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10 DE OUTUBRO DE 2011

043ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO “CENTRO ESPÍRITA UNIÃO DO VEGETAL PELOS 50 ANOS DE FUNDAÇÃO E SERVIÇOS PRESTADOS AO POVO DE SÃO PAULO”

 

Presidente: GERSON BITTENCOURT

 

RESUMO

001 - GERSON BITTENCOURT

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Informa que Presidente Barros Munhoz convocara esta sessão solene, a requerimento do Deputado Gerson Bittencourt, na direção dos trabalhos, para "Homenagear o Centro Espírita União do Vegetal pelos 50 anos de Fundação e Serviços Prestados ao povo de São Paulo". Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Anuncia a exibição de vídeo institucional sobre a entidade.

 

002 - FLÁVIO MESQUITA DA SILVA

Presidente do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, faz retrospecto sobre a origem do baiano José Gabriel da Costa, fundador da União do Vegetal, em Porto Velho, que não visa ganhos materiais. Informa que a entidade tem 160 núcleos no Brasil e em cinco países, na prática do "reencarnacionismo cristão" e na crença de um Deus único. Cita princípios da dimensão espiritual, de amor ao próximo, em busca da "Luz Paz e Amor", expressos em sua bandeira. Destaca as virtudes do chá "hoasca", e recorda a luta para a sua liberação, no Brasil e nos Estados Unidos, apenas para uso ritual e com uso responsável. Enfatiza os programas de alfabetização, de defesa do meio ambiente e de benefícios sociais feitos pela UDV.

 

003 - FRANCISCO HERCULANO DE OLIVEIRA

Mestre Geral, Representante do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, agradece a homenagem ora prestada. Recorda o aprendizado que tivera com o fundador da entidade, fato que mudou a sua vida. Cita os benefícios do chá "hoasca" para a compreensão do mundo. Ressalta os valores de cidadania, de convivência pacífica, de bom comportamento e equilíbrio que devem nortear os integrantes da UDV. Enfatiza a luta pelo reconhecimento da entidade como religião.

 

004 - VICTOR LUIZ DE FIGUEIREDO MARTINS

Mestre Central da Terceira Região Administrativa da UDV, faz histórico sobre o surgimento da entidade em São Paulo. Dá conhecimento da estrutura e do funcionamento da entidade, na busca dos valores intelectuais, morais e espirituais do ser humano.  Destaca o respeito a todas as religiões, e os princípios relacionados à saúde, à educação, à cidadania e à defesa do meio ambiente. Louva a memória dos fundadores e daqueles que doaram suas vidas para as atividades da entidade. Faz agradecimento ao Deputado Gerson Bittencourt pela homenagem.

 

005 - Presidente GERSON BITTENCOURT

Informa que esta sessão seria transmitida pela TV Assembleia oportunamente.  Anuncia a exibição do audiovisual intitulado "Pioneiros da Terceira Região".

 

006 - ILKA BOIM

Integrante da direção da Terceira Região Administrativa da UDV que, durante sua fala, fez projetar material sobre as "Ações Pró-Sociais" da entidade. Dá conhecimento dos programas "Novo Encanto Ecológica", de defesa do meio ambiente, e da participação da entidade no projeto "Água para a Paz". Cita cursos sobre o manejo da floresta e capacitação para educação ambiental. Fala da "Estação Semear", com vistas à sustentabilidade, com cursos e palestras. Ressalta os trabalhos assistenciais e de alfabetização, feitos pela "Estrela da Manhã" e pelo "Lar Sama", que beneficiaram milhares de pessoas.

 

007 - Presidente GERSON BITTENCOURT

Anuncia a apresentação do "Hino à Bandeira da União do Vegetal". Saúda os presentes. Informa que a União do Vegetal recebeu homenagem na Câmara dos Deputados, e terá ato idêntico na Câmara Municipal de São Paulo. Acrescenta que a entidade se faz presente em mais de cem cidades brasileiras e tem mais de quinze mil sócios. Lembra princípios da UDV, como a valorização da família, o combate às drogas e à discriminação, a prática do bem e a assistência social. Recorda ensinamentos dos povos da floresta, na busca pela simplicidade, humildade e respeito à liberdade religiosa. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Gerson Bittencourt.

 

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O SR. PRESIDENTE – GERSON BITTENCOURT - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE – GERSON BITTENCOURT – PT – Boa noite a todos. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Nos termos regimentais, esta Presidência dispensa a leitura da ata da sessão anterior.

Gostaria, inicialmente, de nominar os presentes que compõe esta Mesa. Sr. Francisco Herculano de Oliveira, mestre geral representante do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal; Sr. Flávio Mesquita da Silva, Presidente do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal; Sr. Victor Luíz de Figueiredo Martins, mestre central da Terceira Região Administrativa da União do Vegetal; e a Sra. Ilka Boim, membro da direção da Terceira Região Administrativa da União do Vegetal.

Contamos também, com a presença do Vereador Zelão, vereador aqui da Capital. Inclusive, também prestará uma homenagem à União do Vegetal, pelos seus 50 Anos na Câmara de Vereadores desta Capital. Muito obrigado, Vereador Zelão, pela presença.

Srs. deputados, deputadas, minhas Sras. e meus Srs.. Esta sessão solene foi convocada pelo Presidente efetivo desta Casa, o nobre Deputado Barros Munhoz, atendendo a solicitação deste deputado, com a finalidade de homenagear o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, pelos 50 Anos de fundação e serviços prestados ao povo de São Paulo.

Convoco todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE – GERSON BITTENCOURT – PT – Quero, também, anunciar a presença do Dr. Luis Alberto de Souza Ferreira, delegado de polícia aposentado. Quero anunciar a presença do Sr. José Alves, Presidente da Associação dos Idosos de Campinas, que está representando o Vereador Josias Lech, daquela mesma cidade. Quero, também, anunciar a presença do Sr. Hamilton Prado Alves, representando o Deputado Antonio Salim Curiati.

Agora, nós vamos assistir a um vídeo institucional. Peço a todos, que passem a olhar aqui a nossa câmera.

 

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- É feita a exibição de vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE – GERSON BITTENCOURT – PT – Esta Presidência, concede a palavra ao Sr. Flávio Mesquita da Silva, Presidente do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal.

 

O SR. FLÁVIO MESQUITA DA SILVA – Boa noite, cumprimento a Mesa e esta Casa na pessoa do Presidente desta sessão, o Excelentíssimo Deputado Gerson Bittencourt, a quem agradeço pela recomendação em homenagem à União do Vegetal. Cumprimento os parlamentares presentes, autoridades, estimados amigos da União do Vegetal, Sras. e Srs..

