07 DE AGOSTO DE 2009

038ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AOS “150 ANOS DO PRESBITERIANISMO NO BRASIL (1859/2009) E O 5º CENTENÁRIO DE JOÃO CALVINO (1509/2009)”

 

Presidente: VAZ DE LIMA

 

 

RESUMO

001 - VAZ DE LIMA

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Informa que esta sessão solene foi convocada pelo Presidente Barros Munhoz, a pedido do Deputado Vaz de Lima, ora à Presidência, com a finalidade de comemorar os "150 anos do Presbiterianismo no Brasil (1859/2009) e o 5º Centenário de João Calvino (1509/2009)". Convoca o público presente a ouvir, de pé, o Hino Nacional Brasileiro. Dá início à celebração e anuncia o prelúdio, em silêncio e oração.

 

002 - REVERENDO CARLOS ARANHA NETO

Pastor da Igreja Presbiteriana Unidade de São Paulo, faz a oração de adoração.

 

003 - Presidente VAZ DE LIMA

Anuncia a apresentação do Coral e Orquestra da Primeira Igreja Presbiteriana Renovada de Osasco.

 

004 - REVERENDO CLODOALDO CALDAS

Presidente da Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil, faz a leitura bíblica alternada do Salmo 24.

 

005 - Presidente VAZ DE LIMA

Anuncia a apresentação do Coral e Orquestra da Primeira Igreja Presbiteriana Renovada de Osasco. Refere-se à literatura sobre João Calvino e sobre o Presbiterianismo no Brasil.

 

006 - REVERENDO ALDERI SOUZA DE MATOS

Historiador da Igreja Presbiteriana do Brasil, fala sobre a vida de João Calvino e sobre a chegada do Reverendo Ashbel Green Simonton ao Brasil.

 

007 - PASTOR DANIEL CÂNDIDO DE OLIVEIRA

Presidente da Igreja Evangélica Cristã Presbiteriana, faz oração de gratidão.

 

008 - Presidente VAZ DE LIMA

Anuncia a apresentação do Coral do Presbitério do ABC da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, com o cântico: Salmo 118 (Saltério de Genebra, 1551; metrificação do Reverendo J.W. Faustini, 2008).

 

009 - REVERENDO ASSIR PEREIRA

Presidente da Assembleia Geral Presbiteriana Independente do Brasil, faz a leitura bíblica da Carta de São Paulo aos Efésios, capítulo I, e proclama a palavra, lembrando que este texto se tornou o centro de toda a teologia e de todo o pensamento de Calvino.

 

010 - Presidente VAZ DE LIMA

Anuncia a apresentação do Coral do Presbitério do ABC da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, com o hino "Povo do Senhor", de Gregg Scheer, 2008, e tradução de J. W. Faustini, 2008, que é hino oficial do V Centenário de Calvino, escolhido em concurso de âmbito mundial.

 

011 - REVERENDO ROBERTO BRASILEIRO

Presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil, faz uma saudação e agradece ao Deputado Vaz de Lima e a todos os presentes. Lembra os irmãos que deram a vida no solo brasileiro e afirma que a Igreja Presbiteriana sempre mostrou a sua luta contra o pecado, mas sempre tratou a todos como iguais.

 

012 - Presidente VAZ DE LIMA

Agradece a Deus pela oportunidade de estar aqui nesta sessão solene e nesta celebração, de poder expressar a sua fé e dizer a sua origem com palavras e gestos. Faz a leitura do texto "Envio", baseado em escritos de João Calvino.

 

013 - PASTOR ADVANIR ALVES FERREIRA

Presidente da Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil, faz a oração final, com texto de João Calvino, com base no livro de Daniel, 10ª Exposição.

 

014 - Presidente VAZ DE LIMA

Anuncia a bênção apostólica e, em seguida, o Poslúdio, em silêncio e oração. Agradece a todos que colaboraram para o êxito desta solenidade. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Vaz de Lima.

 

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O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Quero anunciar a presença do Reverendo Roberto Brasileiro, Presidente do Supremo Conselho da Igreja Presbiteriana do Brasil; Reverendo Assir Pereira, Presidente da Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil; Pastor Advanir Alves Ferreira, Presidente da Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil; Pastor Daniel Cândido de Oliveira, Presidente da Igreja Evangélica Cristã Presbiteriana; Reverendo Clodoaldo Caldas, Presidente da Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil; Reverendo Carlos Aranha Neto, Pastor da Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo; Reverendo Juarez Marcondes Filho, Presidente do Conselho Curador do Mackenzie; Pastor Eudes Coelho, da Igreja Presbiteriana de Vila Mariana; 2ª vice-Presidente da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, Sra. Eli Rodrigues Rangel; Secretário-Geral da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, Reverendo Gerson Correia de Lacerda; Reverendo Alderi Souza de Matos, historiador da Igreja Presbiteriana do Brasil; Pastor e 1º Tenente Marcelo Coelho de Almeida, capelão presbiteriano, representando o Major Brigadeiro Paulo Roberto Pertusi, comandante do IV Comar.

Sras. Deputadas e Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente efetivo desta Casa, Deputado Barros Munhoz, que não pôde estar presente por problema de saúde, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de comemorar os 150 Anos do Presbiterianismo no Brasil e o 5º Centenário do Nascimento de João Calvino.

