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20 DE NOVEMBRO DE 2000

43ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AOS ATLETAS PARAOLÍMPICOS

 

Presidência: CÉLIA LEÃO

 

Secretário: MILTON FLÁVIO

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 20/11/2000 - Sessão 43ª S. Solene  Publ. DOE:

Presidente: CÉLIA LEÃO

HOMENAGEM AOS ATLETAS PARAOLÍMPICOS QUE PARTICIPARAM DAS OLÍMPÍADAS EM SYDNEY, AUSTRÁLIA

 

001 - CÉLIA LEÃO

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades. Anuncia que a sessão foi convocada pela Presidência por solicitação da Deputada ora na Presidência, com a finalidade de prestar homenagem aos atletas paraolímpicos que participam das olímpíadas em Sydney. Convida todos a ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - WALTER FELDMAN

Em nome do PSDB, cumprimenta a Presidente Célia Leão e as demais autoridades. Fala da aula de cidadania, de dignidade humana, de vontade de participação a que está assistindo e agradece aos atletas pela lição de vida.

 

003 - DIETER FANTA

Na qualidade de Presidente das Olímpiadas Especiais, parabeniza os atletas pelo exemplo que deram para a causa das pessoas portadoras de deficiência no país e no mundo.

 

004 - MILTON FLÁVIO

Cumprimenta a Presidente Célia Leão, assim como toda a Mesa. Dirige-se aos atletas e enaltece sua coragem e determinação.

 

005 - DARIO LOPES CARNEIRO

Integrante do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa Portadora de Deficiência, parabeniza os atletas. Afirma que as vitórias e glórias são de todos os brasileiros.

 

006 - JOON SOK SEO

Em nome de toda a comitiva brasileira das Paraolimpíadas, fala de sua honra em fazer parte da Mesa. Fala da união entre os atletas para a obtenção dos resultados.

 

007 - JOÃO CARAMEZ

Como Secretário-chefe da Casa Civil do Governo, cumprimenta a Presidente Célia Leão e as demais autoridades. Saúda os atletas e enaltece-lhes a virtude da perseverança.

 

008 - JOÃO BATISTA CARVALHO E SILVA

Saúda, como Presidente do Comitê Paraolímpico, a Presidente Célia Leão e as demais autoridades. Solicita que todos que os atletas presentes, ganhadores de medalhas ou não, sejam reconhecidos pelo valor que trazem dentro de si. Discorre sobre as coincidências favoráveis que trouxeram para a sociedade brasileira tal feito de nossos atletas.

 

009 - MARCOS ARBAITMAN

Na qualidade de Secretário de Esportes e Turismo e representante do Governador, cumprimenta as autoridades. Após enaltecer as conquistas obtidas em Sydney por nossos atletas especiais, enumera uma série de realizações de sua pasta que visam favorecer ainda mais a todos os portadores de necessidades especiais. Pede, de forma ecumênica, uma oração para que o Governador se recupere e volte ao seu posto.

 

010 - MARIA CLARA BORTOLI

Como representante do presidente do Conselho Estadual para Assuntos de Pessoas Portadoras de Deficiência, CEAPPD, agradece às pessoas normais que deram as mãos e o coração para esses atletas.

 

011 - Presidente CÉLIA LEÃO

Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Milton Flávio para, como 2º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - MILTON FLÁVIO - PSDB - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

* * *

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Esta Presidência convida a compor a nossa Mesa o Dr. Marcos Arbaitman, Secretário de Esporte e Turismo, representando o nosso grande companheiro, grande homem público, nosso Governador Mário Covas. Uma salva de palmas ao Secretário Marcos Arbaitman. (Palmas.)

Convidamos também para fazer parte da Mesa o nosso grande companheiro, homem da Casa, Secretário Chefe da Casa Civil do Governo de São Paulo Sr. João Caramez. Uma salva de palmas a Sua Excelência. (Palmas.)

Quero convidar também para fazer parte da Mesa Diretora dos trabalhos, nesta grande festa de hoje, um homem que ao longo da história no Governo de São Paulo mostrou que com seriedade, com boa vontade e singeleza se faz grandes obras, Dr. Geraldo Gardenali, Presidente da Nossa Caixa Nosso Banco. Uma salva de palmas a este homem que pelo seu trabalho muito contribuiu para a realização desta solenidade. (Palmas.)

Convidamos também o nobre Deputado Milton Flávio, Líder do Governo nesta Casa, a quem pedimos uma salva de palmas. (Palmas.)

A Presidência convida ainda para compor a Mesa o Sr. Dario Lopes Carneiro, Conselheiro do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa Portadora de Deficiência. (Palmas.)

Quero convidar também o Dieter Fanta, Presidente das Olimpíadas Especiais, para que tome assento à Mesa por favor, (Palmas.) a Sra. Terezinha Mauro, Diretora da Estação Especial da Lapa (Palmas.), a Dona Maria Clara Bortoli, representando o Presidente do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa Portadora de Deficiência (Palmas.), Sr. Décio Bráulio Lopes, Presidente da Fundação Selma (Palmas.). Estamos aguardando a chegada do Sr. João Batista Carvalho e Silva, Presidente do Comitê Paraolímpico, que está exatamente neste momento voando do Rio de Janeiro a São Paulo para participar desta solenidade. Quero convidar também dos grandes campeões, e todos aqui o são, o Joon Sok Seo, que aqui representa os paraolímpicos para tomar assento à Mesa, grande campeão (Palmas.). Quero ainda registrar a presença do Sr. Cláudio de Oliveira, da Associação dos Deficientes Físicos Visuais de Mogi das Cruzes (Palmas.), Sr. José Oswaldo da Fonseca Marcelino, Diretor de Esportes representando o Prefeito de Santos, Beto Mansur (Palmas.), do Sr. Ivan Agostini, Vereador do Espírito Santo do Pinhal (Palmas.), Sr. Nivaldo Augusto Zovico, Presidente da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (Palmas.), do Sr. Keike Shimomaebara, Presidente da Confederação de Tênis de Mesa (Palmas.), Sr. Humberto Panzetti, Presidente da Confederação Brasileira de Luta de Braço, Sr. Adelino Ozores Neto II, Diretor do Jornal “Nações Unidas”, Sr. João Lage, do Jornal “Gente Ciente” da cidade de Campinas, Sr. Getúlio Gonzalez Oliveira, técnico da equipe de basquete brasileira, Sra. Rosana Russo de Melo, representante da Aquiles Track Club Brazil, Sr. Paulo Sérgio Gasparini, que também é nosso convidado. A Presidência chama à Mesa também com muita honra e muita alegria o Deputado Walter Feldman, que está aqui, foi Secretário do Governo Estadual, líder do Governo nesta Casa que muito nos honra com sua presença (Palmas.).

Sob a proteção de Deus iniciamos nossos trabalhos.

Agradeço ao nobre Deputado Milton Flávio. Quero dizer aos Srs. Deputados aqui presentes, ao público presente que esta sessão solene foi convocada pelo nosso Presidente Vanderlei Macris, Deputado Estadual, atendendo solicitação desta deputada com a finalidade de prestar homenagem aos nossos atletas paraolímpicos que participaram das olimpíadas em Sydney, Austrália.

Convido agora a todos os senhores e senhoras, aqueles que puderem para, em pé, ouvirmos o nosso Hino Nacional executado pelo Coral da Polícia Militar.

 

* * *

-         É executado o Hino Nacional pelo Coral da Polícia Militar.

 

* * *

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - A Presidência agradece ao Coral da Polícia Militar que nos brinda sempre nesta Casa com suas canções. Eu dizia agora há pouco aos integrantes do coral que eles cantam e encantam e é verdade.

A Presidência ainda quer registrar que a Polícia Militar tem desses predicados de estar a serviço da população do Estado de São Paulo para trazer segurança à nossa população. São homens e mulheres fortes, bravios que conseguem na sua alma também fazer com que, num momento de festa como o de hoje, os nossos pensamentos possam se elevar através do hino e através da música. Muito obrigada ao Coral da Polícia Militar.

Gostaria de dizer que esta manhã para mim é muito especial e diferente. Obviamente, o dia clareou, o sol apareceu e portanto poderia ser um dia comum. Mas, não vou colocar na minha agenda da vida como uma segunda-feira comum e sim como uma segunda-feira muito especial não só porque esta Mesa está repleta de homens e mulheres que têm a grandiosidade da alma além da competência, da responsabilidade e da capacidade de participar de organismos governamentais como secretários que aqui estão, como o Presidente da Nossa Caixa, Dr. Geraldo Gardenali, como o Presidente da associação, como os nossos grandes deputados e líderes desta Casa como o Deputado Milton Flávio e o Deputado Walter Feldman, não só por esta Mesa seleta da qual me orgulho de estar presidindo.

Foi, na verdade, um trabalho de toda a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo onde o presidente Vanderlei Macris com os 93 parlamentares aprovaram esta sessão solene para que pudéssemos homenagear os grandes campeões brasileiros. Hoje, no plenário, estão presentes homens e mulheres que nos trazem orgulho. Li agora há pouco no jornal que algumas pensavam que o termo paraolímpico vinha da palavra paraplégico, o que é absolutamente natural. Mas queremos lembrar que o termo “para” da palavra paraolímpico vem de paralelo. E como as pessoas portadoras de deficiência, que são grandes atletas, homens ou mulheres, nas olimpíadas normais não participam, foi criada há muitas décadas atrás as olimpíadas paraolímpicas, onde, de fato, aqueles portadores de deficiência que são grandes atletas puderam e podem mostrar a sua força e talento. E assim foi que começaram as paraolimpíadas.

Para surpresa do mundo todo, as paraolimpíadas chamaram a atenção da sociedade mundial. São pessoas com algumas diferenças, sim, e temos que entender e assumir essas diferenças. São pessoas com menos pernas, menos braços, com o pé torto, ou com o raciocínio mais lento, são pessoas que não enxergam, não ouvem, são pessoas diferentes.

