08 DE AGOSTO DE 2008

034ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO “DIA ESTADUAL DE BALONISMO BARTHOLOMEU DE GUSMÃO”

 

Presidente: BRUNO COVAS

 

 

RESUMO

001 - BRUNO COVAS

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Informa que a sessão solene foi convocada pelo Presidente Vaz de Lima, a requerimento do  Deputado Bruno Covas, com a finalidade de comemorar o "Dia Estadual de Balonismo Bartholomeu de Gusmão". Convida o público presente a ouvir, de pé, o Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - LAURET GODOY

Coordenadora da Comissão "300 Anos do Balão", faz histórico sobre os propósitos da referida comissão. Agradece às várias pessoas envolvidas no projeto.

 

003 - Presidente BRUNO COVAS

Descerra o logotipo dos "300 Anos do Balão", criado por Igor de Loyola, da Abrarta - Associação Brasileira de Artistas em Arte Aeroespacial.

 

004 - MARCOS MENDONÇA

Ex-Deputado a esta Assembléia e ex-Secretário de Estado da Cultura, autor da lei que instituiu a efeméride, faz referências à abertura dos jogos olímpicos, em Pequim, ocorrida hoje. Recorda as invenções chinesas. Enaltece a importância de serem valorizadas as invenções e seus criadores.

 

005 - PAULO FLÁVIO DA SILVA

Coronel Capelão do 4º Comando Aéreo Regional, faz histórico sobre o padre Bartholomeu de Gusmão, cujos inventos foram demonstrados à corte portuguesa, em Lisboa. Lembra iniciativas como a canalização de mosteiro. Enaltece que o religioso fora designado diplomata em Roma. Informa que seus restos mortais repousam na Catedral da Sé, em São Paulo.

 

006 - MARA REGINA SAHID PEDROZA VIDAL

Professora da Escola Municipal Bartholomeu de Gusmão, de São Paulo, anuncia homenagem de estudante ao Senhor Marcos Mendonça.

 

007 - REGINA CÉLIA

Vice-diretora da Escola Estadual Padre Bartholomeu de Gusmão, de Santos, anuncia homenagem de estudante ao Deputado Bruno Covas, agraciado como membro honorário da Comissão "300 Anos do Balão".

 

008 - ILDEU DE CASTRO MOREIRA

Diretor do Departamento de Popularização e Difusão de Ciência e Tecnologia do Ministério de Ciência e Tecnologia, destaca a importância da participação dos jovens no estudo e experiências físicas. Ressalta o desenvolvimento da indústria aeronáutica brasileira. Dá conhecimento de vários eventos científicos que transcorrerão no ano de 2009. Fala da abertura de edital nacional sobre astronomia.

 

009 - MARCOS VILLARES

Diretor-executivo do Instituto Cultural Santos Dumont, e sobrinho-bisneto de Alberto Santos Dumont, discorre sobre a conquista do ar, como um dos anseios da Humanidade. Cita referências a Gusmão, feitas nos últimos escritos de Santos Dumont.

 

010 - Presidente BRUNO COVAS

Agradece a homenagem recebida. Recorda personalidades nascidas na cidade de Santos, como Bartholomeu de Gusmão. Enaltece a importância do resgate histórico do homenageado, especialmente para os jovens estudantes. Anuncia a inauguração do "site" 300 Anos do Balão. Presta homenagem, com a entrega de flores, à Senhora Yeda Villas Boas. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Bruno Covas.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - BRUNO COVAS - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

* * *

 

- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - BRUNO COVAS - PSDB - Para compor a mesa nomeamos as seguintes autoridades: Sr. Marcos Mendonça, ex-deputado e ex-Secretário da Cultura; Sr. Ildeu de Castro Moreira, diretor do Departamento de Popularização e Difusão de Ciência e Tecnologia, representando o Ministério de Ciência e Tecnologia; Coronel Capelão Paulo Flávio da Silva, do 4o Comando Aéreo Regional; Sr. Marcos Villares, diretor-executivo do Instituto Cultural Santos Dumont e sobrinho bisneto de Alberto Santos Dumont.

Srs. Deputados, minhas senhoras, meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, nobre Deputado Vaz de Lima, atendendo solicitação deste deputado, com a finalidade de “Homenagear o Dia Estadual de Balonismo Bartholomeu de Gusmão”.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda do Colégio Padre Moye, sob a regência do maestro Cláudio Marcelo Gil Igreja.

 

* * *

 

- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

* * *

 

O Sr. Presidente - BRUNO COVAS - PSDB - Esta Presidência agradece à Banda do Colégio Padre Moye.

