23 DE AGOSTO DE 2002

40ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO DO 82º ANIVERSÁRIO DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE DESPORTOS

 

Presidência: CÍCERO DE FREITAS

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 23/08/2002 - Sessão 40ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: CÍCERO DE FREITAS

 

COMEMORAÇÃO DO 82º ANIVERSÁRIO DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE DESPORTOS

001 - CÍCERO DE FREITAS

Assume a Presidência e abre a sessão. Informa que esta sessão solene foi convocada pelo Presidente da Casa, Deputado Walter Feldman, atendendo à solicitação deste Deputado ora na Presidência, com a finalidade de homenagear a Associação Portuguesa de Desportos pelo seu 82º aniversário. Convida a todos para, em pé, ouvir os Hinos Nacionais de Portugal e do Brasil, executados pela Banda da Polícia Militar.

 

002 - VICTORINA THEREZA FRUGOLI

Lê texto homenageando a Associação Portuguesa de Desportos, destacando seus esportistas de sucesso e suas conquistas.

 

003 - JOAQUIM ALVES HELENO

Presidente da Diretoria da Associação Portuguesa de Desportos, repassa sua trajetória desde a fundação e fala sobre o estágio atual dos clubes de futebol.

 

004 - Presidente CÍCERO DE FREITAS

Procede à entrega de lembrança ao Sr. Joaquim Alves Heleno.

 

005 - JOAQUIM ALVES HELENO

Igualmente entrega ao Deputado Cícero de Freitas uma lembrança por esta ocasião.

 

006 - RAUL RODRIGUES

Presidente do Conselho de Orientação e Fiscalização da Associação Portuguesa de Desportos, descreve as contribuições dos portugueses que vieram ao Brasil, realçando, no campo esportivo, a fundação da Portuguesa.

 

007 - Presidente CÍCERO DE FREITAS

Anuncia a presença do Comendador Valentim dos Santos Diniz, Presidente de Honra do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira.

 

008 - AMÍLCAR CASADO

Presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol, expressa sua gratidão ao Deputado Cícero de Freitas e a esta Casa pela homenagem prestada.

 

009 - ANÍBAL MARTINS ANTUNES

Conselheiro nato e ex-Presidente do Conselho de Orientação e Fiscalização da Associação Portuguesa de Desportos, saúda o Comendador Valentim dos Santos Diniz.

 

010 - ANTÔNIO ALMEIDA E SILVA

Conselheiro nato da Associação Portuguesa de Desportos, considera o clube uma efetiva referência da ação dos portugueses que um dia foram acolhidos por esta cidade.

 

011 - DALMO PESSOA

Representando o Senhor Fernando Moredo, Presidente do Centro Transmontano de São Paulo, conselheiro vitalício da Associação Portuguesa de Desportos, lembra  aqueles que ajudaram a construir a grandeza do clube. Analisa o potencial de crescimento da Portuguesa.

 

012 - DOMINGOS FEZAS VITAL

Cônsul-Geral de Portugal em São Paulo, agradece à Portuguesa de Desportos o fato de levar o melhor de Portugal ao Brasil: sua capacidade de integrar o outro  e se integrar na sociedade onde está.

 

013 - Presidente CÍCERO DE FREITAS

Procede à entrega de homenagem ao Sr. Domingos Fezas Vital. Observa que a Portuguesa de Desportos hoje chega aos 82 anos, lutando pelo esporte brasileiro com a mesma coragem dos heróis lusitanos do passado. Agradece àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CÍCERO DE FREITAS - PTB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - CÍCERO DE FREITAS - PTB - Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, nobre Deputado Walter Feldman, atendendo à solicitação deste Deputado, com a finalidade de homenagear a Associação Portuguesa de Desportos pelo seu 82o aniversário. Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos os Hinos Nacionais de Portugal e do Brasil, executados pela Banda da Polícia Militar.

 

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- São executados os Hinos Nacionais Português e Brasileiro pela Banda da Polícia Militar.

 

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O SR. PRESIDENTE - CÍCERO DE FREITAS - PTB - Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar, sob a regência do maestro subtenente músico PM Moisés Fidelix Valério, 2ª Seção do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Ouviremos agora a leitura de uma homenagem à Associação Portuguesa de Desportos pela Sra. Victorina Thereza Frúgoli.

 

A SRA. VICTORINA THEREZA FRUGOLI - Na época das grandes navegações, Portugal descobriu sua vocação de desafiar os perigos em busca de novos caminhos, novos mundos.

Nos mares bravios, caravelas gigantescas eram meras cascas de nozes, frágeis, entregues ao destino.

Navegar é preciso.  Viver, não é preciso.

A coragem lusitana possibilitou a descoberta de novas terras.

Uma delas, todavia, era mais do que terra.  Era uma poesia das mais belas: a Ilha de Vera Cruz, a Terra de Santa Cruz, o Brasil!

Não poderíamos deixar de começar esta solenidade sem registrar o Brasil como a maior de nossas trovas, o melhor de nossos fados, o nosso mais pleno sentimento de amor.

Aqui, no Brasil, se estabeleceram muitos portugueses.

No estado de São Paulo, especialmente, a colônia lusa tornou-se uma das mais representativas.

Já o era no início do século XX.