Convido todos os presentes para, de pé, cantarmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do 1º Sargento Maurílio Moreira da Silva, mestre da Banda da Polícia Militar de São Paulo.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Antes de dar continuidade aos trabalhos, queremos registrar o recebimento de correspondência enviada pelo Sr. Governador José Serra, pelo Secretário Aloysio Nunes Ferreira Filho, pelo Presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Vereador Antonio Carlos Rodrigues, pelo Reverendo José André Sena, da Igreja Presbiteriana Independente Getsêmani, pelo ex-Governador Geraldo Alckmin, pelo Secretário Sidney Beraldo, pelo Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Dr. João Sampaio, pelo Secretário de Comunicação, Dr. Bruno Caetano, pelo Delegado-Geral de Polícia do Estado de São Paulo, Dr. Domingos Paulo Neto, e pelo Comando Geral da PM do Estado de São Paulo.

Queremos registrar também a presença do vice-Presidente do Presbitério Unido da Igreja Presbiteriana do Brasil, Hugo Aníbal Moura; Presidente do Sínodo do Vale do Paraíba, da Igreja Presbiteriana do Brasil, Naity Wesley Gripp; Presidente do Movimento de Assistência aos Encarcerados de São Paulo, Eli Antonio Xavier; Dr. Eduardo Castanheira, representando a Assessoria Policial Civil da Assembleia Legislativa; Sr. Hamilton Freitas, representando o Deputado Hélio Nishimoto; Presidente da Aliança de Igrejas Presbiterianas e Reformadas da América Latina – Aipral, Reverendo Clayton Leal da Silva.

Por um convênio que temos com a nossa Câmara Municipal, não podemos transmitir ao vivo esta Sessão Solene pela TV Assembleia, mas ela pode ser assistida pela TV Web. A sessão está também sendo gravada e irá ao ar domingo às 21 horas pela TV Assembleia, canal 13 da Net, canal 66 da TVA e canal 185 da TVA Digital.

Em silêncio e oração, ouviremos agora o Prelúdio.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Esta Presidência concede a palavra ao Reverendo Carlos Aranha Neto, pastor da Igreja Presbiteriana Unidade de São Paulo, que fará uma Oração de Adoração.

 

O SR. CARLOS ARANHA NETO - Ó, Deus eterno, Tu é o único e verdadeiro Deus. Nós te adoramos, bendizemos o teu nome, exaltamos o teu poder. Nós proclamamos que somos teus filhos, somos o teu povo resgatado por Jesus Cristo. Nós queremos proclamar que amamos ao Senhor, porque o Senhor nos amou primeiro. Louvamos ao Senhor pela tua providência, através de todos os tempos, constituindo o teu povo e levantando servos para cumprir chamados especiais, vocacionando-os na proclamação da tua palavra, no testemunho da pureza do teu Evangelho.

Louvamos o Senhor pela vida daqueles que, em épocas tão difíceis, foram usados por Ti como reformadores, dentre os quais João Calvino. Louvamos ao Senhor porque, em nossa Pátria, podemos lembrar com gratidão a vida de Ashbel Green Simonton, teu servo que chegou ao Brasil para nos trazer a mensagem. Dele somos todos herdeiros espirituais.

Louvamos o Senhor porque Tu és o nosso Deus. Recebe a nossa adoração, aceita o nosso louvor, em nome de Jesus. Amém.

 

O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Teremos agora uma participação do Coral e Orquestra da Primeira Igreja Presbiteriana Renovada de Osasco, compostos por 19 músicos e 20 vozes.

 

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- É feita a apresentação musical. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Com a palavra o Reverendo Clodoaldo Caldas, Presidente da Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil, que fará a leitura bíblica, de forma alternada, do Salmo 24. Fiquem todos de pé, por favor.

 

O SR. CLODOALDO CALDAS - Ao Senhor pertencem o mundo e tudo que nele existe; a terra e todos os seres vivos que nela vivem são deles.

 

TODOS - O Senhor construiu a terra sobre os mares e pôs os seus alicerces nas profundezas do oceano.

 

O SR. CLODOALDO CALDAS - Quem tem o direito de subir o monte do Senhor? Quem pode ficar no seu santo Templo?

 

TODOS - Somente aquele que é correto no agir e limpo no pensar, que não adora ídolos, nem faz promessas falsas.

 

O SR. CLODOALDO CALDAS – O Senhor Deus o abençoará, o salvará e o declarará inocente no julgamento.

 

TODOS - São assim as pessoas que adoram o Senhor, que prestam culto ao Deus de Jacó.

 

O SR. CLODOALDO CALDAS - Abram bem os portões, abram os portões antigos, e entrará o Rei da Glória.

 

TODOS - Quem é esse Rei da Glória? É Deus, o Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na batalha.

 

O SR. CLODOALDO CALDAS - Abram bem os portões, abram os portões antigos, e entrará o Rei da Glória.

 

TODOS - Quem é esse Rei da Glória? É Deus, o Senhor todo-poderoso; Ele é o Rei da Glória.

 

O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Teremos agora mais uma participação do Coral e Orquestra da Primeira Igreja Presbiteriana Renovada de Osasco.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Minhas senhoras e meus senhores, estes eventos têm possibilitado o surgimento de uma boa literatura sobre o assunto, e aproveito a oportunidade para mencionar alguns. A Igreja Presbiteriana do Brasil lançou um livro, “Cartas de João Calvino”, celebrando os 500 anos de nascimento do reformador de Genebra.

Por intermédio do Reverendo Eduardo Galasso Faria, a Igreja Presbiteriana do Brasil fez uma compilação denominada “Textos Escolhidos de Calvino”.

A Igreja Presbiteriana Renovada, por meio do Pastor Florêncio Moreira de Ataídes, lançou um texto com o seguinte título: “Simonton, o missionário que impactou o Brasil – a implantação do protestantismo no Brasil Império”.

A Editora da Unesp publicou, entre o ano passado e este, “As Institutas de Calvino”, em dois volumes.