Gostaríamos de anunciar e agradecer as presenças das seguintes autoridades: Sra. Lauret Godoy, Coordenadora da Comissão “300 Anos do Balão”; Dr. Aristides Almeida Rocha, Presidente do Panathlon Club São Paulo e do Conselho Consultivo do Instituto Samuel Murgel Branco; Engenheiro Walter Nutini, Presidente do Conselho Superior da Academia Brasileira de Aeronáutica; Sra. Daisy Rabello Nutini; Sr. Eduardo Cardoso de Almeida Castanheira, Chefe da Assessoria Policial Civil da Assembléia Legislativa, representando o Delegado Geral da Polícia Civil de São Paulo, Sr. Maurício José Lemos Freire; Sr. Ricardo Jacob de Magalhães, Presidente da Abraer; Sr. Igor de Loyola, da Abrarta, Associação Brasileira de Artistas em Artes Aeroespacial; Sr. José Luiz Mendonça, da Universidade Anhembi-Morumbi, representando o Professor Edson Luiz Gaspar, Coordenador do Curso de Aviação da Universidade Anhembi-Morumbi; Sr. Fernando Brandão, Conselheiro da Abraer; Sr. Ricardo Fernandes Lopes, Diretor Técnico do Museu da Língua Portuguesa; Jonar Brasileiro, Presidente Instituto Educare; Sr. Paulo Gonzales Monteiro, Presidente do Instituto Histórico-Geográfico de Santos; Sr. Geraldo de Andrade Ribeiro Júnior, Presidente da Abrafite; Sra. Jurema Konovaloff, da Abaac, Associação Brasileira de Aeronaves Antigas e Clássicas; Sr. Santiago Oliver, da Abaac; Sra. Marisa Torres de Paula, da União Paulista de Aeromodelismo (UPA); Sr. Mauro Baroni Filho, 2º Tenente, representando o IV Comando Aéreo Regional; Sra. Regina Célia, vice-Diretora, representante da Escola Estadual Padre Bartolomeu de Gusmão, de Santos; Professora Mara Regina Sahid Pedroza Vidal, representante da Escola Municipal Bartolomeu Lourenço de Gusmão, de São Paulo; Dislany Lopes dos Santos, Tenente Coronel Aviador do Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo; Coronel Intendente Benedito Bortoletto, Prefeito de Aeronáutica de São Paulo; Sr. Ary Ayres de Godoy, representando o Presidente do Clube Esperia, Sr. Arthur Moreira Ricca; Sr. Ney Cardoso, representando o Deputado Antonio Salim Curiati.

Esta Presidência concede a palavra à Sra. Lauret Godoy, Coordenadora da Comissão “300 Anos do Balão”.

 

A SRA. LAURET GODOY - Em nome da Comissão “300 Anos do Balão”, peço licença para, na pessoa do nobre Deputado Bruno Covas, nosso ilustre anfitrião, saudar todas as autoridades civis, militares e eclesiásticas que honram este Parlamento Paulista com suas presenças.

Exmas. Senhoras, Exmos. Senhores, membros da banda e jovens estudantes aqui presentes, bom-dia.

Como se formou a nossa comissão? Quatro pessoas, entusiasmadas pela história da aviação, uniram-se, movidas pelo desejo de fazer justiça, de promover a informação e a cultura, de divulgar a ciência e de reverenciar Bartholomeu Lourenço de Gusmão, um gênio brasileiro quase desconhecido.

E hoje, aqui estamos, participando desta festa, que tem o apoio do Deputado Bruno Covas. Mas como não existe trabalho isolado, jamais o mérito será de uma pessoa apenas. Por isso, agradecemos aos diversos departamentos e eficientes funcionários desta Casa, ao pessoal do balonismo, às diretoras, aos professores, ao maestro e aos alunos dos colégios que enfeitam esta solenidade e a todos que, direta ou indiretamente, também trabalharam para que esta empreitada chegasse a bom termo. Denominar um a um seria impossível.

Nossos agradecimentos especiais aos elementos da Aeronáutica Brasileira que têm a sua espada alada enfeitando a sepultura do nosso homenageado. Muito obrigada à Aeronáutica.

Teremos como oradores o Dr. Marcos Mendonça porque foi ele que, em 1998, na qualidade de Deputado Estadual, pleiteou e conseguiu instituir o Dia Estadual de Balonismo Bartholomeu de Gusmão.

Porém, os restos mortais do ilustre inventor estavam esquecidos no Cemucam, em Cotia. Foi o Coronel Capelão Paulo Flávio da Silva quem promoveu as articulações para sepultar Bartholomeu de Gusmão na cripta da Catedral da Sé. Ele também terá a palavra.

De Brasília, do Ministério da Ciência e Tecnologia, veio o físico e ilustre professor, Ildeu de Castro Moreira, diretor do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia, cuja presença muito nos honra.

Se Bartholomeu de Gusmão inventou o balão, foi Alberto Santos Dumont quem inventou o avião, e ninguém melhor que Marcos Villares, sobrinho-bisneto do Pai da Aviação, para nos presentear também com a sua palavra.

Agora, quero convidá-los para apenas imaginar a expectativa que tomava conta de Lisboa, nesta mesma data, há 299 anos: um jovem santista e brasileiro, de apenas 24 anos de idade, faria uma experiência inusitada com um objeto voador diante do Rei D. João V, da Rainha Dona Maria Ana da Áustria, do núncio apostólico e da fidalguia européia.

O mérito de inventar o aparelho voador foi todo de Bartholomeu Lourenço de Gusmão. É em nome dele que a nossa comissão deseja fazer um convite, que deve atravessar as paredes do Palácio 9 de Julho, e espalhar-se pelo país inteiro: brasileiros, alegrai-vos. A festa dos 300 anos do balão vai começar neste exato momento...

Muito agradecida. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - BRUNO COVAS - PSDB - O logo “300 anos do balão” é criação e arte do artista Igor Loyola.

Esta Presidência anuncia a presença do Sr. Paulo de Souza, Prefeito em exercício de São Vicente.