É uma grande emoção, uma grande felicidade estar aqui com todos vocês. Em primeiro lugar, quero agradecer a Deus, a quem devo a vida. Sou grato a minha família, em especial meus pais, que me trouxeram e me conduziram nos meus primeiros passos dentro desta mesma vida. Agradeço aos meus amigos, irmãos de caminhada, principalmente os que me receberam na União do Vegetal, em 1976, alguns aqui presentes, que me receberam e de quem venho recebendo amor, o carinho e a orientação espiritual. Quero, ainda, agradecer a todos que tornaram este momento tão belo e possível, e tão especial.

Esta sessão solene, neste plenário da Casa do Povo, tem para nós, da União do Vegetal, um significado simbólico dos mais expressivos, é solene e sublime. Representa o coroamento de uma, longa e frequentemente, árdua caminhada, que começou há 50 anos, na vastidão da floresta Amazônica, por meio de um homem bem simples, sábio e inspirado, o seringueiro baiano José Gabriel da Costa, o nosso Mestre Gabriel.

Foi ali na margem boliviana do Rio Abunã no Seringal (?), que no dia 22 de julho de 1961, ele criou, tendo ao lado uns poucos discípulos, sua família e sua fiel companheira Pequenina, esta religião. Que representa um novo alento para a humanidade, uma nova oportunidade de religação com o sagrado, é uma comovente história de amor ao próximo. Tecida com sacrifício pessoal, sem qualquer expectativa de ganhos materiais, sem qualquer patrocínio, transmitido a boca, e ouvidos por sucessivas gerações, até chegar no dia de hoje, a esta solenidade comemorativa do seu Cinquentenário.

A União do Vegetal nasceu simples e modesta. Da floresta foi para Porto Velho, Rondônia, em 1965, tendo como primeira sede, uma choupana de caboclo, a própria casa do mestre, que a cedeu para as sessões religiosas da União do Vegetal, a qual chamamos de UDV. Nos anos que o mestre Gabriel exerceu o seu ministério religioso, quatro na floresta e seis em Porto Velho, reuniu cerca de duas centenas de discípulos, gente modesta como ele, que mesmo sem dispor de meios materiais, cumpriu a missão de levar essa obra sagrada a todo país e ao exterior.

Hoje, temos mais de 160 núcleos em todos os Estados da federação brasileira, e em mais de cinco países, por exemplo, Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, Portugal e Suíça. Foi uma expansão natural, sem recursos a propaganda, o que mostra a consistência desta obra sagrada, fundada nos princípios do reencarnacionismo cristão. Ao criar esta religião, o mestre Gabriel colocou a construção da paz como o seu principal fundamento, e para se chegar à paz é preciso unir. A união traz a paz. E para unir e pacificar, é preciso ter como referência a dimensão espiritual da existência. Estamos aqui, mas não somos daqui, nos destinamos à esfera espiritual, a eternidade. Cuidar um dos outros, com respeito e amor, buscar o aperfeiçoamento da gente em primeiro lugar, é a semente para se fecundar uma convivência fraterna, solidária e duradoura.

O amor ao próximo é a base sobre tudo que o mestre nos legou, luz, paz e amor. O poder do amor sentido e compartilhado na União do Vegetal é a força que sensibiliza seus discípulos a cultivar o bem. Nossa presença na terra tem como objetivo a busca do conhecimento. A União do Vegetal é uma escola, escola de espiritualidade, de sabedoria, e não pretendemos ser a única e nem temos em relação às demais religiões qualquer ânimo competitivo, ao contrário, reconhecemos o mérito de todas as religiões, que pregam o bem e a existência de um só Deus. Cumprem todas uma mesma missão, de religar o homem a sua origem espiritual, atendendo assim, a diversidade de compreensões da humanidade.

Temos as demais religiões que utilizam chá Oaska em seus rituais, que denominamos, fraternalmente, de Irmandade Oaskeira. Comportamento cooperativo, buscamos unidade de ação em termos que nos são comuns, basicamente o esclarecimento junto às autoridades e a opinião pública a respeito das propriedades desse chá que comungamos nos nossos rituais com o objetivo de concentração mental. Esse, aliás, tem sido um dos desafios mais constantes, deputado. Em nossa busca de consolidação institucional, que começou ainda nos seus primórdios, em 1967, o mestre Gabriel foi preso pelas autoridades policiais de Porto Velho, sob o argumento que distribuía um chá entorpecente. Não havia, porém, como não há até hoje, nenhum protocolo científico que respalde aquela afirmação. Ele foi liberado, e em vez de processar os policiais que exorbitaram de suas atribuições, prendendo-o sem mandado judicial, optou por uma solução pacífica, registrar a UDV e dar seqüência ao seu trabalho regenerador. As próprias autoridades de Rondônia se surpreendiam ao ver pessoas que davam trabalho na sociedade, demonstrarem profundas mudanças de comportamento depois de se associar a União do Vegetal. Percebiam que algo de bom acontecia e deveriam prosseguir, e prosseguiram.

Quase duas décadas depois, em 1985, em Brasília, o chá Oaska, denominado por nós, de Vegetal, foi incluído entre as substâncias proscritas pelo Ministério da Saúde. Novamente, a falta de conhecimento do que é esse chá sagrado, nosso sacramento religioso levava as autoridades ao ato equivocado. O então Conselho Federal de Entorpecentes – COFEN proibia o uso do chá Vegetal em todo território nacional, e a UDV já contava com núcleos em quase todas as capitais e mais de cinco mil sócios registrados. Foi quando nos lembramos da atitude do mestre, de buscar uma solução pela via pacífica dentro da lei e da ordem. Fomos ao Ministério da Justiça e propusemos que o nosso trabalho fosse avaliado por especialistas, o COFEN, então, instituiu uma comissão multidisciplinar composta por médicos, psiquiatras, antropólogos, teólogos e outras autoridades científicas, para o devido exame desse chá. As investigações duraram dois anos e se estenderam as outras religiões Oaskeiras, no meio urbano e rural. E o resultado foi a liberação, por unanimidade, do uso religioso do Vegetal e o reconhecimento de que o trabalho religioso que fazemos é benéfico e regenerador, e não causa danos a saúde.

Disso já sabíamos pela palavra do mestre Gabriel. E não tínhamos, como não temos dúvidas, de que será sempre essa conclusão da ciência. E assim tem sido desde então, o chá Oaska foi, por diversas vezes, submetido a exames periciais da ciência, sem que reste qualquer evidência, que é nocivo à saúde física ou mental.

O próprio CONFEN voltaria a examinar o uso religioso do chá em 1992, chegando à mesma conclusão de 1985, e reiterando sua liberação também por unanimidade. Em 2007, o órgão que substitui o CONFEN, hoje, Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas o CONAD, sob pressão de segmentos religiosos e da própria mídia, instituiu um grupo multidisciplinar de trabalho no âmbito do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, para reavaliar o uso religioso do chá.

É uma longa história deputado, muita luta, buscando direitos constitucionais, e graças a Deus, esta Casa vem nos honrando com essa solenidade. Muito grato.

