22 DE JUNHO DE 2009

034ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AO “NONAGÉSIMO ANIVERSÁRIO DA SOCIEDADE RURAL BRASILEIRA”

 

Presidentes: BARROS MUNHOZ e DAVI ZAIA

 

 

RESUMO

001 - Presidente BARROS MUNHOZ

Abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Informa que convocara a presente sessão solene, a requerimento do Deputado Davi Zaia, para comemorar o "Nonagésimo Aniversário da Sociedade Rural Brasileira". Convida o público presente a ouvir, de pé, o Hino Nacional Brasileiro. Elogia a iniciativa e a atuação do Deputado Davi Zaia. Ressalta as dificuldades e o preconceito enfrentados pelo setor. Questiona o Secretário de Estado da Fazenda. Elogia o trabalho do Secretário de Estado da Agricultura. Combate os lucros dos banqueiros e das montadoras. Cita questões fundiárias. Enaltece o fato de serem voluntários os dirigentes da entidade ora homenageada.

 

002 - DAVI ZAIA

Assume a Presidência.

 

003 - FLÁVIO PASCOA TELES DE MENEZES

Conselheiro da Sociedade Rural Brasileira, informa que a entidade luta pelo bem-estar de seus associados e por pensar questões relativas à agricultura e pecuária. Recorda que a atividade econômica é das mais antigas do Brasil, ao lado da mineração. Acrescenta que o trabalho da entidade está além de partidos e governos, e sobrevive sem recurso públicos.

 

004 - PEDRO CAMARGO NETO

Presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína, a Abipec, presta esclarecimentos sobre a associação, que preside há três anos. Informa que são enriquecedores os debates internos sobre o setor. Elogia o Presidente Barros Munhoz, de quem recorda a participação no combate aos focos de febre aftosa, quando Secretário de Estado da Agricultura.

 

005 - ALENCAR BURTI

Presidente da Associação Comercial de São Paulo, tece considerações sobre o financiamento de máquinas agrícolas. Destaca a importância do setor em âmbitos estadual e nacional. Discorre sobre pesquisas feitas pela Embrapa, no sentido de exportar progresso e tecnologia brasileira. Enfatiza a unidade dos membros da entidade.

 

006 - JOÃO SAMPAIO

Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, enfatiza o seu orgulho por ter presidido a entidade, da qual teve como ensinamento a vivência política, econômica e a diversidade social. Elogia o trabalho do Deputado Davi Zaia e dos componentes deste Legislativo em prol do setor.

 

007 - ROBERTO RODRIGUES

Ex-Ministro de Agricultura e ex-Presidente da Sociedade Rural Brasileira, informa o princípio presidencialista da entidade. Discorre sobre o legado dos últimos ex-presidentes da entidade, no que tange a pensar com inteligência a agricultura e pecuária, o direito de propriedade, as defesas comercial e sanitária, independência do setor e visão sobre o meio ambiente.

 

008 - CESÁRIO RAMALHO DA SILVA

Presidente da Sociedade Rural Brasileira, recorda pontos de seu discurso de posse na entidade. Elogia a atuação do Presidente Barros Munhoz quando Ministro da Agricultura. Enaltece questões relativas ao meio ambiente. Elogia funcionários da entidade. Informa que o setor emprega 33% dos brasileiros. Ressalta a importância da defesa da Amazônia. Informa que da entidade saíram quatro ministros e mais de dez secretários da Agricultura. Discorre sobre os quatro pontos que norteiam o setor: a tecnologia, a defesa sanitária, a estabilidade da renda e a infra-estrutura das rodovias e comércio.

 

009 - Presidente DAVI ZAIA

Fala de sua satisfação em prestar esta homenagem. Destaca a importância histórica da agricultura paulista e brasileira. Ressalta os avanços no setor, com o desenvolvimento de pesquisas e a aplicação das inovações tecnológicas, especialmente quanto à energia renovável. Louva o otimismo dos agricultores e pecuaristas, tendo em conta a natureza da atividade, que depende de fatores climáticos. Comunica que este Legislativo está disponível para debater as necessidades do segmento. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. PRESIDENTE – BARROS MUNHOZ - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE – BARROS MUNHOZ - PSDB - Quero saudar o Dr. Cesário Ramalho da Silva, hoje maior autoridade presente pelo seu cargo de Presidente da Sociedade Rural Brasileira, entidade tão importante, que completa 90 anos. Raríssimas instituições no Brasil têm 90 anos de duração. E a Rural tem 90 anos de profícuos trabalhos prestados ao nosso Estado e ao nosso País. É um orgulho muito grande participar da abertura desta Sessão Solene e homenagear nossa querida Sociedade Rural Brasileira.

Saúdo Dr. Cesário Ramalho da Silva; nosso sempre Ministro e ex-Presidente da Rural Dr. Roberto Rodrigues; nosso querido Secretário da Agricultura e ex-Presidente da Sociedade Rural Brasileira, Dr. João Sampaio; estimado Dr. Pedro Camargo Neto, também ex-Presidente da Sociedade Rural Brasileira e ex-Secretário-Executivo do Ministério da Agricultura do Estado de São Paulo; Sr. Luiz Aubert Neto, Presidente da Abimaq; Dr. Flávio Teles de Menezes, dirigente da Rural e amigo de longa data, desde o Arquidiocesano, para ser mais preciso, na década de 50; Dr. Antonio Júlio Junqueira de Queiroz, Secretário-Adjunto da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo; querido Dr. Paulo da Rocha Camargo, nosso sempre Secretário da Agricultura e membro do Conselho da Sociedade Rural Brasileira; Sr. Américo Utumi, ex-Secretário do Abastecimento de São Paulo, da Aliança do Cooperativismo Internacional.