Tem a palavra o Sr. Marcos Mendonça, ex-Deputado, ex-Secretário de Cultura e autor da Lei do Dia Estadual do Balonismo.

 

O SR. MARCOS MENDONÇA - Exmo. Sr. Deputado Bruno Covas, Exmo. Sra. Lauret, na pessoa de quem saúdo todas as pessoas que se envolveram na organização desse evento, autoridades presentes, estudantes, meus amigos, é uma alegria participar dessa festa. Hoje de manhã, antes de vir para cá, estava assistindo a abertura da Olimpíada. O que a China apresentou para o mundo? Como ela se mostrou para o mundo? Ela se mostra num momento mais importante da sua trajetória, investindo milhões e milhões.

Primeira demonstração: as invenções do povo chinês, começando com a pólvora, o papel. Enfim, mostra que aquele povo construiu a modernidade, e que, lá atrás, pesquisando, estudando e trabalhando, encontrou as fórmulas da pólvora e do papel.

Isso demonstra claramente a importância que temos de dar para as nossas invenções, às personalidades que descobriram inventos que mudaram a trajetória da humanidade e moldaram um novo mundo. E Bartholomeu de Gusmão é exatamente uma dessas pessoas.

Foi exatamente dentro dessa filosofia - de que é fundamental recuperarmos a história e registrarmos os fatos importantes da nossa memória - porque aí se constrói uma nação -, foi dentro dessa concepção que, em 1998, fui procurado pela Lauret e pela Ivone, havia um movimento grande em São Paulo da maioridade, que me trouxeram essa questão. A Lauret era apaixonada por essa bandeira, e entendi que efetivamente a Assembléia Legislativa de São Paulo poderia e deveria fazer um projeto de lei e transformá-lo em lei, de tal forma que pudéssemos estar registrando esse fato extremamente importante e que ano-a-ano pudéssemos lembrar que na nossa história houve essa figura importante, que há quase 300 anos revolucionou o mundo.

E em seguida - interessante o destino de uma nação - uma figura como a de Santos Dumont veio a descobrir o avião.

O Brasil tem uma trajetória muito peculiar, muito interessante, que precisa ser cultuada. E dentro dessa filosofia, apresentamos esse projeto, e fico muito feliz, Deputado Bruno Covas, que você tenha encampado essa idéia, e que hoje você tenha promovido esse encontro para homenagear e fazer a abertura dos festejos dos 300 anos do balonismo no Brasil.

Parabéns, Lauret, parabéns a todos nós por termos a oportunidade de celebrarmos essa figura tão importante na nossa história, que é o Bartholomeu de Gusmão.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - BRUNO COVAS - PSDB - Tem a palavra o Coronel Capelão Paulo Flávio da Silva, do IV Comando Aéreo Regional.

 

O SR. PAULO FLÁVIO DA SILVA - Exmo. Sr. Deputado Bruno Covas, Presidente desta sessão; excelentíssimas autoridades presentes; caríssimos irmãos de farda da Força Aérea Brasileira; estudantes, senhores.

É uma alegria muito grande poder esta manhã dizer algumas palavras sobre o padre Bartholomeu de Gusmão, o homem que deveria ser mais conhecido em nossa terra, onde está sepultado na Catedral. Quando os portugueses vão, em grupos, visitar a cripta da catedral, quando chegam diante do túmulo de Bartholomeu, ficam exultantes. Em Portugal, se conhece Bartholomeu. No Brasil é muito pouco conhecido.

Sou capelão da Força Aérea Brasileira, cujo patrono dos Capelães Militares da Aeronáutica é o padre Bartholomeu de Gusmão. E durante dois anos fiquei responsável pelos restos mortais do padre Bartholomeu, conservados no nosso mosteiro de São Bento até a sua deposição na cripta da Catedral de São Paulo.

O Padre Voador

Breve relato da vida e obra do brasileiro  Bartholomeu Lourenço de Gusmão (1685-1724).

Baseado no texto de Cosme Degenar Drumond

A descoberta do avião foi, sem dúvida, um dos primeiros e mais importantes passos da ciência no século 20.

O elenco de contribuições que o avião possibilitou para a humanidade é enorme, sobretudo em países de dimensões continentais, como o nosso.

Grandes e significativas foram as revelações decorrentes da atividade aeronáutica, a qual continua gerando grandes benefícios para outros campos da ciência.

Todo esse fantástico legado, sem dúvida, foi o objetivo maior nos idéias e esforços de sucessivas gerações de pioneiros que se envolveram na conquista do ar.  E cada um deles mereceu seu lugar de destaque, na história.

Alberto Santos Dumont inaugurou essa nova era em 23 de outubro de 1906, a partir do vôo autônomo do 14 Bis.

A origem dessa conquista, no entanto, está ligada ao pioneirismo de outro genial brasileiro: O Padre Bartholomeu Lourenço de Gusmão, Pai da Aerostação.

Diante da corte portuguesa, em Lisboa, demonstrou a possibilidade do homem poder voar. O engenho que concebeu e construiu era simples como os balões de nossas festas de São João. Mas, ninguém, antes dele havia imaginado tal possibilidade real.

É a este genial brasileiro que hoje rendemos homenagem abrindo as comemorações de 300 anos de sua demonstração com o balão.