A União do Vegetal faz uso responsável da Oaska e não aprova a sua utilização fora do contexto religioso. Adverte, também, para o risco de adicioná-lo a outras substâncias, sobretudo, drogas, procedimento alheio ao sentido espiritual que o originou. Em busca de oferecer segurança física, jurídica e espiritual, a UDV se inscreveu, em 1990, juntamente com as principais entidades Oaskeiras, uma Carta de Princípios que assumia três compromissos básicos: não comercializar sob nenhuma hipótese o vegetal; não adicioná-lo a drogas, e não fazer propaganda do seu uso.

Já agíamos dentro daqueles compromissos dos quais não abríamos mão. O chá Oaska, já nos ensinava o mestre Gabriel, é uma dádiva de Deus, com o sentido único e específico, favorecer a concentração mental nas sessões religiosas com vistas a proporcionar melhor entendimento da realidade espiritual. Não é um objeto de curiosidade e quem assim o vê, deve se responsabilizar e responder pelo que faz, sabendo que a autorização em vigor o restringe para fins ritualísticos e religiosos.

O Centro Espírita Beneficente União do Vegetal trabalha pelo desenvolvimento das virtudes morais, intelectuais e espirituais do ser humano. Sua doutrina nos ensina e nos orienta ao convívio fraternal, ao acatamento das leis do país e nos oferece condições para que trabalhemos para o nosso aperfeiçoamento pessoal. Da eficácia deste trabalho, dão testemunha, milhares de pessoas que reequilibraram sua vida familiar, se reintegraram a sociedade, se libertando quando é o caso de vícios e de desvios de comportamento.

Poucas instituições religiosas foram tão investigadas nas suas práticas. Ritos e conteúdos doutrinários como a nossa, e não só no Brasil, nos Estados Unidos, a União do Vegetal necessitou suspender os seus trabalhos em 1999, devido uma ação do governo federal daquele país, que confiscou o vegetal destinado aquela irmandade, considerando-o nocivo a saúde. Acreditando, portanto, que o seu uso deveria ser ilegal. Os adeptos norte americanos, nossos sócios, nossos irmãos lá em defesa dos seus direitos constitucionais, ingressaram, então, com uma ação na Suprema Corte para reverter aquela medida. Durante sete anos, fomos investigados, arguidos e questionados, inclusive sob aspecto teológico, em relação à consistência e integridade dos nossos trabalhos. Ao final, o relator o juiz John Robert considerou, e o seu relatório foi aprovado por unanimidade, que na UDV pratica-se “um exercício sincero de religião”.

As atividades da UDV não se restringem ao campo espiritual, agimos também na beneficência social, conforme está expresso no nosso próprio nome Centro Espírita Beneficente. Mais uma vez, temos como modelo o próprio mestre Gabriel, que deu inúmeros exemplos de solidariedade e fraternidade, repartindo o pão que era escasso com os mais necessitados, fazendo o bem sem olhar a quem.

Contamos, hoje, com 28 unidades beneficentes em todo país. Um trabalho reconhecido pelo estado brasileiro, que nos concedeu, em 1999, renovando, desde então, o título de utilidade pública federal; que igualmente recebemos de diversos estados e municípios da federação. O relatório das ações beneficentes de 2010 indica mais de 113 mil atendimentos em todo país. É só o começo. Desde 2002, a alfabetização de jovens e adultos tornou-se a nossa ação beneficente prioritária. Inicialmente, adotamos o software didático-pedagógico Luz das Letras, cujos benefícios incluíam a inclusão digital. Em 2010, uma parceria feita entre a Casa Brasil da Presidência da República, a Secretaria de Educação do Estado do Ceará e a nossa Associação Beneficente Casa da União, consolidou o desenvolvimento de um novo software, o Luz do Saber, com características mais avançadas que o seu antecessor. Convém destacar que, de 2002 até hoje, foram alfabetizadas, por meio de serviço voluntário de sócios da UDV, cerca de cinco mil jovens e adultos. Esses números vão crescer muito, tendo em vista a grande quantidade de multiplicadores preparados em nossas unidades beneficentes em todo o país.

Temos ainda, uma ação voltada para a defesa do meio ambiente, Associação do Novo Encanto e Desenvolvimento Ecológico, criada em 1990, que foi citada no vídeo também. Dedica-se a formação de uma cultura ecológica e de preservação da biodiversidade. A Novo Encanto tem por objetivo principal, trabalhar pela vida e pela paz, promovendo a conscientização de que o ser humano, mais do que impor a sua dominação sobre a natureza, deve integrar-se a ela, trabalhando pela substituição da relação de consumo agressivo pela comunhão com esta mesma natureza. A Novo Encanto ainda executa as suas ações com base numa carta de princípios, e desenvolve programas com o apoio de quase 100 monitorais centradas nos núcleos da UDV e coordenadas por membros das entidades filiadas ao Centro.

Temos, portanto, nesse nosso primeiro Cinquentenário, uma densa jornada cumprida, que sabemos que ainda é o início de uma caminhada, que envolverá muitas e muitas gerações, enfrentando desafio de levar a palavra do mestre ao mundo carente de luz, de paz e de amor. Estamos, no entanto, confiantes de que trilhamos o caminho certo, o caminho do bem, que nos trouxe até aqui, ao reconhecimento desta Casa que representa os anseios da cidadania deste Estado. Mais que o reconhecimento ao nosso trabalho específico, a homenagem do Estado a uma instituição religiosa é sempre um gesto construtivo em prol do bem comum. Nada impede que o material e o espiritual caminhem lado a lado, juntos, porém, não misturados. A história de cada discípulo da União se une a história de todos que sonham e trabalham por um mundo melhor.

Neste momento de tanta significação, de tantas recordações e emoções para nós Oaskeiros, quero elevar o pensamento ao grande mestre Gabriel, pedindo que continue a nos guiar e nos iluminar nesta jornada espiritual e que sigamos com humildade. Concluo desejando a todos, votos de luz, paz e amor. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE – GERSON BITTENCOURT – PT – Comunicamos aos presentes, que esta sessão solene será transmitida pela TV Assembleia no próximo sábado, dia 15 de outubro, às 21 horas, Net, canal 13 e TVA, canal 66.

Esta Presidência concede a palavra ao Sr. Francisco Herculano de Oliveira, Mestre Geral, representante do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal.

 

O SR. FRANCISCO HERCULANO DE OLIVEIRA – Boa noite a todos. Sr. Deputado e demais autoridades, toda essa irmandade da União do Vegetal, boa noite.

Essa União foi criada pelo nosso mestre Gabriel, em 22 de julho de 1961, e estamos dentro desses 50 Anos de União. Quero agradecer, aqui, esta casa e o bom pensamento desses Srs. deputados, que concederam esta sessão solene à União do Vegetal, pelos seus 50 Anos. Fico grato a todos.