Sras. Deputadas e Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada por este Presidente, atendendo solicitação do nobre Deputado Davi Zaia, com a finalidade de homenagear o Nonagésimo Aniversário da Sociedade Rural Brasileira.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE – BARROS MUNHOZ - PSDB – Quero saudar também nossa amiga Alice de Sampaio Ferreira, ex-Presidente da Associação Brasileira de Criadores de Nelore, pessoa sempre ativa nos movimentos em favor da agropecuária brasileira, Dr. Alencar Burti, amigo particular e querido, de longa data, sempre solidário com as questões importantes do nosso Estado de São Paulo.

Tenho hábito de participar apenas da abertura das sessões solenes e de maneira esporádica. Até porque é de praxe que a sessão solene seja presidida pelo Deputado que a requereu. No caso de hoje, o nobre Deputado Davi Zaia, um deputado de primeiro mandato, orgulho para a Assembleia Legislativa de São Paulo. Um homem sério, íntegro, probo, que tem noção do espírito público, da vocação política e da sua importância para o desenvolvimento do nosso Estado e do nosso País. É alguém que tem pontificado nesta Assembleia Legislativa pela sua atuação sempre digna e escorreita.

O Deputado Davi Zaia, que é ligado ao sindicalismo, ao cooperativismo, à agricultura, com muita inteligência e oportunidade solicitou a realização desta Sessão Solene.

Estou aqui entre amigos e pessoas que me ensinaram uma coisa muito importante: este País não vai a lugar algum se não tiver uma agropecuária forte e não priorizar a nossa agricultura. Infelizmente, vejo com muita tristeza, que nós derrapamos. Lutamos, lutamos, lutamos. Melhoramos um pouco e caímos novamente. Enfrentarmos um preconceito enorme, sobretudo da área econômica e dos governos de maneira geral, inclusive do Governo do nosso Estado.

Sou aliado do Governador, sou do mesmo partido, apoio o Governador nesta Casa, mas nem por isso devo mentir. A verdade é esta: nosso Secretário da Fazenda é um ditador quando se trata de assuntos referentes à agricultura, assim como outros. Quando se fala em distribuição tributária, o Secretário dessa área não deixa também de ser um ditador, talvez até mais algoz.

Mas é o uso do cachimbo que vai fazendo a boca torta. Esse pessoal vai indo, vai indo, e, de repente, perde a consciência. Aí, dá uma trombada, comete uma asneira e volta atrás.

Poderíamos ter caminhado muito mais do que caminhamos. Lamento sinceramente por isso. Vejo-me frustrado na maior parte do tempo, porque gostaria que as coisas fossem diferentes.

Gostaria de dizer, de peito aberto e cabeça erguida, que a nossa agricultura está tendo o reconhecimento que merece, a importância e a força que merece. Infelizmente, não é assim. A coisa mais fácil do mundo é tirar 200 bilhões, sabe-se lá de onde, e transferir para banco ou montadora. Para ajudar a agricultura, é sempre aquela mesma dificuldade.

E assim também nas questões fundiárias. Aliás, precisamos colocar o projeto do Pontal em votação. Reconheço que é uma falha nossa, porque estamos um pouco acomodados nesse sentido. Com esse “mea culpa” peço desculpas aos senhores pela nossa frágil atuação em defesa da nossa agricultura.

Quero assumir o compromisso de lutar para mudar essa realidade. Não podemos tapar o sol com a peneira, especialmente quando conversamos com amigos. Devemos abrir o coração e falar a verdade.

Sou testemunha da capacidade de luta do Secretário João Sampaio. É impressionante. Ele tem sido um grande Secretário, uma pessoa que se revelou, tem faro política, tem visão, mas, às vezes, fico constrangido, por ele não receber o devido apoio.

Quero fazer não apenas este desabafo, mas também um registro de quem tem orgulho desta Sociedade. Eu me lembro do Renato Ticoulat, sempre fazendo afirmações animadoras, enfáticas. Acompanhei a luta de todos os Presidentes de 1991 até hoje: Pedro Camargo, Roberto, Luiz Hafers. Enfim, todos aqueles que dignificaram aquela casa.

Quero dizer, caro amigo Cesário, do fundo do coração, que nos orgulhamos muito dos senhores. São Paulo e o Brasil devem muito aos senhores, que, voluntariamente, se reúnem e defendem um patrimônio do nosso Estado e da nossa Nação. Os senhores não estão defendendo pura e simplesmente sua atividade profissional, sua atividade econômica. Os senhores estão defendendo o futuro do nosso País, o futuro do nosso Estado. Um grande abraço a todos. (Palmas.)

Com muita honra, passo a Presidência desta Sessão Solene ao querido colega Davi Zaia.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Davi Zaia.

 

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O SR. PRESIDENTE – DAVI ZAIA - PPS – É uma tarefa difícil substituir aqui o Deputado Barros Munhoz, não apenas por ser o Presidente efetivo desta Casa, mas também pela grande atuação e experiência nas questões ligadas à agricultura.

Quero cumprimentar todas as autoridades já nomeadas e dizer da satisfação por haver solicitado esta Sessão Solene.

Ouviremos agora o Sr. Flávio Teles de Menezes, ex-Presidente da Sociedade Rural Brasileira.

 

O SR. FLÁVIO TELES DE MENEZES – Excelentíssimo Sr. Deputado Davi Zaia, que preside esta sessão, Exmo. Sr. Presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho da Silva, na pessoa que quem cumprimento todos os conselheiros, diretores e associados dessa entidade que aqui se encontram, Dr. Alencar Burti, Presidente da Associação Comercial de São Paulo, da qual me orgulho em pertencer, em cuja pessoa cumprimento todos os demais Presidentes e diretores de entidades de classe que associaram a esta homenagem, minhas senhoras e meus senhores, Srs. Deputados, foi com muita alegria que recebi a incumbência do meu Presidente – já fui Presidente, hoje, sou soldado – para falar em nome do Conselho da Diretoria da Sociedade Rural Brasileira.

Em primeiro lugar, quero ressaltar – como foi dito aqui pelo Presidente da Casa, nosso querido amigo e ex-colega dos anos 60; não dos anos 50 como ele disse – que são raras as instituições, as entidades que, no Brasil, atingem os 90 anos de vida.

