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19 DE SETEMBRO DE 2011

038ª SESSÃO SOLENE EM "Homenagem à Sociedade Madrigal Ars Viva pelo Quinquagésimo Aniversário".

 

Presidente: TELMA DE SOUZA

 

|RESUMO

001 - TELMA DE SOUZA

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Informa que o Presidente Barros Munhoz convocara a presente sessão solene, a requerimento da Deputada Telma de Souza, na direção dos trabalhos, para "Homenagear a Sociedade Madrigal Ars Viva pelo Quinquagésimo Aniversário". Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Dá conhecimento da íntegra de mensagens alusivas à efeméride.

 

002 - MARIA LÚCIA PRANDI

Ex-Deputada Estadual, parabeniza a iniciativa. Enaltece o seu reconhecimento e admiração pelo Madrigal. Recorda que a fundação do grupo se deu na era JK, quando o "Brasil fervilhava". Lembra sua amizade com a Deputada Telma de Souza, quando estudantes do Colégio Canadá. Destaca o "laboratório sonoro" do Madrigal, com músicas que vão da época medieval ao contemporâneo. Cita as dificuldades e as lutas do grupo, bem como sua altivez, competência e talento.

 

003 - Presidente TELMA DE SOUZA

Informa que esta sessão solene seria transmitida pela TV Assembleia, oportunamente.

 

004 - ROBERTO MARTINS

Maestro, regente do Ars Viva, lembra o trabalho desenvolvido com a Deputada Telma de Souza, quando ambos trabalharam na Secretaria Municipal de Cultura de Santos. Agradece a amizade e a generosidade dos componentes do grupo. Recorda que assumira a regência do grupo, após a morte do fundador Klaus Dietter-Wolff, fato que mudou a sua vida. Destaca a dedicação e as particularidades do trabalho minucioso do grupo. Questiona a "ideologia do sucesso", incentivada pela mídia. Ressalta a preocupação artística do grupo, aliada às dificuldades de manutenção e sobrevivência financeira de seus membros.

 

005 - Presidente TELMA DE SOUZA

Anuncia apresentação do Coral Ars Viva, acompanhado dos Amigos do Coral Municipal de Santos e da organista Sonia Domenighi.

 

006 - ROBERTO MARTINS

Maestro, dá conhecimento de histórico de compositor, bem como da obra ora apresentada.

 

007 - Presidente TELMA DE SOUZA

Presta homenagem, com entrega de flores, à Sra. Eliane Mendes, esposa do maestro Gilberto Mendes, fundador do Ars Viva e do Festival Música Nova.

 

008 - REINALDO LOPES MARTINS

Vereador da Câmara Municipal de Santos, ressalta a importância desta solenidade. Recorda a cultura cosmopolita de São Paulo. Elogia o trabalho do Ars Viva pelo repertório que vai do tradicional à vanguarda.

 

009 - Presidente TELMA DE SOUZA

Anuncia homenagens, com entrega de flores, às Sras.: Margarida Maria Alvarez Lopes Zanelato, coralista com mais tempo de atuação no Ars Viva; Esmeralda Quaresma, representante do Coral Municipal de Santos, pela participação neste evento; e à organista Sônia Domenighi, por sua apresentação. Presta homenagem, com a entrega de placa comemorativa, ao Maestro Roberto Martins.

 

010 - ROBERTO MARTINS

Maestro, dá conhecimento da citação da honraria.

 

011 - Presidente TELMA DE SOUZA

Argumenta que a música leva ao refinamento da alma e nos transporta para outra dimensão. Questiona as veleidades modernas, que não dão espaço à música erudita. Recorda seu trabalho político em Santos. Elogia o maestro, por sua dedicação e persistência. Louva os músicos Klaus e Gilberto Mendes, fundadores do Ars Viva, que tem 40 componentes "caiçaras". Informa que o grupo faz apresentações nacionais e internacionais. Cita medalhas e premiações recebidas, especialmente neste jubileu de ouro. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Telma de Souza.