Essa União, que ensina todas as pessoas que nela chegam, a aprender a viver; e aprender a viver é uma arte, que a gente não encontra em todo canto. Precisamos ter boas formas de ensinar, boas formas de orientar, ter a prática do bem e do amor, para a gente poder construir um mundo melhor, para que essa sociedade chegue. Para isso, a União está em todos estados brasileiros, marcando a sua presença, e até em alguns países, como Estados Unidos, Europa, e outros lugares.

Conheci, pelo mestre Gabriel, fundador dessa religião, esta União; onde me tornei, também, sócio-fundador desta religião no dia que me encontrei. Em 1961, eu ouvi falar da Oaska, pouco conhecida pelas pessoas de Rondônia, e eu fiquei com vontade de conhecer a Oaska. Em 1967, encontrei o vegetal na casa do mestre Gabriel, essa União que falamos, a União do Vegetal, e me associei nela e passei a encontrar uma forma de compreender melhor o mundo como o ele é. Passei a entender uma forma de como posso me tornar uma pessoa mais simples, mais humilde. E compreender como eu posso encontrar a realidade da vida, como eu posso compreender esse Deus, que é tão falado e pouca gente compreende como pode sentir ou compreender.

E com os ensinos dessa União, tenho visto muita gente chegar como eu cheguei, até sem esperança. E com esse chá e os ensinamentos dessa União, tornam-se pessoas de bom caráter, bons cidadãos. Sair de algumas coisas que, às vezes, aparecem no caminho das pessoas. E as pessoas, por não conhecerem, se agarram com aquilo para ter prejuízo na vida; feliz daquele que chega a encontrar uma religião que lhe ensina a viver, como saber viver. Essa arte de saber viver não é em todo lugar que a gente encontra, porque é preciso, primeiramente, ouvir alguém que possa orientar e a gente aceitar.

Por isso, essa União, como falou o nosso Presidente Flávio Mesquita, com todo esse relatório que ele fez, é uma forma que nós estamos fazendo para construir paz no mundo. E esse mundo somos nós, nós que queremos viver bem. Fazer paz dentro do nosso sentimento, dentro do nosso coração, para podermos ter uma construção melhor com a nova geração, que precisa encontrar um lugar para poder encontrar a paz e viver bem.

O mestre Gabriel, que viveu nas florestas e encontrou esse chá, em 1959, sentiu que com esse chá podia criar uma religião. E com isso, tem a sua esposa que é conhecida como mestre Pequenina, que também viveu no Seringal com ele, em busca de viver melhor. Porque na cidade, muitas vezes, não tinha como viver bem. Com isso, ela era uma das suas auxiliares para criar essa União, até chegar à cidade de Porto Velho; e aí encontrar alguns companheiros para poder começar. Quando eu cheguei, já tinham umas 30 pessoas e poucas pessoas, e hoje nós estamos em todo lugar do Brasil, em todos os Estados do Brasil.

Nós não fazemos propaganda da União, mas muitas vezes o povo tem notícia da União, pela nossa forma de viver, pela nossa forma de nos apresentar nos lugares que vivemos, nos lugares que passamos. Esses discípulos da União têm de ter uma forma, para as pessoas poderem sentir qual é o bem que esse chá faz. Qual é o bem que essa União faz. Por isso os discípulos da União têm de ter um bom comportamento, saber como chegar, como sair, sem deixar notícias que não sejam boas para a gente, da União.

Por isso eu sou um dos que encontrou esse chá com o mestre Gabriel, e tornei-me discípulo dele, tornei-me, também, um lutador pelo engrandecimento dessa União. Modifiquei a forma que eu vivia, porque muitas vezes vivemos sem orientação. Porque, às vezes, não há como chegar aos lugares; às vezes, a gente chega a muitos lugares que tem algumas coisas, e muitas delas não encontramos como ficar. Eu encontrei uma forma de multiplicar a minha forma de viver, a minha forma de me comportar em qualquer lugar que eu chego.

Hoje, estou aqui fazendo um trabalho dessa União, como representante do mestre, para fazer aquilo que ele está esperando que todos os seus discípulos possam fazer. Essa União é para todas as pessoas, e se as trevas chegarem nela para aceitar os seus ensinamentos, porque muitas vezes não fazemos propaganda, pois não adianta fazer propaganda, o que adianta é termos uma forma de conduta para poder chamar atenção de alguém. Uma conduta boa, fazer o grande ensinamento de Jesus, amar ao próximo como a ti mesmo. Que a gente amando ao próximo, como a nós mesmo, nós estamos amando a Deus também. Deus deu esse ensinamento, quem ama o próximo está amando Deus, porque está fazendo o que Deus quer que nós façamos.

Por isso, essa União faz esse trabalho, de equilibrar todas as pessoas que nela chegam. Só não encontra o equilíbrio aquele que não quer encontrar uma forma de viver bem. Uma forma de reconhecer que nós todos somos filhos de Deus, por isso nós temos que trabalhar todos unidos, em beneficio de quem já está e de quem há de chegar. Que é para podermos fazer uma forma de, quem chegar nessa União, lembrar-se que nós chegamos a Deus se nós tivermos paz e amor. Uma grande coisa que a humanidade precisa, e muitas vezes não reconhece, é a felicidade. A gente ser feliz é a gente ter tranquilidade, porque quando a gente tem paz, tem tranquilidade na vida. Quando a gente tem paz, sabe até lutar pela nossa família, porque sabe que são responsáveis pela família, e sendo responsáveis pela família, temos de ter exemplo de vida.

Por isso, a União é para ensinar esta humanidade que nela chega. Por isto, nós convidamos às vezes, mas não fazemos propaganda. O importante é que as pessoas chegam e encontram uma forma de ver o que a União é. Aqui é para encontrarmos uma forma de conhecer o que é errado e o que é certo. Esse chá misterioso, que nós falamos, o Oaska, ou o Vegetal, como é conhecido também dentro da União, como é criado com o nome de União do Vegetal, esse chá, como falou aqui o Presidente, é um chá que não é ofensivo e sim muitas vezes faz bem pra gente. Porque quando nós aceitamos esse chá, muitas vezes nós mudamos a nossa forma de ser, e com isso até encontramos uma forma de viver melhor e de ter mais saúde. Eu tomo esse chá há 44 anos, e conheço pessoas que beberam esse chá, como a mestre Pequenina, como eu falei ainda agora, em 59 e está ainda com sustância para falar, pensar bem, para lutar pela prática do bem, pela prática do amor, que é o trabalho que a União faz com a humanidade.