Por que a Rural teria conseguido isso? No meu modesto juízo, porque a Rural conseguiu manter, nesses 90 anos, uma linha de conduta de defesa intransigente - não do agricultor, não do pecuarista, não do proprietário de terra – da agricultura, da pecuária do Brasil. Ela não é uma entidade que visa a manter o bem-estar de seu associado, mas o funcionamento de atividades fundamentais para este Estado e para o Brasil.

Em segundo lugar, ela pratica o saudável hábito do não-continuísmo. Graças ao voluntariado para o exercício da Presidência, a exemplo da Associação Comercial, que também é centenária, renovam-se as ideias e pensamentos.

Em terceiro lugar, a agricultura e pecuária, atividades mais antigas deste País, ao lado da mineração, têm mantido em pé a coluna vertebral do país, em meio às guerras mundiais, em meio às crises econômicas e financeiras, em meio às revoluções, aos golpes de Estado, às mudanças de regime, de partidos, de Presidentes.

Meu querido irmão Roberto Rodrigues, logo no início da sua profícua gestão como Ministro da Agricultura no primeiro mandato do Governo Lula, convidou algumas lideranças rurais para uma reunião com o Presidente e pediu que eu fizesse uso da palavra.

Vou repetir o que disse ao Presidente e penso que cabe bem no dia de hoje: quando nenhum de nós estiver aqui, nem aqueles que antecederam ou os que me sucederam na Presidência, quando os nossos associados não existirem, quando nenhum de nós estiver ocupando cargo público, a agricultura, que já existia antes de nós, vai continuar a existir depois de nós. Temos de ter a humildade de lembrar que somos muito menores do que a agricultura que buscamos representar.

Malgrado as dificuldades financeiras existentes para manter uma entidade que não recebe recursos públicos, malgrado a dificuldade que significa combater o bom combate - seja qual for o governo que esteja no poder, de direita ou de esquerda, seja qual for o regime vigente no país -, a Rural esteve sempre presente para dizer as verdades na hora em precisavam ser ouvidas pelo povo brasileiro.

É com enorme satisfação e orgulho que agradeço - nesta bonita manhã de inverno paulistano -, em nome da Diretoria do Conselho, ao Deputado Davi Zaia, que talvez não saiba o quão fundo tocou o coração da entidade. Pode contar conosco, Deputado, na sua luta proba, honesta, em defesa dos interesses do povo deste Estado.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE – DAVI ZAIA - PPS – Queremos registrar a presença do Sr. Jayme Bydlowski, vice-Presidente da Abimaq, Sr. Cássio Ramalho da Silva, membro da Sociedade Rural Brasileira; Sr. José de Sampaio Góes, Diretor de Meio Ambiente da Sociedade Rural Brasileira; Sr. Francisco de Oliveira, Gerente de Articulação Nacional, ABNT, representando o Presidente dessa entidade, Sr. Pedro Buzatto Costa; Sr. Flávio de Carvalho, Presidente da Associtrus; Sr. Eduardo Soares de Camargo, da Associação Brasileira; Sr. Alexandre Belisia, membro da Sociedade Rural Brasileira; Sr. Evaristo Câmara Machado Netto, membro da Sociedade Rural Brasileira e da Cooperativa de Agricultores da Região de Orlândia; Sr. Américo Utumi, da Aliança do Cooperativismo Internacional; Sr. Oswaldo Tonani Carvalho, da Credicitrus; Sr. Jorge Reti, representando Dr. Mauricio Mello de Alencar, Chefe-Geral da Embrapa Pecuária Sudeste; Sr. José Tadeu de Faria, Fiscal Federal Agropecuário, representando o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Sr. Gianandrea Matarazzo, Presidente da Associação o Gado Chianina.

Esta Presidência concede a palavra ao Sr. Pedro Camargo Neto, ex-Presidente da Sociedade Rural Brasileira e atual Presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína.

 

O SR. PEDRO CAMARGO NETO – Nobre Deputado Davi Zaia, quero agradecer pela homenagem e também a presença de todos os senhores na pessoa do Secretário da Agricultura, João Sampaio, e do Presidente Alencar Burti.

Frequento a Rural desde menino e, na década de 80, levado pelo Flávio, quando tivemos grande participação no episódio da Constituinte, comecei passar mais tempo lá e me envolver mais. Depois, tive a honra de sucedê-lo na Presidência, onde fiquei por três anos. Foram anos muito ricos, em termos pessoais.

Acredito que ganhei mais do que pude oferecer à Rural, porque participei de uma entidade que, realmente, luta, em defesa daquilo que acreditamos. Não existem pressões, o debate interno é participativo, democrático, e assim conseguimos defender os interesses da Nação que passam pela agricultura. Foram anos muito ricos. Agradeço à nossa Rural por me ter proporcionado aqueles anos.

Deputado Davi Zaia, agradeço a V. Exa., à Assembleia por esta lembrança, muito grata para nós.

No período em que o Deputado Barros Munhoz foi Secretário da Agricultura de São Paulo, e eu Presidente da Fundepec, desenvolvemos uma parceria muito firme. Nessa época, o Fundepec trabalhou muito na erradicação da febre aftosa. Havia centenas de focos, e nós zeramos a aftosa.

Para mim, sempre foi uma grande satisfação estar envolvido com os senhores, nossos companheiros da Rural, pois nos tornamos amigos e parceiros na defesa dos interesses do Brasil.

Agradeço a oportunidade de ter convivido com os senhores por todos esses anos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS – Esta Presidência concede a palavra ao Sr. Alencar Burti, Presidente da Associação Comercial de São Paulo.

 

O SR. ALENCAR BURTI – Minhas senhoras, meus senhores, eu trouxe o discurso escrito, mas estou me sentindo como em uma reunião da minha entidade, Associação Comercial, tal a afinidade com meus parceiros que aqui se encontram. Por isso, vou falar com o coração.

