pessoa de todos os deputados que se dignaram a apreciar e votar o Projeto de Lei nº 196/04, que institui neste Estado, onde a imigração e a presença de alemães oriundos de grande parte da Alemanha e seus descendentes é tão intensa, o dia 25 de julho como sendo o "Dia da Comunidade Alemã". Em especial, quero agradecer ao nobre Deputado Romeu Tuma, por ter atendido nosso pleito de propositura do projeto de lei.

Não quero me estender em demasia. A exposição dos motivos alinhavados na justificativa da propositura do projeto de lei dá conta, ainda que de forma sucinta, das ondas migratórias e da importância das mesmas, tanto para os estados do Sul do país, como para os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e outros.

E de ressaltar e recomendar a leitura de um brasileiro ilustre, a retratar em romance a saga de imigrantes alemães no século retrasado no Estado do Espírito Santo. Refiro-me a Graça Aranha e seu memorável romance de idéias “Canaã”, que contém certamente algumas idéias hoje ultrapassadas, mas é, sem dúvida, uma epopéia de ficção quase realista e que retrata, como nenhum outro, a saga de milhares e milhares de irmãos germânicos que vieram, sós ou acompanhados muitas vezes apenas de parte de suas famílias à terra prometida, em busca de um sonho que podia facilmente tornar-se pesadelo, tal a magnitude das diferenças e das dificuldades encontradas, especialmente em tempos como aqueles.

Também aos descendentes daqueles imigrantes, que hoje formam um contingente imenso do que chamaríamos em alemão de "teuto-brasileiros", bem como aos imigrantes de hoje, que a cada dia chegam, quero render minhas especiais homenagens.

Não se iludam, Senhoras e Senhores Deputados, senhoras e senhores presentes e convidados: ainda que enfrentemos nos dias de hoje tempos difíceis, ainda que não tenhamos resolvido, bem aqui, em nosso país e em nosso estado problemas básicos, essenciais para a vida e o bem-estar, tais como educação, saúde, saneamento básico, distribuição mais eqüitativa da renda e da justiça, fatos e faltas que nos enchem de vergonha e frustração, brasileiros que somos não só de coração e alma, mas de naturalidade, não se iludam: há e continuará havendo movimento migratório em direção ao Brasil e a São Paulo, não apenas de países cujas condições sócio-econômicas são piores que as nossas, mas também de paises como os que agora represento, os de língua alemã.

Não obstante todas as dificuldades que ainda enfrentamos, não obstante a tarefa hercúlea que ainda temos pela frente no sentido de melhorar as condições de existência de nossa população, tarefa esta inteiramente suprapartidária e com a qual esta casa tem e terá ainda muito a colaborar, é fato inequívoco que incessantemente chegam novos imigrantes a nosso país e a nosso Estado, e é fato também que, dado o espírito acolhedor de nossa terra e de nossa gente, muitos dos que vêm para ficar apenas por tempo limitado acabam escolhendo este país e este estado, graças à nossa vocação de bem receber, graças ao celeiro de oportunidades de vida que este país apresenta a todo aquele que tem vontade de crescer e trabalhar, de criar e produzir algo útil para a sociedade.

Prova disso, de que a sociedade brasileira é acolhedora e aberta à contribuição dos que aqui chegam, somos tantos de nós cujos pais, avós ou tios são responsáveis por nossa condição de brasileiros, nascidos aqui que fomos descendentes desses imigrantes. Tantos de nós, alguns dos quais aqui presentes, que exercem profissões e cargos de destaque na indústria, no comércio, nas artes cênicas, musicais e plásticas, na literatura, no esporte e até mesmo em cargos públicos.