Quero agradecer, aqui, o Sr. deputado e os Srs., que tiveram a idéia de arranjar este momento, para a União do Vegetal ter essa sessão solene nesses 50 anos de vivência, e hoje nós já estamos dentro dos 50 anos. Espero que nós sempre encontremos no meio das autoridades, no meio dos governantes, no meio da sociedade, uma forma de tornarmos reconhecidos pela humanidade como uma religião que ensina uma nova vivência a quem nela chega, a forma de viver bem. E a forma de viver bem, nós encontramos com a boa prática do amor, com a boa prática do bem que é isso que todo ser humano precisa para encontrar uma forma de viver, a prática do bem, aquilo que é muito falado e menos conhecido. Construir esse símbolo da União, que é a paz e o amor. Espero que essa bandeira tenha como ser levantada em todo lugar do Brasil, e aonde a União chegar. Para isso precisa do nosso povo querer e disposição de lutar pela a felicidade da humanidade. Obrigado a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE – GERSON BITTENCOURT – PT – Esta Presidência concede a palavra ao Sr. Victor Luiz de Figueiredo Martins, Mestre Central da Terceira Região Administrativa do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal.

 

O SR. VICTOR LUIZ DE FIGUEIREDO MARTINS – Excelentíssimo Deputado Gerson Bittencourt, excelentíssimo Vereador Zelão aqui presente, autoridades estaduais e municipais presentes nesta sessão solene, mestre geral representante do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, mestre Francisco Herculano de Oliveira, o Sr. Presidente da diretoria geral do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, mestre Flávio Mesquita da Silva, Sras. e Srs., caros amigos.

A história da UDV na nossa região teve início com a criação do Núcleo Samaúma, em 1972, quando havia apenas a sede geral em Porto Velho e o Núcleo Caupuri em Manaus. Ainda não se passara um ano do desencarnamento do mestre Gabriel, acontecido em 24 de setembro de 1971, e já começava a se cumprir a sua palavra a respeito da extensão da União do Vegetal no Brasil e no exterior.

Com a fundação do Núcleo Samaúma, também se criou a Região Sul, sendo o mestre Raimundo Pereira da Paixão designado como mestre central. Posteriormente, com o surgimento de núcleos em outros pontos do Brasil, houve a necessidade, tanto da criação de novas regiões como a sua reorganização, quando então recebemos a designação de Terceira Região.

Até 1996, além de mestre Paixão, ocupara o lugar de mestre central, sucessivamente, os mestres Luiz Felipe Belmonte dos Santos, Clóvis Cavalieri Rodrigues de Carvalho e Deivanir Alves Medeiros.

Em 1997, quando a Terceira Região cobria uma extensa área do país, que abrangia de Campo Grande, Mato Grosso do Sul a Porto Alegre, Rio Grande do Sul, fez-se necessário o seu desmembramento, com o agrupamento de alguns núcleos, naquela que passou a ser a Nova Região. Esta se compôs de, inicialmente, quatro núcleos, Lupunamanta, Rainha das Águas, Alto das Cordilheiras e Rei Davi. E tiveram como mestres centrais, os mestres Reinaldo Osmar Pereira e Genis Garcia Pereira Júnior.

Em 1998, foi feita nova reorganização, estes quatro núcleos voltaram a integrar-se a Terceira Região, então sob a administração do mestre Fábio Angelino Fortunato, e os núcleos dos Estados do Sul do país, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que, até então, eram da Terceira Região e passaram a compor a nova Nona Região.

Mestre Fábio exerceu o cargo de mestre central da Terceira Região de 1997 a 2003, quando foi sucedido pelo mestre João Luiz Cotta Neto que, em 2009, foi sucedido por mim, atual mestre central.

Hoje a Terceira Região da UDV conta com mais de 1.400 sócios, distribuídos em 14 núcleos. Núcleo Samaúma, em Araçariguama, São Paulo; em Campinas, os núcleos Lupunamanta, Alto das Cordilheiras e Princesa Encantada; em Caldas, Minas Gerais, o núcleo Rainha das Águas; em Mairiporã, os núcleos São João Batista, Rei Divino e Menino Galante; em Arujá, o núcleo Castanheiras; em Mogi das Cruzes, o núcleo Rei Davi; em Itapecerica da Serra, o núcleo Divino Manto; o núcleo Estrela Encantadora em Piracicaba, São Paulo; o núcleo Grande Ventura em Jarinu, São Paulo; e o núcleo Estrela Bonita em Bertioga.

Todos esses núcleos desta sociedade religiosa, sem fins lucrativos, contribuem, por meio da transmissão de seus ensinamentos, seus princípios e sua doutrina para o aprimoramento das virtudes intelectuais, morais e espirituais do ser humano. Um dos mais importantes legados do mestre Gabriel, é a certeza de que o ser humano, quando quer, pode transformar sua prática e orientar os seus passos no caminho do bem, na prática da fraternidade e na busca da evolução espiritual.

Na UDV, exercitamos a tolerância e o respeito a todas as crenças e grupos religiosos, tendo como símbolo da paz e da fraternidade humana, luz, paz e amor. Temos nesta região, como também nas outras regiões da UDV, um vasto histórico de ações de beneficência, nas áreas da saúde, educação, cidadania e meio ambiente. Na nossa região, através da Unidade Assistencial Lar Sama, em São Paulo, da Unidade Beneficente Estrela da Manhã em Campinas, da Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico, e de inúmeras ações locais, coordenadas pelo Departamento Nacional de Beneficência da UDV, vemos a irmandade da União do Vegetal colocando em prática as orientações originalmente transmitidas por mestre Gabriel.

Hoje, passados 50 anos de sua fundação, no dia 22 de julho de 1961, através de milhares de voluntários, contatamos que o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, de uma maneira simples, prática e objetiva, promove a paz e conciliação em todas as localidades onde está instalada. Merecendo, então, o título de utilidade pública federal, e também utilidade pública estadual e municipal em diversas regiões do país.

Nobres deputados, autoridades, caros amigos, como se pode constatar, aquele pequeno grupo de irmãos que iniciou o trabalho em 1972, em São Paulo, gerou uma frondosa árvore que, aos bons ventos da prosperidade, lançou diversas sementes, que também vem germinando e florescendo, perpetuando a previsão de expansão do mestre Gabriel.

E para que esta expansão se concretize, muitas pessoas entregaram partes de suas vidas. Dão de seu trabalho, de contribuições materiais e principalmente mãos estendidas a quem precisa, para o engrandecimento desta obra. Em nossa região, temos e tivemos pessoas que fizeram dessa doação, um lema em suas vidas. Destaco aqui, neste momento, e homenageio com profunda consideração e gratidão pelo trabalho prestado, alguns amados irmãos que já se foram, mas que continuam presentes em nossos corações. Mestre Mario Piacentini, mestre Deivanir Alves Medeiros, e conselheira Else Angélica Piacentini Medeiros. Com certeza, nossa região e a UDV não teriam se expandido e tão solidamente se firmado neste solo, sem o amor dedicado por estes irmãos.