Temos uma boa literatura para comemorar esta data.

Esta Presidência concede a palavra ao Reverendo Alderi Souza de Matos, historiador da Igreja Presbiteriana do Brasil, que falará sobre a vida de João Calvino e chegada do Reverendo Ashbel Green Simonton ao Brasil.

 

O SR. ALDERI SOUZA DE MATOS - Boa-noite. Realmente, há muita coisa a dizer a respeito de João Calvino, mas dispomos de pouco tempo para isso.

João Calvino é um dos homenageados especiais desta noite, visto que recentemente transcorreu o quinto centenário de seu nascimento. É interessante, porque João Calvino, apesar de ter vivido há tanto tempo, em um lugar distante daqui, teve uma conexão com o Brasil no início de sua história nacional. Estou me referindo àquele episódio ocorrido na Baía de Guanabara, onde foi constituída uma pequena colônia francesa – a França Antártica -, da qual, por algum tempo, participaram alguns huguenotes, como eram conhecidos os protestantes de língua francesa. Eles foram enviados ao Rio de Janeiro pela Igreja Reformada de Genebra e pelo próprio reformador João Calvino, atendendo a um pedido do comandante daquela colônia, vice- Almirante Villegaignon. 

O local já era conhecido como Rio de Janeiro, embora a cidade ainda não houvesse sido fundada, e esses reformados, esses calvinistas, vieram – eram apenas 13 pessoas, lideradas por dois pastores - na tentativa de fazer duas coisas que, infelizmente, não se tornaram possíveis pelo desenrolar dos acontecimentos. O objetivo era implantar uma igreja reformada entre os colonos franceses e fazer um trabalho missionário junto aos indígenas daquela região.

Por causa de dificuldades com o comandante da colônia, isso se tornou impossível, e eles tiveram de retornar prematuramente para sua terra, mas ficou um fruto muito significativo desse experimento, um documento conhecido como “Confissão Fluminense” ou “Confissão de Fé da Guanabara” - uma das mais antigas e belas declarações doutrinárias, confessionais da fé reformada do movimento calvinista.

Outra peculiaridade interessante no que diz respeito a Calvino, ao Brasil ou à América Latina, é que, dos grandes reformadores protestantes, Calvino foi o único latino, ou seja, de um país de origem latina: França. Só isso já mostra a afinidade que temos com ele e a importância de conhecê-lo melhor, de conhecer o seu pensamento. Todos os outros reformadores – Lutero, Melanchton, Zwinglio – são de cultura anglo-saxônica.

A vida de Calvino se divide em três ou quatro partes bem distintas. Os seus 14 anos iniciais foram passados na sua pequena cidade ao norte da França - sede de um bispado há um milênio por ocasião de seu nascimento -, onde teve um contato muito grande com a Igreja. Seu pai era uma espécie de procurador ou advogado do clero local e do bispo. Calvino, portanto, desde o berço, teve grande convívio com a Igreja, viveu naquele ambiente profundamente influenciado por questões religiosas.

Aos 14 anos, foi para Paris estudar na famosa Universidade de Paris – já antiga na época, com 300, 400 anos – e ali deu prosseguimento aos seus estudos humanísticos, uma característica sua.

Há pouco, estávamos conversando com uma pessoa sobre o Humanismo de Calvino. Não era um humanismo no sentido posterior do século 18, do Iluminismo, mas um Humanismo que significava uma grande fascinação, um grande encantamento com a antiguidade clássica greco-romana. Tanto que a primeira obra publicada por Calvino foi exatamente um comentário de um dos antigos filósofos e pensadores romanos: Sêneca.

Calvino se dedicou a esses estudos humanísticos, à teologia, aos pais da Igreja. Aprendeu muito bem o latim, e suas obras mais importantes foram escritas nesse idioma e em francês.

No ano de 1533, ocorreu aquele evento extremamente marcante na sua vida, a sua experiência de conversão à fé evangélica. Ele não nos deixou detalhes. Apenas informou, em um de seus comentários bíblicos, o “Comentário de Salmos” que foi uma conversão repentina. Essa é a única informação que temos a respeito da conversão de Calvino. Além da atuação de Deus, com certeza, sua conversão foi fruto da convivência com várias pessoas de convicção reformada evangélica, a começar por um primo seu, Roberto Olivétan. Aliás, a primeira obra que os historiadores entendem produzida por Calvino, publicada por Calvino como protestante, foi um bonito prefácio  que ele escreveu a uma edição do Novo Testamento, publicado por seu primo protestante, Roberto Olivétan. Calvino escreveu o prefácio dessa edição do Novo Testamento.

Logo a seguir, ele pôs-se a fazer as pesquisas que resultaram na sua obra mais importante, “As Institutas”, ou “Instituição”, ou “Tratado da Religião Cristã”. Calvino, ao longo dos anos, foi ampliando significativamente a sua obra. A edição inicial de 1536 tinha seis capítulos, e a edição definitiva, de 1559, 80 capítulos. Uma obra de teologia não-sistemática, mas uma teologia bíblica, na qual ele procurou abordar, de maneira muito competente e profunda, os temas mais importantes das escrituras e da fé cristã.

No mesmo ano de 1536, ocorreu sua ida para Genebra, cidadã suíça, à qual ficou ligado profundamente o restante de sua vida. Uma estada inicial de dois anos, um conflito com umas autoridades civis, e a expulsão de Genebra. Três anos passados em Estrasburgo, aos pés de um reformador mais velho, mais experiente, Martin Bucer, e o retorno a Genebra até o final da sua vida.