 

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A SRA. PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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A SRA. PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Boa noite a todos. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Nos termos regimentais, esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Para compor a Mesa, chamo a representante do Maestro Gilberto Mendes, Sra. Telma Simões, Fundador do Madrigal Ars Viva e do Festival Música Nova. (Palmas.) Sr. Vereador da Cidade de Santos, do Partido dos Trabalhadores, Reinaldo Lopes Martins. (Palmas.) Atual e sempre presente maestro, que coordena as atividades do Ars Viva, nosso amigo Maestro Roberto Martins. (Palmas.) E também para compor a nossa Mesa, a honra de receber entre nós, a sempre Deputada Estadual Maria Lúcia Prandi. (Palmas.) Quero declinar também a presença entre nós, das seguintes chamadas autoridades: Margarida Maria Alvarez Lopes Zenelato, que é coralista com mais tempo do Ars Viva, para quem eu peço uma salva de palmas. (Palmas.) A Sra. Sônia Domenighi, que nos representa ao órgão. (Palmas.) O Sr. Professor Pablo Wanderley de Jesus, representando a APEOSP - Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, da Baixada Santista. (Palmas.) E representando o Deputado Antônio Salim Curiati, o Sr. Hamilton Prado Alves, seu assessor. (Palmas.)

Quero declinar também, os seguintes termos de cumprimento ao Madrigal Ars Viva e a esta sessão solene. Primeiro do Deputado Estadual Enio Tatto, que é o líder do Partido dos Trabalhadores nesta Casa, com os seguintes dizeres: “Com alegria, recebi o convite da sessão solene, com a finalidade de homenagear a Sociedade Madrigal Ars Viva, pelo 50º aniversário. Venho parabenizar a sociedade pelo lindo trabalho que vem prestando à arte brasileira durante 50 anos de existência, levando a música para todo país e mundo afora e a iniciativa da nobre Deputada em homenagear a sociedade. Coloco-me à disposição na Assembleia Legislativa. Deputado Enio Tatto”.

Agora, o Deputado Estevam Galvão de Oliveira, líder do DEM. “Recebi e agradeço o envio do convite para a Sessão Solene, com a finalidade de homenagear a Sociedade Madrigal Ars Viva pelo quinquagésimo aniversário, por solicitação de Vossa Excelência.

É uma Sociedade que surgiu pela necessidade que tinha o Movimento Música Nova, voltada para a música de vanguarda, que permitia inovar, um verdadeiro laboratório para criação e recriação da Música Contemporânea Brasileira e Mundial.

Parabenizando-a pela meritória iniciativa, associo-me à justeza da homenagem, subscrevendo o presente com reitera estima e distinta consideração. Atenciosamente, Líder do Democratas, Deputado Estevam Galvão de Oliveira”.

Agora, o Deputado Milton Vieira, com os seguintes dizeres: “Acuso o recebimento do convite para a Sessão Solene Sociedade Madrigal Ars Viva pelo quinquagésimo aniversário. Impossibilitado de comparecer, em decorrência de compromissos inadiáveis e anteriormente agendados, externo os meus votos de sucesso e êxito a esta Sessão Solene. Atenciosamente, Deputado Milton Vieira.”

Agora a Academia Santista de Letras, na pessoa da sua Presidente Maria Araújo, nos manda o seguinte cumprimento: “A Presidente da Academia Santista de Letras sente-se honrada com o convite para a Sessão Solene na Assembleia Legislativa, em homenagem à Sociedade Madrigal Ars Viva, no dia 19, mas infelizmente, compromissos assumidos anteriormente impedem o nosso comparecimento. Agradecendo pelo convite, desejo pleno êxito ao evento. Atenciosamente Maria Araújo. Presidente da Academia Santista de Letras”.

O próximo cumprimento é do Professor Mestre Edson da Silva, Diretor da UNIP, com os seguintes dizeres: “Sirvo-me da presente, para acusar o recebimento da correspondência referente à Sessão Solene, para homenagear a Sociedade Madrigal Ars Viva pelo quinquagésimo aniversário, realizada no dia 19 de setembro de 2011.

Gostaria imensamente de prestigiá-lo. Porém, como havia firmado compromissos anteriores, não será possível estar presente nesse evento. Aproveito o ensejo para proferir grande sucesso e reiterar os meus elevados protestos de estima e consideração. Professor Mestre Edson da Silva Monteiro, Diretor da UNIP”.

