27 DE AGOSTO DE 2010

038ª SESSÃO SOLENE PARA COMEMORAR "A MARCA DE 100 MIL ALUNOS ATENDIDOS PELO CURSINHO DA POLI"

 

Presidente: VICENTE CÂNDIDO

 

RESUMO

001 - VICENTE CÂNDIDO

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Informa que a presente sessão fora convocada pelo Presidente Barros Munhoz, a requerimento do Deputado Vicente Cândido, ora à Presidência, com a finalidade de comemorar a marca de 100 mil alunos atendidos pelo Cursinho da Poli. Convida os presentes para, de pé, ouvir o Hino Nacional Brasileiro. Informa que o Cursinho Poli foi criado em 1987, por estudantes de engenharia da Escola Politécnica da USP. Cita desenvolvimento histórico da instituição e anuncia apresentação de vídeo institucional.

 

002 - JOSÉ ANTÔNIO GONÇALVES LEME

Gerente regional da Funap na Grande São Paulo e Litoral, discursa sobre a atuação da Poli, por meio da Funap, dentro do Sistema Prisional Paulista. Ressalta a importância deste trabalho junto aos jovens que cumprem pena em regime semi-aberto.

 

003 - NEWTON CANNITO

Secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, comenta a importância da instituição para estudantes de baixa renda. Elogia a qualidade da didática da Poli. Enaltece a formação cidadã defendida pela instituição.

 

004 - MARILENA MORAES BARBOSA FUNARI

Assessora jurídico trabalhista da Febraban, faz elogios ao professor Gilberto. Enfatiza que o cursinho realiza trabalho voltado à cidadania. Comenta a parceria da Poli com a Federação Brasileira de Bancos. Ressalta a importância de se promover inclusão de pessoas com deficiência. Informa que, 147 alunos com necessidades especiais do cursinho, foram aprovados no vestibular.

 

005 - GILBERTO ALVAREZ GIUSEPONE JÚNIOR

Diretor-geral do Cursinho da Poli, relata que o Cursinho da Poli é hoje o maior projeto de atendimento de juventude do Brasil. Recorda que a criação da instituição foi iniciativa do Professor Décio Leal de Zagottis e dos alunos do Grêmio Politécnico. Recorda o desenvolvimento do cursinho ao longo dos anos. Dá conhecimento de programas e convênios realizados pela instituição. Destaca que mais de 75% dos alunos atendidos têm renda abaixo de dois salários mínimos. Defende a democratização do acesso à universidade.

 

006 - Presidente VICENTE CÂNDIDO

Passa a homenagear diversas personalidades. Faz elogios ao Cursinho da Poli e seus representantes. Tece considerações sobre o ProUni. Menciona que tais programas contribuem para a ascensão social. Ressalta a importância de investimentos em Educação para o desenvolvimento do País.

 

007 - ROBERTO GONÇALVES JULIANO

Professor do Cursinho da Poli, faz leitura de poema enaltecendo a instituição e os alunos.

 

008 - Presidente VICENTE CÂNDIDO

Faz agradecimentos gerais e encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Vicente Cândido.

 

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O SR. PRESIDENTE – VICENTE CÂNDIDO - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, minhas senhoras, meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, nobre Deputado Barros Munhoz, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de comemorar a marca de 100 mil alunos atendidos pelo Cursinho da Poli.

Para compor a mesa, convido o Sr. Gilberto Alvarez Giusepone Júnior, o “Giba”, diretor-geral do Cursinho da Poli; Sr. Newton Canito, Secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura; Sra. Marilena Moraes Barbosa Funari, assessora jurídica trabalhista da Febraban; Sr. José Antônio Gonçalves Leme, gerente regional da Funap na Grande São Paulo e Litoral; Sr. Roberto Gonçalves Juliano, professor do Cursinho da Poli; Sra. Gislaine Caroline Guedes, intérprete de libras.

Convido todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT – “O cursinho da Poli é um projeto de educação sem fins lucrativos criado em 1987 por um grupo de estudantes de engenharia da escola politécnica da USP.  Em 1996, o cursinho deixou o campus universitário e deu início a um processo de expansão que resultou na criação de uma rede com três unidades: Lapa, Santo Amaro e Zona Leste.  Seu projeto pedagógico visa a formação pré-universitária dos alunos, o que vai muito além da simples preparação para os exames Vestibulares: por meio de palestras, oficinas, debates, cinedebates, estudos do ambiente e outras atividades científicas, artísticas e sociais, busca suprir eventuais deficiências da formação escolar do estudante e incluí-lo no universo da cultura.

Concebendo a educação como um direito de todos, o cursinho da Poli mantém parcerias com entidades que dão suporte a pessoas advindas dos segmentos sociais mais vulneráveis. Assim, hoje, recebem bolsas de estudo grupos indígenas, jovens em conflito com a lei, detentos em regime semiaberto e mulheres assistidas por instituições de enfrentamento da violência doméstica. Em anos anteriores, o cursinho da Poli também firmou parcerias para atender quilombolas, adolescentes em situação de risco atendidos por grupos de proteção à infância e à adolescência, alunos do movimento dos trabalhadores rurais sem terra e de outros movimentos sociais.

O sistema de distribuição de bolsas de estudo aos alunos do cursinho da Poli também é um diferencial: depois de uma análise socioeconômica feita por uma equipe de assistentes sociais, são contemplados alunos em situação de mais vulnerabilidade social, e não por meio de prova de conhecimentos - desse modo, as bolsas vão para quem realmente precisa, e não para quem já teve uma boa formação escolar.

O cursinho da Poli desenvolve e atualiza permanentemente um material didático que, além do conteúdo do ensino médio, traz textos complementares, atividades culturais, indicação de livros, filmes, instituições públicas e privadas de interesse educativo, sites e diversos outros caminhos que levam o aluno a desenvolver sua autonomia intelectual, ao mesmo tempo em que complementam uma formação multidisciplinar. Com um projeto gráfico diferenciado e uma rica iconografia, seu processo de produção foi supervisionado, em diferentes etapas, por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e escritores consagrados da produção didática. Os resultados são significativos: tanto no Estado de São Paulo como em outras regiões do país, o sistema de ensino do cursinho da Poli tem sido adotado por dezenas de colégios e por prefeituras que têm projetos de cursinhos populares.

Por sua qualidade na formação educacional de alunos egressos de escola pública, o cursinho da Poli vem promovendo a elevação da escolaridade, o aprimoramento acadêmico e a qualificação profissional de pessoas com deficiência para instituições como a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), a Danone e a TOTVS.