Calvino é conhecido como o grande diplomata da reforma. Dos vários movimentos de reforma protestante surgidos no século 16, sem contar os séculos posteriores, o que teve maior difusão foi exatamente o Movimento Calvinista, a chamada Segunda Reforma ou Reforma Suíça. Em grande parte graças aos ofícios, à competência, ao trabalho do grande reformador João Calvino. Calvino mantinha correspondência com imenso número de pessoas; desde pessoas humildes, pastores aprisionados por causa de sua fé, viúvas de pastores que haviam morrido na perseguição, até com algumas das personalidades mais importantes da Europa naqueles tempos, como vários soberanos, outros reformadores. Existe, inclusive, uma famosa carta que Calvino escreveu a Lutero.

A correspondência, os contatos, as pessoas que ele recebia em Genebra, os refugiados que vinham de muitos pontos da Europa e depois voltavam para suas terras de origem, levando a fé reformada, tudo isso fez com que a Reforma Suíça tivesse uma difusão muito maior do que os outros movimentos protestantes no século 16.

Calvino nos deixou o legado extraordinário de um homem profundamente comprometido com Deus, em primeiro lugar, como fica muito claro no lema que aparece em muitas de suas obras, uma mão segurando um coração e as palavras: ”O meu coração te ofereço, ó, Senhor, de modo pronto e sincero.”

O seu compromisso com Deus, com a palavra de Deus, a sua visão abrangente a respeito da vida cristã, da participação do cristão na sociedade – aquilo  que chamamos de cosmovisão -, a sua ênfase extraordinária na educação, fez com que, ao longo dos séculos, os reformados, os calvinistas fundassem extraordinárias instituições de ensino na Europa, nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, a Universidade Mackenzie, e outras escolas.

São maravilhosas as contribuições e somos profundamente gratos  a esse servo que Deus levantou no século 16, cuja obra, cujos escritos, cuja reflexão bíblica e teológica têm abençoado desde então a Igreja de Cristo.

Sejamos gratos a Deus por esta vida. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Com a palavra o Pastor Daniel Cândido de Oliveira, Presidente da Igreja Evangélica Cristã Presbiteriana, que fará um Oração de Gratidão.

 

O SR. DANIEL CÂNDIDO DE OLIVEIRA - Nosso Deus, nosso Bendito Pai, em cuja presença estamos, estamos tão felizes, tão abençoados, porque, de um modo tão lindo, o poder do Evangelho nos alcançou.

Hoje estamos aqui reunidos em nome de Jesus Cristo, Nosso Senhor, o Senhor da Igreja, para prestar ao Deus Eterno a nossa gratidão, a nossa adoração, por tudo que o Senhor fez e por tudo que ainda fará.

Nós dedicamos a Ti esta cerimônia de culto, dedicamos a Ti o nosso louvor, a nossa adoração de gratidão. Somos gratos a Ti, porque o sangue de Jesus Cristo, Cordeiro Imaculado nos comprou e estamos salvos. Nossos nomes estão inscritos no teu livro. Pai, damos graças porque este Evangelho de poder, com essas boas novas, começou em Jerusalém. Jesus disse que se estenderia por Samaria, por Judéia, até os confins da terra. Não sabemos se aqui no Brasil é os confins da terra, mas somos testemunhas que esse Evangelho alcançou os brasileiros.

Pai, graças te damos por esses 150 anos de semeadura, de milhares de vidas que foram salvas. Graças te damos, Senhor, porque podemos desfrutar dessa semeadura num tempo bom, num tempo abençoado.

Somos gratos a Ti pelas vidas que se sacrificaram para que este Evangelho chegasse até nós. Pai, graças te damos pelo Brasil, pelo número de evangelhos que existe aqui, pelo presbiterianismo, Senhor, que foi fundado aqui e pelos frutos que podemos desfrutar.

Damos a Ti toda nossa gratidão, toda a nossa oração. Queremos dizer Ebenezer, até aqui nos ajudou o Senhor. Pai, nossa gratidão, em nome de Jesus. Amém.

 

O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Ouviremos agora o Coral do Presbitério do ABC, da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Queremos lembrar todos que, amanhã, a programação continua no Ibirapuera, às 16 horas, quando haverá uma grande concentração. O pregador será o Reverendo Roberto Brasileiro.

Esta Presidência concede a palavra ao Reverendo Assir Pereira, Presidente da Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, que fará a leitura bíblica e a proclamação da palavra.

 

O SR. ASSIR PEREIRA - Carta de São Paulo aos Efésios, capítulo I: “Agradeçamos ao Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, pois ele nos tem abençoado por estarmos unidos com Cristo, dando-nos todos os dons espirituais do mundo celestial. Antes da criação do mundo, Deus já nos havia escolhido para sermos dele por

meio da nossa união com Cristo, a fim de pertencermos somente a Deus e nos apresentarmos diante dele sem culpa. Por causa do seu amor por nós, Deus já havia resolvido que nos tornaria seus filhos, por meio de Jesus Cristo, pois este era o seu prazer e a sua vontade. Portanto, louvemos a Deus pela sua gloriosa graça, que ele nos deu gratuitamente por meio do seu querido Filho. Pois, pela morte de Cristo na cruz, nós somos libertados, isto é, os nossos pecados são perdoados. Como é maravilhosa a graça de Deus, que ele nos deu com tanta fartura! Deus, em toda a sua sabedoria e entendimento, fez o que havia resolvido e nos revelou o plano secreto que tinha decidido realizar por meio de Cristo. Esse plano é unir, no tempo certo, debaixo da autoridade de Cristo, tudo o que existe no céu e na terra. Todas as coisas são feitas de acordo com o plano e com a decisão de Deus. De acordo com a sua vontade e com aquilo que ele havia resolvido desde o princípio, Deus nos escolheu para sermos o seu povo, por meio da nossa união com Cristo. Portanto, digo que nós, que fomos os primeiros a pôr a nossa esperança em Cristo, louvemos a glória de Deus. A mesma coisa aconteceu também com vocês. Quando ouviram a verdadeira mensagem, a boa notícia que trouxe para vocês a salvação, vocês creram em Cristo. E Deus pôs em vocês a sua marca de proprietário quando lhes deu o Espírito Santo, que ele havia prometido. O Espírito Santo é a garantia de que receberemos o que Deus prometeu ao seu povo, e isso nos dá a certeza de que Deus dará liberdade completa aos que são seus. Portanto, louvemos a sua glória.” Palavra do Senhor.