E finalmente, por ordem do Magnífico Reitor da Universidade Federal de São Paulo, Dr. Walter Manna Albertoni: “Agradeço o convite para a Sessão Solene, que homenageará a Sociedade Madrigal Ars Viva, e comunico a impossibilidade de comparecimento, devido a compromissos pré-agendados para esta data. Assina pelo Magnífico Reitor, a Sra. Flávia Patrícia Pinto, Secretária Executiva da Reitoria da Unifesp”.

Mandado ao Exmo. Deputado Barros Munhoz, Presidente desta Casa, a seguinte questão: “Viemos por meio desta, informar que, infelizmente, por compromissos já anteriormente assumidos, a Sra. Lu Alckmin estará impossibilitada de participar da Sessão Homenagem a Sociedade Madrigal Ars Viva pelo quinquagésimo aniversário, a ser realizada no próximo dia 19 de setembro de 2011.

Desejamos sucesso no referido evento e colocamo-nos à disposição para outras oportunidades. Gabinete da Primeira Dama do Estado”.

Isso colocado, os Srs. vão ter que me dar um tempo, porque não é todo dia que eu presido uma Sessão Solene dessa monta, e talvez a Deputada Maria Lúcia Prandi tenha mais experiência do que eu, mas eu chego lá.

Sras. Deputadas e Srs. Deputados, minhas Sras. e meus Srs., essa Sessão Solene foi convocada pelo Presidente efetivo da Casa, Deputado Barros Munhoz, atendendo solicitação desta Deputada, com a finalidade de homenagear a Sociedade Madrigal Ars Viva, pelo seu quinquagésimo aniversário. Convido neste momento todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do Subtenente músico PM Aguiar.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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A SRA. PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Tem a palavra a Sra. Maria Lúcia Prandi.

 

A SRA. MARIA LÚCIA PRANDI - Boa noite, Exma. Sra. Presidente desta Sessão Solene, nobre Deputada Telma de Souza. Como ex-Deputada, tenho que seguir o Regimento. Sras. Deputadas e Srs. Deputados, nobre Vereador Reinaldo Martins, querida Telma de Souza, já nominada, Professora, querida também Telma Simões, e muito especial e carinhosamente o Maestro Roberto Martins.

Primeiramente, quero parabenizar a Deputada Telma de Souza por essa homenagem, mais do que merecida homenagem ao Madrigal Ars Viva. Esta Casa de Leis é o maior Parlamento Estadual do Brasil, e Deputada Telma, realmente, o Madrigal Ars Viva merece, não só homenagem, reconhecimento, admiração.

Queria dizer que nos anos 60, exatamente no ano 1961, quando o Brasil fervilhava naquela pujança democrática do Governo Juscelino Kubitscheck, a Telma e eu no Colégio Canadá, já no Ensino Médio. O Brasil vivia um momento muito especial, é como se tivesse se redescobrindo e se abrindo para novas experiências, para o mundo.

É nesse contexto fantástico que surge o Ars Viva, impossível deixar de citar o Gilberto Mendes e outros com toda a sua, mais do que inovação, com aquilo que está além do momento em que se vive, a chamada música nova. E o que me encanta no Ars Viva é esse verdadeiro laboratório sonoro, que se faz permanentemente, de composições da época medieval, de autores desconhecidos, passando brilhantemente pela música renascentista e chegando ao moderno, ao pós-moderno, ao contemporâneo. Poucas são as experiências de um grupo musical neste país, que tem a vida, até então de meio século, e que esperamos que tenha muito mais tempo na sua persistência, no seu talento.

Fico feliz de ver muitas amigas e amigos aqui. Quero também, homenagear a todos, na pessoa da Margarida. Vejo novos integrantes, muitos professores e professoras queridas e queridos, ex-alunos. Então, é com imensa emoção que quero dizer, Deputada Telma, que por mais que possamos fazer, e V.Exa. o faz de maneira brilhante essa homenagem, nunca conseguiremos expressar mais do que o reconhecimento, a nossa gratidão, o nosso entusiasmo pelo Madrigal Ars Viva.

Sabemos e conhecemos as dificuldades sempre enfrentadas a cada apresentação fora da cidade, a luta, não é Maurílio. Para o transporte, quando se apresentam, como fizeram na Argentina, também as grandes dificuldades que enfrentam. Mas não se dobram, não se institucionalizam naquela maneira da dependência do poder público, com altivez, com competência, mas acima de tudo, com talento, continuam e cada vez de maneira mais bela apresentando o trabalho.