Temos que assumir essa condição. A perna é mais curta, baba, são pessoas diferentes. Não temos mais, Deputado João Caramez e Secretário Arbaitman, que fazer com que essas coisas fiquem ocultas, fiquem anônimas, fiquem escondidas. Temos a obrigação de mostrar para o mundo. Temos dados - e são dados alarmantes - da quantidade de pessoas que diariamente no nosso país têm uma série de dificuldades porque ficam portadores de deficiência seja por arma de fogo, seja pela violência do trânsito, seja por alguma doença, enfim, isso acomete o povo brasileiro e povos de outras nações, de outros países também no seu dia-a-dia. E aí vem a pergunta: o que fazer com essas pessoas, como tratar essas pessoas? Quem são essas pessoas na nossa comunidade, na nossa sociedade? Como trabalhar essa questão? E aí acho que esses jovens que aqui estão hoje de diversas cidades do Estado de São Paulo e de outros estados trazem essa lição. Agora há pouco, no nosso gabinete, enquanto aguardava o horário para o início desta sessão, me chamou um companheiro de Natal ligando para justificar o seu não comparecimento nesta manhã - até trago aqui o abraço deste grande atleta a todos vocês, o Adriano Pereira de Galvão. Ele é de Natal, um atleta paraolímpico, e é tetraplégico. Ele dizia, com suas frases simples, que estaria nesta sessão em coração, espírito e oração porque se sentia muito honrado em ser homenageado pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. E a frase que mais me marcou na conversa com o Adriano foi “Deputada, não tem problema ser deficiente porque com vontade a gente supera todas as barreiras.” Até escrevi enquanto falava com ele ao telefone. A gente tem que se esforçar para dar o melhor de si, vencer e ajudar os outros a vencerem também. Quem acabou de dizer essa frase não fui eu não; Adriano lá de Natal. Só queria deixar a esta Mesa e a todos os convidados um pouco deste sentimento de uma pessoa que tem deficiência, que é tetraplégica e que faz natação.

Olho aqui no plenário e vejo a cara da nossa avó sorrindo, pois há muito tempo ela conhece e sabe que as deficiências não são barreiras para qualquer luta e para qualquer vitória.

Gostaria de dizer aos membros da Mesa, que muito me honram com suas presenças, que a homenagem que a Assembléia Legislativa faz hoje é mais do que merecida a todos os atletas; àqueles que saíram de seus casulos, de suas casas, da sua família, da sua cidade, que viajaram, passaram por mares e oceanos, chegaram a Sydney, na Austrália, e mostraram para o mundo que a vontade de vencer faz vencer. Portanto, nas palavras do Adriano, de Natal, gostaria de deixar o seu abraço a toda equipe. Adriano diz que sente muito não poder estar presente, mas a distâncias e as dificuldades financeiras o impediram, disse ainda que estaria presente em pensamento.

Gostaria ainda de dizer que cada jovem que aqui vier receber a sua placa de prata, que significa não a vitória deles somente, mas a vitória do povo brasileiro. A nossa delegação de atletas paraolímpicos para lá foi, deixando-nos com a vontade de aplaudi-los pela medalha de ouro. Muito fizemos pelos nossos atletas: aplaudimos, torcemos, choramos, descabelamo-nos, não dormimos durante as madrugadas para assistir os jogos, mas tudo isso ficou na saudade. Graças à vitória desses atletas, diferentes apenas fisicamente, mais iguais na alma e na vontade de vencer, estão aqui trazendo não apenas a vitória de cada um deles, mas a vitória do povo brasileiro.

Gostaria de trazer ainda o abraço e o carinho da Fabiana Harumi, atleta de Campinas, que nos trouxe medalha de ouro e que hoje estará aqui em pensamento. Vou receber sua placa e entregá-la em Campinas, uma vez que moramos no mesmo município. Hoje, Fabiana tinha exatamente neste horário, uma entrevista intransferível, ao vivo, na televisão.

Vou entregar ainda a placa ao Sr. João Batista, Presidente do Comitê Paraolímpico, para que a leve à Ádria, uma das atletas do Rio de Janeiro. Se não estamos com todos fisicamente presentes, estamos com todos espiritualmente presentes, o que nos orgulha e nos honra muito, mesmo estando numa segunda-feira. Esta sessão foi realizada numa segunda-feira, porque a Casa não tem mais dias disponíveis, nas segundas-feiras ou sextas-feiras à noite, para podermos fazer esta homenagem. Mas mesmo assim vejo o plenário desta Casa cheio de pessoas com vontade de lutar e de vencer.

Neste momento, vamos chamar cada um destes jovens, para que recebam suas placas de prata. Vocês já receberam medalhas de ouro, prata e bronze, assim como receberam aplausos e faixas. Aqueles que não receberam medalhas ligaram para o meu gabinete dizendo que não deveriam ser homenageados. Respondi a eles que já haviam saído do Brasil vitoriosos, que já são atletas campeões e que a medalha seria mais um momento da disputa com atletas de outros países. Temos que ter sempre um primeiro, segundo e terceiro lugares, mas a delegação do Brasil, composta por 63 atletas, além de técnicos e do Presidente do Comitê, foram para Sydney apoiados pelo Ministério do Desporto; enfim, toda essa somatória de apoiamentos e vontades é que fez a vitória de vocês. Cada um que vier receber sua placa, com certeza já é vitorioso.

Vamos chamar a delegação de basquete, formada pelos nossos meninos de Ribeirão Pires, para que, juntos com seu técnico, venha receber a placa. Não foi possível trazermos toda delegação, mas a maioria de seus componentes está presente.

Gostaria ainda que compusesse a Mesa o nosso querido João Batista, Presidente do Comitê Paraolímpico, portanto, grande vencedor de toda essa paraolimpíada dos nossos jovens brasileiros. (Palmas.)

Sr. João Batista, é com muita alegria que a Assembléia Legislativa o recebe.

Gostaríamos de registrar a presença das seguintes autoridades: Luci Padovani, que é a nossa Primeira Dama e representante do Sr. Prefeito Jair Padovani, do Município de Hortolândia; Sra. Sandra Regina Camilo, Diretora Técnica de Serviços, representando a Secretaria Estadual de Saúde; Sras. Sonia Regina Araújo e Irene Fernandes Rodrigues, professoras da Faculdade de Educação Física da Unicastelo.

Solicito ao técnico Getúlio Oliveira que, neste momento, viesse à frente aguardar os nossos campeões.

Dizia o técnico Getúlio, em uma conversa que tivemos por telefone, que foi um dos grandes momentos de sua vida estar em Sydney com essa equipe. Dizia ele que a medalha eles, de fato já levam do Brasil para lá.

Pedimos que o Secretário Marcos Arbaitman, Secretário João Caramez, Dr. Geraldo Gardenali, Deputado Milton Flávio, Deputado Walter Feldman e Terezinha, da Estação Especial da Lapa, e Sr. Dieter Fanta, que cada um pegue uma placa de prata para entregar aos jovens.

Recebam os nossos aplausos não só pela vitória pessoal, mas para mostrar que deficiência, em nenhum momento da nossa vida, pode ser barreira para que a sociedade também participe e seja feliz.

Chamamos o Aldimar Marques de Lemos, Alexandre Custódio, André Luiz Carmo Santos, Clodoaldo Silva de Souza, Douglas Barbosa da Costa, Givanildo Oliveira Souza, Ivan de Jesus Batista, Jefferson Chiquini Sanches e Leandro Gonçalves, componentes da equipe de basquete. Esses jovens saíram do Brasil, foram até a Austrália e trouxeram para nós a vitória. A vitória é deles, de suas famílias, de seus amigos, dos técnicos e de todos aqueles que incentivaram esses jovens.

Parabéns, Getúlio Oliveira, por sua força, por sua coragem e determinação.

Peço uma salva de palmas a esses jovens. (Palmas.)

Quero fazer uma propaganda de agradecimento - mais do que propaganda, é um carinho - dizendo que o Governo do Estado de São Paulo nos ensinou muitas coisas. E uma das coisas que o Governador Mário Covas ensinou especialmente a esta deputada foi que na vida nunca se faz nada sozinho. Ai daquele que se atrever a fazer alguma coisa sozinho porque não consegue, nem mesmo nos jogos individuais. Com certeza, o atleta quando vai participar da competição - como é individual no atletismo, por exemplo -, por certo na sua história da competição ele tem, teve e continua tendo ao seu lado muitas pessoas, além do técnico e da ajuda da sua família.

Aprendemos isso ao longo dos trabalhos junto com o Governador de São Paulo. Faço, então, além desta homenagem, um agradecimento ao Dr. Geraldo Gardenali, que está a minha direita aqui, que não se furtou ao longo dos anos que está na Presidência da Nossa Caixa Nosso Banco em apoiar eventos como este no âmbito do Estado de São Paulo.

Quero dizer, Dr. Geraldo Gardenali que, sem a presença dos convidados, que, na verdade, são os homenageados, obviamente não teria o brilho e as luzes esta Assembléia Legislativa. Sem a presença das autoridades também presentes, nesta Mesa, não poderíamos formatar esta sessão solene. Mas, com certeza absoluta, também sem o apoio da Nossa Caixa Nosso Banco que nos oferece o café e, daqui a pouco, um coquetel muito gostoso e simpático, o brilho da festa seria outro.

Desde o primeiro telefonema que fiz ao Presidente da Nossa Caixa Nosso Banco, mal deu tempo de falar com ele - algum passarinho levou a notícia de que eu pediria esse apoio - mas, meia hora depois, já me ligava, dizendo um “sim” para mais uma sessão solene nesta Casa.

Quero agradecê-lo de público para que seja de conhecimento de todos os nossos convidados.

Peço uma salva de palmas ao Dr. Geraldo Gardenali. (Palmas.) Muito obrigada.

Há pouco, no café, eu fazia uma brincadeira com Alexsander, dizendo-lhe que não gosto de gente fisicamente fraca. Olhei para ele e acabei ficando mais amiga ainda porque não é bom brigar com ele, não; melhor é morrer amigo. Quero chamar esse moço que, mais do que forte fisicamente, é forte no espírito. Foi por isso que me informaram, há pouco, que esse atleta conseguiu levantar 150  quilos ou mais de peso, nas últimas paraolimpíadas - brinquei com ele que ele teria levantado umas quatro ou cinco Célias lá. Portanto, quero continuar muito amiga.

Vamos receber com uma salva de palmas o nosso querido Alexsander Whitaker, halterofilista, para receber a placa de prata. (Palmas.)

 Peço ao Presidente da Fundação Selma, que está a minha direita, o favor de entregar a placa de prata merecida, ao nosso querido Alexsander pela vitória no halterofilismo, em Sydney - Austrália.

Parabéns Alexsander, continue vitorioso, forte e brilhando. Agradecemos a sua presença. (Palmas.)

Quero chamar o nosso querido vitorioso Alessandro Fabiano Oliveira para receber a sua placa de prata.

Alessandro nos ensinou que não é preciso enxergar para ser vitorioso. Alessandro participou, em Sydney, na categoria Judô.

Para quem não conhece o Alessandro, ele não enxerga. Para os íntimos é cego e para a imprensa é deficiente visual. A verdade é que ele não enxerga e sem enxergar ele atravessou os oceanos do Planeta para chegar a Sydney. Lá conquistou, com bravura, vitórias e vitórias no Judô.

