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13 DE SETEMBRO DE 2004

41ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO DO “DIA DO MAÇOM”

 

Presidência: ALDO DEMARCHI

 

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 13/09/2004 - Sessão 41ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: ALDO DEMARCHI

 

COMEMORAÇÃO DO "DIA DO MAÇOM"

001 - ALDO DEMARCHI

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades. Informa que a presente sessão foi convocada pela Presidência efetiva da Casa a pedido do Deputado ora na condução dos trabalhos, com a finalidade de comemorar o Dia do Maçom. Convida todos para, de pé, ouvirem o Hino Nacional.

 

002 - WILLIAN WOO

Vereador de São Paulo, entende que este é um momento de reflexão histórica dos maçons que fizeram da sua atuação a busca da liberdade, da igualdade e da fraternidade em nosso País.

 

003 - CLÁUDIO ROQUE BUONO FERREIRA

Grão-Mestre do Grande Oriente São Paulo, recorda a instituição da Maçonaria brasileira e reafirma os seus compromissos de trabalhar por uma sociedade mais justa e perfeita.

 

004 - Presidente ALDO DEMARCHI

Anuncia a execução de número artístico.

 

005 - MURILLO MARÇAL VIEIRA

Grão-Mestre Adjunto da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, neste ato representando o Grão-Mestre Pedro Luiz Ricardo Gagliardi, conclama todos os maçons a estreitar os laços com todos os segmentos da sociedade dispostos a disseminar o bem comum.

 

006 - Presidente ALDO DEMARCHI

Menciona momentos da história do Brasil influenciados pela Maçonaria. Ressalta a necessidade de trabalhar pela ética na política, pelos valores da família e pela sociedade fraterna, ideais dos maçons. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PFL - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PFL - Esta Presidência passa a nomear as seguintes autoridades: Cláudio Roque Buono Ferreira, Grão-Mestre Estadual do Grande Oriente de São Paulo; Dr. Murilo Marçal Vieira, Grão-Mestre Adjunto da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, representando neste ato o Grão-Mestre da Loja Maçônica do Estado de São Paulo, Desembargador Pedro Luiz Ricardo Gagliardi; Sr. Durval de Oliveira, Grão-Mestre do Grande Oriente Paulista; Sr. Benedito Marques Ballouk, Grão-Mestre Estadual Adjunto e Presidente do Ilustre Conselho Estadual; Coronel Ariomar Gago, neste ato representando o General-de-Exército Sérgio Pereira Mariano Cordeiro, Comandante Militar do Sudeste; Tenente- Coronel  Aviador Miguel Ângelo Furlan, representando o Major-Brigadeiro- do-oAr Paulo Roberto Cardoso Vilarinho; Sr. Sílvio Manginelli, neste ato representado o Exmo. Sr. Duarte Nogueira, Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo; Delegado Marco Antônio Martins Ribeiro de Campos, Chefe da Assistência Policial Civil da Secretaria de Segurança, neste ato representando o Secretário de Segurança Pública, Dr. Saulo de Castro Abreu Filho; Sr. José Carlos de Melo, Delegado de Polícia Subchefe, representando o Delegado-Geral de Polícia Marco Antônio Desgualdo; Sr. Willian Woo, Vereador àda Câmara Municipal de São Paulo; Sr. Washington Santos- Maradona, Secretário-Geral da CGT, Confederação Geral dos Trabalhadores do Estado de São Paulo; Sr. Carlos Gomes da Silva, Grande 1º Vigilante; Sr. Erly Idamar de Almeida Castro, Grande Orador; Sr. Antônio Simas, Diretor Secretário Geral do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo; Sr. Jorge Jamal Ayyad Badra, Vice-Presidente do Sindicato das Cooperativas do Estado de São Paulo; Sr. Luiz Gonzaga Venelli, Grande Secretário de Relações Internacionais do Grande Oriente Paulista; Sr. Jobelino Vitoriano Locateli, Presidente da Poderosa Assembléia Estadual Legislativa; Sr. Osvaldo Caron, Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça Maçônica; Sr. Flávio Garbatti, Presidente do Egrégio Tribunal Eleitoral Maçônico; Sr. Riccardo Trecco, Grande Secretário de Administração; Sr. Mário Sérgio Nunes da Costa, Grande Secretário de Finanças; Sr. Pedro Mário Fávero, Grande Secretário da Guarda do Selo; Sr. Jorge Barnsley Pessoa Filho, Grande Secretário de Patrimônio; Sr. Walter Rodrigues de Andrade, Grande Secretário da Previdência e Assistência; Sr. Paulo Rogério Compri, Grande Secretário Adjunto de Relações Internas; Sr. Aldo Buitoni, Assessor Especial de Assistência às Lojas Fraternidades Acadêmicas e de Pesquisa e Estudos Maçônicos; Sr. Paulo Roberto Couto da Fonseca, Assessor para Assuntos Gerais do Grão-Mestrado; Sr. Sidney Antônio dos Santos, Secretário Coordenador Geral da Secretaria de Previdência e Assistência.

Minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, nobre Deputado Sidney Beraldo, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de comemorarmos o Dia do Maçom, ocorrido no dia 20 de agosto.

Convido todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do Maestro 1º Sargento PM Músico Carlos Alberto, da Banda Regimental de Música do Comando da Polícia Militar da Área Metropolitana 6.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PFL - Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Iniciaremos a nossa solenidade concedendo a palavra ao nosso irmão Vereador Willian Woo, da Câmara Municipal de São Paulo.

 

O SR. WILLIAN WOO - Exmo. Deputado Estadual Aldo Demarchi, que preside esta Sessão Solene na Assembléia Legislativa de São Paulo; nosso eminente irmão Cláudio Roque Buono Ferreira, Grão-Mestre Estadual do Grande Oriente de São Paulo; nosso Grão- Mestre Adjunto da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, Dr. Murillo Marçal Vieira; Dr. Marco Antônio, que aqui representa o Secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, pessoa na qual gostaria de cumprimentar todas as autoridades civis e militares aqui presentes; autoridades maçônicas; meus queridos irmãos, uma boa-noite.

Eu tinha aqui um grande discurso preparado, mas vou me preservar para falar nesta data de um momento que passamos na Câmara Municipal de São Paulo.

Acho que o Dia do Maçom, que se comemora já anualmente na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, é um momento de refletirmos toda a nossa história de maçons que fizeram da sua atuação uma peça importante em busca da liberdade, da igualdade e da fraternidade em nosso País.

Talvez, em nossas lojas e nos nossos templos, não discutamos sobre política partidária, mas talvez a atitude de um maçom de participar da política e de ter uma ação política no seu dia-a-dia em busca da grande obra a serviço do nosso Grande Arquiteto do Universo.

Na Câmara Municipal de São Paulo pudemos apresentar um projeto, juntamente com o irmão Goulart, em que estaremos comemorando na semana de 07 de setembro a entrega da medalha José Bonifácio aos irmãos que se dedicaram em ações junto à cidade de São Paulo, indicados pela Grande Oriente São Paulo e pelas Grandes Lojas do Estado de São Paulo.

Nós, que estamos sempre atuando na cidade de São Paulo, agradecemos ao nosso Deputado que anualmente busca o apoio desta Casa, de todos os Deputados e de nós maçons para prestigiar um dia tão importante e relembrar fatos importantes da nossa história, para que possamos levar como exemplo e usar dessa ferramenta para fazer uma mudança em busca da obra que todos nós desejamos.

Em nome do nosso Presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Arselino Tatto, e dos seus 55 vereadores, agradeço ao Deputado irmão Aldo Demarchi.

Muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PFL - Convidamos agora o eminente Grão-Mestre do Grande Oriente São Paulo, Dr. Cláudio Roque Buono Ferreira.