Para encerrar, Deputada Telma, quero dizer que é difícil falar para amigos e amigas e, principalmente, é difícil falar, Roberto. E na sua pessoa, quero estender a todos os que estão, os que já pertenceram ao coral e já se foram, como a Maria Rosa e tantos outros, dizer apenas que, especialmente a mim, que não recebi de Deus ou da genética, nenhum talento especial para a arte. É com imensa gratidão, que ouvimos, acompanhamos e torcemos por vocês, e tem acima de tudo, a convicção de que fazem a verdadeira arte. Ouvi recentemente, não sei de quem, que na verdade a arte é a razão da vida, e cabe a mim, especialmente, que não tenho talento artístico nenhum, o prazer de ouvi-los e acima de tudo, a honra de compartilhar a amizade de muitos. Muito obrigada. Parabéns. Mais uma vez, parabéns Deputada Telma. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Obrigada, Deputada Maria Lúcia Prandi, pelas palavras tão generosas para o Ars Viva e também para a minha pessoa, muitíssimo obrigada.

Antes do Maestro Roberto Martins usar a palavra, quero comunicar aos presentes que essa Sessão Solene será transmitida pela TV Assembleia no próximo sábado, dia 24 de setembro, às 21 horas, pela NET Canal 13 e pela TVA, canal 66. Em Santos, canal 9 e pela TVA, Canal 66.

 

O SR. ROBERTO MARTINS - A minha linguagem realmente é a música, então, peço a generosidade de todos, de me dispensarem das formalidades, das apresentações, e ir diretamente naquilo que estou pensando em dizer neste momento. Para mim é difícil também agradecer os amigos. Telma, tantos anos trabalhando juntos na Prefeitura Municipal de Santos, Secretaria de Cultura na criação do Coral Municipal. Aproveitando essa oportunidade, quero agradecer a generosidade do Coral Municipal de Santos, por ter vindo se juntar com a Madrigal Ars Viva, para apresentar essa obra, que requer um efetivo maior. (Palmas.)

Também é raro juntar dois conjuntos, principalmente da mesma cidade. Muita ciumeira; vocês sabem que artistas têm essas coisas. Faço dois trabalhos junto com o Coral Municipal de Santos e o Madrigal Ars Viva. Seria muito difícil resumir as coisas do Madrigal Ars Viva.

Apenas dizer, não sei se o destino me pegou pela perna, se me puxou ou se me tomou pelo braço naquele momento exato, em que falecia o meu mestre, o maestro Claus Iterfolf, fundador, junto com o Gilberto Mendes e outros do Madrigal Ars Viva. Foi algo que mudou completamente a minha vida, talvez tivesse lá no momento certo, fosse a pessoa certa para aquele momento e o final de uma vida, de um tipo de ação artística, que vai lentamente morrendo com o tempo. Que é a dedicação a um trabalho tão minucioso, tão difícil às vezes, do Madrigal Ars Viva. Que as pessoas de uns anos para cá, com a mudança de mentalidade, etc., dificilmente o farão.

Então, às vezes, eu sinto essa nostalgia, de como será a continuação desse trabalho minucioso que fazemos no Madrigal Ars Viva. As pessoas não têm mais paciência para fazer isso, elas estão buscando o pão nosso de cada dia, que é muito difícil. Todo mundo que canta, quer ganhar dinheiro, quer cantar em casamento, quer cantar em festa, etc. e tal. Vocês não imaginam como é difícil manter um trabalho, do tipo do Madrigal Ars Viva, nos tempos de hoje. Mas na verdade, sempre foi difícil, como foi dito aqui. Foi difícil porque a ideologia do sucesso passa longe de nós, e a ideologia do sucesso está mais presente do que nunca. Mas ela era assim faz tempo, nasceu com todas as mídias, isso foi crescendo até atingir essa coisa, que não sei definir exatamente, mas que todos nós sentimos; que é essa coisa da tal ideologia do sucesso.