Que essa preciosa palavra possa nos ensinar e alimentar. Que possamos refletir sobre a profundidade das Escrituras Sagradas. Profundidade essa que, como poucos, Calvino soube trabalhar.

Vamos baixar nossa cabeça. Pai, que a palavra dos nossos lábios e o meditar do nosso coração sejam agradáveis a Ti, Senhor e Redentor nosso. Amém.

Em uma data tão especial quanto esta para nós, presbiterianos e presbiterianas, é impossível não vir à nossa mente, em primeiro lugar, esse texto que acabamos de ler. Esse texto, aliás, toda a Carta aos Efésios, tornou-se o centro de toda a teologia, de todo o pensamento de João Calvino. É impossível pensar nos 500 anos de nascimento de Calvino, nos 150 anos da chegada do presbiterianismo, sem trazer à nossa memória os ensinamento dos nossos pais no passado. Pais que marcaram a nossa vida, a história das nossas igrejas e, profundamente, a história do nosso país desde seus primórdios.

O Reverendo Alderi lembrou muito bem: a primeira missão enviada por Calvino, vinda de Genebra, foi uma missão ao Brasil, tendo como comandante o Almirante Coligny, tal a preocupação e tal o coração missionário do Pai de todos nós, presbiterianos e presbiterianas, que foi João Calvino. Quem vai a Genebra, no Mural da Reforma, pode ver uma figura altiva, que nós, brasileiros, conhecemos tanto, o Almirante Coligny.

O Reverendo Alderi lembrou o curto período em que Calvino, depois de ter sofrido quase que uma expulsão de Genebra, assume o pastorado sobre os cristãos huguenotes na Cidade de Estrasburgo. Os anciãos, tendo à frente o Pastor Farel, grande companheiro de Calvino na Reforma, em visita a Estrasburgo, tentaram convencer Calvino a voltar para Genebra.

Historiadores da biografia de Calvino dizem que esse foi um momento decisivo para todo o ministério e para a vida de Calvino, que, no seu coração, já tomara a decisão de não retornar a Genebra. Mas, quando desafiado a isso, em meio a lutas, em meio a orações, durante uma oração, ele disse em voz muito alta, acordando todos de madrugada: “Senhor, que queres tu de mim? Senhor, que queres tu da Igreja? Senhor, que queres tu da humanidade?” A partir desse momento, Calvino volta para Genebra e todos conhecemos a história e a força de seu ministério não apenas em Genebra, mas em toda a Europa.

Quando Calvino trabalhou sua trama teológica, a partir desse texto, o tema central foi a soberania de Deus, como Deus nos elege para ser o seu povo. Esse é o cerne de toda teologia calvinista. Durante todo seu ministério, Calvino perseguiu esse ponto fundamental para todos nós, presbiterianos e presbiterianas. Deus, o Soberano, escolhe um povo para ser o responsável por sua missão aqui na Terra.

Calvino insiste em algo fundamental que também é o centro da nossa reflexão bíblica e teológica: a paixão de Deus pelo homem. Isso levou um grande servo de Deus, missionário na América Latina, Mackay a dizer que Calvino foi o teólogo através do coração, que sua ênfase, nas escrituras sagradas, foi a mais bela história de amor já contada desse Deus que faz uma opção por nós, desse Deus que insiste em buscar suas criaturas, a despeito de sua criatura ter lhe voltado as costas.

A eleição, irmãos e irmãs, é justamente a opção que Deus fez por nós para sermos os seus servos e servas. Por meio da eleição, nós nos tornamos parceiros de Deus na missão. Era isso que entendia Calvino, e era isso que entendiam os reformadores, e foi isso que levou o coração de outro grande presbiteriano a deixar seu país e vir para o Brasil: Simonton. Em 1859, embalado pelo coração missionário, pela alma missionária, Simonton, como bom presbiteriano que era, decidiu vir para o Brasil trazer o Evangelho.

Como os irmãos e irmãs podem perceber, somos herdeiros de homens que entendiam que este Deus nos escolheu para uma missão especial aqui na terra. Esses servos de Deus penetraram na intimidade do coração do nosso Deus, compreendendo sua vontade sobre nós.

Em um momento de celebração como este, a grande pergunta que fica para nosso coração, para nós pastores, aqui presentes, para nós líderes é a seguinte: que resposta daremos a esse Deus? Todas nossas igrejas, todos nós presbiterianos adotamos, como princípio para nossa fé, as Escrituras Sagradas sistematizadas nos nossos catecismos e na nossa confissão de fé de Westminster. No catecismo menor de Westminster, que recitamos desde crianças – os que cresceram em uma Igreja Presbiteriana sabem disso -, traz a seguinte pergunta: qual o fim principal do homem? A resposta de gerações e gerações de presbiterianos e reformados é: o fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.