 Por isso, Alessandro, nós da Assembléia Legislativa lhe chamamos para, em meio às luzes e cores que o seu coração enxerga e o brilho da sua alma, receber a nossa placa de prata. Que você coloque num lugar em sua casa em que possa vê-la, pela sua alma, todos os dias, porque a vitória é sua, a vitória é do Brasil. Que você continue mostrando ao mundo que se enxerga com o coração. Parabéns.

Vou pedir ao Secretário Marcos Arbaitman que faça a entrega da placa e dê o nosso abraço a você pela sua vitória. (Palmas.) Por favor, Sr. Secretário, faça a leitura da placa.

 

O SR. MARCOS ARBAITMAN - “Atleta Paraolímpico Sydney 2000. A vitória se faz com garra e coragem. Parabéns. Sessão Solene em homenagem aos atletas. Deputada Célia Leão, Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. São Paulo, 20 de novembro de 2000.”

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Vamos passar a palavra ao nosso grande companheiro e amigo Deputado Walter Feldman, que já foi Secretário de Governo e Líder nesta Casa. É um grande Deputado do Estado de São Paulo. S.Exa. nos honra com sua presença.

 

O SR. WALTER FELDMAN - PSDB - Querida Celinha, Presidente desta sessão solene, meus colegas Milton Flávio, João Caramez, Marcos Arbaitman, Presidente Gardenali, dirigentes das entidades aqui presentes, técnico João Batista, se nós tivéssemos juízo só ouviríamos e assistiríamos esta sessão: uma aula de cidadania, de dignidade, de vontade de participação. Não quero perder a oportunidade, Secretário Marcos Arbaitman, para contar uma rápida historinha que me impressionou muito quando da realização do Yom Kippur, uma data muito sagrada para os judeus em todo o mundo. E lá, ouvindo o rabino Henry Sobel, um democrata, um cidadão que muito contribuiu na luta pelos direitos humanos em defesa das minorias em nosso país, contava uma historinha que me parece muito adequada para esta sessão. Histórias, parábolas contribuem muito para a sabedoria popular e para compreendermos com maior clareza os ensinamentos da vida.

Dizia o rabino, Secretário, que havia um círculo que era muito triste, pois lhe faltava um pedaço. Esse círculo tinha muita dificuldade de caminhar, porque ele se cansava, ele tropeçava e a cada dez circuladas, ele parava para o seu repouso. Mas como acreditava no objetivo, ele resolveu percorrer o mundo para encontrar o pedaço que faltava. Percorreu todos os cantos: matas, florestas, mangues, cidades, campos. Demorou anos para poder circular o mundo, porque andava e se cansava. Quando se cansava, sentava e observava. Ele tentava todos os pedaços: maiores, menores, mais quadrados, mais redondos, nenhum se encaixava, até que num determinado dia um pedaço se encaixou.

Ah, esse círculo estava muito feliz. Como ele circulava rápido! Aí resolveu dar uma outra volta ao mundo, agora absolutamente perfeito. Mas, era uma velocidade tão grande que ele não enxergava mais nada.

Num determinado momento, ele parou e resolveu retirar o pedaço encontrado, quando percebeu que ele era muito mais perfeito na sua imperfeição, do que quando ele estava feliz na plenitude da sua forma. Este é um ensinamento que me parece fundamental, porque ele conseguiu observar mais o mundo na sua dificuldade. Ele tinha mais compreensão em relação às pessoas. A sabedoria era mais inerente a sua atividade do que aqueles que se consideram absolutamente perfeitos e não o são. Acho que essa Olimpíada demonstrou exatamente isso: todos os atletas absolutamente “perfeitos” - entre aspas - não conseguiram para o Brasil o que vocês trouxeram. Esta homenagem que a Deputada Célia Leão realiza hoje representa todos os deputados da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, que democraticamente representam a sociedade paulista.

Temos muito orgulho do trabalho que vocês fizeram e, particularmente, pela lição de vida que vocês nos dão todos os dias. Vocês são muito mais perfeitos e competentes do que aqueles que se acham perfeitos. Parabéns! (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Devo confessar que o Deputado Walter Feldman já havia me contado essa história e foi numa ocasião muito especial, que, penso eu, naquele momento precisava ouvir. Depois, tentei contá-la por três ou quatro vezes, mas me confundi toda. Mas pelo menos o espírito da história consegui passar.

Fico pensando que não teria uma história que pudesse marcar mais a participação dos paraolímpicos nas Olimpíadas do que esse círculo, que buscou o seu pedaço. Enquanto não tinha o seu pedaço, aprendeu muito. Foi feliz. Quando encontrou o seu pedacinho, viu que não era aquilo que lhe faltava para continuar feliz.

Portanto, Deputado Walter Feldman, essa história é um ensinamento, uma lição de vida a todos nós. Obrigada por sua participação.

Sabia que o Deputado Walter Feldman tinha uma manhã muito atribulada, assim o como o Deputado Milton Flávio, mas ainda assim fizeram questão absoluta de estar aqui para participar e homenagear a todos vocês.

Esta Presidência quer registrar, através de uma delicada carta, a presença da Deputada Mariângela Duarte, que envia uma mensagem a todos vocês. Eis a sua íntegra: “Cara Deputada Célia Leão, queridos atletas, nem sempre dispomos de nosso tempo e é esse um desses momentos. Não posso estar presente por compromissos já assumidos, mas estou presente de alma e coração, nessa hora em que são homenageados os nossos atletas. Parabéns a todos vocês, que nos enchem de orgulho e esperança. Parabéns também à Deputada pela feliz lembrança. Com carinho, Deputada Mariângela Duarte.”

Quero passar a palavra ao nosso querido Presidente das Olimpíadas Especiais, o Dr. Dieter Fanta.

 

O SR. DIETER FANTA - Quero parabenizar todos vocês, atletas paraolímpicos, assim como o Comitê Paraolímpico Brasileiro pelas conquistas nessas últimas olimpíadas, o que é muito importante para nós todos. O exemplo que vocês deram para a causa da pessoa portadora de deficiência neste país e no mundo, mas especificamente neste país, foi muito bom. Acho que as conquistas para a causa do partador de deficiência mental e o entendimento da sociedade para os portadores de deficiência aumentaram muito graças a seu trabalho, a seu empenho, a sua garra. Agradeço isso a todos vocês, parabéns e muito obrigado.

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Vamos entregar mais uma medalha, antes de passar a palavra aos membros da Mesa. Quero chamar aqui à frente um moço forte, não só no físico, mas no espírito, na vontade de lutar, de vencer e ele já mostrou a todos nós que basta querer, basta lutar para conquistar as grandes vitórias da vida. Ele traz ao Brasil alegria do grito que ficou fechado na garganta quando um brasileiro trouxe para nós a medalha de ouro. Quero chamar aqui para receber os aplausos, o carinho do nosso público presente, o nosso grande medalhista de ouro no judô, o nosso companheiro Antônio Tenório da Silva. Antônio, a sua medalha  de ouro é a medalha do brasileiro e você merece receber aqui das mãos do Secretário João Caramez a nossa placa de prata, você que está sendo homenageado e aplaudido em pé pelo povo brasileilro que esta Casa representa, pelo povo de São Paulo que esta Casa representa. O nosso medalhista de ouro, nosso querido companheiro Antônio Tenório da Silva, para ganhar uma medalha de ouro não precisou enxergar, mas precisou batalhar e assim venceu. Parabéns, Deputado João Caramez, Secretário Chefe da Casa Civil que está entregando a placa de prata. Antônio, por onde você passar o seu espírito e sentimento fará lembrar que é um campeão em nome do Brasil. Parabéns, Tenório. Não tem jeito, esses momentos nos emocionam.

Por mais que nesta Casa já tenhamos, não muitos anos mas alguns, anos de experiência no parlamento, alguns anos de trabalho como representante do povo, na verdade uma sessão como esta - e outras acontecem na Casa também de homenagens a entidade, associações - tem que fazer diferença de fato na nossa vida. Na hora que entrei aqui ao plenário eu dizia a alguns policiais militares que fizeram aqui o Coral: esta sessão é especial. É especial porque são pessoas especiais. E é bom lembrarmos que quando se fala em especiais, não é só a deficiência que cada um porta, seja ela física, mental, auditiva, visual, múltipla, não é só a deficiência em si, mas é a mostra de que com vontade , com lutas, com parcerias, com responsabilidade e respeito dos organismos públicos, da própria família e da sociedade, as pessoas conseguem superar suas barreiras.

Quero agora chamar nosso amigo Milton Flávio, líder do nosso Governo aqui em São Paulo e na Assembléia Legislativa para fazer uso da palavra.

Tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio.

 

O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - Bom dia a todos. Primeiramente quero cumprimentar a Presidente Célia Leão, assim como também à toda Mesa e dizer que para nós hoje é um privilégio estar aqui. Como bem disse a Deputada Célia Leão, é difícil não se emocionar quando reencontramos figuras que passam agora a ser íntimas de todos nós e sobretudo porque acompanhamos vocês na paraolimpíada. A Deputada Célia mesmo disse que nossa tristeza foi muito curta, ficamos durante muito tempo torcendo para que o Brasil ganhasse na Olimpíada uma medalha de ouro. E só foi pela mão do Antônio Tenório que ganhamos a primeira medalha.

Hoje pela manhã falava com minha filha mais velha, que se forma em medicina este ano. Ela me provoca muito, porque eu tenho cara de bravo, aqui na Assembléia Legislativa via de regra sou muito bravo e minha filha tinha mania de dizer que quando ela se casasse e tivesse o primeiro filho diria a ele: vai lá e senta no colo do vô, ele tem cara de bravo mas é bonzinho. E na verdade eu sou um alemão chorão. Confesso que o Tenório me levou às lágrimas quando vi sua alegria, mas mais do que sua alegria, porque meus filhos lutavam judô e foram medalhistas, não olímpicos nem paraolímpicos, mas dei com ele aquele grito quando conquistou sua vitória final. Eu sei o que significa aquilo, a energia que ele botou para fora, porque a sua disciplina fez com que concentrasse toda sua energia para o último golpe. Mas naquele tatame estava o Brasil inteiro, e deitado no tatame estavam todas nossas frustrações de semanas atrás. Mas depois eu passei a acompanhar o Tenório, Soube que ele adquiriu a sua deficiência se preparando para uma olimpíada de verdade. E ele é vitorioso, como todos vocês, mas duplamente porque foi capaz de valorizar a paraolimpíada. Ele não é aquele atleta que se deixou abater ao não realizar um sonho. Ele adquiriu a deficiência lutando para realizar um sonho. Ele foi lá transformar o sonho dos brasileiros em realidade.