A prova disso não tardou.  No dia 14 de agosto de 1920, nossos patrícios deram mais um passo para assemelhar-se à grandeza brasileira, misturando-se definitivamente à cultura, ao folclore, ao que demais precioso corria no sangue do brasileiro; o futebol.

No salão nobre da Câmara Portuguesa de Comércio, na rua São Bento, número 29-B, realizou-se a assembléia de eleição e de tomada de posse da diretoria da Associação Portuguesa de Esportes.

Se Pero Vaz de Caminha, o competente escriba de Pedro Álvares Cabral, houvesse feito a Ata, certamente registraria que, enfim, Portugal e os portugueses tinham se rendido e bebido da água cristalina dos índios que encontraram na nova terra.  Nativos imponentes, impávidos, de uma ingenuidade pura, cativante, digna de Deuses...

O jornal O Estado de S. Paulo noticiou o que estava prestes a acontecer em sua edição histórica veiculada no mesmo 14 de agosto.  A Portuguesa, portanto, nasceu famosa e sendo notícia.

Surgiu da união de várias sociedades existentes à época na capital paulista, com origem e inspiração lusitanas.

 

Entre elas destacavam-se o Luzíadas Futebol Club, a Associação 5 de Outubro, o Esporte Clube Lusitano, a Associação Atlética Marquês do Pombal e a Portugal Marinhense.

A fusão garantiu, logo de saída, um grande número de sócios.

Seus resultados, magníficos, rapidamente espalharam-se pela colônia levando portugueses e descendentes a se filiarem à nova agremiação.

Tudo na história de Portugal tem uma conotação épica.

Os portugueses convivem com datas célebres e que, quer o acaso, entrelaçam-se, fortalecendo raízes de lutas e heroísmo.

No século XIV, também num dia 14 de agosto, Portugal derrotava a Espanha na "Batalha de Aljubarrota".

O feito rendeu fatos e lendas contadas em prosa e verso com lirismo irrepreensível.

A primeira sede social da Associação Portuguesa de Desportos foi no Largo São Francisco.  A segunda, na rua XI de Agosto.

Rua XV de Novembro, Rua São Bento (no prédio Martinelli) e Largo São Bento serviram de moradas até a última e definitiva: o querido e famoso Canindé.

Quarenta e cinco mil metros do total de 90 mil foram comprados junto ao São Paulo Futebol Clube por 31 milhões de cruzeiros.  A outra metade, cedida pela Prefeitura, em caráter de comodato.

A inauguração do Canindé deu-se em novembro de 1956, com a construção das arquibancadas e gerais de madeira em torno do campo de futebol, consolidando a sempre lembrada "Ilha da Madeira".

Da Portuguesa saíram craques inesquecíveis.  Muitos deles foram campeões do mundo com a jaqueta canarinho, como Djalma Santos talvez o maior lateral direito da história - e Jair da Costa, bicampeão mundial no Chile.

Embora não seja unanimidade, o melhor de todos os jogadores da história da lusa foi Brandãozinho, um zagueiro de estilo clássico, que atuou na década de 50.  Ele foi bi-campeão do Rio-São Paulo e disputou a Copa do Mundo de 54 com a camisa verde amarela.

Os mais jovens certamente apontariam lvair, "O Príncipe", como a glória maior do Canindé.  Ou mesmo o talentoso Enéas, conhecido como El Diablo, que tantas vezes atuou pelo selecionado nacional.  O inesquecível Dener, que, se não tivesse partido tão prematuramente, seria ele o verdadeiro "Fenômeno".

Os títulos e conquistas sempre foram uma constante na vida do Clube.  No futebol, os Campeonatos Paulistas de 1934, 1935 e 1973, o Vice Campeonato Brasileiro de 1996, a Tri-Fita Azul. Inúmeras, ainda, as glórias na patinação artística, no hóquei, no vôlei, no basquete.

De se destacar que a Portuguesa de nossos dias possui um dos clubes com maior número de sócios de São Paulo e do Brasil.

A sede social tem um magnífico conjunto aquático, além de teatro, cinema, dois salões de festas e diversas outras obras destinadas ao lazer e bem estar social de seus filiados.

A Lusa do Canindé, sem dúvida, está à altura das maiores conquistas portuguesas.

E isso tem uma explicação simples: Portugal confessa seu amor pelo Brasil até às paredes!

Os mares bravios domados pela leveza literária de Camões e Fernando Pessoa que o digam...

A Assembléia Legislativa de São Paulo vive, nesta histórica data, um de seus melhores dias ao homenagear tão representativa entidade do cenário desportivo e cultural brasileiro.

Associação Portuguesa de Desportos: Que a força da união de seus Conselheiros, Diretores, Associados, Funcionários e torcedores permita a repetição de seu glorioso passado e a perpetuação de suas vitórias e conquistas.

 

O SR. PRESIDENTE - CÍCERO DE FREITAS - PTB - Passaremos agora a ouvir as palavras dos nossos amigos portugueses e defensores dessa grande associação. Tem a palavra o nosso amigo Joaquim Alves Heleno, Presidente da Diretoria da Associação Portuguesa de Desportos.

 

O SR. JOAQUIM ALVES HELENO - Excelentíssimo Sr. Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo Deputado Walter Feldman, e Deputado Cícero de Freitas, Senhores Deputados, Senhoras e Senhores, boa noite!