 

O SR. CLÁUDIO ROQUE BUONO FERREIRA - Sr. Presidente, Deputado Sidney Beraldo, Deputados Aldo Demarchi e Baleia Rossi, em nome dos quais saúdo a todos os Deputados presentes, autoridades civis e militares; Exmo. Grão-Mestre Pedro Luiz Ricardo Gagliardi, aqui representado pelo seu adjunto, irmão Murillo; soberano Grão-Mestre Oswaldo Oliveira; eminentes Grão-Mestres Adjuntos; dignidades maçônicas, irmãos, cunhados, sobrinhos, visitantes, senhores e senhoras, meus cumprimentos a todos em nome dos grandes obreiros do Grande Oriente São Paulo.

Novamente estamos reunidos para a sessão magna em homenagem ao Dia do Maçom, comemorado nacionalmente em 20 de agosto. Esta Casa, que representa da melhor forma a nossa República, dentro do mais representativo Estado da Federação, presta, nesta data, uma homenagem ao povo maçônico paulista.

Como grão-mestre do Estado de São Paulo, representando grandemente o Brasil, que é o maior grupamento da maçonaria republicana do mundo, ressalto que a nossa obediência maçônica existe desde julho de 1822.

Esta comemoração é originada por um fato de relevante marco na história: a Independência do Brasil, tornada pública em 7 de dezembro de 1822 pelo Imperador e Grão-Mestre D. Pedro I.

Saibam que o nosso segundo Grão-Mestre recebeu uma carta, às margens do riacho do Ipiranga, emitida pelo nosso primeiro Grão-Mestre, José Bonifácio de Andrada e Silva, com decisão tomada em 20 de agosto, em reunião em nossa sede, no futuro Estado do Rio de Janeiro. Portanto, a Maçonaria brasileira, que naquela ocasião já aflorava como fonte da República, havia sido constituída como entidade legalizada em 17 de julho de 1822.

No ano passado estive também nesta Casa, a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, no dia 18 de agosto e afirmei que se os governos são justos, se são evolucionistas, se são líderes nascidos da República, se têm o objetivo de cuidar de seu povo, se buscam soluções para os menos favorecidos, nós, maçons, estamos à disposição com a nossa diligência e força de trabalho, facilitando a solução e trazendo justiça social.

Aqui volto hoje novamente, como representante do Grande Oriente de São Paulo, para prestar contas dos resultados da semente plantada nesta Casa naquela data, por meio da assinatura conjunta, inclusive com o Grão-Mestre das Grandes Lojas, de um convênio com o atual Presidente Sidney Beraldo - e vejo que não foi em vão.

Aquele convênio, que afirma o reconhecimento e o grande potencial dos maçons do Estado, foi sendo reproduzido no Grande Oriente de São Paulo, primeiro com prefeitos de São João de Boa Vista e assim sucessivamente com diversos municípios do nosso Estado.

Lembramos as considerações daquele convênio: considerando que a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo é a legítima representante do povo paulista; considerando que o Gosp e as Glesp, em conjunto, possuem lojas maçônicas em praticamente todos os municípios do Estado de São Paulo; considerando que a Maçonaria é uma instituição que tem na sua forma de trabalho a discrição; que é essencialmente filantrópica, filosófica e progressista, e tem por objetivo a indagação da verdade, o estudo da moral e a prática da solidariedade, trabalhando pelo aprimoramento material e moral e pelo aperfeiçoamento intelectual da humanidade; considerando que os integrantes das lojas maçônicas poderiam contribuir de forma significativa com o trabalho desenvolvido por esta Assembléia Legislativa, que as pessoas talhadas dentro da nossa ordem maçônica têm elevados níveis de conhecimento, muitos oriundos dos próprios recursos que o Estado investiu, como sempre fizemos no Grande Oriente São Paulo e no Grande Oriente Brasil, demonstramos que uma ação bem planejada e consistente, que tem raízes e conhecimento dos poderes constituídos, será sempre multiplicada pelos obreiros disponíveis em nosso território.

Sr. Presidente Sidney Beraldo, temos plena convicção de que, embora o trabalho seja árduo, acreditamos nele plenamente e não mediremos esforços para realizá-lo, conquistando todas as metas que beneficiem a nossa população. Estamos dispostos a unir os nossos esforços com o governo em benefício do povo de São Paulo.