Calvino, todos os reformadores e um servo de Deus chamado John Mackay entendiam por glorificar a Deus a resposta que vamos dar a esse Deus que nos escolheu.  Eles entendiam que nós, ao glorificarmos a Deus, estamos revelando ao mundo a própria natureza de Deus, o próprio caráter de Deus.

Mackay dizia: “Glorificar a Deus é ajustar a nossa vida dentro do grande desígnio de Deus, de modo que Deus possa executar seus propósitos por meio de nossa vida.” Isso é glorificar a Deus. O coração da nossa tradição reformada, o coração da nossa tradição presbiteriana é revelar a natureza de Deus pela pregação do Evangelho.

Não me canso de dizer que somos uma geração muito privilegiada, porque vimos a entrada do terceiro milênio. Antes de nós, apenas uma geração na era cristã conheceu o final e o início de um novo milênio. Celebramos o quinto centenário do nascimento de Calvino e, hoje, estamos lembrando o sesquicentenário da chegada de Simonton e do presbiterianismo no Brasil.

Irmãos, irmãs, somos, realmente, servos e servas escolhidos por Deus para viver um momento como este. Gostaria de desafiar meus colegas, presidentes das outras Igrejas Presbiterianas presentes, a tentar pensar naquilo que foi centro das grandes preocupações de Calvino: a unidade da Igreja. Somos, hoje, cerca de um milhão de presbiterianos no Brasil. Não podemos ficar divididos entre nós.

Calvino, em uma de suas cartas, disse que estaria disposto a viajar por até dez mares em favor da unidade da Igreja. Insistia Calvino: “O corpo de Cristo está sangrando por causa das nossas divisões.”

Quero encerrar trazendo uma reflexão e um desafio para o nosso coração: que saiamos para um encontro verdadeiro em direção àquilo que nos une, àquilo que nos torna semelhantes, porque nossas diferenças são mínimas, diante de tantas coisas que nos unem como presbiterianos no nosso país.

Calvino adotou como brasão um coração em chamas, levantado para o céu, na palma de uma mão. Em torno desse emblema de Calvino, estava a oração: “Senhor, o meu coração ofereço a Ti, sincera e ardentemente.”

Que essa seja nossa oração. Que, nesta data, possamos nos colocar diante do altar do nosso Deus, oferecendo nossas vidas, nossos corações, ardente e sinceramente, diante do nosso Deus.

Foi esse coração ardente que levou Calvino, a despeito de sua saúde frágil, a registrar o seu nome na história da humanidade. Foi esse coração sincero e ardente, em brasa, que levou um jovem a sair dos Estados Unidos, Ashibel Green Simonton, e chegar ao Brasil no dia 12 de agosto de 1859, iniciando aqui a caminhada do presbiterianismo. Viveu entre nós uma vida curtíssima com dores e sofrimentos. Na chegada de sua filhinha, sua esposa morre no parto; ele é acometido de uma febre amarela, quando visitava a Igreja em São Paulo, e vem a morrer menos de dez anos de sua chegada ao Brasil.

Somos herdeiros dessa gente, que, com o coração fervente, com o coração sincero, deixaram para nós esse legado. E o que estamos fazendo com esse legado? Que o grande grito de Calvino continue a ressoar e seja hoje também o nosso grito: Senhor, que queres Tu de mim? Senhor, que queres Tu da Igreja? Amém.

 

O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Teremos agora mais uma participação do Coral do Presbitério do ABC, da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, com o Hino Povo do Senhor, de Greg Scheer, e tradução de J. W. Faustini, que é o hino oficial do V Centenário de Calvino, escolhido em concurso de âmbito mundial.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Esta Presidência concede a palavra ao Reverendo Roberto Brasileiro, Presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil, que fará uma saudação e agradecimento.

 

O SR. ROBERTO BRASILEIRO - Queremos, inicialmente, expressar nossa gratidão ao Deputado Vaz de Lima, por este momento ímpar das nossas histórias.

Esta sessão nasceu de uma conversa que tivemos no Mackenzie com o Deputado Vaz de Lima, o Reverendo Assir, quando pensávamos nos 150 anos de Simonton da nossa Igreja Presbiteriana e nos 500 anos de João Calvino.

Fomos convidados pela Igreja Independente a participar dos 500 anos de João Calvino. Afirmamos que estaríamos juntos nesta Sessão Solene em gratidão ao Senhor, pela história do nosso grande reformador e pela história de Simonton, que iniciou a Igreja Presbiteriana em solo brasileiro.

Hoje, temos muitas igrejas nascidas das mesmas raízes. Temos aqui conosco cinco igrejas representadas; alguns estudiosos chegam a dizer que já temos em torno de 14 ramos diferentes de Igrejas Presbiterianas espalhadas no solo brasileiro.

Há alguns aspectos que nos levam a agradecer a Deus. A minha palavra é de saudação e gratidão. Saudação a todos os presentes, e gratidão a todos nossos queridos e amados irmãos que aceitaram o desafio de estar conosco nesta hora, como uma expressão histórica daquilo que significa ser, de fato, presbiteriano.

Quando lemos nossa história dos 150 anos, alguns pontos ressaltam nas nossas vidas, que devem firmar os nossos conteúdos. Primeiro, uma história de sacrifícios, de irmãos que deram a vida no solo brasileiro. No Brasil, está o túmulo de George Butler, o homem que, de fato, levou a visão da educação, da saúde, do cuidado social ao Nordeste brasileiro.

No Brasil, está o túmulo de Chamberlain, o homem que nos deu a Universidade Mackenzie, demonstrando uma preocupação ímpar com a educação do povo brasileiro, na transformação de um momento educacional. Somos herdeiros desses homens.