Foi e é assim com a comunidade dos descendentes de países de língua alemã, com os italianos, com os árabes, com os espanhóis, com os demais europeus e com os orientais de várias partes, com os judeus de todo o mundo, com os demais americanos, com os africanos - que infelizmente tiveram de sofrer a irracional brutalidade do momento histórico, nos tempos sombrios da escravatura, mas que hoje felizmente vêm ao país livremente e com sua grandeza colaboram com nossa formação multiétnica e racial pacífica e solidária - enfim, foi e é assim com todos que aqui aportaram e seguem aportando. Este é um país acolhedor, e este em especial é um estado acolhedor, que trata bem aqueles que vêm em busca de trabalho e de crescimento pessoal e familiar.

Senhoras e senhores, para finalizar: grande é meu agradecimento a esta casa por legislar em favor da instituição deste dia comemorativo. Imensurável é meu agradecimento, em nome próprio, de meus falecidos avós e pais, imigrantes destemidos e empreendedores, de meus filhos e netos brasileiros e, em especial, em nome de toda a coletividade de língua alemã neste país. Imenso e com o coração cheio de alegria e reconhecimento, portanto, é o agradecimento que faço a este povo e a esta terra, não só pelas oportunidades que nos deram, a todos imigrantes e descendentes, mas também pelo acolhimento irrestrito, livre de preconceitos, cheio de amor e de sentimento de irmandade e compatriotismo.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - ROMEU TUMA - PMDB - Esta Presidência concede a palavra ao Sr. Hubertus Von Moor, Cônsul da Alemanha.

 

O SR. HUBERTUS VON MOOR - Exmo. Sr. Deputado Romeu Tuma, Sr. Stefan Graf Von Galen, Representante da Comunidade Alemã no Conscre, Sr. Ingo Renaux, Presidente da Honra da Corporação Alemã, caros amigos da Alemanha, senhoras e senhores, estou muito feliz em poder participar hoje da Sessão Solene em Comemoração ao Dia da Comunidade Alemã.

Lembro-me bem do ano passado, quando este dia foi anunciado pela primeira vez. É uma honra estar presente no primeiro aniversário deste evento nesta Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

As raízes da amizade com a nação brasileira nasceram há muito tempo. Um dia como hoje mostra que esta amizade também tem futuro. Observamos, com grande alegria, que cada vez mais pessoas aprendem o alemão e as relações entre nossos países estreitam-se cada vez mais, não apenas no setor científico e cultural, mas também nos setores econômico e político.

A imigração dos alemães ao Brasil deu início a uma cooperação muito proveitosa para os dois países. Da mesma forma que o Brasil ofereceu aos imigrantes alemães o refúgio e novas oportunidades, a comunidade alemã contribuiu para a modernização e industrialização do Brasil. Até hoje, a atividade da comunidade alemã em São Paulo mostra a boa integração dos alemães com os brasileiros sem esquecer suas raízes. Oxalá, ocorra o mesmo no campo de futebol no próximo ano, na Alemanha, durante a Copa do Mundo.

O fundamento de cada amizade entre os povos são as pessoas que se dedicam a ela e, graças a amigos como o Exmo. Sr. Deputado Romeu Tuma, a relação entre a Alemanha e o Brasil tem um futuro brilhante.

Com estas palavras de agradecimento, quero expressar a minha esperança de que o Dia da Comunidade Alemã intensifique ainda mais a amizade entre o Brasil e a Alemanha no futuro. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - ROMEU TUMA - PMDB - Agradeço, de coração, esta homenagem. O Stefan representa o sentimento de todos aqui presentes e também os não presentes por motivos diversos.

Quando cheguei a esta Casa, eleito Deputado Estadual em São Paulo, comecei a praticar uma ação que sempre pensei no meu dia-a-dia dentro do funcionalismo público como Delegado de Polícia com 25 anos de carreira. Eu sempre entendi que o mandato não é do eleito, é do eleitor. Nesse sentido, temos tentado pautar a nossa vida parlamentar, as nossas proposituras, sempre atendendo as reivindicações da população, efetivamente daqueles que nós representamos.