Quero dizer que, como tenho negócios na agricultura e trabalho com revenda de tratores, entendo o problema de forma neutra, pois dependo dos senhores e sei das dificuldades, porque vivencio a situação. O financiamento de uma máquina agrícola, por exemplo, demora 90, 120 dias. E não é um veículo para passeio, mas para trabalho, para produção.

Senhores, a Associação Comercial fará 115 anos em dezembro e pode se considerar mãe da Sociedade Rural Brasileira, que está fazendo 90 anos. Quero dizer que dependemos do nosso esforço. Os senhores voluntários tiram, da sua atividade, um tempo e contribuem com sua experiência – algo que não tem preço – para defender um setor fundamental para o país, a agricultura, porque quem não come não vive.

Os senhores são os responsáveis pela estabilidade do nosso país. Quero me associar ao Cesário e cumprimentar o Deputado Davi Zaia pela iniciativa e solidariedade. É muito importante, neste momento, sabermos que existem entes públicos que sentem e vivem nossos problemas. É fundamental que todas as instituições que se dedicam voluntariamente à defesa dos interesses do país, antes de seus próprios, estejam juntas, pois isso fará a diferença no futuro.

A agricultura brasileira, graças à Embrapa e a outras entidades, tem dado demonstração de que é possível um país em desenvolvimento ensinar ao mundo várias atividades. Estamos sendo vítimas, por parte dos desenvolvidos, do nosso progresso, da nossa tecnologia.

Presido, creio que por inconsciência de meus pares, três entidades: a Confederação, a Federação de São Paulo e a Associação Comercial, que reúnem duas mil entidades municipais. Quero, neste instante, colocar à disposição dos senhores, solidariamente, essa capilaridade, para que usem nossa entidade na defesa dos interesses - não da agricultura - do nosso país.

Um abraço ao Cesário, que tem sido meu parceiro, ao nosso sempre Ministro Roberto Rodrigues, ao João Sampaio, que faz parte da nossa diretoria, e a todos que vivem conosco este momento de suma importância para o país.

Parabéns, Cesário. Vamos juntos nessa caminhada. Tenhamos a certeza de que a nossa unidade fará a diferença. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS – Queremos registrar a presença do Sr. José Villela de Andrade Neto, da Companhia Metal Graphica Paulista.

Esta Presidência concede a palavra ao Sr. João Sampaio, Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

 

O SR. JOÃO SAMPAIO – Senhoras e senhores, bom-dia. Deputado Davi Zaia, é uma honra estar aqui hoje para juntos comemorarmos os 90 anos da nossa entidade, Sociedade Rural Brasileira.

Quero saudar o Presidente Cesário Ramalho e cumprimentá-lo pelo trabalho frente à nossa entidade, o Presidente Alencar Burti, os ex-Presidentes da Sociedade Rural Brasileira aqui presentes e demais amigos.

Vou plagiar o Pedro Camargo que disse ter a Rural dado mais a ele do que ele à Rural. Também comecei a frequentar a Rural quando menino. Meu pai era membro da diretoria, e me lembro de ir à Rural, no final da tarde, muitas vezes, quando saía da escola. Foi uma convivência agradabilíssima. Nunca imaginei que um dia seria Presidente da entidade.

Em uma discussão com Luiz Hafers, ele me fez o desafio e fui prontamente acolhido por todos os integrantes. Devo dizer que tenho um orgulho enorme disso. Posso garantir aos senhores que talvez a situação da minha vida da qual mais me orgulho tenha sido tornar-me Presidente da Sociedade Rural Brasileira. Isso me abriu inúmeras portas, ensinou-me a maior parte do que sei em termos de vivência política, econômica, de convivência com os contrários.

Quero fazer aqui um testemunho da atuação do Deputado Davi Zaia, que foi Coordenador da Frente Parlamentar da Citricultura, é um intransigente defensor do cooperativismo, um apoiador importantíssimo do Instituto Agronômico de Campinas, do Instituto de Zootecnia, vinculados à Secretaria da Agricultura e convive aqui com contrários.

Deputado Davi Zaia, posso dizer a V. Exa. que, dentro da Sociedade Rural Brasileira, inúmeras vezes a situação que se coloca para a discussão é contrária ao interesse de muitos de nossos membros, mas, quando nos reuníamos, o espírito que domina não é o do cooperativismo nem do individualismo. É um espírito muito maior, o de buscar o bem comum para o Estado, para o País. Isso me ensinou bastante e me fez enxergar as situações contrárias de uma maneira muito diferente.

Não tenho dúvidas em afirmar que não seria hoje Secretário da Agricultura de São Paulo, cargo do qual muito me orgulho, se não tivesse sido Presidente da Sociedade Rural Brasileira. E, mais, se não tivesse aprendido com todos os senhores o pouco do que sei.

Deixo aqui o meu agradecimento aos senhores, em especial a esta Assembleia, aos Deputados Barros Munhoz e Davi Zaia. Faço esse agradecimento de maneira dupla. Primeiro, como membro da Sociedade Rural Brasileira, por esta justa, merecida e maravilhosa homenagem, e também como Secretário da Agricultura, pela parceria que esta Casa tem tido conosco, demonstrando um grande companheirismo.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE – DAVI ZAIA - PPS – Esta Presidência concede a palavra ao Dr. Roberto Rodrigues, ex-Ministro da Agricultura e ex-Presidente da Sociedade Rural Brasileira.

 

O SR. ROBERTO RODRIGUES – Nobre Deputado Davi Zaia, caro Secretário, companheiros de Mesa, senhoras e senhores, o Presidente Renato Ticolaut me ensinou que a Sociedade Rural Brasileira era uma entidade presidencialista, e esse aspecto foi bastante reforçado por Flávio Teles de Menezes.

Mais do que isso, aprendi com eles que as instituições são feitas pelas pessoas que nelas trabalham. A Rural é um exemplo extraordinário. Haja vista esta homenagem pelos seus 90 anos. As pessoas que por ela passaram fizeram coisas admiráveis.