No Brasil, está o túmulo de Eduardo Lane o homem que colocou o único remédio que possuía para a cura de febre amarela para aquele que estava ao seu lado, seu companheiro, um homem de cor negra. Eduardo Lane tombou na Cidade de Campinas para dar cura àquele que era colaborador da sua Igreja. São fatos históricos. Mostraremos, depois, o grande significado desse fato.

No Brasil, está o túmulo de John Boyle, que chegou ao Estado de Goiás em 1888. Este homem que revolucionou todo o conceito recebeu o cognome de Paulo Brasileiro ou Paulo do Brasil, Apóstolo do Brasil, pela sua visão evangelística. Foi ele que levou Caetano Nogueira até a Cidade de Paracatu, onde organizou uma igreja histórica, que tem hoje 116 anos.

John Boyle produziu o jornal “O Evangelista” em 1888, na Cidade de Bagagem, hoje Estrela do Sul, uma das regiões mais difíceis naquela época. Foi ele o grande instrutor dos maiores pastores de toda a história da Igreja Presbiteriana. Coube a ele levar o Evangelho à Região da Mogiana, pela estrada de ferro e, depois, ao Estado de Minas e Estado de Goiás.

Aqui está o túmulo de Simonton, nosso pioneiro. Mas não é apenas sacrifício. A Igreja Presbiteriana veio para o Brasil e cabe a nós, a esta Casa de Leis, ressaltar essa luta contra a discriminação. Hoje falamos muito em discriminação, falamos que precisamos de leis para lutar contra as possibilidades discriminatórias. A Igreja nasceu no Brasil tratando as pessoas por iguais. Por que fez isso?

Foi a Igreja Presbiteriana a primeira igreja que teve coragem de colocar nas suas escolas homens e mulheres na mesma sala de aula. Foi a primeira igreja que teve a coragem de colocar filhos de escravos e de homens livres, como eram chamados na época, nos mesmos bancos de escola. Foi a primeira igreja que tratou as pessoas de cor com os mesmos direitos e privilégios. É interessante observarmos a grande leva de presbíteros pioneiros que eram ex-escravos em nossas igrejas.

A Igreja Presbiteriana também sempre mostrou sua luta contra o pecado, o seu posicionamento firme e decisivo contra o pecado, mas tratou os homens por igual. Ser presbiteriano, meus queridos, é uma grande honra para nós. Eu diria, na minha saudação, que somos gratos a Deus por sermos herdeiros de uma história de homens e mulheres que fizeram deste país um país diferente.

O que poderíamos falar de algumas mulheres que permearam a nossa história? Miss Frances Hesser, que deu sua vida para a pobreza do solo brasileiro, tem uma das histórias mais lindas. Foram 40 anos de missão no Brasil. Possivelmente, foi uma das pessoas que mais impactou o Brasil.

O que diríamos de missionárias como Carlota Kemper? Uma grande educadora, a mulher que fez de Lavras o que o Gammon é na sua história. Samuel Gammon é muito conhecido, mas, por trás dele, existe Carlota Kemper. Cabe a nós revivermos a história dessas grandes mulheres.

Nossa gratidão. Cento e cinquenta anos do Presbiterianismo no Brasil, 500 anos de João Calvino, um homem da soberania, mas, acima de tudo, uma proposta de vocação - nós somos a Igreja a serviço do povo.

Nossa gratidão ao Deputado Vaz de Lima que nos proporcionou a oportunidade de revermos essas posições. Que Deus o abençoe. Amém.

 

O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Quero agradecer a Deus pela oportunidade de nos reunir aqui como família presbiteriana, para este momento da nossa Sessão Solene e esta celebração.

Fico feliz em poder encontrar aqui pelo menos cinco dos ramos do presbiterianismo no Brasil. O Reverendo Advanir disse que havia tido contatos esparsos com um e com outro, mas, pela primeira vez, sua comunidade – Igreja Presbiteriana Renovada – consegue se juntar com um grupo tão grande da família presbiteriana.

Sou muito grato a Deus por esta oportunidade e aos irmãos pela oportunidade que me dão, praticamente nos estertores da minha passagem por esta Casa – não pretendo mais me colocar como candidato a deputado estadual; quero caminhar em outra direção -, de reunir a minha família da fé.

Aqui, Reverendo Brasileiro, já fiz várias sessões solenes, ocasião que tenho oportunidade de expressar minha fé nesta Casa sem banalizar meu mandato. Acredito que o mandato deva ser exercido em benefício do conjunto da sociedade e não de apenas um segmento. Seja da minha comunidade de fé, a Igreja Presbiteriana Independente, seja do mundo evangélico como um todo.

Acredito que aqueles que almejam essa atividade devem ter, com clareza, que a função extrapola o representar apenas de um segmento da sociedade. Este momento da Sessão Solene tem um significado especial para mim, pois é o momento em que posso dizer, com palavras e gestos, a minha origem.

Quero saudar o Reverendo Rubens Cintra Damião, provavelmente o mais idoso entre nós, com quase 92 anos, que foi meu pastor em São José do Rio Preto e meu professor de seminário. Há poucos dias, Reverendo, pude constatar que não desaprendi totalmente o grego. Fui à Grécia e, saindo do aeroporto em Atenas, vi escrito “hodós”, caminho em grego. Percebi que ainda consigo juntar as letras.

Vejo aqui o Reverendo Eduardo Galasso Faria, historiador da nossa igreja, que também foi meu pastor, e vejo colegas do seminário, como Valdomiro Pires de Oliveira. Esta é a minha casa, esta é a minha família. Sou muito grato a Deus, aos meus pais que me ensinaram as primeiras letras, aos meus pastores que, na escola dominical, me encaminharam ao seminário da minha Igreja Presbiteriana Independente, que me fez compreender com mais clareza a visão de mundo, essa cosmovisão de mundo, à qual se referiu o Reverendo Alderi, a partir de Calvino.