O cursinho da Poli também fez parcerias bem sucedidas com a esfera pública, como a prestação de serviços para o Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego, os consórcios sociais da juventude, do Ministério do Trabalho e Emprego, e os programas Capacita Sampa e Bolsa Trabalho-Cursinho, da Prefeitura de São Paulo.”

Assistiremos, a seguir, apresentação de um vídeo institucional do Cursinho da Poli, que resume sua proposta de educação por meio de oficinas culturais, palestras, estudos do ambiente e diversas outras atividades científicas, artísticas e sociais.

 

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- É feita a apresentação de vídeo.

 

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O Sr. Presidente - Vicente Cândido - PT - Agora, passo a palavra às autoridades presentes. O primeiro a fazê-lo é o Sr. José Antônio Gonçalves Leme, gerente regional da Grande São Paulo e Litoral da Funap.

 

O SR. José Antônio Gonçalves Leme - Sr. Deputado, cumprimento os senhores e as senhoras presentes, principalmente os representantes do Cursinho da Poli, que passa a ser um parceiro muito importante em São Paulo, junto com a Funap, dentro do Sistema Prisional Paulista.

Estamos juntos há quase oito anos e, nesse período, presos que cumprem pena em regime semiaberto, em presídios localizados na Grande São Paulo, puderam continuar a estudar e frequentaram as aulas do cursinho. Isso é de uma importância muito grande para esses jovens que cumprem pena e veem, no cursinho, uma oportunidade de sonhar com um horizonte diferente. Voltando à década de 80, os alunos da USP e da Poli também sonharam com um novo horizonte.

Portanto, parabéns pela marca alcançada! Ficamos aqui torcendo. Vamos tentar, de todas as maneiras, contribuir para que nos próximos anos dobremos esse número. (Palmas.)

 

O Sr. Presidente - Vicente Cândido - PT - Passo a palavra ao Sr. Newton Cannito, secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura.

 

O SR. Newton Cannito – Boa-noite! Saúdo o Deputado Vicente Cândido, em nome de quem saúdo todos os parlamentares; o Giba, em nome de quem saúdo todos os professores presentes; os alunos e todas as pessoas que construíram esse projeto maravilhoso.

Para mim, é uma honra estar presente, nesta noite. é um prazer estar num templo público, debatendo e valorizando a Educação. Junto com o Giba, o Henrique, o Gominha, o Renato, ainda na USP, repensamos a ideia do movimento estudantil, o que era politizar o movimento estudantil. Até então, o movimento estudantil sempre pensava que ser politizado era apenas pensar nos grandes temas nacionais e internacionais. Além disso tudo, falamos que o movimento estudantil incluiu na sua pauta a extensão universitária, a ideia de que nós, estudantes da universidade pública, deveríamos atuar na sociedade já durante o curso. Na verdade, é uma revolução de paradigma da ideia de politização e de movimento estudantil que extrapola a assistência. É muito mais do que assistência.

Nunca imaginamos que, ao ensinar uma pessoa supostamente excluída, estaríamos apenas ensinando. Sempre tivemos a clareza de que aquilo era pesquisa, um momento em que aprenderíamos a pensar em soluções para o nosso País junto com as pessoas que não estavam na universidade. Nunca tivemos uma postura paternalista. O cursinho se pautou por isso e, por isso, foi inovador. Ao ensinar, o que seria uma atividade de extensão, o aluno estaria também fazendo pesquisa. É por isso que o cursinho nunca perdeu a qualidade, sempre se preocupou em inovar o material didático e em não cair em paradigmas de Educação, ou seja, “vai ser aprovado agora”. Sempre a compreensão de que a Educação é muito mais ampla. A boa formação é uma formação cidadã. Isso tudo vem da pesquisa universitária.

Fico feliz por ter um cursinho assim, preocupado com a Cultura, que é específica. Naquela época - até hoje dever ser assim; não estou acompanhando muito, os cursinhos eram muito pragmáticos, obcecados pelo resultado de aprovação. O Cursinho da Poli conseguiu aumentar a aprovação ao inserir a Cultura no seu projeto. É muito diferente imaginar que se perderia tempo ao fazer atividades culturais. No entanto, é aquilo que forma a pessoa para ter pensamento crítico, e vai ajudá-la até a passar no Vestibular.

Fico muito feliz de estar como secretário do Audiovisual e podermos pensar em atividades junto com o cursinho. O Ministério da Cultura tem a clareza de que, na verdade, a Educação e a Cultura têm que trabalhar juntas, sempre. Nossa meta é ajudar a Educação, e a Educação irá nos ajudar a trabalharmos juntos e construirmos algo novo.

Parabéns a todos que realizaram o cursinho, os professores, os alunos! Estamos juntos, construindo. Ao ver esse vídeo, isso ficou claro para mim. Estamos construindo um país com mais diversidade, com mais cultura, com pessoas criativas; uma inclusão não apenas para que o cidadão seja um empregado simples, mas para que seja criador, entre no mercado de trabalho, descubra a vocação e se efetive como ser humano. E é isso que esse cursinho está fazendo. Parabéns a todos. é uma honra estar aqui! (Palmas.)

 

O Sr. Presidente - Vicente Cândido - PT - Muito obrigado, Newton. Passo a palavra à Dra. Marilena Moraes Barbosa Funari, assessora jurídica e trabalhista da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

 

A SRA. Marilena Moraes Barbosa Funari - Meus cumprimentos a todos, ao Presidente da Mesa, aos demais convidados, especialmente ao professor Gilberto, aos professores e alunos do cursinho.

Realmente, traz uma emoção muito grande ouvir o depoimento anterior, de alguém que iniciou o trabalho junto com professor Gilberto. Ouvimos que o cursinho realiza um trabalho com muita ênfase à cidadania, e o nosso País está requerendo exatamente isso. Existe uma lacuna muito grande no sentido de que todos os brasileiros não sejam apenas brasileiros, mas cidadãos, e que saibam executar e desenvolver a sua missão em prol dos seus companheiros, do ser humano, do nosso País. Trabalhos, como esse do cursinho, atingiram milhares de alunos.

Temos um depoimento muito importante para dar em relação à menção da parceria que o cursinho fez com a Federação Brasileira de Bancos, trabalhando na inclusão de pessoas com deficiência. Foi uma experiência notável, digna de realce. Alunos foram preparados pelo cursinho, numa elevação curricular para poderem ingressar na universidade. Dos 147 alunos com necessidades especiais que prestaram o Vestibular, todos foram aprovados. E ainda mais, com uma média 40% acima da média básica, portanto, é um exemplo não só de ensino, como também de inclusão.

Parabéns ao professor Gilberto, aos seus professores, especialmente à professora Alessandra que fez um trabalho maravilhoso junto conosco nessa inclusão das pessoas com deficiência. A todos os alunos do cursinho, parabéns! Vocês têm por que se orgulhar! (Palmas.)