 

Histórico

Bartholomeu de Gusmão nasceu na antiga Vila de Santos, no litoral paulista, em dezembro de 1685. O dia do nascimento é desconhecido. Porém, o registro de seu batismo, arquivado na Cúria Metropolitana de São Paulo, fornece uma pista para a data correta. Naquele distante tempo, havia "o maior açodamento em batizar os recém-nascidos". Presume-se, portanto, que ele tenha nascido em dia próximo a 19 de novembro, data em que foi batizado na igreja paroquial de Santos.

Era um dos doze filhos de Francisco Lourenço e Maria Álvares, dos quais oito optaram pela carreira eclesiástica, inclusive ele próprio. Seu pai era médico, chefe do corpo de saúde militar da guarnição de Santos. O nome Gusmão foi adotado em homenagem ao jesuíta Alexandre de Gusmão (1629-1724), amigo da família e fundador do Seminário de Belém, na Bahia.

Após realizar os primeiros estudos em Santos, foi mandado para a Bahia, onde ingressou no Seminário de Belém, filiando-se à Companhia de Jesus. Declarado noviço em 1701, dois anos depois enviou petição ao bispo do Rio de Janeiro, Dom Frei Francisco de São Jerônimo, expressando o desejo de ser "promovido a todas as ordens menores e sacras para servir a Deus em estado mais perfeito". Ao seu tempo como seminarista, solucionou um sério problema de abastecimento de água no Seminário de Belém. O colégio religioso ficava localizado muito acima do nível do mar, em uma incipiente colina, na região de Cachoeiras, arredores da capital baiana. A água era transportada por escravos, em barris. Bartolomeu de Gusmão inventou então um sistema de canalização que passou a levar a água a qualquer altura e despertou a admiração de religiosos e seminaristas. O invento era uma espécie de moinho movimentado pelo vento. Nessa mesma época, também idealizou um sistema para facilitar a travessia marítima para a cidade de Salvador, utilizando força motriz originada da energia eólica. Anos depois, seria concebido invento semelhante, a ser usado por embarcações de grande porte.

Em 1701, e com 16 anos de idade, esteve pela primeira vez em Lisboa, ocasião em que causou excelente impressão no meio cultural lusitano- "era tão modesto no semblante, como afável no gênio", registrou Diogo Barbosa Machado, patriarca da bibliografia portuguesa. Ordenado padre entre fins de 1708 e início de 1709, viajou para Portugal, onde foi recebido pelo cardeal italiano Michelangelo Conti, então núncio apostólico em Lisboa e futuro papa Inocêncio XIII. Criativo e dinâmico, o sacerdote logo se destacou em várias áreas do conhecimento humano. Notabilizou-se também como diplomata a serviço de Portugal.

O padre brasileiro tinha uma "memória fotográfica". Conseguia repetir fielmente as páginas de algum livro que jamais tivesse lido antes. Introduzido na Corte, caiu na simpatia do rei Dom João V. Por indicação do monarca, cumpriu missão diplomática em Roma, junto ao papa Clemente XI (antecessor de Inocêncio XIH), visando negociar "duas bulas do serviço patriarcal e duas quartas partes dos bispados". Nessa missão, foi auxiliado por seu irmão Alexandre de Gusmão, missionário da Ordem de Cristo. Obtido o decreto papal, em seguida foi novamente designado pelo rei para transformar a linguagem codificada (criptografía) em ostensiva, o que resolveu com singular competência.

O seu interesse pela aerostação iniciou-se casualmente. Certa vez, ao observar uma bola de sabão ascendendo sobre um foco de calor, ele concluiu que, se a força da gravidade fosse anulada, a energia térmica poderia elevar massas crescentes. Observou ainda que as labaredas provocavam a expansão de gases para o alto e geravam energia suficiente para ascender partículas sólidas produzidas pelo fogo.

Com base nesses princípios, projetou um tipo de máquina voadora e requereu a correspondente petição de privilégio. Mesmo sem ter comprovado ainda a viabilidade do invento, em 19 de abril de 1709, Dom João V concedeu-lhe o respectivo alvará para “um instrumento para se andar pelo ar, da mesma sorte que pela terra e pelo mar, com maior brevidade, fazendo-se muitas vezes duzentas e mais léguas de caminho por dia, podendo levar avisos importantes aos exércitos e a terras remotas”.

Para facilitar a construção do engenho, dom João V pôs à disposição do inventor a quinta do duque de Aveiro. O brasileiro visitou a propriedade, mas considerou o local inadequado. O monarca concedeu-lhe então sua própria quinta, em Alcântara, e também patrocinou todas as despesas com a transferência da oficina e de construção do artefato.

Anunciada a necessidade de realização dos testes de vôo da referida máquina, o clima de expectativa tomou conta de Lisboa. As demonstrações seriam feitas diante da Corte e de membros da Inquisição, sempre prontos a considerar como diabólicas e, portanto, passíveis de condenação, as novidades que estivessem acima de seu próprio entendimento e compreensão.

A primeira demonstração do engenho foi marcada para 24 de junho de 1709. Nesse ínterim, porém, o rei adoeceu e o ensaio foi marcado para 3 de agosto, na Sala de audiências da Casa Real.

Contudo, nesse dia a experiência não se completou, pois o pequeno balão pegou fogo durante os preparativos. Dois dias mais tarde, em nova demonstração o artefato subiu a pouco mais de três metros de altura, quando novamente incendiou-se. Para evitar um desastre maior, os criados do palácio destruíram o aeróstato.

