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22 DE AGOSTO DE 2005

039ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO “DIA DO MAÇOM”

 

Presidência: JORGE CARUSO e ALDO DEMARCHI

 

Secretário: ALDO DEMARCHI

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 22/08/2005 - Sessão 39ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: JORGE CARUSO/ALDO DEMARCHI

 

HOMENAGEM AO DIA DO MAÇOM

001 - JORGE CARUSO

Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia as autoridades presentes. Informa que esta sessão solene foi convocada pela Presidência efetiva, a pedido do Deputado Aldo Demarchi, com a finalidade de homenagear o Dia do Maçom. Convida a todos para, de pé, ouvirem a execução do Hino Nacional.

 

002 - BALEIA ROSSI

Deputado Estadual, faz comentários sobre a história da maçonaria, que no passado tomava parte nas decisões políticas do país e hoje tem como principal missão é o trabalho na área social.

 

003 - CLAUDIO ROQUE BUONO FERREIRA

Grão Mestre do Grande Oriente de São Paulo, justifica a comemoração do Dia do Maçom, nacionalmente, todo dia 20 de agosto, em virtude de uma ação, dos maçons brasileiros, que nos levou a independência do Brasil.

 

004 - BALEIA ROSSI

Homenageia o Sr. Cláudio Roque Buono Ferreira com a entrega de placa alusiva à data.

 

005 - WALKER BLAZ

Fala sobre a participação da maçonaria nos principais acontecimentos do país: Independência, Abolição e República, e que a maçonaria é escola da participação e intervenção.

 

006 - ALDO DEMARCHI

Assume a Presidência e faz entrega de placa ao Sr. Pedro Luiz Ricardo Gagliardi.

 

007 - DUARTE NOGUEIRA

Secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, discorre sobre a necessidade da participação da Maçonaria, com seu sentido de organização e trabalho no processo que o país está vivendo.

 

008 - CONTE LOPES

Deputado Estadual, fala das dificuldades de se fazer política e que os políticos eleitos assim como os maçons trabalhem pelo povo.

 

009 - Presidente ALDO DEMARCHI

Anuncia leitura de poesia. Narra os fatos históricos da Maçonaria e os feitos dos maçons. Faz reflexão sobre a crise política que envolve o país. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

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O SR. PRESIDENTE - JORGE CARUSO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Aldo Demarchi para, como 2º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - ALDO DEMARCHI - PFL - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada..

 

O Sr. Presidente - Jorge Caruso - PMDB - Esta Presidência informa aos Senhores e às Senhoras presentes, aos Srs. Deputados, aos irmãos e às cunhadas que esta Sessão Solene foi convocada pelo nosso Presidente, Rodrigo Garcia, e coube a mim, a pedido do Deputado Aldo Demarchi, presidir inicialmente os trabalhos desta Sessão Solene em homenagem ao Dia do Maçom, cujo proponente, Deputado Aldo Demarchi, acabou de proceder à leitura da ata.

Passo a nominar as autoridades presentes: Antônio Duarte Nogueira, Deputado Estadual, nosso colega na Assembléia Legislativa, nosso irmão e atual Secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, representando o Exmo. Sr. Governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin; Dr. Antônio Carlos Caruso, Presidente do Tribunal de Contas do Município de São Paulo; Dr. Pedro Luiz Ricardo Gagliardi, Grão-Mestre da Grande Loja do Estado de São Paulo; Dr. Cláudio Roque Buono Ferreira, Grão-Mestre do Grande Oriente São Paulo, neste ato representando o Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil Laelso Rodrigues, cujo ofício de representação encontra-se nas mãos desta Presidência; Deputado Estadual Aldo Demarchi; Deputado Estadual Baleia Rossi e Deputado Conte Lopes.

Esta Presidência convida todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, a ser executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O Sr. Presidente - Jorge Caruso - PMDB - Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo e concede a palavra ao nobre Deputado Baleia Rossi, Líder do PMDB no Estado de São Paulo.

 

O SR. Baleia Rossi - PMDB - Sr. Presidente, Deputado e irmão Jorge Caruso; Deputado e irmão Antônio Duarte Nogueira, Secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento que neste ato representa o Exmo. Sr. Governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin; irmão Antônio Carlos Caruso, Presidente do Tribunal de Contas do Município; irmão Cláudio Roque Buono Ferreira, eminente Grão-Mestre do Grande Oriente de São Paulo; irmão Pedro Luiz Ricardo Gagliardi, eminente Grão-Mestre da Grande Loja do Estado de São Paulo; Deputado Aldo Demarchi; Deputado Conte Lopes; Senhoras e Senhores; meus queridos irmãos.

Muitas são as justificativas para estarmos hoje nesta Casa, numa Sessão Solene para homenagear o Dia do Maçom. Até porque a Maçonaria no nosso país tem história, uma história que foi escrita a muitas mãos.

Houve uma época no nosso país em que todas as decisões políticas aconteciam e passavam pela Maçonaria que, com equilíbrio e serenidade, ajudou a escrever a história do Brasil.

Hoje temos uma grande inserção na sociedade, uma participação na comunidade em todas as cidades, principalmente na área social. Andando pelo Interior, visitando as cidades, as lideranças políticas, todos são unânimes em reconhecer o trabalho que a Maçonaria realiza, principalmente a favor da comunidade mais simples.