 

O Sr. Presidente - Vicente Cândido - PT - Obrigado, Dra. Marilena.  Tenho o prazer de passar a palavra a esse grande batalhador, grande companheiro, que conheço há muitos anos, que tem inúmeros serviços prestados à Educação em São Paulo e no Brasil: professor Gilberto Alvarez Giusepone Júnior.

 

O SR. Gilberto Alvarez Giusepone Júnior - Senhoras e senhores, muito boa-noite! Boa-noite à comunidade Cursinho da Poli. Todos são membros de uma grande família; todos ajudaram na construção desse projeto. Boa noite à Mesa. Agradeço ao Deputado Vicente Cândido: primeiro, por ter tomado a iniciativa desta solenidade; segundo, porque sei pessoalmente do compromisso que o Deputado com a Cultura e a Educação, uma Educação democrática e de qualidade.

Gostaria de cumprimentar a Dra. Marilena, que virou uma grande amiga do Cursinho da Poli, num projeto extremamente difícil que tocamos junto com a Febraban para o atendimento de pessoas com deficiência.

Cumprimento também o nosso querido Newton Cannito. O Newton é um grande parceiro do movimento estudantil. Participou conosco das lutas pela democratização do acesso à universidade. Talvez os alunos que nasceram no final da década de 80, começo da década de 90, não se lembram ou não passaram por um momento histórico como o que passamos: a luta pela democratização do acesso à universidade, principalmente USP, Unicamp e Unesp. O Newton participou, desde o começo da década de 90, desse movimento e ajudou a fazer com que a Universidade de São Paulo encarasse o Cursinho da Poli como um projeto de extensão universitária.

Da mesma forma, cumprimento José Antônio Gonçalves Leme. Fizemos questão de colocar a Funap na Mesa. É importante dizer isso porque, em 2000, a Fundap foi o primeiro convênio estabelecido pelo Cursinho da Poli. Foi um grande desafio. Por meio de uma política de educação inclusiva, acreditamos que era possível atender presos, menores infratores e toda a diversidade que a juventude tem na mesma sala, sem segregação e sem divisão. E fazemos isso até hoje. A Funap está na Mesa porque foi o nosso primeiro convênio. Em nome da Funap, quero parabenizar todos os convênios que vieram depois do ano 2000 e que até hoje faz parte da história do Cursinho. Em nome dos professores, gostaria de agradecer o grande empenho do Professor Roberto Gonçalves Juliano, que alguns o conhecem como Roberto Juliano - e ele fará uma apresentação no final -, e agradecer a nossa intérprete de Libras, Gislaine. Temos no Cursinho intérprete de Libras desde 2003.

Sempre tivemos esforço muito grande de acolher os alunos e fazer com que eles, mesmo com especificidades, pudessem ser acolhidos no curso da Poli para que pudessem sonhar com a universidade.

Vou contar rapidamente um pouco da história do Cursinho, desde a época que começamos na Universidade, e dizer da alegria de conseguirmos, por iniciativa do nobre Deputado Vicente cândido, reunir todo mundo aqui.

Hoje estão aqui presentes os ex-diretores do Cursinho, gente que fez movimento estudantil comigo na Universidade, ex-membros do Grêmio Politécnico do Diretório Central dos Estudantes. É com grande alegria que conseguimos reunir todos aqui.

Podemos falar, até pelo número que vemos que o Cursinho da Poli, com certeza, é hoje o maior projeto de atendimento de juventude do Brasil. Não só por conta do número, que é extremamente representativo, mas por conta da iniciativa que o projeto do Cursinho tem na busca pela quebra de paradigmas, preconceitos, respeito à diversidade e de fazer com que toda comunidade, que hoje se relaciona conosco, pelo cursinho possa ter voz para trazer suas propostas.

O Cursinho surgiu em 87, época extremamente difícil de 80, na redemocratização e 10 anos após a Fuvest ser criada - Fundação Universitária para o Vestibular da Universidade de São Paulo - que os alunos com certeza já ouviram falar muito. A Fuvest faz o vestibular da USP e todos nós sabemos que em São Paulo principalmente tem uma grande distorção. O aluno da Escola Pública tem muita dificuldade de ingressar nas universidades públicas paulistas.

O Cursinho da Poli surgiu por iniciativa do então diretor da Escola Politécnica, Professor Décio Leal de Zagottis, junto com os alunos do Grêmio Politécnico, para tentar mudar essa distorção. O Cursinho foi criado inicialmente para ser de fato apenas um cursinho, mas se tornou um projeto de extensão universitária e, politicamente dentro da Universidade, um projeto para mostrar que é possível fazer com que alunos de baixa renda, de vulnerabilidade social e de escola pública pudessem sonhar com a universidade.

O Cursinho surgiu nos espaços da Escola Politécnica, funcionou dentro da USP até o ano de 96 e, a partir desse ano, a minha história no Cursinho começa junto com vários colegas que aqui estão. Começamos o processo de amadurecimento do Cursinho, processo de autonomia, em busca de fazer com que o aluno saia da Universidade de São Paulo e comece uma vida nova fora dela.

O Cursinho em 96: infelizmente, nessa época não conseguíamos atender todo mundo que queria fazer o Cursinho da Poli. Chegamos a fazer concursos para ingresso no cursinho. Esses concursos tiveram 10 mil pessoas. Temos hoje funcionários do Cursinho que tiveram que prestar essa prova. Infelizmente, o Carlos nessa época não conseguiu ingressar. Tínhamos 600 vagas para 10 mil estudantes, o que era uma distorção. Como um projeto de inclusão para o seu ingresso poderia fazer um vestibulinho? Saímos da Universidade justamente para buscar o atendimento para essas 10 mil pessoas, sempre num projeto que fosse além das simples preparação para o ingresso na universidade, que os nossos alunos pudessem ter uma formação pré-acadêmica, a inclusão no universo da cultura e que pudessem não só ingressar na universidade, mas na universidade que eles pudessem transformar a Universidade Pública de São Paulo, mas muitos dos nossos alunos acabam indo até para outras universidades do Brasil.

Em 98, começamos o nosso processo de expansão. Saímos da universidade com 600 alunos e, em 98, atingimos 850 alunos. Em 98, formou-se o primeiro setor do Cursinho, o Serviço Social, que, em parceria com a PUC de São Paulo e com alguns técnicos do SEAD, com uma tecnologia própria definimos o índice de carência, distribuímos as bolsas do Cursinho por critério socioeconômico e hoje ele acompanha outros projetos do Cursinho, como foi o caso da Febraban. O Serviço Social fez um trabalho para definição dos critérios socioeconômicos dos alunos da Febraban.