É com grande orgulho que compareço esta noite nesta casa para em nome da Associação Portuguesa de Desportos, receber essa homenagem pela passagem dos 82 anos de vida.

O ano de 1920 marca o nascimento da Associação Portuguesa de Desportos, foi no dia 14 de agosto que cinco clubes representantes da Colônia Portuguesa se uniram sob a liderança de Antônio de Souza Villas Boas, formando assim a nossa querida Portuguesa.

A data não foi escolhida ao acaso, em 14 de agosto de 1385 marcava a Batalha de Ajulbarrota onde numa grande vitória, na qual 7.000 lusitanos derrotaram 30.000 castelhanos e Portugal começou a se desligar definitivamente do reino de Castela, e este espírito de luta, raça e determinação deveria ser a bandeira a ser abraçada por esta nova agremiação.

A escolha das cores foi o verde e vermelho e no peito a Cruz de Aviz que representa as glórias das grandes cruzadas.

Eugênio Augusto Torres de Lima foi eleito o 11 presidente e assim a Portuguesa iniciou esta gloriosa trajetória até os dias de hoje.

Somos um clube de origem portuguesa, nos orgulhamos muito disso, mas somos verdadeiramente um clube brasileiro e estamos desde a fundação elevando o nome do esporte deste país.

Tivemos nosso primeiro estádio de futebol na Rua Cezário Ramalho, depois um terreno no lpiranga, até que em 1956 adquirimos o Canindé, onde construímos a famosa Ilha da Madeira.

Quanto sofrimento, quanta luta, mas quanta alegria também.

Que saudade da sede do Largo de São Bento, dos bailes de Carnaval no Palácio Mauá, das festas juninas no Shangai, das conquistas do Tri Fita Azul da Taça de Santo lzidro e dos grandes atletas que passaram pelo nosso Clube.

Foi com muita lágrima, suor e dedicação de todas as diretorias que passaram pelo nosso Clube que conseguimos erguer esta obra monumental.

E hoje depois de 82 anos mostramos orgulhosamente para o mundo um Clube que representa o maior Patrimônio Esportivo da Comunidade Luso Brasileira no mundo fora de Portugal.

Podemos nos orgulhar de termos um complexo esportivo com mais de 138.000 M² mais bem localizado de São Paulo.

Hoje a Portuguesa, além de ser um dos maiores clubes de futebol de São Paulo e do Brasil, atua também em vários outros esportes, tais como: Hóquei sobre Patins, Patinação Artística, Natação, Futebol de Salão, Triathlon, Duathlon Tênis, Vôlei, Judô, Karatê, Jiu Jitsu, Bocha e Malha.

Além dos esportes, nosso clube tem participação destacada na comunidade portuguesa de São Paulo, através da participação e promoção de eventos que tem por objetivo disseminar a cultura portuguesa em nosso Estado.

O nosso departamento médico com mais de 1.000 M² é um dos melhores do País, e agora também temos o nosso Centro de Treinamentos no Parque Ecológico com 118.000 m² e 400 m de frente para Rodovia Ayrton Senna com 8 campos de treinamentos.

A crise do futebol assolou todos os clubes do Brasil, a Lei Pelé e a Medida Provisória surgiram para deixar ainda mais difícil a vida dos clubes, mas a Portuguesa irá sobreviver porque tem lastro, patrimônio e acima de tudo homens que amam o nosso clube, e é com a ajuda destes abnegados homens que ainda iremos terminar o nosso Estádio de Futebol, o nosso Centro de Treinamentos e conseguir títulos e vitórias para ocuparmos os mais altos patamares no cenário esportivo nacional.

Agradeço imensamente a homenagem concedida por esta casa através do ilustre Deputado Cícero de Freitas, em nome dos diretores, conselheiros e torcedores da Portuguesa. Essa lembrança ficará marcada para sempre em nossos corações.

Muito obrigado.

Viva a Portuguesa!

 

O SR. PRESIDENTE - CÍCERO DE FREITAS - PTB - Antes de ouvirmos o próximo orador, entregaremos uma lembrança ao Presidente Joaquim Alves Heleno.

 

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- É feita a entrega da lembrança. (Palmas.)

 

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O SR. JOAQUIM ALVES HELENO - Vou passar às mãos do Deputado Cícero de Freitas uma camisa da equipe titular da Associação Portuguesa de Desportos, que considero uma das mais bonitas do futebol brasileiro, e também um livro que conta a história do nosso clube, desde a sua fundação. (Palmas.)

 

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- São entregues as lembranças. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - CÍCERO DE FREITAS - PTB - Queremos, Presidente Joaquim Alves Heleno, agradecer de coração a lembrança. Com certeza, este Deputado usará esta camisa em homenagem à nossa grande Portuguesa. Tem a palavra o Sr. Raul Rodrigues, Presidente do Conselho de Orientação e Fiscalização da Associação Portuguesa de Desportos.