É muito salutar, muito mais gostoso e meritório, quando conseguimos unir essas reivindicações da população a algo que tem vínculo com nossa atividade profissional e com nossa formação moral. É óbvio que na justificativa do projeto não cabe o que estou falando agora e por isso não foi explicitado. Momentos antes de se iniciar a sessão, concedi uma entrevista para o Jornal da TV Assembléia explicando a nossa iniciativa. E também ali não caberia dizer algo que é muito íntimo, até porque o tempo não nos permitiria, naquela entrevista.

O que quero dizer é que quando tomamos esta iniciativa, provocados pelo querido Stefan, membro atuante do Conscre nesta Casa, abracei de forma muito satisfatória, primeiro porque disse que o mandato não é meu, é do eleitor e de todos aqueles que moram no Estado de São Paulo. Então, nada mais justo do que atender uma reivindicação da população, no caso, em especial, da comunidade alemã.

Mas também fazia com muita vontade, com muito sentimento, porque representa na minha vida algo que tem fundamento na minha formação moral. Eu me recordo por histórias - eu não era nascido - que durante a guerra os empresários alemães e italianos tiveram de passar todos os seus bens para outros de origens diversas, por questão da perseguição dos anos 40/45.

Um fato que marcou a minha vida, como lição de vida deixada pelo meu querido avô Zike Tuma e especialmente pelo meu pai e pelo meu tio Rezkalla, que hoje infelizmente não pôde estar presente, aliás, foi Presidente do Conscre, é que muitos daqueles que receberam as empresas de imigrantes alemães não devolveram após a guerra.

E ali talvez tenha começado o meu primeiro ensinamento de vida. Não devemos pegar nada do que não é nosso. Meu avô foi aquele que teve por destino e amizade a família Holfe, a pessoa que geriu o destino da Teka durante o período em que os alemães não podiam mais ter propriedade no Brasil. Tão logo se passou esse período, devolveu a Teka - Tecelagem Santa Catarina - para os donos originais. Isso contribuiu muito para a minha formação moral e para que pudéssemos entender muitas coisas.

Essa propositura faz, portanto, parte. É o princípio de que devemos fazer aquilo que a sociedade espera de nós, mas também aquilo que vai ao encontro de nossos princípios éticos, morais e de respeito aos nossos ensinamentos de vida.

O momento é oportuno para tecermos algumas considerações sobre o que vem acontecendo em nosso país, especialmente porque estamos aqui como parlamentar e falando para eleitores, para a população de modo geral, não só os que aqui estão, mas os que nos acompanham pela TV Assembléia, que transmite esta solenidade.

Sou muito cético em relação a alguns acontecimentos. Quero, de pronto, já colocar que dentro desse princípio de que o mandato não é do eleito, é do eleitor, a população tem responsabilidade sobre algumas coisas que acontecem neste país. Vamos ser bastante honestos, sem nos preocuparmos com a opinião publicada, mas sim com a opinião pública, o que é muito diferente.

Existem algumas pessoas e alguns segmentos da sociedade que tentam fazer com que a população, neste momento de crise por que passamos - e todos assistem, lamentavelmente, 24 horas por dia a tudo isso - seja o Pilatos da história: vamos lavar as mãos e falar que todo político é criminoso e ladrão.

Ora, a única coisa neste país - não tem mais nenhuma - em que todos somos iguais, quer que seja o Presidente da República, quer seja o mais humilde dos moradores e eleitores, a única coisa que temos em comum é o poder para decidir quem vai nos representar nos parlamentos. Então, também temos responsabilidade no estado de coisas que está por aí.

Muitas pessoas não se lembram em quem votaram. E estamos nos avizinhando de uma nova eleição e provavelmente até alguns desses serão reconduzidos aos seus cargos eletivos. Então, a população não pode ser Pilatos e lavar as mãos, ela também tem responsabilidade não só na hora de votar no seu representante, mas especialmente e principalmente acompanhar o mandato daquele em quem ela votou e reivindicar, participar, fazer valer isso que eu sempre disse. E não é filosófico, é franco. O mandato não é do eleito, é do eleitor, portanto, temos responsabilidades também nas iniciativas e nos atos daqueles que elegemos.