Mas sinto-me feliz de receber essa homenagem, de falar em nome do Madrigal Ars Viva, principalmente da minha amiga, Telma de Souza. Que sempre nos acompanhou muito tempo, já nem sei dizer tantas coisas boas que nós fizemos naquela Secretaria de Cultura, com o Secretário Reinaldo Martins. Estamos lembrando alguma coisa, foi um período quase heróico, eu diria, comparado com hoje em dia, as coisas que fizemos e que olhamos para trás e dizemos “puxa vida, fizemos alguma coisa importante”. Uma delas, como eu disse, foi instalar o Coral Municipal de Santos, que até hoje esperamos que com o tempo e as circunstâncias, a gente definitivamente resolva todas as questões relativas ao Coral Municipal de Santos.

Madrigal Ars Viva, eu é que tenho que agradecer, porque toda essa coisa, somos cantores, se não tivessem os cantores, se não tivessem pessoas que se dispunham a fazer isso, nada teria acontecido, o apoio, a disponibilidade e o carinho de vocês também. Vocês não me declararam amor diretamente, mas sei que vocês têm um carinho por mim e isso é importantíssimo para aguentarmos as coisas e ir adiante. Muito obrigado, principalmente a Deputada Telma. Agradeço a Telma, por essa homenagem nesta Casa. É a primeira vez que estou nesta Casa, já tivemos lá em Santos, na Câmara; e nesta Casa acho que é a primeira vez. Tão bonito, tão agradável, tão importante essas coisas todas para nós. Obrigado a todos. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Na verdade, essa cadeira onde estou, tem vida própria e se eu não me cuidar, caio no chão. Então, tenho que ir devagar, porque estou aprendendo os trâmites do meu iniciado na Presidência da Casa.

Agora vamos assistir a apresentação do Coral Ars Viva, acompanhados dos amigos do Coral Municipal de Santos, da Prefeitura de Santos e também da Organista Sônia Domenighi. Serão apresentados trechos do Tedel, de Luis Álvares Pinto, compositor pernambucano do século XVIII.

 

O SR. ROBERTO MARTINS - É só uma palavrinha sobre essa obra, esse compositor Luis Álvares Pinto, compositor pernambucano do século XVIII, ele faleceu antes de Mozart. Portanto, a música dele é uma música entre Mozart e Vivaldi, assim uma mistura de clássico, pré-clássico e Barroco. Um compositor do grupo de compositores negros, quase todos compositores dessa época eram negros, inclusive esse pernambucano.

Uma obra que foi encontrada, talvez a obra mais antiga do Coral da Música Brasileira. São pequenos trechos, a obra toda é entremeada com o canto Gregoriano, vamos apresentar apenas, vai ter uma duração de 12 a 15 minutos a obra, o total que vamos apresentar, no original se fôssemos fazer todo, cada trecho seria precedido de uma entoação de Canto Gregoriano.

Outra coisa interessante é sobre o Tedel, que é uma música apresentada, geralmente, em ocasiões festivas, finais de grandes vitórias. Embora certa parte seja melancólica, ela tem a intenção de ser uma música de agradecimento e, tradicionalmente, é atribuído a Santo Agostinho. Que, num rasgo de entusiasmo, pela sua decisão final de pertencer à igreja, de se converter ao Cristianismo, num rompante, ele disse esse texto de improviso e depois escreveu esse texto de agradecimento, quando foi batizado por Santo Ambrósio. Muito interessante, esse texto é anterior à Idade Média, final de um período, começo da Idade Média. O texto é do Tedel, e essa música do Luis Alvares Pinto, compositor brasileiro, no final do século XVIII.

 

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- É feita a apresentação musical do Coral Ars Viva.

 

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A SRA. PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Acabou, Maestro. Que pena!

Enquanto o Maestro se aproxima novamente de seu lugar, nossa próxima atividade é uma homenagem, com entrega de flores à Sra. Telma Simões, que representa a Sra. Eliane Mendes, esposa do Maestro Gilberto Mendes, Fundador do Ars Viva e do Festival Música Nova. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Agora ouviremos as palavras do nosso vereador da Cidade de Santos, Sr. Reinaldo Martins. E como disse já o Maestro Roberto Martins, não são parentes. Ele foi o nosso Secretário de Cultura à época em que fundamos o nosso Coral Municipal, que veio depois o Ars Viva, mas colado à ideia nessa representação fantástica do som que o Ars Viva representava. E os corais nas escolas, que o queridíssimo Roberto Martins dirigia sob a batuta do Secretário Reinaldo Martins, por favor.