Como sou mais velho de todos, poderia contar alguns casos desde a época do Presidente Salvio de Almeida Prado, mas contarei algumas histórias mais recentes do Renato Ticoulat, Flávio Teles de Menezes e Pedro Camargo, para mostrar quão justa é esta homenagem.

O Presidente Renato Ticoulat, quando Presidente da Rural, montou a primeira instituição de estudo da agricultura brasileira - Centro de Estudos e Debates dos Problemas Sociais, Ceds -, trazendo para a Rural economistas jovens e brilhantes, que fizeram carreira a partir do Ceds. O Renato criou, na Rural Brasileira, uma inteligência que permitiu à instituição afirmar com segurança dados econômicos e sociais, pontuando, portanto, os limites da atuação do Governo em relação à agropecuária e ao agronegócio brasileiro. Renato Ticoulat foi o homem que montou a inteligência da agricultura brasileira.

O Presidente Flávio Teles de Menezes, veio em seguida. Aproveitando tudo que o Ceds havia feito e, com sua extraordinária inteligência, cultura e sobriedade, sobretudo na época da Constituinte, à qual o Pedro se referiu, introduziu na Rural a discussão sobre o direito de propriedade, sobre a importância de cumprir a lei, do estado de direito e da segurança institucional. A presença do Flávio nesse período foi extremamente importante, pois foi ele o grande farol da Bancada da Agricultura dentro da Assembleia Nacional Constituinte, capaz de colocar, na atual Constituição Brasileira, todos os temas de defesa da agricultura. O Flávio foi o pai dos temas hoje inseridos na Constituição Brasileira em defesa da nossa agricultura.

O Presidente Pedro Camargo, que veio depois do Flávio, introduziu dois temas de modernidade no agronegócio brasileiro que se transformaram nas alavancas do nosso crescimento. Um foi o tema da defesa comercial, que conhecíamos pela rama. O Pedro, com um estudioso, uma pessoa inteligente, competente, trouxe para a Rural essa defesa e foi o grande patrocinador das principais causas que até hoje são paradigmas da OMC: a causa do algodão e do açúcar. O Pedro, mais do que isso, trouxe para a Rural toda a temática da defesa segmentária e criou, com o Fundepec, um ritmo e um rumo que são hoje o ritmo e o rumo que o Brasil vem seguindo.

O Renato, o Pedro e o Flávio, como Presidentes da Rural, trouxeram temas revolucionários e mexeram definitivamente com a estrutura agrícola do País.

Depois, veio o Luiz Hafers, também com uma inteligência brilhante, que manteve a Rural sempre na ponta de todas as discussões. Sempre presente com frases inteligentes, postura inteligente e independente. Eu dizia ao Luiz que o que me impressionava nele era sua total independência. Essa sua característica se estendeu para a Sociedade Rural Brasileira: independente, livre, soberana.

Em seguida, veio o João Sampaio, cuja passagem foi tão extraordinária que ele se transformou em Secretário da Agricultura de José Serra, que, sabemos, não é um grande conhecedor dessa atividade. Porém, de forma inteligente, o Governador foi buscar, naquele que mais conhecia, porque Presidente da Rural, as luzes para fazer um bom Governo em relação à agricultura brasileira.

Por fim, temos o Cesário Ramalho que assumiu a Presidência assim que João Sampaio tornou-se Secretário - tendo sua condição ratificada em uma eleição recente - e vem mantendo o mesmo ritmo. Cesário vem colocando agora luz e vigor em um tema momentoso - a questão ambiental, florestal -, trazendo autoridades, Ministros do Estado, colocando na mídia sua posição, que é a posição da Rural e dos agricultores paulistas e brasileiros.

Sr. Presidente, essa referência é apenas para reiterar aquilo que aprendi com o Renato e com o Flávio: a Rural é uma entidade presidencialista, fruto daqueles que a tem como associados, como dirigentes e como líderes.

Fiz questão de citar os cinco últimos Presidentes, porque eles colocaram no cenário da agricultura brasileira o que há de mais moderno e mais perfeito na defesa institucional da nossa atividade.

Agradeço ao Deputado Davi Zaia pela iniciativa e à Assembleia Legislativa por acatá-la, mas quero, como produtor rural, agradecer, humildemente, a esses homens notáveis que fizeram da Rural Brasileira uma instituição extraordinária, assim como da agricultura brasileira.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE – DAVI ZAIA - PPS – Com satisfação, esta Presidência passa a palavra ao Sr. Cesário Ramalho da Silva, Presidente da Sociedade Rural Brasileira.

 

O SR. CESÁRIO RAMALHO DA SILVA – Bom-dia a todos. Tantas coisas já falaram da Rural que parece sobrar pouco. Na verdade, precisaríamos de um tempo muito longo para falar tudo que a Rural fez, tudo que deu ao País, ao Estado de São Paulo.

No nosso discurso de posse, eu disse que a Rural deu muito mais à agricultura, ao País, do que ela “consegue” receber. As palavras que ouvimos confirmam essa realidade.

Como Presidente da Rural, quero agradecer imensamente ao Deputado Davi Zaia pela homenagem. Transfiro a V. Exa. o sentimento da Sociedade Rural Brasileira atual, que tenho o orgulho e satisfação de presidir.

O Deputado Davi Zaia, como bem disse o Deputado Barros Munhoz, é um deputado de primeiro mandato, da região de Campinas, e podemos ver sua grande preocupação com as instituições, como, por exemplo, do IAC daquela cidade. O Deputado Davi Zaia, também sindicalista, é um homem ligado à agricultura, às cooperativas - inclusive faz parte da Frente Parlamentar das Cooperativas, nesta Casa -, e assumiu a tão difícil questão da laranja, que tanto tem minado a renda do produtor dessa área, além de estar diminuindo a participação dos produtores rurais.