 

O SR. RAUL RODRIGUES - Sr. Deputado Cícero de Freitas, glorioso representante das Alagoas e descendente de uma tradicional família portuguesa, os famosos Freitas das Alagoas; Sr. Cônsul-Geral de Portugal em São Paulo, Dr. Domingos Fezas Vital, figura grandiosa do nosso querido Portugal, que no exercício deste cargo enriqueceu a imagem da nossa terra em São Paulo e no Brasil, infelizmente está nos deixando, já deixa saudades; Ilmo. companheiro Joaquim Alves Heleno, digníssimo Presidente da Diretoria da nossa Associação Portuguesa de Desportos, companheiros, heróis que aqui vieram hoje, gostaria de falar para todos os senhores, mas peço licença para falar para os que aqui não vieram hoje, sejam quais forem os motivos que os impediram de aqui estar.

A Assembléia Legislativa de São Paulo presta uma homenagem à Associação Portuguesa de Desportos, que é a maior entidade, patrimonialmente falando, criada pela luso-brasilidade em São Paulo.

Senhores, os portugueses que vieram, com seu baú carregado de sonhos, de esperanças, traziam ideais. Costumava-se dizer, que neste Brasil, onde chegavam três famílias portuguesas nascia uma igreja. Onde dez famílias se reuniam, nascia uma Santa Casa, uma Beneficência. E aqui em São Paulo os portugueses construíram entidades extraordinárias, fabulosas e, entre elas, no campo esportivo, a nossa querida Associação Portuguesa de Desportos, repositório do sonho, do trabalho, de ideais. Muito suor e até sangue foi derramado para que esse monstro, patrimonialmente falando, que é a Associação Portuguesa de Desportos, fosse construído.

O poeta dizia que Deus quer, o homem sonha e a obra nasce. Os heróicos portugueses de antanho sonharam, Deus quis e a obra nasceu. Lá está, para o orgulho dos que aqui vieram e também para os que não puderam aqui comparecer.

Quero, em nome de todos, dos que vieram e dos que não vieram, para que fique nos anais desta Casa, citar alguns heróis da luso-brasilidade. Muitos estragaram sua própria vida e seu patrimônio para trabalhar para o clube e ajudá-lo a construir essa grandeza que aí está.

Alguns com quem convivi, que me lembro, e nesses estão todos representados: saudosos João Ramalho, Luís Portes Monteiro, Teófilo de Castro, Pereira Mendes, Luís Vieira de Gouveia de Jesus, Osvaldo Teixeira Duarte, Nestor Pereira, Valdomiro Voltolino e tantos, e tantos, e tantos outros que fizeram a grandeza do nosso povo.

Disse o nosso Presidente da diretoria que o futebol, como um todo, passa por um momento muito periclitante, por um momento terrível, eu diria, em que os clubes de futebol, mercê de mudanças estruturais e até na legislação, têm um futuro complicado se medidas sérias não forem tomadas.

A Portuguesa não é exceção. Evidentemente, passa por momentos complicados e difíceis. Mas a exemplo daqueles homens que citei simbolicamente e dos que deixei de citar - porque não consigo lembrar todos, não quero cometer injustiças maiores - a garra, a vontade, o espírito abnegado e o acendrado idealismo dos homens de hoje não faltaram àqueles que ontem fizeram a Portuguesa e a tornaram o que é hoje. Não a deixaremos cair.

Muito obrigado, Sr. Deputado, por se lembrar de nós, da nossa comunidade, representada pela gloriosa Portuguesa de Desportos. Muito obrigado, senhoras e senhores. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CÍCERO DE FREITAS - PTB - Antes de passarmos a palavra ao próximo orador, queremos fazer um agradecimento especial ao comendador Valentim dos Santos Diniz, Presidente de honra do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira. Esta Presidência, em nome do Presidente efetivo desta Casa, Sr. Walter Feldman, agradece de coração e fica sensibilizada com a presença de V.Exa. neste plenário. Chamamo-lhe de V.Exa. porque o senhor tem mérito, merece respeito e é um homem lutador, é um homem que, junto com a sua família, dá milhares de empregos neste país. Muito obrigado pela sua presença.

Tem a palavra o senhor Amílcar Casado, Presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol, conselheiro nato e ex-Presidente da Associação Portuguesa de Desportos.

 

O SR. AMÍLCAR CASADO - Boa noite a todos, Deputado Cícero de Freitas, Cônsul de Portugal em São Paulo, Dr. Domingos Fezas Vital, notáveis presentes, companheiros da nossa Associação Portuguesa de Desportos, só nos resta trazer aqui os agradecimentos pela lembrança que o nobre Deputado teve em homenagear a nossa Associação Portuguesa, que amamos tanto e que tivemos a honra de presidir durante quatro anos. Sempre que se lembram da gente, nós, como bons portugueses, como latinos que somos, agradecemos de coração aberto.

Quero deixar aqui a nossa gratidão ao nobre Deputado Cícero de Freitas e a esta Casa pela homenagem que nos presta. Evidentemente, deveríamos estar aqui com uma representação maior. Lamentavelmente, somos poucos, mas os que aqui estão representam bem a nossa coletividade. De qualquer maneira fica aqui a nossa gratidão e os nossos sinceros agradecimentos pela lembrança. Boa noite a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CÍCERO DE FREITAS - PTB - Tem a palavra o Doutor Aníbal Martins Antunes, conselheiro nato e ex-Presidente do Conselho de Orientação e Fiscalização da Associação Portuguesa de Desportos.