Montamos o Serviço Social, a Central de Cultura, a Psicologia do Cursinho e o nosso setor de Vestibulógico. O nosso maior desafio em 2000 foi ter a capacidade instalada para o atendimento de 10 mil alunos. O ano de 2000 foi um marco para o Cursinho. Fomos para Lapa, a nossa primeira grande unidade, e muitos dos alunos estudam lá.

A partir de 2000, o Cursinho consolidou seu projeto pré-universitário. Os setores foram estruturados em sua maioria e tivemos duas marcas importantes: deixamos de fazer os concursos para o ingresso no Cursinho, conseguimos atender todo mundo que queria fazer o Cursinho da Poli e montamos o nosso material didático que reflete tudo aquilo que o Newton Canito resumiu, rapidamente, um projeto que não fosse revisionista, que não se esgotasse apenas na preparação do vestibular, mas um projeto que pudesse cuidar da formação desses alunos. Hoje, com toda certeza, até por conta das atividades que o Cursinho faz, é uma referência piloto até em relação à Escola Pública, ao ensino regular, ao ensino de base.

O Cursinho, a partir de 2000, começou firmemente a apoiar algumas bandeiras de luta da juventude. Nessa época começou-se a discussão sobre a questão das quotas e o Cursinho participou dessa atividade. Hoje, entre as várias entidades que usam o nosso material, uma delas é a Uniafro. O Cursinho participou politicamente do movimento sobre a Lei de Cotas e participou firmemente dos processos de democratização no ingresso à universidade. Falo 2000, porque a partir de 2003 surgiram inclusive outros programas como o ProUni, o sistema unificado e a expansão da Rede de Universidades Federais do Brasil e, portanto, o ingresso hoje na universidade tornou-se mais fácil, tornou-se possível e vários dos nossos alunos estão em universidades.

Vou mostrar um mapa, daqui a pouco, de Universidades no Brasil inteiro. Em 2004, tivemos o nosso primeiro projeto com o Governo. Na época em que a  Marta era Prefeita de São Paulo, recebemos o desafio de fazer um projeto que pudesse mostrar que o acesso ao mundo do trabalho, à qualificação profissional, pudesse, sim, ser feito num projeto como o do Cursinho da Poli, porque o mais importante que a qualificação profissional era a formação desses alunos.

Isso foi um grande marco. Hoje diversas prefeituras têm um projeto parecido com esse. Nada mais era que uma Bolsa Trabalho-Cursinho. O trabalho dos alunos era estudar com a gente num espírito novo, inovador na época, de mostrar que o mais importante que a qualificação profissional era a formação básica, a formação intelectual, a inclusão no universo da cultura.

Em 2005, passamos por um outro desafio bem maior. Fizemos parte, como âncora em São Paulo do Programa Nacional de Primeiro Emprego, num programa chamado Consórcio Social da Juventude e atendemos a seis mil jovens.

A partir de 2005, claramente o Cursinho da Poli fortaleceu-se não só como projeto de acesso à universidade, mas um projeto também de formação dessa juventude para um mundo do trabalho e principalmente uma preocupação muito maior com a educação e com a inclusão no universo da cultura.

Mais recentemente, como a Dra. Maria Helena falou, o nosso último desafio foi mostrar para a Febraban, a Danone e a Totus, três grandes empresas do Brasil que toparam essa iniciativa, que as pessoas com deficiência são como nós, apesar das suas especificidades. Hoje, o Cursinho da Poli apresenta um programa completo para mostrar que, de fato, a inclusão dessas pessoas no mundo do trabalho é possível e elas têm a mesma condição de acesso ao mundo do trabalho que nós temos.

O Cursinho da Poli é, hoje, um projeto de respeito à diversidade - e vocês puderam notar pelo vídeo -, desde o apoio aos movimentos de minoria às grandes campanhas em São Paulo, como, por exemplo, a primeira versão da Parada do Orgulho Gay que ajudamos a construir em São Paulo. Hoje, o Cursinho da Poli faz parte de todas as lutas de juventude, não só em São Paulo como de todo Brasil.  

Vou apresentar, rapidamente, os dados que mostram esses cem mil atendidos. Essa quantidade de alunos atendidos pelo Cursinho até o começo de agosto. O número, obviamente, vem num crescente. A partir de 98, começamos um processo grande de expansão do Cursinho, passamos de 850 alunos para uma capacidade instalada de 10 mil alunos. A partir do ano de 2005, regionalizamos o Cursinho. Montamos a nossa unidade em Santo Amaro - deve ter aluno de Santo amaro aqui -, montamos uma unidade de Itaquera. Hoje, o Cursinho da Poli tem três unidades e atendemos, por ano, por volta de 8.500 alunos, o que dá esse total de 117 mil. E quem são esses 117 mil? Primeiro, no Programa Bolsa Trabalho-Cursinho um projeto de 400 alunos extremamente desafiador. Quando citei o programa, esqueci de falar que, além de mostrar a formação de capaz, de incluir o aluno no mundo do trabalho, o programa sugeria, num resultado de aprovação de 400 alunos nas universidades, conseguir incluir 300 alunos nas principais universidades de São Paulo.

O Consórcio Social da Juventude. Atendemos seis mil alunos em três versões do programa. Os objetivos eu já disse. O programa exigiu uma meta de pessoas empregadas pelo sistema do Ministério do Trabalho. Pessoas empregadas formalmente e com carteira assinada, nós ultrapassamos a meta. A meta era de 30% e chegamos a um resultado de 43 por cento.

O Capacita Sampa foi um projeto da Prefeitura de São Paulo, no ano de 2005. E vale a pena dizer, até para explicar o que significa aprimoramento acadêmico, que o cursinho foi inovador em propor programas dentro dessa política de primeiro emprego que mostram que, antes de o aluno fazer um curso específico, o mais importante é se preocupar com a sua formação. No Capacita nós cuidamos do aprimoramento acadêmico desses alunos, no programa se chamava módulo básico, ou seja, aquilo que é anterior à formação específica para o mundo do trabalho. No consórcio social da juventude nós também fizemos um módulo básico de formação antes dos alunos fazerem os cursos específicos.

Outro desafio do cursinho: o atendimento a pessoas com deficiência.

No caso da Danone fizemos um módulo básico de formação para que esses alunos pudessem ingressar com tranquilidade na Danone e no caso da Totus e Febraban foram programas de elevação da escolaridade.

Pela primeira vez nós, pelo Cursinho da Poli, elevamos a escolaridade desses alunos. Eles entraram com ensino médio incompleto nesses programas e saíram com ensino médio completo. Este era o desafio do Cursinho da Poli nestes dois programas.