O rei assistiu acompanhado da Corte.

Demonstrada a viabilidade do invento, o passo seguinte foi a construção de um modelo maior. Assim, foi um sucesso o invento do Padre Bartholomeu. Mas ele caiu em desgraça na Corte por causa de intrigas entre aqueles que tinham sido postos para fora da Corte.

Dom João queria para si o título de Fidelíssimo dado pelo Papa, mas ele era pessoa de moral muito duvidosa.

Então inventaram que o Padre Bartholomeu tinha relações amorosas com a freira do convento de Santana, Dona Paula de Souza, pelo que teve de fugir às pressas com seu irmão, indo para a Espanha, lá se alojando numa casa de misericórdia da Irmandade de São Pedro. Nessa desventura vai passar os últimos dias da sua vida em Toledo.

No dia 2 os brasileiros não deixaram de reverenciar o padre Bartholomeu de Gusmão após a sua morte. Tão esquecido, morreu em Toledo. Por muitos e muitos anos sem nenhum ponto de referência, na igreja de São Romão foi colocada uma placa alusiva à sua morte. Só em 1966 seus restos mortais foram trazidos para o Brasil e colocados no Museu da Aeronáutica, após uma exposição na Catedral. Mas ficou esquecido lá, debaixo de uma mesa, no museu, até ser encontrado casualmente.

A pedido do Chefe do Estado Maior do IV Comar ao Exmo. Sr. Brigadeiro, começamos a lutar pela construção de um local digno para Bartholomeu de Gusmão. Assim, terminadas as obras da Catedral, no dia 24 de março de 2006 foi celebrado um solene ritual em honra de Bartholomeu de Gusmão com a Missa Solene. Nesse ritual fúnebre os seus ossos foram colocados em nobre urna de jacarandá sob os cantos dos monges beneditinos do Mosteiro de São Bento, de São Paulo, e sua cripta hoje se encontra na Catedral de São Paulo.

Por isso, quem quiser reconhecer e homenagear esse grande vulto não deixe de fazer uma visita à cripta da Catedral de São Paulo. Todo dia 19 de novembro, ou em data mais próxima à sua morte, é celebrada uma Missa Solene. Neste ano certamente celebraremos com cantos Gregorianos dos monges do Mosteiro de São Bento, em dia próximo a 19 de novembro.

Que esta homenagem tão rica em significado possa lembrar e deixar no coração de cada um de nós essa figura tão importante para nossa história e para a aviação do Brasil e do mundo. Muito obrigado.  (Palmas.)  

 

O SR. PRESIDENTE - BRUNO COVAS - PSDB - Tem a palavra a Sra. Mara Regina Sahid Pedroza Vidal, representante da Escola Municipal Bartolomeu Lourenço de Gusmão, da Cidade de São Paulo.

 

A SRA. MARA REGINA SAHID PEDROZA VIDAL - A Escola Municipal de Ensino Fundamental Bartolomeu Lourenço de Gusmão, da Cidade de São Paulo, sente-se honrada em ver um dos nossos alunos efetuar a entrega do diploma de membro honorário da  Comissão “300 Anos do Balão” ao Dr. Marcos Mendonça. Em 1998, no exercício do mandato legislativo neste Parlamento, ele foi autor do projeto que originou a Lei nº 10226/99, que instituiu o “Dia Estadual de Balonismo Bartholomeu de Gusmão” e, com sua atuação, passados dez anos, permitiu a realização desta festa.

Portanto, Dr. Marcos Mendonça, ao cumprimentá-lo pelo título, agradecemos pela lei que permite ao Estado de São Paulo homenagear anualmente o patrono da nossa escola. Muito agradecida. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - BRUNO COVAS - PSDB - Tem a palavra a Sra. Regina Célia, representante da E.E. Padre Bartolomeu de Gusmão, da cidade de Santos.

 

A SRA. REGINA CÉLIA - Bom-dia, autoridades presentes. Como vice-diretora da Escola Estadual Padre Bartolomeu de Gusmão, representando a diretoria da escola, nas pessoas da Sra. Maria Lúcia de Almeida e da diretora da nossa escola, Sra. Maria Augusta, ficamos muito felizes com esse convite que nos fizeram para homenagear um ilustre santista que não está mais entre nós, mas cujo neto está presente conosco.

Em 1999, o Estado de São Paulo era governado por um cidadão santista, o engenheiro Mário Covas. E foi ele que, no dia 05 de março, promulgou a lei que instituiu o Dia Estadual de Balonismo Bartholomeu de Gusmão.

Com isso foi honrado o inventor santista que há 299 anos, nesta data, em Portugal, pela primeira vez no mundo, conseguiu elevar do solo um objeto movido pelo calor.

Hoje, o nobre Deputado Bruno Covas apóia essa lei promulgada por seu querido e saudoso avô, dando início às comemorações dos 300 anos da invenção do aparelho mais leve que o ar.

Como vice-diretora da E.E. Padre Bartolomeu de Gusmão, da cidade de Santos, tenho a alegria de pedir a uma de nossas alunas, Flávia, que entregue ao Deputado Bruno Covas o diploma de membro honorário da Comissão “300 anos do Balão”.

Aceite nossos agradecimentos, Deputado, por esta festa especial preparada para manter vivo o feito de um ilustre santista, cujo nome honra nossa escola e nos torna muito alegres por estarmos aqui.