Queria dizer que vocês representam a maioria do povo brasileiro. E até para dizer que não sou muito sério, vou contar uma piada que talvez não tenha muita graça, mas é importante porque sou urologista. Urologista só sabe falar bobagem. Aqui quem fala não é mais o deputado e sim o urologista. Lembro-me de uma estória lá em Botucatu, na cidade onde resido , onde dou aula de medicina. Temos uma rua principal que está sempre lotada, até se congestiona de vez em quando, e só sobram vagas para estacionar os carros dos deficientes. E tínhamos lá um cidadão muito bem afeiçoado, forte que não teve dúvida, parou na vaga do deficiente. A policial militar resolveu multá-lo porque ele tinha ocupado uma vaga que não lhe pertencia e ele disse: não, a senhora está enganada. Eu sou um deficiente, sim, senhora. E ela disse: mas como, o senhor é um homem sadio, tem todos os membros funcionando. Ele diz: como você sabe? Sou um deficiente sim. Eu sou impotente.

Estou fazendo esta brincadeira agora, porque o Tenório  me emocionou de novo esses dias, num programa de televisão, onde falavam sobre a sexualidade dos deficientes. E estou dizendo isso porque vocês representam uma imensa maioria de deficientes que somos todos nós, porque nem todas as deficiências do ser humano foram ainda catalogadas. Via de regra nós catalogamos as deficiências que são motoras, auditivas ,visuais e desconsideramos as maiores deficiências que o ser humano tem, que são as cicatrizes que vocês não têm, mas a maior parte dos brasileiros carrega na alma. Portanto conseguir colocar suas marcas e, como característica, ela deixa de ser um defeito. Chega de cara contando das suas deficiências, chega de cara evidenciando as suas marcas e aí ninguém se surpreenderá mais com elas. Eventualmente alguém poderá dizer: “O Milton Flávio. Quem? Aquele que tem as marcas no rosto?” Hoje, ainda brinco com a minha mãe, que teima que eu faça um “peeling”, dizendo que se fizer um “peeling” perderei metade da minha força. Não é no cabelo que carrego a minha força, mas nas marcas que tenho no rosto.

Quero dizer-lhes que vocês me fizeram ter orgulho das minhas marcas. Queria ter um pedaço a menos no meu círculo mas queria ter a força que vocês carregam na alma. Muito obrigado por serem brasileiros, muito obrigado por serem meus irmãos, muito obrigado por terem devolvido a todos nós esse orgulho que há tanto tempo nos faltava.

Muito obrigado mesmo. Que Deus os conservem! (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Obrigada, nobre Deputado Milton Flávio. Estamos aqui na Casa talvez há oito ou 10 anos, a gente já se perde graças a Deus no tempo aqui na Assembléia, e essas histórias que ele contou aqui hoje eu não sabia não. É bom de vez em quando a gente desvendar os mistérios e os sentimentos da alma dos nossos companheiros. Isso fica registrado não só na ata dos trabalhos da Casa, mas também na vida de cada um de nós. É um parlamentar, um deputado estadual, representa o povo de São Paulo e também traz aqui a público aquilo que sente, que acredita, que pensa. É exatamente nesta simplicidade que a gente vê a grandeza dos homens. É muito bom reconhecermos também nos homens públicos essa grandeza através da simplicidade.

Quero chamar agora ele, que voltou de Sydney pulando de alegria. Foi muito feliz mas voltou mais feliz ainda porque foi lá concorrer com sua força, seu vigor, sua alegria junto de sua mãe que estava tão feliz como ele assim como a sua família. Ele estava ansioso assim como todos nós para que chegasse essa manhã de segunda-feira, dia 20, para que pudesse aqui receber a sua placa de prata não somente para ele mas para levar à cidade de Santos e ao povo que mora lá a vitória que ele conquistou. Quero chamar o Lucas Martins Maciel, que é também desportista paraolímpico do tênis de mesa, para receber a placa das mãos da nossa companheira Terezinha que é Diretora da Estação Especial da Lapa.

Receba a sua placa das mãos da Terezinha e posem para as fotos.

 

* * *

- É feita a entrega da placa.

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Leve para o povo de Santos, para a sua família, para a sua mãe e para o povo brasileiro também a sua vitória.

Parabéns! (Palmas.)

O Lucas me disse que consegue correr mais do que a bolinha. A bolinha corre de um lado, ele corre do mesmo lado e assim vai, não é Lucas? Consegue chegar até a Austrália. Aliás, o tênis está em alta, não é? Continue assim que, com certeza, o Brasil vai se orgulhar cada vez mais de você. Parabéns e obrigada por estar aqui conosco.

Quero chamar ainda para receber as suas medalhas e está conosco aquelas pessoas que, mais ou menos, como o círculo do Deputado Walter Feldman, que não está conosco neste momento, corre, corre, corre e assim como o círculo conquistou vitórias, medalhas e alegria. Quero chamar o nosso querido Aurélio Guedes dos Santos para receber a sua medalha. Parabéns, Aurélio, pela sua vitória, pelo seu trabalho, pela sua luta. O Aurélio é campeão em atletismo e esteve em Sydney, na Austrália, representando a nossa equipe. Receba das mãos do Dr. Dieter Fanta, que é o Presidente da Associação das Olimpíadas Especiais, que lhe dará um abraço e é o Brasil que lhe abraça. (Palmas.)

                                                          

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-         É feita a entrega da placa.

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - O Aurélio também é um dos campeões desta paraolimpíada. Parabéns!

Estou intercalando entre a entrega de medalhas e a palavra das autoridades da Mesa para que fique mais dinâmico e que não fiquem todos os discursos acumulados. Foi uma sugestão do nobre Deputado Walter Feldman que a Presidência acatou de pronto, porque me pareceu muito simpática a idéia.

Vou passar a palavra agora ao nosso querido Dario, que aqui representa o Conselho Estadual da Pessoa Portadora de Deficiência. Só para lembrar, o Conselho Estadual da Pessoa Portadora de Deficiência foi reativado no seu papel, no seu trabalho, na sua eficiência desde o início do Governo Mário Covas, quando o Conselho estava adormecido. Foi Presidente até há pouco tempo o nosso companheiro Clodoaldo e o nosso Presidente atual não pôde estar presente. Portanto, o nosso amigo Dario representa o nosso Conselho Estadual.

 

O SR. DARIO LOPES CARNEIRO - Srs. presentes, quero, na condição de deficiente, parabenizar esses atletas e, lembrando as palavras da Deputada Célia Leão, dizer que ninguém faz nada sozinho. Nas ruas, sentimos que a sociedade brasileira assumiu a vitória de todos esses atletas.

Quero, na condição de deficiente, parabenizar de coração e dizer que essas vitórias, essas glórias são de todos os brasileiros.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Obrigada, querido Dario por suas palavras.

Embora as duas atletas que vou chamar agora não estejam presentes mas será simbólico, vou pedir ao nosso querido companheiro João Batista, que é o Presidente do Comitê Paraolímpico que receba a placa em nome da nossa querida Fabiana Harumi, que também é medalhista com uma medalha de ouro em natação e que está conosco espiritualmente e em oração, numa homenagem realizada pelo Estado de São Paulo, através da Assembléia Legislativa. (Palmas.)

                                              

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-         É feita a entrega da placa.

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Só para esclarecer, o Sr. João Batista vai levar a placa para a Fabiana. Estaremos enviando depois as placas aos atletas que aqui não estão, mas simbolicamente o Presidente do Comitê Paraolímpico recebe a placa da Fabiana e vai levar também a placa da nossa querida carioca campeã Ádria que está lá no Rio de Janeiro. Ela vinha, estava tudo certo mas teve um contratempo não podendo estar aqui hoje. A Ádria também tem duas medalhas de ouro e uma de prata na modalidade de atletismo. Estão me informando que é a musa paraolímpica. A deficiência da Ádria é visual. O nosso Presidente vai levar a placa, com muito carinho, com um forte abraço dos paulistas e paulistanos, para essa carioca que tanto orgulha o povo brasileiro. (Palmas.)

Tem a palavra o nosso querido companheiro Joon Sok Seo, que falará em nome de toda comitiva brasileira das olimpíadas.

           

O SR. JOON SOK SEO - Bom dia a todos. é uma grande honra fazer parte desta Mesa como representante dos atletas.

Vou contar uma pequena história sobre as paraolimpíadas. Sou um atleta da natação, que é um esporte individual, onde imaginamos que o esforço individual seja o suficiente para conquistar as medalhas. Mas, por ironia do destino, conquistei uma medalha pela equipe do revezamento. Mais do que nunca, entendi que a união é importante para a vitória. Acredito que a união de todos é importante para a vitória. Não apenas a união dos atletas, mas também a dos técnicos, dos dirigentes esportivos, de todos os políticos e dirigentes deste País.

Acredito que as vitórias que conquistamos representam o desejo não só dos atletas, mas de todo povo brasileiro. Muito obrigado. (Palmas.)

           

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Parabéns, Joon. Com certeza o seu sentimento é o mesmo de todos os atletas que aqui estão, assim como daqueles que estão espalhados por todo País. São esses meninos e meninas, como você, que fazem o povo se orgulhar.

A Assembléia Legislativa, através destas placas singelas, quer marcar para sempre, na vida de cada um dos brasileiros que moram em São Paulo, este momento de glória e honra. Que isso não fique guardado nas gavetas dos grandes arquivos da nossa imprensa nacional, que isso fique muito vivo. Amanhã, cada um desses atletas, assim como todos nós, voltamos às nossas atividades e rotinas, mas como são campeões para vida toda, não somente hoje, devem receber uma placa.

Neste momento, chamo para receber a placa o Joon Sok Seo, por ter participado das paraolimpíadas e por ter recebido uma medalha de prata. Ele que mostrou que as dificuldades físicas não o impedem de ser um grande peixe embaixo d’água e que, na natação, orgulhou o povo brasileiro.

Quem vai lhe entregar a medalha é o Sr. Secretário Marcos Arbaitman. (Palmas.) Se nós sabemos da dificuldade em se conseguir uma medalha destas no peito, com certeza, ele sabe muito melhor que nós.

Costumo referir à Assembléia Legislativa e ao Plenário da Assembléia. Enquanto puder estar neste Parlamento representando nossa sociedade, assim o farei. Este é um espaço sagrado porque para dentro desta Casa vêm homens e mulheres escolhidos pela população do Estado de São Paulo, para representar o povo. Se aqui é o povo que está sendo representado, não tem nada mais sagrado do que este espaço, inclusive onde os senhores estão sendo homenageados hoje, em nome do povo de São Paulo.