Finalmente aquele que é o nosso grande atendimento, o que a gente chama de pré-universitário e aí vem um pequeno balanço de tudo o que a gente fez e do número de pessoas atendidas. Os números são extremamente representativos. Primeiro pela vontade do Cursinho da Poli em atender as pessoas de alta vulnerabilidade social. As bolsas, seja integral ou parcial, são definidas pelo setor de serviço social do cursinho e bancadas pelo projeto. Vinte e nove mil, duzentos e quarenta e seis alunos foram atendidos pelo cursinho; aprovações em universidades chegam à marca de vinte e cinco mil, duzentos e noventa e uma e aqui vem uma coisa importante a se comemorar: o projeto pedagógico pré-universitário, a preocupação com a formação global do aluno - obviamente a formação dá a preparação para o vestibular - mostra que o Cursinho da Poli é de fato um projeto inovador, mostra para São Paulo e para o Brasil que é possível incluir alunos de escola pública nas universidades públicas, nos institutos federais, no sistema Fatec, na PUC e no Mackenzie. Esse número corresponde às aprovações do Cursinho da Poli nessas universidades. Não se conta os alunos aprovados pelo Cursinho da Poli no ProUni, Programa Universidade para Todos. Para fazer uma comparação, a Universidade de São Paulo hoje atende dez mil e novecentos alunos no seu vestibular.

O trabalho que fazemos de orientação acadêmica, mostrar o universo das universidades, os cursos que existem, escolher os cursos não pela renda, isso tem como objetivo mostrar para o aluno que as possibilidades hoje na vida são grandes.

É importante lembrar que no Cursinho da Poli temos alunos que nos procuram desde o primeiro ano do ensino médio, que buscam a possibilidade de ter uma formação que muitas vezes a escola pública não dá. Um outro dado importante é que a cada ano cresce o número de idosos e adultos também. E mais. Cada vez mais procuram o Cursinho da Poli não só para ingressar numa universidade, mas para prestar concurso público, buscam os programas de qualificação técnica ou simplesmente para ter uma formação adequada. Este é um dado extremamente representativo, esta é uma especificidade do Cursinho da Poli. O fato talvez de o projeto ser pré-universitário, algumas características da universidade acabam chegando no Cursinho da Poli .

Hoje temos alunos de outros estados. Esse dado é de 2010, isso muda com o ano. Esses alunos chegam em São Paulo e muitas vezes montam repúblicas - quem é da universidade sabe que muitas vezes república é da natureza da universidade. Hoje, alunos de toda parte do Brasil vêm estudar no Cursinho da Poli. Nesse quadro, vejam a nossa dispersão no Estado de São Paulo. Talvez um dos desafios que a direção do cursinho tenha no futuro seja aproximar as nossas unidades desses pontos do mapa porque hoje atendemos São Paulo apenas na capital. Além do atendimento nacional, o Cursinho da Poli tem uma dispersão no Estado de São Paulo muito grande, pessoas que saem de suas regiões e vêm procurar o Cursinho da Poli. Essa é, na verdade, a nossa natureza e esperamos aumentar esses números.

O cursinho definiu como objetivo do seu projeto o atendimento a alunos da escola pública. Esse é o nosso perfil. Citei a questão das quotas como luta na década de 2000, mas hoje temos uma política de atendimento dos grupos de juventude sempre pelo recorte dos alunos da escola pública. O número de alunos da escola pública no Cursinho da Poli vem aumentando. 

Vejam a nossa renda per capita.

Para quem não tem familiaridade com o termo, renda per capita é a renda da família dividida pelo número de pessoas que moram na residência.

Mais de 75% dos nossos alunos têm renda per capita abaixo de dois salários-mínimos e 40% até um salário-mínimo. Então os nossos alunos têm perfil de ProUni, são alunos que nunca poderiam pagar um reforço escolar num cursinho particular com essa renda e eles buscam no Cursinho da Poli essa oportunidade de estudar e realizar os seus sonhos.

Sistema de ensino.

Como disse, no ano de 2000 montamos o nosso material didático, que nada mais foi do que a representação desse projeto pré-universitário num material próprio, específico e que buscasse a linguagem desses alunos. Isso avançou. O que era apenas material didático virou um sistema de ensino. Hoje nós doamos material para outros cursinhos populares, irmãos muitas vezes do Cursinho da Poli, cursinhos que surgiram na década de 80. Vários cursinhos e escolas particulares aproveitam o nosso projeto pedagógico e são incluídos nessas escolas públicas e particulares.

Hoje, o nosso sistema de ensino está distribuído em todos esses estados que vocês veem: ou têm um cursinho ou recebem material que doamos por acreditarmos no fortalecimento desse movimento ou ele está numa escola, principalmente escola de ensino médio.

Vocês veem aí a dispersão do nosso sistema de ensino no Estado de São Paulo. O curioso é que a dispersão do sistema de ensino é muito próxima da dispersão dos alunos.

Eu fui dar uma palestra em São Roque semana passada - nós temos um projeto lá - e descobri ali uma aluna que fez o Cursinho da Poli na capital. Essa é uma política do cursinho. Nós queremos levar essa Educação de qualidade para perto de onde o aluno reside e trabalha. Essa aluna que encontrei em São Roque deixou de fazer o Cursinho da Poli na capital para participar de um projeto na Cidade de São Roque.

Com certeza faltaram outros pontos, mas procurei resumir um pouco as crenças do Cursinho da Poli: primeiro, a inclusão no universo da cultura.

O Brasil infelizmente tem a mania de dividir Educação de Cultura. Cultura faz parte do processo educativo. Até por saber disso, uma coisa muito forte no cursinho é possibilitar que os alunos tenham acesso a coisas que muito provavelmente nunca viram na vida. Coisas que para nós são óbvias como ir a um teatro, a um cinema, óbvias para alunos de escolas particulares como participar de eventos, estudos do ambiente, não são para os nossos alunos. A maioria dos nossos alunos não conhece uma sala de teatro ou não frequentam um cinema.

A inclusão no universo da cultura é não só a cultura de eventos, a cultura de reprodução de cultura, mas prover cultura, inventar coisas novas, participar de novas políticas e se inserir num universo muito maior daquele dos alunos que chegam no cursinho. Os vários olhares também fazem parte da Educação.