Acredito, como maçom e como cidadão brasileiro, que somente com união e com o trabalho realizado com seriedade e dignidade poderemos conquistar uma sociedade mais justa e perfeita.

Por isso aqui estamos, em uma nova era maçônica, dispostos a nos empenhar cada vez mais neste compromisso que nos dispusemos a realizar sem medir esforços, para que os futuros cidadãos deste país possam sentir orgulho de sua pátria, que nós maçons ajudamos a construir.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PFL - Através do nosso serviço de som, ouviremos agora o poema “Estranha Mulher”, de Maria Ivone Correia Dias e Gualberto Matucci.

 

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-         É reproduzido o poema “Estranha Mulher” pelo serviço de som. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PFL - Agradecemos ao Irmão Lemesin, que trabalha nesta Casa, por ter nos dado oportunidade de ouvir esse belo poema.

Ouviremos agora a palavra do Exmo. Sr. Grão-Mestre Adjunto da Grande Loja do Estado de São Paulo, Dr. Murillo Marçal Vieira, que neste ato representa o Grão-Mestre Pedro Luiz Ricardo Gagliardi.

 

O SR. MURILLO MARÇAL VIEIRA - Exmo. Sr. Deputado Estadual e Irmão Aldo Demarchi, que preside, para nossa grande satisfação, esta Mesa e esta reunião; querido Irmão Grão-Mestre Cláudio Roque Bueno Ferreira, Grão-Mestre Estadual do Grande Oriente do Brasil; poderoso Irmão Benedito Marques Ballouk, Grão-Mestre Estadual Adjunto e Presidente do Ilustre Conselho Estadual; queridos e poderosos irmãos do Grande Oriente do Brasil e da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; ilustres e dignos representantes das autoridades militares e civis aqui presentes; queridos irmãos, meus senhores e minhas senhoras, hoje vivemos com muitas dificuldades,desde de ordem econômica, social em geral, até mesmo a perversidade do terrorismo assassino que mata, aleija velhos e crianças, destrói famílias e propriedades, principalmente aqueles provocados por interesses menores e particulares que aviltam a dignidade humana, subsidiando o flagelo da fome e da discriminação.

Reunidos hoje para comemorar o nosso dia, sob o abrigo de nossa mais alta instituição, a Casa de Leis, cabe-nos uma reflexão sobre a importância e oportunidade desta reunião. Neste século o mundo está passando por enormes transformações, num ritmo muito mais veloz em todos os segmentos da sociedade moderna, sejam eles filosóficos, religiosos ou políticos, segmentos estes que indistintamente buscam o bem-estar da sociedade e a felicidade humana.

Sabemos, porém, que nenhum deles pode isoladamente curar nossas feridas, mesmo que parcialmente. Portanto, conclamamos todos os maçons do universo a crescer, a intensificar em nossas lojas o estudo de nossa doutrina e postulados, com vigor e disciplina, a estreitar nossos laços com todos os segmentos e potências filosóficas, sociais ou religiosas dispostas a encurtar a distância entre a discussão e a resolução desses problemas.

Meus irmãos, honrem a maçonaria, pois somos obreiros da paz, membros de uma sociedade universal, cuja doutrina ama a humanidade. Honremos a Deus, a quem denominamos o Grande Arquiteto do Universo, e a Ele nossos agradecimentos pela oportunidade desta reunião.

Envio também o meu fraternal abraço, em nome do nosso sereníssimo Grão-Mestre, que por motivos totalmente alheios à sua vontade, ele nos faz presentes da forma mais fraternal possível.

Assim, que Deus nos ajude. (Palmas)

 

O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PFL - Gostaria de, na pessoa do Grão-Mestre Estadual Cláudio Roque Bueno Ferreira, do Dr. Murillo Marçal Vieira, que neste ato representa o Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, e do Grão-Mestre do Oriente Paulista, Durval de Oliveira, saudar todos os irmãos que se fazem presentes, das suas respectivas potências.