Onde existe uma Loja, as Santas Casas são ajudadas pela Maçonaria; onde existe uma Loja, as entidades filantrópicas que cuidam de idosos abandonados, de crianças desamparadas, de pessoas que necessitam de uma atenção especial a Maçonaria sempre está presente com esse trabalho social extraordinário que é uma das nossas missões.

Agora acredito que é hora da Maçonaria voltar a ter uma maior participação também na política, porque vivemos uma das maiores crises do País. Nas nossas lojas formamos cidadãos de bem, dentro do princípio da moralidade, da ética, da honestidade. E é muito fácil dizer que política não é o meu ramo, que não dá para contribuir. Acho que a Maçonaria, mais uma vez, pode dar uma resposta positiva com pessoas de bem, para podermos ajudar na reconstrução para escrevermos novamente a história do nosso país. Tenho certeza que com o nosso envolvimento maior da nossa ordem poderemos contribuir muito para que o nosso País continue sendo um país forte, rico, que cresce e se desenvolve.

Quero cumprimentar o nobre Deputado Aldo Demarchi que propôs esta sessão solene que marca uma homenagem deste legislativo paulista, o legislativo mais importante da nação, um requerimento que foi votado e aprovado por unanimidade dos Deputados desta Casa, porque assim como a comunidade e as lideranças políticas do nosso interior e da capital reconhecem na Maçonaria um organismo importante, os Deputados e as Deputadas desta Casa assim também reconhecem.

Parabéns a todos os irmãos, às cunhadas, os sobrinhos, à família maçônica que hoje comemora esse dia tão importante que serve para aqui estarmos aqui em confraternização, mas serve também para uma análise, para uma reflexão. Parabéns, um grande abraço tríplice e fraternal a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JORGE CARUSO - PMDB - Esta Presidência concede neste momento a palavra ao nosso Grão-Mestre do Grande Oriente de São Paulo, Eminente Cláudio Roque Buono Ferreira.

 

O SR. CLÁUDIO ROQUE BUONO FERREIRA - Senhor Presidente, Deputado Rodrigo Garcia Senhor Vice-Presidente, Deputado Jorge Caruso Senhor Deputado licenciado, hoje Secretário da Agricultura Antonio Duarte Nogueira Junior, representando o Governador do Estado de São Paulo, Deputados José Aldo Demarchi e Luiz Felipe Tenutto Baleia Rossi, em nome dos quais saúdo a todos os Deputados presentes

Em nome do Sereníssimo Irmão Pedro Luiz Ricardo Gagliardi, Grão-Mestre das Grandes Lojas do Estado de São Paulo, cumprimento as autoridades maçônicas, meus Irmãos, minhas Cunhadas, Sobrinhos e visitantes, meus cumprimentos a todos, em meu nome e de todos os Obreiros do Grande Oriente, de São Paulo, um dos Grandes Orientes de nossa Republica Federativa. o Grande Oriente do Brasil - entidade que se faz presente desde 17 de junho de 1822.

Novamente estamos aqui para mais uma Sessão Magna, em Homenagem ao Dia do Maçom, comemorado nacionalmente todo dia 20 de agosto, em virtude de uma ação, dos maçons brasileiros, que nos levou a independência do Brasil. Nós, naquela época, já trabalhávamos com o objetivo de termos a nossa República. Para se manter a harmonia, mesmo não contentando a todos, nós nos sujeitamos a sermos Império. Mesmo assim, nosso Imperador se tornou o nosso Grão-Mestre da Maçonaria, logo depois de José Bonifácio de Andrade e Silva.

Retorno a essa Casa de Leis, dentro do Estado de São Paulo, nesse momento tão difícil por que vive a Nação Brasileira e tendo por obrigação da função fazer um pronunciamento.

Começarei por uma parábola:

Em uma cidade medieval, uma única porta e dois personagens: um velho e um jovem. Chega um andarilho e pergunta - velho ancião, nessa cidade tem gente boa ou gente má. O velho responde questionando - da onde você vem tinha gente boa ou gente má. De pronto o andarilho respondeu - da onde vim só tinha gente má e estou em busca de outra cidade. Nesse momento o velho faz uma afirmativa - siga em frente meu filho, nossa cidade não servirá a você.

Passa um tempo e novo andarilho chega, com a pergunta se repetindo. - velho ancião, nessa cidade tem gente boa ou gente má. O velho, novamente questiona, agora o segundo - de onde você vem tinha gente boa ou gente má. O segundo andarilho responde - da onde saí só tinha gente boa, mas por uma contingência da vida me vi obrigado a sair e estou em busca de outra cidade. Refletindo o velho afirma - entre meu filho em nossa cidade só tem gente boa.

O jovem, com a impulsividade da idade, questiona o velho: mestre, não entendi sua decisão. O primeiro manda seguir e o segundo manda entrar. Mas é obvio meu aprendiz, o primeiro só conhecia gente má da cidade que saiu e, portanto ele é igual. O segundo, não deixou claro se ele errou ou outro fato aconteceu, porém afirmou que só conhecia gente boa, portanto ele é um deles. Nossa cidade, como todas têm gente boa e gente má e o segredo está em se possível, engrossar o time dos bons evitar o crescimento dos maus.

Meus ouvintes, nós temos maçons que se tornaram políticos e políticos que se tornaram maçons e isso foi uma constante em nossa história. Também nós maçons fiscalizamos os eleitos e com certeza com mais firmeza que o povo que não teve o privilégio de conhecer nossos segredos iniciais.