Obrigada. (Palmas.)

 

* * *

 

- É feita a entrega do diploma. (Palmas.)

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - BRUNO COVAS - PSDB - Quero convidar a Sra. Lauret Godoy para fazer parte da nossa Mesa. Quero anunciar e agradecer a presença dos balonistas Gabriela Slaveck e Vitor Garuti, que enfeitaram o nosso Hall Monumental.

Dando continuidade à nossa sessão, passamos a palavra ao Professor Ildeu de Castro Moreira, diretor do departamento de popularização e difusão de ciência e tecnologia do Ministério de Ciência e Tecnologia.

 

O SR. ILDEU DE CASTRO MOREIRA - Bom-dia a todos. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo por nos convidar a estarmos aqui presentes representando o Ministério da Ciência e Tecnologia. Estamos aqui com muita honra e satisfação. Gostaria de agradecer, em particular, ao Deputado Bruno Covas, por essa iniciativa importante e à comissão do tricentenário, Lauret, Marcos, Ricardo, Geraldo. Também gostaria de cumprimentar todos vocês, em particular os jovens aqui presentes, pela importância de estarem aqui, porque estamos homenageando uma pessoa que, quando tinha a idade de vocês, começou a usar a imaginação criadora para mudar o mundo.

Então, isso que o deputado mencionou aqui, que está acontecendo na China, de relembrar o legado diversificado que a China deixou para a humanidade, nós temos que fazer aqui, que é valorizar o que produzimos.

No caso da aeronáutica, no caso do balonismo, temos os pioneiros do mundo. E Bartholomeu de Gusmão foi exatamente a figura que deu a partida, a idéia inicial, construindo um protótipo simples, evidentemente naquele momento. Mas a idéia central do invento do engenho para voar estava naquela idéia de olhar aquilo que todos vêem, mas não percebem a realidade que é uma fogueira quente subindo. Então, perceber naquilo que a humanidade via há milhares e milhares de anos, que aquilo tinha um potencial de construir um aparelho que pudesse voar.

Então, essa antevisão e essa iniciativa criadora, com o estudo, que é um ponto importante, inclusive na provisão real, na qual se fala do engenho que ele desenvolveu na Bahia para elevar a água, fala-se que ele conjugava estudo, experiência e teste; e, evidentemente, a imaginação. E isso constitui a ciência.

Não tenho nenhuma dúvida que Bartholomeu de Gusmão está na raiz de termos no Brasil um grande desenvolvimento da indústria aeronáutica. Temos uma das empresas mais poderosas, mais importantes do mundo, a Embraer, em São Paulo, que é fruto do trabalho iniciado com Bartholomeu de Gusmão seguido por outros, Augusto Severo, Santos Dumont, Júlio Ribeiro, muitos outros, e todo um setor inclusive das instituições da Aeronáutica Brasileira que tiveram papel fundamental no desenvolvimento de uma tecnologia que é hoje um orgulho brasileiro.

É importante percebermos que isso começa exatamente nas iniciativas criadoras da ciência e Bartholomeu de Gusmão tinha, exatamente, esse papel.

Quero lembrar a vocês que no ano que vem estaremos comemorando o tricentenário, estaremos comemorando o centenário do Demoiselle, outra obra fundamental de Santos Dumont, teremos o ano internacional da astronomia, que o Brasil vai ter um aspecto fundamental, que o grande evento científico de astronomia, no ano que vem,  vai acontecer no Rio de Janeiro, comemorando os 400 anos do trabalho de Galileu ao olhar para o céu com o telescópio pela primeira vez e analisar as crateras da Lua, analisar os anéis de Saturno.

Temos, portanto, um ano cheio de comemorações do ponto de vista da ciência internacional. No Brasil teremos, em particular, essas comemorações mencionadas. Teremos também o centenário de Carlos Chagas, o grande cientista, grande médico brasileiro que fez uma descoberta fundamental para a humanidade.

Estaremos falando de legados importantes de jovens brasileiros, de cidadãos brasileiros que contribuíram para a humanidade como um todo.

Quero destacar também a importância desses eventos porque fizemos em 2006/2007 uma pesquisa nacional, entre os brasileiros, para saber como é que os brasileiros vêm a ciência, a tecnologia, os cientistas, as instituições de pesquisa, e vimos que os brasileiros, em geral, valorizam muito a ciência e a tecnologia,  o papel que pode ter para o país, vêem o significado que ela tem, mas também, infelizmente, 85% dos brasileiros são incapazes de mencionar um   cientista brasileiro importante, ou uma instituição importante do Brasil. E Bartholomeu de Gusmão não foi citado nessa pesquisa nacional como uma personalidade importante.

Temos que mudar esse quadro. E se muda com ações, com pessoas. Ações como essa que começa a mostrar para o Brasil o que fizemos. Essa questão da auto-estima nacional é uma coisa importante.

Não se trata de nenhum ufanismo vazio. Pelo contrário, está escorado em pessoas que trouxeram uma contribuição muito importante para a humanidade; em particular os jovens.

Acho que vamos estimular, no ano que vem, como fizemos no centenário do vôo do “14 Bis”, atividade em todo o país para comemorar, para lembrar, para, também, destacar a importância dos nossos jovens, da criatividade, para que mudemos a cara do nosso país a partir do potencial que temos.