 

O SR. ANÍBAL MARTINS ANTUNES - Boa noite, digníssimo Deputado Cícero de Freitas, prezado amigo, que ora preside esta sessão solene; Dr. Domingos Fezas Vital, digníssimo cônsul, homem de ilibado saber, que conduziu muito bem a nossa comunidade nesses anos que aqui permaneceu e já deixa saudades; atual Presidente da Diretoria da Portuguesa, Sr. Joaquim Alves Heleno; digníssimo Presidente do Conselho Deliberativo, Joaquim Justo dos Santos; digníssimo Presidente do Conselho de Orientação e Fiscalização, Dr. Raul Rodrigues; senhoras e senhores, quero prestar uma homenagem a uma pessoa pela idade, pelo cabedal de luta pela nossa comunidade, a um homem que efetivamente merece todo o nosso respeito, carinho e gratidão por tudo que fez, não só pela nossa gente, mas pela pátria que hoje habitamos: o comendador Diniz. (Palmas)

Os nossos respeitos por tudo que o senhor realizou, não somente na Associação Portuguesa de Desportos, por tudo, pela minha querida Beneficência Portuguesa de São Paulo, pelo seu patrimônio invejável, mas que de alguma forma contribui muito para que a luso-brasilidade seja sempre relembrada. Por isso os nossos respeitos.

Tudo já foi dito em agradecimento. Prezado Deputado, muito obrigado por ter se lembrado da nossa Associação Portuguesa de Desportos.

Mas a mim cabe também agradecer não só ao seu gabinete, mas a um jovem dinâmico, que de alguma forma ocupou vários cargos na nossa associação. Ao Dr. Marcos César, a nossa gratidão, o nosso carinho, a nossa amizade. Muito obrigado por terem se lembrado de mim. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CÍCERO DE FREITAS - PTB - Passaremos a palavra ao Sr. Antônio de Almeida e Silva, conselheiro nato da Associação Portuguesa de Desportos.

 

O SR. ANTÔNIO DE ALMEIDA E SILVA - Exmo. Sr. Deputado Cícero de Freitas, proponente desta sessão solene em homenagem à nossa Portuguesa de Desportos; Exmo. Sr. Cônsul-Geral de Portugal em São Paulo, Dr. Domingos Teixeira de Abreu Fezas Vital, grande profissional, grande funcionário do estado português, que infelizmente, deixa as suas honrosas funções em São Paulo para novos desafios em Bruxelas, a homenagem da comunidade portuguesa de São Paulo; Sr. Presidente da Diretoria da Portuguesa, Joaquim Alves Heleno, na pessoa de quem saúdo todos os poderes constituídos da nossa Portuguesa; comendador Valentim dos Santos Diniz, que tive a honra de tê-lo como Presidente no Conselho da Comunidade por 11 anos, as homenagens mais do que merecidas; dirigentes da Portuguesa; dirigentes associativos, senhoras e senhores, pretendo que a minha palavra seja um pouco em nome da comunidade portuguesa de São Paulo, representando neste momento o conselho da comunidade Luso-Brasileira deste Estado.

Naquele distante 14 de agosto de 1920, na Rua São Bento, onde estava o salão nobre da Câmara Portuguesa, nasceu a nossa maior Associação, a nossa Lusa, a gloriosa Portuguesa de Desportos. o resultado vivo da capacidade empreendedora dos emigrantes portugueses, que assim fincaram mais um ponto histórico de referência neste querido país de acolhimento. O dia escolhido para essa fundação tinha um significado especial, e representava uma moldura perfeita para o ato heróico daqueles portugueses de então, que se uniram para dar a São Paulo uma entidade esportiva forte e representativa. É que foi, também, num dia 14 de agosto - século XIV - que Portugal derrotou a Espanha na conhecida "Batalha de Aljubarrota", decisiva para a independência de Portugal, e uma das mais extraordinárias passagens da sua rica História.

Nesses 82 anos que nos separam desse dia histórico na vida da comunidade portuguesa de São Paulo e do Brasil, a nossa Portuguesa cresceu, conquistou títulos e glórias e continua sendo o nosso melhor e mais conhecido símbolo da presença marcante e realizadora dos portugueses emigrantes, que escolheram São Paulo como seu porto de abrigo.

Realmente, os portugueses que vieram para o Brasil realizar os seus projetos de vida, ao contrário do que acontece em outros países, não se limitaram a cuidar do seu trabalho e dos seus negócios, a constituir famílias e a educar os filhos, a lutar pela sobrevivência. Premidos pelas vicissitudes e, principalmente, com o objetivo de agradecer ao Brasil, os imigrantes portugueses realizaram uma obra sem paralelo em nenhuma outra parte do mundo, que começou em 1837 com a criação do Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro, expandindo-se depois, com Beneficências, Liceus, Grêmios e Associações de todos os segmentos, formando do Amazonas ao Rio Grande do Sul uma rede associativa de várias vertentes - a assistência social, o ensino, a cultura, o desporto, as tradições. etc. - e foi acumulando patrimônios, mercê da generosidade de benfeitores e do esforço de muitos, cujos nomes ficarão para sempre nas atas e nos registros dos atos heróicos.

Tudo isso é resultado do esforço de homens simples, homens de mãos calejadas que souberam fazer por Portugal e pelo país que os acolheu, geração após geração, sacrificando vida e fazenda, horas de descanso e horas de família, sem medir sacrifícios, sem esperar recompensas, e nem arrefecer no entusiasmo, porque pulsava-lhes o peito, corria-lhes no sangue, inebriava-os por dentro, a santa vontade de engrandecer a terra onde nasceram e a Pátria que os recebeu..