Muitos citam Nicolau Maquiavel, em sua obra - O Príncipe - evidenciando diversos pontos fortes e negativos, porém poucos relembram que, até ele, já afirmava da necessidade que os governantes tinham de ter um bom trato da coisa pública. Ele ensinava que a vida do Estado dependia de um jogo de forças que nenhum grupo poderia manter a sua hegemonia para sempre.

Todos sabemos que os governantes que tiveram sucesso foram reconduzidos ou fizeram seu sucessor, foi porque souberam dar importância e valorizar o bem comum.

O grande governante é aquele que sabe compreender o que se passa a sua volta, mantendo o controle da situação, e não deixando se enganar por situações de que o eleve além daquilo que é suas obrigações - seu compromisso com sua chegada ao poder. Deve ele tomar decisões rapidamente, fazendo e desfazendo alianças que o fortaleçam para a continuidade da melhora da situação de seu povo.

Romper acordo pode parecer desleal. Pior é manter o acordo, quando seus parceiros mudaram os objetivos de seu governo, principalmente, aquele para o qual você foi eleito.

Nós maçons temos como norte a justiça e a retidão. Justiça, não só como o direito, mas como virtude moral pela qual se atribui a cada indivíduo o que lhe compete. Retidão, além da qualidade que o têm, vemos como linha de justiça, em conformidade com a razão com o direito, lei, o dever, a lisura e a probidade.

Nós maçons do Grande Oriente do Estado de São Paulo esperamos que sejamos dignamente representados perante a Nação Brasileira e que os poderes constituídos se esforcem para encontrar a melhor solução para o fortalecimento da República Brasileira e a regularidade dos nossos Poderes Legislativos.

Senhor Presidente, povo de São Paulo, estaremos nós maçons sempre à disposição para a manutenção da normalidade de nossa Nação.

 

O SR. PRESIDENTE - JORGE CARUSO - PMDB - Queremos nesse momento homenagear o Sr. Cláudio Roque Buono Ferreira, com a entrega de uma placa comemorativa, que lhe será passada às mãos pelo Deputado Baleia Rossi.

 

O SR. BALEIA ROSSI - PMDB - São Paulo, 20 de agosto de 2005. Em comemoração ao Dia do Maçom, a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo homenageia o Grande Oriente de São Paulo, na pessoa do eminente Grão Mestre Cláudio Roque Buono Ferreira pelos relevantes serviços prestados à sociedade paulista. Deputado Rodrigo Garcia, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

 

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- É feita a homenagem.

 

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O SR. PRESIDENTE - JORGE CARUSO - PMDB - Esta Presidência, por delegação do Grão Mestre da Grande Loja do Estado de São Paulo, sereníssimo Pedro Luiz Ricardo Gagliardi, concede a palavra ao nosso irmão Walker Blaz.

 

O SR. WALKER BLAZ - Exmo. Sr. Presidente da Mesa Diretora, irmão Jorge Caruso; sereníssimo Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, irmão Pedro Luiz Ricardo Gagliardi; Eminente Grão Mestre do Grande Oriente de São Paulo, Irmão Cláudio Roque Buono Ferreira; Eminente Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, irmão Antônio Carlos Caruso; irmão Antonio Duarte Nogueira Filho, Secretário de Estado da Agricultura; irmão Baleia Rossi; Deputado Conte Lopes; autoridades maçônicas, irmãos Miguel Bustos Manginelli, assessor do Grão Mestre da Glesp; Erly Idamar Almeida Castro, grande orador da Grande Loja; Mário Palmiero, Delegado da 1ª Região Maçônica; Marco Antônio Peres, Grande Secretário de Relações Públicas do Grande Oriente do Brasil/ São Paulo; Franklin de Souza Meirelles Neto, Grande Secretário de Relações Internas; Fernando Túllio Colacioppo Sobrinho, Coordenador do site do Grande Oriente de São Paulo; Paulo César Neves , Coordenador Estadual Maçônico de Programas a favor da Vida; Paulo Rogério Compri, Grande Secretário de Relações Internas Adjunto; Danilo Brussolo, Grande Secretário de Administração do Gosp; Jorge Bransloi Pessoa Filho, Grande Secretário do Grande Oriente; Pedro Mário Fávero, Grande Secretário da Guarda de Selos do Grande Oriente do Estado de São Paulo; José Calleti Júnior, Grande Secretário Geral da Presidência e Assistência do Grande Oriente do Brasil; Paulo Roberto Couto da Fonseca, Assessor Especial do Grão Mestre; Carlos Frederico Zimermann Neto, Grande Secretário Adjunto da Guarda de Selos; Carlos Roberto de Campos, Grão Mestre Adjunto Honorário; José Rosa de Souza Neto, Deputado Federal pela Loja Jackes de Molay; Mário Sergio Nunes Costa , Secretário de Finanças do Gosp; Waldemar Antonio Grazioso Saroka, Grande Representante do Rio Grande do Sul, da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; Sergio Almeida Penteado, representante da Loja 9 de Julho; Salomão Gawendo, Deputado Federal da augusta e respeitável Loja Rei Salomão, estimados irmãos, nossa saudação especial ao querido Irmão Aldo Demarchi - Digníssimo Deputado Estadual que, com seu decreto, nos propicia este encontro fraternal há 11 anos. Encontro para perpetuar na memória um pouco de nossa história.