Agradeço também ao Deputado Barros Munhoz, um grande amigo da agricultura, que passou pela Secretaria da Agricultura do nosso Estado, pelo Ministério da Agricultura e tem extraordinários serviços prestados a esse setor. De dependesse do Deputado Barros Munhoz e de Pedro Camargo, não teríamos passado por todos os problemas que a agricultura brasileira passou.

O Deputado Barros Munhoz foi extremamente pragmático quando Secretário e fundou, juntamente com Pedro Camargo, na época presidindo a Rural Brasileira, o Fundepec, que antevia tudo que existe hoje na pecuária brasileira: as dificuldades, o cerceamento da Europa, a falta de melhoria e crescimento sanitários; previu, inclusive, o crescimento da nossa agropecuária, que iríamos ser exportadores de carne, o que não ainda não éramos.

Essa é a visão da Rural, ou seja, ver através do morro, depois do morro. O pensamento não é apenas com o hoje, mas também com o amanhã, para que as pessoas que venham depois possam sentir e perceber a magnitude, a grandiosidade que são os pensamentos da Rural Brasileira.

Meu ex-Presidente, Luiz Hafer, também citado pelo Roberto Rodrigues, cunhou uma frase que bem classifica a atuação da Sociedade Rural Brasileira: “É a entidade da convicção e não da conveniência.” Como presidencialista, é uma entidade múltipla, de múltiplos presidentes.

Hoje estão aqui nesta homenagem quase todos os Presidentes. Só não temos o Luiz Hafer, em recuperação, mas representado pelo Aníbal, e Renato Ticoulat que está fora do país. Somos um colegiado, somos um grupo, somos um time, que luta independentemente de prestígio, projeto ou grandeza pessoal pela agricultura brasileira.

O Governador José Serra disse que deveríamos ter um pouco mais de entidades pensantes. A Sociedade Rural Brasileira é a entidade pensante da agricultura brasileira. Nós não precisamos estar no palanque, precisamos promover a renda do agricultor brasileiro, tão mutilada e tão estraçalhada nestes últimos tempos, com a extraordinária agregação de custos impostos não apenas pelos mercados; mas impostos a nós por obediência a conceitos errados e superados de ideologias, que passam em primeiro lugar pelo maior entrave da agricultura brasileira hoje que é a questão do meio ambiente.

Agradeço as pessoas que aqui estão, aos nossos associados, como Dr. Paulo da Rocha Camargo, Dr. Gianandrea Matarazzo, que tenho a honra de ter como associados e membros do Conselho Superior da Sociedade Rural Brasileira; pessoas firmes e determinadas em tantos momentos que passamos pela Sociedade Rural Brasileira.

Temos a honra de ter aqui conosco o Secretário da Agricultura, Dr. João Sampaio, nosso ex-Presidente, nosso ex-Ministro Roberto Rodrigues, Dr. Pedro Camargo, Dr. Antonio Júlio, Secretário-Adjunto da Secretaria da Agricultura, que tanto trabalha pela agricultura de São Paulo; Dr. Flávio Menezes, a pessoa que me trouxe para a Rural.

Da mesma forma que o Roberto e o João Sampaio, eu também frequentei a Rural ainda criança, juntamente com meu avô. Depois, fui levado à Sociedade Rural Brasileira pelas mãos de Flávio Teles de Menezes, que nem quarenta anos tinha, mas já presidia a nossa entidade.

A Sra. Alice Ferreira aqui presente é uma locomotiva, um trator da pecuária moderna brasileira, que tanto tem ajudado a Rural. Luiz Albert, meu companheiro, meu amigo, sócio da Sociedade Rural Brasileira na promoção da Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola brasileira, que tenho a honra de presidir por uma designação especial de Luiz Albert.

Temos aqui conosco o José Villela, o Roberto Ticoulat, que representa seu pai e é meu vice-Presidente.

Agradeço também aos nossos funcionários. A Rural tem funcionários há 25, 30 anos conosco, que dedicaram sua vida às coisas da nossa entidade. São os guardiões da nossa entidade. Agradeço ao Macedo, ao José Sampaio Góes - trazido para a Rural pelas mãos do Pedro Camargo -, um premiado agricultor da região de Jaú, na questão do meio ambiente, do solo, na consciência ambiental. Ele antecede a tudo e a todos na questão ambiental.

Se tivéssemos ouvido um pouco mais as observações, o chamamento do José Sampaio Góes, com certeza, não teríamos essa “farra do boi” que faz o Greenpeace na Amazônia brasileira, provocando um extraordinário desemprego na região, causando o fechamento de onze frigoríficos na Região Amazônica. Temos, inclusive, o apoio do Presidente Lula quanto a isso.

Respeitem os que para lá foram há 40 anos, em um chamamento de política de ocupação de país, de segurança nacional. Essa ocupação era necessária, e o produtor rural para lá foi. Orgulha-se o Presidente Lula, como eu, Presidente da Rural Brasileira, de termos na Amazônia um homem que foi chamado do Rio Grande do Sul com seus 40, 50 hectares de terra, e hoje produz em dois, três mil hectares.

Este é o Brasil, este é um Brasil interessante. Não é o Brasil do Greenpeace, não é o Brasil pequeno, canhoto, esquerdista, ideológico, de pessoas que querem destruir o nosso país por meio do principal segmento econômico que temos. Não temos nada mais importante no país do que o segmento da agricultura, que representa hoje pouco mais de 1/4 da renda nacional e proporciona 33% dos empregos registrados, das carteiras assinadas do país. Tudo isso vem da agropecuária brasileira. Portanto, respeitem-nos.

Esta Casa honra a agricultura paulista, a maior do país, honra o agricultor brasileiro. Deputado Davi Zaia, V. Exa. teve a percepção e sensibilidade de entender a importância da agricultura, sua ciência. Agricultura não significa confronto. Não existe mais esse espírito. Hoje, a agricultura é pura tecnologia. Não adianta darmos terra para as pessoas não vocacionadas que lá chegam. Como diz o Governador José Serra, são pessoas não qualificadas.