 

O SR. REINALDO LOPES MARTINS - Exa. Sra. Deputada Telma de Souza, Exa. Sra. Maria Lúcia Prandi, Sra. Telma Simões, Ilustríssimo, brilhantíssimo maestro Roberto Martins, minhas Sras. e meus Srs., boa noite.

Uma vez no Teatro Municipal de Santos, quando nós reativamos o quarteto Martins Fontes, foi uma apresentação magnífica e ao final dela, subi ao palco para falar alguma coisa e logo ouvi de alguém, que eu tinha quebrado o clima. Portanto, depois de ouvir o Ars Viva aqui, falar agora é mais uma vez quebrar o clima e, portanto, quero ser extremamente sintético na minha fala, mas quero mencionar a importância da homenagem que V.Exa., Deputada Telma propôs e dela se realizar nesse recinto. Porque como disse a Deputada Maria Lúcia Prandi, essa é a maior Assembleia Legislativa do país, que não é à toa, afinal de contas, é do maior Estado do país, do Estado mais rico do país, do Estado teoricamente mais educado e culto do país. Tudo isso, em tese, mas que sem nenhum provincianismo se São Paulo é tudo isso é também e principalmente porque é o Estado mais cosmopolita da Nação, ou seja, aquele em que as mais variadas influências, digamos, culturais, aqui estão presentes em função de toda a formação histórica do nosso Estado, que dispensa aqui maiores explicações.

Portanto, essa Assembleia, esse recinto representam tudo aquilo que também representa o Ars Viva, quero dizer, uma produção de vanguarda, uma produção, um trabalho além de extremamente sensível, outros também o são, mas especialmente capaz de juntar, de discutir e tratar de forma não rotineira, desde a música mais tradicional até a música mais contemporânea e de vanguarda. Portanto, há uma perfeita harmonia nesse caso, entre a homenagem que esta Casa presta na pessoa da Deputada Telma e o homenageado que no caso é o Ars Viva. Que na verdade, presta a esta Casa uma homenagem em estar aqui presente e fazer essa apresentação.

Só isso que eu gostaria de dizer e parabenizar mais uma vez, como eu já fiz em Santos, o Ars Viva pelos seus 50 anos, a Assembleia Legislativa e a Deputada Telma de Souza, por fazerem essa homenagem. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Muito obrigado, Vereador Reinaldo Martins, pelas suas belíssimas palavras. (Palmas.)

Agora vamos homenagear, com uma entrega de flores, a Sra. Margarida Maria Álvares Lopes Zanelato, que é a coralista de mais tempo no Madrigal Ars Viva. Por favor, suba. (Palmas.)

 Também vamos homenagear, com uma entrega de flores a Sra. Esmeralda Quaresma, representante do Coral Municipal de Santos, pela participação no evento. (Palmas.)

Ainda teremos uma homenagem com entrega de flores à organista Sônia Domenighi, pela apresentação ao órgão. (Palmas.)

E agora eu vou ter o prazer de entregar ao Maestro Roberto Martins, uma homenagem em nome desta Assembleia, em nome deste ato, uma placa comemorativa dos 50 anos de Ars Viva. (Palmas.)

 

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- São feitas as entregas das homenagens.

 

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O SR. ROBERTO MARTINS - “A Música é o idioma cósmico das esferas, o som da beleza expressando o divino inexprimível. Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, por iniciativa da Deputada Telma de Souza, parabeniza o Madrigal Ars Viva pelos seus 50 anos de arte. São Paulo, 19 de setembro de 2011”. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Estamos nos aproximando do fim da reunião e gostaria que me permitissem falar sobre algumas considerações a respeito de dados sobre o nosso querido coral.

Sei que já conhecemos o coral há algum tempo, mas sei também que nem todos conhecem toda a trajetória que esse coral teve que enfrentar para estar aqui hoje, nesse momento dividindo com todas as pessoas presentes, os louros de 50 anos de atividade. Isso não é pouca coisa. Maestro Roberto, penso que a música proporciona um refinamento da alma, que nem sempre todos podem alcançar. Há grosserias da nossa energia cósmica, que nos empurram para veleidades modernas, possivelmente programas xucros de televisão, o uso indiscriminado da Internet, dos celulares, toda uma ausência da possibilidade que o ser humano tem de se enraizar no aqui e agora. E superar dentro de si, com a sua alma, momentos que são, eu diria, divinos.