Saudamos o nobre colega do Legislativo Municipal, Willian Woo, que representa o Poder Legislativo da nossa Capital. Saudamos também o Sr. Sílvio Manginelli, que neste ato representa o nosso Exmo. Sr. Secretário da Agricultura e Abastecimento, Duarte Nogueira; e o Dr. Marco Antônio Ribeiro de Campos, que neste ato representa o nosso Secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho.

Meus queridos irmãos, senhoras e senhores, de uns tempos para cá, mais precisamente há 10 anos, esta Casa do povo paulista, vigilante sentinela da democracia comemora, em sessão solene, o Dia do Maçom.

Sem dúvida, justa e oportuna homenagem à comunidade maçônica pela expressiva e relevante presença de seus integrantes nos momentos históricos mais importantes de nossa Pátria. A maçonaria jamais esteve ausente!

Foi assim, em 1789, quando da Inconfidência Mineira, tramada na esteira das idéias de liberdade, trazidas por José Álvares Maciel e outros, em 1786, que haviam se comprometido, em reuniões de estudantes brasileiros, em Coimbra, a lutar pela independência.

A figura do mártir, Joaquim José da Silva Xavier, que houvera dado sua vida pela de todos os inconfidentes, alimentou os sonhos de emancipação dos brasileiros que transmudaram as lojas maçônicas em templos de suas crenças.

Após 33 anos, como que atingisse o seu ponto culminante, igualmente ao da hierarquia maçônica, em 7 de setembro de 1822, o então príncipe regente, D. Pedro, às margens do Ipiranga, em terras de Piratininga, rompeu seus laços políticos com Portugal. Basta salientar a influência dos maçons, José Bonifácio de Andrada e Silva, Clemente Pereira e Gonçalves Ledo, nesse episódio, para medirmos a presença da maçonaria. Os dois primeiros, de tendência inglesa, justificam a escolha da monarquia parlamentarista como primeiro regime político da nação brasileira.

Em 13 de maio de 1888, quando da abolição da escravidão pela Princesa Isabel, levada pelo fluxo igualitário, o regozijo dos maçons, pelo triunfo desse ideal, sem o qual não há falar-se em direitos humanos foi, certamente, um sinal inequívoco da participação dos maçons nos acontecimentos. Afinal, a igualdade é um dos dogmas de nossa crença.

Depois, em 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República, a almejada República cuja esperança foi sempre acalentada pelos maçons de tendência francesa, que jamais se conformaram com outro regime que não fosse o “Do povo, pelo povo e para o povo”, para usar a imortal expressão de Abraham Lincoln.

Ao relembrar, ainda que em breves palavras, tais eventos do passado brasileiro, ressurge em nosso íntimo, os sagrados compromissos que temos com a  Pátria e com o povo, por sermos maçons.

Não há pátria, sem liberdade!

Não há povo, sem igualdade entre os homens e sem a fraternidade no exercício das tarefas diárias que lhes são comuns.

No princípio era o caos, na seqüência, fez-se a luz e daí em diante foram-se as trevas e iniciou-se o processo evolutivo.

Quis, dentro desse quadro, o grande arquiteto criar o sistema solar e nele a terra para abrigar a sua mais importante criatura, o homem, e lhe entregou esse paraíso de delícias. Vendo-o só, deu-lhe uma companheira, a mulher, com quem perpetuaria a espécie. Passado um lapso de tempo que não se pode aferir, dois de seus filhos promoveram o primeiro conflito entre o bem e o mal. Caim matou Abel, venceu o mal. Até hoje, episódios desse jaez se repetem, atestando a crueldade humana.

Não posso crer que o preço da vida comunitária seja o sangue de inocentes. Não posso crer, que as soluções dos conflitos entre nações promanem das guerras.

Não posso crer que o terrorismo constitua meio válido e eficaz para impor uma crença, pois age a traição e sobrevive no engodo.

Não posso crer que a violência é meio propício de conquistas de qualquer natureza.

Tal  credo, inerente aos povos civilizados, diz, com maior vigor e eloqüência, ao maçom, visto que tais condutas ferem os princípios elementares da doutrina maçônica, que nos anima a lutar por um mundo melhor.