E ao apontarmos esse trabalho associativo realizado no Brasil, não o fazemos por questões de triunfalismo ou para induzir alguém a pensar que tudo está feito. A referência vale como expressão da força intrínseca das nossas comunidades, força que temos o dever de potencializar, para que não esperem tudo do Governo ou do Estado, e como traço aliciante dos desafios que temos pela frente se quisermos vencer o futuro e deixar o testemunho da nossa presença às gerações que nos vão suceder.

As associações de portugueses no estrangeiro variam de país para país, de região para região, podem ser simples e modestos pontos de encontro de compatriotas ou, pelo contrário, grandes instituições com ações multifacetadas nos mais diversos domínios, em poder assumir dimensões como é o caso da Portuguesa de Desportos. De qualquer forma, serão sempre importantes para revelar o espírito empreendedor do homem português, e da sua capacidade de integração à terra que o acolhe, neste caso o Brasil, onde a comunidade luso-brasileira surge com características marcantes, definida por uma identidade histórica e cultural inquestionável, que tem como valioso fundamento a língua portuguesa. É essa comunidade a responsável por um imenso patrimônio moral e cultural, decorrente desses princípios comuns e da ação atuante dos emigrantes portugueses, que começa naquele longínquo dia que as naus de Pedro Álvares Cabral avistaram, na venturosa semana da Páscoa, o alto Monte que lhes surgia como sentinela avançada de um deslumbrante e portentoso continente.

A Portuguesa de Desportos continua a ser efetiva referência da ação dos portugueses que um dia foram acolhidos nesta querida cidade de São Paulo. Haveremos de preservar esse símbolo de valor, como tributo de gratidão a este povo irmão. E a melhor forma de fazer isso é a união de todos nós em prol desse ideal.

É bem verdade que agora já não somos tantos como antigamente, quando a emigração efervescia, e cada vez seremos ainda menos, numericamente falando. Mas, exaltando mais uma vez a gloriosa "Batalha de Aljubarrota", deve-se lembrar que naquela ocasião o exército português, apesar de só contar com 7.000 homens, venceu pujantemente os castelhanos que contavam com quase 20.000 homens. . Uma lição sempre presente da História.

Sr. Deputado Cícero de Freitas, meus amigos, congratulo-me com todos os que, nesta noite, festejam o nosso clube, a nossa Lusa.

Que essa instituição continue a ser a marca forte da presença portuguesa em São Paulo, resultado da capacidade evidente de integração efetiva entre os dois povos. Há muito ainda para ser feito. E, nesse sentido, as mais de oito décadas de vida da Portuguesa não lhe envelheceram o espírito. Continua jovem e atrevida, quanto a novos projetos, novos desafios, que haverão engrandecer, sempre, o espaço vivo e dinâmico da Luso-Brasilidade.

Muito Obrigado!

 

O SR. PRESIDENTE - CÍCERO DE FREITAS - PTB - Tem a palavra o Sr. Dalmo Pessoa, representando o senhor Fernando Moredo, Presidente do Centro Trasmontano de São Paulo, conselheiro vitalício da Associação Portuguesa de Desportos.

 

O SR. DALMO PESSOA - Sr. Deputado Cícero de Freitas; Sr. Cônsul Domingos Vital, que vai assumir a Embaixada de Portugal na Bélgica, na União Européia, já deixa muitas saudades pelo seu trabalho, pela sua fidalguia, por sua presença marcante em São Paulo; Sr. Presidente, Joaquim Alves Heleno; Dr. Raul Rodrigues, Presidente do COF; Sr. Joaquim dos Santos, Presidente do Conselho Deliberativo da Portuguesa; Sr. Comendador Valentim dos Santos Diniz, na sua pessoa cumprimento todos os presentes; cabe-me a honra de representar aqui o Sr. Fernando José Moredo, Presidente do Centro Trasmontano de São Paulo, que por motivo de viagem não pode comparecer.

Queria dizer que, nesta noite, faço uma viagem a um passado não tão distante, volto à minha condição de modesto repórter, cobrindo as atividades da Portuguesa, no Canindé. Lembro-me de um sábado em que lá esteve o Sr. Prefeito desta cidade, um dos maiores prefeitos que São Paulo já teve, Engenheiro Prestes Maia, que lá foi assinar um decreto de cessão em comodato, de uma das áreas do Canindé, para que a Portuguesa pudesse ter hoje o patrimônio, o estádio que tem.

Lembro-me, por exemplo, de outras coisas tão marcantes na minha vida profissional, como por exemplo, uma outra figura histórica desse futebol de São Paulo, que era Vicente Mateus do Vale, com seus caminhões aterrando as lagoas do Canindé, dando a sua contribuição à Portuguesa. E pasmem os senhores: por pouco ele não se transformou em Presidente da Associação Portuguesa de Desportos. São fragmentos da história mas que precisam ficar registrados nos anais desta Casa para enaltecer a Associação Portuguesa de Desportos.

Sr. Deputado Cícero de Freitas, não se impressione muito. Aqui, nesta noite, nós somos poucos, mas somos muitos para realizar os objetivos maiores, que são fortalecer esse clube, o esporte e o futebol.