O Ministério da Ciência e Tecnologia vai abrir ainda este mês, dentro de alguns dias, através do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPQ) um edital nacional para apoiar eventos do Brasil inteiro, referentes à divulgação da astronomia e das ciências aeronáuticas para o ano que vem.

As universidades aqui presentes - e vocês por favor divulguem -, os museus, as instituições de pesquisas, as ONGs, todas as instituições sem fins lucrativos têm oportunidade de apresentar seus projetos para fazer a divulgação desses eventos de astronomia no país inteiro no ano que vem. Convido todos vocês a essa participação.

Quero só lembrar um outro aspecto importante. A semente criadora na obra de Bartholomeu de Gusmão está associada também a uma saga da invenção nacional.

Vejam que Bartholomeu de Gusmão tem a idéia, tem o esforço, tem a experiência, tem o fracasso nas primeiras tentativas que é fundamental, como Santos Dumont também teve, isso faz parte da ciência, faz parte do desenvolvimento, faz parte da criatividade o fracasso, o  erro, a tentativa.

O importante é tentar desenvolver e se aprofundar a idéia inicial.

Vejam também que a semente lançada por Bartholomeu de Gusmão, naquele momento, caiu num terreno inóspito em Portugal, como aconteceu, freqüentemente, na história brasileira.

Os nossos inventores não tiveram oportunidade, não tiveram contexto que permitisse que suas idéias fossem desenvolvidas. Caiu num meio em que havia muita descrença. Aquilo, durante muito tempo, ficou esquecido. Mas a semente, a idéia estava lá. Foi distorcida freqüentemente. Inclusive no caso do Bartholomeu de Gusmão a Passarola, que pode ter tido a intenção de ser uma camuflagem do evento, ou uma distorção; não se sabe muito bem. Mas, apesar disso, estava ali a idéia, o sonho de que é possível voar. E esse sonho durou séculos e de fato se transformou numa realidade.

Acho fundamental, também, para os nossos dias de hoje, para os jovens, aprendermos que a criação, a inovação, a capacidade de inventar deve ser valorizada na nossa terra. Que nossas instituições de pesquisa, nossas universidades, nossas escolas melhorem muito o ensino de ciência, para que valorizem a invenção e não apenas o ensino livresco, e não apenas o aprendizado formal e desinteressante, porque a ciência, a tecnologia é um ponto fundamental para o nosso desenvolvimento.

Acho que temos uma história fundamental para isso.

Quero convidar todos vocês para, a partir daqui, organizarmos atividades como essa em cada escola brasileira, em cada universidade, em cada instituição de pesquisa e que o exemplo da Assembléia Legislativa de São Paulo se espalhe para as outras Assembléias Legislativas, para as Câmaras de Vereadores, para o Congresso Nacional, para todos os órgãos de governo, para que atividades como essa sejam desenvolvidas e possamos valorizar e lembrar a obra importante de Bartholomeu de Gusmão e de tantos outros brasileiros.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - BRUNO COVAS - PSDB - Tem a palavra o Sr. Marcos Villares, diretor-executivo do Instituto Cultural Santos Dumont e sobrinho-bisneto de Alberto Santos Dumont.

 

O SR. MARCOS VILLARES - Bom-dia a todos. “A verdadeira vida é a memória”, disse santo Agostinho. “O que lembro, tenho”, escreveu Guimarães Rosa em “Grande Sertão: Veredas”. Mais recentemente o neurocientista Ivan Izquierdo escreveu: “a memória nos permite ser quem somos...” (...) “Eu sou quem sou porque me lembro quem sou, me lembro dos fatos da minha vida. Um país é um país porque lembra de sua história, de seu passado coletivo.”

Recorri a um filósofo, a um escritor e a um cientista para enfatizar como é importante para um país e para um povo preservar a sua memória e a sua história. Principalmente se o feito que pretendemos lembrar, realizado por um brasileiro, beneficiou toda a humanidade. O registro histórico mostra que a conquista do ar era um anseio da humanidade há milênios. A experiência realizada por Bartholomeu de Gusmão há 299 anos atrás representou o marco inicial desta conquista.

Cento e noventa e sete anos depois da experiência de Gusmão um outro brasileiro iria realizar a conquista definitiva do ar. Ao decolar com o 14 Bis em 1906, Alberto Santos Dumont iniciava uma nova era - depois de conquistar a terra e o mar, o homem finalmente conquistava o ar.

Para seu antecessor Santos Dumont dedicou as últimas palavras do livro que escreveu em 1918:

“Eu, para quem já passou o tempo de voar, quisera, entretanto, que a aviação fosse para os meus jovens patrícios um verdadeiro esporte.

Meu mais intenso desejo é ver verdadeiras escolas de aviação no Brasil. Ver o aeroplano - hoje poderosa arma de guerra, amanhã um ótimo meio de transporte - percorrendo as nossas imensas regiões, povoando o nosso céu, para onde, primeiro, levantou os olhos o padre Bartholomeu Lourenço de Gusmão.”