Os senhores perceberam no vídeo a possibilidade dos alunos entrarem em contato pessoalmente com vários intelectuais, com vários olhares, com várias visões de mundo. Isso permite que o aluno tenha uma formação adequada. Parece brincadeira, mas a cada ano que passa isso se torna mais difícil nas escolas: a possibilidade de o aluno enxergar vários mundos para construir o seu e disso fazemos questão na Poli. Não existe uma linha, existem várias linhas. A opção, a formação e a decisão é sempre do nosso educando. O respeito à diversidade, a quebra de preconceitos, a possibilidade de trazer todos os grupos para dentro do cursinho, todos na mesma sala e no mesmo ambiente. Essa é uma crença do Cursinho da Poli e procuramos fazer com que isso vá para outros lugares: a não divisão, não excluir a cultura de paz no ambiente, fazer com que as pessoas diferentes estejam no mesmo espaço que inclusive faz parte da cultura de paz. Não é acabar com os conflitos, mas fazer com que o conflito exista e baseado nele, não na violência, fazer com que esses alunos cresçam e se formem.

A cultura de paz e a solidariedade como projeto transversal.

Desde o primeiro dia de aula procuramos mostrar para o nosso aluno que o vestibular não é uma concorrência, não é uma questão individual. Que é possível, através da ajuda entre as pessoas, a realização de seus sonhos. O espírito de solidariedade no cursinho e a possibilidade de no projeto ter algo em relação à educação para a paz é muito forte e por ser transversal permeia o projeto como um todo.

Defesa da Educação pública de qualidade: o Cursinho da Poli surgiu por conta disso e esta é a nossa crença. O Cursinho da Poli acredita na Educação de qualidade, no respeito à diversidade e principalmente que essa Educação seja de massa e pública. É a bandeira do Cursinho da Poli, é nisso que acreditamos.

Muitas vezes somos chamados de loucos quando falamos que cursinho não deveria existir e a gente reforça isso. A gente acredita que um dia o aluno possa sair do ensino regular com condições de sozinho escolher os caminhos de sua vida sem ter que passar por uma coisa no meio, anterior a tudo isso.

Vou terminar dizendo duas coisas. Primeiro, que faz parte de um evento como esse homenagear a todos. Se eu pudesse colocar todos vocês aqui em cima vocês aqui estariam. Porque, cada um dos que estão aqui - sejam os alunos, sejam as comunidades que atendemos no cursinho, os professores, os ex-diretores do cursinho, os nossos familiares -, todos participaram da construção desse projeto. Quero, então, combinar de mentalmente quebrar os espaços do cursinho e transformar em um espaço só porque, sinceramente, todos aqui merecem ser homenageados pelo cursinho. Por isso peço uma salva de palma para dos nós. (Palmas.)

Outra coisa que eu não poderia deixar de fazer é demonstrar o orgulho que tenho de trabalhar com a equipe hoje presente no Cursinho da Poli. Como são vários os setores, e infelizmente não poderei citar todos, fizemos uma faixa, que está lá fora, com mais de mil nomes, mas quero agradecer pessoalmente a todos os setores que hoje compõem o cursinho. Desde o meu companheiro de diretoria, que é o Fábio Sato, os coordenadores e auxiliares de coordenação, os nossos auxiliares de direção, o departamento administrativo e financeiro, a equipe de professores, os nossos intérpretes de libras, os corretores de redação, o serviço social, a psicologia e o vestibulógico, a comunicação e a nossa assessoria de imprensa, a nossa produção de material, o nosso sistema de ensino, as nossas secretárias e secretários de unidade, a secretária de coordenação de diretoria, os auxiliares de cultura da biblioteca, o pessoal do CTID, os assistentes de coordenação, a equipe de estagiários, a seção de alunos, os auxiliares de ensino, a recepção, a central de relacionamento, a segurança e a portaria, a manutenção, a limpeza, os fornecedores e colaborados, os nossos alunos e ex-alunos, inclusive aqueles que não puderam comparecer. Vou terminar lendo um editorial de 2000 que, acredito, resume toda a minha fala. Quem está nas caminhadas com a gente desde essa época vai lembrar claramente desse editorial: Foi por acreditar que o acesso à universidade pública deve ser mais democrático que os estudantes da Escola Politécnica da USP através do seu grêmio resolveram há 23 anos criar o Cursinho da Poli. Trata-se de repetir o benefício que temos recebido da sociedade como estudantes da USP. Não é dar, mas retribuir; retribuir àqueles cidadãos que ajudam a manter a universidade pública; parte do seu trabalho; não é repartir o pão, nenhuma caridade, mas conceder a alguns cidadãos o conhecimento necessário para a conquista do pão de cada dia. Num país em que os jovens envelhecem do lado de fora das cercas e dos muros da universidade, queremos, primeiro, dividir o direito de sonhar com ela, depois o direito e a responsabilidade de transformá-la. Viva o Cursinho da Poli! (Palmas).

 

O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Muito bem. Parabéns, professor Gilberto.

Registro a presença do Dr.Guilherme, da Dra. Luciana Rangel, assessores jurídicos do Cursinho da Poli; da Joanir, diretora do INED; de Sérgio Aparecido Rodrigues Pereira, coordenador do Ceagesp, do Projeto de Sustentabilidade.

Homenagearemos agora os coordenadores do Cursinho da Poli, os seguintes educadores, por integrarem a equipe há10 anos e representarem todos os colaboradores e professores do Cursinho da Poli sempre com competência, envolvimento e prestatividade, contribuindo para a construção desse projeto coletivo: auxiliar de ensino da unidade da Lapa, Ademar Gomes de Miranda. (Palmas.) Professor da área de Física Bassan Ferdinian. (Pausa.) Auxiliar de ensino da unidade da Lapa, Carlos Eduardo Bueno. (Palmas.) Responsável pelo Departamento de Sistema de Ensino Daniel Carlos Nagano Rizzo. (Palmas.) Professor se autor da área de Biologia, professor Edson Futema. (Palmas). Professor e autora da área de Matemática, Eduardo Izidoro Costa. (Palmas.) Professor e autor da área de História, Elias Feitosa de Amorim Júnior. (Palmas.) Porteiro da unidade da Lapa, George Alex Santa Xavier. (Palmas.) Responsável pelo setor de contas a pagar, Leia Nogueira da Silva. (Palmas.) Responsável pelo setor de produção de material, Luzia Saeko Kanashiro. (Palmas.) Professor da área de Química, Márcio Ferreira de Novaes. (Palmas.) Responsável pela equipe de seguranças e porteiros Norival Francisco de Mendonça Neto. (Palmas.) Responsável pelo departamento de Serviço Social, Patrícia de Meneses Chaves. (Palmas.) Professor e autor da área de Língua Portuguesa, Roberto Gonçalves Juliano. (Palmas.) Professor e autor da área de Química, Rubens Silvério de Faria Filho. (Palmas.)

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Responsável pelo departamento de comunicação, Silas Gomes da Silva.