Não posso crer que o homem é lobo do  homem. Também por isso não me conformo.

Urge, pois, a todos maçons, que assim não crêem, isto é que não aceitam o absurdo como regra, empreender, na esteira de nossos antigos pares, um enfrentamento tenaz e decisivo para banir da face da terra os métodos animalescos, cruéis, reacionários e hipócritas, de buscar respostas, quer nos seres humanos e quer nas nações.

Mãos à obra, irmãos meus, para resguardar a sociedade do tumulto de tais catástrofes.

Mãos à obra, irmãos meus, para reconstruir os valores morais e cívicos que dignificam os cidadãos.

Mãos à obra, irmãos meus, para reconciliarmos a política nacional com os princípios éticos, exaltando o interesse geral e abominando as artimanhas egoístas do individualismo perverso.

Mãos à obra, irmãos meus, para que os valores da família sejam resgatados e sirvam para reestruturar a sociedade no que tange aos princípios basilares que combatem o imoral.

Portanto, lancemo-nos ao trabalho, sem o qual não encontraremos paz nem harmonia para construir a sociedade fraterna, igualitária e livre como impõe a nossa ordem, como quer a maçonaria.

Assim permita o grande arquiteto.

Neste quadrante da história nacional a violência tem avançado cotidianamente. Uma verdadeira guerra urbana se instalou em algumas metrópoles. Nelas se desenrolam combates entre bandidos bem armados, abastecidos pelo contrabando, financiados  pelas drogas, pelos seqüestros e outros crimes contra o cidadão, por lei desarmado, e uma polícia pequena, empobrecida e desaparelhada para combatê-los.

Compete à maçonaria propor soluções, resolver os problemas e reverter essa situação.

Força não nos falta. Coragem é própria de nossa tradição. Além do mais, a inteligência e a sabedoria maçônica estará alerta para interromper esse combate, sobremodo comprometedor às elites governamentais brasileiras, até agora inertes.

Avante, maçons, mãos à obra!

Prosseguindo, diremos que a estrutura maçônica não é fruto de mero acaso ou de simples referências pretéritas.

Sem dúvida, nada se completa sem que as raízes da instituição estejam fixadas num passado de realizações e lutas.

De se ressaltar, por tal razão, a comemoração do jubileu de diamantes do consistório dos príncipes do real segredo Saldanha marinho, que forma os grandes inspetores gerais da ordem em São Paulo.

Esse evento, por si só, é eloqüente e significativo, valorado, ainda mais, pelo brilho e competência dos seus poderosos componentes, cujo labor, dedicação, engrandece a nação maçônica.

Finalizando, a maçonaria sempre se realizou, ao buscar as grandes conquistas em todos os pontos da sociedade.

O cenário mundial dos tempos atuais é conflitante, violento, injusto e flagrantemente desigual entre nações  robustas e as empobrecidas.

Tudo isso permanecerá sem transformações positivas, seguindo a trilha da deterioração da vida associativa, se medidas urgentes seguirem adormecidas.

Sem uma efetiva ação maçônica, no combate dessa tendência maléfica e derrotista, não se encontrarão novas bases para se construir a estrutura da nova civilização a ser criada sob a égide da fraternidade, da igualdade e da liberdade, para que ela seja justa e perfeita como  preconiza  o nosso  ideário.

Posto que não tenha feito referências às nossas reuniões, não as esquecemos e nem as minimizamos, uma vez eloqüentes, importantes, instrutivas e agradáveis.

Isto, porém, não é suficiente para que a maçonaria atinja o seu objetivo. Só o social não condiz com a herança dos pedreiros construtores do mundo.

Como todos os anos, uma vez mais, repito: é mister agir! Agir! Agir!.

Aplausos à maçonaria e ao maçom pelo que fizeram e irão fazer pelos povos de todos os continentes.

Muito obrigado.

 Meus queridos irmãos, autoridades, esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece a todas as autoridades, principalmente aos funcionários desta Casa e àqueles que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade. Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 13 minutos.

 

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