Não adianta irmos lá todo primeiro domingo do mês de outubro, de dois em dois anos, elegermos alguém e depois nos esquecermos e voltarmos depois de dois anos para eleger de novo em outra esfera. Temos de acompanhar. Temos de estar presentes. Temos de reivindicar para saber que tipo de atitude, como esse parlamentar está efetivamente exercendo aquilo que nós lhes demos: um cheque em branco.

Publicamente pode parecer que isso é uma declaração não política e eleitoral. E não é mesmo. A população tem responsabilidade em tudo isso e não podemos deixar que alguns segmentos façam com que a população acredite que a sua opinião é publicada - opinião pública é uma coisa, opinião publicada é outra. A população não pode lavar as mãos e generalizar toda a classe política neste país como sendo igual a uma meia dúzia daqueles que efetivamente saíram do nosso meio mesmo e vivem na nossa sociedade, são nossos vizinhos que estão lá representando alguém e usam isso para desviar sua conduta.

Outra coisa que sempre falei, e é bom consignar, é que política não é profissão, é exercício de mandato. O mandato é auferido por alguém a quem temos de prestar contas. Quero deixar isso como colocação inicial para dizer da importância desse projeto na minha vida não só parlamentar, mas na minha vida conceitual, e fazer também um comentário sobre a situação em que vivemos, pedindo a todos vocês que a opinião pública seja a de vocês e não a publicada, e pedindo a todos vocês que não generalizem, até porque temos responsabilidade por aqueles que colocamos no parlamento, quer municipal, quer estadual, quer federal.

Para ser qualquer outra coisa a pessoa estuda, faz concurso, arruma emprego, e não somos nós quem decidimos. Mas para representar a população somos nós quem decidimos, portanto, não podemos lavar as nossas mãos e generalizar.

Queria fazer este apelo a vocês antes de falar especificamente aquilo que escrevi. Peço desculpas por talvez ter me alongado, uma vez que todos estão cansados de ouvir políticos. Mas, como disse, o mandato não é meu, é de vocês, e obviamente, por respeito, vocês terão de ouvir.

No mês de julho de 2005 festejamos os 181 Anos da Imigração Alemã no Brasil (1824 - 2005). Os alemães foram os protagonistas do primeiro fluxo imigratório mais sistemático que se dirigiu para o Brasil após a independência. Entre 1824 (ano da fundação da primeira colônia alemã no Rio Grande do Sul, em São Leopoldo) e 1830 (quando essa imigração foi interrompida por causa da revolução Farroupilha) e, depois, entre 1845 e 1938, o Brasil recebeu imigrantes alemães todos os anos.

Em São Paulo a imigração começou em 1827, com a chegada de 227 imigrantes alemães ao porto de Santos, que se radicaram em Santo Amaro e em ltapecerica da Serra.

No período compreendido entre 1850 e 1909 entraram mais ou menos quinze mil alemães em cada década. O maior fluxo ocorreu no período que se seguiu à Primeira Guerra Mundial: chegaram cerca de 75.000 alemães, quase 30% do total. A imigração alemã estava vinculada ao processo de colonização de terras devolutas, levado a cabo nos três estados do sul, especialmente a partir da promulgação da Lei de Terras de 1850. Houve assentamentos de alemães em outros estados, mas foram efêmeros, especialmente em Minas Gerais e na Bahia.

O que se esperava, com base na experiência dos colonos alemães, era um avanço na agricultura. Mas como naquela época as condições da agricultura e da vida em geral eram muito precárias, a maioria dos imigrantes alemães não ficou muito tempo nessas terras. Na década de 1920, muitos imigrantes preferiram ficar em cidades maiores, como São Paulo, Curitiba ou Porto Alegre, preferencialmente nas chamadas "colônias alemãs" e não necessariamente na condição de colonos.