Mestre Mario Piacentini, um exemplo de pai, amigo, dignidade, força e luta, bom humor, alegria de viver e muitas outras palavras e ações que ficam associadas a esse mestre. Seu amor pelo Sol e pelo mestre Gabriel e sua obra, sua dedicação peal construção e continuidade estão plantadas para sempre no seio da União do Vegetal. Gratidão por sua presença que será sempre lembrada por tudo que ele falou, ensinou e praticou, sua herança maior.

Conselheira Else, boa mãe, amiga e uma das primeiras conselheiras na UDV e na nossa região. Junto com seu pai, mestre Mário, realizou a doação do terreno onde hoje se encontra instalado o Núcleo Samaúma. Generosidade e amor a esta obra são também características marcantes desta nossa amiga.

Mestre Deivanir, que junto com a conselheira Else, acolheu, em sua casa, muitos de nós, propiciando as condições para o nosso desenvolvimento espiritual, em linha com os objetivos e preceitos orientados pela UDV.

Mestre Eurico Pascoal, já falecido, foi coronel da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, chegando a ser juiz Presidente do Tribunal de Justiça Militar do Estado de Minas Gerais; que atualmente o homenageia, dando o seu nome à Cadeira 16 da Academia Mineira do Direito Militar. Na UDV, coronel Eurico chegou ao quadro de mestres, sendo sócio-fundador do Núcleo Rainha das Águas, Caldas – Minas Gerais, junto como mestre Mário. Sendo que os dois também receberam o título de Cidadão Caldense.

Conselheira Lucia Pupo Nogueira, pessoa amiga, que soube cativar pela sua dedicação a esta causa, levantando a bandeira da União do Vegetal por onde andou. Foi sócio-fundadora dos Núcleos Lupunamanta e Alto das Cordilheiras, colaborou com esta obra de uma maneira honrosa e amiga, e trabalhou muito para que a União do Vegetal pudesse ser instalada em Campinas. Uma das suas valiosas contribuições foi a proposta que fez a Sede geral, para alterar a sequência de leitura dos documentos nas sessões, reorganizando-os como está hoje.

Mestre Robson Hilsdorf Lima, sócio-fundador do Núcleo Menino Galante em Mairiporã – São Paulo. Homem de bem e querido por todos. Prestativo, amigável e estudioso. Palavras firmes de soldado e sorriso franco de menino. Conhecido por sua capacidade de cativar e de ir até os que mais precisavam, seja com palavras, ações, ou simplesmente com sua presença.

E tantos outros irmãos que não mais estão conosco e que deixaram também sua contribuição para o crescimento da UDV na região, como os saudosos mestre Gilmar Arena, conselheiro Paulo Topal, conselheira Clarisse Miguel, mestre Arísio da Conceição, mestre Stefano Ganelie, mestre Luziário Alves Cintra, e tantos outros, que deram sua parcela de trabalho, esforço e dedicação à UDV.

E a todos nós, discípulos da UDV, homens e mulheres de boa vontade, que seguimos nos dedicando à edificação desta obra nos Núcleos da nossa região. Assim, meus amigos, louvo aqui neste momento, através desta homenagem todos que de uma maneira ou de outra, deram e dão de si o que tem de melhor para a expansão desta sagrada obra, que vivissimamente está aqui para fazer com que o respeito, a fraternidade e a justiça estejam sempre presentes através da luz, da paz e do amor.

Quero, também, homenagear os mestres da origem que, desde o início da nossa religião, vem trabalhando para trazer a palavra de mestre Gabriel, nos cativando e formando novos dirigentes, para assegurar a expansão equilibrada da UDV. Dentre eles, o conselheiro Roberto Souto, que nos honra com sua presença, e o mestre geral representante, mestre Francisco Herculano aqui presente. Pessoa simples, pacificadora, que através do seu trabalho e dedicação a esta obra e a Irmandade da União do Vegetal, vem dando exemplo de cumprimento de sua missão, auxiliando ao próximo em seu desenvolvimento espiritual, trazendo a mensagem e o ideal de paz e de amor do mestre Gabriel.

O mestre Paixão, que com sua vinda para São Paulo e o trabalho desenvolvido por ele, com perseverança e empenho, foram decisivos para a implantação da UDV em tantas localidades do Sudeste e Sul do Brasil. Ele semeou suas sementes nos corações daqueles que o conheceram, cativando a todos. Pessoa alegre, de coração amoroso, a ele nossos mais profundos agradecimentos e manifestações de carinho e respeito. Saudades. Que o grande mestre, de quem teve a honra de ser representante o acolha e conforte à sua família, e a todos nós.

Ao nosso guia espiritual, mestre Gabriel, que com sua sabedoria e simplicidade, vem nos acolhendo, orientando e unindo em sua sagrada obra.

Somos gratos também ao excelentíssimo Deputado Gerson Bittencourt, que prontamente acolheu nosso pedido para a realização desta sessão solene, em comemoração aos 50 Anos de existência do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal.

Nobre amigo, a UDV sempre abriu suas portas para a comunidade acadêmica, científica e para as autoridades do país, consciente do valor de seu trabalho e do melhoramento social que vem proporcionando à coletividade. E hoje, as autoridades de São Paulo, através de V. Exa. e desta Casa, a Assembleia Legislativa do Estado, nos recebe de portas e braços abertos. A quem somos gratos e honrados por esta oportunidade de estarmos juntos.

Quero ser grato também a Deus, pedindo a ele que em sua infinita sabedoria e bondade, derrame suas bênçãos sobre os parlamentares desta Casa, que estenda a Sua luminosidade sobre todos nós, para que possamos viver felizes, junto aos nossos familiares, sob o manto da paz, do amor, da saúde e do progresso.

Caros irmãos e amigos. Vamos dar as mãos e seguir lutando em prol do bem comum, da nossa União, do nosso Estado e do nosso país. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE – GERSON BITTENCOURT – PT – Assistiremos, agora o áudio visual Pioneiros da Terceira Região.

 

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- É feita a exibição de vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE – GERSON BITTENCOURT – PT – Esta Presidência concede a palavra a Sra. Ilka Boim, membro da direção da Terceira Região Administrativa do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal.

Nós também vamos ver um vídeo aqui, enquanto a Sra. Ilka Boim faz o uso da palavra.

 

A SRA. ILKA BOIM – Boa noite, Sr. Presidente desta sessão solene, boa noite autoridades da União do Vegetal aqui constituídas, senhoras e senhores, meus amigos, meus irmãos.

É uma satisfação imensa que eu venho aqui, apresentar o que todos nós conhecemos, o que todos nós fazemos. Resumimos aqui, numa apresentação, que é singela, mas acho que representa muito a cada um de nós.

O Artigo 35 dispõe, sobre a missão do Departamento de Beneficência, que visa o atendimento social, educacional, médico hospitalar, financeiro e cultural dos filiados e da comunidade. E o que é uma comunidade? É ter em comum a unidade. Para nós, é termos em comum a noção de um único pensamento em prol do bem próximo.