As pessoas hoje dependem de tecnologia. O que mais vamos vender daqui para frente é tecnologia. Nada mais do que isso. A terra é um simples objeto. Por entender assim, a Sociedade Rural Brasileira apóia totalmente o Ministro Stefanes, que hoje em Londrina lança o Plano de Safra. Neste momento, de maneira pública e transparente estamos propondo à sociedade brasileira a “Derrubada Zero”. Precisamos preservar a Amazônia, pois ela impacta na venda do nosso suco de laranja de Bebedouro, das nossas carnes de Araçatuba. Precisamos, portanto, muito cuidar da Amazônia.

Ontem, em um programa de televisão, em um debate com um indivíduo do Greenpeace, ele dizia que o agricultor brasileiro não tem parada. Segundo ele, o café começou no Vale do Paraíba, e, de repente, o agricultor o mudou para o Sul de Minas. Essa mudança ocorreu porque a casa do café é no Sul de Minas, e lá está há cem anos, nas encostas consolidadas. E querem tirar o café de lá.

Além de todas as mazelas extraordinárias que fazem com o café brasileiro, existe ainda um grupo, que não sei de onde vem – que se diz brasileiro -, querendo mexer nas estruturas de uma cultura que fez a indústria de São Paulo.

É com muita alegria, Deputado Davi Zaia, que venho à Assembleia Legislativa receber esta homenagem pelo 90 Anos da Sociedade Rural Brasileira. Diria a V. Exa. que a Rural é uma maratonista na defesa do agronegócio brasileiro. Como bem dizemos, ela largou há nove décadas e continua com o mesmo fôlego do arranque inicial.

A Rural já nasceu com o conceito de agronegócio muito antes de o termo ser cunhado. Ela foi fundada com esse princípio e essa consciência, porque foi criada pelo comércio, pela indústria, pelo setor financeiro e pelo setor da comunicação.

Ao longo de praticamente um século, a Rural conquistou um papel determinante para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil ao defender e estimular políticas públicas e modelo de gestão, para uma agricultura e pecuária competitivas e sustentáveis. Por esse motivo, estamos nos mercados internacionais.

A origem evidencia essa histórica missão da entidade em entender o êxito da atividade rural como a competência e a conquista de resultados por todos os elos da cadeia produtiva, não apenas por um só.

Com uma história moldada pela disposição ao debate e alternância de poder, a Rural gerou conhecimento e se tornou, ao longo dos anos, um celeiro de líderes, que contribuiu para promover a diversidade do pensamento do setor.

Dos quadros da Rural, saíram quatro Ministros da Agricultura, mais de dez Secretários de Agricultura. Conseguimos colocar pessoas em vários organismos estatais, que defenderam as ideias captadas na Rural, na nossa escola. Como bem disse o Secretário João Sampaio e todos que aqui se manifestaram, nós aprendemos na Rural, nós nos formamos ali. A Rural é a nossa escola.

Como já falamos, na década de 90, atuamos com intensidade no combate à febre aftosa.

A Rural é esta entidade democrática e respeitada graças ao seu perfil. A Rural tem a marca da ética, do trabalho. De olho no futuro, a Rural avalia que o maior desafio do agronegócio é crescer de forma sustentável, oferecendo renda ao principal agente, o produtor rural.

A Rural foca seu trabalho para aumentar a percepção dos benefícios sociais, econômicos e ambientais que o agronegócio transfere para a sociedade.

A história mostra que a sustentabilidade do agronegócio depende de quatro fatores fundamentais: tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, defesa sanitária, políticas de estabilização de renda – como crédito, seguro e preços mínimos – e infraestrutura de suporte e comercialização.

Por isso, é imprescindível que o Brasil desenhe uma nova política agrícola, com instrumentos efetivos e permanentes de proteção ao agricultor; garantia de crédito, seguro e medidas como redução da carga tributária.

Apesar de já ter falado um pouco sobre meio ambiente, quero lembrar que o Código Florestal vigente é impossível de ser cumprido, pois é obsoleto, distante da realidade e, pior, tem caráter punitivo.

A legislação atual – datada de 1965 e remendada ao longo destes pouco mais de 40 anos – não contempla as mudanças ocorridas na produção rural. Por isso, precisa ser alterada para que efetivamente possa cumprir seu papel.

Causa-nos estranheza manifestações públicas que insistentemente pregam a separação dos produtores rurais em classes, entre pequenos, médios e grandes, destacando sempre que o último é o vilão do meio ambiente. O produtor rural brasileiro, senhoras e senhores, é amigo do meio ambiente, e sua sobrevivência dele depende. Temos compreensão de que, em muitos casos, a desorganização fundiária é o gatilho do desmatamento e de danos ambientais.

A hora do confronto, como já disse, passou. Os produtores precisam se unir, estar próximos às entidades que os representam para dialogar com a opinião pública urbana. Não podemos deixar que grileiros e desmatadores sejam confundidos com produtores rurais e manchem a imagem do agronegócio brasileiro.

Finalizando, com relação à questão fundiária, quero deixar registrado o pensamento da Rural: a reforma agrária brasileira é um programa de estatização de terras privadas, que são desapropriadas para que pessoas sejam assentadas. A produção é insignificante e os assentados ficam eternamente dependentes do assistencialismo do Estado e do anacronismo de movimentos. Os agricultores não recebem o título de propriedade e, por isso, não conquistam emancipação.

A terra é apenas um simples pedaço da produção. No recém-criado Departamento do Conselho de Economia da Associação Comercial, da qual fazemos parte, juntamente com o Flávio Menezes, destacamos que o direito de propriedade precisa ser realçado, incentivado e aprovado pela sociedade.

Como último recado, quero deixar aos senhores uma mensagem. A ONU prevê que o mundo terá que aumentar em 50% a produção de alimentos até 2030 e dobrar até 2050. O Brasil é o país que reúne as melhores condições para fornecer alimentos e energia limpa e renovável que o planeta tanto precisa.