Entre os imigrantes havia grande contingente de camponeses e membros das classes trabalhadoras em geral, cuja motivação para emigrar estava relacionada à pobreza, mas também havia artífices especializados, refugiados políticos, ex-militares, pequenos empresários, intelectuais, etc. Segmentos estes que tiveram papel preponderante na formulação da germanidade (Deutschtum), a expressão étnica da ideologia nacionalista alemã.

De maneira bem objetiva, a comunidade étnica teuto-brasileira foi definida através de critérios bastante inclusivos: o uso da língua alemã (o bilingüismo só seria incentivado na década de 1930); a preservação de usos e costumes tradicionais, que diferenciavam dos brasileiros nos seus hábitos alimentares; o comportamento religioso; a organização do espaço doméstico (tanto no interior das casas quanto nos terrenos circundantes); a intensidade da vida associativa, através de todo um conjunto de sociedades culturais e recreativas que se encarregavam de difundir valores da cultura alemã vinculados ao teatro, literatura, música, dança, ginástica e esportes, que assumiram um forte conteúdo étnico.

A escola alemã e a família eram os baluartes do ensino da língua alemã. Existiam, ainda, os jornais e outras publicações em língua alemã que, ao lado da função informativa e noticiosa, também serviam de veículo aos literatos teuto-brasileiros e aos autores alemães mais tradicionalmente nacionalistas, como nos textos que ressaltavam a identidade étnica.

De lá para cá, nos dias de hoje, se considerarmos que São Paulo conta com quase 1.200 empresas de capital alemão, isso faz com que seja considerada "a maior cidade industrial alemã do mundo". Diante desse número, não poderia haver maior indicador do forte papel que as empresas alemãs, aqui radicadas a partir da segunda metade do século 20, desempenharam no desenvolvimento industrial do Brasil.

A grande maioria dos descendentes dos imigrantes alemães, que já despontam em sua quarta geração, vive em São Paulo. Avalia-se que a soma dessas gerações alcance de 3 a 5 milhões de indivíduos em todo o Brasil.

A Alemanha é hoje uma das principais parceiras do Brasil nas áreas econômica e cultural. A tradição alemã é encontrada no "Clube Transatlãntico", "Sociedade Filarmônica Lira" e "Club Koipinghaus".

E foi para homenagear a grande contribuição dada pela comunidade de língua alemã na integração cultural de São Paulo que apresentei o Projeto de Lei nº 196, de 2004, que hoje tramita nesta Assembléia Legislativa, para se instituir no âmbito do Estado de São Paulo o "Dia da Comunidade Alemã". Este projeto já foi aprovado em todas as Comissões desta Casa e já está pronto para a Ordem do Dia, ou seja, ser votado.

Portanto, hoje é uma data muito importante para o Parlamento paulista, pois estamos tendo a honrosa oportunidade de homenagear o Dia da Comunidade Alemã em São Paulo. Parabéns a todos.

Que Deus nos proteja para que possamos dentro desta difícil missão que nos é delegada pela sociedade, cumprirmos de uma forma retilínea o nosso mandato. Apelamos mais uma vez para que evitem - e passem para os outros - e não se generalizem, existem pessoas compromissadas com os interesses públicos. Deus os abençoe e parabéns a todos! (Palmas).

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades, aos funcionários desta Casa e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade, e convida a todos para um coquetel no Hall Monumental.

Aproveito também para agradecer os funcionários da Assembléia Legislativa que corroboram com o nosso trabalho na Mesa e também aos meus companheiros de gabinete, que foram incansáveis na viabilização desta Sessão Solene.

Está encerrada a presente sessão.

 

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-         Encerra-se a sessão às 21 horas.

 

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