O bem, como princípio no Centro Espírita Beneficente, desde a sua origem, é uma sociedade de caráter, como o seu nome disse beneficente. Que é o Estatuto do Centro, no seu Artigo 1º, que é trabalhar pela evolução do ser humano, no sentido do desenvolvimento e das suas atitudes morais, intelectuais e espirituais, sem distinção de cor, ideologia política, credo religioso ou nacionalidade. Existe a palavra de Peter Berg, que diz que uma organização religiosa promove o suporte social. É isso que nós também fazemos. A UDV possui um componente social especialmente forte, não é só no ato de comungar o vegetal, que se encerra a religião; os seus ensinamentos e doutrinas são fortemente focados no convívio, nas práticas sociais dentro e fora do espaço religioso.

Desse modo, foi construída uma organização firmemente estruturada, com regras, deveres e direitos bem definidos para reter e dar suporte a experiência desencadeada em cada um de nós pelo chá. Ela é composta por essas 3 unidades, que foram aqui várias vezes citadas, a Estrela da Manhã (UBEM), a Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico, e a Unidade Assistencial Lar Sama.

Do Novo Encanto, vocês já viram alguns filmes, algumas passagens. Mas acho importante dizer, que é uma reserva na Amazônia aos cuidados da União do Vegetal, na divisa entre os Estados da Amazônia e Acre, numa reserva extrativista aos cuidados da União. O objetivo do Novo Encanto é defender a vida e participar da manutenção da paz, através da promoção, preservação e restauração do equilíbrio e da harmonia da múltipla relação entre o homem e a natureza. Atuar em prol da conservação dos ecossistemas naturais, e em especial da grande floresta Amazônica. Promover o estudo e a pesquisa do meio ambiente, identificando os seus principais processos e suas implicações na saúde e bem estar públicos, e com isso também no Estado de São Paulo.

As ações implementadas no Festival da Água no Terceiro Milênio, a Água pela Paz, que faz parte de um projeto de (?) pela Paz da UNESCO, em parceria com o poder público e sociedade civil, associando arte e ecologia. É presente em Caxambu, já foi desenvolvida em Caldas, Brasília, Campo Grande, Poços de Caldas e em Madri, na Espanha.

Há o projeto de manejo da floresta, preservando as reservas de Tocantins, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Bahia. O projeto de capacitação de agricultores, produtores orgânicos e naturais desenvolvido no Estado da Amazônia. E educação ambiental, atividade locais, regionais e nacionais como fazemos aqui no Estado de São Paulo.

As ações propostas pela Novo Encanto, uma das mais importantes é a Estação Semear, que é educar com sustentabilidade. Fortalecer a educação e a preservação ambiental de forma auto-sustentável, selando a paz entre os homens e o respeito à natureza. Ela é feita através da educação profissionalizante, dentro da educação ambiental e de ações ambientais. O curso de jardinagem ecológica formando pessoas, e aprimorando a consciência ecológica com produtos naturais. Plantio e trato de culturas de plantas aromáticas para temperos para uma alimentação mais sadia, e também para ganho e sustento de seus produtores. Como forma de beneficiamento para esses produtores e para a comunidade, através do mercado e comercialização, para uma venda também uma ação de sustento. Através de palestras e cursos, em relação aos recursos hídricos, a gente procura cada vez melhorar e conscientizar a população, e o desenvolvimento sustentável através do plantio de plantas ornamentais e aromáticas, e também com parcerias com empresas. Esses cursos de solo e compostagem promovem em escolas, em escolas da região, e por enquanto na região de Campinas a cultura e projeção de hortas orgânicas.

As ações ambientais promovem um banco de sementes e matrizes, que faz com que a gente devolva a flora nativa às reservas necessitadas. Com produção de mudas e árvores nativas, recuperação de nascentes na área de preservação da saúde da Estação Semear, e reflorestamento de áreas degradas ainda, por enquanto na região de Campinas. Como exemplo, temos aqui uma área que era como essa, devastada pela ação do homem e que foi reflorestada em 20 anos, tornando-se, então, toda essa mata que a gente vê. Isso é uma Unidade Administrativa da nossa União do Vegetal, e isso a gente pode considerar multiplicado perante as outras 14 unidades administrativas da região e nas outras tantas existentes no país.

A própria ação beneficente, aquele que se faz assistencialmente para o próximo, é feita aqui no Estado de São Paulo, pela Unidade Beneficente Estrela da Manhã e do Lar Sama. Tendo como público alvo, associações filantrópicas, com as quais a gente se relaciona à comunidade local, parentes, famílias, idosos, crianças e mulheres, fora os nossos próprios associados, e pequenos produtores que a gente precisa aprimorar, ensinar para que eles ganhem o seu próprio sustento. Contamos com recursos humanos, voluntários permanentes, 118 sócios, que fazem parte da direção dessas unidades, e com voluntários espirituais, 768 sócios, que quase duplicam o tamanho quando da necessidade de eventos pró-sociais.

Esses são os municípios no Estado de São Paulo que temos, não só no município, mas ao seu redor a atuação, em Piracicaba, Araçariguama, Itapecerica, Jundiaí, Campinas, Mogi das Cruzes, Arujá e Bertioga.

Na cultura e artes, vou apresentar conforme a solicitação do Ministério do Bem Estar. Quando a gente faz o relatório da beneficência, alguns itens são contemplados, e dentro da contemplação desses itens temos a parte de cultura e artes, que são as atividades humanísticas com a festa do Dia das Crianças, a festa de São Cosme e São Damião, e a festa de Natal. Foram beneficiadas 7.237 pessoas, mas não é só ser beneficiado, é trazer para essas crianças, para essa cultura, a importância da festa folclórica, a importância da cultura local, trazendo com essa importância, a consciência do bem estar da família como um princípio da Sociedade.

Os serviços de saúde que foram citados em números, fazemos através das chamadas Ações Integradas de Viabilitação. Que é o atendimento por profissionais da saúde, médico com encaminhamento, consulta ou orientação, odontológico, holístico através de acupuntura, massoterapia, de florais de Bach, e psicológicos e psiquiátricos aos mais necessitados, beneficiando 1.120 pessoas. Através de medicamentos e de ortes, como no caso das cadeiras de rodas e uma prótese, levando tratamento médico a 2.867 pessoas. A gente está relacionando aqui ao triênio 2008-2011. Palestras de prevenção, higiene e orientação, levando orientação sexual, levando orientação de doenças sexualmente transmitidas, ao uso de drogadição, ao não uso de drogadição e as suas consequências para a sociedade, as oficinas de costura, desenvolvimento e sustentação dessas famílias, num total de 156 pessoas.

Assistência e promoção social; essa é a nossa vertente mais forte. Que é auxilio de renda e sustento com distribuição de cestas básicas a 1.392 pessoas, e a Campanha do Agasalho, que nesses 3 anos somou 20.148 pessoas beneficiadas.