Nossa gratidão a Deus por poder servir, seja no pastorado durante algum tempo – já sou jubilado -, seja em atividades outras que escolhi para, dentro do espírito da palavra do Reverendo Assir, fazer disso algo para o louvor da glória do nosso Deus. Afinal, essa é a essência do calvinismo.

Amanhã, participarei com muita alegria do evento que realizaremos no Ibirapuera, quando representarei o Governador que está no Rio de Janeiro. Este é um momento ímpar para podermos firmar a nossa identidade e nosso conceito como família presbiteriana no Brasil, particularmente no Estado de São Paulo. Aquilo que nos une, seguramente, é muito maior do que as pequenas coisas que nos desunem.

Muito grato por terem participado conosco desta Sessão Solene que registrará nos Anais desta Casa os 500 Anos de nascimento de Calvino e os 150 Anos de Simonton no Brasil.

Que Deus nos abençoe e abençoe a nossa caminhada.

Façamos agora a leitura, de forma alternada, do texto “Envio”, baseado em textos de João Calvino.

“Se Deus nos ajudar, não podemos vencer e nem sequer pelejar.”

 

TODOS - “Ajuda-nos, Senhor, na peleja e a conseguir a vitória!”

 

O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - “Assim como Jesus Cristo tão liberalmente nos capacita com os seus dons, assim também  devemos dar frutos que sirvam à sua glória.”

 

TODOS - Nós te glorificamos, Senhor, através dos frutos que produzimos!”

 

O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - “Quem está animado pela disposição de fazer a vontade de Deus, aconteça o que acontecer, jamais se considerará um desventurado.”

 

TODOS -  “Somos bem-aventurados por fazer a Tua vontade, Senhor!”

 

O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - “Se desejamos ser discípulos de Cristo, devemos procurar ter o nosso coração cheio de reverência e de obediência a Deus.”

 

TODOS -  “Faze-nos obedientes a Ti, Senhor, para sermos discípulos mais fiéis a Ti!”

 

O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - “É necessário que Deus marche adiante, como se a si mesmo nos chamasse e nós seguíssemos o caminho que, por tua palavra, ele nos mostra.”

 

TODOS - “Nós te seguiremos, Senhor, tendo sempre a tua palavra como bússola!”

 

O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - “Que a Igreja não seja sábia por si mesma, nem pense por sua própria iniciativa, mas que deixe de lado a sua iniciativa e siga o que o Senhor tem falado.”

 

TODOS - “Senhor, dá-nos meios de fazer o que ordenais e ordena o que queres que façamos.” Amém.

 

O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Com a palavra o Pastor Advanir Alves Ferreira, Presidente da Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil, que fará a Oração Final.

 

O SR. ADVANIR ALVES FERREIRA - Excelentíssimo Sr. José Carlos Vaz de Lima, Deputado estadual, mui digno membro desta Casa de Leis, ora presidindo esta sessão, colegas do Ministério Pastoral, irmãos e amigos, gostaria de, neste momento, deixar minha palavra de gratidão em nome da Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil.

Este é um momento ímpar para todos nós, pois comemoramos os 500 anos do nascimento de Calvino, aquele que foi, sem dúvida, um dos instrumentos importantes nas mãos de Deus para mudar a história do cristianismo neste mundo e também da chegada de Simonton ao Brasil, há 150 anos. Ele que foi usado pelo Senhor, de maneira tão forte e poderosa, apesar dos poucos anos vividos aqui para a evangelização cristã desta Nação.

Gostaríamos que outros momentos como este acontecessem. Somos o povo presbiteriano desta Nação, estamos juntos com um objetivo comum e queremos, acima de tudo, glorificar o nome do Senhor, exaltá-lo e bendizê-lo. Estamos sempre prontos e abertos para estar juntos e realizar a obra que o Senhor nos comissionou.

Esta é a minha palavra em nome do Senhor.

Fiquemos de pé. Coube a mim, nessa Oração Final, fazer a oração que João Calvino fez com base no Livro de Daniel:

“Deus todo poderoso, permite que nos lembremos de que residimos temporariamente neste mundo; que nenhum esplendor de riqueza, poder e sabedoria terrenos ofusquem nossos olhos; permite, porém, que dirijamos sempre nossos olhares e todos os nossos sentidos para o reino do teu Filho, e nos apeguemos totalmente a Ele. Então, nada nos impedirá de apressar-nos no caminho de nossa vocação, até que, por fim, passemos pelo espaço imensurável e cheguemos ao objetivo que puseste diante de nós, e para o qual a proclamação de teu Evangelho hoje nos convida. E, por fim, Tu nos reunirás naquela bendita eternidade que nos foi conquistada pelo sangue de teu próprio Filho e nunca seremos levados para longe dele, mas seremos sustentados por seu poder e, finalmente, erguidos por Ele acima de todos os Céus.” Amém!

Recebamos agora a bênção do Senhor. Amados e queridos irmãos, ide em paz. Que a graça, o amor e a comunhão do Deus Pai, do Deus Filho, do Deus Espírito Santo, esteja com todo o povo de Deus e com toda a família do Senhor, eleitos do Senhor, hoje e para todo o sempre. Amém!

 

O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Ouviremos agora, em silêncio, o Poslúdio.

 

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- É feita a apresentação musical. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Esgotado o objeto da presente sessão, a Presidência agradece às autoridades, aos funcionários desta Casa e àqueles que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 22 horas e 12 minutos.

 

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