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT – O cursinho da Poli também homenageia aqueles que tiveram um papel importante para a construção dessa história.

Professor Décio Leal de Zagottis, diretor da escola Politécnica da USP em 1987, recebe homenagem póstuma por seu empenho na criação do cursinho da Poli. O Giba vai receber a homenagem em seu nome.

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Representando os funcionários da Universidade de São Paulo, em especial da Escola Politécnica, que deram fundamental apoio às atividades do cursinho da Poli entre 1987 e 1989, período durante o qual as aulas eram realizadas nas dependências da universidade, vamos homenagear Toni Ricardo Manso Viana.

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Ex-dirigente do grêmio da Escola Politécnica, contribuiu no processo de estruturação do Cursinho da Poli após a saída da universidade, vamos homenagear Henrique Lauriano Alfonsi.

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Coordenador geral entre 1996 e 2004, foi um dos responsáveis pelo processo de reestruturação do Cursinho da Poli, deu início ao atual projeto didático-pedagógico, idealizou a produção de material didático próprio, André Luiz Miranda leite.. Por motivos particulares não pode estar presente, mas a homenagem será recebida pelo professor Gilberto.

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Aluno em 1996, propôs a criação e cuidou da programação do cineclube em seus primeiros anos de funcionamento. Ponto de partida para as inúmeras atividades culturais que são promovidas pelo Cursinho da Poli até hoje. Vamos homenagear Antonio Gomes Fernandes Rodrigues, o Nico.

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Foi aluno e com dedicação integrou por muitos anos a equipe de colaboradores do Cursinho da Poli, vamos homenagear Wilson de Jesus.

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Web, no Portal da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, e será exibida na íntegra pela TV Assembleia nesse sábado, dia 28, às 21 horas e 20 minutos, logo após o horário eleitoral gratuito.

Diretor entre 2000 e 2006, foi um dos responsáveis pelo processo de expansão do Cursinho da Poli, vamos homenagear Renato dos Santos Rodrigues.

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Participou da construção do modelo de avaliação socioeconômica em parceria com a Faculdade de Serviço Social da PUC - São Paulo, e com técnicos da Fundação Seade. Instituiu e coordenou o Departamento de serviço social do cursinho, responsável pelo programa de bolsas e pelo conveio com entidades sociais. Vamos homenagear Mônica Odorizzi.

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Agora vamos homenagear a Fundação “Professor Dr. Manoel Pedro Pimentel” de Amparo ao Preso - Funap, primeira instituição a firmar um convenio com o Cursinho da Poli e a dar oportunidade de estudos a detentos em regime semiaberto e egressos do sistema penitenciário, sendo uma peça fundamental para a reintegração dessas pessoas à sociedade. Recebe a placa o Sr. José Antonio Gonçalves Leme.

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Professor da rede pública de ensino matriculou-se no Cursinho da Poli para estudar junto com seus alunos e incentiva-los na busca por uma vaga no ensino superior. Vamos homenagear Maurício Vaz de Oliveira.

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Integrou a direção do cursinho, foi um dos responsáveis pelo processo de reestruturação do Cursinho da Poli. Vamos homenagear Marcelo Khedi Gomes Rodrigues.

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Recebe homenagem póstuma o professor Caio Marcelo Machado por seu importante papel na coordenação e implementação na área de tecnologia da informação do Cursinho da Poli. Recebem a placa sua mãe, Maria José da Silva Machado e seu irmão Gustavo Machado.

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Recebe a homenagem o professor, companheiro e amigo Gilberto Alvarez Giusepone Junior, diretor-geral do Cursinho da Poli.

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Recebe a homenagem o Sr. Fábio Sato, diretor administrativo-financeiro do Cursinho da Poli.

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Quero dizer ao Giba, nosso companheiro e amigo, demais diretores e participantes que contribuíram com a Educação brasileira da minha alegria de poder conviver com tanta energia e com tanta dedicação à construção da cidadania brasileira aqui no plenário desta Casa.

É sempre muito honroso para esta Casa, na verdade, não homenagear, mas se sentir homenageada com tanta gente importante, com tantos ideais nessa noite. Oxalá cada político que tenha mandato no Brasil, que tenha função administrativa, dedicasse uma parte do seu dia a dia à educação brasileira.

Espero que esta noite fique registrada para sempre nos Anais desta Casa e sirva de exemplo para todos aqueles dirigentes públicos e privados que trabalham com a Educação, que procurem colocar cada vez mais na pauta dos seus afazeres um pouquinho de preocupação com a Educação brasileira.

Nesses anos todos, o Cursinho da Poli foi um subterfúgio, um desaguadouro de toda a pressão social daqueles que sonharam o tempo interiro para entrar na universidade.

Sou da geração de 50 anos, e quando nos anos 80 tentei passar numa faculdade privada, cara no Brasil, era uma glória para um jovem ser classificado no vestibular.

O Brasil está mudando. Vocês fazem parte dessa história. O ProUni é um exemplo, a partir desses ensinamentos, e hoje temos a satisfação de não só fazer essa homenagem, mas de registrar que neste ano o ProUni vai formar quatro mil jovens médicos negros. Tenho 50 anos de idade e conheço apenas um médico negro. Isso tem sido questionado em várias plenárias e reuniões que tenho feito por São Paulo, e daí a podemos registrar a grande exclusão social no Brasil. E para combater essa exclusão, para que construamos uma sociedade cada vez mais igual, a primeira porta é a Educação; não tem outro jeito.

Estamos num momento importante das nossas vidas. Essa geração tem hoje a satisfação de fazer uma eleição, pela primeira vez na história do Brasil, num ano sem crise; não tem o efeito dólar, não tem o efeito Lula, não tem o efeito Dilma, não tem o efeito Serra, a economia está funcionando, os empregos estão sendo gerados, os juros estão controlados, a inflação está controlada, a democracia está funcionando, há liberdade de imprensa como nunca houve no Brasil. Então, isso vai permitir que os candidatos possam debater projetos para o Brasil.

Anos atrás, nas últimas eleições, os candidatos elegiam como primeira, segunda e terceira prioridade, matar a fome do povo, gerar emprego e gerar emprego. Espero que nessas eleições os candidatos elejam nas suas três primeiras prioridades a Educação.

Se quisermos ser um Brasil potência, não só da pujança econômica, mas, sobretudo da cidadania, para não sermos um “elefante de pé de barro”, temos que investir muito mais ainda na Educação. Esperamos que nessas eleições que renovam o quadro político brasileiro, com essa missão e com esse debate monopolizando as eleições do Brasil, possamos nos próximos anos viver, realmente, o Brasil dos nossos sonhos, da igualdade social.