Da promoção humana e social, tem uma parte importante que é levar essa inclusão, educação seja social, seja educacional, com palestras, oficinas de costura, preparo de alimentos, como preconizado pela ANVISA, educação moral e religiosa, jardinagem, cuidado com higiene e resíduos, tornando assim uma alimentação mais sadia e novamente proporcionando àqueles, pelo menos um foco de sustentação. Beneficiando duas mil e 229 pessoas. A defesa dos direitos através de assistência jurídica, ou seja, assistência legal na defesa de direitos e em processos judiciais beneficiando 22 pessoas.

Nessa perspectiva, como aqui foi dito, um grande eixo de sustentação dessa inclusão social é justamente o fator multiplicador, para que cada vez nós cumpramos mais a lei do voluntariado, e trabalhamos para aquele que precisa. Então, foi feito um Congresso de Beneficência, onde 350 associados puderam participar e aprender um pouco mais sobre beneficência, o Encontro Regional com 80 pessoas para que a gente faça cumprir a palavra do mestre: fazer o bem sem olhar a quem. E que sejamos multiplicador de tudo isso que já foi colocado aqui. Que a gente consiga ultrapassar esse número de quase 35 mil atendidos nessas ações sociais, e consigamos chegar aos 50 Anos, mais 50 Anos, mas que consigamos chegar também a 50 mil atendimentos feitos aqui no Estado de São Paulo. Obrigada. (Palmas.)

 

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- É feita a exibição de vídeo.

 

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O SR PRESIDENTE – GERSON BITTENCOURT – PT – Comunicamos, mais uma vez, a todos os presentes, que esta sessão solene será transmitida pela TV Assembleia no próximo sábado, dia 15 de outubro, às 21 horas, NET, canal 13 e TVA, canal 66.

Agora, assistiremos a execução do Hino à Bandeira da União do Vegetal.

 

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- É feita a apresentação do Hino à Bandeira da União do Vegetal.

 

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O SR. PRESIDENTE – GERSON BITTENCOURT – PT – Boa noite a todos. Boa noite, Vereador Zelão. Quero cumprimentar todas as pessoas que participam desta atividade, as pessoas que nos assistem pela TV Assembleia, cumprimentar o mestre Francisco Herculano de Oliveira, o mestre Flávio Mesquita da Silva, o mestre Victor Luíz de Figueiredo Martins e a conselheira Ilka Boim.

Gostaria de começar minhas breves palavras, agradecendo o privilégio e a confiança de vários amigos e amigas, que sugeriram esta sessão solene, prontamente aceita por este parlamentar, como o amigo Paulo Borrú, de São Paulo, amiga Gabriela de Campinas, neste momento não está presente, mas os seus pais participam desta atividade. E várias outras pessoas, que me procuraram no meu gabinete através desses amigos, apresentando e pedindo a discussão de uma atividade desta importância e dessa magnitude.

É justa a homenagem desta Casa, uma vez que a União do Vegetal já foi homenageada na Câmara dos Deputados, proposta pela Deputada Federal Perpétua Almeida, que também será homenageada aqui, na Câmara Municipal de São Paulo, pelo Vereador Zelão e vários outros Estados caminham no mesmo sentido, reconhecendo a importância e a justiça desse trabalho.

O parlamento tem me dado, neste começo de mandato, o privilégio e o grato prazer, de me permitir conhecer melhor toda a diversidade existente na sociedade paulista, mas agora de maneira mais profunda e enraizada. Agora, posso conhecer muito melhor aqueles segmentos que eram e são a razão da democracia, cuja última responsabilidade é do gestor público. Porém, em eventos como este, no espaço legislativo, me permitem prestar uma homenagem que expresse meu reconhecimento e respeito.

O Centro Espírita Beneficente União do Vegetal foi criado há 50 anos, pelo mestre José Gabriel da Costa, retirante nordestino, como tantos outros que saíram do Semi Árido Nordestino em busca de sua sobrevivência, vindos até a Amazônia. Hoje, a União do Vegetal está presente em mais de cem cidades, espalhadas por todos os Estados do país, e também em vários outros países da Europa e Estados Unidos, com mais de 15 mil sócios distribuídos por esses Estados e cidades do país.

Entre as leis seguidas pela União do Vegetal, algumas devem ser destacadas primordialmente, entre elas: reconhecer a família como sublime missão; condenar o uso de drogas e vícios; fazer da palavra um meio sincero de mútua compreensão; ter coerência entre propósitos e práticas; combater o preconceito e a discriminação; promover a paz e a fraternidade humana e ainda manter atitudes tolerantes com outros grupos sociais.

O Centro também conta com 12 unidades assistenciais, espalhadas por todo o Brasil, com o objetivo de propiciar um ambiente ético e confiável aos beneficiados. Valorizando a pessoa humana e ampliando as oportunidades de crescimento moral, intelectual e profissional.

A União do Vegetal, nesses 50 anos, se destaca como uma entidade que contribui, de maneira decisiva, para a coesão social e espiritual, primeiro, junto aos povos da Amazônia, e agora, ultrapassando todas as fronteiras dentro e fora do nosso país, com a melhor das tradições sincréticas. Ela une espiritualidade e conhecimento dos povos da floresta, onde está sua força e identidade com os milhões de brasileiros que vivem naquela região.

Hoje tenho vários amigos que professam a fé na União do Vegetal, e tenho observado a coerência com que defendem seus princípios e valores. De fato, são valores e ações muito sólidos e profundamente voltados para o cultivo da simplicidade, humildade e respeito a todas as outras crenças. Sem dúvida alguma, é imprescindível que, nos tempos de hoje, toda a sociedade coloque em prática esses valores, como o respeito à família, o combate ao preconceito, a promoção da paz e da fraternidade humana.

Tenho a convicção de que o parlamento também deve oxigenar e criar condições jurídicas, políticas e sociais para que tenhamos um Brasil cada vez mais solidário, e que respeite a liberdade religiosa. Dessa maneira, ele poderá prosperar em suas múltiplas dimensões e ao mesmo tempo ser capaz de criar um ambiente de respeito à diversidade por meio da democracia e seus agentes.

Por isso, reitero meu apreço e carinhos aos 50 Anos da fundação da União do Vegetal, e afirmo que podem contar com este espaço, o espaço do parlamento do Estado de São Paulo, para difundir e criar valores de paz e harmonia entre os povos. Podem sempre contar com a nossa participação. Parabéns União do Vegetal. Parabéns a todos os seus sócios. Muito obrigado. (Palmas.)

Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência agradece as autoridades, aos funcionários desta Casa, e a todos que colaboraram para o êxito desta solenidade e declara encerrada a presente sessão. Muito obrigado e boa noite a todos. (Palmas.)

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 50 minutos.

 

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