Independência, Abolição, República... Três acontecimentos máximos que humanizaram nossa pátria. Mexer na célula do tempo para espargir sobre todos nós o amor sincero à Liberdade, é refletir Gonçalves Lêdo, Januário da Cunha, Pedro I, Bonifácio, Rio Branco, Caxias, José do Patrocínio, Benjamin, Deodoro, Ruy Barbosa, Hermes da Fonseca, Nilo Peçanha, Washington Luiz...Nomes medidos, testados e aprovados na adversidade.

Diante dos perigos, mantiveram a firmeza de princípios para servir com coragem e inteligência a um propósito maior de vida.  Por isso, não passaram. Ficaram para sempre. São nossos heróis que deram um passo e mudaram a história. São nossos Irmãos, perpetuando as tradições da pura Maçonaria. São nossas luzes, nossas virtudes em ação. Vamos cultuá-los, hoje e sempre!

Manter viva essa tradição, através dos tempos, é manter acesa a chama da energia transformadora do mundo. É fazer o pêndulo da justiça se posicionar no lado certo. É essa energia que nos faz mais fortes, mais unidos e mais humanos. É a energia do Moto-Contínuo do Bem!

Maçonaria não é só escola da eterna vigilância! Maçonaria é escola da participação e intervenção. Maçonaria é a 3ª Unidade na conciliação e equilíbrio dos extremos.

Estamos assistindo a um processo constante de desgaste e de esgotamento de modelos de políticas sociais. Os resultados têm sido os mais frustrantes e catastróficos possíveis.

Os tempos exigem mudanças. Renovação das estruturas sociais, resgate dos valores importantes abandonados, acerto das melhores escolhas para o Brasil.

Para tanto, todas as virtudes de nosso arsenal serão exigidas.  Além da fé no Grande Arquiteto do Universo. A mentira está à beira do precipício. O novo século é o da Verdade! Os fins não podem mais justificar os meios... se não forem virtuosos.

 

O SR. PRESIDENTE - JORGE CARUSO - PMDB - Vamos proceder a mais uma homenagem. Neste momento, ao Dr. Pedro Luiz Ricardo Gagliardi, com a entrega de uma placa comemorativa que será feita pelo nosso irmão Aldo Demarchi.

 

O SR. ALDO DEMARCHI - PFL - Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, 20 de agosto de 2005. Em comemoração ao Dia do Maçom, a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo homenageia a Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, na pessoa do Sereníssimo Grão-Mestre Pedro Luiz Ricardo Gagliardi, pelos relevantes serviços prestados à sociedade paulista.

Deputado Rodrigo Garcia, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JORGE CARUSO - PMDB - Meus irmãos, esta sessão solene em homenagem ao Dia do Maçom foi proposta pelo nosso irmão Deputado Aldo Demarchi, e nós três - o Deputado Baleia Rossi, o Deputado Aldo Demarchi e eu - combinamos como vai ser o cerimonial neste momento.

Vou passar a Presidência dos nossos trabalhos ao nosso irmão proponente desta sessão e agradeço a todos os senhores a oportunidade de presidir esta sessão e compartilhar desta Mesa com todos os irmãos, e com um irmão especial, que é irmão e pai, o nosso irmão Caruso.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Aldo Demarchi.

 

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O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PFL - Esta Presidência concede a palavra neste instante ao Exmo. Sr. irmão Duarte Nogueira, Secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, que neste ato está representando o Exmo. Sr. Governador Geraldo Alckmin.

 

O SR. DUARTE NOGUEIRA - Exmo. Presidente e proponente desta sessão, Deputado Aldo Demarchi, prezado Deputado Jorge Caruso, vice-Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, Srs. Deputados Baleia Rossi e Conte Lopes, prezado Sereníssimo Grão-Mestre da Grande Loja do Estado de São Paulo Pedro Luiz Ricardo Gagliardi, Eminente Grão-Mestre do Grande Oriente de São Paulo Cláudio Roque Buono Ferreira, Eminente Grão-Mestre Adjunto da Grande Loja do Estado de São Paulo e Presidente do Tribunal de Contas do Município, nosso irmão Antonio Carlos Caruso, autoridades maçônicas, funcionários da Assembléia Legislativa, senhoras e senhores.

É com muita alegria que compareço a esta sessão solene de homenagem ao Dia do Maçom, comemorado no último dia 20 de agosto. Aliás, com uma certa dose redobrada de alegria, porque, nos anos em que aqui estive como Deputado estadual, antes de me licenciar para atender ao convite do Governador Geraldo Alckmin para assumir a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, eu me revezava com o Deputado Aldo Demarchi e às vezes nos somávamos na iniciativa de propor esta homenagem que vem sendo feita todo ano.

Quero crer que neste momento do país se torna ainda mais importante a presença dos senhores, a reflexão a que esta sessão nos conduz, ao mesmo tempo que ela pode reverberar de uma maneira bastante contundente nas atividades das nossas lojas e, principalmente, na individualidade do comportamento de cada um dos maçons.

A história, como já foi dito hoje aqui pelos que me antecederam, reservou de maneira muito justa o espaço adequado de reconhecimento da maçonaria em momentos importantes da nossa nação.