Passarei a palavra ao nosso querido companheiro, Deputado João Caramez, que o Sr. Governador não deixou ficar no nosso Parlamento trabalhando como deputado, convocando-o para ser Secretário Chefe da Casa Civil do Governo do Estado de São Paulo.

Sua presença nos honra muito não só porque matamos a saudade como deputado, mas porque trazemos a esta Casa um grande Secretário do Estado de São Paulo.

 

O SR. JOÃO CARAMEZ - Minha querida colega, nobre Deputada Célia Leão, autora desta brilhante sessão solene; meu caro colega Secretário do Esporte e Turismo do Estado de São Paulo, Sr. Marcos Arbaitman, representando neste momento o nosso querido e estimado Governador, Sr. Mário Covas; caríssimo nobre Deputado Milton Flávio, nobre Deputado Walter Feldman, que precisou ausentar-se desta Mesa; caríssimo amigo, Sr. Geraldo Gardenali, Presidente da Nossa Caixa Nosso Banco, que sempre tem participado dos maiores e melhores eventos do nosso Estado; caríssimo Sr. João Batista Carvalho e Silva, Presidente do Comitê Paraolímpico; caro atleta, Sr. Joon Sok Seo, em cujo nome quero cumprimentar a todos os atletas; caríssimo Sr. Dario Lopes Carneiro, do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa Portadora de Deficiência; Sr. Dieter Fanta, Presidente das Olimpíadas Especiais; Sra. Terezinha Mauro, Diretora da Estação Especial da Lapa; caríssima Sra. Maria Clara Bortoli, Secretária Executiva, representado o Presidente do CEAPPD, Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa Portadora de Deficiência, Presidente da Fundação Selma; Sr. Décio Bráulio Lopes, meus senhores e minhas senhoras, quero iniciar minhas palavras plagiando a nobre Deputada Célia Leão, dizendo que esta segunda-feira não é apenas um dia especial, mas um dia que, sem dúvida alguma, ficará marcado nos nossos corações.

Neste momento, estou envolvido particularmente em um misto de alegria e tristeza. Alegria pelo fato de estar aqui participando da homenagem àquelas pessoas que realmente deram alegria ao povo brasileiro, que fizeram com que o povo brasileiro recuperasse sua auto-estima nas brilhantes conquistas que os senhores obtiveram nestas Olimpíadas. Tristeza, porque coincidentemente hoje o nosso grande líder Governador Mário Covas encontra-se internado para submeter-se a mais uma cirurgia, a mais um desafio. Acho que não poderia haver dia melhor para se comemorar essa vitória. Algumas pessoas podem até achar um paradoxo eu dizer isso neste momento, mas é exatamente hoje, neste momento, nesta Casa de Leis, neste Parlamento onde os Srs. Deputados ditam os destinos do nosso Estado, que observamos nesta homenagem e na internação do nosso Governador aquilo que todos nós brasileiros deveríamos carregar em nossa consciência, em nosso coração e em nossa alma: a perseverança. Isso me faz lembrar de um trecho do discurso do nosso Governador nesta Casa no dia 15 de janeiro de 1999, recém-saído da primeira cirurgia. S. Exa. ainda teve forças para enviar algumas mensagens extraordinárias ao povo de São Paulo, uma eu gravei comigo: “Não me venham falar em adversidades. A vida me ensinou que diante dela existem três atitudes possíveis a tomar: enfrentar, combater e vencer.”

Foi isso que o Governador fez, foi isso que os senhores fizeram nessas Paraolimpíadas em Sydney, Austrália.

Portanto, meus amigos, caríssimos atletas, nós brasileiros só podemos dizer aquilo que o Deputado Milton Flávio falou ao final do seu discurso: “Muito obrigado por vocês serem brasileiros. Muito obrigado por vocês devolverem a alegria e a satisfação a todo o nosso povo e nosso país.”

Parabéns. Que Deus continue iluminando, dando força e coragem a todos vocês.

Parabéns, Deputada Célia Leão, pela brilhante iniciativa; V.Exa. é um verdadeiro amor!

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Muito obrigada, meu querido Secretário da Casa Civil João Caramez, que participa desta solenidade trazendo do Palácio do Governo também um sentimento que é de todos de lá com relação à vitoria de cada um de vocês.

Quero fazer um parênteses na nossa sessão para chamar aqui à frente três pessoas também muito especiais, especiais não por suas deficiências, mas porque assim somos chamados às vezes. Não estiveram em Sydney, mas também são nossos campeões, nosso orgulho, porque também com muita força e vigor, trouxeram vitórias. A imprensa noticia, algumas pessoas lêem, outras assistem, outras ouvem e no dia seguinte esquece-se. Mas nós, como representantes do povo de São Paulo nesta Assembléia Legislativa, temos mais do que obrigação, o direito de não esquecer o que faz bem para o nosso coração.

Incluímos nesta homenagem aos atletas vitoriosos, aos campeões paraolímpicos, também três pessoas muito especiais: os nossos maratonistas, que participaram recentemente da maratona de Nova Iorque, no dia 05 de novembro de 2000. Foram 42 quilômetros. Parece-me um percurso bastante importante!

Temos aqui três jovens, que uma coisa aprenderam na vida: a correr e com qualidade.

Quero chamar, para receber também a nossa placa de prata, o nosso querido Alessandro de Souza. Uma salva de palmas. (Palmas.) Está aqui com a sua medalha - que é uma medalha do povo brasileiro - para receber das mãos do Deputado Milton Flávio a nossa placa de prata. Parabéns, querido.

Parece-me que para correr 42 quilômetros com essa perna charmosa tem de ser especial! Parabéns, meu querido. Leve essa medalha com o nosso abraço e com o nosso aplauso. (Palmas.)

Quero chamar também Dgilson Francisco da Silva, 4º lugar na maratona, 7º lugar no “ranking” mundial. Traz consigo a sua medalha, a sua vitória, que é a vitória de todos nós.

Receba a placa de prata das mãos de Maria Clara, que aqui está representando o Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa Portadora de Deficiência. (Palmas.)

Quero chamar agora para receber a sua placa de prata ele, que além dos 42 quilômetros de maratona concorreu com apenas 200 países, o nosso querido Paulo de Almeida, que traz ao povo brasileiro nada mais nada menos do que o 1º lugar.

Venha receber a sua placa de prata das mãos do Dr. Geraldo Gardenali, o nosso querido Presidente da Nossa Caixa-Nosso Banco. Ele fará a entrega da placa de prata ao 1º colocado no “ranking” mundial da maratona de Nova York, realizada no último dia 5 de novembro.

Parabéns, Paulo. Parabéns Dr. Gardenali. As maratonas são diferentes, mas o senhor é também um vencedor.

Vou passar a palavra a ele que, assim como todos, é especial. Cada um tem uma tarefa.

Todos vocês devem ter visto no texto bíblico a importância do nosso corpo, a importância de cada membro do nosso corpo. Penso que cada um tem uma função, cada um tem uma tarefa. Eu dizia há pouco, quando o Paulo veio receber a sua placa de 1º lugar no “ranking” mundial dos 42 quilômetros de maratona, que o Dr. Geraldo Gardenali, que tem outra função, que tem outros objetivos, também tem as suas vitórias. Cada um de nós tem a sua função na vida, assim como os membros do nosso corpo.

Quando chamo de especial é porque, na verdade, para que um grupo possa ser vitorioso, pelos méritos pessoais, na verdade, tem sempre uma grande liderança com uma mão estendida, com o coração forte, para agrupar esse pessoal e para fazer desse pessoal uma só voz, um só sentimento. Isso só é possível quando se tem pessoas que pensam grande, que pensam duplo, que pensam maduro. E aqui reforço este ditado, que tem feito valer muitas vezes da minha fala, em momentos especiais como este: que a grandeza do homem encontramos na sua simplicidade, e é exatamente da forma que o João Batista é simples, que ele traz essa grande equipe voltando ao Brasil, com tantas medalhas e com tantas vitórias. Uma salva de palmas ao nosso presidente do Comitê Paraolímpico, João Batista, que se deslocou do Rio de Janeiro nesta manhã, para estar aqui e participar deste momento de festa e de alegria.(Palmas.)

Por favor, João Batista, a palavra é sua.

 

O SR. JOÃO BATISTA CARVALHO E SILVA - Muito obrigado, permita-me chamá-la de companheira de tantas lutas, Deputada Célia Leão, senhores secretários, deputados, personalidades do Movimento das Pessoas Portadoras de Deficiência, atletas, senhores e senhoras, eu devo confessar  que estou aqui tomado de profunda emoção.

Primeiro, por estar presente nesta festa tão bonita, de reconhecimento a esses valorosos brasileiros que deixaram suas casas, suas cidades, para estarem na cidade de Sydney, na Austrália, representando dignamente o nosso país. Este ano, Deputada Celia Leão, Deus colocou no nosso caminho, no caminho do movimento das pessoas portadoras de deficiência, muitas coincidências, felizmente.

Muitas pessoas torceram, empolgaram-se com os nossos atletas olímpicos, que participaram dos Jogos Olímpicos de Sydney e que, por questões imponderáveis, não trouxeram para o nosso país o resultado que o nosso país esperava.

Digo imponderáveis, porque são imponderáveis mesmo. Rodrigo Pessoa, montando o melhor cavalo do mundo, é imponderável. As meninas do vôlei de praia, são imponderáveis. A nossa equipe de futebol, é imponderável. mas, de todas essas imponderações, acho que favoreceu-se o desporto das pessoas portadoras de deficiências e o movimento das pessoas portadoras de deficiência, que é a finalidade, o fim disso tudo que fizemos em Sydney. Eu não gostaria, sinceramente, que assim fosse. Eu não gostaria que os nossos atletas, o Tenório, a Adria, a Fabiana Rarumi, Rosinha, nossa querida Rosinha do Recife, o Danilo, enfim, todos que aqui estão, que ganharam e que não ganharam medalhas, pudessem ser reconhecidos pela falta da medalha para os atletas olímpicos. Gostaria que o reconhecimento se desse pelo valor que esses atletas trazem dentro de si . (Palmas.) Mas, já dizia o velho ditado, que Deus escreve certo por linhas tortas, e acho que foi uma grande lição. E as coisas que aconteceram conosco, nos Jogos Paraolímpicos de Sydney, seguramente não aconteceram por acaso. Os nossos atletas parolímpicos já estão acostumados a vencer há muito tempo. O Brasil faz esporte para pessoas portadoras de deficiências desde 58, quando o Robson Sampaio, no Rio de Janeiro, e Cerros Del Grande, aqui em São Paulo, fundaram os dois primeiros clubes destinados à prática desportiva entre portadores de deficiência. Participamos na primeira vez de jogos paraolímpicos em 1972. De lá para cá, não perdemos nenhuma só versão de jogos paraolímpicos, sempre com bons resultados.