Vejam como as coisas são históricas, têm uma relação muito próxima, embora o fato esteja lá no passado não tão distante. Se sete mil heróicos portugueses em Aljubarrota derrotaram 30 mil na defesa de Portugal, somos poucos, mas com o mesmo espírito realizador, com a mesma ousadia, coragem e destemor na defesa daquilo que é importante para todos nós, que são as cores da Portuguesa. Não importam as nossas divergências, porque divergir é da essência democrática, porque no fim o que importa é a somatória de todos em favor de uma causa maior, de uma instituição, que é a gloriosa Portuguesa.

E neste momento é importante lembrar aqueles que ajudaram a construir a grandeza desse clube, lembrar Luís Portes Monteiro, Antônio Pereira Mendes e outros que ajudaram a comprar o terreno do Canindé; Avadir Sadi, um empresário de origem libanesa, de quem a Portuguesa adquiriu aquela área que é um santuário. Lembrar Osvaldo Cordeiro, João Ramalho, Mário Augusto Isaías, Osvaldo Teixeira Duarte, Nestor Pereira, o patriarca da comunidade; Teófilo Bouças de Castro, Luís Vieira Gouveia, César Ventura, Adriano Moredo, José Francisco Santiago Neto - que não faz tanto tempo que nos deixou, mas ficou aqui um pouco da sua figura gravada na memória, coração de todos nós; Valdomiro Valtolino e aqueles que continuam aqui, com a graça de Deus, para ajudar a preservar esse patrimônio que é a Portuguesa, como Pizarro Danavi, Manuel Gregório, que aqui não está, tenho certeza de que se fazem presentes espiritualmente; os Presidentes que aqui estão, Raul, Amílcar Casado. Tudo isso é importante porque quando o Poder Legislativo do Estado de São Paulo, que é uma nação, abre suas portas nesta noite histórica para homenagear um clube como a Portuguesa, acho que todos nós nos sentimos homenageados, recompensados, porque o trabalho de todos não foi em vão, a Portuguesa aí está e haverá de continuar grande, de ser maior.

Fico aqui refletindo sobre o seguinte: uma colônia forte como é a colônia portuguesa em São Paulo, Portugal que hoje é o portal da União Européia, que tem uma renda per capita de 12 mil dólares por ano, tem aqui grandes empresas, e hoje Portugal é no Brasil o quarto país em investimentos. Na hora em que conseguirmos essa simbiose da Portuguesa, da comunidade, somar com esses grandes grupos empresariais, a Portuguesa não será só o segundo clube de São Paulo, será o maior clube da América Latina.

Muito obrigado, Srs. Deputados, e que isso fique gravado como um alerta, como um brado, para que esses poucos que aqui estão possam, de um certo modo, lembrar a heróica batalha em que sete mil derrotaram 30 mil. Somos poucos nesta noite, mas somos muitos para realizar o objetivo maior que é engrandecer a Portuguesa. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CÍCERO DE FREITAS - PTB - Esta presidência, com muita honra, concederá a palavra ao Sr. Domingos Fezas Vital, Cônsul-Geral de Portugal em São Paulo.

 

O SR. DOMINGOS FEZAS VITAL - Sr. Deputado Cícero de Freitas, Presidente desta sessão; Sr. Presidente da Portuguesa de Desportos, Sr. Joaquim Alves Heleno; Sr. Presidente de honra do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo e meu querido amigo, comendador Valentim dos Santos Diniz; membros da diretoria da Portuguesa de Desportos e associados, meus amigos, quis o destino e as circunstâncias da vida que seja esta a última vez, de forma oficial, que falo em São Paulo como Cônsul-Geral de Portugal.

Julgo que não poderia haver provavelmente melhor lugar para que isso acontecesse nem cerimônia mais significativa. Despeço-me de São Paulo, na casa de São Paulo e parto levando São Paulo no coração. Julgo que não haveria provavelmente melhor lugar para uma declaração de amor como esta do que a casa da noiva. E é aqui que venho dizer que levando São Paulo no coração eu parto menos, porque só parte quem esquece e quem leva São Paulo no coração não esquece, logo não parte. E nesta Casa de São Paulo também se homenageia a Portuguesa de Desportos.

Como cônsul de Portugal, gostaria de agradecer à Portuguesa de Desportos menos o fato de ser portuguesa, mas o fato de ser portuguesa e de levar o melhor de Portugal ao Brasil; e o melhor de Portugal e dos portugueses está na sua capacidade de integrar o outro e se integrar na sociedade onde estão. É por isso que a Portuguesa é um grande exemplo.

Gostaria de dizer que há pouco, quando estava sentado naquela cadeira olhando para vocês aí embaixo, cheguei à conclusão de que a pessoa mais importante desta noite não é V.Exa., Sr. Deputado, e peço-lhe desculpas por isso, e nenhum de nós, é aquele menino que está sentado ali, é aquele menino por aquela camiseta. (Palmas.) Conhecemo-nos quando entrei aqui e quando vemos uma pessoa que é capaz de estar ali há 45 minutos ouvindo-nos falar, é preciso ter um grande amor à Portuguesa. Ao mesmo tempo, não há espaço para crise de identidade, não há espaço para dúvidas, não há espaço para mais nada porque o futuro está assegurado, está ali.