Imaginava e avaliava que tipo de mensagem traria aqui esta noite além da minha alegria de representar o Governador Geraldo Alckmin também nesta oportunidade. Eu refletia que as grandes nações do nosso planeta cada qual têm a sua peculiaridade no seu fator histórico, no conjunto da sua população, nas suas virtudes e nos seus vícios. Mas aquelas que atingiram o nível de desenvolvimento mais acentuado têm características bastante interessantes e que não são, em hipótese nenhuma, difíceis de verificarmos. Será que essas nações mais desenvolvidas são as que têm um maior contingente populacional? Não, não são. Temos nações com mais de um bilhão de pessoas e que ainda não atingiram um nível de desenvolvimento humano adequado para a qualidade de vida dos seus cidadãos. Será que em virtude da oferta que o Criador concedeu para os seus recursos naturais? Não, também não é, porque na verdade temos nações extremamente desenvolvidas com pouquíssimos recursos naturais, como é o caso do Japão, e que é uma das maiores potências do nosso planeta. Será que é em função da sua extensão territorial? Também não vai ser.

Poderemos encontrar vários elementos que poderão cair por terra nessa análise de nações desenvolvidas. Mas todas as nações desenvolvidas do planeta, sem exceção, têm um regramento legal que é respeitado, têm uma estabilidade institucional a toda prova, e há uma obediência permanente desses povos no tocante a cada um desses detalhamentos que são colocados pelo seu regramento legal e pela estabilidade das suas instituições.

O nosso país, quero crer, está num momento intermediário da humanidade. Não descarto a extrema indignação que qualquer cidadão brasileiro com um mínimo de juízo e de conhecimento deva estar sentindo neste momento, mas ao mesmo tempo, depois do processo da virada deste milênio e da redemocratização do nosso país, podemos ter a certeza de que nenhuma corrente político-ideológica foi governo ou é governo. A sociedade brasileira teve a oportunidade de, democraticamente, experimentar a todos. O momento que estamos vivendo é um momento positivo para que possamos extrair desta dura experiência o elemento para darmos o salto que o país precisa na direção de buscar o seu encontro com a verdade, com a estabilidade e com o desenvolvimento humano que todos nós precisamos.

A nossa instituição, a Maçonaria, tem séculos de história e possui uma organização extremamente bem conceituada. Devemos aproveitar este momento para atuarmos com mais participação e energia nesse processo que o País está vivendo com o que nós temos de melhor: a nossa capacidade de trabalho, a nossa busca da verdade e o exercício permanente na busca da virtude humana, tirando da nossa frente os vícios que são também da natureza humana.

A representação política do nosso país nada mais é que uma pequena amostra do conjunto de homens e mulheres da nossa sociedade. Ninguém caiu ali por geração espontânea ou de pára-quedas. Todos que estão hoje exercendo cargos de liderança e de representação popular foram eleitos. Portanto, cabe, dentro do processo democrático, no momento certo, fazermos o julgamento daqueles que aí estão e premiarmos as oportunidades novas que surgirem pela nossa frente.

A história grega nos mostra que nos momentos mais difíceis a sátira era muito utilizada para criticar positivamente as incongruências do governo do passado. Juvenal, nas suas sátiras, deixava claro, numa frase muito interessante, o perigo que era a nação ser governada de maneira a não haver controle ou fiscalização, em latim, que diz: “Quis custudiet ipsis custodis?”, que significa “quem vigiará os guardiões?”

Ora, quem vigia os guardiões é a sociedade, de maneira transparente, através da imprensa e da sociedade civil organizada, que tem por obrigação realizar todo esforço necessário para que as mudanças possam de fato ocorrer. Se hoje estamos vivendo um momento de provação e de purgatório na vida nacional, não tenho dúvida de que nos está reservado um momento muito rico para virarmos essa página da história, consolidarmos e darmos estabilidade às nossas instituições democráticas, o que é fundamental fazer em curto espaço de tempo para nos igualarmos às demais nações desenvolvidas.

Quero deixar a todos a nossa confiança, a nossa vontade de trabalhar nessa direção. Penso que essa reflexão não deve ser feita tão-somente nas nossas ações coletivas. Ela deve ser feita na nossa reflexão individual. Antecedeu o nosso ingresso na instituição em que ora militamos, a Maçonaria, o pensamento aristotélico: “Conhece-te a ti mesmo” foi uma das primeiras coisas que nos provocava as reflexões iniciais.

Estamos nós, enquanto cidadãos brasileiros, fazendo a nossa parte individualmente? Isso vale para tudo: para passar no sinal vermelho, para sonegar por mais que seja uma notinha de qualquer compra, para a nossa responsabilidade na educação dos nossos filhos, na formação da nossa família, para com a nossa disponibilidade de tempo para atender àqueles que não têm oportunidade de serem defendidos ou representados. Somos capazes de fazê-lo individualmente na medida em que estivermos convictos de que estamos individualmente cumprindo o nosso papel enquanto cidadãos brasileiros. As nossas instituições, em especial a nossa Maçonaria, estarão cada vez mais fortes e insuperáveis. Não vai haver nenhuma malfeitoria, nenhum pequeno conluio de alguns maus brasileiros que se reuniram para causar prejuízos para o nosso país capaz de sobreviver à força da sociedade organizada na direção da verdade, na direção do respeito às leis.