Neste ano, uma série de coincidências favoráveis trouxeram para a sociedade brasileira um feito desses nossos atletas, mas isso também não foi por acaso, infelizmente. O Comitê Paraolímpico Brasileiro levou para Sydney, a convite, 28 dos mais importantes jornais do nosso país, para que eles pudessem acompanhar o desempenho dos nossos atletas em Sydney. Comprou os direitos de transmissão dos jogos, levou para lá uma equipe da TV Educativa, geramos um sinal aberto, uma hora todos os dias, foi para lá uma equipe da TV Globo, por conta de que o Comitê Paraolímpico cedeu a ela os direitos de transmitir os Jogos Paraolímpicos.

Acredito que todo esse esforço dos nossos atletas, dirigentes do Governo brasileiro, através do extinto  Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto, nossos patrocinadores, Banco do Brasil e Embratel, foi bastante importante para os atletas que aqui estão, claro, sem sombra de dúvidas, porque conseguiram um feito que o nosso desporto já perseguia  há anos e anos. Conseguiram reconhecimento, e eu disse aqui ainda há pouco que a Adria tornou-se a musa paraolímpica requisitada por programas de televisão, requisitada para falar sobre esporte e seus feitos. Acho que isto é muito bom, Deputada, e a senhora sabe muito bem disso. Lá em Sydney, uma das coisas que mais me marcaram - a mim, que antes de ser Presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro, sou um militante convicto da causa das pessoas portadoras de deficiência - uma das coisas que mais me marcaram foi a afirmativa numa coletiva de medalhas com esses jornais todos, em que uma atleta de Pernambuco, a Rosinha, afirmava que o melhor dia da sua vida teria sido o dia em que ela achava que fosse o pior dia da sua vida. Rosinha disse que o dia mais feliz da vida dela foi o dia em que um caminhão a atropelou e tomou-lhe sua perna. Aquilo me deixou uma profunda lição. A primeira delas, de tristeza de uma brasileira, empregada doméstica, filha de uma família como milhares de famílias do nosso imenso país ter que afirmar que o melhor dia da sua vida é o dia em que perde uma perna, vítima de um atropelamento. Mas a afirmação de Rosinha, se ela é forte neste sentido, ela é forte também no sentido inverso: Rosinha reencontrou o caminho, Rosinha reencontrou a vida, Rosinha reencontrou a vitória no esporte para pessoas portadoras de deficiência, e essa, sem sombra de dúvidas, se não a melhor, é uma das melhores ferramentas para reintegração social da pessoa portadora  de deficiência.

Aquela afirmativa de Rosinha e os feitos de Tenório, de Adria e de todos os nossos atletas seguramente modificarão a vida de milhares de milhares de brasileiros que ainda não encontraram seus caminhos, suas saídas; milhares e milhares de brasileiros que portam ou não deficiência, disse bem aqui o Deputado, que o seu grande problema eram suas espinhas, e isso é uma verdade absoluta. O meu grande problema são os óculos; o grande problema do meu amigo Getúlio é a falta de alguns cabelos, porque a sociedade costuma nos impor rótulos, ela determina padrões e se olharmos atentamente os padrões impostos pela sociedade, veremos que eles não são os padrões da maioria, são os padrões da minoria. Precisamos viver numa sociedade que aceite as diferenças, que respeite as diferenças.

Quando pudermos viver numa sociedade que aceita e respeita diferenças, estaremos seguramente construindo uma sociedade muito melhor do que esta que construímos neste momento.

Quero, do fundo do meu coração, agradecer profundamente pela oportunidade de estar aqui nesta manhã de segunda-feira falando desta coisa tão importante, que é o esporte para a vida das pessoas que têm deficiência.

Muito obrigado pela homenagem que nos presta, Deputada, e espero do fundo do meu coração que Sydney 2.000 possa representar uma nova página não somente para os desportistas portadores de deficiência, mas para as pessoas portadoras de deficiência que vivem no nosso país.

Obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Obrigada, meu amigo João Batista Carvalho Silva, Presidente do Comitê Paraolímpico.

           

O SR. JOÃO BATISTA CARVALHO E SILVA - Nós cumprimos os vários objetivos com nossa missão em Sydney. Trouxemos a informação, ganhamos as medalhas, mas um dos objetivos não conseguimos alcançar: o nosso mascote, eu o trouxe aqui de presente para a senhora. É um simpático jacarezinho de pata amarela, o Jaquinho, e o grande objetivo de Jaquinho ao ir para Austrália era se casar com Lizzie, que era a mascote dos Jogos Paraolímpicos; uma lagarta australiana, e infelizmente Lizzie vive no deserto da Austrália, é arisca, é veloz, Jaquinho infelizmente não conseguiu encontrá-la.

Estou trazendo aqui uma caixinha, vou presenteá-la, com os vários jaquinhos, sendo que a cada modalidade que o Brasil participou em Sydney, há um jaquinho diferente.

           

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Muito obrigada. (Palmas.) Eu aprendi que, na vida, tudo devemos partilhar, e aprendi que partilhar não é dar o resto, o que sobra, porque dar resto, o que sobra, é covardia, não está me servindo, dou, não estou contribuindo com nada, não estou dando nada, é chover no molhado. Partilhar é exatamente dar metade do que nos faz bem para o nosso próximo. Aí, de fato, fazemos uma partilha.

Quero dizer a todos vocês, aos nossos convidados, autoridades, secretários, atletas vitoriosos, familiares, que deve ser... e depois vou pensar, mas deve ser a primeira vez na minha vida que não vou partilhar uma coisa com vocês materialmente, mas espiritualmente sim. Isso vai ficar guardado comigo para sempre lá em casa, com muito carinho, num  lugar de muito destaque, que é meu altarzinho lá em casa.

 Muito obrigada pelo presente, meu amigo João Batista. É muito lindo, vale a pena ver. Quem esteve lá, já conhece, mas quem não esteve, deve ver. É muito simpático. Jaquinho, que é o mascote da delegação brasileira está em diversas situações: em cadeira de rodas, em bicicleta, em natação, no halterofilismo, no futebol. É incrível o que esse Jaquinho foi, assim como vocês são capazes de fazer.

Muito obrigada.

Quero agora, temos as placas para todos, depois, o nosso Presidente João Batista vai levar aos nossos atletas de outros estados que, por dificuldade da distância, do dia e até mesmo financeira também, compreendemos a dificuldade de todos estarem presentes aqui mas estão em pensamento.

Quero registrar o enorme carinho e um abraço a todos os atletas paraolímpicos do Deputado Paschoal Thomeu, que é o 2º Secretário da Assembléia Legislativa e que não pôde estar presente, assim como do nosso Presidente Deputado Vanderlei Macris que hoje também está fora da capital a trabalho e de todos os Srs. Deputados desta Casa.

Quero chamar aqui para receber a placa esse jovem que já superou barreiras de toda ordem: na família, no estudo, no trabalho. Ele brinca comigo dizendo que até casou e já é pai. Olha que medalha maravilhosa! Não poderia ter uma medalha mais bonita do que essa. Mas, além de tudo, vai para Sydney e traz para o povo brasileiro, como disse não pela falta das medalhas dos olímpicos mas pela presença das medalhas dos paraolímpicos, nos traz não só uma mas duas medalhas, porque na água ninguém segura o nosso querido Danilo Binda Glasser.

Venha receber, Danilo, das mãos do nosso querido Deputado Milton Flávio, a sua placa. Uma salva de palmas, em pé, para o nosso querido Danilo, que é grande companheiro da natação, pois trouxe duas medalhas ao povo brasileiro no seu esforço pessoal depois de muitas lutas, treinamento, disputas e brigas. Está aí, Danilo, a você, a sua família, a sua comunidade da cidade de Americana e ao povo do Estado de São Paulo; que continue brilhando. (Palmas.)

 

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-         É feita a entrega da placa.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Parece-me que o Dr. Gardenali ganhou também um pin. Parabéns, Dr. Gardenali! Parabéns Danilo! Leve o nosso carinho, o nosso aplauso e a nossa torcida pela sua vitória! O Sr. João Batista quer falar algumas palavras. Por favor, use o microfone para que todos ouçam. 

 

O SR. JOÃO BATISTA CARVALHO E SILVA - Desculpem-me estar quebrando o protocolo, mas tirei aqui o meu pin de Presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro e pedi ao Danilo para que ele fizesse a entrega simbólica ao Presidente da Nossa Caixa-Nosso Banco e gostaria de dizer-lhe que o desporto das pessoas com deficiência, o desporto paraolímpico merece ser patrocinado e apoiado e os nossos patrocinadores - e o Banco do Brasil que o diga - seguramente não se arrepende de maneira nenhuma porque nós demos e podemos dar o retorno para  cada centavo investido; que o senhor possa se mirar no exemplo do Banco do Brasil e aqui em São Paulo tem uma quantidade bastante considerável de entidades de esportes para a pessoa portadora de deficiência que precisam do apoio da Nossa Caixa Nosso Banco.

Muito obrigado. (Palmas.)

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Agora o Deputado Milton Flávio está dando o seu pin de preferência partidária também ao querido João Batista. As questões aqui são absolutamente suprapartidárias mas com muito amor e carinho.

De fato, essa sessão é diferente. Já quebramos o protocolo diversas vezes. Mas costumo dizer sempre aqui no plenário e usando essa minha frase de que a lei foi feita para o homem e não o homem para a lei. Então, temos que adequar sempre a lei ou o momento para nós, mesmo que para isso até quebremos o protocolo. Mas, com certeza, será uma manhã inesquecível. Como eu disse, há pouco, é especial porque cada um tem uma missão, uma função na vida e, por certo, essa equipe aqui está sendo representada por uma parcela absolutamente significativa do país, mas muitos outros companheiros estão de fora.

Quero agora chamar uma pessoa muito especial, Sandro Alex dos Santos, de Ipatinga, Minas Gerais, que deixa um abraço a todos os colegas das paraolimpíadas que estavam para vir, mas teve dificuldades e não conseguiu aqui chegar. Assim, dezenas de pessoas nos ligaram, nos telegrafaram, passaram e-mails dizendo da vontade de estar fisicamente aqui e não puderam estar. Mas, na verdade, a equipe dos paraolímpicos é grande. Ela foi capitaneada pela força, coragem, determinação de cada um de vocês, por certo, por uma mente sã, um corpo são e por alguém que batalha por essa causa do portador de deficiência, independente do desporto.