Quando o coral cantou e canta, é uma excelência tão fantástica, que nós somos transportados para outra dimensão. É assim que eu me sinto, não há como receber o convite desse refinamento, para que a gente possa estar usufruindo desse som maravilhoso. Imagine, estamos falando algo do século XVIII, você disse que o autor foi contemporâneo de Mozart, embora tenha sido antecipado a ele, um pouco antes.

Estamos aqui cumprindo uma tarefa que, para nós, é mais um prazer do que um dever. Sabemos que o Clauss, o Gilberto e outras pessoas já têm as suas almas em outro patamar, em outra dimensão. Tenho certeza de que há 50 anos jamais aquelas pessoas pensariam que nós estaríamos hoje aqui reverenciando essa situação que com as suas bodas de ouro, nos tem dado tanto prazer.

Eu falo isso porque quando eu era vereadora, até o ano passado, em Santos, alguns dos Srs., das Sras., a Margarida era uma delas, foram pedir ajuda e apoio e já passo essa responsabilidade para o Reinaldo Martins, de que pelo menos um salário “condizente” com as necessidades de ir e vir de quem faz a música pudesse ser contemplado pela prefeitura. Não sei se isso está contemplado, desconfio que não, de qualquer maneira, cito isso como um dos grandes impedimentos para que as pessoas possam usufruir daquilo que elas têm de melhor. Maria Lucia diz que ela não tem talentos, não sei não Maria Lúcia, você pode não ter o talento direto, mas você tem o talento de estar aqui hoje para ser partícipe de uma cerimônia, onde a arte é a grande convidada e você é uma das protagonistas, como o Reinaldo, como a Telma, como o próprio regente do Ars Viva.

Tive a honra de estudar piano, não sei se sei tocar mais, porque os afazeres cotidianos me afastaram desse privilégio, mas eu vou me comprometer de voltar a pegar aquelas teclas brancas. As unhas não crescem mesmo, lá vamos nós para ver se tiro algum som do piano, que eu de uma maneira afoita, diria traidora, acabei deixando em segundo plano.

Estar a um passo desse momento, praticamente divino pelo som das vozes do coral, é algo espetacular. Roberto, vamos lá, sabemos das dificuldades que simbolicamente você, em nome do Madrigal, tem enfrentado.

Mas algo eu sei nessas alturas da minha vida, por mais que queiramos, ninguém pode impedir a luz de entrar sobre todas as frestas, em todos os aposentos, em todos os recônditos, não só dos espaços, mas como também da nossa alma. A sua resistência é uma resistência para nos aprimorar enquanto seres humanos, se é reconhecido ou não, eu acho que isso não importa. Hoje estamos fazendo um reconhecimento, que é o mínimo que quem tem o privilégio de privar com vocês, com você em especial, com vocês que cantam e nos encantam, nós podemos agradecer de uma maneira até pouco sutil e um tanto grosseira nessa homenagem. Nós temos flores, a Gardênia lá da nossa cidade fez essa maravilhosa oferta de nos dar essas flores, para que elas fossem repartidas entre nós, mas eu acho que não há como devolver a vocês ou trocar com vocês essa singeleza, que nos toca a todos de uma maneira mais profunda.

Nós somos melhores, porque o Ars Viva existe, podem ter certeza. Nós não conseguimos quebrar todos os grilhões, não esperem que as pessoas sejam refinadas, numa sociedade de consumo, refinamento é algo para poucos. Eu diria que nesta sala estão os que compreendem o que significa essa sutileza da alma, é tão grande a ideologia do sucesso, do rebaixamento da condição da sua energia interna, que nós chamamos de alma, que é impossível as crianças, os jovens e até mesmo adultos se renderem à beleza que um Ars Viva traz para nós. E não falo daqueles que têm diploma, eu falo daqueles que sabem compreender o que esse som, mesmo que não compreendam as palavras, sejam elas em latim, em italiano ou em português, estão dizendo.