Esta é a mensagem que gostaria de deixar nesta noite e dizer da minha redobrada alegria de mais uma vez retornar a esta Casa, que me deu a grande oportunidade de poder representar a minha região e a minha cidade de Ribeirão Preto como Deputado estadual, de que muito me orgulho. É no Parlamento, através do debate, dos esclarecimentos e da participação da sociedade que nós, certamente, iremos construir esse espaço permanente, que não tem volta, para um país cada vez melhor.

Parabéns a todos os nossos irmãos maçons, parabéns à nossa Maçonaria. Que o grande arquiteto do Universo nos dê luz suficiente para que possamos buscar a verdade, compartilhar o conhecimento, que é o maior bem que qualquer pessoa pode ter para chegarmos ao ponto que todos desejamos. Vida longa à nossa Maçonaria! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PFL - Concedemos agora palavra ao nobre Deputado Conte Lopes que também prestigia essa Sessão Solene.

 

O SR. CONTE LOPES - PP - Srs. Presidentes Aldo Demarchi e Jorge Caruso, parabéns por essa solenidade; também ao Secretário Duarte Nogueira, que representa o Governador Geraldo Alckmin. Eu acompanhava essa Sessão Solene e obviamente desejo cumprimentá-los. Ouvi e até sei o que os senhores fazem através do espírito de fraternidade e de altruísmo, de amor ao próximo, a ajuda que faz à comunidade, e quero cumprimentá-los por isso.

Ouvi muitas pessoas falarem a respeito da situação difícil da política que o País passa. É também importante falar que desde a menor cidade do Brasil ao presidente da República, todos que estão aí foram eleitos pelo povo. E às vezes, aqui no Parlamento como em Brasília, o brasileiro tem, por comum, achar que vai fazer uma lei e vai resolver os problemas do mundo.

É o problema do desarmamento. Proíbe-se de vender armas. Deveria avisar o bandido que é proibido ele comprar também. Agora inventaram um cara chamado marqueteiro. É importante colocar isso. É o que mais ganha na política. Fica milionário. É duro fazer campanha, dizia o nosso companheiro. Precisa andar o dia inteiro, começando oito da manhã e terminando meia-noite para tentar arrumar os votos. Quem tiver muito dinheiro, contrata o marqueteiro, o milionário. Ele vai para a televisão e mostra o que você não é. E você não consegue mostrar ao povo o que faz. Você pode ser herói da Rota, salvar e ajudar um monte de gente, como pode virar bandido de uma hora para outra, de acordo com o que for colocado na televisão.

É esse o problema do Brasil. Eu até pensava ali: cada um dos senhores, o Sr. Desembargador, o Sr. Secretário, o Tribunal de Contas, cada um tem uma história na vida. E para outros a história acontece.

Em 1978 eu era tenente da Rota e escalaram-me para ir para o ABC onde acontecia uma greve. E tínhamos de dormir no quartel. Às 10 horas da noite eu estava no quartel e às três horas tinha de acordar e ir para o ABC. Num dia, em 78, estava comandando uma tropa defronte à Volkswagen e aproximou-se de mim um rapaz dizendo que havia falado com o Governador para que a polícia não aparecesse. Eu disse “O nosso trabalho é permitir a entrada daquele que quiser trabalhar e não permitir que quebrem a Volkswagen.”

O tempo passou. Estamos aqui como Deputado e o que falava conosco virou Presidente da República. Parabéns! Ganhou as eleições. A história é essa. Vários Deputados que aí estão foram Deputados aqui conosco: José Dirceu, Palocci. Não vou criticar ninguém. Pelo contrário. Foram atuantes aqui e trabalharam. Essa é a política do Brasil. Não adianta querermos mudar, não. Às vezes a própria imprensa acaba com a reputação de uma pessoa. Às vezes ele é bom e é detonado. E o outro, que às vezes nunca fez nada na vida, vira herói nacional. E vai embora.

Não vamos conseguir mudar o mundo com leis. Agora vão diminuir o horário eleitoral na televisão. Em vez de 45 dias, vai ser 35 dias. Isso vai influenciar o quê? Não vamos poder dar nem uma camiseta. Isso influi no quê? Fala-se até em criar uma lista. Em vez de se pedir votos, o candidato vai com uma lista e vêm os pilantras na frente, porque as pessoas que mandam no partido são os que estão lá na frente. Então, de que adianta ter uma lista? Vão fazer uma lista agora para eleger todo mundo, então? Porque vai eleger todo mundo de novo.

Só queria fazer esta colocação. Realmente temos de mudar muita coisa neste país, inclusive na sociedade, para que ela consiga enxergar os seus representantes. E que os políticos que fossem eleitos continuassem trabalhando em defesa do povo como os senhores fazem no dia-a-dia, auxiliando-se até mutuamente. Não sou maçom, mas é importante que eu fale alguma coisa também, do contrário vão pensar que eu nem falar falo e vão se perguntar como me elegi. Somos obrigados a colocar o nosso lado.

Meus cumprimentos a todos os senhores pelo Dia do Maçom e pelo trabalho que desempenham. Nós acompanhamos. Hoje somos muito procurados nessa área. Espero que consigamos, com o alerta dos senhores, com a capacidade de produção que os senhores têm - são homens ativos - diferenciar para a população o que é um homem que administra, que tem capacidade, que tem nível, daquele que simplesmente só fala, fala e na hora de realizar não faz nada, porque não tem capacidade para realizar. Às vezes nem é culpa dele, mas quem nunca realizou não pode realizar. Muito obrigado. Boa sorte para os senhores. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PFL - Quero anunciar a leitura de uma poesia alusiva à maçonaria.