Nesta sessão solene, entendemos que no coração ele já era homenageado, mas também deveria sê-lo materialmente. Por isso, quero agradecer ao Dr. Geraldo Gardelani, que, aqui, além do patrocínio do coquetel, daqui a pouco, nos dá um apoio muito maior em fazermos eventos, trabalhos para enaltecermos sempre a nossa sociedade - e, hoje, além de tudo, está ofertando também um brinde a cada um dos homenageados, que, depois, receberá em sua mesa. Muito obrigada, Dr. Geraldo Gardenali.

Quero pedir a ele e ao Dr. Marcos Arbaitman, Secretário de Esportes, que entreguem esta placa de prata ao João Batista Carvalho e Silva, que aqui, neste momento, representa  a equipe e o povo brasileiro na sua alegria por toda a vitória.

Quero chamar o meu amigo pessoal e companheiro João Batista par receber a sua placa das mãos do Secretário Marcos Arbaitman e também do Dr. Geraldo Gardenali. Muito obrigada, João Batista, por todo o seu empenho. (Palmas.) E agora, em pé, todos agradecemos ao Presidente do Comitê Paraolímpico, por toda a vitória que o Brasil tem hoje em sua história. (Palmas.)

                                              

 

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-         É feita a entrega da placa.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Peço ao João Batista que leia as palavras inscritas na sua placa.

 

O SR. JOÃO BATISTA CARVALHO E SILVA - “Paraolimpíadas - Sydney 2000. Querido Presidente João Batista, a vitória só é possível quando se tem liderança e um coração que a conduz. Um carinho. Deputada Célia Leão. Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Sessão Solene. São Paulo, 20 de novembro de 2000.”

Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Agradeço ao João Batista. Antes de passar a palavra ao Secretário Marcos Arbaitman, que aqui representa não só a sua pasta, o seu trabalho, mas também o Governador Mário Covas em pessoa, quebrando mais uma vez o protocolo, mas tudo vale quando é feito com amor, o Paulo de Almeida pediu um minuto do nosso tempo para também deixar a sua mensagem. Vou passar-lhe o microfone. Por favor, Paulo de Almeida.

 

O SR. PAULO DE ALMEIDA - Estou passando uma camiseta aqui da empresa que nos apoiou na Maratona de Nova York. Esta camiseta está sendo autografada e será entregue à Deputada Célia Leão. É a camiseta dos campeões. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Obrigada, querido. Não é só a camiseta dos patrocinadores desses grandes maratonistas, mas com autógrafo e tudo! Esta também vai ser guardada com muito carinho. Muito obrigada, Paulo. Parabéns a vocês!

Parece-me extremamente oportuno e importante que todos saiamos daqui, sejam homens do governo, autoridades públicas do Legislativo, da sociedade civil, funcionários desta Casa, com a consciência bem formada. Paulo de Almeida, que nos entrega a camiseta e que é 1º lugar mundial, é bom que se diga que a outra eu não sei, mas sua perna mecânica é muito boa. O Paulo, correu durante 3 horas e 47 minutos, para obter o 1º lugar; Alexsandro de Souza, correu 5 horas e 52 minutos. Não que tenha corrido e parado para descansar, mas correu. A deficiência que ele traz é visível, causada por uma distrofia, que diminui o equilíbrio e a força. Somos seres humanos de carne e osso. Deus não nos fez de aço, portanto, somos frágeis e quebráveis, machucáveis e mortáveis.

Quero dizer que Digelson da Silva, além da deficiência somada à experiência dos seus 57 anos, para ter o seu 4º lugar no ranking mundial, correu 5 horas e 16 minutos. Estas coisas têm que pesar na nossa vida e no tempo do nosso relógio. Com muita emoção, carinho e alegria, agradeço a sua  presença.  Nobre Deputado Milton Flávio, V. Exa., que é líder do governo nesta Casa, representa os anseios do governo, as lutas pelo bom andamento dos trabalhos na Casa, quero dizer que quando o nobre Deputado João Caramez disse que hoje é o dia muito sensível e importante, é verdade.

O Governador Mário Covas foi hospitalizado ontem, à noite, e fará amanhã uma cirurgia muito delicada para retirar, pela segunda vez, um câncer. Quem pôde assistir o noticiário a nível nacional, verificou que ele entrou no hospital sorridente, brincando, agradecendo e abraçando. Esta lição tem que ficar para nós - e isto acho que não preciso dizer para nenhum de vocês, que hoje se encontra neste plenário. Certa vez, disse ao Governador que ele venceu eleições, brigou pela democracia do Brasil, resistiu à democracia sendo cassado e preso, teve que fugir, mas que não recuou e continuou a sua luta. O Governador Mário Covas foi Deputado, constituinte, presidente em diversos momentos, no Congresso Nacional, foi Governador por duas vezes, candidato a Presidente deste País, venceu inúmeras eleições e venceu um câncer. Tenho certeza que a oração do povo brasileiro, a nossa força e a força de todos vocês, vai fazer com que ele vença o segundo câncer.

Vou passar a palavra ao Secretário Marcos Arbaitman, que representa a sua pasta, o Governador Mário Covas, ao qual, neste momento, peço muita oração, com muita torcida, para que ele volte logo, pois São Paulo e o Brasil precisam dele. (Palmas.)  

 

O SR. MARCOS ARBAITMAN - Tenho a honra e o privilégio de servir o Governador Mário Covas. Não tive a coragem de ser político, mas como empresário tenho observado, com a responsabilidade da Secretaria de Esportes e Turismo, a seriedade e a dignidade do nosso Governador, que devolveu ao nosso Estado a sua dignidade imprimindo uma ação de trabalho muito dinâmica.

O Sr. Governador sexta-feira, numa reunião histórica com o seu Secretariado, durante quatro horas e meia, falou da responsabilidade de cada um. O Governador Mário Covas disse que na quarta-feira à tarde, da UTI, está disposto a despachar e quem precisar, que vá lá. S.Exa. é realmente uma figura fora de série. É por isso que hoje, ao lado do nobre Deputado Milton Flávio, Líder do Governo e amigo de todos nós, viemos trazer as palavras de amor e carinho do Governador Mário Covas neste momento de emoção que sei que também é dele e do nosso vice-Governador Geraldo Alckmin, à nobre Deputada Célia Leão, um modelo e exemplo de figura humana, de brasileiro autêntico, paulista de alma e coração. Sentimos tanto sua ação aqui na Assembléia! Queríamos tanto que ela desse a Campinas a oportunidade de se redimir. Estamos torcendo para isso!  

O Sr. João Batista, Presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro, disse o seguinte: “Precisamos da ajuda da Nossa Caixa-Nosso Banco”. Este banco, nesta amanhã, virou o único banco do Estado. Hoje também temos da Nossa Caixa-Nosso Banco esse apoio ao esporte, em geral. Terezinha, se a Estação Especial da Lapa precisar de alguma coisa, pelo menos uma boa palavra você terá do banco.

A nobre Deputada Célia Leão, nesta manhã, homenageia os atletas que devolveram a dignidade do esporte ao Brasil, porque nós fomos muito mal naquela outra Olimpíada, a dos chamados eficientes. Eficientes foram vocês, que devolveram a alma brasileira que estava aborrecida na rua, demonstrando garra, preparo e carinho. Vocês mostraram que todas as pessoas portadoras de deficiência devem ser respeitadas na sua atividade, nos seus locais de trabalho.

De forma prática quero dizer que na Secretaria de Esportes e Turismo as entidades portadoras de necessidades especiais têm recebido integral da Secretaria. Todas as APAEs recebem o nosso apoio, assim como a Federação Paulista de Basquete sobre Rodas. Temos organizado todos os seus eventos. Ela tem participado dos jogos regionais e jogos abertos no interior, com jogos especiais paralelos, que não o paratlético. O paratleta é um atleta paralelo, mas ele participa também do desfile da abertura dos jogos abertos. Quatro mil atletas em Sydney, Austrália, participaram de um grande evento paraatlético onde o Brasil foi altamente recompensado, vocês encheram nossa alma de alegria.

Quero também dar mais uma notícia à Deputada Célia Leão, acompanhada do Chefe da Casa Civil João Caramez, do Dr. Geraldo Gardenali, Presidente da Nossa Caixa, e também do Deputado Milton Flávio. Nesta semana, no Turismo Cultural - aqui está o Dr. Marcelo Beleza, Coordenador de Turismo da Secretaria - estaremos iniciando um serviço especial. Num ônibus especial, todos os portadores de necessidades especiais poderão visitar, gratuitamente, os sete museus de São Paulo. Quero, desde já, convidar todos a participarem desse programa cultural, mas de verdade, que é de respeito às pessoas que têm necessidades especiais. De terça a domingo, o ônibus leva todos aqueles que querem visitar os museus. (Palmas.)

Há mais um dado: dos 332 Ginásios de Esportes autorizados pelo Governador nestes quatro anos - porque começou até antes da nossa entrada - todos têm acessibilidade às pessoas portadoras de necessidades especiais: banheiros, instalações e vestiários. É obrigação de convênio. Em todos os setores do nosso principal Ginásio de Esportes temos essas facilidades para as pessoas portadoras de necessidades especiais. Estamos fazendo três pistas olímpicas na Vila Olímpica-Raposo Tavares, no próprio Ginásio Ícaro e em Presidente Prudente, onde o atleta de necessidade especial terá acesso a todas as instalações e não apenas local. Passamos todas essas informações ao Lars Grael. Como todos sabem, num acidente lamentável, uma lancha tirou-lhe uma perna. No entanto, continua mais ativo do que nunca. Se o Indesp era uma entidade extinta, agora, criada a Secretaria de Desenvolvimento do Esporte, ele está em atividade permanente. 

Queria também, neste momento especial, porque estamos todos com a alma voltada para o Incor, pedir, sob a proteção do supremo Arquiteto do Universo, que todos nós oremos para que o nosso Governador Mário Covas se recupere e volte a dar a São Paulo e ao Brasil o amor, a força que os nossos atletas paraolímpicos demonstraram em Sydney. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB -  Muito obrigada, querido Secretário Marcos Arbaitman. Nós, paulistas, ficamos muito felizes com o trabalho que a Secretaria de Esportes vem realizando e reiteramos, como na fala do Sr. João Batista, a importância da Nossa Caixa, da Secretaria da Casa Civil darem esse apoio incondicional às associações, entidades e comitês a fim de que os portadores de deficiência possam ter acesso à sociedade e a uma vida comum.

Quero fazer um registro. Eu não sabia - fiquei sabendo agora e é um orgulho para nós - que o nosso querido Sr. João Batista é campineiro.