Por fim, gostaria de agradecer aos membros da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo por acolher esta iniciativa, especialmente aos Deputados Bruno Covas e Marcos Mendonça.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - BRUNO COVAS - PSDB - Senhoras e senhores, quero começar a minha fala agradecendo pelo diploma e por minha condição de membro honorário da Comissão “300 anos do Balão” à Lauret, que é uma das coordenadoras da Comissão “300 anos do Balão”; quero agradecer a presença de todas as autoridades presentes, em nome do Prefeito de São Vicente, Paulo de Souza. Nada mais significativo do que, no dia em que comemoramos o nosso primeiro cientista das Américas, ter aqui o prefeito da célula mater da civilização brasileira, que é São Vicente; em nome das professoras Mara Regina e Regina Célia, quero agradecer a presença dos alunos e das alunas da Escola Municipal Bartolomeu Lourenço de Gusmão, de São Paulo, e da Escola Estadual Padre Bartolomeu de Gusmão, de Santos.

Começando por Brás Cubas, fundador de nossa querida cidade de Santos, em meados do Século XVI, que criou a primeira Santa Casa do Brasil, santistas natos e honorários vêm marcando a história de São Paulo, do Brasil e, no dia de hoje podemos dizer, da civilização humana.

De lá pra cá, em várias áreas da atuação humana podemos destacar santistas que contribuíram de tal forma para a história que fica difícil dizer o que seríamos se não fosse a existência deles.

A própria formação do Brasil enquanto estado soberano tem num santista o seu patriarca. José Bonifácio de Andrada e Silva foi fundamental para independência do Brasil, junto com seus irmãos, Martim Francisco e Antonio Carlos, foram estadistas que consolidaram o Estado Brasileiro.

Pimenta Bueno, primeiro Juiz de Direito de Santos e patrono da Academia Paulista de Direito, foi o primeiro jurista a consagrar o estudo do Direito Público no Brasil.

Na engenharia, Roberto Cochrane Simonsen, pioneiro e empreendedor, foi reconhecido como um dos principais intelectuais do século XX, tendo destaque na construção civil.

Na pintura, Benedito Calixto retratou para o mundo, com técnica artística inigualável, momentos importantes da história brasileira.

Nas artes cênicas, Plínio Marcos, ator, diretor e escritor revolucionou o teatro brasileiro, tendo escrito peças que foram traduzidas, publicadas e encenadas em francês, espanhol, inglês e Pelé, o eterno camisa 10 da seleção brasileira e eleito melhor jogador do século pela Fifa, dispensa comentários, principalmente sobre os gols e lances que permanecem registrados na memória de pessoas do mundo inteiro.

Patrícia Galvão nas artes, na literatura e na política é um exemplo de mulher brasileira além do seu tempo. Pagú marcou a cultura e a política brasileira com sua ousadia e determinação.

Mario Covas, deputado, senador, prefeito e governador do estado deixou na política mais do que as marcas de grandes obras e do saneamento das contas públicas, mas também as marcas de princípios e valores que mostraram com exemplos claros que é possível fazer política com ética, honra e mudança. E, é claro, Bartholomeu de Gusmão, primeiro homem no mundo a fazer um balão de ar quente, cujos sonhos e realizações já foram muito bem explicados pelos oradores nesta sessão que o homenageia, juntamente com sua criação.

E foi muito importante este momento de hoje, por vários motivos.

Primeiro, para marcar o início das comemorações dos 300 anos do Balonismo.

Segundo, por fazer um resgate histórico deste homem que marcou a história da ciência.

Terceiro, por lembrar a estudantes pensamentos científicos e a importância do desenvolvimento tecnológico para a humanidade. E quarto e mais importante. A celebração neste parlamento de se acreditar nos sonhos e lutar para concretizá-los.

Neste Parlamento, homens e mulheres eleitos por todos vocês discutem idéias, pensamentos e projetos que devem proporcionar a melhora da vida das pessoas.

É aqui que comemoramos o dia do balonismo, neste Parlamento que deve congregar as idéias e pensamentos dos cidadãos paulistas, incluindo vocês, que podem participar por meio do seu deputado, por meio da Comissão de Legislação Participativa e pelo Parlamento Jovem que recebe estudantes de todo o estado.

Pois um dia, um padre, ao ver o simples levantar de uma folha sobre uma fogueira, conseguiu criar a primeira máquina da engenharia humana capaz de vencer a gravidade e concretizar o sonho de voar presente em toda as história da humanidade, da lenda de Ícaro até os desenhos de Leonardo da Vinci. Que esta homenagem faça todos refletir, dos parlamentares desta Casa a vocês, que com estudo, determinação e coragem podemos realizar todos os nossos sonhos, de uma vida melhor, de um país melhor, já que Bartolomeu de Gusmão nos mostrou que nenhum sonho é impossível.

 

Senhoras e senhores, antes de encerrar esta Sessão Solene, gostaria de anunciar que já está na internet o site “300 Anos do Balão”: www.300anos.org, com informações referentes a esta sessão e a todas as comemorações que irão celebrar os trezentos anos do balão.

Quero chamar a Denise, minha assessora, para prestar uma homenagem à Sra. Yeda Villas Boas, nossa funcionária nº 1 na Assembléia Legislativa, grande responsável pela realização desta Sessão Solene.

 

* * *

 

- É feita a entrega da homenagem. (Palmas.)

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - BRUNO COVAS - PSDB - Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência, antes de encerrá-la, agradece às autoridades, aos funcionários da Casa e a todos que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade e convida a todos para se dirigirem ao Hall Monumental, onde será servido um bolo comemorativo.

Está encerrada a sessão.

 

* * *

- Encerra-se a sessão às 12 horas.

 

* * *