 

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É feita a leitura de uma poesia.

 

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O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PFL - Sereníssimo Grão Mestre da Grande Loja do Estado de São Paulo, Dr. Pedro Luiz Ricardo Gagliardi; Eminente Grão Mestre do Grande Oriente de São Paulo, nosso poderoso irmão Cláudio Roque Buono Ferreira, que representa também nesta solenidade o Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, Laelso Rodrigues; querido irmão Antônio Carlos Caruso, Presidente do Tribunal de Contas do Município de São Paulo; nosso querido irmão, Antônio Duarte Nogueira, Secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento que neste ato representa o Sr. Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin; meus queridos irmãos, quando assumi como Deputado estadual, já há onze anos atrás, nesta Casa, constatei nos Anais que por muitas vezes a maçonaria tinha sido homenageada na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo e que ha muito tempo nossa ordem tinha sido esquecida nas atividades deste parlamento.

Constatado este fato, procurei saber a razão desse esquecimento e me foi informado que a maçonaria não mais era lembrada aqui, simplesmente por não ter havido nenhuma iniciativa dos Deputados nesse sentido. Assim, em 1996 procuramos trazer de volta a maçonaria para dentro da assembléia legislativa do estado de são Paulo.

Primeiramente, participamos da homenagem a uma loja maçônica que completava 105 anos de existência, juntamente com o ex-Deputado e nosso irmão Luiz Lune. No mesmo ano, retomamos, com a colaboração do Deputado Duarte Nogueira e do Deputado Ricardo Tripoli, presidente desta casa a época, a comemoração do "Dia do Maçom”.

Mas por que da nossa iniciativa em trazer a maçonaria de volta a assembléia, legislativa do estado de são Paulo?

Primeiro porque existe um dispositivo legal, uma lei que institui a comemoração do "Dia do Maçom" e esse dia, que é tão significativo para nós tinha caído no esquecimento. Também, uma instituição que tanto contribuiu para a criação e consolidação de nosso país, nossa liberdade e nossa democracia não pode ser ignorada, mas, sim, deve ser enaltecida sempre, mesmo que de forma singela, como nesta noite. De outro modo, sempre foi uma oportunidade de se reunir os irmãos das diferentes obediências num momento de reflexão e confraternização.

Assim, pelo décimo primeiro ano consecutivo, estamos aqui na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo para, em sessão solene , especialmente convocada, comemorar o “Dia do Maçom”.

Nos dez anos anteriores, nas comemorações foi enaltecida, em brilhantes discursos, a história da maçonaria, tanto no Brasil quanto no mundo, quando os oradores discorreram com muito conhecimento e propriedade sobre os feitos dos maçons em prol da liberdade, democracia e da justiça social.

Muito se falou sobre os aspectos filosóficos da doutrina maçônica e do esforço dos maçons na sua luta pessoal do autodesenvolvimento para se tornar um instrumento de transformação deste nosso mundo em um lugar melhor para se viver.

Também foi falado sobre a missão que todos os maçons assumem quando de sua iniciação, qual seja, a de ser um obreiro para construir um mundo mais justo e perfeito cultivando os mais elevados valores morais e tendo uma conduta pautada pela ética.

Foram feitos diagnósticos sobre a situação do mundo e da sociedade, prognósticos sobre o futuro da economia, das ciências e da humanidade. Enfim, falamos bastante sobre muita coisa e fizemos muitos chamamentos para o trabalho, para a luta. É o que fizemos aqui.

No presente ano, esta sessão solene se reveste de singular importância pois, alem de comemorarmos o “Dia do Maçom” no ano de 2005, temos a oportunidade de refletirmos sobre os problemas que se abatem sobre o Brasil.

Nosso país está em crise. Estamos no ápice de uma crise política e moral. A cada dia verificamos denúncias de prática de corrupção dentro dos escaninhos do poder. A classe política, da qual faço parte, desmoraliza-se com a constatação de que muitos de seus membros utilizam-se de expedientes nada recomendáveis para angariar recursos, seja para qual finalidade for.

Os partidos políticos, inclusive o que se arvorava como o grande guardião da ética e da moral política torna-se réu confesso num processo onde se investiga a pratica da corrupção no governo federal.

Práticas não recomendadas pelos bons princípios da ética e da moral estão sendo usadas e a sociedade está exigindo mudanças. As acusações já atingiram vários membros do congresso e do poder executivo federal e já resvala na sua autoridade máxima, que esta sendo preservada, tanto pela situação quanto pela oposição para evitar algo pior do que já esta. Poderíamos ainda relatar muitos outros fatos que estão estampados em todos os veículos de comunicação Brasil afora e teríamos material para discursarmos por várias horas. Porém, nosso objetivo não é esse. Queremos9 como já dissemos, fazer uma reflexão sobre os fatos.

O que nos trouxe a essa situação? Para responder a isso temos que ter em mente que a razão que nos trouxe a essa crise política, antes de mais nada é uma crise moral, ou falta de uma moral elevada a nortear nossa sociedade e.por conseguinte, nossos políticos.

Entendendo a moral como um código de valores que regem o comportamento de uma sociedade, podemos compreender que as pessoas, políticos ou não, que adotam as práticas que estamos verificando são possuidores de uma moral deturpada onde a satisfação pessoal e mais importante que a coletividade.