 

O SR. JOÃO BATISTA CARVALHO E SILVA - Sra. Presidente, queria pedir desculpas por um equívoco que cometi. Ao ler a Placa falei Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e não Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Perdoe-me. Na realidade não sou campineiro. Eu nasci na cidadezinha, no interior paulista, de nome Taiaçu, que era um distrito de Jaboticabal. De lá. minha família foi para Bebedouro, foi para Pirangi, e depois cresci em Campinas. Mudei-me para o Rio de Janeiro já jovem, depois de cumprir com minha obrigação militar, no 5º Gecam em Campinas. Mas, peço desculpas a vocês todos, e talvez seja por que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro não tenha ainda tido a mesma iniciativa que a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, e esse era o meu desejo. Muito obrigado.

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Eu quem agradeço, João Batista, não precisa pedir desculpas porque somos irmãos brasileiros, de São Paulo, do Rio de Janeiro, vale tudo, por certo seria um orgulho poder ser representante do povo carioca, com certeza absoluta. Quero ressaltar e parabenizar que, pela primeira vez na história de São Paulo, foi incluída a presença dos portadores de deficiência física, visual, em geral, nos jogos abertos do interior que se realizaram em Santos. Isso é muito importante. São Paulo tem que registrar esse feito, como já disse o Secretário, e que nos próximos jogos, cada vez mais a participação dos atletas portadores de deficiência seja uma constante. Muito obrigada ao secretário. Quero também parabenizar o Negreli , que é diretor de esportes de Santos e também o nosso secretário.

Passo a palavra à Sra. Maria Clara, representante do Conselho Estadual .

 

A SRA. MARIA CLARA BORTOLI - Eu vou aproveitar o gancho do Deputado Milton Flávio, quando ele falou do estacionamento da Rua Armando de Barros, em Botucatu, eu já utilizei muito desse estacionamento. Tudo que é feito em prol do deficiente é uma conquista. tudo é conquista. Tudo é muito batalhado.

O que tenho a dizer é que temos que agradecer às pessoas de coração grande, de mão muito grande, os normais que deram as mãos a esses atletas e que acreditaram nesses atletas, e os levaram para Sydney, para mostrar quem é o Brasil e como é o Brasil. O Brasil tem, sim, portadores de deficiências, como todos os países têm portadores de deficiência, que já sabemos que 10% da população é portadora de deficiência. Mas, gostaria de dizer a vocês que o portador de deficiência é capaz, e sempre sabemos que por trás de um portador de deficiência tem sempre um normal apoiando.

Falei sobre o estacionamento, porque na época reunimos autoridades de Botucatu para que fossem liberadas essas vagas. Acredito que foram inúmeras as reuniões que vocês tiveram para que tudo isso acontecesse. Foi um esforço somado de atletas e normais com coração grande. Muito obrigada.

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Obrigada, Maria Clara, pelas suas palavras. Depois de tantas falas, as homenagens, a emoção, na verdade, queria acrescentar muito pouco, mas não poderia deixar de fazê-lo. Hoje, além dos atletas, recebemos aqui no plenário autoridades, Vereadores, Deputados, um dos Vereadores eleito recentemente, na cidade de Espírito Santo do Pinhal, portador de deficiência, tetraplégico. São esses avanços, essas conquistas que cada um na sua missão vai fazendo e realizando junto com a nossa sociedade. Peguei uma revista semanal, dessas de grande circulação, que numa das páginas destaca a Paraolimpíada. E muito rapidamente, peço licença para ler aquilo que a alguém como eu, 26 anos sentada numa cadeira de rodas, ainda chama a atenção.

Um dos nossos atletas, carioca, entrevistado - e só para lembrarmos, o Brasil ficou em 24º lugar, seis medalhas de ouro, dez de prata, seis de bronze, isso chamou a atenção da imprensa mundial e nacional, graças a Deus - esse atleta, na sua simplicidade e grandeza, diz o seguinte: “Ganhar as medalhas, participar das olimpíades, é bom. É muito bom. Ser vitorioso, trazer medalhas, melhor ainda. Mas, isso não é nada.” Nada? Pergunta o jornalista. Como assim nada? E ele disse: “Ah! A medalha paraolímpica é fácil, em comparação com a nossa medalha do dia-a-dia. O sujeito sai de casa, não consegue andar na calçada, porque é irregular. Tem que andar na rua. Pegar ônibus, não consegue. Tem que botar o bumbum no degrau, arrasta a calça no chão, fica todo sujo, tem que tomar banho quando chega ao treino, e faz isso para trabalhar, estudar, isso é que merece medalha. É o dia-a-dia de cada portador de deficiência.” E quem fala isso é um dos grandes atletas paraolímpicos.

Lendo esse trechinho dessa revista semanal e trazendo o sentimento de um dos nossos grandes companheiros, quero dizer que essa é a realidade do nosso dia-a-dia. Por isso, fica aqui o clamor não só desta Deputada, junto com os deputados desta Casa, Milton Flávio, Walter Feldman, e demais deputados, mas de que esses momentos de vitória, glória e emoção, não fiquem esquecidos. Que isso não só se perpetue nos Anais da Casa, através das escritas que ficam, mas que fique na lembrança, na memória de cada um para que essa fala desse companheiro, daqui a alguns anos, e pode ser até décadas, espero que menos tempo, possa estar modificada. E a batalha do dia-a-dia, que faz de fato todos nós, especialmente todos vocês, vitoriosos.

Como diz ele, ir para Sydney, na Austrália, ganhar uma medalha, até que é fácil. É a batalha do dia-a-dia de vocês que com certeza, nas suas bases, na sua casa, na sua família, no seu trabalho, quando tem, no seu transporte quando encontra, no seu bairro, quando tem a possibilidade de conviver socialmente, é nessa batalha do dia-a-dia que todos vocês são vitoriosos. Como todos contaram uma historinha, a minha vai ser menor, mais curta, mas também tenho que contar.

Um menininho de dez anos, levado da breca, daqueles com sardinhas no rosto, morava num vilarejo muito longe daqui, e naquele vilarejo tinha um sábio, e aquele molequinho um dia, ficou muito bravo, e disse o seguinte: Não. Não tem sábio coisa nenhuma. Que sábio, que nada. todo mundo no vilarejo tem que procurar o sábio para saber o que fazer. Todo mundo fala com o sábio, eu vou desmascara esse sábio. Acordou cedo numa certa manhã, saiu de casa e começou a subir o alto da montanha para chegar até onde era a casa do falado sábio. E lá foi o garotinho, pela manhã ensolarada, subindo o morro, subindo a montanha, cantando e pensando: como é que vou fazer para pegar esse sábio? Ah! Mas vou provar que esse sábio não é sábio coisa nenhuma. Vou provar que ele não é sábio. Continuou subindo a montanha e no meio do caminho tinha uma árvore com um galho grande e na ponta do galho um passarinho. Ele passou perto e pegou o passarinho na mão, apertou o passarinho e levou o passarinho. Já sei como é que vou fazer. Vou perguntar para o sábio, vou esconder o passarinho atrás da minha mão, se ele sabe o que é que tenho na mão. Mas, ele nunca vai adivinhar que é um passarinho. E eu vou falar que ele não é sábio coisa nenhuma. que ele está enganando todo o pessoal do vilarejo. Vai ver só, desta vez o sábio não me escapa. E lá foi com o passarinho na mão, subindo a montanha. Depois, deu uma dor de barriga no garotinho e ele pensou; mas, espera um pouquinho, e se ele descobrir que é passarinho? Como é que eu faço? Daí ficou preocupado, pensando. Já sei, se ele falar que é um passarinho como estou com a mão para trás, eu pergunto a ele se o passarinho está vivo ou morto. Se ele falar que o passarinho está morto, eu abro a mão e o passarinho voa. Minha nossa senhora e se ele falar que o passarinho está vivo, que é que eu faço? Pensou, pensou, e disse; já sei, se ele falar que o passarinho está vivo eu aperto o pescoço do passarinho e ele vai ver só. Dessa vez ele não tem saída. Chegou na casa do sábio, bateu à porta, o sábio abriu a porta, e o menino  disse:

- Bom dia seu sábio

- Bom dia filho.

- Ah eu não sou de muita conversa não, eu vim aqui para saber se o senhor é realmente um sábio.

- Olha filho, o seu tataravô quando era menino me chamava de sábio.

- Ah, o sujeito está de gozação para cima de mim. Tataravô pequenino chamava aquele sujeito de sábio?! Está bom seu sábio, então fala para mim logo. O que é que eu tenho na mão?

- Ah meu filho, você tem um passarinho!

- Ele descobriu, estou lascado! E agora? Está bom seu sábio, o senhor descobriu que eu tenho um passarinho! Tá bom demais! Então, fale mais rápido ainda. O bichinho está vivo ou está morto?

Aí, ele chegou pertinho do menino, pôs a mãos no ombro do menino fez um afago e falou: olhe meu filho se o passarinho está vivo ou se o passarinho está morto isso depende de você.

Quero deixar essa estorinha no encerramento da nossa sessão solene em homenagem aos grandes atletas vitoriosos paraolímpicos, os familiares, ao João Batista, que é Presidente do Comitê Paraolímpico, a vocês que merecem essas homenagens, essas placas, o presente, o coquetel, a festa de vocês, os familiares, e também para a nossa sociedade, essa estorinha é para deixar uma só mensagem, que as coisas da vida da gente obviamente que depende do respeito e da atenção dos órgãos públicos, do Executivo, do Legislativo, do Judiciário, obviamente que sim.

Depende também da consciência da nossa sociedade e enxergar que as coisas são diferentes e as pessoas também. Portanto, aquela velha frase de tratar igualmente os desiguais é tratá-los desigualmente, precisa haver diferença no tratamento sim. Mas que só essa somatória de coisas não resolve. É preciso que cada um de nós, com mais ou menos deficiência, tenhamos a certeza no nosso dia a dia, na nossa luta, na nossa força, na nossa garra, que um mundo melhor depende das nossas ações. Somos nós que construímos a vida, somos nós que construímos a sociedade e somos nós que podemos fazer dessa nossa vida e dessa sociedade mais ou menos, melhor ou pior. E das ações que dependeram de vocês, essas se eu pudesse ficaria em pé para poder aplaudir. Muito obrigada e parabéns a vocês!

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, quero agradecer a presença de todos das nossas autoridades, nossos secretários, vocês atletas, seus familiares, funcionários da Casa, do meu gabinete, do nosso escritório, que fizeram esse trabalho para que a homenagem pudesse agradecer. Muito obrigada, parabéns e agora convido a todos para um coquetel muito gostoso que será servido aqui atrás na parte dos Deputados.

Está encerrada a presente sessão solene.

                       

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- Encerra-se  a sessão às 13 horas e 13 minutos.

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