Portanto, como Cônsul-Geral de Portugal, quero agradecer à Portuguesa o fato de hoje ter sido capaz de trazer aqui provavelmente não tantas pessoas como gostaríamos, mas aquele menino que está ali. Portanto, temos resolvido todas as dúvidas, todos os problemas existenciais que pudéssemos a ter em relação a isso.

Gostaria de concluir dizendo que para mim a passagem por São Paulo foi uma das experiências mais enriquecedoras de minha vida. Há pouco, alguém citava Fernando Pessoa. Julgo que não fui, por muitas vezes, capaz de dizer com a mesma força e com a mesma emoção uma coisa tão batida como: “Vale sempre a pena quando a alma não é pequena”. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CÍCERO DE FREITAS - PTB - Entregaremos esta lembrança a Domingos Fezas Vital, homenagem também da Portuguesa, do amigo Deputado Cícero, para que ele a leve na sua bagagem a Bruxelas e que lá tenha o mesmo êxito que teve aqui no Brasil.

 

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- É feita a entrega da lembrança. (Palmas.)

 

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O SR. DOMINGOS FEZAS VITAL - Peço desculpas, mas há uma coisa que gostaria de ter dito antes. Não somos realmente muitos esta noite, mas acho que devemos ser leais em relação aos amigos, às pessoas que se lembrarão de nós. Há um contexto muito importante, são os estádios de futebol, os jogos de futebol. Estão lá muitas pessoas. Permito-me sugerir ao Sr. Presidente que no próximo jogo da Portuguesa fosse feita a menção ao fato de que o Sr. Deputado Cícero de Freitas tomou esta iniciativa e levou a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo a comemorar, neste dia, o 82o aniversário da Associação Portuguesa de Desportos. Muito obrigado. (Palmas)

 

O SR. PRESIDENTE - CÍCERO DE FREITAS - PTB - Senhoras e senhores, em nome destas três pessoas que vou citar os nomes, quero agradecer a todos os senhores presentes: Joaquim Alves Heleno, Presidente da Associação Portuguesa de Desportos; Domingos Fezas Vital, Cônsul-Geral de Portugal em São Paulo; e um agradecimento especial, em nome do Presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, Deputado Walter Feldman, à presença do comendador Valentim dos Santos Diniz, Presidente de honra do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira.

Senhoras e senhores, para este Deputado, este é um momento de grande alegria, porque se olharmos para mais de mil anos atrás, se voltarmos o tempo na história, em muitos livros, de muitas bibliotecas do mundo, devem constar a história de Portugal relacionada ao Brasil. Como vários oradores já citaram, o que nos deixa emocionados é que em qualquer família, em São Paulo, no Norte, no Nordeste, no Centro-Oeste, dificilmente não se encontra um pedacinho de Portugal em cada família.

Alguns oradores citaram muito bem que este Deputado veio das Alagoas, e lá no cantinho, meus bisavós tinham sangue legítimo de portugueses, por isso herdei este nome Freitas. E não é por qualquer outra razão, que me emociono quando lembro-me do meu avô. Era um português legítimo, chamava-se Manoel Freitas. Faleceu aos 93 anos. O que sou, o que posso ser ainda, aprendi com ele e com minha mãe. Só uma coisa não aprendi: a seguir o caminho do mal. Graças a Deus, guardo isso comigo.

Quando contamos aproximadamente 50 pessoas aqui no plenário, com os nossos funcionários, assessores e colaboradores, isso nos emociona muito mais. E quando também ouvimos falar que com sete mil derrotamos talvez quase 30 mil, em Aljubarrota, passamos mais uma vez a acreditar que o sangue português ainda permanece em todos os brasileiros, porque nós brasileiros vivemos uma década em que só sobrevivemos porque temos o sangue forte daqueles sete mil, que venceram aquela grande batalha.

Acho que os 170 milhões de brasileiros têm um pouquinho daquele sangue, senão não conseguiríamos navegar e atravessar esse grande mar de lama que existe em alguns cantos do nosso país.

Mas tenhamos certeza que com essa coragem de lutar por uma razão tão importante, que é pelo esporte brasileiro, pelo esporte mundial também, a Portuguesa de Desportos hoje chega aos 82 anos. É uma grande caminhada. Como observou o nosso cônsul, uma criança de 10 ou 12 anos, provavelmente com sangue mestiço, com certeza, desta sessão solene, levará para sempre na memória o que ouviu das pessoas que têm uma grande experiência de sobrevivência neste País.

Quero agradecer o carinho de todos. Não vou dizer a vocês que sou expert em futebol. Entendo muito pouco de futebol. Convivo com pessoas de torcidas de todos os times brasileiros, sou amigo de todos e considero-me um membro da família luso-brasileira da Portuguesa de Desportos.

Ficam os meus agradecimentos a todos, e antes de dar por esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência agradece, mais uma vez, às autoridades presentes e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade, convidando a todos para visitar uma exposição no hall monumental com os troféus e alguns quadros com fotos de jogadores da Portuguesa, que foi e sempre será celeiro dos maiores jogadores de futebol do Brasil. Muito obrigado a todos. Que Deus lhes acompanhe.

Esta encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 55 minutos.

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