Milhões de reais foram retirados dos programas que visavam atender aos menos afortunados - através dos mecanismos da corrupção e do desvio de verbas públicas e os que fizeram essa pratica tem dito que assim procederam para “pagar dívidas de campanha” ou outra desculpa esfarrapada. Não tem consciência de quantas crianças deixaram de ser atendidas devido a esses desvios. Só para ilustrar, R$ 100 milhões (cem milhões de reais), que se estima ter sido drenado pela corrupção, corresponde a aproximadamente de metade a três quintos do orçamento da Secretaria do Trabalho e a pouco menos que a metade do orçamento da secretaria de assistência e desenvolvimento social. Imaginem quantas famílias poderiam estar sendo atendidas com esses recursos.

Se há uma crise moral, para resolvermos o problema temos que debelá-la. E de que forma poderíamos fazer isso?

Eu conheço uma e gostaria de expor para todos os presentes. Para melhorar a situação moral de nosso país teremos que disseminar uma moral mais elevada que a vigente. Temos que revogar uma lei chamada “lei de Gerson” qual seja a de levar vantagem em tudo. Para revogar essa lei, não podemos fazê-lo deste parlamento ou de qualquer outro do país. Teremos que modificar valores na moral de nosso povo e ele quer isso, só não sabe como. Nosso povo quer voltar aquela época em que a palavra empenhada tinha tanto valor quanto um documento grafado. Quer a volta do tempo em que ser honesto não era sinônimo de tolo. Quer a oportunidade de ser decente. Para disseminar essa moral mais elevada teremos que buscá-la em algum lugar e achar também os agentes para disseminá-la. Mas onde encontrar esse lugar e esses agentes?

Ora, é muito simples. Aqui mesmo vejo muitos agentes da moral mais elevada que se possa imaginar. Esses agentes são vocês, meus irmãos. Todos os maçons devem ser agentes dessa moral mais elevada que nos encontramos nos ensinamentos ministrados em nossos templos.

O lugar em que se guarda a elevada moral que nosso povo precisa são os templos maçônicos. Os templos maçônicos são o repositório da mais elevada moral.

Aqui neste plenário, em todas as sessões nos anos anteriores foi falado dos ensinamentos ministrados na maçonaria e dos objetivos de se edificar um mundo mais justo e perfeito. Muito se falou mas será que fizemos algo de concreto?

Dez anos se passaram desde o retorno da maçonaria a Assembléia Legislativa e agora, meus irmãos, estamos aqui não somente para festejar os feitos do passado, estamos aqui para ouvir um chamamento.

O Brasil nos chama como chamou os maçons quando do movimento da independência, da abolição dos escravos e da revolução constitucionalista. O Brasil chamou a maçonaria e os maçons responderam a altura das necessidades da nação saindo de seus templos e indo a luta.

Para correspondermos aos nossos antepassados que fizeram do Brasil um país independente e que lutaram para acabar com a escravatura e manter a democracia entre nós, não podemos tapar nossos ouvidos e deixar de atender a mais essa convocação.

Temos que sair do refugio de nossos templos e irmos para o mundo profano disseminar a moral maçônica. Essa moral onde se valoriza a honestidade, o trabalho, a humildade, a caridade, o saber e tantos outros pontos essenciais ao pleno desenvolvimento do indivíduo e da sociedade.

Temos representações em, praticamente, todos os municípios de nosso estado e todos os irmãos são lideranças e formadores de opinião em suas comunidades. Temos o material a ser inoculado na sociedade e o agente inoculador. A moral maçônica e o maçom. Nós temos a solução para debelarmos a crise de nosso país. Nossa ação.

Alem de tudo isso, muitos maçons, como é nosso caso, ocupam cargos públicos ou eletivos. E se queremos levar a moral maçônica para dentro dos círculos de decisão de nosso país, temos que fortalecer nossos representantes no meio político.

Hoje mesmo posso citar os irmãos Jorge Caruso, Baleia Rossi, Duarte Nogueira e Conte Lopes. Nós precisamos do apoio dos irmãos para termos mais força na disseminação de uma política mais elevada e voltada ao bem comum e banirmos essa política baixa centrada na corrupção. Desta forma, quero enfatizar que hoje, muito mais que a simples comemoração do "Dia do Maçom", estamos aqui para mostrarmos a nossa força e ouvirmos o chamamento do Brasil.

Se vamos atender ou não, depende de nós. Vamos voltar aos nossos templos e refletir sobre o que acontece em nossa volta e ver o que podemos fazer. E podemos fazer muita coisa, é só querer. Podemos e devemos mudar o Brasil, para melhor.

Podemos e devemos melhorar as condições de vida de nosso povo. Podemos e devemos contribuir, e muito para edificar um mundo mais justo e perfeito. Afinal, nós somos maçons, somos obreiros do grande arquiteto do Universo e sua luz e sua força nos cobrirá nessa jornada. Muito obrigado!

Meus irmãos, esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la esta Presidência agradece a todas as autoridades maçônicas e civis, aos funcionários desta Casa e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade.

Gostaria de convidar todos os presentes para participar de um pequeno coquetel no Hall Monumental da Assembléia Legislativa para confraternizarmos e reverenciarmos principalmente esta data que é nossa, da Maçonaria. Que a Assembléia Legislativa mais uma vez registre em seus Anais que nos reunimos aqui nesta noite.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 35 minutos.

 

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