Parabéns a todos os diretores, parabéns a todos os funcionários, parabéns a todos aqueles que apostaram nesse projeto; que sirva de exemplo para todo povo brasileiro. Parabéns Gilberto e todos os homenageados.

Concedo a palavra ao Sr. Roberto Juliano

 

O SR. ROBERTO JULIANO GONÇALVES - Saúdo as autoridades aqui presentes. Deputado Vicente Cândido, V. Exa. nos honrou sobremaneira com esta homenagem ao Cursinho da Política, às autoridade do Cursinho da Política - Giba, Sá, Alexandra -; o trabalho que vem sendo desenvolvido é digno de louvor. Saúdo aos colegas professores, minha família, minha mulher, minha filha, minha netinha Luana e aos meus queridos alunos. Serei breve; prometo.     

Neste momento passo a ler o seguinte:

Há uma força no ar

E é leve, solta, livre, ligeira...

Intangível sopro de energia que a tudo perpassa,

Penetra, molda...

Não é de guerra essa clareza tão guerreira:

Mas de luta.

É mais suave,

Mas é força

Uma corredeira de vontades, sonhos, sensações

Que a vida, por instantes, marca

Indelevelmente.

 

Quem dirá das histórias que vivemos?

E dos rostos que já vimos,

Acompanhamos... quantos deles reveremos?

Onde mais meu ser está?  Aquela parte que sempre procurei do ar,

Doar...

 

Não falo aqui de coisas que não vejo

Falo dos sentimentos que, a meu pesar, insistem, ficam,

Enquanto a força que os faz nascer

Se mostra rio

E corre,

Inapelavelmente,

Para o mar:

Ser maior é seu destino.

 

Nossas paredes guardam, ainda, os sons das cantarias,

Os gritos, o choro...

Brinquedos...

De um lado, professorando, vozes mais experientes...

Do mesmo lado, desabrochando, olhos e ouvidos

Enormes,

E pela frente alguns vazios

Por preencher.

 

Por que faltam palavras para dizer o que significa estar aqui?

 

Há uma força no ar.

E é leve, solta, livre, ligeira...

Há uma força jovem e feiticeira,

Sobremaneira sedutora,

Amorosa e bela,

Com brilhos fortes no olhar.

 

Certa vez, um anúncio:

Professor de cursinho,

Cursinho da Poli,

Avenida Ermano Marchetti.

 

Eu trabalhava nesta Casa e era assessor especial parlamentar. Chefiava um gabinete e tive a honra de organizar o primeiro Parlamento Jovem da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, de pé e vitorioso até hoje. Na entrevista eu ouvi:

"Não queremos o show gratuito,

Mas a aula cidadã,

A conscientização do homem,

O desenvolvimento do espírito crítico...

Nosso objetivo são as Universidades públicas.

Que bom que você vem de lá."

 

"E eles conseguem, viu,

Esses alunos são especiais..."

 

Corria o ano 2000.

Correu quase todo o mês de março.  As aulas não começavam.  Obras, acertos, obras, obras...

27 de março.

Quase 2000 alunos em um só prédio,

Precauções exageradas,

Uma reunião primeira,

Um novo prédio,

A reforma finalmente conclusa.

Um primeiro sonho realizado.

Um jovem discursa.

Discursaria.

Esse jovem chora inconsolavelmente.

Tinha sido demais, para ele, a distensão,

Caminhando, e cantando e seguindo...

 

2001

8000 alunos:

O sonho dá passos imensos,

Perigosos,

Só a juventude pode explicar tamanho arrojo,

A juventude e os cabelos azuis... do André.

 

Um surto de pânico em todas as instituições comerciais.

O Cursinho da Poli está forte demais.

Disciplina o mercado, derruba os preços,

Desafia as potências.

 

Miasmas...

Paga os preços todos da sua mocidade.

 

Recua,

Lambe as feridas,

O choro de dois anos antes cede lugar à determinação, o sonho renasce,

Mas o arrojo vê nascer a prudência,

O sonho tão alto põe no chão o pé e

Do voo

- Sentindo as distâncias, garantindo equilíbrio –

­Arriscando tudo.

Reinventa-se no heroismo: vamos continuar.

 

A Fênix voa, voa alto, sobrevoa e vê, com a certeza de que faz história,

Sua obra civilizadora:

Graças à sua atuação guerrilheira,

Mudaram-se os parâmetros de todas as instituições similares.

Mudaram os preços antes cobrados,

Esse invisível e discriminatório cordão de isolamento,

A exorbitância cedeu diante da concorrência destemida que só a juventude desassombrada tem condições de alcançar, mas não precisaria.

 

Há uma força no ar.

E é leve, solta, livre, ligeira...

Intangível sopro de energia que a tudo perpassa,

Penetra, molda...

Não é de guerra essa clareza tão guerreira,

Mas de luta.

É mais suave,

Mas é força.

Uma corredeira de vontades, sonhos, sensações

Que a vida, por instantes, marca

Indelevelmente.

 

Existe alguma coisa aqui

Que em outro lugar não há.

Essa coisa é que é linda

E que nos faz ficar. , Tento explicar, tento entender...

 

O Cursinho da Poli não são as paredes,

As matérias fluidas que o fazem funcionar;

Não são as paredes, o piso, o teto,

Tampouco carteiras e lousas.

O Cursinho da Poli não se resume no que possa ser elencado, tombado,

Não se restringe

Aos recursos físicos,

Materiais, nem mesmo humanos...

 

O Cursinho da Poli não são os professores

Devotados, idealistas, qualificados – ­nem são os diretores – ousados,

Coordenadores,

Dedicados.

Funcionários administrativos

Empenhados.

 

Seriam os alunos?

Mas essa vocação oceânica se renova ano após ano.

Têm coisas mais urgentes,

Outras lutas pra lutar

Embora,

Vez em sempre,

-Como vai, professor?  Eu vim te visitar e sou plural, a semente que

te ouviu e germina, 100.000 histórias, 100.000 esperanças

Espalhadas, a voar...

- Voa, então!  Voa, por entre os picos mais altos dos Andes, como o condor,

E mais tarde traz pra mim, de novo, esse olhar

- que enxerga longe -

E me diz se vale a pena

- já que a alma insiste –

 ­Continuar...

 

Há uma força no ar.

E é leve, solta, livre, ligeira...

Há uma força jovem e feiticeira,

Sobremaneira sedutora,

Amorosa e bela,

Com brilhos fortes no olhar.

 

O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Parabéns, professor Roberto Juliano. Esgotado o objeto da presente Sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades, aos funcionários desta Casa e àqueles que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade e convida a todos para um coquetel no Hall Monumental.

Está encerrada a Sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 22 horas e 31 minutos.

 

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