Disponibilidade de terras, clima favorável, variedade de solos, estoque de água doce são importantes vantagens que temos. Isso sem contar o perfil empreendedor e a competência dos produtores rurais.

Muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS – Agradecemos as palavras do Presidente Cesário Ramalho e registramos ainda a presença da Sra. Maria Izaltina Almeida Prado, filha de Sálvio Almeida Prado, ex-Presidente da Sociedade Rural Brasileira, do Sr. José Francisco Malta Cardoso e esposa, colaboradores da Sociedade Rural Brasileira.

Para mim, foi uma satisfação muito grande propor esta Sessão Solene, prontamente aceita pelo Presidente desta Casa, Deputado Barros Munhoz, um profundo conhecedor da realidade da agricultura.

Registrar os 90 anos da Sociedade Rural Brasileira é uma homenagem à brilhante história da agricultura no Estado de São Paulo e no Brasil. A agricultura cresceu forte no Estado de São Paulo, e isso permitiu que nosso Estado também se fortalecesse na industrialização.

A Sociedade Rural Brasileira baseia sua atuação em alguns valores fundamentais da sociedade democrática, como comprometimento com as causas do meio rural, priorizando os interesses da Nação, manutenção da integridade e da ética em todas as ações; respeito à propriedade e ao estado de direito; aceitação de posições divergentes sem intransigência; convicção nas causas, independente das conveniências; compromissos com a inovação e a qualidade; respeito ao meio ambiente e à biodiversidade. São valores definidos que orientam a ação da Sociedade Rural Brasileira.

A agricultura hoje vive um momento especial, como foi destacado aqui, e a Sociedade Rural Brasileira representa bem esse quadro. Qualquer atividade econômica depende de inovação, de tecnologia, de conhecimento. Aqui no Estado de São Paulo, temos o Instituto Agronômico, os órgãos de pesquisa, alguns ligados à Secretaria da Agricultura, que acompanham a história da nossa agricultura.

A pesquisa, o conhecimento, o avanço tecnológico fizeram da agricultura paulista e brasileira o que são hoje. Mais do que isso, o agronegócio deu a possibilidade de o Brasil continuar tendo a posição de destaque que tem no mundo hoje, seja como alternativa, ou como um dos principais países na capacidade de produção de alimentos. Não podemos deixar de salientar a importância que o país e o agronegócio adquirem na produção de energia renovável, questão fundamental para o mundo que todos queremos. Um mundo melhor, com a preservação do meio ambiente e o uso de uma energia melhor que o petróleo, que sustentou o desenvolvimento do mundo nos últimos anos.

Temos grande satisfação em presidir esta Sessão Solene no dia de hoje, que busca homenagear todos os que fizeram a história da Sociedade Rural Brasileira e da nossa agricultura, apesar de todas as dificuldades de crédito e dos próprios governos. As dificuldades foram inúmeras, mas não fizeram com que o produtor desanimasse. Talvez até pelo caráter de seu negócio, que depende de tecnologia, conhecimento, desenvolvimento, e também da natureza, o agricultor acaba sendo um eterno otimista, sempre acreditando em uma safra melhor, preço melhor. É essa crença e essa fé que movimentam a agricultura brasileira.

Como foi dito aqui, não podemos deixar de citar o grande investimento feito em tecnologia e em investimento, porque isso, realmente, faz a diferença.

Fizemos aqui esta homenagem para que fique registrada, na Casa que representa o povo de São Paulo, a importância da agricultura para o nosso Estado e nosso Brasil.

Caro Presidente Cesário, queremos dizer que a Assembleia está aberta para as discussões que acontecem neste momento. Temos conversado com o Secretário João Sampaio sobre a necessidade de entrarmos na discussão do Código Florestal, por entender que a legislação tem de se adequar a uma realidade vivida pelo nosso Estado. Devemos fazer esse debate de forma a permitir que situações consolidadas sejam preservadas e, por outro lado, avançar de forma a possibilitar melhores condições para a agricultura.

Quero dizer aos senhores que contem com nossa atuação, com esta Casa como um espaço para um debate como este que a Sociedade Rural Brasileira promove, um debate de ideias, um debate calcado nos valores, na aceitação de posições divergentes, conduzido sempre com muita racionalidade, olhando concretamente os interesses e a maneira de preservar essa atividade econômica tão importante para nosso Estado.

Como disse Barros Munhoz, estamos nesta Casa cumprindo um mandato dado pelo povo de São Paulo, e temos a obrigação de fazer um debate amplo, ouvindo os diversos setores. Os 90 Anos da Sociedade Rural Brasileira significam isso. Não vamos ter uma sociedade democrática se não tivermos os setores organizados, debatendo, defendendo os interesses, que são diversos dentro da sociedade, procurando encontrar o ponto de equilíbrio para continuar mantendo o desenvolvimento, o crescimento econômico e, acima de tudo, a geração de renda, fundamental para nosso povo.

O Presidente Cesário citou que 33% dos empregos estão ligados à agricultura e ao agronegócio. Esse dado é de fundamental importância para um país como o nosso que precisa oferecer renda e dignidade ao conjunto da sua população. Deve-se ressaltar também que, por meio do cooperativismo, outra atividade importante que nasceu ligada à agricultura, pode-se oferecer emprego, trabalho ou renda.

Esse setor de fundamental importância para nosso país está sendo homenageado nesta Sessão Solene como um justo reconhecimento. Parabéns a todos que fizeram e fazem a história da Sociedade Rural Brasileira.

Muito obrigado. (Palmas.)

Quero registrar que a sessão será retransmitida pela TV Assembleia no próximo sábado, dia 27, às 21 horas, pela Net, canal 7 ou 13, pela TVA, canal 66. As sessões da Assembleia Legislativa são transmitidas pela Internet para toda a população.

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades, aos funcionários desta Casa e àqueles que, com as suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade, e convida todos para um coquetel no Salão Nobre Waldemar Lopes Ferraz.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 11 horas e 37 minutos.

 

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