Acho que essa é a nossa tarefa, a tarefa dos que estão aqui, a tarefa daqueles funcionários da Assembleia, a quem eu agradeço a noitada de segunda-feira. Mas especialmente de vocês, que produzem essa delicadeza para a nossa alma, isso não tem preço e, possivelmente, o tempo histórico para que essas questões aconteçam verdadeiramente, ele não coincida com o nosso tempo de vida.

Esses atos ficam. Aqui tem uma criança, ela não chorou em nenhum momento, ela não está entendendo nada, racionalmente falando, o que está acontecendo, mas o coração dela está pleno dessa música, está pleno desse som. Vocês têm dúvida disso? Eu observava a mãe saindo com ela, ela voltou, está ali sentada, quieta e quando isso acontece, Roberto, que queremos mais, são sementes que estão plantadas e que germinarão. Vocês podem ter certeza de que o mundo não será sempre assim, será de outra qualidade e outro refinamento.

Agora, tenho que ler algo que foi preparado e não posso deixar de ler, porque eu tenho algumas informações a respeito do próprio Ars Viva.

Não é de hoje que mantenho uma próxima relação com o Madrigal Ars Viva. É uma relação de tempos atrás, mas que se renova constantemente, solidificando-se. Agora, no aniversário de 50 anos da obra original de Gilberto Mendes, meu amigo, nosso magnífico maestro e compositor.

O Ars Viva cresce a cada dia, com certeza de já ter construído um legado gigantesco em prol da cultura, particularmente da música erudita.

Merece um especial destaque, sem dúvida, o pioneirismo do Festival de Música Nova. Que espalhou partituras e notas musicais em espetáculos, concertos e semanas culturais, ajudando a popularizar um estilo de música que, para muitos, deveria estar confinado apenas nas grandes salas.

Formado originalmente em 1961, o grupo trabalha hoje com cerca de 40 profissionais, regidos pelo premiado maestro Roberto Martins, por quem eu nutro uma profunda admiração. A capacidade dessa turma de talentosos caiçaras, que representa Santos e o Brasil, é tamanha, que a nossa música já encantou corações em diversos eventos internacionais, como o Encontro de Corais do Mercosul e de Buenos Aires, ambos na Argentina, além de excursões por todo o mundo.

Na sua bagagem, relicários com as formas mais sofisticadas e delicadas da música erudita, do cancioneiro popular e até daquelas que compõem a vanguarda musical mundial. É também a marca do Ars Viva, a revelação contínua de novos nomes e propostas musicais para a arte brasileira.

Ao longo de sua história, o Madrigal teve fortes e relevantes atuações, como a participação no filme “Odisseia Musical de Gilberto Mendes”, dirigido por Carlos Mendes. A realização de concertos em cenários internacionais, paulistas e, particularmente, na Baixada Santista, sendo agraciado com homenagens e prêmios, tais como: Medalha do Elos Clube Internacional (Melhor Grupo Coral do ano de 2000), Medalha de Honra ao Mérito Brás Cubas, concedida pela Câmara Municipal de Santos, indicação para o VI Prêmio Carlos Gomes de Música Erudita, entre tantos outros.

Em seu Jubileu de Ouro, o Ars Viva conserva sua tradição de contínuo laboratório da música erudita, de diferentes épocas e estilos, dando ênfase à música contemporânea. E quem disse que não é possível popularizar o erudito? O Madrigal, sob a batuta destes estupendos maestros, verdadeiros alquimistas do som, provou que é possível. Basta talento, educação e, acima de tudo, amor pela arte. Muito obrigado. (Palmas.)

Continuando o nosso roteiro. Esgotado o objeto da presente sessão, insisto, essa Sessão será reproduzida pela Alesp no Canal 9, da NET e o 66 da TVA, no próximo sábado, dia 24, às 21 horas.

Quero informar também que a frase que faz parte da placa foi uma contribuição, embora não esteja presente, o nosso queridíssimo Flávio Amoreira Viegas, que mesmo não podendo vir, trouxe a sua contribuição ferro e fogo, como está colocado na nossa placa.

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades e todos aqueles que, com as suas presenças, colaboraram para o êxito dessa solenidade. Convida para um cafezinho amigo no Salão Waldemar Lopes Ferraz, Salão dos Espelhos.

Está encerrada a presente sessão. Muito obrigado. (Palmas.)

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 44 minutos

 

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